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WEBSITE DO DIRETOR LARS VON TRIER - Paola Mouro

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“Dançando no Escuro”, o último filme de sua trilogia “Coração de Ouro”, foi lançado em<br />

2000 e, contrariando novamente as expectativas dos críticos, não seguia aos rígidos<br />

mandamentos do Dogma 95. O filme contava um musical dramático e, Trier, afirmando<br />

que cada um de seus trabalhos pede sua própria estética, nesse caso chegou a usar até<br />

100 câmeras fixas simultaneamente para captar variados ângulos das cenas cantadas.<br />

Mesmo com essa excentricidade, o diretor em nenhum momento perdeu seu enfoque no<br />

conteúdo.<br />

No roteiro, a personagem Selma, vivida por Björk, é uma imigrante tcheca que mora nos<br />

EUA, está perdendo a visão e trabalha para conseguir dinheiro e operar seu filho que tem,<br />

por hereditariedade, a mesma doença. Diante dessa situação, a inocente personagem,<br />

apaixonada pelos clássicos musicais americanos, se abstrai de sua vida sofrida<br />

sonhando com as cores e sons dos mesmos. Nos momentos em que são retratadas as<br />

cenas da vida da personagem, a câmera de mão, as imagens tremidas e os cortes secos<br />

já vistos nas obras de Trier voltam a atuar, criando um clima próprio de grande frieza para<br />

aquela realidade. Entretanto, no mundo de sonhos, todos os ângulos das cenas de dança<br />

transbordam cores aos olhos dos expectadores, que sentem o alívio momentâneo da<br />

personagem, e saem compenetrados do mundo apagado de Selma.<br />

Esse filme foi considerado por muitos um dos mais dramáticos já feitos, pois com<br />

sua proposta de closes, personagens carismáticos e regras de dinâmica claramente<br />

estabelecidas, Trier acabou levando novamente o público a se envolver de uma maneira<br />

muito profunda com a trama. “Dançando no Escuro”, aclamado pela crítica, recebeu o<br />

prêmio de maior prestígio do Festival de Cannes: a Palma de Ouro.<br />

Por retratar a vida da personagem nos EUA, sem nunca ter estado nesse país, Trier<br />

recebeu duras críticas da mídia. Alegou que sua vida, assim como a de grande parte<br />

das pessoas do mundo, é composta em 70% por elementos difundidos pela cultura<br />

americana, e por isso não temia apresentar em seu filme uma faceta dessa sociedade,<br />

acreditando que essa só se tornaria mais interessante por possuir as características e<br />

erros da visão de um estrangeiro.<br />

Fig 15 e 16. Imagens do filme “Dançando no Escuro“ (2000).<br />

2.1.5. Trilogia “EUA – Terra das oportunidades”<br />

Em 2003, Trier, que se disse tentado pelos críticos (2003), lançou mais um filme cujo<br />

roteiro se passa nos EUA: “Dogville”. Novamente se propondo novas regras, o diretor<br />

criou o conceito que chamou de “filme fusão” (2003), onde uniu elementos da linguagem<br />

da literatura, do cinema e do teatro. Para criar o conceito principal do filme, afirmou<br />

(2005, p.243) ter se inspirado no “teatro épico” de Brecht.<br />

Segundo Backes (2006), com o “teatro épico”, Brecht pretendeu opor-se ao “teatro<br />

dramático”, que segundo ele, conduz o espectador a uma ilusão da realidade, reduzindolhe<br />

a percepção crítica. Assim, ele criava recursos que causavam um “efeito de<br />

estranhamento”, que tinha como objetivo estimular o senso crítico, tornando claros os<br />

artifícios da representação cênica e destacando conseqüentemente o valor do texto.<br />

Aplicado em Dogville, esse conceito ofereceu grande destaque à trama, pois Trier chegou<br />

ao ápice de remover todo o cenário e apenas demarcar o chão com a planta da cidade em<br />

que os personagens convivem, inserindo poucos móveis e luzes cenográficas. O público,<br />

diante disso, tem um estranhamento inicial por visualizar apenas atores abrindo portas<br />

imaginárias, e as ações de pessoas que supostamente estão em outros ambientes, mas<br />

que aparecem a todo o momento por não haver paredes no local. Contudo, após alguns<br />

momentos, toda aquela cidade claramente se remonta na mente de cada um que a<br />

visualiza, e a trama passa a ser acompanhada de perto, sem os desvios de atenção que<br />

os cenários podem provocar.<br />

Fig 17. Imagem do filme “Dogville“ (2003).<br />

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