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Confissões de uma Viúva Moça - Unama

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www.nead.unama.br<br />

— Não me amas.<br />

— Amo, sim; é já um crime, não quero ir além.<br />

— Recusas a felicida<strong>de</strong>?<br />

— Recuso a <strong>de</strong>sonra.<br />

— Não me amas.<br />

— Oh! Meu Deus, como respondê-lo? Amo, sim; mas <strong>de</strong>sejo ficar a seus<br />

olhos a mesma mulher, amorosa é verda<strong>de</strong>, mas até certo ponto... pura.<br />

— O amor que calcula, não é amor.<br />

Não respondi. Emílio disse estas palavras com <strong>uma</strong> expressão tal <strong>de</strong> <strong>de</strong>sdém<br />

e com <strong>uma</strong> intenção <strong>de</strong> ferir-me que eu senti o coração bater-me apressado, e subirme<br />

o sangue ao rosto.<br />

O passeio acabou mal.<br />

Esta cena tornou Emílio frio para mim; eu sofria com isso; procurei torná-lo ao<br />

estado anterior; mas não consegui.<br />

Um dia em que nos achávamos a sós, disse-lhe:<br />

— Emílio, se eu amanhã te acompanhasse, o que farias?<br />

— Cumpria essa or<strong>de</strong>m divina.<br />

— Mas <strong>de</strong>pois?<br />

— Depois? perguntou Emílio com ar <strong>de</strong> quem estranhava a pergunta.<br />

— Sim, <strong>de</strong>pois? continuei eu. Depois quando o tempo volvesse não me<br />

havias <strong>de</strong> olhar com <strong>de</strong>sprezo?<br />

— Desprezo? Não vejo...<br />

— Como não? Que te mereceria eu <strong>de</strong>pois?<br />

— Oh! esse sacrifício seria feito por minha causa, eu fora covar<strong>de</strong> se te<br />

lançasse isso em rosto.<br />

— Di-lo-ias no teu íntimo.<br />

— Juro que não.<br />

— Pois a meus olhos é assim; eu nunca me perdoaria esse erro.<br />

Emílio pôs o rosto nas mãos e pareceu chorar. Eu que até ali falava com<br />

esforço, fui a ele e tirei-lhe o rosto das mãos.<br />

— Que é isto? disse eu. Não vês que me fazes chorar também?<br />

Ele olhou para mim com os olhos rasos <strong>de</strong> lágrimas. Eu tinha os meus<br />

úmidos.<br />

— A<strong>de</strong>us, disse ele repentinamente. Vou partir.<br />

E <strong>de</strong>u um passo para a porta.<br />

— Se me prometes viver, disse-lhe, parte; se tens alg<strong>uma</strong> idéia sinistra, fica.<br />

Não sei o que viu ele no meu olhar, mas tomando a mão que eu lhe estendia<br />

beijou-a repetidas vezes (eram os primeiros beijos) e disse-me com fogo:<br />

— Fico, Eugênia!<br />

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