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Jornal da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia - Portal do ...

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CONFErÊNCIA<br />

1. INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE, IMPERATIVOS PARA O<br />

DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO<br />

Quan<strong>do</strong> a tecnologia <strong>de</strong> satélites permitiu ao homem olhar<br />

a Terra a partir <strong>do</strong> cosmo, em outubro <strong>de</strong> 1957, tomou-se consciência <strong>da</strong><br />

uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> globo como um bem comum cujo uso <strong>de</strong>ve repousar numa<br />

responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> comum. E percebeu-se também que a natureza se<br />

tornara um bem escasso, colocan<strong>do</strong>-se a questão ecológica como um<br />

duplo <strong>de</strong>safio, o <strong>da</strong> sobrevivência humana e o <strong>da</strong> valorização <strong>do</strong> capital<br />

natural. (...)<br />

É possível enten<strong>de</strong>r o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável como<br />

um processo <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça, em contínuo aperfeiçoamento, envolven<strong>do</strong><br />

múltiplas dimensões - econômica, social, ambiental e política. Processo<br />

essencialmente dinâmico, que apresenta ênfases diversas no tempo e<br />

po<strong>de</strong> trilhar caminhos diferencia<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> as escolhas <strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

histórica e geograficamente forja<strong>da</strong>s.<br />

No atual contexto histórico, o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />

tem como focos centrais a questão energética e a questão <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça<br />

climática. Contexto que é muito favorável ao <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />

<strong>do</strong> Brasil. A 4ª CNCTI revelou um caminho <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />

que o Brasil vem trilhan<strong>do</strong> e que <strong>de</strong>ve fortalecer: seu sistema <strong>de</strong> inovações<br />

está em gran<strong>de</strong> parte alicerça<strong>do</strong> em seus recursos naturais. Do petróleo e<br />

<strong>da</strong>s hidrelétricas aos biocombustíveis e ao papel <strong>da</strong> Floresta Amazônica<br />

no clima, a maior parte <strong>da</strong>s inovações no Brasil está associa<strong>da</strong> à natureza<br />

diversifica<strong>da</strong> <strong>de</strong> seu território. É <strong>da</strong>s inovações basea<strong>da</strong>s numa economia<br />

<strong>do</strong> conhecimento <strong>da</strong> natureza que o País po<strong>de</strong>rá gerar a riqueza a ser<br />

utiliza<strong>da</strong> na superação <strong>da</strong>s carências sociais que nele ain<strong>da</strong> perduram.<br />

A competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s empresas, à luz <strong>de</strong>ssa conceituação,<br />

tem <strong>de</strong> ser ca<strong>da</strong> vez mais basea<strong>da</strong> em vantagens tecnológicas,<br />

na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seus produtos e serviços, e na produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

trabalha<strong>do</strong>res. É necessária forte ampliação <strong>do</strong> acesso <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong><br />

população a bens e serviços essenciais à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. Processos<br />

produtivos, sistemas <strong>de</strong> transporte, hábitos <strong>de</strong> consumo, méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

geração e padrões <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> energia precisam se tornar mais<br />

compatíveis com a preservação <strong>do</strong> meio ambiente.<br />

Por isso mesmo, o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável requer uma<br />

presença crescente <strong>da</strong> ciência e <strong>da</strong> tecnologia na produção <strong>de</strong> alimentos,<br />

na exploração <strong>de</strong> recursos naturais, na agregação <strong>de</strong> valor à produção<br />

industrial, na redução <strong>da</strong> <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> social e <strong>do</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio regional,<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tecnologias sociais.<br />

A economia mundial atravessa há três déca<strong>da</strong>s um perío<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> intensa dinâmica tecnológica e <strong>de</strong> forte aumento <strong>da</strong> concorrência. O<br />

progresso técnico e a competição internacional passaram a <strong>de</strong>man<strong>da</strong>r<br />

crescentes investimentos em C,T&I. As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s nesse campo tornaramse<br />

instrumentos fun<strong>da</strong>mentais para o <strong>de</strong>senvolvimento, o crescimento<br />

econômico, a geração <strong>de</strong> emprego e ren<strong>da</strong>, e a <strong>de</strong>mocratização <strong>de</strong><br />

oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Há hoje, nacional e internacionalmente, consciência<br />

<strong>de</strong> que elas são imprescindíveis para que os países alcancem um<br />

<strong>de</strong>senvolvimento no qual a competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> não esteja atrela<strong>da</strong> à<br />

exploração pre<strong>da</strong>tória <strong>de</strong> recursos naturais ou humanos.<br />

Firmou-se no País a compreensão <strong>de</strong> que o trabalho <strong>de</strong><br />

técnicos, cientistas, pesquisa<strong>do</strong>res e acadêmicos, e o engajamento <strong>da</strong>s<br />

empresas, são fatores <strong>de</strong>terminantes para a consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, capaz <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r às justas <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s<br />

sociais <strong>do</strong>s brasileiros e ao permanente fortalecimento <strong>da</strong> soberania<br />

nacional. Trata-se <strong>de</strong> uma questão que ultrapassa os governos e envolve<br />

o Esta<strong>do</strong> e a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> como um to<strong>do</strong>.<br />

A economia brasileira encontra-se numa fase especial <strong>de</strong><br />

sua trajetória histórica. Há inequívocas evidências <strong>de</strong> que nos últimos<br />

A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 14<br />

anos inaugurou-se um processo que tem gran<strong>de</strong>s chances <strong>de</strong> se afirmar<br />

como um novo ciclo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, com fôlego para o longo prazo:<br />

o crescimento com redistribuição <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> pela via <strong>da</strong> dinâmica <strong>da</strong><br />

produção e consumo <strong>de</strong> massa. Trata-se <strong>de</strong> velho sonho <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

brasileira, que se apresenta no atual momento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> nacional como<br />

tendência absolutamente promissora.<br />

Esse mo<strong>de</strong>lo virtuoso, entretanto, só po<strong>de</strong> ter continui<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

a longo prazo se contiver, centralmente, <strong>do</strong>is outros elementos, que<br />

se interconectam: o concurso <strong>de</strong> um vigoroso processo <strong>de</strong> inovação,<br />

conduzi<strong>do</strong> pelo setor produtivo e apoia<strong>do</strong> em efetivo sistema nacional<br />

<strong>de</strong> C,T&I; e o concurso <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cidi<strong>da</strong> política <strong>de</strong> uso sustentável <strong>do</strong>s<br />

recursos naturais, que busque compatibilizar o progresso material <strong>da</strong><br />

população com o máximo respeito ao meio ambiente e à conservação <strong>da</strong><br />

natureza. Em síntese, inovação e sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Uma <strong>da</strong>s características <strong>do</strong> atual ciclo <strong>de</strong> crescimento tem<br />

si<strong>do</strong> a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estimular o dinamismo econômico <strong>de</strong> maneira<br />

mais equilibra<strong>da</strong> regionalmente, apoian<strong>do</strong> (via políticas públicas)<br />

investimentos estratégicos que valorizam potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s latentes nas<br />

regiões menos <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s <strong>do</strong> País. Fazem parte <strong>de</strong>sses investimentos<br />

aqueles realiza<strong>do</strong>s na educação superior e na pós-graduação e em outras<br />

instituições integrantes <strong>da</strong> infraestrutura <strong>de</strong> C,T&I, que antes havia se<br />

concentra<strong>do</strong> fortemente no Su<strong>de</strong>ste e no Sul <strong>do</strong> País e foram amplia<strong>do</strong>s<br />

na fase recente ao Nor<strong>de</strong>ste, ao Norte e ao Centro-Oeste. A busca <strong>de</strong><br />

redução <strong>da</strong>s <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s regionais tem si<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s eixos condutores<br />

<strong>do</strong>s investimentos em C,T&I, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a reserva <strong>de</strong> 30% <strong>da</strong>s aplicações nos<br />

Fun<strong>do</strong>s Setoriais até a criação <strong>de</strong> novos Institutos Nacionais estrutura<strong>do</strong>s<br />

em re<strong>de</strong> cujo coman<strong>do</strong> fica com instituições competentes localiza<strong>da</strong>s nas<br />

áreas mais pobres <strong>do</strong> País, ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> outras iniciativas.<br />

A inovação como principal motor <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

A inovação, ten<strong>do</strong> a educação como fun<strong>da</strong>mento, é<br />

o principal motor <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> País. Ela é<br />

favoreci<strong>da</strong> por avanços científicos e tecnológicos e pela qualificação <strong>do</strong>s<br />

profissionais envolvi<strong>do</strong>s no processo, bem como pelas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> risco,<br />

seja na função <strong>de</strong> pesquisa científica e tecnológica, seja na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

empresarial <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> novos conhecimentos gera<strong>do</strong>s. A evolução<br />

acelera<strong>da</strong> <strong>da</strong> inovação se reflete nos novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócios, on<strong>de</strong> o<br />

Brasil tem gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> atuação.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o merca<strong>do</strong> constituiria o único<br />

motor <strong>de</strong> inovação é limita<strong>da</strong>. Muitas inovações que transformaram<br />

o mun<strong>do</strong> surgiram <strong>de</strong> instituições públicas ou <strong>de</strong> setores sem fins<br />

lucrativos; a internet é um exemplo recente. As inovações sociais são<br />

gera<strong>da</strong>s e aplica<strong>da</strong>s, sem perspectiva <strong>de</strong> lucro, em resposta a <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s<br />

diversifica<strong>da</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em particular, as tecnologias sociais<br />

aten<strong>de</strong>m <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s <strong>de</strong> setores mais necessita<strong>do</strong>s, especialmente em<br />

temas como segurança alimentar e nutricional, energia, habitação,<br />

saú<strong>de</strong>, saneamento, meio ambiente, agricultura familiar, geração <strong>de</strong><br />

emprego e ren<strong>da</strong>.<br />

O País montou, nas últimas déca<strong>da</strong>s, um competente<br />

sistema universitário <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> conhecimento e formação <strong>de</strong><br />

recursos humanos. O <strong>de</strong>safio, agora, é criar condições para que<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s inova<strong>do</strong>ras aten<strong>da</strong>m às diversifica<strong>da</strong>s <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e as empresas se capacitem a produzir preservan<strong>do</strong> o meio<br />

ambiente e sejam capazes <strong>de</strong> competir internacionalmente. Essa é uma<br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, e é a ela que a ciência <strong>de</strong>ve respon<strong>de</strong>r.<br />

Entre essas instâncias, universi<strong>da</strong><strong>de</strong>, empresa e socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, cabe criar<br />

cama<strong>da</strong>s intermediárias estimula<strong>da</strong>s por políticas públicas.<br />

No âmbito <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s inova<strong>do</strong>ras em empresas, diversas<br />

iniciativas foram cita<strong>da</strong>s na 4ª CNCTI, como as <strong>da</strong> Confe<strong>de</strong>ração<br />

<strong>Nacional</strong> <strong>da</strong> Indústria (CNI), via MEI (Mobilização Empresarial pela<br />

Inovação), <strong>da</strong> Associação <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Pesquisa e Desenvolvimento <strong>da</strong>s<br />

Empresas Inova<strong>do</strong>ras (Anpei), <strong>do</strong> BNDES, com foco no fortalecimento <strong>de</strong><br />

parcerias institucionais visan<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento e geração <strong>de</strong> novos<br />

empregos, <strong>de</strong> ministérios envolvi<strong>do</strong>s com o tema (MDIC, MCT e MEC), e<br />

especificamente <strong>do</strong> MCT, via Sibratec (Sistema Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Tecnologia</strong>).<br />

O Sibratec tem o objetivo <strong>de</strong> apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

tecnológico <strong>do</strong> setor empresarial nacional, por meio <strong>da</strong> promoção <strong>de</strong><br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> processos ou produtos<br />

volta<strong>do</strong>s para a inovação e prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> metrologia,<br />

extensionismo, assistência e transferência <strong>de</strong> tecnologia. As enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

integrantes <strong>do</strong> Sibratec estão organiza<strong>da</strong>s em três tipos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s, que<br />

atuam como Centros <strong>de</strong> Inovação, como re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Serviços Tecnológicos<br />

ou <strong>de</strong> Extensão Tecnológica, em consonância com as priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>da</strong>s políticas industrial, tecnológica e <strong>de</strong> comércio exterior. Um fator<br />

fun<strong>da</strong>mental para o sucesso <strong>da</strong> política industrial foi o significativo<br />

fortalecimento e mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong> Inmetro, que na última déca<strong>da</strong><br />

experimentou uma profun<strong>da</strong> transformação, alcançan<strong>do</strong> um <strong>de</strong>sempenho<br />

com padrão internacional.<br />

No âmbito <strong>da</strong> inovação social, atores varia<strong>do</strong>s constituíram,<br />

em anos recentes, uma importante re<strong>de</strong> <strong>de</strong> tecnologias sociais,<br />

envolven<strong>do</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil e organismos públicos, o que<br />

possibilitou o surgimento <strong>de</strong> ações mais criativas e integra<strong>da</strong>s, embora<br />

o potencial <strong>de</strong>las ain<strong>da</strong> esteja longe <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> aproveita<strong>do</strong> em sua<br />

inteireza. A economia solidária vem se apresentan<strong>do</strong> também como uma<br />

alternativa inova<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> trabalho e ren<strong>da</strong> e uma resposta a<br />

favor <strong>da</strong> inclusão social e <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento sustentável e a inovação formam o pano<br />

<strong>de</strong> fun<strong>do</strong> <strong>da</strong>s consi<strong>de</strong>rações e propostas <strong>da</strong> 4ª Conferência <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong><br />

C,T&I que são apresenta<strong>da</strong>s nos próximos capítulos.<br />

2. AS NOVAS OPORTUNIDADES PARA O BRASIL E O ESTáGIO ATUAL DA<br />

C,T&I<br />

2.1. Inovação como componente sistêmico <strong>da</strong> estrutura produtiva<br />

nacional<br />

(...)<br />

Po<strong>de</strong>-se dizer que o Brasil tem uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> gigantesca,<br />

urgente, <strong>de</strong> inocular inovação em to<strong>do</strong>s os poros <strong>da</strong> economia. Tem<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> passar por um choque <strong>de</strong> inovação, entendi<strong>do</strong> como uma<br />

sequência <strong>de</strong> ações em várias áreas. Não se parte <strong>de</strong> zero, ao contrário.<br />

Nos últimos anos houve avanço nessa área, com a Lei <strong>de</strong> Inovação, a Lei<br />

<strong>do</strong> Bem, a subvenção econômica na Finep, a segun<strong>da</strong> política industrial,<br />

lança<strong>da</strong> em 2008 com o nome <strong>de</strong> Política <strong>de</strong> Desenvolvimento Produtivo<br />

(PDP), coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong> pelo BNDES, volta<strong>da</strong> para investimentos em inovação.<br />

Além disso, o PACTI incluiu, pela primeira vez na história <strong>do</strong> MCT, a<br />

inovação como um <strong>do</strong>s eixos <strong>da</strong> política governamental.<br />

O PACTI está no centro <strong>da</strong> articulação não só com a PDP,<br />

mas também com diferentes políticas <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral: o PAC<br />

(infraestrutura), o Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>da</strong> Educação (PDE), o<br />

Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong>, o Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>da</strong><br />

Agropecuária e a Política <strong>de</strong> Defesa <strong>Nacional</strong>.<br />

Na dimensão <strong>da</strong> organização fe<strong>de</strong>rativa, o MCT, por<br />

intermédio <strong>de</strong> suas instâncias <strong>de</strong> financiamento, Finep e CNPq, e <strong>de</strong><br />

sua interlocução com os governos estaduais, representa<strong>do</strong>s no Conselho<br />

<strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Secretários Estaduais para Assuntos <strong>de</strong> C,T&I (Consecti) e<br />

no Conselho <strong>Nacional</strong> <strong>da</strong>s Fun<strong>da</strong>ções Estaduais <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa<br />

(Confap), consoli<strong>do</strong>u institucionalmente o sistema <strong>de</strong> C,T&I.<br />

A 4ª Conferência explorou a relação entre a produção <strong>de</strong><br />

conhecimento e as perspectivas <strong>de</strong> aplicação empresarial, bem como a<br />

inovação nos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gestão e <strong>de</strong> negócios, visan<strong>do</strong> a tornar a inovação<br />

um componente sistêmico <strong>do</strong> sistema produtivo nacional, reforçan<strong>do</strong> os<br />

mecanismos que contribuam para a inovação nas empresas <strong>de</strong> médio<br />

e pequeno portes, incluin<strong>do</strong>, sem a isso se limitar, a sua inserção nas<br />

ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> produção e conhecimento.<br />

Diversos aspectos envolven<strong>do</strong> legislação e marco legal foram<br />

<strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s, assim como a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma visão mais sistêmica e<br />

estratégica <strong>da</strong> inovação, tanto nas empresas como nas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e<br />

nos diversos níveis <strong>de</strong> governo. Foram analisa<strong>da</strong>s e <strong>de</strong>bati<strong>da</strong>s também<br />

tendências mundiais <strong>de</strong> diversificação <strong>da</strong>s mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> inovação.<br />

Enfatizou-se a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um maior protagonismo na área <strong>de</strong><br />

inovação por parte <strong>do</strong> setor priva<strong>do</strong>, com apoio <strong>do</strong> governo, ten<strong>do</strong> como<br />

foco central <strong>da</strong>s políticas públicas <strong>de</strong> inovação o merca<strong>do</strong> e as empresas.<br />

Um <strong>do</strong>s aspectos centrais para a ampliação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

inova<strong>do</strong>ra no País é a questão <strong>do</strong> financiamento como fator indutor <strong>da</strong><br />

inovação, ten<strong>do</strong> a pesquisa e o <strong>de</strong>senvolvimento como base para produtos<br />

<strong>de</strong> alto valor agrega<strong>do</strong>. Isto requer a ampliação <strong>do</strong>s atuais investimentos<br />

em inovação, visan<strong>do</strong> a atingir os padrões <strong>de</strong> países lí<strong>de</strong>res mundiais.<br />

Diante <strong>da</strong>s dispari<strong>da</strong><strong>de</strong>s regionais prevalecentes e <strong>da</strong> gran<strong>de</strong><br />

diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> regional <strong>do</strong> país, o apoio <strong>da</strong>s políticas públicas e a elevação<br />

<strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> investimentos <strong>de</strong>vem consi<strong>de</strong>rar a leitura <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

regional brasileira.<br />

A interação universi<strong>da</strong><strong>de</strong>-empresa-governo permeou to<strong>do</strong>s os<br />

<strong>de</strong>bates, com especial <strong>de</strong>staque para o papel central <strong>da</strong>s Incuba<strong>do</strong>ras <strong>de</strong><br />

Empresas <strong>de</strong> Base Tecnológica e <strong>do</strong>s Parques Científicos e Tecnológicos,<br />

ambientes <strong>de</strong> pesquisa que se constituem em plataformas para a<br />

inovação e atuação nos merca<strong>do</strong>s externos por parte <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s<br />

os portes. Especial <strong>de</strong>staque foi <strong>da</strong><strong>do</strong> às ações articula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> estímulo<br />

à atração <strong>de</strong> projetos e investimentos na área <strong>de</strong> P&D <strong>de</strong> empresas<br />

(nacionais e internacionais) para estes ambientes <strong>de</strong> inovação. Nesse<br />

senti<strong>do</strong>, foi ressalta<strong>da</strong> a importância <strong>de</strong> caracterizar os investimentos na<br />

área <strong>de</strong> P&D como contraparti<strong>da</strong> prioritária <strong>da</strong>s empresas para os apoios<br />

governamentais nas áreas <strong>de</strong> inovação.<br />

No contexto brasileiro atual, a agen<strong>da</strong> macroeconômica tem<br />

relação com política industrial, câmbio, taxa <strong>de</strong> juro real e <strong>de</strong>mais fatores<br />

com peso <strong>de</strong>terminante no funcionamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> bens e serviços.<br />

A política <strong>de</strong> inovação <strong>de</strong>ve ser, portanto, parte <strong>de</strong> uma robusta política<br />

econômica e industrial que busque mu<strong>da</strong>r nossa estrutura industrial e os<br />

mecanismos <strong>de</strong> apoio e fomento à inovação, especialmente nas empresas<br />

nacionais. (...)<br />

Recomen<strong>da</strong>ções<br />

1. Tratar a inovação como estratégia, tanto nas empresas como na<br />

aca<strong>de</strong>mia e no governo, incentivan<strong>do</strong> e financian<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

competências na área <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> inovação.<br />

2. Fomentar um maior protagonismo priva<strong>do</strong> no processo <strong>de</strong> inovação e<br />

nas discussões relativas às políticas públicas para a área, em especial<br />

por meio <strong>de</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s empresariais representativas <strong>do</strong>s diversos<br />

segmentos <strong>de</strong> negócios.<br />

3. Ampliar os investimentos e outros fatores econômicos como elemento<br />

<strong>de</strong>cisivo <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> inovação, envolven<strong>do</strong>: a ampliação <strong>do</strong> percentual<br />

<strong>de</strong> investimento <strong>do</strong> PIB nacional em inovação (hoje pouco mais <strong>de</strong> 1%<br />

<strong>do</strong> PIB) para 2,5%, próximo <strong>do</strong> padrão <strong>do</strong>s países lí<strong>de</strong>res mundiais; o<br />

estimulo a esta<strong>do</strong>s e municípios para a criação <strong>de</strong> condições locais<br />

favoráveis para inovação (por meio <strong>de</strong> incentivos tais como <strong>de</strong>soneração<br />

fiscal, tributária, impostos territoriais, impostos <strong>de</strong> serviço, <strong>de</strong>mais<br />

tributos municipais e cessão <strong>de</strong> áreas); a articulação <strong>do</strong> aumento <strong>de</strong><br />

opções e <strong>de</strong> recursos, bem como o alinhamento <strong>de</strong> mecanismos públicos<br />

volta<strong>do</strong>s a apoiar os empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res em estágio inicial (como o Programa<br />

Prime e Seed Fórum <strong>da</strong> Finep, entre outros); para mitigar riscos inerentes<br />

aos processos e produtos inova<strong>do</strong>res; o estimulo, por meio <strong>do</strong> BNDES, <strong>do</strong><br />

Banco Central e <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> capitais à criação <strong>de</strong> Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Riscos<br />

como Seed Money e Venture Capital para financiar empreendimentos<br />

inova<strong>do</strong>res em estágio inicial; o estímulo à criação <strong>de</strong> novas e à expansão<br />

<strong>da</strong>s atuais linhas <strong>de</strong> fomento, com critérios e conceitos mais abrangentes<br />

<strong>de</strong> inovação (inovação em marketing, em serviços, em mo<strong>de</strong>los e gestão<br />

<strong>de</strong> negócios, plantas piloto, plantas industriais pré-competitivas, etc.): e<br />

ampliar os recursos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aos programas <strong>de</strong> subvenção econômica,<br />

<strong>de</strong>ntre outros mecanismos.<br />

4. Criar ambienttes <strong>de</strong> inovação, atuan<strong>do</strong> em re<strong>de</strong>, com <strong>de</strong>staque para os<br />

Parques Científicos e Tecnológicos <strong>de</strong> classe mundial, distribuin<strong>do</strong> no País<br />

ambientes <strong>de</strong> inovação que atraiam investimentos priva<strong>do</strong>s nacionais e<br />

internacionais e gerem novas empresas e produtos inova<strong>do</strong>res, tanto<br />

para os merca<strong>do</strong>s internos como para exportação, atuan<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma<br />

articula<strong>da</strong> com os Arranjos Produtivos Locais (APLs) e outras iniciativas<br />

regionais, interagin<strong>do</strong> dinamicamente com os atores públicos e priva<strong>do</strong>s<br />

envolvi<strong>do</strong>s.<br />

5. Fomentar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> empresas inova<strong>do</strong>ras nascentes<br />

por meio <strong>de</strong> pré-incuba<strong>do</strong>ras, incuba<strong>do</strong>ras e parques tecnológicos,<br />

como instrumento <strong>de</strong> promoção <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico e<br />

socioeconômico local e regional.<br />

6. Preparar as empresas e o País para um ambiente <strong>de</strong> competição<br />

global crescente, por meio <strong>de</strong> apoio e incentivos <strong>do</strong>s atores públicos<br />

(BNDES, Finep, MDIC) e priva<strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s (CNI, Agência Brasileira <strong>de</strong><br />

Promoção <strong>de</strong> Exportações e Investimentos ‒ Apex ‒, entre outros), visan<strong>do</strong><br />

a estimular a internacionalização e preparação para a competição global<br />

<strong>da</strong>s empresas, em especial aquelas produtoras <strong>de</strong> bens e serviços <strong>de</strong> alto<br />

valor agrega<strong>do</strong>.<br />

7. Incrementar os mecanismos <strong>de</strong> apoio à inovação nas pequenas<br />

e médias empresas, fomentan<strong>do</strong> em especial programas <strong>de</strong> ação<br />

integra<strong>da</strong> entre empresas-âncora e suas ca<strong>de</strong>ias produtivas, e também<br />

os programas <strong>de</strong> extensionismo tecnológico.<br />

8. Dar tratamento especial às regiões menos <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s <strong>do</strong> País, tanto<br />

no estímulo às empresas como no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competências para<br />

a produção e difusão <strong>de</strong> conhecimentos.<br />

2.2. <strong>Tecnologia</strong>s Estratégicas para o Desenvolvimento <strong>Nacional</strong><br />

A história mostra que ciência, tecnologia e inovação<br />

evoluem <strong>de</strong> maneira diferencia<strong>da</strong> no tempo e no espaço <strong>da</strong>s nações e,<br />

consequentemente, as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s para o seu <strong>de</strong>senvolvimento mu<strong>da</strong>m<br />

em função <strong>do</strong>s momentos históricos e <strong>da</strong>s condições <strong>do</strong>s países. Por isso,<br />

é possível i<strong>de</strong>ntificar ciências, tecnologias e famílias <strong>de</strong> inovações que<br />

são mais promissoras ou necessárias em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> momento e país,<br />

e que, por essa razão, po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s estratégicas.<br />

Algumas ciências ou tecnologias são estratégicas em si,<br />

enquanto outras assumem seu caráter estratégico em função <strong>do</strong>s setores<br />

ou áreas nas quais são aplica<strong>da</strong>s. No contexto atual, a comunicação<br />

globaliza<strong>da</strong> permite que um contingente expressivo <strong>da</strong> população<br />

mundial aspire a ter acesso a padrões civiliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> condições <strong>de</strong><br />

vi<strong>da</strong>. Para que isto ocorra, muitos <strong>de</strong>safios <strong>de</strong>vem ser supera<strong>do</strong>s,<br />

garantin<strong>do</strong> que esta inclusão social ocorra <strong>de</strong> forma sustentável, ten<strong>do</strong><br />

em vista o impacto espera<strong>do</strong> pelo contínuo crescimento <strong>da</strong> população<br />

mundial. Como consequência natural <strong>de</strong>ste aumento <strong>de</strong> população,<br />

po<strong>de</strong>-se esperar um crescimento <strong>da</strong> produção industrial, a expansão <strong>da</strong><br />

agricultura, o aumento <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por água, energia e matéria-prima,<br />

além <strong>de</strong> uma urbanização crescente, parte <strong>da</strong> qual não planeja<strong>da</strong>,<br />

to<strong>da</strong>s elas exercen<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> pressão sobre a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental <strong>de</strong><br />

ca<strong>da</strong> região.<br />

CONFErÊNCIA<br />

As ciências agrícolas são o componente <strong>de</strong> maior impacto<br />

na elevação <strong>da</strong> produção científica <strong>do</strong> País e em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, na<br />

última déca<strong>da</strong>. A ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> agrícola, além <strong>de</strong> ser responsável por um<br />

valor significativo <strong>do</strong> PIB brasileiro, é elemento estratégico na segurança<br />

alimentar e na balança comercial <strong>da</strong> nação.<br />

O crescimento <strong>da</strong> produção agrícola <strong>do</strong> País tem se<br />

assenta<strong>do</strong> em um forte aparato científico e tecnológico advin<strong>do</strong> <strong>da</strong> ação<br />

<strong>da</strong>s universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<strong>do</strong>s institutos <strong>de</strong> pesquisa (<strong>de</strong>ntre eles <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>se<br />

o papel <strong>da</strong> Embrapa) e <strong>da</strong>s empresas priva<strong>da</strong>s. A elevação <strong>da</strong><br />

produção, que coloca o Brasil como terceiro mais importante país no<br />

comércio agrícola internacional, tem ti<strong>do</strong> como base a elevação <strong>da</strong><br />

produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s diversas ca<strong>de</strong>ias agrícolas, uma forte interação entre<br />

o setor produtivo e a aca<strong>de</strong>mia, e a manutenção e fortalecimento <strong>de</strong> uma<br />

política <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento volta<strong>da</strong> para o meio rural que,<br />

consistentemente, vem se manten<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70.<br />

Dois gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios <strong>de</strong>man<strong>da</strong>m atenção especial para este<br />

segmento:<br />

1. A continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> aumento <strong>de</strong> produção, via elevação <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

respeito ao meio ambiente e função social <strong>da</strong> agricultura;<br />

2. Agregação <strong>de</strong> valor, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que os produtos agrícolas industrializa<strong>do</strong>s<br />

contem com um valor que remunere melhor to<strong>do</strong>s os elos <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia e<br />

to<strong>da</strong>s as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> agricultura.<br />

Por conta <strong>da</strong> estreita e direta relação entre o Índice <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Humano (IDH) e o consumo <strong>de</strong> energia, assim como entre<br />

este último e a geração <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa, um <strong>de</strong>safio consi<strong>de</strong>rável<br />

diz respeito à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se produzir mais energia, para garantir a<br />

inclusão social, e ao mesmo tempo reduzir a emissão <strong>de</strong> CO², responsável<br />

pelas mu<strong>da</strong>nças climáticas provoca<strong>da</strong>s pelo aquecimento global. Esta é<br />

uma <strong>da</strong>s situações em que a C,T&I po<strong>de</strong> trazer contribuições valiosas,<br />

pelo emprego <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong> sequestro <strong>de</strong> carbono ou pela geração a<br />

partir <strong>de</strong> fontes com baixa ou nenhuma emissão <strong>de</strong> carbono (bioenergia,<br />

fotovoltaica, eólica e nuclear).<br />

O cenário é francamente favorável ao Brasil, que além <strong>de</strong> já<br />

possuir uma <strong>da</strong>s matrizes energéticas mais limpas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> apresenta<br />

vantagens comparativas quanto ao aumento <strong>da</strong> participação <strong>de</strong> fontes<br />

alternativas. Observa-se, portanto, uma gran<strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para o<br />

país avançar <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> consistente na direção <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável. A C,T&I é vital para compatibilizar o progresso material<br />

<strong>da</strong> maioria <strong>da</strong> população com o uso racional <strong>do</strong>s recursos naturais e a<br />

preservação <strong>do</strong> meio ambiente.<br />

A 4ª CNCTI expressou a compreensão clara <strong>de</strong>sse papel vital<br />

<strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> pela C,T&I no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />

brasileiro. Foram a<strong>de</strong>mais apresenta<strong>da</strong>s razões que justificam a<br />

convicção <strong>de</strong> que o Brasil po<strong>de</strong> construir um padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong>mocrático, que compatibilize o progresso material <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong><br />

população com o uso racional <strong>do</strong>s recursos naturais e a preservação <strong>do</strong><br />

meio ambiente.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento sustentável brasileiro é possível, mas não<br />

será tarefa fácil. No campo <strong>da</strong> C,T&I, será necessária a multiplicação <strong>de</strong><br />

nossos esforços e a concentração <strong>de</strong>sses especialmente em áreas que<br />

são estratégicas para o nosso <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.<br />

A importância <strong>da</strong> contribuição <strong>de</strong> diversas áreas <strong>da</strong> C,T&I<br />

para a construção <strong>de</strong>sse novo padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento foi expressa<br />

na Conferência, mas cabe aqui <strong>de</strong>stacar algumas <strong>de</strong>las, em particular,<br />

que certamente <strong>de</strong>sempenharão papéis centrais nessa construção. Essas<br />

são as relaciona<strong>da</strong>s com a bioenergia, as tecnologias <strong>da</strong> informação e<br />

comunicação, a saú<strong>de</strong>, a exploração <strong>da</strong>s reservas <strong>de</strong> petróleo e gás <strong>do</strong><br />

Pré-Sal, as tecnologias porta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> futuro e outras energias.<br />

A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 15

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