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ÍNDICE<br />

Matriz dos Testes de Avaliação Formativa ................................... 3<br />

Sequência 1<br />

Outros Percursos… Pelos Media<br />

Teste A ................................................................................... 4<br />

Teste B ................................................................................... 7<br />

Sequência 2<br />

Outros Percursos… Pelos Textos Argumentativos<br />

Teste A ................................................................................... 11<br />

Teste B ................................................................................... 15<br />

Sequência 3<br />

Outros Percursos… Pelos Textos Dramáticos<br />

Teste A ................................................................................... 19<br />

Teste B ................................................................................... 23<br />

Sequência 4<br />

Outros Percursos… Pelos Textos Narrativos/Descritivos<br />

Os Maias<br />

Teste A ................................................................................... 26<br />

Teste B ................................................................................... 30<br />

O Primo Basílio<br />

Teste...................................................................................... 34<br />

Sequência 5<br />

Outros Percursos… Pelo Texto Poético<br />

Teste A ................................................................................... 38<br />

Teste B ................................................................................... 42<br />

Propostas de correção e cotações .............................................. 45<br />

Nota<br />

Todos os testes se encontram disponíveis, em formato editável, em


MATRIZ DOS TESTES DE AVALIAÇÃO FORMATIVA<br />

Os testes de avaliação formativa que se apresentam contemplam a estrutura do exame nacional de<br />

Português - 12.º ano, pelo que os objetivos que se elencam foram retirados do documento do GAVE orientador<br />

da prova de exame.<br />

GRUPOS COMPETÊNCIAS E OBJETIVOS<br />

I Competências<br />

Leitura e Expressão Escritas<br />

Objetivos<br />

– explicitar o sentido global do texto;<br />

– processar a informação veiculada pelo texto, em função de um<br />

determinado objeto;<br />

– detetar linhas temáticas e de sentido, relacionando os diferentes<br />

elementos constitutivos do texto;<br />

– inferir sentidos implícitos a partir de indícios vários;<br />

– determinar a intencionalidade comunicativa;<br />

– identificar elementos de estruturação do texto, ao nível das<br />

componentes genológica, retórica e estilística;<br />

– avaliar aspetos textuais relativos à dimensão estética e simbólica da língua;<br />

– formular juízos de valor fundamentados;<br />

– interpretar relações entre linguagem verbal e códigos não verbais;<br />

– identificar funções do texto icónico;<br />

– produzir um discurso correto nos planos lexical, morfológico, sintático,<br />

semântico, pragmático, ortográfico e da pontuação;<br />

II Competências<br />

Funcionamento da Língua<br />

Objetivos<br />

– identificar elementos básicos da língua nos planos fónico,<br />

morfológico, lexical, sintático, semântico e pragmático;<br />

– identificar/analisar diferentes tipos de nexos interfrásicos (estruturas<br />

de coordenação e de subordinação);<br />

– reconhecer valores semânticos da estrutura frásica;<br />

– reconhecer a função de marcadores de continuidade e de progressão<br />

textual;<br />

– (...)<br />

III Competências<br />

Expressão Escrita<br />

Objetivos<br />

– planificar a atividade de escrita de acordo com a tipologia textual<br />

requerida;<br />

– adequar o discurso à situação comunicativa;<br />

– expressar ideias, opiniões, vivências e factos, de forma pertinente,<br />

estruturada e fundamentada;<br />

– estruturar um texto, com recurso a estratégias discursivas adequadas<br />

à explicitação e à defesa de um ponto de vista ou de uma tese;<br />

– cumprir as propriedades da textualidade (continuidade, progressão,<br />

coesão e coerência);<br />

– produzir um discurso correto nos planos lexical, morfológico, sintático,<br />

semântico, pragmático, ortográfico e da pontuação;<br />

– (...)<br />

TIPOLOGIA<br />

DE ITENS<br />

Resposta<br />

restrita<br />

e<br />

resposta<br />

extensa<br />

Escolha<br />

múltipla;<br />

associação;<br />

V/F;<br />

completamento<br />

Resposta<br />

extensa<br />

COTAÇÃO<br />

(em pontos)<br />

70<br />

30<br />

50<br />

50


1<br />

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste A<br />

› SEQUÊNCIA 1<br />

Nome Turma Data<br />

Grupo I<br />

5<br />

10<br />

15<br />

<strong>20</strong><br />

Lê, atentamente, o texto.<br />

4 Outros Percursos 11<br />

A<br />

CRISE ENERGÉTICA FEITA OPORTUNIDADE RENOVÁVEL<br />

Os combustíveis atingem preços nunca vistos, sem razões, pelo menos aparentemente, que o justifiquem.<br />

É preciso perceber: nada, em termos energéticos, voltará a ser como antes.<br />

A questão não é nova, mas agora se levanta pela sua indiscutível atualidade. Quais as alternativas a<br />

um mundo movido à base de combustíveis fósseis? Desiludam-se os que acreditam que o preço da gasolina<br />

e do gasóleo vai regressar a preços sustentáveis. Nas palavras dos especialistas, isso não passa de um<br />

sonho irrealizável.<br />

O que nos resta fazer? Enquanto o salário encolhe, o preço que pagamos quando abastecemos depósito<br />

do automóvel cresce na proporcionalidade. Nem tudo é negativo. Olhemos para a crise energética<br />

como uma oportunidade. Mudar de meio de transporte pode ser uma possibilidade para quem não pretende<br />

queimar parte significativa do ordenado, na estrada, a caminho do trabalho.<br />

Transportes públicos? Claro. Desde que existam e respondam às necessidades dos cidadãos que deles<br />

precisam. Nunca é de mais lembrar aos responsáveis pela gestão dos transportes o seguinte: é necessário<br />

adaptar a mobilidade à realidade do novo século.<br />

Uma oportunidade, dizíamos. Embora a empresa se afigure tormentosa. Os responsáveis políticos -<br />

a mudança de paradigma só é possível com envolvimento desta gente - andam há anos a falar de eficiência<br />

energética, da troca dos combustíveis fósseis por fontes renováveis. A realidade, contudo, segue o ritmo<br />

e a práxis antigos, com estradas apinhadas de veículos alimentados a gasolina e a gasóleo. Aqui estão os<br />

principais responsáveis pelas emissões de gases com efeito de estufa. Mudar as lâmpadas em casa é um<br />

gesto louvável, mas insuficiente.<br />

E não nos venham dizer que não existe um relação direta entre as enxurradas no Rio de Janeiro, o degelo<br />

na Polónia e o efeito de estufa! Que são ideias de fundamentalistas, movidas por inconfessáveis interesses.<br />

O melhor mesmo, até prova em contrário, é prevenir. Nas grandes cidades, pelo menos, é possível<br />

uma mobilidade amiga do ambiente e mais suave para a bolsa. Fica o carro em casa, apanha-se o metro.<br />

A bicicleta também pode vir: na última carruagem, sem algum custo adicional. Antes que seja tarde.<br />

1. Responde às questões com frases completas.<br />

in www.jn.pt (19/1/11)<br />

1.1. Identifica o assunto do texto.<br />

1.2. Expõe três aspetos que são motivo de crítica evidentes no texto, recorrendo à fundamentação textual.<br />

1.3. Considera a frase: “Uma oportunidade, dizíamos.” (linha 14).<br />

1.3.1. Explicita a “oportunidade” referida.<br />

1.4. Retira do texto exemplos dos seguintes recursos retóricos, comentando o seu valor expressivo.<br />

1.4.1. Metáfora.<br />

1.4.2. Ironia.<br />

1.4.3. Antítese.<br />

1.5. Demonstra o caráter diretivo de algumas passagens textuais.<br />

1.6. Justifica o recurso aos exemplos “enxurradas no Rio de Janeiro, o degelo na Polónia e o efeito de<br />

estufa” (linhas <strong>20</strong>-21).


Observa, atentamente, a imagem que se segue.<br />

Num texto, entre oitenta e cento<br />

e trinta palavras, refere-te à intenção<br />

do cartoonista, analisando os diversos<br />

componentes da figura.<br />

Grupo II<br />

5<br />

10<br />

15<br />

Lê, atentamente, o texto.<br />

B<br />

EM DEFESA DOS OCEANOS<br />

Outros Percursos... pelos Media<br />

A vida marinha esteve demasiado tempo totalmente exposta à exploração por parte de quem possuísse<br />

meios para o fazer. Os rápidos avanços tecnológicos implicaram que, atualmente, a capacidade, o<br />

alcance e a potência das embarcações e do equipamento usados para explorar a vida marinha exceda de<br />

longe a capacidade da Natureza de a preservar. Se isso não for controlado, terá amplas consequências no<br />

ambiente marinho e nas pessoas que dele dependem. A vida nos oceanos possui um incrível conjunto de<br />

formas e dimensões – desde o plâncton microscópico até à maior das grandes baleias. Apesar disso, muitas<br />

espécies foram levadas à extinção, ou aproximam-se dela, devido a devastadores impactos humanos. (…)<br />

As ameaças que os nossos oceanos enfrentam são muitas e variadíssimas. Por um lado, os navios gigantes,<br />

utilizando equipamentos de ponta, podem localizar com precisão cardumes de peixe rapidamente.<br />

As frotas de pesca industrial ultrapassaram os limites ecológicos do oceano. À medida que o peixe<br />

maior é exterminado, os objetivos passam a ser as espécies seguintes de peixes mais pequenos, e assim<br />

sucessivamente (…).<br />

Em segundo lugar, a aquacultura é frequentemente apresentada como o futuro da indústria de alimentos<br />

marinhos. Mas a aquacultura de camarão é talvez a indústria de pesca mais destrutiva, insustentável<br />

e injusta no mundo. O desmatamento de mangais, a destruição do pescado, o assassínio e<br />

desmatamento de terrenos comunitários têm sido amplamente divulgados. (…)<br />

1. Identifica as afirmações verdadeiras (V) e as falsas (F).<br />

in www. greenpeace.org/Portugal/oceanos (texto adaptado e com supressões)<br />

A. No segmento “Os rápidos avanços tecnológicos implicaram que, atualmente, a capacidade (…)”<br />

(linha 2), a palavra sublinhada é um pronome relativo.<br />

B. Em “(…) a capacidade da Natureza de a preservar.” (linha 4), a palavra destacada retoma o referente<br />

“Natureza”.<br />

C. O terceiro período do texto é composto por três orações.<br />

Outros Percursos 11<br />

http://penatosambientalistas.blogspot.com<br />

5


› SEQUÊNCIA 1<br />

6 Outros Percursos 11<br />

D. O sujeito da oração “(...) que dele dependem” (linha 5) é composto.<br />

E. No último período do primeiro parágrafo, todas as frases estão na voz ativa.<br />

F. Na frase “As ameaças que os nossos oceanos enfrentam são muitas e variadíssimas.” (linha 8), a<br />

oração subordinada adjetiva relativa nela inserida acrescenta uma informação acessória ao<br />

grupo nominal que a antecede.<br />

G. Com o complexo verbal sublinhado, em “Por um lado, os navios gigantes, (…), podem localizar<br />

com precisão (…)” (linhas 8-9), evidencia-se um exemplo de modalidade epistémica de possibilidade.<br />

H. “(...) cardumes de peixe” (linha 9) corresponde ao complemento direto da oração subordinante.<br />

I. Entre os dois primeiros períodos do último parágrafo verifica-se uma relação de causa.<br />

J. A palavra sublinhada em “(...) têm sido amplamente divulgados.” (linha 16) é um modificador.<br />

2. Faz corresponder a cada segmento textual da coluna A um único segmento textual da coluna B, de<br />

modo a obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.<br />

Grupo III<br />

COLUNA A COLUNA B<br />

2.1. Com o recurso ao pronome<br />

pessoal “o”, em “para o fazer”<br />

(linha 2), ...<br />

2.2. Com a frase “terá amplas<br />

consequências no ambiente<br />

marinho e nas pessoas que<br />

dele dependem.” (linhas 4-5), ...<br />

2.3. Com o uso da locução<br />

subordinativa “Apesar disso”<br />

(linha 6), ...<br />

2.4. Com a oração gerundiva<br />

“utilizando equipamentos de<br />

ponta” (linha 9), ...<br />

2.5. Com a expressão “e assim<br />

sucessivamente” (linhas 11-12), ...<br />

a) o enunciador apresenta uma situação possível de<br />

acontecer, dependendo da concretização da ação<br />

referida anteriormente.<br />

b) o enunciador dá conta de uma progressão de<br />

acontecimentos de forma ordenada.<br />

c) o enunciador apresenta a condição do que refere<br />

posteriormente.<br />

d) o enunciador retoma uma informação apresentada<br />

anteriormente.<br />

e) o enunciador estabelece uma relação de finalidade.<br />

f) o enunciador introduz uma conexão concessiva.<br />

g) o enunciador apresenta o conteúdo da frase como<br />

uma impossibilidade.<br />

h) o enunciador dá conta de uma sucessão de<br />

hipóteses.<br />

Em tempos de crise, os comportamentos economicistas estão na linha da frente.<br />

Partindo da perspetiva exposta na frase acima transcrita, apresenta uma reflexão, entre duzentas e<br />

trezentas palavras, sobre a importância dos atos economicistas e sobre as formas de os pôr em prática.<br />

Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um deles<br />

com, pelo menos, um exemplo significativo.


5<br />

10<br />

15<br />

<strong>20</strong><br />

1<br />

Nome Turma Data<br />

Grupo I<br />

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste B<br />

› SEQUÊNCIA 1<br />

Lê, com atenção, o texto.<br />

LEVAR A SÉRIO OS ENJOOS DA GRAVIDEZ<br />

EDITORIAL<br />

30 | 06 | <strong>20</strong>10 09.06H<br />

ISABEL STILWELL | EDITORIAL@DESTAK.PT<br />

As grávidas continuam a ser as maiores vítimas dos tabus com que todos nós, homens e mulheres,<br />

continuamos a rodear a ideia de mulher, sobretudo a da mulher-mãe. Demasiado cristalizados por dentro<br />

para podermos entender que todas as coisas boas têm sempre lados maus, sem deixarem, por isso, de ser<br />

maravilhosas, endeusámos aqueles nove meses de espera e proclamámos que o “parirás com dor” era um<br />

desígnio divino, como se o sofrimento fosse condição imprescindível ao milagre.<br />

Ainda me lembro de há <strong>20</strong> anos ter feito uma reportagem na Maternidade Alfredo da Costa, para<br />

constatar que as mulheres que recebiam uma muito desejada analgesia para o parto imploravam aos médicos<br />

que não revelassem a “fraqueza” aos maridos. Não queriam que eles soubessem, diziam “que não<br />

tinham sido suficientemente mulheres para aguentar a prova de que mereciam ser mães”. Não lhes passava<br />

pela cabeça (será que agora passa?) nem a elas, nem aos maridos, nem tão pouco à medicina, perguntar<br />

por que é que, então, se arrancavam dentes com anestesia...<br />

Os enjoos na gravidez são outro dos “episódios” reduzidos a simples incómodo de percurso. Aliás, o<br />

único medicamento que atenua os sintomas tem, pelo menos, 50 anos e quem é que duvida que, se fossem<br />

os homens a engravidar, por esta altura a indústria farmacêutica já teria inventado trezentos remédios<br />

para os eliminar? Felizmente os tempos estão a mudar, provavelmente com a ascensão das mulheres a<br />

lugares de decisão no mundo da ciência.<br />

Prova disso é a decisão da Sociedade inglesa de Obstetrícia de agendar o tema para um debate universitário.<br />

Alertam os médicos que as náuseas e vómitos são insuportáveis e graves em muitas gravidezes,<br />

provocando depressão e levando 2% das mulheres ao internamento hospitalar. Apelam, por isso, a que<br />

os médicos os levem a sério, e os cientistas investiguem as causas e procurem tratamento. Finalmente.<br />

1. Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas ao questionário.<br />

in www.destak.pt/ (texto adaptado)<br />

1.1. Propõe uma explicação para a metáfora “(...) endeusámos aqueles nove meses de espera” (linha 4).<br />

1.2. Identifica os elementos linguísticos que marcam a presença de dois tempos.<br />

1.3. Explicita a intenção da autora do texto quando relata um episódio ocorrido há vinte anos.<br />

1.4. Demonstra como o enunciado apresenta características do texto de opinião.<br />

A<br />

Outros Percursos 11<br />

7


Observa a imagem.<br />

Redige um texto publicitário, entre oitenta e cento e<br />

trinta palavras, que alerte para a realidade representada na<br />

figura. Para tal, segue as orientações:<br />

– descrição da situação;<br />

– medidas a tomar para evitar graves danos;<br />

– discurso apelativo.<br />

Grupo II<br />

5<br />

10<br />

15<br />

› SEQUÊNCIA 1<br />

8 Outros Percursos 11<br />

B<br />

Lê, atentamente, o texto que se segue.<br />

A INFÂNCIA E A ADOLESCÊNCIA NA INTERNET: QUAIS SERÃO AS NOVAS<br />

FORMAS DE ADOECER?<br />

Rui Tinoco (Psicólogo clínico)<br />

Estamos perante as primeiras gerações de crianças e jovens que crescem, utilizando<br />

quotidianamente a internet. A rede é cada vez mais utilizada para satisfazer<br />

um maior número de necessidades. À vertente de investigação e de<br />

conhecimento, soma-se ainda a vertente de consumo, publicidade, lazer e<br />

ainda de convivialidade. Esta disseminação é fomentada por ministérios da<br />

educação de diversos países, não sendo acompanhada pela correspondente necessidade<br />

de formação.<br />

Os desenhos animados dos mais novos existem online e disponibilizam pequenas atividades. As redes<br />

sociais disputam também este público mais jovem com jogos dirigidos às suas idades. Para os adolescentes,<br />

a tudo isso somam-se as já tradicionais salas de chat ou programas de troca de mensagem instantânea<br />

como os vários messenger existentes no mercado.<br />

Temos, pois, amplas franjas da população para as quais a internet é algo de evidente. A rede transformou-se<br />

num espaço de estar e de viver que, forçosamente, replicará formas de mal-estar social e psicológico.<br />

Mas que formas de mal-estar e de disfuncionalidade serão essas? A interrogação tem ainda<br />

poucos dados que possibilitem respostas. No imediato, podemo-nos socorrer de figuras que já fizeram<br />

algum furor mediático: a do viciado que privilegia a net sobre todas as outras áreas da sua vida pessoal;<br />

a do marido ou esposa mal casado que encontra uma aventura no mundo virtual; ou ainda a do jovem<br />

que é alvo de um predador que o ludibria na rede ou atrai-o ainda para alguma armadilha no mundo real.<br />

Está claro que existem ainda inúmeras nuances entre estes grandes esboços…


<strong>20</strong><br />

25<br />

Interessa-nos ainda o modo como certas pessoas com dificuldades de relacionamento interpessoal<br />

se reinventam na rede como outro eu; ou ainda como outros dão azo a esferas dos seus eus, a desejos<br />

ocultos e as afirmam de uma forma, desbragada até, no contexto de certas plataformas virtuais…<br />

Quais serão as consequências destes movimentos de centrifugação do eu no desenvolvimento psicológico?<br />

De que forma a perda da necessidade de coerência em plataformas internáuticas ou da ausência<br />

de consequências para determinados comportamentos virtuais (passe-se a contradição dos termos) serão<br />

refletidas no sujeito psicológico?<br />

O uso intensivo de computador pode até, fazer esquecer ou adiar certas necessidades corporais e fisiológicas…<br />

A multiplicação de identidades virtuais poderá ainda reforçar essa tendência de dissipação.<br />

O que será, para os vindouros, existir?<br />

in www.psicologia.com.pt/ (texto adaptado e com supressões)<br />

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única alternativa que permite obter uma afirmação correta.<br />

1.1. De acordo com a informação do texto, cada vez mais crianças utilizam a internet para...<br />

a) recolha de informação.<br />

b) se informar, divertir e conviver.<br />

c) aceder a bens de escassa comercialização.<br />

d) investigar e socializar.<br />

1.2. Se os problemas familiares e relacionais provocados pelo “vício” da internet preocupam o autor do<br />

texto, um há que merece uma especial atenção:<br />

a) a infidelidade de um dos cônjuges.<br />

b) a rede de pedofilia.<br />

c) a marginalidade.<br />

d) a criação de novas identidades em indivíduos de difícil relacionamento.<br />

1.3. A forma verbal “replicará” (linha 13), no contexto em que surge, é sinónima de...<br />

a) desencadeará.<br />

b) resultará de.<br />

c) responderá.<br />

d) copiará.<br />

1.4. O segmento sublinhado em “(...) soma-se ainda a vertente de consumo, publicidade, lazer e ainda<br />

de convivialidade” (linhas 4-5) corresponde…<br />

a) ao complemento direto.<br />

b) ao complemento indireto.<br />

c) ao sujeito.<br />

d) a um modificador.<br />

Outros Percursos... pelos Media<br />

Outros Percursos 11<br />

9


› SEQUÊNCIA 1<br />

1.5. O enunciador, ao servir-se das expressões “dos mais novos” (linha 8) e “este público mais jovem”<br />

(linha 9), recorre a um mecanismo de...<br />

a) coesão lexical por substituição.<br />

b) coesão lexical por pronominalização.<br />

c) coesão referencial.<br />

d) coesão frásica.<br />

1.6. A palavra destacada na frase “Está claro que existem ainda inúmeras nuances entre estes grandes<br />

esboços (….)” (linha 19) é...<br />

a) um pronome relativo.<br />

b) uma conjunção subordinativa causal.<br />

c) uma conjunção subordinativa completiva.<br />

d) uma conjunção subordinativa consecutiva.<br />

1.7. A frase “O uso intensivo de computador pode, até, fazer esquecer ou adiar certas necessidades corporais<br />

e fisiológicas.” (linhas 27-28) possui um verbo auxiliar modal com valor de...<br />

a) obrigatoriedade.<br />

b) possibilidade.<br />

c) probabilidade.<br />

d) necessidade.<br />

2. Identifica as afirmações verdadeiras (V) e as falsas (F).<br />

Grupo III<br />

10 Outros Percursos 11<br />

A. O sujeito da primeira frase do texto é nulo expletivo.<br />

B. O segundo período do texto contém uma oração subordinada adverbial final.<br />

C. O sublinhado em “Esta disseminação é fomentada por ministérios de educação de diversos<br />

países” (linhas 5-6) corresponde ao complemento agente da passiva.<br />

D. As duas orações que iniciam o segundo parágrafo são subordinadas.<br />

E. Na frase “No imediato, podemo-nos socorrer de figuras que já fizeram algum furor mediático:<br />

a do viciado que privilegia a net sobre todas as outras áreas da sua vida pessoal; a do marido<br />

ou esposa mal casado que encontra uma aventura no mundo virtual; ou ainda a do jovem que<br />

é alvo de um predador que o ludibria na rede ou atrai-o ainda para alguma armadilha no mundo<br />

real.” (linhas 15-18), os sublinhados correspondem a pronomes relativos.<br />

Redige um artigo de apreciação crítica, entre duzentas e trezentas palavras, que pudesse ser publicado<br />

no jornal da tua escola, sobre um dos seguintes temas:<br />

A. um filme que te tivesse marcado.<br />

B. um livro que nunca tenhas esquecido.<br />

Atenção, deves fazer referência, entre outros aspetos:<br />

— ao título; — ao autor;<br />

— às personagens; — ao realizador;<br />

— aos atores; — a momentos marcantes...


5<br />

10<br />

15<br />

<strong>20</strong><br />

25<br />

30<br />

35<br />

2<br />

Nome Turma Data<br />

Grupo I<br />

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste A<br />

› SEQUÊNCIA 2<br />

Lê o texto seguinte.<br />

A<br />

Mas para que, da admiração de uma tão grande virtude vossa, passemos ao louvor ou inveja de outra<br />

não menor, admirável é igualmente a qualidade daquele outro peixezinho, a que os latinos chamaram<br />

torpedo. Ambos estes peixes conhecemos cá mais de fama que de vista; mas isto têm as virtudes grandes,<br />

que quanto são maiores, mais se escondem. Está o pescador com a cana na mão, o anzol no fundo e a boia<br />

sobre a água, e em lhe picando na isca o torpedo começa a lhe tremer o braço. Pode haver maior, mais<br />

breve e mais admirável efeito? De maneira que, num momento, passa a virtude do peixezinho, da boca<br />

ao anzol, do anzol à linha, da linha à cana e da cana ao braço do pescador.<br />

Com muita razão disse que este vosso louvor o havia de referir com inveja. Quem dera aos pescadores<br />

do nosso elemento, ou quem lhes pusera esta qualidade tremente, em tudo o que pescam na terra! Muito<br />

pescam, mas não me espanto do muito; o que me espanta é que pesquem tanto e que tremam tão pouco.<br />

Tanto pescar e tão pouco tremer!<br />

Pudera-se fazer problema; onde há mais pescadores e mais modos e traças de pescar, se no mar ou<br />

na terra? E é certo que na terra. Não quero discorrer por eles, ainda que fora grande consolação para os<br />

peixes; baste fazer a comparação com a cana, pois é o instrumento do nosso caso. No mar, pescam as<br />

canas, na terra, as varas (e tanta sorte de varas); pescam as ginetas, pescam as bengalas, pescam os bastões<br />

e até os cetros pescam, e pescam mais que todos, porque pescam cidades e reinos inteiros. Pois é possível<br />

que, pescando os homens cousas de tanto peso, lhes não trema a mão e o braço?! Se eu pregara aos homens<br />

e tivera a língua de Santo António, eu os fizera tremer.<br />

Vinte e dois pescadores destes se acharam acaso a um sermão de Santo António, e às palavras do<br />

Santo os fizeram tremer a todos de sorte que todos, tremendo, se lançaram a seus pés; todos, tremendo,<br />

confessaram seus furtos; todos, tremendo, restituíram o que podiam (que isto é o que faz tremer mais<br />

neste pecado que nos outros); todos enfim mudaram de vida e de ofício e se emendaram.<br />

Quero acabar este discurso dos louvores e virtudes dos peixes com um, que não sei se foi ouvinte de<br />

Santo António e aprendeu dele a pregar. A verdade é que me pregou a mim, e se eu fora outro, também<br />

me convertera. Navegando de aqui para o Pará (que é bem não fiquem de fora os peixes da nossa costa),<br />

vi correr pela tona da água de quando em quando, a saltos, um cardume de peixinhos que não conhecia;<br />

e como me dissessem que os Portugueses lhe chamavam quatro-olhos, quis averiguar ocularmente a<br />

razão deste nome, e achei que verdadeiramente têm quatro olhos, em tudo cabais e perfeitos. Dá graças<br />

a Deus, lhe disse, e louva a liberalidade de sua divina providência para contigo; pois às águias, que são os<br />

linces do ar, deu somente dois olhos, e aos linces, que são as águias da terra, também dois; e a ti, peixezinho,<br />

quatro.<br />

Mais me admirei ainda, considerando nesta maravilha a circunstância do lugar. Tantos instrumentos<br />

de vista a um bichinho do mar, nas praias daquelas mesmas terras vastíssimas, onde permite Deus que<br />

estejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes há tantos séculos! Oh quão altas e incompreensíveis<br />

são as razões de Deus, e quão profundo o abismo de seus juízos!<br />

“Sermão de Santo António”, Padre António Vieira,<br />

in Sermão de Santo António e outros textos, Oficina do Livro, 1.ª Ed., agosto de <strong>20</strong>08<br />

Outros Percursos 11<br />

11


12<br />

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.<br />

1. Insere o excerto na estrutura interna e externa da obra.<br />

2. Reflete sobre a crítica feita aos homens, tendo por base a simbologia do peixe-torpedo.<br />

3. Explicita a alusão a Santo António.<br />

4. Clarifica as interrogações que se coloca o pregador sobre a região do Maranhão, a partir das características<br />

do peixe quatro-olhos.<br />

B<br />

Comenta a afirmação a seguir apresentada, num texto de oitenta a centro e trinta palavras, baseando-te<br />

nos conhecimentos adquiridos sobre Padre António Vieira e a sua produção literária.<br />

Grupo II<br />

5<br />

10<br />

15<br />

<strong>20</strong><br />

› SEQUÊNCIA 2<br />

O Padre António Vieira começou a desenvolver importante atividade missionária junto dos índios<br />

bra sileiros. E isso faz dele um homem notável. “É o lutador pela liberdade dos índios, nações, cul turas<br />

e povos com identidade própria, num tempo em que a regra era precisamente a da es cra vatura, domínio<br />

e subjugação”, aponta Marcelo Rebelo de Sousa.<br />

http://www.rtp.pt<br />

Lê, agora, o seguinte texto.<br />

Em janeiro, a UNESCO publicou um relatório sobre a avaliação global do<br />

programa “Educação Para Todos”. Trata-se de uma avaliação intercalar do<br />

objetivo que tinha sido apontado para que, em <strong>20</strong>15, todas as crianças do<br />

mundo tivessem acesso à educação primária. Os resultados são dececionantes.<br />

O relatório refere que 72 milhões de crianças estão ainda fora da escola e<br />

que, por este andar, 56 milhões ainda o estarão em <strong>20</strong>15. E isto porquê?<br />

Segundo Irina Bokova, diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência<br />

e a Cultura (UNESCO), “enquanto os países ricos alimentam a sua recuperação económica, muitos países<br />

pobres enfrentam um cenário iminente de atrasos educacionais. Não podemos permitir-nos criar uma<br />

geração perdida de crianças privadas da sua oportunidade de educação, que as poderia elevar do seu estado<br />

atual de pobreza”. No mesmo sentido, o coordenador do relatório, Kevin Watkins, escreve: “os países<br />

ricos mobilizam montanhas financeiras para estabilizar os seus sistemas financeiros e proteger a sua infraestrutura<br />

social e económica, mas só conseguiram mobilizar pequenas colinas para os pobres do<br />

mundo”. E, na verdade, estima-se que faltam 16 mil milhões de dólares para conseguir atingir o objetivo<br />

da educação primária em todo o mundo em <strong>20</strong>15.<br />

Estes números e opiniões são eloquentes. (...) A educação é a primeira e essencial condição para a<br />

existência de um desenvolvimento sustentado, contudo, verificamos que muitos Estados não colocam<br />

esta prioridade entre as mais prementes. Por outro lado, os países mais desenvolvidos não apostam suficientemente<br />

em criar as bases que poderão levar os países mais pobres a sair da pobreza. (...) Assim, a<br />

retórica de dinamizar o desenvolvimento local nos países pobres, para evitar as desesperadas migrações<br />

para os países mais ricos, não é fundamentada em medidas concretas. (...)<br />

É tempo, pois, de encararmos de que forma um sistema mundial sem solidariedade, sem justiça e<br />

autocentrado tem contribuído para que os países mais pobres não disponham de meios que lhes permitam<br />

assumir os destinos das suas crianças.<br />

Outros Percursos 11


25<br />

30<br />

› Outros Percursos... pelos Textos Argumentativos<br />

É tempo de pensar que a Educação Inclusiva, para além de uma reforma educacional que se passa<br />

em cada um dos países (ricos ou pobres), é também uma postura ética mundial. Uma postura que recusa<br />

o fatalismo da exclusão escolar ou o acesso a uma Escola tão debilitada que seja incapaz de promover a<br />

mobilidade social.<br />

Já sabíamos que era difícil pensar uma Escola Inclusiva numa sociedade que não o fosse. Sabemos<br />

agora, pelos dados deste relatório, que o caminho da inclusão não deve respeitar fronteiras. Não são apenas<br />

as crises que são mundiais; as soluções também têm que o ser. (...)<br />

16 milhões de dólares!?...<br />

David Rodrigues, in A Página da Educação, Ed. Profedições, primavera de <strong>20</strong>10 (adaptado e com supressões)<br />

1. Seleciona, em cada um dos itens, a opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.<br />

1.1. A utilização das aspas em “Educação Para Todos” (linha 2) justifica-se por...<br />

a) se tratar de uma frase que não pertence ao autor do texto.<br />

b) ser um título de um livro.<br />

c) ser o nome de um projeto.<br />

d) se referir a uma secção da UNESCO.<br />

1.2. A locução sublinhada em “para que, em <strong>20</strong>15, todas as crianças do mundo tivessem acesso à educação<br />

primária”(linhas 3-4) introduz uma oração...<br />

a) final.<br />

b) consecutiva.<br />

c) concessiva.<br />

d) completiva.<br />

1.3. Em “Os resultados são dececionantes.” (linha 4), a palavra sublinhada desempenha a função sintática<br />

de...<br />

a) complemento direto.<br />

b) sujeito.<br />

c) predicativo do complemento direto.<br />

d) predicativo do sujeito.<br />

1.4. O constituinte sublinhado em “que as poderia elevar do seu estado atual de pobreza” (linhas 10-11)<br />

substitui o grupo nominal...<br />

a) “oportunidade de educação.”<br />

b) “crianças.”<br />

c) “geração.”<br />

d) “geração perdida.”<br />

1.5. No segmento textual “os países ricos mobilizam montanhas financeiras” (linhas 11-12), a palavra<br />

sublinhada desempenha a função sintática de...<br />

a) modificador apositivo do nome.<br />

b) modificador restritivo do nome.<br />

c) predicativo do sujeito.<br />

d) complemento direto.<br />

Outros Percursos 11<br />

13


› SEQUÊNCIA 2<br />

1.6. O tipo de sujeito em “Estes números e opiniões são eloquentes.” (linha 16) é...<br />

a) composto.<br />

b) simples.<br />

c) nulo expletivo.<br />

14 Outros Percursos 11<br />

d) nulo indeterminado.<br />

1.7. O recurso retórico presente na expressão “… um sistema mundial sem solidariedade, sem justiça<br />

e autocentrado” (linhas 22-23) é uma...<br />

a) metáfora.<br />

b) adjetivação.<br />

c) enumeração.<br />

d) perífrase.<br />

2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a<br />

obteres afirmações verdadeiras.<br />

Grupo III<br />

COLUNA A COLUNA B<br />

2.1. Com a utilização da construção<br />

sintática “enquanto os países<br />

ricos…” muitos países pobres”<br />

(linhas 8-9), …<br />

2.2. Ao utilizar o complexo verbal<br />

“Não podemos permitir-nos<br />

criar…” (linha 9), …<br />

2.3. Na expressão “Estes números<br />

e opiniões são eloquentes.”<br />

(linha 16), …<br />

2.4. Na expressão “Assim, a retórica<br />

de dinamizar…” (linhas 19-<strong>20</strong>), …<br />

2.5. Com a pontuação do<br />

parágrafo final (linha 32), …<br />

a) o enunciador pretende exprimir, simultaneamente,<br />

perplexidade e incredulidade.<br />

b) o enunciador socorre-se de um verbo transitivo<br />

indireto.<br />

c) o enunciador destaca a realização em simultâneo de<br />

duas ações.<br />

d) o enunciador utiliza a modalidade deôntica com valor<br />

de proibição.<br />

e) o enunciador emprega um verbo copulativo.<br />

f) o enunciador utiliza um marcador discursivo com valor<br />

conclusivo.<br />

g) o enunciador pretende exprimir interesse e<br />

persistência.<br />

h) o enunciador utiliza um marcador discursivo com<br />

valor consecutivo.<br />

Ao longo da História são diversos os exemplos de povos ou grupos discriminados em virtude da<br />

etnia a que pertencem, da religião que professam, da opinião política que defendem.<br />

Tendo presente a sociedade tua contemporânea, apresenta uma reflexão sobre este tema.<br />

Redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a trezentas palavras, onde fundamentes<br />

o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo.


2<br />

Nome Turma Data<br />

Grupo I<br />

5<br />

10<br />

15<br />

<strong>20</strong><br />

25<br />

30<br />

35<br />

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste B<br />

› SEQUÊNCIA 2<br />

Lê, com atenção, o texto que se segue.<br />

A<br />

Isto é o que se deve fazer ao sal que não salga. E à terra, que se<br />

não deixa salgar, que se lhe há de fazer? Este ponto não resolveu<br />

Cristo Senhor nosso no Evangelho; mas temos sobre ele a resolução<br />

do nosso grande português Santo António, que hoje celebramos, e<br />

a mais galharda e gloriosa resolução que nenhum santo tomou.<br />

Pregava Santo António em Itália na cidade de Arimino, contra os<br />

hereges, que nela eram muitos; e como erros de entendimento são<br />

dificultosos de arrancar, não só não fazia fruto o santo, mas chegou<br />

o povo a se levantar contra ele, e faltou pouco para que lhe não tirassem<br />

a vida. Que faria neste caso o ânimo generoso do grande<br />

António? Sacudiria o pó dos sapatos, como Cristo aconselha em<br />

outro lugar? Mas António com os pés descalços não podia fazer esta<br />

protestação; e uns pés, a que se não pegou nada da terra, não tinham<br />

que sacudir. Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia? Dissimularia?<br />

Daria tempo ao tempo? Isso ensinaria porventura a<br />

prudência, ou a covardia humana; mas o zelo da glória divina, que ardia naquele peito, não se rendeu a<br />

semelhantes partidos. Pois que fez? Mudou somente o púlpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina.<br />

Deixa as praças, vai-se às praias; deixa a terra, vai-se ao mar, e começa a dizer a altas vozes: Já que me<br />

não querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes. Oh, maravilhas do Altíssimo! Oh, poderes do que<br />

criou o mar e a terra! Começam a ferver as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores,<br />

os pequenos, e postos todos por sua ordem com as cabeças de fora da água, António pregava e eles ouviam.<br />

Se a Igreja quer que preguemos de Santo António sobre o Evangelho, dê-nos outro. Vós estis sal terrae.<br />

É muito bom o texto para os outros santos doutores; mas para Santo António vem-lhe muito curto. Os<br />

outros santos doutores da Igreja foram sal da terra. Santo António foi sal da terra e foi sal do mar. Este é<br />

o assunto que eu tinha para tomar hoje. Mas há muitos dias que tenho metido no pensamento que nas<br />

festas dos santos é melhor pregar como eles, que pregar deles. Quanto mais que o são da minha doutrina,<br />

qualquer que ele seja, tem tido nesta terra uma fortuna tão parecida à de Santo António em Arimino, que<br />

é força segui-la em tudo. Muitas vezes vos tenho pregado nesta igreja, e noutras, de manhã e de tarde,<br />

de dia e de noite, sempre com doutrina muito clara, muito sólida, muito verdadeira, e a que mais necessária<br />

e importante é a esta terra, para emenda e reforma dos vícios que a corrompem. O fruto que tenho<br />

colhido desta doutrina, e se a terra tem tomado o sal, ou se tem tomado dele, vós o sabeis e eu por vós o<br />

sinto.<br />

Isto suposto, quero hoje, à imitação de Santo António, voltar-me da terra ao mar e, já que os homens<br />

se não aproveitam, pregar aos peixes. O mar está tão perto que bem me ouvirão. Os demais podem deixar<br />

o sermão, pois não é para eles. Maria, quer dizer. Domina maris: “Senhora do mar”; e posto que o assunto<br />

seja tão desusado, espero que me não falte com a costumada graça. Ave Maria.<br />

“Sermão de Santo António”, Padre António Vieira,<br />

in Sermão de Santo António e outros textos, Oficina do Livro, agosto de <strong>20</strong>08<br />

Outros Percursos 11<br />

15


Responde com clareza e correção às seguintes perguntas.<br />

1. Insere o excerto na obra a que pertence, atendendo à sua estrutura interna.<br />

2. Expõe as razões da referência a Santo António neste passo do Sermão.<br />

2.1. Apresenta três traços caracterizadores da figura referenciada, recorrendo à fundamentação<br />

textual.<br />

3. Identifica, justificando, no segmento textual apresentado, as razões da pregação deste sermão do<br />

Padre António Vieira.<br />

4. Procede ao levantamento de dois recursos expressivos, comentando a sua expressividade.<br />

Num texto, entre oitenta e cento e trinta palavras, refere-te ao modo como as duas obrigações do sal se<br />

concretizam no Sermão de Santo António, de Padre António Vieira.<br />

Grupo II<br />

5<br />

10<br />

15<br />

<strong>20</strong><br />

› SEQUÊNCIA 2<br />

Lê, com atenção, o texto que se segue.<br />

16 Outros Percursos 11<br />

B<br />

No espetáculo Payassu, fazemos uso das tecnologias de manipulação de imagem, promovendo a interação<br />

de figuras projetadas com o discurso de Vieira, o espaço cénico e as ações do ator, de uma forma<br />

absolutamente orgânica. Na gestão dos recursos narrativos, quer plásticos quer cénicos, evitámos a mera<br />

ilustração do sermão e a coincidência de signos, especialmente os concorrentes com as imagens sugeridas<br />

pelo texto, já de si muito rico e profuso. A relação entre a multimédia, o teatro e as artes plásticas desenvolveu-se<br />

pelo processo de identificação, incorporação e fusão de elementos expressivos, e não pela sua<br />

simples combinação sequencial.<br />

Existe, ainda, na abordagem interpretativa do Sermão, uma questão importante: a oratória funciona<br />

como discurso direto, objetivo e frontal, procurando convencer o público, argumentando, provando,<br />

lançando reptos e propondo respostas. É um instrumento moralizador e edificante, no intuito de corrigir/melhorar<br />

a humanidade. Esta característica, que em Vieira ultrapassa os recursos do contador de estórias,<br />

é comum a todos os que têm o ofício de sal — políticos, professores, legisladores, religiosos — e<br />

concentra a ação dramática do ator (construindo alguma dessas personagens) no exercício da pregação,<br />

na sua profunda e intensa oralidade. Em Payassu, o parateatral sobrepõe-se ao teatro, na perspetiva do<br />

público, que vê um pregador religioso. Mas o teatro esconde-se na oratória, pois não temos orador, temos<br />

ator; não temos sermão; temos teatro. Para mais, no Sermão de Santo António aos Peixes, existe outro<br />

jogo de metalinguagem, que confunde e complica este juízo de frontalidade: Vieira não prega aos homens,<br />

prega aos peixes para pregar aos homens. Um jogo de ilusão, um malabarismo dialético, tanto barroco<br />

como contemporâneo, um caminho tão válido hoje como ontem. Evidente é que tudo isso dificulta o<br />

trabalho do ator, que tem de percorrer um labirinto de olhares, insinuações, alternâncias e subtilezas,<br />

oscilando entre um público real e um mundo aquático virtual.<br />

Payassu, o Verbo do Pai Grande (caderno de criação do espetáculo), Teatro de Formas Animadas de Vila do Conde<br />

(texto adaptado e com supressões)


1. Seleciona a opção correta.<br />

1.1. De acordo com a informação do texto, o espetáculo Payassu...<br />

a) oferece uma diversidade de recursos complementares ao discurso vieiriano.<br />

b) é uma representação teatral em que o ator joga apenas com o discurso de P. e António Vieira.<br />

c) apresenta-se como a atualização da mensagem de P. e António Vieira.<br />

d) reveste-se de uma plasticidade surpreendente, de forma a superar a ausência do texto vieiriano.<br />

1.2. Tanto no Sermão de Santo António aos Peixes, de P. e António Vieira, como em Payassu, ...<br />

a) a reação do público é imprescindível à atuação.<br />

b) há pregação religiosa, pelo facto de ambos se assumirem como sermões.<br />

c) verifica-se o recurso ao discurso indireto.<br />

d) assiste-se a um jogo de linguagens.<br />

1.3. O sujeito da oração “fazemos uso das tecnologias de manipulação de imagem” (linha 1) é...<br />

a) nulo subentendido.<br />

b) nulo indeterminado.<br />

c) nulo expletivo.<br />

d) simples.<br />

1.4. O segmento “a interação de figuras projetadas com o discurso de Vieira, o espaço cénico e as ações<br />

do ator” (linhas 1-2) corresponde...<br />

a) ao sujeito.<br />

b) ao modificador.<br />

c) ao complemento direto.<br />

d) ao predicativo do sujeito.<br />

1.5. Na expressão “quer plásticos quer cénicos” (linha 3), verifica-se uma relação de...<br />

a) oposição.<br />

b) alternância.<br />

c) condição.<br />

d) adição.<br />

1.6. No segmento “todos os que têm o ofício de sal – políticos, professores, legisladores, religiosos”<br />

(linha 12), entre o primeiro sublinhado e o segundo destaca-se uma relação de...<br />

a) meronímia-holonímia.<br />

b) hiperonímia-hiponímia.<br />

c) hiponímia-hiperonímia.<br />

d) holonímia-meronímia.<br />

1.7. A oração “que vê um pregador religioso” (linha 15) é uma...<br />

a) oração subordinada adjetiva relativa explicativa.<br />

b) oração subordinada substantiva completiva.<br />

c) oração subordinada adjetiva relativa restritiva.<br />

d) oração subordinada adverbial causal.<br />

› Outros Percursos... pelos Textos Argumentativos<br />

Outros Percursos 11<br />

17


› SEQUÊNCIA 2<br />

2. Considera as seguintes frases.<br />

a) “No espetáculo Payassu, fazemos uso das tecnologias de manipulação de imagem, promovendo a<br />

interação de figuras projetadas com o discurso de Vieira (…)” (linhas 1-2).<br />

b) “Na gestão dos recursos narrativos, quer plásticos quer cénicos, evitámos a mera ilustração do<br />

sermão e a coincidência de signos, especialmente os concorrentes com as imagens sugeridas pelo<br />

texto, já de si muito rico e profuso.” (linhas 3-5).<br />

c) “(…) concentra a ação dramática do ator (construindo alguma dessas personagens) no exercício da<br />

pregação (…)” (linha 13).<br />

2.1. Reescreve a frase a), de forma a incluir-lhe uma oração subordinada adverbial final, fazendo<br />

as alterações necessárias.<br />

2.2. Expande a frase b), incluindo-lhe uma oração subordinada adverbial causal.<br />

2.3. Reescreve a frase c), substituindo o segmento sublinhado por uma oração subordinada adjetiva<br />

relativa explicativa.<br />

Grupo III<br />

O significado de Herói tem sofrido algumas transformações ao longo dos tempos, nomeadamente<br />

com a massificação dos meios de comunicação social, misturando-se com a conceção de Ídolo.<br />

Partindo da perspetiva exposta no excerto acima transcrito, apresenta uma reflexão, entre duzentas<br />

e trezentas e cinquenta palavras.<br />

Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um deles<br />

com, pelo menos, um exemplo significativo.<br />

18 Outros Percursos 11


3<br />

Nome Turma Data<br />

Grupo I<br />

5<br />

10<br />

15<br />

<strong>20</strong><br />

25<br />

Lê o texto seguinte.<br />

Parte baixa do palácio de D. João de Portugal, comunicando, pela porta à esquerda do espetador com<br />

a capela da Senhora da Piedade na igreja de S. Paulo dos Domínicos de Almada: é um casarão sem ornato<br />

algum. Arrumadas às paredes, em diversos pontos, escadas, tocheiras 1 cruzes, ciriais 2 e outras alfaias e<br />

guisamentos 3 de igreja, de uso conhecido. A um lado um esquife 4 dos que usam as confrarias 5 , do outro,<br />

uma grande cruz negra de tábua com o letreiro J.N.R.J. 6 , e toalha pendente como se usa nas cerimónias<br />

da semana santa, mais para a cena uma banca velha com dois ou três tamboretes 7 : a um lado, uma tocheira<br />

baixa, com tocha acesa e já bastante gasta: sobre a mesa, um castiçal de chumbo, de credência 8 ,<br />

baixo e com vela acesa também, e um hábito completo de religioso domínico, túnica, escapulário, rosário,<br />

cinto, etc. No fundo, porta que dá para as oficinas e aposentos que ocupam o resto dos baixos do palácio.<br />

É alta noite.<br />

Manuel de Sousa, sentado num tamborete, ao pé da mesa, o rosto inclinado sobre o peito, os braços<br />

caídos e em completa prostração de espírito e de corpo; num tamborete, do outro lado, Jorge, meio encostado<br />

para a mesa, com as mãos postas e os olhos pregados no irmão.<br />

MANUEL — Oh! minha filha, minha filha! (Silêncio longo.) Desgraçada filha, que ficas órfã!... órfã<br />

de pai e de mãe... (Pausa.) e de família e de nome, que tudo perdeste hoje... (Levanta-se com violenta<br />

aflição.) A desgraçada nunca os teve. Oh! Jorge, que esta lembrança é que me mata, que me desespera!<br />

(Apertando a mão do irmão, que se levantou após dele e o está consolando do gesto.) É o castigo terrível<br />

do meu erro... se foi erro... crime sei que não foi. E sabe-o Deus, Jorge, e castigou-me assim, meu irmão.<br />

JORGE — Paciência, paciência: os seus juízos são imperscrutáveis (Acalma e faz sentir o irmão; tornam<br />

a ficar ambos como estavam.)<br />

MANUEL — Mas eu em que mereci ser feito o homem mais infeliz da terra, posto de alvo à irrisão e<br />

ao discursar do vulgo?... Manuel de Sousa Coutinho, o filho de Lopo de Sousa Coutinho, o filho do nosso<br />

pai, Jorge!<br />

1 Grandes castiçais para colocar as tochas ou as velas.<br />

2 Castiçais altos que terminam em lanterna, na parte superior, e que se colocam ao lado da cruz alçada nas procissões.<br />

3 Utensílios e alfaias necessários ao serviço divino, ao culto.<br />

4 Caixão.<br />

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste A<br />

› SEQUÊNCIA 3<br />

JORGE — Tu chamas-te o homem mais infeliz da terra... Já te esqueceste que ainda está vivo aquele…<br />

5 Irmandades, congregações, associações para fins religiosos.<br />

6 Sigla que Pilatos mandou colocar sobre a cruz de Jesus Cristo e que significa Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.<br />

7 Cadeiras de braços sem espaldar.<br />

Cena I<br />

8 Mesa que se coloca ao pé do altar para aí colocar as galhetas e outros acessórios da missa.<br />

A<br />

Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa<br />

Outros Percursos 11<br />

19


5<br />

10<br />

15<br />

› SEQUÊNCIA 3<br />

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.<br />

1. Faz a caracterização espácio-temporal, destacando o seu aspeto funesto.<br />

2. Mostra de que modo o espaço contribui para o adensamento trágico da ação.<br />

3. Manuel de Sousa mostra-se desesperado.<br />

3.1. Evidencia de que forma essa aflição se manifesta.<br />

3.2. Explicita a sua maior preocupação.<br />

<strong>20</strong> Outros Percursos 11<br />

B<br />

Comenta a afirmação a seguir apresentada, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, baseando-te<br />

nos conhecimentos que possuis sobre Frei Luís de Sousa.<br />

Almeida Garrett afirma na “Memória ao Conservatório Real” que se contenta com a designação de<br />

drama para a sua obra, reconhecendo, todavia, que, “se na forma desmerece da categoria<br />

(de tragédia), pela índole há de ficar pertencendo sempre ao antigo género trágico”.<br />

Grupo II<br />

Lê, agora, o seguinte texto.<br />

Por Clara Teixeira<br />

O planeta poderá, em breve, tornar-se um lugar pouco recomendável<br />

para viver. Seremos mais, mas as nossas vidas serão mais<br />

difíceis, mesmo com a ajuda da tecnologia. Portugal sairá a ganhar,<br />

se souber aproveitar uma nova potência chamada África.<br />

O mundo está a mudar. E mudará ainda mais até <strong>20</strong>25. Em<br />

muitos aspetos, ficará irreconhecível. Exemplos? O Ocidente entrará em declínio, a idade da reforma estender-se-á<br />

para além dos 70 anos, África será o continente mais jovem e populoso, o México destronará<br />

a China no mercado global e esta pode, até, atravessar uma recessão.<br />

Um cenário por vezes apocalíptico é o que resulta da análise das tendências mundiais para <strong>20</strong>25 traçadas<br />

pelo think-tank global Business Policy Council (GBPC), da consultora internacional A.T. Kearney.<br />

Dirigido pelo historiador e jornalista Martin Walker, o estudo, a que a Visão teve acesso, levanta-nos a<br />

dúvida de saber se, em <strong>20</strong>25, o mundo será um lugar melhor para viver. À primeira vista, a resposta é negativa.<br />

A crise financeira de <strong>20</strong>08 tarda a dar tréguas, os países ocidentais estão em recessão ou registam<br />

crescimentos anémicos, os preços das matérias-primas não param de subir, os recursos naturais escasseiam<br />

e as alterações climáticas ameaçam o ecossistema.<br />

Mas Walker, o autor do estudo, acredita que estamos a tempo de evitar o pior: “O mundo poderá ser<br />

um lugar melhor, se alguma tecnologia mais recente vier a ser adotada”. Apesar das dificuldades que se<br />

anteveem para <strong>20</strong>25, o autor do estudo não hesita em escolher a Europa como a melhor região para viver,<br />

“desde que a idade da reforma seja atrasada e o sistema de pensões e as universidades reformados”. (…)<br />

in Visão, n.º 930, 30 de dezembro de <strong>20</strong>10 (com supressões)


1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido<br />

do texto.<br />

1.1. No segmento textual “pouco recomendável para viver “(linhas 1-2), a palavra sublinhada introduz<br />

uma oração subordinada adverbial…<br />

a) final.<br />

b) consecutiva.<br />

c) concessiva.<br />

d) condicional.<br />

1.2. O conector sublinhado na frase “as nossas vidas serão mais difíceis, mesmo com a ajuda da tecnologia.”<br />

(linhas 2-3) introduz no discurso uma ideia que…<br />

a) é uma consequência da anteriormente expressa.<br />

b) é a causa da anteriormente expressa.<br />

c) funciona como concessão à ideia anteriormente expressa.<br />

d) é impossível de realizar.<br />

1.3. Na frase “Em muitos aspetos, ficará irreconhecível.” (linhas 5-6), a palavra sublinhada desempenha<br />

a função sintática de…<br />

a) complemento direto.<br />

b) sujeito.<br />

c) predicativo do complemento direto.<br />

d) predicativo do sujeito.<br />

1.4. O constituinte destacado em “e esta pode, até, atravessar uma recessão” (linha 8) pode ser substituído<br />

por...<br />

a) desenvolvimento.<br />

b) progresso.<br />

c) retrocesso.<br />

d) aumento.<br />

1.5. O adjetivo sublinhado em “África será o continente mais jovem...” (linha 7) encontra-se no grau...<br />

a) normal.<br />

b) comparativo de superioridade.<br />

c) superlativo absoluto sintético.<br />

d) superlativo relativo de superioridade.<br />

1.6. O segmento sublinhado em “Dirigido pelo historiador e jornalista Martin Walker, o estudo…”<br />

(linha 11) desempenha a função sintática de...<br />

a) sujeito.<br />

b) complemento agente da passiva.<br />

c) complemento direto.<br />

d) complemento indireto.<br />

› Outros Percursos... pelos Textos Dramáticos<br />

Outros Percursos 11<br />

21


› SEQUÊNCIA 3<br />

1.7. A utilização das aspas em “O mundo poderá ser um lugar melhor, se alguma tecnologia mais<br />

recente vier a ser adotada.” (linhas 16-17) justifica-se por se tratar…<br />

Grupo III<br />

22 Outros Percursos 11<br />

a) de uma frase em discurso direto.<br />

b) da opinião da autora do texto.<br />

c) da previsão de um acontecimento.<br />

d) de uma frase condicional.<br />

2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a<br />

obteres afirmações verdadeiras.<br />

COLUNA A COLUNA B<br />

2.1. Com a utilização do complexo<br />

verbal em “O planeta poderá,<br />

em breve, tornar-se um<br />

lugar” (linha 1), ...<br />

2.2. Ao utilizar a conjunção “se” na<br />

frase “se souber aproveitar<br />

uma nova potência…”<br />

(linha 4), ...<br />

2.3. Com a utilização do pronome<br />

relativo em “é o que resulta<br />

da análise das tendências”<br />

(linha 9), ...<br />

2.4. Na expressão “acredita que<br />

estamos a tempo de evitar o<br />

pior” (linha 16), ...<br />

2.5. Com o uso da locução<br />

subordinativa “Apesar das”<br />

(linha 17), ...<br />

a) o enunciador socorre-se de uma conjunção<br />

completiva.<br />

b) o enunciador utiliza um mecanismo de coesão<br />

referencial.<br />

c) o enunciador faz depender a concretização da ação<br />

de uma condição.<br />

d) o enunciador utiliza a modalidade deôntica com valor<br />

de proibição.<br />

e) o enunciador socorre-se de um verbo modal para<br />

apresentar uma possibilidade.<br />

f) o enunciador apresenta uma situação que se realizará<br />

no futuro.<br />

g) o enunciador introduz uma conexão concessiva.<br />

h) o enunciador utiliza um marcador discursivo com<br />

valor consecutivo.<br />

O planeta sofre, todos os dias, diferentes tipos de agressões. Se quisermos continuar<br />

a habitá-lo, de forma confortável, devemos preservá-lo através de comportamentos equilibrados.<br />

Tendo presente a sociedade tua contemporânea e o seu comportamento perante o planeta Terra,<br />

apresenta uma reflexão sobre este tema.<br />

Redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a trezentas palavras, onde fundamentes<br />

o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo.


5<br />

10<br />

3<br />

Nome Turma Data<br />

Grupo I<br />

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste B<br />

› SEQUÊNCIA 3<br />

Lê, atentamente, a cena seguinte.<br />

MADALENA — Jorge, meu irmão, meu bom Jorge, vós, que sóis tão prudente e refletido, não dais nenhum<br />

peso às minhas dúvidas?<br />

JORGE — Tomara eu ser tão feliz que pudesse, querida irmã.<br />

MADALENA — Pois entendeis?...<br />

Cena I<br />

MADALENA, MANUEL DE SOUSA, JORGE<br />

MANUEL — Madalena… senhora! Todas estas coisas são já indignas de nós. Até ontem, a nossa desculpa,<br />

para com Deus e para com os homens, estava na boa fé e seguridade de nossas consciências. Essa acabou.<br />

Para nós já não há senão estas mortalhas (Tomando os hábitos de cima da banca) e a sepultura de um<br />

claustro. A resolução que tomámos é a única possível; e já não há que voltar atrás… Ainda ontem,<br />

falávamos dos condes de Vimioso… Quem nos diria… oh, incompreensíveis mistérios de Deus… Ânimo,<br />

e ponhamos os olhos naquela cruz! Pela última vez, Madalena… pela derradeira vez neste mundo,<br />

querida… (Vai para a abraçar e recua). Adeus, adeus! (foge precipitadamente pela porta da esquerda).<br />

Apresenta, de forma completa e bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem.<br />

Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa<br />

1. Insere, justificadamente, a cena selecionada ao nível da estrutura interna da obra a que pertence.<br />

2. D. Madalena ainda manifesta uma réstia de esperança.<br />

2.1. Explica de que modo.<br />

A<br />

3. Uma vez mais, Manuel de Sousa mostra-se mais racional do que D. Madalena.<br />

3.1. Indica de que forma se manifesta essa racionalidade.<br />

3.2. Justifica, explicitando, a réplica de Manuel de Sousa: “Até ontem, a nossa desculpa, para com Deus<br />

e para com os homens, estava na boa fé e seguridade de nossas consciências.” (linhas 7-8)<br />

B<br />

Em Frei Luís de Sousa há vários elementos carregados de valor simbólico, alguns apontando<br />

o desenrolar da ação, outros pressagiando a desgraça das personagens.<br />

Redige um texto de oitenta a cento e trinta palavras, no qual confirmes a veracidade da afirmação,<br />

fazendo referência aos aspetos simbólicos associados quer à ação quer às personagens.<br />

Outros Percursos 11<br />

23


Grupo II<br />

5<br />

10<br />

15<br />

› SEQUÊNCIA 3<br />

Lê, agora, a introdução de uma entrevista à viúva de José Saramago.<br />

24 Outros Percursos 11<br />

13.11.<strong>20</strong>10 - 15:24<br />

Por Isabel Coutinho, em São Paulo<br />

A viúva de José Saramago, a tradutora e jornalista espanhola Pilar del<br />

Río, não para. Dá-nos uma lição sobre o que fazer quando a morte nos estraga<br />

a vida.<br />

Novembro é o mês de José Saramago. Numa entrevista à Visão, em<br />

<strong>20</strong>05, o Prémio Nobel da Literatura 1998 contou que a determinada altura<br />

da sua vida foi “à procura da grande biblioteca, as Galveias, que não seria<br />

tão grande assim, mas para (ele) era o mundo”.<br />

Na próxima terça-feira, dia em que o escritor português faria 88 anos, é atribuído o nome “Sala José<br />

Saramago” à principal sala da Biblioteca Municipal Palácio Galveias, em Lisboa. No dia anterior é lançado<br />

o livro José Saramago nas Suas Palavras, com organização e seleção do espanhol Fernando Gómez Aguilera<br />

(Ed. Caminho) e a 18 de novembro, no Palácio Galveias, realiza-se uma leitura da tradução de José Saramago<br />

do romance Anna Karenina, na iniciativa León Tolstoi e José Saramago - Dois Aniversários. Nessa<br />

noite, no Lux-Frágil, há o concerto de apresentação da banda sonora do filme José e Pilar, de Miguel Gonçalves<br />

Mendes, que se estreia também neste dia nas salas de cinema portuguesas.<br />

Pilar del Río estará em Lisboa na próxima semana, mas em São Paulo, na cerimónia do Prémio<br />

Portugal Telecom de Literatura <strong>20</strong>10, onde o seu marido foi homenageado, falou com o P2 sobre os novos<br />

projetos da Fundação José Saramago, de que é presidente. A casa de ambos em Lanzarote irá funcionar<br />

como casa-museu com “cheiro a café português” e terá uma residência para escritores seniores. Lição<br />

sobre o que fazer quando a morte nos estraga a vida.<br />

in www.publico.pt<br />

1. Seleciona, em cada um dos itens, a opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.<br />

1.1. O texto anterior põe em destaque…<br />

a) algumas das iniciativas de José Saramago.<br />

b) a ação de Pilar del Río após a morte do marido.<br />

c) as comemorações da morte de Saramago.<br />

d) o aniversário de José Saramago.<br />

1.2. O Nobel português faria 88 anos…<br />

a) na próxima terça-feira.<br />

b) no dia 24 de novembro de <strong>20</strong>10.<br />

c) no dia 17 de novembro de <strong>20</strong>10.<br />

d) em novembro de <strong>20</strong>05.<br />

1.3. A atribuição do nome de Saramago a uma sala da biblioteca de Galveias precederá…<br />

a) o lançamento do livro José Saramago nas Suas Palavras.<br />

b) a leitura da tradução saramaguiana de Anna Karenina.<br />

c) a apresentação da banda sonora do filme José e Pilar.<br />

d) a estreia do filme José e Pilar nas salas de cinema portuguesas.


1.4. Entre os novos projetos de Pilar del Río, conta-se…<br />

a) a abertura da fundação José Saramago.<br />

b) a transformação da casa de Lanzarote num museu.<br />

c) a receção de novos escritores em Lanzarote.<br />

d) a organização da homenagem ao marido em S. Paulo.<br />

1.5. No primeiro período do texto, verifica-se…<br />

a) o emprego de um sujeito nulo subentendido.<br />

b) a inexistência de tempos verbais.<br />

c) o recurso a um verbo transitivo direto.<br />

d) a utilização de um modificador apositivo.<br />

1.6. A oração subordinada adverbial temporal “quando a morte nos estraga a vida” (linhas 2-3) apresenta…<br />

a) complemento direto e indireto.<br />

b) complemento oblíquo e sujeito.<br />

c) predicado e predicativo do complemento direto.<br />

d) predicado e predicativo do sujeito.<br />

1.7. A oração “que a determinada altura da sua vida foi, “à procura da grande biblioteca…” (linhas 5-6)<br />

classifica-se como…<br />

a) subordinada adjetiva relativa.<br />

b) subordinada adverbial final.<br />

c) subordinada substantiva relativa.<br />

d) subordinada substantiva completiva.<br />

2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a<br />

obteres afirmações verdadeiras.<br />

Grupo III<br />

COLUNA A COLUNA B<br />

2.1. No segmento “A viúva de José<br />

Saramago” (linha 1), ...<br />

2.2. Na forma verbal utilizada em<br />

“era o mundo” (linha 7), ...<br />

2.3. Com a oração “que não seria<br />

tão grande assim” (linhas 6-7), ...<br />

2.4. Em “Dois Aniversários” (linha 12), ...<br />

2.5. Em “banda sonora” (linha 13), ...<br />

› Outros Percursos... pelos Textos Dramáticos<br />

a) o enunciador fornece a explicitação de uma ideia.<br />

b) o enunciador socorre-se de um verbo transitivo<br />

indireto.<br />

c) o enunciador serve-se de um adjetivo relacional.<br />

d) o enunciador apresenta o sujeito do primeiro período<br />

do texto.<br />

e) o enunciador emprega um advérbio conectivo.<br />

f) o enunciador utiliza um quantificador numeral.<br />

g) o enunciador recorre a um verbo copulativo.<br />

A partir da leitura do texto apresentado no Grupo II, é possível perceber a importância que a literatura<br />

e leitura têm em qualquer sociedade. Contudo, os livros não são a única fonte de informação.<br />

Partindo das afirmações anteriores, redige um texto de opinião, com duzentas a trezentas palavras, onde<br />

fundamentes o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo.<br />

Outros Percursos 11<br />

25


4TESTE<br />

DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste A<br />

› SEQUÊNCIA 4 - Os Maias<br />

Nome Turma Data<br />

Grupo I<br />

5<br />

10<br />

15<br />

<strong>20</strong><br />

25<br />

30<br />

35<br />

Lê o texto seguinte.<br />

— Quanto ganha você? exclamou Teles da Gama, assombrado.<br />

Carlos não sabia. No fundo do chapéu já reluzia ouro. Teles contou, com o olho brilhante.<br />

— Você ganha doze libras! disse ele maravilhado, e olhando Carlos com respeito.<br />

Doze libras! Esta soma espalhou-se em redor, num rumor de espanto. Doze libras! Em baixo os<br />

amigos de Darque, agitando os chapéus, davam ainda hurras. Mas uma indiferença, um tédio lento, ia<br />

pesando outra vez, desconsoladoramente. Os rapazes vinham-se deixar cair nas cadeiras, bocejando,<br />

com um ar exausto. A música, desanimada também, tocava coisas plangentes da “Norma”.<br />

Carlos, no entanto, num degrau da tribuna, com a ideia de descobrir o Dâmaso, sondava de binóculo<br />

o recinto das carruagens. A gente, agora, ia dispersando pela colina. As senhoras tinham retomado a imobilidade<br />

melancólica, no fundo das caleches, de mãos no regaço. Aqui e além um dog-cart, mal arranjado,<br />

dava um trote curto pela relva. Numa vitória estavam as duas espanholas do Euzebiosinho, a Concha e a<br />

Carmen, de sombrinhas escarlates. E sujeitos, de mãos atrás das costas, pasmavam para um char-à-bancs<br />

a quatro atrelado à Daumont onde, entre uma família triste, uma ama de lenço de lavradeira dava de<br />

mamar a uma criança cheia de rendas. Dois garotos esganiçados passeavam bilhas de água fresca.<br />

Carlos descia da tribuna, sem ter descoberto o Dâmaso — quando deu justamente de frente com ele,<br />

dirigindo-se para a escada, afoguedado, flamante, na sua sobrecasaca branca. (…)<br />

— Escuta lá homem, tenho que te dizer... Então, essa visita aos Olivais?... Nunca mais apareceste...<br />

tínhamos combinado que fosses convidar o Castro Gomes, que viesses dar a resposta... Não vens, não<br />

mandas... O Craft à espera... Enfim um procedimento de selvagem.<br />

Dâmaso atirou os braços ao ar. Então Carlos não sabia? Havia grandes novidades! Ele não voltara ao<br />

Ramalhete, como estava combinado, porque o Carlos Gomes não podia ir aos Olivais. Ia partir para o<br />

Brasil. Já partira mesmo, na quarta-feira. A coisa mais extraordinária... Ele chega lá, para fazer o convite,<br />

e Sua Excelência declara-lhe que sente muito, mas que parte no dia seguinte para o Rio... E já de mala<br />

feita, já alugada uma casa para a mulher ficar aqui à espera três meses, já a passagem no bolso. Tudo de<br />

repente, feito de sábado para segunda-feira... Telhudo, aquele Castro Gomes.<br />

— E lá partiu, exclamou ele, voltando-se a cumprimentar a viscondessa de Alvim e Joaninha Vilar<br />

que desciam das tribunas. Lá partiu, e ela já está instalada. Até já antes de ontem a fui visitar, mas não<br />

estava em casa... Sabes do que tenho medo? É que ela, nestes primeiros tempos, por causa da vizinhança,<br />

como está só, não queira que eu lá vá muito... Que te parece?<br />

— Talvez... E onde mora ela?<br />

Em quatro palavras, Dâmaso explicou a instalação de madame. Era muito engraçado, morava no prédio<br />

do Cruges! A mamã Cruges, havia já anos, alugava aquele primeiro andar mobilado: o inverno passado<br />

estivera lá o Bertoni, o tenor, com a família. Casa bem arranjada, o Castro Gomes tinha tido dedo...<br />

— E para mim, muito cómodo, ali ao pé do Grémio... Então não voltas cá acima, a cavaquear com o<br />

femeaço? Até logo... Está hoje chic a valer a Gouvarinho! E está a pedir homem! Good-bye.<br />

26 Outros Percursos 11<br />

A<br />

Eça de Queirós, Os Maias, 28.ª edição, s/data, Ed. Livros do Brasil, Lisboa


5<br />

10<br />

15<br />

<strong>20</strong><br />

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.<br />

1. Insere este excerto na obra.<br />

2. Caracteriza o ambiente em que decorre a ação narrada.<br />

3. Explica a urgência de Carlos em encontrar Dâmaso.<br />

4. Infere da simbologia da vitória de Carlos nas apostas das corridas de cavalos.<br />

Em Os Maias, o velho Guimarães assume o papel de mensageiro da desgraça, desenterra o passado<br />

revelando os laços de parentesco entre Carlos e Maria Eduarda, o que, inevitavelmente, conduzirá<br />

ao fim trágico de várias personagens.<br />

Grupo II<br />

B<br />

Num texto coerente, entre oitenta e cento e trinta palavras, comenta a afirmação supracitada.<br />

Lê, com atenção, o texto que se segue.<br />

› Outros percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos<br />

A simples leitura do título e do subtítulo da obra – Os Maias – Episódios da vida romântica – situa-nos<br />

num tempo, um tempo vago, o tempo da vida romântica, mas um tempo coletivo, no qual se move uma<br />

família. E o facto de o narrador qualificar este tempo coletivo de romântico é desde logo uma sugestão de<br />

leitura do Portugal seu contemporâneo. (…) E ao longo destes episódios, vamo-nos dando conta de que,<br />

apesar da passagem do tempo, apesar de algumas modificações introduzidas pela civilização, tão apreciadas,<br />

talvez desde diferentes pontos de vista, por Dâmaso ou Gouvarinho quanto odiadas por Alencar,<br />

o mundo em que se move a aristocracia e a alta burguesia lisboetas nos finais da década de 70 é substancialmente<br />

idêntico àquele em que se moveu Pedro da Maia ou até o velho Afonso. Isto torna-se por de<br />

mais evidente quando, em 1887, dez anos volvidos sobre o fim trágico da ação, que se situa entre outubro<br />

de 1875 e o fim do ano de 1876, Carlos, regressando da sua segunda viagem pelo mundo, encontra Lisboa<br />

imutável e constata que “Nada mudara.” (…) Parece que o tempo coletivo de há muito se encontra suspenso,<br />

o que aliás é simbolicamente transmitido por aquela “sentinela sonolenta”, talvez mesmo adormecida,<br />

(…) “em torno à estátua triste de Camões”.<br />

Jacinto do Prado Coelho considera que este tempo coletivo é um tempo “parado, estagnado, um<br />

tempo fora do tempo”, um tempo “coletivo, português” que contrasta com o tempo da ação em que<br />

Carlos é envolvido. Aí há progressão, há peripécias, “No tempo coletivo não há princípio, meio e fim:<br />

nada acontece. Imobilismo versus dinamismo”.<br />

Cremos que esta oposição imobilismo/dinamismo pode funcionar como uma importante pista de<br />

leitura do romance, dirigindo uma outra, morte/vida. Com efeito é este imobilismo, este tempo parado,<br />

que naturalmente o leitor só vai apreendendo como tempo português à medida que avança na leitura do<br />

romance, que, envolvendo tudo e todos e abafando qualquer vento inovador, acaba por comandar a<br />

desilusão. (…) E é curioso notarmos desde já que tudo o que perturbe, de qualquer forma, tal imobilismo<br />

em que o universo português está envolto vem do exterior, é estrangeiro.<br />

Isabel Pires de Lima in As Máscaras do Desengano –<br />

Para uma Abordagem Sociológica de “Os Maias” de Eça de Queirós, Ed. Caminho, Lisboa (1987: 55-56).<br />

Outros Percursos 11<br />

27


› SEQUÊNCIA 4 - Os Maias<br />

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido<br />

do texto.<br />

1.1. Entre “título” e “obra” (linha 1), verifica-se uma relação de...<br />

28 Outros Percursos 11<br />

a) holonímia-meronímia.<br />

b) hiperonímia-hiponímia.<br />

c) hiponímia-hiperonímia.<br />

d) meronímia-holonímia.<br />

1.2. O sujeito do predicado “(…) situa-nos num tempo (…)” (linhas 1-2) é...<br />

a) nulo subentendido.<br />

b) simples.<br />

c) composto.<br />

d) nulo indeterminado.<br />

1.3. Em “(…) apesar da passagem do tempo (…)” (linha 5) , com o articulador utilizado, depreende-se<br />

uma ideia de...<br />

a) alternância.<br />

b) tempo.<br />

c) concessão.<br />

d) condição.<br />

1.4. Em “(…) Carlos, (…) constata que “Nada mudara.” (linhas 10-11), a palavra sublinhada é...<br />

a) um pronome relativo.<br />

b) uma conjunção subordinativa completiva.<br />

c) uma conjunção subordinativa consecutiva.<br />

d) uma conjunção subordinativa condicional.<br />

1.5. O segmento textual sublinhado em “(…) este tempo coletivo é um tempo “parado, estagnado, um<br />

tempo fora do tempo” (…)” (linhas 14-15) corresponde ao...<br />

a) complemento direto.<br />

b) complemento agente da passiva.<br />

c) predicativo do sujeito.<br />

d) complemento indireto.<br />

1.6. Em “dirigindo uma outra, morte/vida” (linha 19) , os termos sublinhados mantêm entre si uma relação<br />

de...<br />

a) oposição contraditória.<br />

b) oposição conversa.<br />

c) inclusão.<br />

d) sinonímia.


1.7. Na frase “E é curioso notarmos desde já que tudo o que perturbe, de qualquer forma, (…)” (linha 22), a<br />

palavra sublinhada é um...<br />

a) determinante.<br />

b) pronome pessoal.<br />

c) pronome demonstrativo.<br />

d) pronome possessivo.<br />

2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a<br />

obteres afirmações verdadeiras.<br />

Grupo III<br />

COLUNA A COLUNA B<br />

2.1. No segmento “é desde logo<br />

uma sugestão de leitura”<br />

(linhas 3-4), …<br />

2.2. No segmento “tão<br />

apreciadas” (linhas 5-6), …<br />

através do recurso ao termo<br />

sublinhado, …<br />

2.3. No segmento “em torno à<br />

estátua triste de Camões”.<br />

(linha 13), …<br />

2.4. Através do recurso ao<br />

complexo verbal “pode<br />

funcionar como” (linha 18), …<br />

2.5. No segmento “tudo o que<br />

perturbe” (linha 22), …<br />

› Outros Percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos<br />

a) o enunciador pretende estabelecer uma comparação.<br />

b) o enunciador recorre a um verbo copulativo.<br />

c) o enunciador apresenta a situação como possível.<br />

d) o enunciador recorre a um verbo transitivo predicativo.<br />

e) o enunciador recorre a um verbo no imperativo.<br />

f) o enunciador pretende marcar a intensidade.<br />

g) o enunciador recorre a um verbo presente do<br />

conjuntivo.<br />

h) o enunciador recorre à hipálage.<br />

“Afinal o que é estudar? Ir à escola? Ficar sentado a ouvir o professor, ler atentamente um livro?<br />

Fazer os trabalhos de casa? Na verdade é tudo isto e também observar o ambiente, as pessoas e o mundo<br />

à nossa volta.”<br />

in Revista Escolhas, n.º 16, setembro de <strong>20</strong>10<br />

Partindo das interrogações do excerto, redige um texto de opinião, com duzentas a trezentas palavras,<br />

onde fundamentes o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo<br />

significativo.<br />

Outros Percursos 11<br />

29


4TESTE<br />

DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste B<br />

› SEQUÊNCIA 4 - Os Maias<br />

Nome Turma Data<br />

Grupo I<br />

5<br />

10<br />

15<br />

<strong>20</strong><br />

25<br />

30<br />

35<br />

Lê o texto seguinte.<br />

30 Outros Percursos 11<br />

A<br />

Os velhos amigos de Afonso da Maia que vinham fazer o seu whist a Benfica, sobretudo o Vilaça, o<br />

administrador dos Maias, muito zeloso da dignidade da casa, não tardaram em lhe trazer a nova daqueles<br />

amores do Pedrinho. Afonso já os suspeitava: via todos os dias um criado da quinta partir com um grande<br />

ramo das melhores camélias do jardim; todas as manhãs cedo encontrava no corredor o escudeiro, dirigindo-se<br />

ao quarto do menino, a cheirar regaladamente o perfume dum envelope com sinete de lacre<br />

dourado; — e não lhe desagradava que um sentimento qualquer, humano e forte, lhe fosse arrancando o<br />

filho à estroinice bulhenta, ao jogo, às melancolias sem razão em que reaparecia o negro ripanço...<br />

Mas ignorava o nome, a existência sequer dos Monfortes; e as particularidades que os amigos lhe revelaram,<br />

aquela facada nos Açores, o chicote de feitor na Virgínia, o brigue Nova Linda, toda a sinistra<br />

legenda do velho contrariou muito Afonso da Maia.<br />

Uma noite que o coronel Sequeira, à mesa do whist, contava que vira Maria Monforte e Pedro passeando<br />

a cavalo, “ambos muito bem e muito distingués”, Afonso, depois dum silêncio, disse com um ar enfastiado:<br />

— Enfim, todos os rapazes têm as suas amantes... Os costumes são assim, a vida é assim, e seria<br />

absurdo querer reprimir tais coisas. Mas essa mulher, com um pai desses, mesmo para amante acho má. (…)<br />

No verão, Pedro partiu para Sintra; Afonso soube que os Monfortes tinham lá alugado uma casa. Dias<br />

depois o Vilaça apareceu em Benfica, muito preocupado: na véspera Pedro visitara-o no cartório, pedira-lhe<br />

informações sobre as suas propriedades, sobre o meio de levantar dinheiro. Ele lá lhe dissera que<br />

em setembro, chegando à sua maioridade, tinha a legítima da mamã...<br />

— Mas não gostei disto, meu senhor, não gostei disto...<br />

— E porquê, Vilaça? O rapaz quererá dinheiro, quererá dar presentes à criatura... O amor é um luxo<br />

caro, Vilaça.<br />

— Deus queira que seja isso, meu senhor, Deus o ouça!<br />

E aquela confiança tão nobre de Afonso da Maia no orgulho patrício, nos brios de raça de seu filho,<br />

chegava a tranquilizar Vilaça.<br />

Daí a dias, Afonso da Maia viu enfim Maria Monforte. Tinha jantado na quinta do Sequeira ao pé de<br />

Queluz, e tomavam ambos o seu café no mirante, quando entrou pelo caminho estreito que seguia o muro<br />

a caleche azul com os cavalos cobertos de redes. Maria, abrigada sob uma sombrinha escarlate, trazia um<br />

vestido cor-de-rosa cuja roda, toda em folhos, quase cobria os joelhos de Pedro sentado ao seu lado: as<br />

fitas do seu chapéu, apertadas num grande laço que lhe enchia o peito, eram também cor-de-rosa: e a<br />

sua face, grave e pura como um mármore grego, aparecia realmente adorável, iluminada pelos olhos dum<br />

azul sombrio, entre aqueles tons rosados. No assento defronte, quase todo tomado por cartões de modista,<br />

encolhia-se o Monforte, de grande chapéu panamá, calça de ganga, o mantelete da filha no braço, o<br />

guarda-sol entre os joelhos. Iam calados, não viram o mirante; e, no caminho verde e fresco, a caleche<br />

passou com balanços lentos, sob os ramos que roçavam a sombrinha de Maria. O Sequeira ficara com a<br />

chávena de café junto aos lábios, de olho esgazeado, murmurando:<br />

— Caramba! É bonita!<br />

Afonso não respondeu: olhava cabisbaixo aquela sombrinha escarlate, que agora se inclinava sobre<br />

Pedro, quase o escondia, parecia envolvê-lo todo - como uma larga mancha de sangue alastrando a caleche<br />

sob o verde triste das ramas.<br />

Eça de Queirós, Os Maias, 28.ª edição, s/data, Ed. Livros do Brasil, Lisboa


5<br />

10<br />

15<br />

<strong>20</strong><br />

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.<br />

1. Insere, justificadamente, o excerto na estrutura da obra.<br />

2. Apesar de Afonso não atribuir grande importância aos encontros de Pedro e Maria Monforte, isso desperta-lhe<br />

um sentimento ambivalente.<br />

2.1. Aponta algumas razões para esse comportamento.<br />

3. A despreocupação de Afonso contrasta com a apreensão de Vilaça.<br />

3.1. Explica esta atitude do procurador dos Maias.<br />

4. A atitude de Afonso muda quando vê Maria Monforte e Pedro juntos.<br />

4.1. Explicita o que faz o pai de Pedro mudar de opinião.<br />

B<br />

Comenta a afirmação a seguir apresentada, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, baseando-te<br />

nos conhecimentos adquiridos sobre Os Maias.<br />

Grupo II<br />

Lê, agora, o seguinte texto.<br />

DINÂMICA DE VITÓRIA<br />

› Outros percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos<br />

Em Os Maias existem diversas situações, espaços, elementos que pressagiam e concorrem para<br />

o fim trágico da família Maia.<br />

Os últimos estudos sobre a fórmula do êxito revelam que<br />

existe, para além do talento pessoal, da perseverança, do otimismo<br />

ou mesmo dos genes herdados, um elemento que age<br />

na sombra e que se revela determinante: a sorte. (…)<br />

Quando nos interrogamos sobre os motivos do êxito ou do<br />

fracasso, há quem coloque a ênfase na sorte ou no azar, enquanto outros evocam o talento ou a sua ausência,<br />

o esforço ou a abulia, a inteligência, as aptidões sociais, o dom da oportunidade, o faro para os negócios…<br />

A verdade é que costumamos atribuir os nossos êxitos ao mérito pessoal, e os dos outros às<br />

circunstâncias (sorte, cunhas…). Os nossos fracassos, pelo contrário, devem-se ao azar ou injustiça; os dos<br />

restantes, ao comportamento das pessoas em causa.<br />

Em psicologia, essa forma de ver as coisas é designada por “erro fundamental de atribuição”. Consiste<br />

em colocar a ênfase ou sobrevalorizar as características da personalidade e as motivações psicológicas, e em<br />

menosprezar ou ignorar fatores exteriores quando se pretende explicar o comportamento de alguém numa<br />

situação. Esse desvio está também relacionado com aquilo que Julian Rotter, psicólogo da Universidade de<br />

Connecticut, denomina “locus de controlo”, pelo local onde situamos as causas do que nos acontece. (…)<br />

A educação é, também, um fator fundamental. No meio familiar, as crianças aprendem muito ao<br />

observar o que fazem os pais, incluindo a atitude perante a vida. A hereditariedade não é apenas genética,<br />

também se manifesta pela forma como se copiam comportamentos. O êxito pode também ser condicionado<br />

pela educação e pela cultura em que vivemos. Há famílias que incentivam a procura de iniciativas,<br />

enquanto outras atribuem maior importância ao aspeto económico e material.<br />

Outros Percursos 11<br />

31


› SEQUÊNCIA 4 - Os Maias<br />

E não podemos esquecer o esforço. Herbert Simon, Prémio Nobel da Economia, estimou que é<br />

necessário, para ser um perito internacional em qualquer especialidade, dedicar pelo menos 40 horas<br />

por semana ao trabalho, 50 semanas por ano, durante uma década. Outros falam em dez mil horas de esforço<br />

como fórmula para alcançar a glória, e o senso comum costuma situar-se entre estas duas teorias.<br />

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido<br />

do texto.<br />

1.1. Em “revelam que existe, para além do talento pessoal” (linhas 1-2), a palavra sublinhada é…<br />

32 Outros Percursos 11<br />

a) um pronome relativo.<br />

b) uma conjunção subordinativa consecutiva.<br />

c) uma conjunção subordinativa completiva.<br />

d) um pronome interrogativo.<br />

1.2. Na frase “há quem coloque a ênfase” (linha 6), o constituinte sublinhado pode ser substituído por…<br />

a) ostentação.<br />

b) realce.<br />

c) exibição.<br />

d) dignidade.<br />

1.3. A palavra sublinhada em “os dos restantes, ao comportamento das pessoas em causa” (linhas 9-10)<br />

retoma o segmento…<br />

a) êxitos.<br />

b) outros.<br />

c) nossos.<br />

d) fracassos.<br />

1.4. Na frase “Consiste em colocar a ênfase ou sobrevalorizar” (linhas 11-12), a conjunção sublinhada<br />

apresenta um valor…<br />

a) disjuntivo.<br />

b) copulativo.<br />

c) adversativo.<br />

d) consecutivo.<br />

1.5. O constituinte sublinhado em “Julian Rotter, psicólogo da Universidade de Connecticut” (linhas<br />

14-15), o conector sublinhado desempenha a função sintática de…<br />

a) sujeito.<br />

b) modificador apositivo do nome.<br />

c) modificador restritivo do nome.<br />

d) complemento direto.<br />

in Super Interessante, n.º 150, outubro de <strong>20</strong>10, pp. 22 a 24 (com supressões)


1.6. No segmento textual “situamos as causas do que nos acontece” (linha 15), o constituinte sublinhado<br />

desempenha a função sintática de…<br />

a) sujeito.<br />

b) complemento indireto.<br />

c) complemento direto.<br />

d) complemento oblíquo.<br />

1.7. Na frase “E não podemos esquecer o esforço.” (linha 21), está representada a modalidade...<br />

a) deôntica, valor de permissão.<br />

b) epistémica, valor de possibilidade.<br />

c) apreciativa.<br />

d) deôntica, valor de proibição.<br />

2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a<br />

obteres afirmações verdadeiras.<br />

Grupo III<br />

COLUNA A COLUNA B<br />

2.1. Para elencar alguns fatores<br />

que podem conduzir ao<br />

sucesso (1.º parágrafo), …<br />

2.2. Com a utilização do conector<br />

sublinhado em “Quando nos<br />

interrogamos” (linha 5), …<br />

2.3. Na frase iniciada em “O êxito<br />

pode também” (linha 18), …<br />

2.4. Com a utilização do conector<br />

sublinhado em “para ser um<br />

perito internacional em<br />

qualquer especialidade…”<br />

(linha 22), …<br />

2.5. Com o sublinhado na frase<br />

“e o senso comum costuma<br />

situar-se entre estas duas<br />

teorias” (linha 24), …<br />

› Outros Percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos<br />

a) o enunciador marca a temporalidade da ação.<br />

b) o enunciador introduz no discurso a ideia de<br />

finalidade.<br />

c) o enunciador serve-se de uma enumeração.<br />

d) o enunciador expressa um modificador restrito do<br />

nome.<br />

e) o enunciador serve-se de um complexo verbal que<br />

indica obrigação de realização da ação .<br />

f) o enunciador serve-se de um verbo auxiliar modal<br />

com valor de possibilidade.<br />

g) o enunciador recorre a uma frase que representa a<br />

modalidade deôntica.<br />

h) o enunciador apresenta a situação como obrigatória.<br />

Os últimos estudos sobre a fórmula do êxito revelam que existe, para além do talento pessoal,<br />

da perseverança, do otimismo ou mesmo dos genes herdados, um elemento que age na sombra e que<br />

se revela determinante: a sorte.<br />

in Super Interessante, n.º 150, outubro de <strong>20</strong>10, pp. 22 a 24 (com supressões)<br />

Partindo da perspetiva acima exposta, apresenta uma reflexão sobre este tema.<br />

Redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a trezentas palavras, onde fundamentes<br />

o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo.<br />

Outros Percursos 11<br />

33


4TESTE<br />

DE AVALIAÇÃO FORMATIVA<br />

› SEQUÊNCIA 4 - O Primo Basílio<br />

5<br />

10<br />

15<br />

<strong>20</strong><br />

25<br />

Nome Turma Data<br />

Grupo I<br />

Lê, com atenção, o texto que se segue.<br />

Luísa olhava, calada. A multidão crescera. Nas ruas laterais, mais espaçosas, frescas, passeavam apenas,<br />

sob a penumbra das árvores, os acanhados, as pessoas de luto, os que tinham o fato coçado. Toda a<br />

burguesia domingueira viera amontoar-se na rua do meio, no corredor formado pelas filas cerradas das<br />

cadeiras do asilo: e ali se movia entalada, com a lentidão espessa de uma massa mal derretida, arrastando<br />

os pés, raspando o macadame, num amarfanhamento plebeu, a garganta seca, os braços moles, a palavra<br />

rara. Iam, vinham, incessantemente, para cima e para baixo, com um bamboleamento relaxado e um<br />

rumor grosso, sem alegria e sem bonomia, no arrebatamento passivo que agrada às massas mandrionas:<br />

no meio da abundância das luzes e das festividades da música, um tédio morno circulava, penetrava como<br />

uma névoa; a poeirada fina envolvia as figuras, dava-lhes um tom neutro; e nos rostos que passavam sob<br />

os candeeiros, nas zonas mais diretas de luz, viam-se desconsolações de fadiga e aborrecimentos de dia<br />

santo.<br />

Defronte, as casas da Rua Ocidental tinham na sua fachada o reflexo claro das luzes do Passeio;<br />

algumas janelas estavam abertas; as cortinas de fazenda escura destacavam sobre a claridade interior dos<br />

candeeiros. Luísa sentia como uma saudade de outras noites de verão, de serões recolhidos. Onde? Não<br />

se lembrava. O movimento então retraía-a; e encontrava em face, fitando-a numa atitude lúgubre, o<br />

sujeito da pera longa. Debaixo do véu sentia a poeira arder-lhe nos olhos: em redor dela gente bocejava.<br />

D. Felicidade propôs uma volta. Levantaram-se, foram rompendo devagar; as fileiras das cadeiras<br />

apertavam-se compactamente, e uma infinidade de faces a que a luz do gás dava o mesmo tom amarelado<br />

olhavam de um modo fixo e cansado, num abatimento de pasmaceira. Aquele aspeto irritou Basílio, e<br />

como era difícil andar lembrou – “que se fossem daquela sensaboria”.<br />

Saíram. Enquanto ele ia comprar os bilhetes, D. Felicidade, deixando-se quase cair num banco sob<br />

a folhagem de um chorão, exclamou aflita:<br />

- Ai, filha! Estou que arrebento!<br />

Passava a mão no estômago, tinha a face envelhecida.<br />

- E o Conselheiro, que me dizes? Olha que já é pouca sorte! Hoje que eu vim ao Passeio…<br />

34 Outros Percursos 11<br />

Eça de Queirós, O Primo Basílio (cap. IV), Ed. Livros do Brasil, Lisboa<br />

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.<br />

A<br />

1. Apresenta três traços caracterizadores do ambiente descrito no excerto.<br />

2. Identifica os elementos textuais que remetem para a época histórica que serve de pano de fundo a esta<br />

obra queirosiana.<br />

3. Explicita o modo como as três personagens do romance presentes neste excerto se inserem no ambiente<br />

descrito.<br />

4. Identifica um exemplo de hipálage e comenta o seu valor expressivo.


Grupo II<br />

5<br />

10<br />

15<br />

<strong>20</strong><br />

25<br />

30<br />

Lê, atentamente, o excerto.<br />

B<br />

› Outros percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos<br />

Em O Primo Basílio, a aventura romântica de Luísa, despida de qualquer romantismo, foi objeto<br />

de uma análise naturalista, método adotado por Eça de Queirós como forma de traçar um quadro<br />

crítico da sociedade portuguesa.<br />

Comenta a frase supracitada, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, fundamentando-te<br />

no romance O Primo Basílio, de Eça de Queirós.<br />

A valorização da família irá conduzir a alguns avanços na condição social da mulher, sobretudo no<br />

que respeita à sua instrução. E, embora se esteja longe do otimismo manifestado por Victor Hugo – que,<br />

em meados do século, vaticinava que, se “o século XVIII foi o século dos direitos do homem, o<br />

século XIX será o dos direitos da mulher” -, registaram-se alguns progressos neste domínio.<br />

De acordo com princípios tradicionais, a educação reservada às raparigas destinava-se a convertê-las<br />

em mulheres ociosas, sinal de prosperidade e de êxito material dos respetivos esposos.<br />

Considerava-se axiomático que a função social da mulher era a de ser esposa e mãe, e que para<br />

desempenhar esse papel necessitava sobretudo de valores morais e sentimentais. Nesta linha de domesticidade,<br />

o conteúdo intelectual da educação feminina era praticamente nulo. Saber ler, escrever e contar,<br />

ter alguns rudimentos de línguas vivas, em especial francês, doutrina cristã, princípio e regras de civilidade<br />

e uma aprendizagem apurada das “prendas próprias do sexo feminino”, em particular dos trabalhos<br />

de agulha, constituía a essência de um ensino que não se destinava a formar literatas, mas a preparar as<br />

raparigas para as nobres funções de esposa e mãe de família, sabendo receber e dirigir uma casa.<br />

Ora, a Regeneração irá imprimir algumas alterações neste modelo educacional. A necessidade de<br />

recuperar o atraso que nos separava dos países mais cultos e civilizados, que promoviam a educação da<br />

mulher, e o reconhecimento de que a instrução feminina era um contributo indispensável ao projeto de<br />

modernização do País fizeram-na avançar.<br />

Neste período de triunfo do capitalismo, em que se afirmavam em todos os domínios as noções de<br />

rentabilidade, eficácia e utilidade social dos indivíduos relativamente à sociedade, a mulher não podia<br />

ficar alheia. As suas funções tradicionais como esposa e mãe, sobretudo como educadora da primeira<br />

infância, tendem a ser valorizadas. (…)<br />

Mas, para além da valorização da família, assumia ainda particular relevância no quadro dos valores<br />

burgueses a importância dada às regras de etiqueta e às boas maneiras. Estas noções de civilidade visavam<br />

proporcionar o prestígio e o luzimento que a aquisição de um título só por si não conferia. Porém, ao criar<br />

novos valores, adoptará uma característica “revolucionária” relativamente aos hábitos da antiga nobreza.<br />

Nesta medida, a compostura e o porte ou, como se diz atualmente, a linguagem corporal, foram objeto<br />

de um discurso normativo no que concerne aos cuidados de higiene, ao vestuário e adornos, ao modo de<br />

andar e de falar. Recomendava-se a reserva e o comedimento. O porte deveria ser sério e grave, de modo<br />

a conquistar a aprovação dos outros, os gestos comedidos. Não se deveria falar alto ou gesticular e, por<br />

outro lado, deveria evitar-se tudo o que pudesse chamar a atenção para o corpo, que era proscrito do<br />

código das boas maneiras: abafava-se a tosse, escondiam-se os bocejos. O mesmo era válido para as<br />

efusões de riso ou de choro, “vulgares” e comuns entre “gente sem qualidade”.<br />

José Mattoso (Dir.), História de Portugal, vol. V, Editorial Estampa (texto adaptado e com supressões)<br />

Outros Percursos 11<br />

35


› SEQUÊNCIA 4 - O Primo Basílio<br />

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única alternativa que permite obter uma afirmação correta, de<br />

acordo com as afirmações do texto.<br />

1.1. Assistiu-se a uma evolução no que diz respeito à condição social feminina...<br />

36 Outros Percursos 11<br />

a) em meados do século XVIII.<br />

b) porque Victor Hugo assim o vaticinou.<br />

c) aquando da proclamação dos direitos humanos.<br />

d) motivada pela política nacional da Regeneração.<br />

1.2. Os novos hábitos burgueses...<br />

a) sentiram-se exclusivamente no seio das famílias.<br />

b) implicavam comportamentos de recato e moderação.<br />

c) prendiam-se essencialmente com valores nobiliárquicos.<br />

d) implicavam uma participação mais ativa da mulher, tanto na esfera social como na política.<br />

1.3. A palavra sublinhada em “registaram-se alguns progressos neste domínio.” (linha 4) é...<br />

a) um “se” passivo.<br />

b) um pronome pessoal reflexo.<br />

c) um pronome pessoal recíproco.<br />

d) uma conjunção subordinativa condicional.<br />

1.4. A forma verbal “convertê-las” (linha 5) encontra-se no...<br />

a) presente do indicativo.<br />

b) imperativo.<br />

c) presente do conjuntivo.<br />

d) infinitivo.<br />

1.5. Na frase “Considerava-se axiomático que a função social da mulher era a de ser esposa e mãe, e que<br />

para desempenhar esse papel necessitava sobretudo de valores morais e sentimentais.” (linhas 7-8),<br />

as palavras destacadas são...<br />

a) pronomes relativos.<br />

b) conjunções subordinativas causais.<br />

c) conjunções subordinativas completivas.<br />

d) conjunções subordinativas consecutivas.<br />

1.6. O segmento sublinhado na frase “o conteúdo intelectual da educação feminina era praticamente<br />

nulo.” (linha 9) corresponde ao...<br />

a) sujeito.<br />

b) predicativo do sujeito.<br />

c) complemento direto.<br />

d) complemento oblíquo.


1.7. A forma verbal do predicado “constituía a essência de um ensino que não se destinava a formar literatas”<br />

(linha 12) encontra-se no singular, visto que...<br />

a) se trata de um sujeito composto, mas formado por verbos no infinitivo.<br />

b) se trata de um sujeito simples.<br />

c) o sujeito é nulo subentendido.<br />

d) o sujeito é nulo indeterminado.<br />

2. Faz corresponder a cada um dos cinco segmentos da coluna A um segmento da coluna B, de modo a<br />

obteres afirmações corretas.<br />

Grupo III<br />

COLUNA A COLUNA B<br />

2.1. Com o uso da conjunção<br />

subordinativa “embora”<br />

(linha 2), …<br />

2.2. Com a oração “que não se<br />

destinava a formar literatas”<br />

(linha 12), …<br />

2.3. Na frase “O porte deveria ser<br />

sério e grave, de modo a<br />

conquistar a aprovação dos<br />

outros” (linhas 28-29), …<br />

2.4. Com a repetição de formas do<br />

verbo auxiliar modal “dever”<br />

(linhas 28-30), …<br />

2.5. Na última frase do texto, ao<br />

servir-se de um pronome<br />

demonstrativo, …<br />

› Outros percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos<br />

a) o enunciador apresenta o facto e a respetiva<br />

finalidade.<br />

b) o enunciador introduz uma relação de disjunção.<br />

c) o enunciador pretende transmitir uma ideia de<br />

obrigatoriedade, como se se tratasse de um discurso<br />

normativo .<br />

d) o enunciador introduz uma conexão aditiva.<br />

e) o enunciador introduz uma conexão concessiva.<br />

f) o enunciador clarifica a referência de uma expressão<br />

verbal.<br />

g) o enunciador desvaloriza a importância dos factos<br />

apresentados.<br />

h) o enunciador restringe um grupo nominal.<br />

i) o enunciador retoma informação antecedente.<br />

A relação da mulher com o lar e com os filhos foi-se perdendo com os tempos.<br />

Partindo da perspetiva exposta na frase supracitada, apresenta uma reflexão, entre duzentas a trezentas<br />

palavras, sobre as consequências da evolução da condição feminina.<br />

Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um deles<br />

com, pelo menos, um exemplo significativo.<br />

Outros Percursos 11<br />

37


5<br />

10<br />

15<br />

<strong>20</strong><br />

25<br />

30<br />

35<br />

5<br />

Nome Turma Data<br />

Grupo I<br />

Lê, com atenção, o texto poético que se segue.<br />

I<br />

No campo; eu acho nele a musa que me anima:<br />

A claridade, a robustez, a ação.<br />

Esta manhã, saí com minha prima,<br />

Em quem eu noto a mais sincera estima<br />

E a mais completa e séria educação.<br />

II<br />

Criança encantadora! Eu mal esboço o quadro<br />

Da lírica excursão, de intimidade.<br />

Não pinto a velha ermida com seu adro;<br />

Sei só desenho de compasso e esquadro,<br />

Respiro indústria, paz, salubridade.<br />

(…)<br />

VI<br />

Numa colina azul brilha um lugar caiado.<br />

Belo! E arrimada ao cabo da sombrinha,<br />

Com teu chapéu de palha desabado,<br />

Tu continuas na azinhaga; ao lado<br />

Verdeja, vicejante, a nossa vinha.<br />

VII<br />

Nisto, parando, como alguém que se analisa,<br />

Sem desprender do chão teus olhos castos,<br />

Tu começaste, harmónica, indecisa,<br />

A arregaçar a chita, alegre e lisa<br />

Da tua cauda um poucochinho a rastos.<br />

(…)<br />

IX<br />

E, como quem saltasse, extravagantemente,<br />

Um rego de água sem se enxovalhar,<br />

Tu, a austera, a gentil, a inteligente,<br />

Depois de bem composta, deste à frente<br />

Uma pernada cómica, vulgar!<br />

X<br />

Exótica! E cheguei-me ao pé de ti. Que vejo!<br />

No atalho enxuto, e branco das espigas<br />

Caídas das carradas no salmejo,<br />

38 Outros Percursos 11<br />

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste A<br />

› SEQUÊNCIA 5<br />

A<br />

DE VERÃO<br />

40<br />

45<br />

50<br />

55<br />

60<br />

65<br />

Esguio e a negrejar em um cortejo,<br />

Destaca-se um carreiro de formigas.<br />

XI<br />

Elas, em sociedade, espertas, diligentes,<br />

Na natureza trémula de sede,<br />

Arrastam bichos, uvas e sementes;<br />

E atulham, por instinto, previdentes,<br />

Seu antros quase ocultos na parede.<br />

XII<br />

E eu desatei a rir como qualquer macaco!<br />

“Tu não as esmagares contra o solo!”<br />

E ria-me, eu ocioso, inútil, fraco,<br />

Eu de jasmim na casa do casaco<br />

E de óculo deitado a tiracolo!<br />

A Eduardo Coelho<br />

XIII<br />

“As ladras da colheita! Eu se trouxesse agora<br />

Um sublimado corrosivo, uns pós<br />

De solimão, eu, sem maior demora,<br />

Envenená-las-ia! Tu, por ora,<br />

Preferes o romântico ao feroz.<br />

(…)”<br />

XVI<br />

Vibravam, na campina, as chocas da manada;<br />

Vinham uns carros a gemer no outeiro,<br />

E finalmente, enérgica, zangada,<br />

Tu inda assim bastante envergonhada,<br />

Volveste-me, apontando o formigueiro:<br />

XVII<br />

“Não me incomode, não, com ditos detestáveis!<br />

Não seja simplesmente um zombador!<br />

Estas mineiras negras, incansáveis,<br />

São mais economistas, mais notáveis,<br />

E mais trabalhadoras que o senhor.”<br />

Cesário Verde


5<br />

10<br />

15<br />

Responde com clareza e correção às seguintes perguntas.<br />

1. Caracteriza o espaço que serve de cenário à ação descrita no poema.<br />

2. Atendendo ao caráter dicotómico da poesia de Cesário Verde, associa cada uma das personagens a um<br />

determinado espaço, justificando com expressões textuais.<br />

3. Apresenta uma possível explicação para os versos “Não pinto a velha ermida com seu adro;/ Sei só<br />

desenho de compasso e esquadro.” (vv. 10-11).<br />

4. A “ação” associada ao campo é motivo de inspiração do “eu”.<br />

4.1. Confirma-o, com exemplos textuais.<br />

5. Identifica dois recursos estilísticos, comentando o seu valor expressivo.<br />

B<br />

A poesia de Cesário Verde revela a sua faceta de um observador atento da realidade da sua época.<br />

Num texto coerente, entre oitenta e cento e trinta palavras, aborda a opinião apresentada na frase<br />

supracitada, fundamentando com a obra poética de Cesário Verde.<br />

Grupo II<br />

Lê, atentamente, o texto.<br />

Outros Percursos... pelo Texto Poético<br />

Ascensão da burguesia e reforço da sua mentalidade é um dado a reter na evolução deste importante<br />

grupo social no decurso do século XIX. E se, numa primeira fase, a condição de burguês era transitória<br />

e intermédia, visto que, à medida que enriquecia, procurava adquirir o título com que se<br />

integrava na nobreza, progressivamente este modelo foi desaparecendo, na mesma proporção em que<br />

ganhava consciência política e social. Os escritores “malditos” ou os caricaturistas, ao caírem sem dó<br />

nem piedade sobre os parvenus, contribuíram indiretamente para “desmoralizar” o enobrecimento de<br />

todos aqueles que “se deitavam simples João Fernandes e que de repente acordavam Visconde Fernandes<br />

ou Conde João”.<br />

O despertar de uma nova mentalidade, quer no domínio da moral familiar, quer na imposição de<br />

novos hábitos de convívio, traduz esta afirmação social, que se acentua nas últimas décadas do século.<br />

Mais do que em qualquer outro período, a cultura burguesa difunde-se, dispondo de meios de influência<br />

decisivos na transformação das mentalidades. A escola primária e a imprensa são dois dos principais instrumentos<br />

que a possibilitam.<br />

Lenta, mas inexoravelmente, a sociedade “emburguesa-se”, difundindo-se novos gostos, novos<br />

costumes, que vão minando, aos poucos, as velhas estruturas sociais. Mas, tudo tem limites… A fraqueza<br />

numérica da burguesia permanecerá como um condicionalismo, que limitará, na prática, o seu progresso<br />

e capacidade interventiva.<br />

José Mattoso (Dir.), História de Portugal, vol. V, Editorial Estampa<br />

Outros Percursos 11<br />

39


› SEQUÊNCIA 5<br />

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única alternativa que permite obter uma afirmação correta, de<br />

acordo com as afirmações do texto.<br />

1.1. Ao longo do século XIX, afirmou-se um relevante grupo social, especificamente, …<br />

40 Outros Percursos 11<br />

a) a nobreza, com a influência da burguesia.<br />

b) a burguesia.<br />

c) os escritores “malditos”.<br />

d) os caricaturistas.<br />

1.2. No final do século XIX, assistiu-se a uma transformação das mentalidades, motivada…<br />

a) exclusivamente pela ascensão do novo grupo social.<br />

b) essencialmente pela ação da imprensa.<br />

c) pelos novos hábitos que surgiram.<br />

d) fundamentalmente pelo acesso à instrução e pela imprensa.<br />

1.3. O segmento sublinhado em “a condição de burguês era transitória e intermédia” (linhas 2-3)<br />

corresponde ao...<br />

a) sujeito.<br />

b) complemento direto.<br />

c) predicativo do sujeito.<br />

d) modificador restritivo do nome.<br />

1.4. Na frase “procurava adquirir o título com que se integrava na nobreza” (linhas 3-4), a oração<br />

sublinhada...<br />

a) corresponde ao modificador restritivo, dado sob a forma de uma oração subordinada adjetiva<br />

relativa restritiva.<br />

b) desempenha a função sintática de complemento direto, dado sob a forma de uma oração subordinada<br />

substantiva completiva.<br />

c) é o modificador apositivo, dado sob a forma de uma oração subordinada adjetiva relativa<br />

explicativa.<br />

d) desempenha a função sintática de sujeito, dado sob a forma de uma oração subordinada substantiva<br />

completiva.<br />

1.5. O complexo verbal “foi desaparecendo” (linha 4) transmite o valor aspetual...<br />

a) de uma ação concluída.<br />

b) de uma ação ainda a concluir.<br />

c) do início de uma ação.<br />

d) de uma ação prolongada no tempo.<br />

1.6. O sujeito do predicado “traduz esta afirmação social” (linha 10) é...<br />

a) nulo subentendido.<br />

b) nulo expletivo.<br />

c) simples.<br />

d) nulo indeterminado.


1.7. A palavra sublinhada na frase “que limitará” (linha 16) retoma o referente...<br />

a) “um condicionalismo” (linha 16).<br />

b) “A fraqueza numérica” (linhas 15-16).<br />

c) “burguesia” (linha 16).<br />

d) “A fraqueza numérica da burguesia” (linhas 15-16).<br />

2. Completa o texto que se segue, selecionando a opção correta, a partir das propostas apresentadas.<br />

Grupo III<br />

Outros Percursos... pelo › Texto SEQUÊNCIA Poético5<br />

aqueles, todos, simultaneamente, abertos, fechados, particulares, simples, público, clausura,<br />

hera, uns, ascendentes, gradeamento, sentimental, contudo, igrejas, era, outros, estes, Lisboa,<br />

românticas, casadas, paraíso, social<br />

Um dos símbolos da civilização oitocentista (do seu sistema político e do seu modo de vida) foi, sem<br />

dúvida, o passeio a) ________________ , lugar privilegiado de sociabilidade das classes b) ________________ .<br />

Quase todas as principais povoações do País entram na c) ________________da vida d) ________________ ao<br />

ar livre, preferindo os espaços e) ________________ e arborizados à f) ________________ dos palácios e das<br />

g) ________________ do Antigo Regime. (…)<br />

h) _________________________ , o exemplo paradigmático é o do Passeio Público do Rossio, em Lisboa. Para<br />

i) ________________, ele era a “gaiola dos Lisboetas” (uma alusão ao j) ________________ que o cercava a toda<br />

a volta); para k) ________________ , era uma espécie de l) ________________ das jovens m) ________________ e<br />

dos namorados piegas, n) ________________ o coração físico e o) ________________ da capital.<br />

José Mattoso (Dir.), História de Portugal, vol. V, Editorial Estampa<br />

(texto adaptado e com supressões)<br />

Produz um texto argumentativo, entre duzentas e trezentas palavras, sobre a importância dos momentos<br />

de lazer na vida das pessoas.<br />

Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um deles<br />

com, pelo menos, um exemplo significativo.<br />

Outros Percursos 11<br />

41


5<br />

Nome Turma Data<br />

Grupo I<br />

5<br />

10<br />

15<br />

Lê atentamente o poema seguinte.<br />

DE TARDE<br />

› SEQUÊNCIA 5<br />

Naquele “pic-nic” de burguesas,<br />

Houve uma cousa simplesmente bela,<br />

E que, sem ter história nem grandezas,<br />

Em todo o caso dava uma aguarela.<br />

Foi quando tu, descendo do burrico,<br />

Foste colher, sem imposturas tolas,<br />

A um granzoal azul de grão-de-bico<br />

Um ramalhete rubro de papoulas.<br />

Pouco depois, em cima duns penhascos,<br />

Nós acampámos, inda o Sol se via;<br />

E houve talhadas de melão, damascos,<br />

E pão de ló molhado em malvasia.<br />

Mas, todo púrpuro a sair da renda<br />

Dos teus dois seios como duas rolas,<br />

Era o supremo encanto da merenda<br />

O ramalhete rubro das papoulas!<br />

42 Outros Percursos 11<br />

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste B<br />

Cesário Verde, O Livro de Cesário Verde,<br />

Paisagem Editora, 1982<br />

Apresenta, de forma completa e bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem.<br />

1. O poema apresentado é passível de uma divisão tripartida.<br />

1.1. Delimita-o, justificando essa tripartição.<br />

2. No texto poético esboça-se uma estrutura narrativa.<br />

2.1. Explicita a afirmação anterior.<br />

3. O uso de diferentes sensações é apanágio de Cesário Verde.<br />

3.1. Confirma o recurso às sensações visuais, gustativas e táteis.<br />

4. Analisa o poema a nível versificatório.<br />

A<br />

O pic-nic, Claude Monet.<br />

B<br />

Comenta a afirmação, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, baseando-te nos conhecimentos<br />

adquiridos sobre Cesário Verde e a sua produção poética.<br />

“Os grandes motivos de inspiração de Cesário aprendeu-os ele na escola da vida e do dia a dia;<br />

entraram-lhe na alma através de todos os sentidos e a expressão saiu mais do seu intelecto do que da<br />

subordinação às exigências do coração.”<br />

In “Considerações introdutórias à vida e à obra de Cesário Verde”, 1982, Paisagem Editora


Grupo II<br />

5<br />

10<br />

15<br />

<strong>20</strong><br />

Lê, agora, a parte inicial da seguinte reportagem.<br />

Outros Percursos... pelo Texto Poético<br />

Por Isabel Lacerda, 11-11-<strong>20</strong>10<br />

Na igreja, as pessoas começavam a desesperar. Faltava um dia para as festividades da vila e ninguém<br />

sabia do padre. Já o tinham procurado em casa e nos cafés, já lhe tinham ligado para o telefone – mas<br />

nada. Estava desaparecido e isso era estranho. Educado no Opus Dei e membro da obra, disciplinado e<br />

respeitoso, nunca falhara na coordenação do evento, momento alto do ano religioso na paróquia. Só<br />

uma razão fortíssima poderia justificar a sua ausência. As hipóteses sobre o seu paradeiro multiplicaram-se<br />

quando, de repente, uma mulher, transtornada, irrompeu na igreja. Era a mãe da chefe das<br />

catequistas: “O padre fugiu com a minha filha. Estão os dois em parte incerta.”<br />

A notícia circulou rapidamente pela freguesia com perto de três mil habitantes, na zona centro do País,<br />

apanhando quase toda a gente de surpresa. A chefe das catequistas, casada, sempre de blusa e saia travada,<br />

pertencia a uma família “rica mas rude” da vila, e era um símbolo de devoção católica. O padre, por sua vez,<br />

apesar de ainda ter 30 e poucos anos (como ela) revelava uma ortodoxia inabalável. “Era muito puritano.<br />

Dizia aos adolescentes que a masturbação estava errada, que o esperma era naturalmente expelido através<br />

da urina”, recorda um dos moradores, na altura muito próximo do pároco. “Às mulheres que ousassem subir<br />

ao altar de pernas à mostra, durante a missa repreendia-as no momento”, acrescenta.<br />

Só os mais atentos tinham desconfiado. Uma funcionária da autarquia, sexagenária, lembra que<br />

“o carro dele era visto muitas vezes em frente à vivenda dela, e vice-versa, e toda a gente sabia que o<br />

marido, devido ao seu emprego, passava muito tempo fora de Portugal”. Um outro residente da vila,<br />

de 78 anos, ia para o emprego às 13 h, voltando ao fim do dia, e durante esse período via sempre o<br />

automóvel da catequista estacionado na garagem da casa paroquial. Outra pessoa afirma ainda que, a<br />

dada altura, os horários começaram a esticar-se pela madrugada. Alguns também sabiam que ambos<br />

tinham sido colegas no secundário, antes de ele entrar no seminário. (…)<br />

www.sabado.pt<br />

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido<br />

do texto.<br />

1.1. Pode dizer-se que o texto pretende salientar que…<br />

a) o Opus Dei impõe regras muito rígidas.<br />

b) os padres têm todos uma vida escondida.<br />

c) as tentações sexuais não poupam os padres.<br />

d) a vida religiosa é demasiado castradora.<br />

1.2. A história narrada pode ser entendida como…<br />

a) a pretexto para desenvolver um tema polémico e atual.<br />

b) o principal objetivo da cronista.<br />

c) exemplo da vida sexual dos padres.<br />

d) alerta para a instituição eclesiástica.<br />

1.3. As certezas de que algo de grave se teria passado para explicar a ausência do pároco deviam-se…<br />

a) à irregularidade revelada pelo padre na organização de eventos.<br />

b) ao cumprimento escrupuloso das obrigações paroquiais.<br />

c) ao puritanismo que o padre sempre demonstrou.<br />

d) à educação, disciplina e respeito revelados pelo pároco.<br />

Outros Percursos 11<br />

43


› SEQUÊNCIA 5<br />

1.4. A fuga inusitada do padre foi rapidamente espalhada, visto que…<br />

44 Outros Percursos 11<br />

a) a chefe das catequistas também estava envolvida.<br />

b) a mãe da catequista fez circular a notícia da fuga da filha.<br />

c) toda a população já se tinha apercebido do caráter do padre.<br />

d) a freguesia tinha apenas cerca de três mil habitantes.<br />

1.5. Os depoimentos de alguns habitantes da aldeia vêm confirmar…<br />

a) a surpresa causada pelo acontecimento.<br />

b) as suspeitas que recaiam sobre o pároco.<br />

c) a falsa moralidade da mulher que o acompanhou.<br />

d) a atenção que os mais velhos dedicam à vida religiosa.<br />

1.6. O primeiro período do texto apresenta…<br />

a) um complemento direto.<br />

b) um complemento indireto.<br />

c) um modificador.<br />

d) um predicativo do sujeito.<br />

1.7. Os pronomes “o” e “lhe” (linha 2) retomam…<br />

a) ambos o padre.<br />

b) o padre e a casa, respetivamente.<br />

c) o telefone e o padre.<br />

d) um dia e o padre.<br />

2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a<br />

obteres afirmações verdadeiras.<br />

COLUNA A COLUNA B<br />

2.1. Em “uma mulher, transtornada,<br />

irrompeu na igreja” (linha 6), …<br />

2.2. Em “A notícia circulou<br />

rapidamente pela freguesia”<br />

(linha 8), …<br />

2.3. Com o grupo nominal “um<br />

símbolo de devoção católica”<br />

(linha 10), …<br />

2.4. Ao utilizar a locução “apesar<br />

de” (linha 11), …<br />

2.5. Com a forma verbal<br />

“ousassem” (linha 13), …<br />

Grupo III<br />

a) o enunciador recorre a um complemento oblíquo.<br />

b) o enunciador regista o predicativo do sujeito.<br />

c) o enunciador evidencia o complemento direto.<br />

d) o enunciador emprega um modificador apositivo do<br />

nome.<br />

e) o enunciador sugere uma ideia consecutiva.<br />

f) o enunciador recorre ao conjuntivo para sugerir a<br />

possibilidade.<br />

g) o enunciador impõe uma lógica concessiva à frase.<br />

h) o enunciador serve-se de um advérbio de predicado.<br />

O celibato é um dos votos a que os padres estão obrigados. Contudo, são várias as vozes que criticam<br />

a inflexibilidade da igreja católica, defendendo, inclusive, o casamento para os servos eclesiásticos.<br />

Partindo das afirmações anteriores, redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a trezentas<br />

palavras, onde fundamentes o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um<br />

exemplo significativo.


PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES<br />

Teste A<br />

SEQUÊNCIA 1 (pp. 4-6)<br />

GRUPO I<br />

A<br />

1.1. .................................................................................................................................... 10 pontos<br />

1.2..................................................................................................................................... 15 pontos<br />

1.3.1. ................................................................................................................................. 10 pontos<br />

1.4.1. ................................................................................................................................. 5 pontos<br />

1.4.2.................................................................................................................................. 5 pontos<br />

1.4.3.................................................................................................................................. 5 pontos<br />

1.5..................................................................................................................................... 10 pontos<br />

1.6. ................................................................................................................................... 10 pontos<br />

B....................................................................................................................................... 30 pontos<br />

GRUPO II<br />

1. ...................................................................................................................................... 30 pontos<br />

2. ...................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />

GRUPO III .......................................................................................................................... 50 pontos<br />

GRUPO I A<br />

1.1. O aumento dos preços dos combustíveis como<br />

forma de renovação dos hábitos/comportamentos<br />

dos cidadãos, nomeadamente a troca dos transportes<br />

privados pelos públicos.<br />

1.2. - Aumento dos combustíveis (“Os combustíveis<br />

atingem preços nunca vistos” – linha 1);<br />

- Cortes salariais (“Enquanto o salário encolhe”<br />

– linha 7);<br />

- Desadequação entre os transportes públicos e<br />

as necessidades dos cidadãos (“Desde que<br />

existam e respondam às necessidades dos cidadãos<br />

que deles precisam.” – linhas 11-12).<br />

1.3.1. A oportunidade de mudar de meio de transporte.<br />

1.4.1. Metáfora – “para quem não pretende queimar<br />

parte significativa do ordenado” (linhas 9-10) – ao<br />

serviço da crítica da autora, denunciando as dificuldades<br />

económicas de muitos cidadãos.<br />

1.4.2. Ironia – “Nem tudo é negativo.” (linha 8) – ao<br />

serviço da crítica da autora, propondo uma alternativa,<br />

irrealizável, para atenuar a negatividade<br />

da situação.<br />

1.4.3. Antítese – “Enquanto o salário encolhe, o preço<br />

que pagamos quando abastecemos o depósito<br />

do automóvel cresce na proporcionalidade.” (linhas<br />

7-8) – ao serviço da crítica da autora, intensificando<br />

as dificuldades económicas de muitos<br />

cidadãos.<br />

1.5. O uso da frase interrogativa (linha 7); os conselhos<br />

que se depreendem no último parágrafo.<br />

1.6. Recurso à exemplificação para confirmar a ligação<br />

entre a indiferença dos responsáveis políticos<br />

relativamente às questões ambientais e as<br />

catástrofes que têm ocorrido.<br />

B<br />

Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno<br />

deverá:<br />

— referir-se à intenção do cartoonista (cartoon revelador<br />

de preocupações ambientais);<br />

— construir um texto coerente, baseando-se nos elementos<br />

que compõem a imagem (analisar, por<br />

exemplo, o contraste entre as cores);<br />

— respeitar o limite de palavras proposto.<br />

Outros Percursos 11<br />

45


PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES<br />

GRUPO II<br />

1. A) F; B) F; C) V; D) V; E) F; F) F; G) V; H) V; I) F; J) V.<br />

2.1. d); 2.2. a); 2.3. f); 2.4. c); 2.5. b).<br />

GRUPO III<br />

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os cri -<br />

térios de classificação para a produção de um texto que<br />

visa avaliar a expressão escrita do aluno).<br />

GRUPO I A<br />

1.1. Valoriza excessivamente o período de gestação,<br />

entendido como uma fase da vida feminina em<br />

que a dor estaria associada à vida.<br />

1.2. Passado<br />

– verbos no pretérito perfeito: “endeusámos”,<br />

proclamámos” (…);<br />

– verbos no pretérito imperfeito: “recebiam”,<br />

“imploravam” (…);<br />

– expressão temporal: “há <strong>20</strong> anos”;<br />

Presente<br />

– verbos no presente do indicativo: “continuam”,<br />

“são” (…);<br />

– advérbio de tempo: “agora”.<br />

1.3. Realçar o modo de pensar da época, nomeadamente<br />

o facto de a sociedade considerar que a<br />

46 Outros Percursos 11<br />

Assinala corretamente:<br />

10 afirmações – 30 pontos; 9 afirmações – 24 pontos;<br />

7 ou 8 afirmações – 18 pontos; 5 ou 6 afirmações – 12<br />

pontos; 3 ou 4 afirmações – 6 pontos.<br />

4 ou 5 correspondências corretas – <strong>20</strong> pontos; 2 ou 3<br />

correspondências corretas – 12 pontos; 1 correspondência<br />

correta – 4 pontos.<br />

Teste B<br />

SEQUÊNCIA 1 (pp. 7-10)<br />

GRUPO I<br />

A<br />

1.1........................................................................................................................................ 15 pontos<br />

1.2. ...................................................................................................................................... 15 pontos<br />

1.3. ...................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />

1.4 ....................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />

B ......................................................................................................................................... 30 pontos<br />

GRUPO II<br />

1. ......................................................................................................................................... 35 pontos<br />

2.......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos<br />

mulher que recorria a analgésicos para atenuar a<br />

dor do parto não reunia as qualidades necessárias<br />

para ser mãe.<br />

1.4. – marcas da 1.ª pessoa: “Ainda me lembro”; (linha 6)<br />

– advérbios: “Felizmente” (linha 15), “Finalmen -<br />

te” (linha <strong>20</strong>);<br />

– expressão parentética: “(será que agora pas -<br />

sa?)” (linha 10);<br />

– adjetivação expressiva: “cristalizados” (linha 2);<br />

“desígnio divino” (linha 5).<br />

B<br />

Resposta de caráter pessoal. No entanto, espera-se<br />

que o aluno oriente o seu texto, obedecendo aos aspetos<br />

elencados, para o cuidado que se deve ter relativamente<br />

ao fácil acesso das crianças aos medicamentos/detergentes...


GRUPO II<br />

1.1. b); 1.2. d); 1.3. c); 1.4. a); 1.5. a); 1.6. c); 1.7. b). 2. A. – F; B. – V; C. – V; D. – F; E. – V.<br />

GRUPO III<br />

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os cri té -<br />

rios de classificação para a produção de um texto que<br />

visa avaliar a expressão escrita do aluno)<br />

Teste A<br />

SEQUÊNCIA 2 (pp. 11-14)<br />

GRUPO I<br />

A<br />

1........................................................................................................................................... 15 pontos<br />

2. ......................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />

3. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

4. ......................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />

B ......................................................................................................................................... 30 pontos<br />

GRUPO II<br />

1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />

2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos<br />

GRUPO I A<br />

1. O excerto insere-se no desenvolvimento, terceiro<br />

capítulo, no momento em que orador distingue,<br />

individualmente, as virtudes dos peixes, concretamente,<br />

o passo em que evidencia as qualidades<br />

de torpedo e quatro-olhos.<br />

2. Torpedo apresenta como característica principal o<br />

facto de, no momento em que está a ser pescado,<br />

evitar que isso se concretize, utilizando, para se defender,<br />

descargas elétricas que fazem tremer o<br />

braço do pescador, obrigando-o a largar a cana. O<br />

pregador, estabelecendo um paralelismo entre os<br />

pescadores do mar e os pescadores da terra, reflete<br />

acerca da inúmera variedade deste últimos, metaforizados<br />

nas “varas”, “ginetas”, “bengalas”, “bastões”<br />

e “cetros”, afirma a sua “voracidade” e o<br />

modo como se apropriam dos bens, (cidades, reinos),<br />

interrogando-se e mostrando o seu espanto<br />

pela inatividade dos que estão a ser “pescados”,<br />

“Pois é possível que, pescando os homens cousas<br />

de tanto peso, lhes não trema a mão e o braço?!”<br />

(linhas 16-17).<br />

3. Santo António, através da sua palavra (fez tremer<br />

22 pescadores destes), conseguiu comover e<br />

demover aqueles que tinham comportamentos desonestos,<br />

levando-os não só a emendar-se mas<br />

também a devolver o fruto dos roubos, elevando,<br />

assim, o valor da doutrina pregada pelo Santo.<br />

4. Após ter descrito os quatro-olhos como peixinhos<br />

dotados da capacidade de se livrarem dos perigos<br />

vindos de dois elementos, uma vez que Deus lhes<br />

deu “quatro-olhos”, interroga-se sobre os desígnios<br />

do próprio Deus, pois dota uns de grandes capacidades<br />

para se defenderem e permite que outros<br />

vivam cegos e na ignorância, numa alusão clara aos<br />

povos indígenas do Maranhão que vivem abandonados<br />

e maltratados.<br />

B<br />

A vida de Vieira decorreu, essencialmente, no Brasil<br />

onde se dedicou à pregação, o que no século XVII<br />

constituía uma maneira de ser escutado por todas as<br />

camadas sociais.<br />

Elegeu o Maranhão como seu local predileto, aí<br />

pregou o “Sermão de Santo António”. Pretendendo<br />

Outros Percursos 11<br />

47


PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES<br />

alcançar os fins da oratória, docere, delectare, movere,<br />

aí se tornou um acérrimo defensor dos direitos dos<br />

índios, vítimas da ganância e corrupção dos colonos.<br />

A sua luta não se ficou pelas críticas, às quais nem a<br />

Igreja escapou. Vieira agia, tendo mesmo obtido do rei<br />

48 Outros Percursos 11<br />

um documento reconhecendo aos Jesuítas a jurisdição<br />

sobre os Índios. Visando “preservar o são para que se<br />

não corrompa”, metaforizou nos peixes os homens e<br />

satirizou a sociedade do seu tempo: os vaidosos, os<br />

parasitas, os traidores, os ambiciosos. (129 palavras)<br />

GRUPO II<br />

1.1. c); 1.2. a); 1.3. d); 1.4. a); 1.5. b); 1.6. a); 1.7. c). 2.1. c); 2.2. d); 2.3. e); 2.4. f); 2.5. a).<br />

GRUPO III<br />

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os cri té -<br />

rios de classificação para a produção de um texto que<br />

visa avaliar a expressão escrita do aluno).<br />

Teste B<br />

SEQUÊNCIA 2 (pp. 15-18)<br />

GRUPO I A<br />

A<br />

1........................................................................................................................................... 15 pontos<br />

2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

2.1. ....................................................................................................................................... 10 pontos<br />

3. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

4. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

B .......................................................................................................................................... 30 pontos<br />

GRUPO II<br />

1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />

2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

GRUPO IIII ............................................................................................................................ 50 pontos<br />

GRUPO I A<br />

1. Exórdio – final do capítulo I do Sermão de Santo António,<br />

de Padre António Vieira; momento da referência<br />

a St.º António e justificação da escolha do<br />

auditório – peixes, tal como o fez o santo referido.<br />

2. St.º António, exemplo de homem/pregador a seguir,<br />

pelas virtudes que apresenta; comemoração<br />

do dia do santo (13 de junho de 1654), festividade<br />

que, segundo Padre António Vieira, deverá implicar<br />

uma pregação seguindo o modelo do santo<br />

(“nas festas dos santos é melhor pregar como eles,<br />

que pregar deles.” – linhas 26-27);<br />

2.1.– pregador (“Pregava Santo António em Itália” –<br />

linha 6);<br />

– homem puro (“uns pés, a que se não pegou nada<br />

da terra, não tinham que sacudir.” – linhas 13-14);<br />

– perseverante (“mas não desistiu da doutrina.” –<br />

linha 17); (…):<br />

3. De acordo com o excerto, emendar os vícios da<br />

terra (“Muitas vezes vos tenho pregado nesta igreja,<br />

e noutras, de manhã e de tarde, de dia e de noite,<br />

sempre com doutrina muito clara, muito sólida,<br />

muito verdadeira, e a que mais necessária e importante<br />

é a esta terra, para emenda e reforma dos vícios<br />

que a corrompem.” (linhas 29-31);


4. Interrogação retórica – “Que faria neste caso o<br />

ânimo generoso do grande António? Sacudiria o pó<br />

dos sapatos, como Cristo aconselha em outro<br />

lugar?” (linhas 10-12) – de forma a captar a atenção<br />

do público e a fomentar a reflexão.<br />

Paralelismo anafórico – “Começam a ferver as ondas,<br />

começam a concorrer os peixes” (linha <strong>20</strong>) – para realçar<br />

os efeitos que as palavras de Santo António causaram<br />

nos seus recetores (peixes).<br />

GRUPO II<br />

1.1. a); 1.2. d); 1.3. a); 1.4. c); 1.5. b); 1.6. b); 1.7. a).<br />

2.1. “No espetáculo Payassu, fazemos uso das tecnologias<br />

de manipulação de imagem, para promover<br />

a interação de figuras projetadas com o discurso<br />

de Vieira.”<br />

2.2. “Como o texto de Vieira é muito rico e profuso,<br />

na gestão dos recursos narrativos, quer plásticos<br />

GRUPO III<br />

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios<br />

de classificação para a produção de um texto que<br />

visa avaliar a expressão escrita do aluno)<br />

B<br />

Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno deverá:<br />

– referir-se às duas obrigações do sal: louvar o bem<br />

para o preservar e repreender o mal para se livrar<br />

dele;<br />

– exemplificar com os louvores em geral (cap. II) e em<br />

particular (cap. III) e as repreensões no geral (cap.<br />

IV) e em particular (cap. V);<br />

– construir um texto coerente;<br />

– respeitar o limite de palavras proposto.<br />

quer cénicos, evitámos a mera ilustração do sermão<br />

e a coincidência de signos, especialmente os<br />

concorrentes com as imagens sugeridas pelo<br />

texto.”<br />

2.3. “(…) concentra a ação dramática do ator, que<br />

constrói alguma dessas personagens, no exercício<br />

da pregação (…).”<br />

Teste A<br />

SEQUÊNCIA 3 (pp. 19-22)<br />

GRUPO I<br />

A<br />

1........................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />

2. ......................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />

3.1........................................................................................................................................ 15 pontos<br />

3.2........................................................................................................................................ 15 pontos<br />

B .......................................................................................................................................... 30 pontos<br />

GRUPO II<br />

1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />

2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

GRUPO II .............................................................................................................................. 50 pontos<br />

GRUPO I A<br />

1. A ação decorre madrugada alta, num espaço exíguo,<br />

sem decoração, apenas se veem objetos religiosos,<br />

escuro, sóbrio, havendo, portanto, entre<br />

espaço e tempo uma correlação. O caráter funesto<br />

é evidente nos objetos: cruzes, tochas, uma<br />

enorme cruz negra e outros que se prendem com<br />

a realização de funerais.<br />

Outros Percursos 11<br />

49


50<br />

PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES<br />

2. À medida que a ação se vai aproximando do fim trágico,<br />

o espaço físico vai afunilando, vai perdendo<br />

claridade e harmonia, revestindo-se, pelo contrário,<br />

de elementos que provocam o adensamento<br />

trágico.<br />

3.1. Manuel de Sousa está desesperado, atribuindo a<br />

causa da situação que está a viver ao seu casamento<br />

com D. Madalena, que, nas suas palavras,<br />

“foi um terrível erro.” O modo como nos é descrito,<br />

“o rosto inclinado sobre o peito, os braços<br />

caídos e em completa prostração de espírito e de<br />

corpo”, é revelador do desalento e da extenuação<br />

sentidas. A prová-lo está também o discurso sincopado<br />

e o recurso constante a interjeições e as<br />

frases exclamativas.<br />

3.2. A sua maior preocupação é a sua filha Maria e<br />

a tragédia que se abaterá sobre ela e que a desonrará.<br />

GRUPO II<br />

1.1. a); 1.2. c); 1.3. d); 1.4. c); 1.5. d); 1.6. b); 1.7. a). 2.1. e); 2.2. c) 2.3. b); 2.4. a); 2.5. g).<br />

GRUPO III<br />

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios<br />

de classificação para a produção de um texto que<br />

visa avaliar a expressão escrita do aluno)<br />

Teste B<br />

SEQUÊNCIA 3 (pp. 23-25)<br />

GRUPO I<br />

A<br />

1........................................................................................................................................... 15 pontos<br />

2.1. ....................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />

3.1........................................................................................................................................ 15 pontos<br />

3.2........................................................................................................................................ <strong>20</strong> pontos<br />

B .......................................................................................................................................... 30 pontos<br />

GRUPO II<br />

1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />

2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

GRUPO IIII ............................................................................................................................ 50 pontos<br />

GRUPO I A<br />

1. Esta cena (VIII) de Frei Luís de Sousa pertence ao<br />

ato III, uma vez que o diálogo apresentado ocorre<br />

Outros Percursos 11<br />

B<br />

Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno deverá<br />

abordar alguns dos seguintes tópicos:<br />

Conteúdo<br />

– Drama - não está escrita em verso; não tem cinco<br />

atos; o assunto não é fornecido pela mitologia nem<br />

pela história grega.<br />

– Índole trágica – assunto nacional ao gosto romântico;<br />

número reduzido de personagens; unidade de<br />

ação; o pathos apodera-se das personagens; os<br />

acontecimentos progridem dramaticamente até ao<br />

clímax; personagens cuja função se aproxima da do<br />

coro da tragédia clássica (Telmo Pais e Frei Jorge).<br />

Forma<br />

– construir um texto coerente;<br />

– respeitar o limite de palavras proposto.<br />

quase no final da obra, no momento em que os<br />

dois esposos veem, como salvação das suas almas,<br />

o ingresso na vida conventual.


2.1. D. Madalena não quer aceitar que a solução passe<br />

pela dissolução do seu matrimónio e, por isso,<br />

ainda duvida que o seu primeiro marido possa<br />

estar vivo, questionando frei Jorge sobre a possibilidade<br />

de o romeiro não ter dito a verdade.<br />

3.1. A racionalidade de Manuel de Sousa manifesta-se<br />

em toda a sua intervenção, embora esta seja ainda<br />

mais evidente no momento em que se dirige a<br />

D. Madalena para a abraçar e reconfortar, mas, ime -<br />

diatamente, recua (“Vai para a abraçar e recua”).<br />

3.2. Manuel de Sousa pretende assegurar que até à<br />

chegada do romeiro ninguém os poderia acusar<br />

de má fé, que a sua união violara as leis da igreja,<br />

uma vez que desconheciam a verdade e, como tal,<br />

ambos estiveram de consciência tranquila. Contudo,<br />

a partir da descoberta da verdade, seria impossível<br />

viverem sem remorsos ou sem pecado.<br />

GRUPO II<br />

1.1. b); 1.2. c); 1.3. a); 1.4. b); 1.5. d); 1.6. a); 1.7. d). 2.1. d); 2.2. g); 2.3. a); 2.4. f); 2.5. c).<br />

GRUPO III<br />

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios<br />

de classificação para a produção de um texto que<br />

visa avaliar a expressão escrita do aluno)<br />

Teste A<br />

SEQUÊNCIA 4 - Os Maias (pp. 26-29)<br />

GRUPO I<br />

A<br />

1........................................................................................................................................... 15 pontos<br />

2. ......................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />

3. ......................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />

4. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

B .......................................................................................................................................... 30 pontos<br />

GRUPO II<br />

1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />

2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos<br />

GRUPO I A<br />

1. O texto é um excerto do capítulo X, onde se insere<br />

o episódio das corridas de cavalos, cujo objetivo é<br />

apresentar uma visão irónica e satírica da sociedade<br />

B<br />

Em Frei Luís de Sousa há elementos carregados de<br />

simbolismo que surgem ao longo da obra.<br />

Assim, logo no início, D. Madalena lê o episódio<br />

de Inês de Castro, sugerindo a vivência de um amor<br />

fugaz e impuro que terminará de forma trágica. Ao<br />

nível das notações temporais, a sexta-feira surge<br />

associada a acontecimentos que marcaram o percurso<br />

de vida da personagem: numa sexta-feira casou com<br />

D. João de Portugal, viu Manuel de Sousa pela primeira<br />

vez e o romeiro regressou.<br />

A numerologia adquire igualmente valores simbólicos<br />

inigualáveis, particularmente o número 7:<br />

D. Madalena esperou sete anos pelo regresso de D. João,<br />

esteve casada 14 com Manuel de Sousa e o primeiro<br />

marido regressa ao fim de 21. Também o 13 pode sugerir<br />

azar, idade com que Maria morre. (129 palavras)<br />

lisboeta que, apesar do seu provincianismo, se<br />

julga cosmopolita e elegante.<br />

2. O ambiente é de desalento e abatimento, como se<br />

pode observar pela descrição dos comportamentos<br />

Outros Percursos 11<br />

51


52<br />

PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES<br />

dos que assistiam às corridas – os rapazes deixavam-<br />

-se cair nas cadeiras, bocejando; a música tocava<br />

coisas plangentes; até as senhoras voltavam à<br />

quietude tristonha. Um momento que se pretende<br />

elegante e de diversão é, afinal, encarado de forma<br />

entediada e sem entusiasmo.<br />

3. Carlos procurava ansiosamente Dâmaso, pois este<br />

deveria tê-lo já apresentado a Castro Gomes, “marido”<br />

de Maria Eduarda, o que não se verificara.<br />

Por outro lado, as corridas, sendo um acontecimento<br />

em que a alta sociedade lisboeta se encontrava,<br />

seriam uma hipótese para ele rever Maria.<br />

Como o único conhecido da família Castro Gomes<br />

em Lisboa era Dâmaso, seria de esperar que este os<br />

acompanhasse e, assim, Carlos teria hipótese de<br />

rever a sua amada.<br />

4. A sorte de Carlos nas apostas, apesar de serem<br />

sobre um cavalo não favorito, são bem sucedidas,<br />

indiciando um final infeliz para o seu amor, o que<br />

se verificará.<br />

GRUPO II<br />

1.1. d); 1.2. b); 1.3. c); 1.4. b); 1.5. c); 1.6. a); 1.7. c). 2.1. b); 2.2. f); 2.3. h); 2.4. c); 2.5. g).<br />

GRUPO III<br />

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios<br />

de classificação para a produção de um texto que<br />

visa avaliar a expressão escrita do aluno).<br />

Teste B<br />

SEQUÊNCIA 4 - Os Maias (pp. 30-33)<br />

GRUPO I<br />

A<br />

1........................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />

2.1. ....................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />

3.1........................................................................................................................................ 15 pontos<br />

4.1........................................................................................................................................ 15 pontos<br />

B ......................................................................................................................................... 30 pontos<br />

GRUPO II<br />

1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />

2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos<br />

GRUPO I A<br />

1. O excerto pertence à intriga secundária e relata<br />

factos ocorridos após a morte de Maria Eduarda<br />

Runa, mãe de Pedro, precisamente o momento<br />

Outros Percursos 11<br />

B<br />

Carlos e Maria Eduarda foram separados pelo destino,<br />

mas o destino fê-los reencontrarem-se à porta<br />

de um hotel.<br />

A beleza e a elegância de ambos atrai-os irresistivelmente<br />

e fá-los protagonistas de uma história de<br />

amor. O mesmo destino que os uniu separa-os, retirando<br />

de uma caixa de velhos papéis, confiada a um<br />

amigo, a sua consanguinidade. Contudo, Carlos, mes -<br />

mo tendo consciência da gravidade da situação, comete<br />

o incesto. O caráter funesto deste ato provoca o<br />

final trágico de Afonso, ao saber que o neto sucumbiu<br />

ao incesto, apesar da educação que lhe proporcionou.<br />

O que o destino não conseguira alcançou a realidade.<br />

A perceção de que a dor tinha matado o avô leva<br />

Carlos a terminar o romance e a separar-se da irmã.<br />

(122 palavras)<br />

em que Pedro se apaixona por Maria Monforte e sai<br />

da abulia em que caíra.<br />

2.1. Afonso, por um lado, fica agradado com a ideia de<br />

que Pedro possa estar interessado por uma mulher,


uma vez que isso poderá contribuir para o afastar<br />

da letargia em que caíra por causa da morte da<br />

mãe. Contudo, quando toma conhecimento dos<br />

factos que no passado foram protagonizados pelo<br />

pai de Maria, fica apreensivo e afirma mesmo que:<br />

“essa mulher, com um pai desses, mesmo para<br />

amante acho má.” (linha 14)<br />

3.1. Vilaça mostra-se preocupado, pois corre a contar<br />

a Afonso, e a outros amigos o passado do pai de<br />

Maria Monforte. Mais preocupado se mostra<br />

quando o jovem Maia decide informar-se sobre<br />

as suas capacidades financeiras, pois antevê que<br />

essa atitude não é motivada só pelo facto de querer<br />

oferecer presentes à amada.<br />

4.1. Quando Afonso vê Maria, fica surpreendido com<br />

a sua beleza “e a sua face, grave e pura como um<br />

mármore grego” (linhas 29-30). Contudo, um facto<br />

deixa-o apreensivo: a sombrinha escarlate de<br />

Maria que cobria Pedro assemelhava-se a uma<br />

mancha de sangue que o envolvia.<br />

GRUPO II<br />

1.1. c); 1.2. b); 1.3. d); 1.4. a); 1.5. b); 1.6. b); 1.7. d). 2.1. c); 2.2. a); 2.3. f); 2.4. b); 2.5. d).<br />

GRUPO III<br />

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios<br />

de classificação para a produção de um texto que<br />

visa avaliar a expressão escrita do aluno).<br />

SEQUÊNCIA 4 - O Primo Basílio (pp. 34-37)<br />

GRUPO I<br />

A<br />

1........................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />

2. ......................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />

3. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

4. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

B .......................................................................................................................................... 30 pontos<br />

GRUPO II<br />

1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />

2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos<br />

GRUPO I A<br />

1. Caracterização do ambiente:<br />

– lento (“com a lentidão espessa de uma massa<br />

mal derretida”) (linha 4);<br />

B<br />

Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno<br />

deverá abordar alguns dos seguintes tópicos:<br />

Conteúdo<br />

– Espaços: descrição do jardim do Ramalhete quando<br />

é feito o restauro: o cipreste, o cedro, a fonte e a estátua<br />

de Vénus;<br />

- descrição de alguns objetos que adornam a Toca: o<br />

quadro de São João Batista degolado; a tapeçaria representando<br />

os amores de Vénus e Marte;<br />

- a lenda referida por Vilaça de que as paredes do Ramalhete<br />

são fatais aos Maias;<br />

- a vitória de Carlos nas apostas na corrida de cavalos,<br />

contra todas as expectativas (...)<br />

Forma<br />

- construir um texto coerente;<br />

- respeitar o limite de palavras proposto.<br />

– passivo (“no arrebatamento passivo que agrada<br />

às massas mandrionas”) (linha 7);<br />

– entediante (“um tédio morno circulava”) (linha 8);<br />

Outros Percursos 11<br />

53


54<br />

PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES<br />

2. Época histórica retratada - segunda metade do<br />

século XIX:<br />

– “burguesia domingueira” (linha 3) – ascensão da<br />

classe burguesa;<br />

– “o macadame” (linha 5) – tipo de pavimento da<br />

época;<br />

– “poeirada fina” (linha 9) – resultante do piso de<br />

terra;<br />

– “os candeeiros” (linha 10) – iluminação pública;<br />

– “Debaixo do véu” (linha 16) – peça de vestuário/<br />

acessório da época;<br />

– “a luz do gás dava o mesmo tom amarelado”<br />

(linha 18) – iluminação pública a gás.<br />

3. Luísa: retraída pela inadaptação ao espaço onde<br />

se encontra, sentindo saudades do lar, da privacidade:<br />

“Luísa sentia como uma saudade (…) de<br />

serões recolhidos”; “O movimento então retraía-<br />

-a (…)”;<br />

Basílio: irritado pela inadaptação ao espaço onde<br />

se encontra e devido ao ar abatido dos transeuntes:<br />

“(…) num abatimento de pasmaceira. Aquele<br />

aspeto irritou Basílio (…)”;<br />

D. Felicidade: desanimada, frustrada devido à ausência<br />

do conselheiro Acácio.<br />

GRUPO II<br />

1.1. d); 1.2. b); 1.3. a); 1.4. d); 1.5. c); 1.6. b); 1.7. a). 2.1. e); 2.2. h); 2.3. a); 2.4. c); 2.5. i).<br />

GRUPO III<br />

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios<br />

de classificação para a produção de um texto que<br />

visa avaliar a expressão escrita do aluno).<br />

Teste A<br />

SEQUÊNCIA 5 (pp. 38-41)<br />

GRUPO I<br />

A<br />

1........................................................................................................................................... 15 pontos<br />

2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

3. ......................................................................................................................................... 10 pontos<br />

4.1........................................................................................................................................ 15 pontos<br />

5. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

B .......................................................................................................................................... 30 pontos<br />

GRUPO II<br />

1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />

2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos<br />

Outros Percursos 11<br />

4. “Bamboleamento relaxado” – com a atribuição do<br />

adjetivo “relaxado”, normalmente associado a<br />

pessoas, ao nome “bamboleamento”, o narrador<br />

pretende destacar a impressão dominante, neste<br />

caso, a de relaxamento, inércia da massa humana<br />

que se passeava pelo Passeio.<br />

B<br />

De facto, a aventura romântica de Luísa foi “pintada”<br />

à luz naturalista, método adotado por Eça de<br />

Queirós, de modo a criticar, de forma demolidora e<br />

sarcástica, os costumes da pequena burguesia lisboeta<br />

da época retratada.<br />

Luísa surge-nos descrita como uma mulher romântica,<br />

sentimental, ociosa, sem valores espirituais,<br />

que, na ausência do marido, se entrega a uma relação<br />

adúltera com o primo Basílio, aventura que a leitura<br />

de romances lhe despertara. No primeiro capítulo,<br />

Eça prepara o leitor para os futuros comportamentos<br />

da personagem, destacando o seu envolvimento com<br />

o primo, antes de conhecer Jorge, e o interesse da<br />

mãe de Luísa naquela relação, pois “Basílio era rico”.<br />

Ora, a origem social, a educação e influências externas<br />

são os fatores determinantes do comportamento<br />

da personagem eciana. (126 palavras)


GRUPO I A<br />

1. Espaço rural, luminoso:<br />

“No campo” (linha 2); “A claridade” (linha 3); “velha<br />

ermida com seu adro” (linha 10); “Numa colina azul<br />

brilha um lugar caiado” (linha 15); “azinhaga” (linha 18);<br />

(…)<br />

2. Sujeito poético – citadino: “E ria-me, eu ocioso,<br />

inútil, fraco,/Eu de jasmim na casa do casaco/E<br />

de óculo deitado a tiracolo” (linhas 48-50).<br />

A prima do sujeito poético – campestre/rural<br />

“chapéu de palha” (linha 17); “Sem desprender do<br />

chão teus olhos castos,/Tu começaste, harmónica,<br />

indecisa,/A arregaçar a chita, alegre e lisa” (linhas<br />

22-24); “Tu, a austera, a gentil, a inteligente,/Depois<br />

de bem composta, deste à frente/Uma pernada cómica,<br />

vulgar!” (linhas 30-32); (…)<br />

3. Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno poderá<br />

orientar a sua resposta para o rigor, a exatidão<br />

que Cesário Verde pretende com os seus versos, distanciando-se,<br />

deste modo, da poesia romântica.<br />

4.1. A energia e a desenvoltura da prima, rapariga do<br />

campo; “A claridade, a robustez, a ação.” (linha 3)<br />

do espaço campesino transmitem ao poeta força<br />

e vitalidade, daí ser um local que lhe serve de<br />

“musa” e “ que [o] anima” (linha 2).<br />

5. A (dupla) adjetivação expressiva: “completa e<br />

séria educação” (linha 6); “alegre e lisa” (linha 24)–<br />

ao serviço do caráter impressionista da poesia de<br />

Cesário Verde, de modo a realçar as características<br />

do que observa e os sentimentos que o observado<br />

despertam no observador.<br />

Enumeração – “Respiro indústria, paz, salubridade”<br />

(linha 12) – realçando os aspetos positivos do<br />

espaço onde o “eu” se encontra. (…)<br />

B<br />

Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno deverá:<br />

– referir-se ao caráter deambulante da poesia de Cesário<br />

Verde;<br />

– fazer alusão aos espaços/figuras antagónicos(as) observados(as)<br />

e descritos(as) pelo poeta;<br />

– construir um texto coerente;<br />

– respeitar o limite de palavras proposto.<br />

GRUPO II<br />

1.1. b); 1.2. d); 1.3. c); 1.4. a); 1.5. d); 1.6. c); 1.7. a). 2. a) público; b) ascendentes; c) era; d) social; e) abertos;<br />

f) clausura; g) igrejas; h) contudo; i) uns;<br />

j) gradeamentos; k) outros; l) paraíso; m) român-<br />

GRUPO III<br />

ticas; n) simultaneamente; o) sentimental.<br />

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios<br />

de classificação para a produção de um texto que<br />

visa avaliar a expressão escrita do aluno).<br />

Teste B<br />

SEQUÊNCIA 5 (pp. 42-44)<br />

GRUPO I<br />

A<br />

1.1. ....................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />

2.2........................................................................................................................................ <strong>20</strong> pontos<br />

3.1........................................................................................................................................ 15 pontos<br />

4. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

B .......................................................................................................................................... 30 pontos<br />

GRUPO II<br />

1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />

2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />

GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos<br />

Outros Percursos 11<br />

55


56<br />

PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES<br />

GRUPO I A<br />

1.1. A primeira quadra constitui a introdução do<br />

poema; nas segunda e terceira quadras descreve-se<br />

a ação levada a cabo pela dama que desce do<br />

burrico e vai colher o “ramalhete de papoulas” e<br />

acampam para fazer um pic-nic. A última estrofe<br />

constitui a conclusão, fixando o “supremo encanto<br />

da merenda.”(V. 15);<br />

2.1. No poema é possível encontrar categorias próprias<br />

do discurso narrativo, nomeadamente a localização<br />

no tempo (“De tarde”, “Pouco depois/<br />

… inda o Sol se via”), no espaço (campo – “um<br />

granzoal”, “em cima duns penhascos”), a intervenção<br />

de personagens (“burguesas”, “tu”, “Nós”)<br />

e ação (um “pic-nic”, “descendo do burrico,/<br />

Foste colher…”, “Nós acampámos…”).<br />

3.1. É notória a utilização de várias sensações. Assim,<br />

o recurso à sensação visual é percetível em versos<br />

como: “granzoal azul”, “ramalhete rubro de papoulas”,<br />

“inda o Sol se via”. A sensação gustativa<br />

salienta-se na referência aos alimentos (“E pão de<br />

ló molhado em malvasia”) e, finalmente, a tátil<br />

em expressões como “molhado em malvasia” e<br />

“seios como duas rolas”, percecionando a humidade<br />

e a suavidade, respetivamente.<br />

GRUPO II<br />

Outros Percursos 11<br />

4. O poema é constituído por quatro quadras, com<br />

versos decassilábicos, com rimas cruzadas e graves<br />

em todas as estrofes, exceto nos versos 10 e 12 onde<br />

a rima é aguda. O ritmo é conferido pelas rimas e<br />

pelas aliterações em “r” e em “m”.<br />

B<br />

Cesário Verde marcou uma rutura com a poética<br />

tra dicional e romântica principalmente porque se<br />

inspi rou em motivos prosaicos, abandonando a sen ti -<br />

mentalidade característica do movimento literário anterior.<br />

Na verdade, a poesia cesariana reflete a dupla vivência<br />

do poeta, a qual oscilou entre a cidade e o cam -<br />

po, e foi nestes cenários que Cesário se inspirou e<br />

deles falou nos seus textos. Contudo, para que essa<br />

realidade pudesse chegar ao leitor de forma mais concreta,<br />

vai lançar mão dos órgãos dos sentidos de modo<br />

a descrever a realidade como se de um pintor se tratasse.<br />

E porque conseguiu pintar por letras e sinais o seu<br />

quotidiano, pode dizer-se que a subjetividade ou a<br />

emotividade foi preterida por este poeta que tanto se<br />

aproximou do impressionismo. (123 palavras)<br />

1.1. c); 1.2. a); 1.3. b); 1.4. d); 1.5. a); 1.6. c); 1.7. a). 2.1. d); 2.2. a); 2.3. b); 2.4. g); 2.5. f).<br />

GRUPO III<br />

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios<br />

de classificação para a produção de um texto que<br />

visa avaliar a expressão escrita do aluno).

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