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Franciane Micheletto reúne Terceira Idade A benzedeira que ...

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TERCEIRA IDADE Fevereiro de 2013<br />

Por Clóvis de Almeida<br />

Em 1966, o povoado de Tupãssi<br />

passou a ser chamado Assis Chateaubriand,<br />

em uma homenagem<br />

a um homem influente junto aos<br />

poderes da esfera governamental,<br />

tanto do estado, quanto do país.<br />

Esse homem era Francisco de<br />

Assis Chateaubriand Bandeira de<br />

Mello, o poderoso jornalista dono<br />

dos Diários Associados, por <strong>que</strong>m<br />

os políticos nutriam um misto de<br />

respeito, admiração e medo.<br />

Chateaubriand tinha a imprensa<br />

nacional nas mãos. Tinha sido<br />

capitão militar e embaixador do<br />

Brasil na Inglaterra. Era chamado<br />

de o “Velho Capitão”, adorado por<br />

uns; odiado por outros.<br />

Dúvidas<br />

Um misto de dúvida e desinteresse<br />

pairava em muita gente: Qual<br />

o motivo de dar o nome do famoso<br />

jornalista para um pe<strong>que</strong>no povoado<br />

<strong>que</strong> nascia no sertão paranaense?<br />

Muitos chamavam a região<br />

de “os confins do mundo”.<br />

Foi o próprio dono da Colonizadora<br />

Norte do Paraná, Oscar<br />

Martinez, <strong>que</strong>m sugeriu o nome<br />

de Assis Chateaubriand.<br />

Falando com o "ômi"<br />

Conversei com o doutor Oscar<br />

em Curitiba. Em quase duas horas<br />

de entrevista ele me contou coisas<br />

Assis Chateaubriand<br />

O nome da cidade nasceu com<br />

uma "mentirinha"<br />

<strong>que</strong> quase ninguém sabe. Inicio<br />

aqui uma série de reportagens para<br />

contar o início da colonização de<br />

Assis Chateaubriand, a partir de<br />

depoimentos de gente <strong>que</strong> fez a<br />

história do município.<br />

Capítulo I<br />

A origem do nome<br />

Clóvis de Almeida – Por <strong>que</strong><br />

dar à cidade o nome do jornalista<br />

Chateaubriand?<br />

Oscar Martinez - Eu fi<strong>que</strong>i<br />

amigo do David Nasser, <strong>que</strong> era<br />

um jornalista conhecidíssimo na<br />

época; grande jornalista e, o Assis<br />

Chateaubriand havia sido acometido<br />

de um enfarte, um problema<br />

cardíaco. O David, numa dessas<br />

reuniões, me disse: Que nome<br />

você está dando para a<strong>que</strong>la cidade<br />

<strong>que</strong> está fundando lá no Paraná?<br />

Respondi: Olha David, o pessoal<br />

já está lá escolhendo nome. Uns<br />

já chamaram de Tupãssi, outros...<br />

Estão dando o nome <strong>que</strong> estão<br />

inventando lá. O David me perguntou:<br />

Por <strong>que</strong> você não dá o<br />

nome de Assis Chateaubriand? O<br />

Chateaubriand acabou de ter um<br />

problema cardíaco, e tal... Está<br />

indo para os EUA, não sei se volta<br />

e é um grande homem. Escreveu<br />

muito sobre a agricultura no Brasil,<br />

sobre o desenvolvimento agrícola,<br />

etc. e tal... Acho <strong>que</strong> seria uma<br />

justa homenagem.<br />

Respondi:<br />

está bem, David.<br />

Então vamos<br />

dar o nome de<br />

Chateaubriand<br />

para a cidade. O<br />

David sentou-se<br />

à m á q u i n a<br />

de escrever,<br />

“catando<br />

milho”, e fez<br />

uma carta, mais ou menos nos<br />

seguintes termos: Embaixador<br />

Assis Chateaubriand, o povo de<br />

uma região <strong>que</strong> se funda no ‘norte’<br />

do Paraná, reunido numa grande<br />

assembleia popular acolheu o<br />

seu nome para patrono da cidade<br />

de Assis Chateaubriand. Assina<br />

aqui...<br />

Clóvis – E era tudo conversa...<br />

Oscar Martinez – (rindo) Papo<br />

furado... Eu assinei a carta e o<br />

David Nasser levou ao Chateaubriand,<br />

<strong>que</strong> estava embarcando<br />

para os EUA, para tratamento de<br />

saúde.<br />

Daí uns 20 dias o Chateaubriand<br />

voltou e disse ao David: Chame<br />

a<strong>que</strong>le espanhol aqui, o Oscar<br />

Martinez, <strong>que</strong> eu <strong>que</strong>ro conhecer<br />

ele.<br />

Clóvis de Almeida – O senhor<br />

foi conversar com ele?<br />

Oscar Martinez – Fui lá em<br />

São Paulo, na casa dele. E ele me<br />

perguntou: Vem cá: Por <strong>que</strong> você<br />

deu meu nome? Eu não conheço<br />

a<strong>que</strong>la região; não fiz nada por<br />

aquilo lá. Por <strong>que</strong> você deu nome<br />

de chateaubriand?<br />

Eu respondi assim: Dei o nome<br />

10<br />

Primeiros anos da colonização - Igreja Nossa Senhora do Carmo<br />

por<strong>que</strong> o senhor é um grande<br />

homem, uma figura importante<br />

no Brasil inteiro. Todo mundo<br />

conhece o valor do seu trabalho,<br />

pelo Brasil, e tal... Então, eu acho<br />

<strong>que</strong> foi uma coisa muito boa.<br />

Ele me falou: Por <strong>que</strong> você não dá o<br />

nome de Raposo Tavares? Eu falei:<br />

Ah, Raposo Tavares... Lá ninguém<br />

sabe <strong>que</strong>m é Raposo Tavares. E,<br />

agora já é tarde, por<strong>que</strong> o pessoal já<br />

adorou o nome de Chateaubriand;<br />

não tem jeito de voltar pra trás.<br />

Então, ficou consagrado o nome<br />

de Assis Chateaubriand.<br />

Pelo jeito, Chateaubriand ficou<br />

tão convencido a emprestar o<br />

nome para a cidade <strong>que</strong> veio na<br />

festa de emancipação do município.<br />

Foi uma festa e tanto. Mas isso<br />

é história pra outro capítulo.<br />

Clóvis de Almeida e Oscar<br />

Martinez - Curitiba, 15 de outubro de<br />

2010 - Entrevista de duas horas

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