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Confissões de uma Viúva Moça - Unama

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www.nead.unama.br<br />

No fim do prazo <strong>de</strong> que te falei, soube, por boca <strong>de</strong> um dos amigos <strong>de</strong> meu<br />

marido, que Emílio ia partir. Não pu<strong>de</strong> crer. Escrevi-lhe <strong>uma</strong> carta.<br />

Eu amava-o então, como dantes, mais ainda agora que estava livre.<br />

Dizia a carta:<br />

Emílio,<br />

Constou-me que ias partir. Será possível? Eu mesma não posso acreditar nos<br />

meus ouvidos! Bem sabes se eu te amo. Não é tempo <strong>de</strong> coroar os nossos votos;<br />

mas não faltará muito para que o mundo nos revele <strong>uma</strong> união que o amor nos<br />

impõe. Vem tu mesmo respon<strong>de</strong>r-me por boca.<br />

Tua Eugênia.<br />

Emílio veio em pessoa. Asseverou-me que, se ia partir, era por negócio <strong>de</strong><br />

pouco tempo, mas que voltaria logo. A viagem <strong>de</strong>via ter lugar daí a oito dias.<br />

Pedi-lhe que jurasse o que dizia, e ele jurou.<br />

Deixei-o partir.<br />

Daí a quatro dias recebia eu a seguinte carta <strong>de</strong>le:<br />

Menti, Eugênia; vou partir já. Menti ainda, eu não volto. Não volto porque não<br />

posso. Uma união contigo seria para mim o i<strong>de</strong>al da felicida<strong>de</strong> se eu não fosse<br />

homem <strong>de</strong> hábitos opostos ao casamento. A<strong>de</strong>us. Desculpa-me, e reza para que eu<br />

faça boa viagem. A<strong>de</strong>us.<br />

Emílio.<br />

Avalias facilmente como fiquei <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ler esta carta. Era um castelo que se<br />

<strong>de</strong>smoronava. Em troca do meu amor, do meu primeiro amor, recebia <strong>de</strong>ste modo a<br />

ingratidão e o <strong>de</strong>sprezo. Era justo: aquele amor culpado não podia ter bom fim; eu<br />

fui castigada pelas conseqüências mesmo do meu crime.<br />

Mas, perguntava eu, como é que este homem, que parecia amar-me tanto,<br />

recusou aquela <strong>de</strong> cuja honestida<strong>de</strong> podia estar certo, visto que pô<strong>de</strong> opor <strong>uma</strong><br />

resistência aos <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> seu coração? Isto me pareceu um mistério. Hoje vejo que<br />

não era; Emílio era um sedutor vulgar e só se diferençava dos outros em ter um<br />

pouco mais <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> que eles.<br />

Tal é a minha história. Imagina o que sofri nestes dous anos. Mas o tempo é<br />

um gran<strong>de</strong> médico: estou curada.<br />

O amor ofendido e o remorso <strong>de</strong> haver <strong>de</strong> algum modo traído a confiança <strong>de</strong><br />

meu esposo fizeram-me doer muito. Mas eu creio que caro paguei o meu crime e<br />

acho-me reabilitada perante a minha consciência.<br />

Achar-me-ei perante Deus?<br />

E tu? É o que me hás <strong>de</strong> explicar amanhã; vinte e quatro horas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

partir esta carta eu serei contigo.<br />

A<strong>de</strong>us!<br />

FIM<br />

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