globalização positiva e globalização negativa: a diferença é o estado
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GLOBALIZAÇÃO POSITIVA E GLOBALIZAÇÃO NEGATIVA: A DIFERENÇA É O ESTADO<br />
Comunidade Europ<strong>é</strong>ia participou em bloco, a tarifa externa comum m<strong>é</strong>dia<br />
caiu para cerca de 6%. O resultado da rodada Uruguai (1986-90) deverá<br />
acarretar uma redução adicional de tarifas, não apenas sobre produtos<br />
industriais mas tamb<strong>é</strong>m sobre serviços e produtos agrícolas, não contempla-<br />
dos nas rodadas anteriores (Hitiris, 1992, p. 212).<br />
É óbvio que a proteção proporcionada pela tarifa externa comum da<br />
União Europ<strong>é</strong>ia está se tornando pouco significativa, exceto — talvez e por<br />
enquanto — no tocante aos produtos agrícolas. Seria de se esperar que<br />
diminuísse, em consequência, o interesse pelo ingresso na União, mas o que<br />
se verifica <strong>é</strong> o contrário. Fazem fila à porta de entrada da UE a Hungria, a<br />
República Checa, a Eslováquia e a Polônia, os Estados bálticos (Estônia,<br />
Letônia, Lituânia), al<strong>é</strong>m de Chipre e Malta, Turquia e outros países. O seu<br />
interesse em integrar a União não pode mais se centrar no acesso ao<br />
mercado comum, cada vez menos protegido; ele provavelmente se explica<br />
pelas vantagens que a <strong>globalização</strong> <strong>positiva</strong> oferece, em função da inserção<br />
numa federação cada vez mais ampla de Estados.<br />
É interessante notar que Thurow apresenta uma visão semelhante:<br />
Áreas de livre-com<strong>é</strong>rcio nivelam por baixo, com salários e preços em<br />
queda, enquanto mercados comuns usam inversões sociais para<br />
nivelar por cima. Para muitos o livre-câmbio <strong>é</strong> doloroso. Suas firmas<br />
e seus empregos desaparecem. Não deve surpreender que lutem vigoro-<br />
samente contra o livre-câmbio. Os que se beneficiam com o livre-<br />
câmbio tendem a ser mais numerosos mas os seus ganhos são geral-<br />
mente muito pequenos em relação às suas rendas totais. Logo, eles não<br />
constituem uma força política significativa mesmo que possam ser<br />
mais numerosos.<br />
Faz muita <strong>diferença</strong> para governos, que estão tentando persuadir seus<br />
eleitores a se submeter a dolorosas reestruturações, que possam mos-<br />
trar grandes benefícios— inversões sociais que são tangíveis, certas e<br />
que ocorrem regularmente. Na Comunidade Europ<strong>é</strong>ia, os espanhóis<br />
tiveram que fazer face à concorrência alemã e permitir que suas<br />
firmas se tomassem de propriedade alemã— mas em troca obtiveram<br />
fundos destes mesmos alemães para grandes investimentos em infra-<br />
estrutura (Thurow, 1996, p. 122).<br />
Conv<strong>é</strong>m observar que os investimentos foram financiados por fundos<br />
comunitários, originados do orçamento comunitário, para o qual tanto a<br />
Espanha quanto a Alemanha contribuem, a última mais do que a primeira.<br />
Faz muita <strong>diferença</strong> receber dinheiro de outro país ou de um fundo comum,<br />
para o qual tamb<strong>é</strong>m se contribuiu.<br />
A alternativa da <strong>globalização</strong> <strong>negativa</strong> tende a transformar países<br />
pequenos e incompletamente desenvolvidos em joguetes dos grandes<br />
conglomerados transnacionais capitalistas privados. Para ganhar competiti-<br />
KAMILAKMAILA<br />
62 NOVOS ESTUDOS N.° 48