Verdade ou mentira? - Grande Loja Maçônica de Minas Gerais
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<strong>Verda<strong>de</strong></strong> <strong>ou</strong> <strong>mentira</strong>?<br />
Livro <strong>de</strong> Dan Brown, O símbolo perdido tem maçonaria como personagem central. Autor abre as<br />
portas da socieda<strong>de</strong> secreta e <strong>de</strong>screve rituais, tornando difícil distinguir realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ficção<br />
Gracie<br />
Santos<br />
GLMMG/Divulgação<br />
O truque é simples: três <strong>ou</strong> quatro histórias<br />
paralelas se entrelaçam em torno <strong>de</strong> tema<br />
comum, fio condutor da trama. A cada<br />
momento <strong>de</strong> tensão o capítulo <strong>de</strong>ixado em<br />
aberto é intercalado a <strong>ou</strong>tro, e mais <strong>ou</strong>tro,<br />
todos interrompidos da mesma forma. A<br />
estrutura garante leitura sem fôlego, clima <strong>de</strong><br />
ação e suspense. Para encerrar, claro, a<br />
gran<strong>de</strong> reviravolta. A receita do romance bestseller,<br />
seguida à risca pelo norte-americano<br />
Dan Brown, faz muita gente boa torcer o nariz.<br />
E <strong>ou</strong>tras tantas se ren<strong>de</strong>rem às misteriosas<br />
aventuras do simbologista Robert Langdon.<br />
Acostumado a gerar polêmica, <strong>de</strong>sta vez o<br />
Janir Adir Moreira<br />
autor <strong>de</strong> O código Da Vinci tem aprovação <strong>de</strong><br />
sua, digamos, personagem central, a maçonaria. No recém-lançado O<br />
símbolo perdido (Sextante) ele valoriza i<strong>de</strong>ais maçônicos e abre as<br />
portas da socieda<strong>de</strong> secreta, que soma mais <strong>de</strong> 300 anos e mais <strong>de</strong> 5<br />
milhões <strong>de</strong> integrantes no mundo todo.<br />
“Dan Brown mistura fato e ficção na mesma medida. Várias pessoas<br />
não veem a linha divisória, é como se estivesse borrada. Atitu<strong>de</strong><br />
inteligente para um romancista”, elogia Simon Cox – autor <strong>de</strong> O<br />
código Da Vinci <strong>de</strong>scodificado e O símbolo perdido <strong>de</strong>scodificado –<br />
no documentário exibido pelo NatGeo (emissora <strong>de</strong> TV paga),<br />
disponível no blog http//porque2012.blogspot.com. O padre carioca<br />
resi<strong>de</strong>nte em Salvador (BA) Reginaldo Pessanha, com formação em<br />
psicologia, filosofia e pedagogia, chama a atenção para esse “rico<br />
filão <strong>de</strong> livros com mistérios a serem <strong>de</strong>scobertos, obras que não têm<br />
compromisso com a verda<strong>de</strong>”. E avisa: “Servem até para passar<br />
informações históricas. Mas para o leitor comum, que não tem<br />
formação mais vasta, fica difícil distinguir o que é mera fantasia <strong>de</strong><br />
fatos históricos”.<br />
Reginaldo Pessanha afirma que obra genial é a <strong>de</strong> Umberto Eco,<br />
gran<strong>de</strong> semiólogo. “Ele não se prepar<strong>ou</strong> para escrever O nome da<br />
rosa, não era romancista. Sua tese <strong>de</strong> d<strong>ou</strong>torado é sobre história
medieval e ele quis provar com sua obra uma <strong>de</strong> suas teses favoritas,<br />
<strong>de</strong> que livros são sempre a respeito <strong>de</strong> <strong>ou</strong>tros livros. Escreveu<br />
servindo-se <strong>de</strong> personagens <strong>de</strong> Conan Doyle. Era um professor que<br />
quis escrever, não um escritor. Ele tem cultura que nenhum<br />
romancista possui. Já O símbolo perdido é best-seller, <strong>de</strong>saparece na<br />
poeira da história. Vai para a gran<strong>de</strong> lata <strong>de</strong> lixo. Daqui a 20 anos<br />
ninguém saberá quem é Dan Brown.”<br />
Defesa Se o programa do NatGeo registra redução nas casas<br />
maçônicas no mundo, nos últimos anos, o que <strong>de</strong>notaria certa perda<br />
<strong>de</strong> espaço da socieda<strong>de</strong> secreta, o grão-mestre da <strong>Gran<strong>de</strong></strong> <strong>Loja</strong><br />
<strong>Maçônica</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong> (GLMMG), Janir Adir Moreira, nega que o<br />
mesmo ocorra aqui. “Pelo menos em <strong>Minas</strong> a maçonaria está se<br />
fortalecendo, não percebo diminuição. Tivemos um período em que<br />
h<strong>ou</strong>ve enfraquecimento, mas pass<strong>ou</strong>. Na verda<strong>de</strong>, temos<br />
responsabilida<strong>de</strong> para com a socieda<strong>de</strong> e com a humanida<strong>de</strong>. Como<br />
entida<strong>de</strong> representativa, a instituição não po<strong>de</strong> cochilar e não po<strong>de</strong> se<br />
voltar para quatro pare<strong>de</strong>s”, esclarece, dizendo que no estado eles<br />
têm se integrado com a socieda<strong>de</strong>. “No site da GLMMG<br />
(www.glmmg.org.br) você vai perceber que estamos interagindo com<br />
o setor público, privado, com a socieda<strong>de</strong>.”<br />
“E se aqui a maçonaria está se fortalecendo, nos Estados Unidos,<br />
continua forte”, garante o grão-mestre, lembrando que está tudo na<br />
história <strong>de</strong> Dan Brown, que se passa na capital americana,<br />
Washington, construída por maçons, cercada <strong>de</strong> símbolos da<br />
socieda<strong>de</strong> secreta. O próprio autor <strong>de</strong>staca em entrevista (veja em<br />
www.sextante.com.br/simbolo/perdido), a presença do Obelisco,<br />
“símbolo da divinda<strong>de</strong>, encimado por pirâmi<strong>de</strong>, que representa a<br />
evolução do ser humano”. Cita maçons importantes na história norteamericana,<br />
como Benjamin Franklin, John Adams e o primeiro<br />
presi<strong>de</strong>nte, George Washington, entre <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> <strong>ou</strong>tros. E <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />
a irmanda<strong>de</strong>: “Seus rituais não são sinistros, eles pregam a tolerância<br />
religiosa e a espiritualida<strong>de</strong> universal”.<br />
Mistério Janir Adir Moreira acha típico <strong>de</strong> Dan Brown a escolha da<br />
socieda<strong>de</strong> como tema. “É bem o estilo <strong>de</strong>le. Nos <strong>ou</strong>tros livros (O<br />
código Da Vinci e Anjos e <strong>de</strong>mônios) fez o mesmo, sempre procura<br />
uma organização que tenha algo <strong>de</strong> mistério, que provoque a<br />
curiosida<strong>de</strong>.” Mas concorda que ele retrat<strong>ou</strong> bem a instituição. “Vejo o<br />
livro com bons olhos. Ele segue alguma coisa da realida<strong>de</strong>. Em cima
disso cria a ficção e <strong>de</strong>senrola a história. Os fatos reais <strong>de</strong>monstram,<br />
até certo ponto, a grandiosida<strong>de</strong> da maçonaria, que nos EUA teve<br />
papel importantíssimo no <strong>de</strong>stino do país.” No prólogo, o romancista<br />
<strong>de</strong>screve ritual em que o iniciado segura um crânio humano e bebe o<br />
vinho tinto da cavida<strong>de</strong>, como se fosse sangue. O grão-mestre<br />
assegura que, na <strong>de</strong>scrição dos rituais, diferentemente dos momentos<br />
em que fala da instituição, “o autor fantasia.”<br />
Padre Reginaldo Pessanha <strong>de</strong>staca que os maçons no Brasil tiveram<br />
o mesmo papel que nos EUA, lembrando que as gran<strong>de</strong>s li<strong>de</strong>ranças<br />
políticas eram do meio, o próprio imperador Pedro I. “A maçonaria<br />
surgiu como pensamento ligado ao Iluminismo, que vai se impor e se<br />
concretizar na França, durante a Revolução Francesa, e se espalhar<br />
pelo mundo”, lembra o teólogo, <strong>de</strong>stacando que, na Ida<strong>de</strong> Média,<br />
vivemos séculos centrados na fé. “E a fé, como diz o apóstolo Paulo,<br />
vem pelo <strong>ou</strong>vido, é sempre um gesto <strong>de</strong> confiança naquilo que não se<br />
vê. Com o Iluminismo temos o avesso disso, império da razão, do que<br />
você vê, mesmo que contradiga aquilo em que você crê.”<br />
O grão-mestre <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> também recorda a participação dos maçons<br />
na história brasileira, na Inconfidência Mineira, abolição da<br />
escravatura, in<strong>de</strong>pendência. “Mas tudo à forma maçônica, bem sutil,<br />
não somos <strong>de</strong> fazer propaganda.” Para ele, “<strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> secreta a<br />
maçonaria torn<strong>ou</strong>-se socieda<strong>de</strong> discreta”. O livro <strong>de</strong> Dan Brown “terá<br />
saldo positivo, principalmente porque ele tem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>spertar o interesse das pessoas, o que provocará a curiosida<strong>de</strong><br />
com a instituição maçônica”. Nos EUA, no dia do lançamento, ano<br />
passado, 1 milhão <strong>de</strong> obras foram vendidas. No Brasil, já somam 350<br />
mil exemplares comercializados (a tiragem inicial é <strong>de</strong> 600 mil) <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
o lançamento, há p<strong>ou</strong>co mais <strong>de</strong> um mês, segundo a editora<br />
Sextante.<br />
• O símbolo perdido<br />
Livro <strong>de</strong> Dan Brown,<br />
Editora Sextante, 600 páginas<br />
• Documentário Símbolo perdido:<br />
verda<strong>de</strong> <strong>ou</strong> ficção?<br />
Do NatGeo, disponível em<br />
http//porque2012.blogspot.com<br />
• Entrevista com Dan Brown<br />
No site www.sextante.com.br/simbolo/perdido