A CÉU ABERTO DE JOÃO GILBERTO NOLL: UM ... - Cielli
A CÉU ABERTO DE JOÃO GILBERTO NOLL: UM ... - Cielli
A CÉU ABERTO DE JOÃO GILBERTO NOLL: UM ... - Cielli
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Universidade Estadual de Maringá – UEM<br />
Maringá-PR, 9, 10 e 11 de junho de 2010 – ANAIS - ISSN 2177-6350<br />
_________________________________________________________________________________________________________<br />
humano e a impossibilidade da existência, pauta a vida no absurdo fragmentando a<br />
essência para, então, tornar possível apenas uma vida corpórea, baseada nas expressões<br />
e sensações do corpo. O homem é colocado como centro de um mundo deslocado de<br />
seu próprio eixo. Dessa forma, é possível afirmar que:<br />
Noll não se esquiva da responsabilidade de denunciar honestamente o<br />
quanto é comum ficarmos aquém daquela promessa de um mundo<br />
que ultrapasse os confins daquilo que nos é familiar, opressivo ou<br />
estagnado. Assim ele se revela na maioria das vezes o narrador<br />
trágico mas inconformado do fracasso e do impossível, que registra<br />
como o impulso urgente de transformar a realidade esbarra<br />
brutalmente a cada passo nos limites concretos da nossa vivência do<br />
dia-a-dia domesticado e amiúde esmagador (TREECE, 1997, p. 7-8).<br />
Em Noll, verte uma literatura que expõe as mazelas humanas e perpassa as fronteiras,<br />
limites entre a recusa e a aceitação, espaços absortos nos quais se mesclam as<br />
experiências da marginalidade e do periférico como forma de abalo e ruptura com as<br />
convenções de uma normalidade social alienada. Narrativas que levam a experiências<br />
do humano ao limiar do fantástico, percorrendo as vias do estranho. Histórias que<br />
transitam por eixos de ambivalência, limites de fronteira entre o aceito e o anárquico, no<br />
impasse entre a vivência e a fantasia. Dessa forma, “no entrelugar entre a marginalidade<br />
desapossada e a institucionalização tirânica das formas impostas do real, que se<br />
desenrolará a luta ora épica ora trágica dos personagens de Noll” (TREECE, 1997,<br />
p.10).<br />
2.1 A Céu Aberto, uma narrativa insólita no limiar do Fantástico<br />
O romance A Céu Aberto, de João Gilberto Noll é a narrativa que, no limite do real,<br />
corrompe as esferas da normalidade, levando seus personagens ao limiar de<br />
experiências fantásticas. Terras inominadas, nas quais não existem fronteiras, com<br />
sujeitos que transitam alienados de sua condição pós-moderna. Uma história que, pela<br />
fluidez de um personagem, atesta que “o encarceramento e o exílio são as duas imagens<br />
de espelho entre as quais os protagonistas de Noll se debatem na luta para se reconhecer<br />
a si mesmos” (TREECE, 1997, p. 8-9).<br />
O universo contemporâneo se pauta na convenção do absurdo, “Não existe senão um