Guia - Facom - Universidade Federal da Bahia

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O rock baiano e sua realidade
quase desconhecida
Retrofoguetes / David Campbell
Os demais festivais ainda precisam se
consolidar e mostrar que permanecem
na agenda como opções reais para o
rock baiano. É o caso do BoomBahia,
que já provou ter qualidade e reunir
alguns dos principais nomes do rock
local, mas ainda não se estabeleceu
como um evento fixo. O Festival
BigBands aos poucos tem crescido
e ganhado importância, mas ainda
precisa se firmar e mostrar que veio
para ficar. Juntos, esses festivais podem
tornar o cenário baiano mais visível
não apenas para o próprio público
local, mas para além do estado,
chamando atenção da mídia nacional e
conquistando um público maior.
Se os festivais não ganham uma
dimensão maior por aqui, várias bandas
e artistas baianos têm trabalhado
para conquistar novos públicos, seja
circulando através de turnês e eventos,
seja participando de festivais. Em 2010,
o destaque tem sido a Vendo147,
que já participou do Abril Pro Rock
(Pernambuco), Baianada (Goiás) e Rock
Sertão (Sergipe).
O rock baiano também não deve a
nenhum outro estado no quesito
lançamentos. Impossível listar aqui
Guia de Produção do Rock
Salvador, 2010
por Luciano Matos
todos dos últimos anos, mas dá para
lembrar como os álbuns de Ronei
Jorge e Os Ladrões de Bicicleta,
Retrofoguetes, Cascadura, brincando
de deus, entre outros, integraram listas
dos melhores de 2009 em revistas,
sites e blogs como Rolling Stone, Bizz,
Trabalho Sujo, Scream & Yell e Coquetel
Molotov.
Outro aspecto positivo no atual
rock baiano é o investimento no
audiovisual, principalmente em
videoclipes. Pela dimensão que o
YouTube ganhou, muitas bandas têm
apostado em mostrar suas músicas em
clipes, antes mesmo de um EP ou um
disco. O melhor é que desse meio tem
surgido boas produções e profissionais.
A frequência de lançamentos prova
que é um campo interessante e uma
forma de apresentar o que vem sendo
feito no rock baiano.
Uma aposta importante são os DVDs, que
ainda são produzidos de forma tímida,
mas que ganham destaque. É o caso de
“Efeito Bogary”, documentário sobre o
último disco da Cascadura recentemente
elogiado pela revista Rolling Stone.
Além de todos esses, há vários
outros aspectos no rock baiano que
mostram como o cenário, apesar de
várias deficiências, é rico, diverso,
importante e continua crescendo. Com
uma produção frequente e em alta
rotatividade, o rock baiano aos poucos
deixa de lado os queixumes que
tanto o marcaram e passa a ser mais
profissional e a se solidificar.
Ainda está distante de ser conhecido
do grande público, muito por não
frequentar a grande mídia, que insiste
em não querer enxergar esse cenário.
A responsabilidade também cabe aos
próprios artistas e produtores, que
desistiram de expor seus trabalhos às
rádios e TVs e seguem num mercado
real, mas com as mãos atadas para um
desenvolvimento ainda maior.
Luciano Matos é jornalista e
blogueiro que há mais de dez
anos atua na cobertura do cenário
musical baiano e brasileiro, especialmente
o chamado mercado
independente. Mantém o blog el Cabong e produz
e apresenta o programa Radioca, veiculado na
Educadora FM e voltado para a música brasileira
contemporânea e discussões sobre o mercado
musical. Ainda participa de comissões e curadorias
sobre música em diversas instituições e premiações,
além de atuar como produtor e DJ das festas
Nave e Baile Esquema Novo.
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