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gerenciamento de secas no nordeste do brasil - Artigo Científico

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As soluções não convencionais<br />

Preten<strong>de</strong>r sugerir alvitres, aconselhar obras ou criticar o esforço alheio, sem conhecer e estudar<br />

pessoalmente as condições locais, é um mau serviço que se faz aos habitantes <strong>do</strong> Semi-Ári<strong>do</strong>. Este<br />

pronunciamento partiu <strong>de</strong> um engenheiro civil <strong>do</strong> Departamento Nacional <strong>de</strong> Obras Contra as Secas<br />

(DNOCS) <strong>no</strong> início <strong>do</strong> século. O Engenheiro, que trabalhava com os colegas <strong>de</strong> DNOCS o dia-adia<br />

<strong>do</strong> problema, percebia o mau serviço que prestavam os que buscavam apontar soluções sem<br />

conhecer, na <strong>de</strong>vida profundida<strong>de</strong>, o problema. Todavia a situação não mu<strong>do</strong>u muito ao longo <strong>do</strong>s<br />

tempos. Sempre que chegam as <strong>secas</strong>, surgem proposta “revolucionárias” que apregoam uma<br />

solução <strong>de</strong>finitiva a baixo custo.<br />

Algumas vezes as autorida<strong>de</strong>s procuravam <strong>de</strong>sconhecer o problema e consi<strong>de</strong>rar que as causas <strong>do</strong>s<br />

mesmos estavam <strong>no</strong> próximo homem (sertanejos). Um exemplo clássico se <strong>de</strong>u em 1725, quan<strong>do</strong> o<br />

Capitão-Mor da Paraíba solicitou ao Rei <strong>de</strong> Portugal, D. João V, auxílio para a população flagelada.<br />

Recebeu, então, <strong>de</strong> Sua Alteza a recomendação “que estimulasse o povo a plantar mandioca e se<br />

ocupar em algum ofício, pois somente assim a população venceria a preguiça e a fome” (Sousa e<br />

Me<strong>de</strong>iros, 1988). Uma meto<strong>do</strong>logia interessante merece <strong>de</strong>staque:<br />

A adaptação <strong>de</strong> camelos <strong>no</strong> Ceará<br />

Essa solução foi relatada por Raposo (SRH, 1999), sobre a experiência <strong>de</strong> adaptação <strong>de</strong> camelos ao<br />

Nor<strong>de</strong>ste Semi-Ári<strong>do</strong>. O texto conta a história <strong>de</strong> uma tentativa <strong>de</strong> aclimatação <strong>do</strong> camelo aos<br />

sertões <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste realizada, por proposta <strong>do</strong> Barão <strong>de</strong> Capanema, pelo Gover<strong>no</strong> Fe<strong>de</strong>ral em 1859,<br />

<strong>no</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ceará. Foram trazi<strong>do</strong>s ao Esta<strong>do</strong> vários camelos e quatro árabes, encarrega<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

cuidar da aclimatação <strong>do</strong>s dromedários.<br />

A idéia justificava-se baseada <strong>no</strong> conhecimento <strong>de</strong> que, em situações <strong>de</strong> seca, era necessário que<br />

houvesse facilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transportes, seja para enviar alimentos e água, seja para transportar as<br />

pessoas para as cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> litoral, on<strong>de</strong> seriam mais facilmente socorridas. As estradas <strong>de</strong> então<br />

eram <strong>de</strong> péssima qualida<strong>de</strong> e não se dispunha <strong>de</strong> veículos motoriza<strong>do</strong>s na quantida<strong>de</strong> necessária.<br />

Vale ressaltar que Raposo mostra-se confiante na adaptação <strong>do</strong> Camelo ao Nor<strong>de</strong>ste e atribui a falta<br />

<strong>de</strong> êxito da tentativa ao antagonismo político, por parte <strong>do</strong> Gover<strong>no</strong> Central, ao Barão <strong>de</strong><br />

Capanema, patro<strong>no</strong> da idéia. Contu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> la<strong>do</strong> os percalços políticos, muitas vezes<br />

presentes na busca <strong>de</strong> soluções contra as <strong>secas</strong>, a história relatada pelo autor <strong>de</strong>ixa muitas lições:<br />

Os árabes eram bons conhece<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s camelos, porém maus conhece<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s recursos da<br />

Região, o que levou ao insucesso;

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