Download - Sociedade Brasileira de Anatomia
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O ANATOMISTA Ano 3, Vol ume 1, Janeiro-Março, 2012<br />
Artigo Original: MEDICINA EVOLUTIVA E UMA NOVA VISÃO DO PORQUE FICAMOS DOENTES<br />
2. Por que o corpo humano apresenta características que o torna suscetível a <strong>de</strong>terminadas<br />
patologias e por que algumas <strong>de</strong>las causam complicações orgânicas irreversíveis? Ou ainda;<br />
3. Po<strong>de</strong>ria uma <strong>de</strong>terminada doença ser o resultado <strong>de</strong> uma incompatibilida<strong>de</strong> entre a herança<br />
biológica e o estilo <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados grupos?<br />
Raciocínios guiados exclusivamente pela somatória <strong>de</strong> causas diretas, base teórica<br />
da Medicina Atual, parecem insuficientes para respon<strong>de</strong>r <strong>de</strong> modo <strong>de</strong>cisivo a estas perguntas.<br />
Assim, a medicina evolutiva busca <strong>de</strong>tectar um amplo espectro <strong>de</strong> causas ou fatores que acabam<br />
por culminar em uma enfermida<strong>de</strong>.<br />
Spotorno (2005) cita exemplos: alguns sintomas clínicos como febre, tosse, vômito,<br />
diarreia, dor, irritação, ansieda<strong>de</strong>, normalmente são consi<strong>de</strong>rados como parte do problema na<br />
visão tradicional; já sob a análise evolucionista, estes sintomas são funcionais, ou seja, são aspectos<br />
incorporados pela pressão da seleção natural e <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados como uma das<br />
respostas/<strong>de</strong>fesas do organismo a uma infecção ou trauma.<br />
Weiner (1998) alerta para a resistência dos cientistas à biologia evolutiva, o que<br />
seria justificado por questões <strong>de</strong> maior complexida<strong>de</strong>, como por exemplo: Por que a doença não<br />
ocorre em todos os indivíduos? ou Por que a seleção natural não leva à perfeição, através da<br />
eliminação <strong>de</strong> falhas morfológicas e funcionais que predispõem humanos a infecções,<br />
<strong>de</strong>generações relacionadas à ida<strong>de</strong>, e suscetibilida<strong>de</strong> a diversas patologias, como alergias, câncer,<br />
hipertensão, diabetes mellitus, doenças mentais e outras.<br />
A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a evolução é progressiva e ten<strong>de</strong> à perfeição em organismos<br />
biológicos imunes a doenças é um resíduo do pensamento dos séculos XVIII e XIX (Ruse, 1996),<br />
que po<strong>de</strong> ser abordado e reavaliado nas salas <strong>de</strong> aulas dos cursos médicos mo<strong>de</strong>rnos, oferecendo<br />
novas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pensamentos a respeito dos processos patológicos.<br />
Os paradigmas clássicos da medicina, que consi<strong>de</strong>ram os conceitos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<br />
doença como inseridos em categorias opostas, seriam inevitavelmente remo<strong>de</strong>lados, em função <strong>de</strong><br />
princípios básicos da biologia evolutiva. Do mesmo modo que ocorrem variações biológicas intra<br />
e interespécies, variam também a suscetibilida<strong>de</strong> individual às diversas patologias, seus sinais e<br />
sintomas e, em última análise, o estado geral <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e doença.<br />
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