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EDIÇÃO ESPECIAL<br />
Encarte com as principais conclusões e<br />
propostas <strong>da</strong> 4ª Conferência <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Ciência</strong>, <strong>Tecnologia</strong> e Inovação.<br />
Participe <strong>da</strong> Consulta Pública!<br />
A SEMANA C&T<br />
Um balanço <strong>da</strong><br />
<strong>Semana</strong> C&T<br />
2004 - 2009 Pág. 3<br />
PESQUISA<br />
O que o brasileiro<br />
pensa <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong> e<br />
<strong>Tecnologia</strong>? Pág. 6<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>da</strong> <strong>Semana</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong><br />
Edição nº 7 - Novembro <strong>de</strong> 2010<br />
CIÊNCIA PARA O<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
SUSTENTÁVEL<br />
LIVRO AZUL<br />
4ª Conferência <strong>Nacional</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>, <strong>Tecnologia</strong><br />
e Inovação Pág. 11
DEPOIMENTOS<br />
4ª Conferência <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>, <strong>Tecnologia</strong> e Inovação<br />
“A 4ª CNCTI mostrou o vigoroso avanço <strong>de</strong> nossa ciência nos<br />
últimos anos. Os cientistas que trabalham no Brasil tem hoje<br />
orgulho <strong>de</strong> aqui ficar e contribuir para que nossa ciência esteja<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> alguns anos <strong>de</strong>ntre as mais qualifica<strong>da</strong>s mundialmente.<br />
A ciência brasileira tem hoje notável presença internacional<br />
e a nossa ABC está <strong>de</strong>ntre as mais <strong>de</strong>staca<strong>da</strong>s e influentes<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.” [Jacob Palis, presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong><br />
<strong>Ciência</strong>s (ABC) e <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>s <strong>do</strong>s Países em Desenvolvimento<br />
(TWAS)]<br />
“Chegamos a um momento no qual a <strong>Ciência</strong>, bem direciona<strong>da</strong><br />
por ventos acerta<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>verá interferir na condução <strong>do</strong> País a<br />
lugares jamais alcança<strong>do</strong>s. A participação <strong>do</strong>s Pós-Graduan<strong>do</strong>s<br />
na última CNCTI soma-se aos esforços que almejam, ao mesmo<br />
tempo, o fortalecimento sistêmico <strong>da</strong> CT&I, sua popularização e<br />
<strong>de</strong>mocratização com vistas ao <strong>de</strong>senvolvimento sustentável <strong>da</strong><br />
nação”. [Elisangela Lizar<strong>do</strong>, coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>da</strong> Associação <strong>Nacional</strong><br />
<strong>de</strong> Pós-Graduan<strong>do</strong>s (ANPG)].<br />
“A convergência social, ampara<strong>da</strong> em CT&I, encontra seus melhores<br />
caminhos no território <strong>do</strong>s municípios. Gera resulta<strong>do</strong>s, sempre<br />
que seus componentes se articulam sob a égi<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma governança<br />
local, regional e nacionalmente conecta<strong>da</strong>, capazes <strong>de</strong> promover<br />
e consoli<strong>da</strong>r a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia! Sem a inserção municipal no sistema e na<br />
política nacional será muito difícil estabelecer e consoli<strong>da</strong>r uma ação<br />
<strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> vigorosa e abrangente <strong>de</strong> CT&I, inseri<strong>da</strong> com sua <strong>de</strong>vi<strong>da</strong><br />
potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong> e eficácia no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local e<br />
regional sustentáveis.” [Silvio Roberto Ramos, presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Fórum<br />
<strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Secretários e Dirigentes Municipais <strong>de</strong> CT&I]<br />
“A 4ª CNCTI foi um marco histórico no contexto científico nacional e<br />
um terreno fértil para a análise <strong>de</strong> propostas e recomen<strong>da</strong>ções para<br />
o avanço científico e tecnológico brasileiro. Destacaram-se 4 aspectos<br />
prioritários para elaboração <strong>de</strong> uma política eficaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
nacional basea<strong>da</strong> em CT&I. É urgente que o País: aumente<br />
seu investimento na área para 2% <strong>do</strong> PIB nos próximos <strong>de</strong>z anos;<br />
estabeleça um novo arcabouço legal e práticas <strong>de</strong> controle que sejam<br />
compatíveis com a ciência; tenha o envolvimento efetivo com investimentos<br />
<strong>do</strong> setor empresarial no campo <strong>da</strong> tecnologia e inovação e –<br />
mais importante – atue na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> educação básica. O CONFAP<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> estas propostas como forma <strong>de</strong> tornar o País<br />
competitivo no cenário internacional e se colocar, <strong>de</strong> forma sustentável,<br />
como potência econômica, científica e tecnológica com bem estar<br />
social.” [Mario Neto Borges, presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> FAPEMIG e <strong>do</strong> CONFAP]<br />
A SEMANA C&T<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>da</strong> <strong>Semana</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong><br />
Produzi<strong>do</strong> por meio <strong>de</strong> convênio MCT/SBPC<br />
Coor<strong>de</strong>nação Editorial<br />
Il<strong>de</strong>u <strong>de</strong> Castro Moreira<br />
<strong>Jornal</strong>istas Responsáveis<br />
Cristina Dissat - MTRJ17518<br />
Raquel Bueno - MTBRJ23697<br />
Projeto Gráfico e Diagramação<br />
Master Mídia<br />
Bruno Ma<strong>de</strong>ira<br />
Érica Benevento<br />
Michelle Rojo Campos<br />
A <strong>Semana</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong><br />
Retrospectiva 2004-2009<br />
Um <strong>de</strong>creto presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> 2004 estabe-<br />
leceu a <strong>Semana</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>da</strong> <strong>Ciência</strong> e<br />
<strong>Tecnologia</strong> (SNCT), a ser comemora<strong>da</strong><br />
no mês <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ano, sob a coor<strong>de</strong>nação<br />
<strong>do</strong> Ministério <strong>da</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong> (MCT),<br />
e com a colaboração <strong>de</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s e instiuições<br />
<strong>de</strong> ensino e pesquisa. Ela tem aconteci<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
então, com um êxito gran<strong>de</strong>, que se expressa em<br />
uma participação entusiasma<strong>da</strong> e crescente <strong>de</strong><br />
pessoas, instituições e municípios.<br />
A <strong>Semana</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong> <strong>de</strong><br />
2010 ocorreu entre 18 e 24 <strong>de</strong> outubro. O tema<br />
principal foi: “<strong>Ciência</strong> para o Desenvolvimento<br />
Sustentável”. Além <strong>de</strong> promover as mais diversas<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> divulgação científica, foi esti-<br />
mula<strong>do</strong> o <strong>de</strong>bate sobre as estratégias e maneiras<br />
<strong>de</strong> se utilizar os recursos naturais brasileiros e<br />
sua rica biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> forma sustentável,<br />
conjuga<strong>da</strong> com a melhoria <strong>da</strong>s condições sócio-<br />
-econômicas <strong>da</strong> população.<br />
A Assembleia Geral <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s <strong>de</strong>clarou<br />
2010 como o Ano Internacional <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
A ONU está estimulan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os países a<br />
buscarem o aumento <strong>da</strong> consciência coletiva sobre<br />
a importância <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, por meio <strong>de</strong> ações<br />
a nível local, regional e internacional. A SNCT esteve<br />
integra<strong>da</strong> a este esforço internacional.<br />
Objetivo<br />
A finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> SNCT é mobilizar a população,<br />
em especial crianças e jovens, em torno <strong>de</strong> temas<br />
e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> C&T, valorizan<strong>do</strong> a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
a atitu<strong>de</strong> científica e a inovação. Preten<strong>de</strong> mostrar<br />
a importância <strong>da</strong> C&T para a vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />
um e para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> país, além <strong>de</strong><br />
contribuir para que a população brasileira conheça<br />
e discuta os resulta<strong>do</strong>s, a relevância e o<br />
impacto <strong>da</strong>s pesquisas científicas e tecnológicas<br />
e suas aplicações.<br />
A SEMANA C&T<br />
enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s científicas e tecnológicas; fun<strong>da</strong>ções<br />
<strong>de</strong> apoio à pesquisa; parques ambientais, uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> conservação, jardins botânicos e zoológicos;<br />
secretarias estaduais e municipais <strong>de</strong> C&T<br />
e <strong>de</strong> educação; empresas públicas e priva<strong>da</strong>s;<br />
meios <strong>de</strong> comunicação; órgãos governamentais;<br />
ONGs e outras enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil.<br />
Em ca<strong>da</strong> esta<strong>do</strong> existem coor<strong>de</strong>nações locais e<br />
a SNCT conta com a participação <strong>de</strong> governos<br />
estaduais e municipais e <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> ensino<br />
e pesquisa. Diversos esta<strong>do</strong>s e municípios já<br />
criaram suas <strong>Semana</strong>s Estaduais ou Municipais<br />
<strong>de</strong> C&T, articula<strong>da</strong>s com a SNCT.<br />
“A ciência brasileira vem progredin<strong>do</strong>, e me parece que chegou<br />
a hora <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>r <strong>de</strong> patamar, através <strong>da</strong> participação <strong>do</strong> país<br />
Ilustração<br />
Bruno Ma<strong>de</strong>ira<br />
Michelle Rojo Campos<br />
Colaboraram nesta edição<br />
Tipos <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
Ten<strong>da</strong>s <strong>da</strong> ciência em praças públicas; dias<br />
como membro <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s projetos internacionais, nos quais, <strong>de</strong><br />
Agência Funcap – CE, Ascom – FAPESQ – PB,<br />
<strong>de</strong> portas abertas em instituições <strong>de</strong> pesquisa<br />
fato, já há número crescente <strong>de</strong> participação <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res<br />
Assessoria <strong>de</strong> Comunicação <strong>do</strong> Ministério <strong>da</strong><br />
Participação e coor<strong>de</strong>nação<br />
e ensino; feiras <strong>de</strong> ciência, concursos, oficinas e<br />
brasileiros.” [Beatriz Barbuy, Professora Titular <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong><br />
<strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong>, Assessoria <strong>de</strong> Comunicação<br />
To<strong>do</strong>s os interessa<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m participar <strong>da</strong>s palestras; i<strong>da</strong> <strong>de</strong> cientistas às escolas; jorna<strong>da</strong>s<br />
Astronomia, Geofísica e <strong>Ciência</strong>s Atmosféricas <strong>da</strong> USP]<br />
Social – FAPEMIG – MG, Catarina Chagas (Museu<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> SNCT. Promovem e realizam as <strong>de</strong> iniciação científica; distribuição <strong>de</strong> cartilhas,<br />
“A importância <strong>de</strong> CT&I para o Brasil está em que é o mais<br />
amplo caminho para uma mu<strong>da</strong>nça cultural <strong>da</strong> população, fator<br />
essencial para sairmos <strong>de</strong> uma tradição <strong>de</strong> coloniza<strong>do</strong>s para<br />
uma consciência <strong>de</strong> protagonistas <strong>do</strong> progresso <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>-<br />
“A Extensão Universitária vem participan<strong>do</strong> e apoian<strong>do</strong> ativamente<br />
a <strong>Semana</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> C&T. Essa iniciativa respon<strong>de</strong> aos anseios<br />
<strong>do</strong> povo brasileiro pelo acesso universal aos progressos <strong>da</strong> CT&I. Os<br />
princípios <strong>da</strong> universalização e <strong>da</strong> troca <strong>de</strong> saberes entre universi<strong>da</strong>-<br />
<strong>da</strong> Vi<strong>da</strong>), Ci<strong>da</strong> Neves (MCT), Cláudia Rezen<strong>de</strong><br />
(UFRJ), Fátima Brito (Casa <strong>da</strong> <strong>Ciência</strong>/UFRJ),<br />
José Luís Barros (MCT), Luisa Massarani (Museu<br />
<strong>da</strong> Vi<strong>da</strong>/COC/Fiocruz), Mário Bentes (INPA),<br />
Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente, Museu <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong>,<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s: universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e instituições <strong>de</strong> pesquisa;<br />
escolas públicas e priva<strong>da</strong>s; institutos <strong>de</strong><br />
ensino tecnológico, centros e museus <strong>de</strong> C&T;<br />
encartes e livros; exibição <strong>de</strong> filmes e ví<strong>de</strong>os<br />
científicos; excursões científicas; programas <strong>de</strong><br />
divulgação em rádios e TVs; eventos que integram<br />
ciência, cultura e arte etc.<br />
<strong>de</strong>. Por isso a juventu<strong>de</strong> tem que ser o principal motor <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong> e <strong>de</strong>mais setores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, particularmente os historicamen- Museu <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>s e <strong>Tecnologia</strong> <strong>da</strong> Pontifícia<br />
nova cultura, criativa e auto-confiante nos <strong>de</strong>stinos <strong>da</strong> nação, te excluí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> acesso ao conhecimento, são <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong>s pelo nosso Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Católica/RS, Nelson Sanjad (Museu<br />
<strong>da</strong>n<strong>do</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ao processo <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça cultural.” Fórum <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 80. A nova política universitária e <strong>de</strong> C&T em- Paraense Emílio Goeldi), Núcleo <strong>de</strong> Difusão<br />
[Sérgio Mascarenhas, Pesquisa<strong>do</strong>r Emérito <strong>do</strong> CNPq] preendi<strong>da</strong> pelo governo vem fortalecen<strong>do</strong> esses princípios. Vamos Científica – FAPEMA, Revista <strong>Ciência</strong> Sempre,<br />
continuar lutan<strong>do</strong> para que eles se tornem reali<strong>da</strong><strong>de</strong> e não haja re- Revista Destaque Amazônia, Revista Fapesp,<br />
“Sob a 4ª CNCTI revelou-se um caminho <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento trocesso.” [Laura Tavares Ribeiro Soares, presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Fórum Na- Revista Pesquise!, Roseli Lopes e Elena Saggio<br />
sustentável que o Brasil vem trilhan<strong>do</strong> e <strong>de</strong>ve fortalecer: parte cional <strong>de</strong> Pró-Reitores <strong>de</strong> Extensão <strong>da</strong>s Universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s Públicas]<br />
(FEBRACE), Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>Ciência</strong>,<br />
substancial <strong>da</strong>s inovações no país está relaciona<strong>da</strong> à natureza<br />
<strong>Tecnologia</strong> e Ensino Superior – Paraná, Rosane<br />
diversifica<strong>da</strong> <strong>de</strong> seu território -- <strong>do</strong> petróleo aos biocombustíveis, “A 4ª CNCTI ofereceu uma gran<strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para se aprofun<strong>da</strong>r Ramos (MCT), Vera Pinheiro (MCT), Unesco, WWF<br />
minérios, biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, produção <strong>de</strong> alimentos... . A economia o diálogo necessário entre pesquisa<strong>do</strong>res, enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s volta<strong>da</strong>s para a – World Wildlife Fund – Brasil, Zuleika (SBPC).<br />
<strong>do</strong> conhecimento <strong>da</strong> natureza parece ser um fun<strong>da</strong>mento crucial<br />
para produzir riqueza e utilizá-la para superar as carências<br />
sociais no país. E o momento histórico atual é extremamente<br />
favorável ao avanço <strong>de</strong>ssas inovações.” [Bertha Becker, Professora<br />
Emérita <strong>da</strong> UFRJ]<br />
“Expandir a base científica brasileira e, ao mesmo tempo, tornar<br />
algumas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s competitivas mundialmente são <strong>do</strong>is<br />
<strong>do</strong>s <strong>de</strong>safios que a 4ª CNCTI formulou. Ao la<strong>do</strong> <strong>da</strong> intensificação<br />
<strong>da</strong> P&D em empresas, é essencial <strong>de</strong>senvolver ain<strong>da</strong> mais<br />
a base acadêmica para que o Brasil possa participar como ator<br />
<strong>de</strong>staca<strong>do</strong> <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s mais impressionantes empreendimentos<br />
<strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong>: a <strong>de</strong>scoberta e a criação <strong>do</strong> conhecimento. Tão<br />
importante quanto estimular a inovação tecnológica, principalmente<br />
realiza<strong>da</strong> em empresas, é garantir as bases <strong>do</strong> futuro<br />
pela intensificação <strong>da</strong> pesquisa fun<strong>da</strong>mental e <strong>da</strong> pesquisa aplica<strong>da</strong><br />
em universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s – associa<strong>da</strong>s com a excelência na pós-<br />
-graduação e na graduação -- e em institutos.” [Carlos Henrique<br />
<strong>de</strong> Brito Cruz, diretor científico <strong>da</strong> FAPESP]<br />
produção <strong>de</strong> novos conhecimentos, setores interessa<strong>do</strong>s na aplicação<br />
<strong>de</strong>sses conhecimentos e setores que ain<strong>da</strong> não <strong>de</strong>man<strong>da</strong>m CT&I, mas<br />
que po<strong>de</strong>rão se beneficiar <strong>de</strong>ssas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Desse diálogo espera-se<br />
a consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> -- e não apenas <strong>de</strong> governo -- ,<br />
que confira a estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> necessária para alcançarmos o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
econômico e social <strong>do</strong> país, basea<strong>do</strong> em CT&I. Entre as conclusões<br />
<strong>de</strong>staco: a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Educação<br />
Básica e <strong>de</strong> uma profun<strong>da</strong> revisão <strong>do</strong>s Marcos Regulatórios <strong>da</strong> CT&I.”<br />
[Paulo Sergio Lacer<strong>da</strong> Beirão, Professor Titular (Bioquímica) – UFMG]<br />
“A empresa é, por excelência, o locus <strong>da</strong> inovação. A empresa<br />
transfere para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, através <strong>de</strong> produtos e serviços melhores,<br />
mais baratos e mais sustentáveis, os benefícios <strong>da</strong> invenção. A<br />
inovação precisa ser <strong>de</strong>smistifica<strong>da</strong>, e passar a fazer parte <strong>de</strong> nossas<br />
ações, rotinas e expectativas. O ensino <strong>de</strong> graduação é o primeiro<br />
papel <strong>da</strong> universi<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, e a C&T e a prestação <strong>de</strong><br />
serviços à comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>vem ser instrumentos para melhorar a<br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> universi<strong>da</strong><strong>de</strong> em cumprir este papel.” [Pedro Wongtschowski,<br />
presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Grupo Ultra]<br />
Edição<br />
Novembro <strong>de</strong> 2010<br />
Coor<strong>de</strong>nação <strong>da</strong> <strong>Semana</strong> <strong>Nacional</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong><br />
Departamento <strong>de</strong> Popularização<br />
e Difusão <strong>da</strong> C&T<br />
Secretaria <strong>de</strong> C&T para Inclusão Social<br />
Ministério <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong><br />
Site: http://semanact.mct.gov.br<br />
Ministério <strong>da</strong><br />
2004 - <strong>Semana</strong> C&T<br />
18 a 24 <strong>de</strong> Outubro<br />
Na primeira SNCT foram realiza<strong>da</strong>s<br />
1.840 ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, em 252<br />
municípios, envolven<strong>do</strong> 250<br />
instituições e enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> C&T. Foram<br />
organiza<strong>da</strong>s as coor<strong>de</strong>nações estaduais,<br />
com a participação <strong>de</strong> secretarias,<br />
FAPs e instituições <strong>de</strong> ensino e pesquisa,<br />
o que possibilitou a rápi<strong>da</strong> expansão<br />
<strong>do</strong> evento. No Congresso <strong>Nacional</strong><br />
foi instala<strong>da</strong> a Subcomissão Permanente<br />
<strong>de</strong> C&T no Sena<strong>do</strong> e cria<strong>da</strong> a Frente<br />
Plurissetorial em <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong> CT&I.<br />
2005 – Brasil, Olhe Para a Água<br />
3 a 9 <strong>de</strong> outubro<br />
Em 2005, foram realiza<strong>da</strong>s<br />
6.701 ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, em 332<br />
ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Houve um gran<strong>de</strong><br />
aumento no número <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
e <strong>de</strong> instituições envolvi<strong>da</strong>s, que<br />
chegaram a 844, em relação ao ano<br />
anterior. Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s interativas em<br />
locais públicos, exposições, <strong>de</strong>bates<br />
e outros eventos <strong>de</strong>stacaram<br />
a importância <strong>da</strong> preservação <strong>do</strong>s<br />
mananciais hídricos e a interface<br />
<strong>da</strong> ciência com o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
sustentável <strong>do</strong> país.<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 2 <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong><br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 3
A SEMANA C&T A SEMANA C&T<br />
Terra foi o tema escolhi<strong>do</strong> para a<br />
<strong>Semana</strong> <strong>de</strong> 2007, em função <strong>da</strong> importância<br />
<strong>da</strong>s questões globais <strong>do</strong><br />
Planeta (preservação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, sobrevivência<br />
<strong>da</strong> espécie humana, estrutura e riquezas<br />
<strong>da</strong> Terra, mu<strong>da</strong>nças climáticas, poluição atmosférica<br />
etc). A escolha levou em conta<br />
o estabelecimento, pela ONU, <strong>do</strong> Ano Internacional<br />
<strong>da</strong> Terra. O balanço <strong>do</strong> evento,<br />
ocorri<strong>do</strong> entre 1 e 7 <strong>de</strong> outubro, registrou<br />
cerca <strong>de</strong> 9.700 ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, em 390 municípios,<br />
com 680 instituições e enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s envolvi<strong>da</strong>s.<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 4<br />
2006 – Criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> & Inovação<br />
16 a 23 <strong>de</strong> outubro<br />
A<br />
terceira SNCT ocorreu <strong>de</strong> 16 a 23<br />
<strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2006. Foram registra<strong>da</strong>s<br />
8.654 ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, espalha<strong>da</strong>s<br />
em 370 municípios brasileiros. O tema foi<br />
“Criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e Inovação” para comemorar<br />
o centenário <strong>do</strong> vôo <strong>do</strong> 14 Bis, cuja réplica<br />
voou na Esplana<strong>da</strong> em Brasília, durante a<br />
SNCT. Milhares <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educacionais<br />
e <strong>de</strong> divulgação homenagearam também, ao<br />
longo <strong>do</strong> ano, o gran<strong>de</strong> inventor brasileiro<br />
Santos-Dumont.<br />
2007 – Terra<br />
1 a 7 <strong>de</strong> outubro<br />
Foram ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s 24.978 ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s em 492 ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s. O<br />
tema <strong>da</strong> SNCT em 2009 foi “<strong>Ciência</strong><br />
no Brasil”, com o propósito <strong>de</strong> se conhecer<br />
e valorizar a C&T produzi<strong>da</strong> no país. Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
em escolas, espaços públicos e em<br />
instituições <strong>de</strong> ensino e pesquisa buscaram<br />
informar e <strong>de</strong>bater a situação <strong>da</strong> C&T local e<br />
nacional: sua história passa<strong>da</strong>, seu contexto<br />
atual e seus <strong>de</strong>safios futuros. O Ano Internacional<br />
<strong>da</strong> Astronomia (AIA) foi comemora<strong>do</strong><br />
em 2009: milhares <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s relaciona<strong>da</strong>s<br />
ao tema, realiza<strong>da</strong>s na SNCT e ao ano,<br />
atingiram cerca <strong>de</strong> 2,5 milhões <strong>de</strong> pessoas.<br />
Mais informações sobre a <strong>Semana</strong> C&T: http://semanact.mct.gov.br<br />
2008 – Evolução & Diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
20 a 26 <strong>de</strong> outubro<br />
Na SNCT <strong>de</strong> 2008, que ocorreu entre<br />
20 e 26 <strong>de</strong> outubro, foram registra<strong>da</strong>s<br />
10.859 ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em 445<br />
municípios. O tema <strong>da</strong> <strong>Semana</strong> foi “Evolução<br />
e Diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>”, em função <strong>do</strong>s 150 anos<br />
<strong>da</strong> teoria <strong>da</strong> evolução pela seleção natural:<br />
“A evolução <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> está escora<strong>da</strong> e é fonte<br />
<strong>da</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> biológica. Por outro la<strong>do</strong>,<br />
a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> tem ampla gama <strong>de</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
étnicas, culturais e sociais. A diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
é também uma característica forte<br />
<strong>do</strong> País e uma <strong>de</strong> suas maiores riquezas.”<br />
2009 – <strong>Ciência</strong> no Brasil<br />
19 a 25 <strong>de</strong> outubro<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 5
PESQUISA<br />
Enquete <strong>Nacional</strong><br />
A percepção pública <strong>da</strong> ciência e tecnologia no Brasil<br />
Os brasileiros têm interesse gran<strong>de</strong> por<br />
ciência e tecnologia (C&T) e são otimistas<br />
em relação aos benefícios que<br />
po<strong>de</strong>m advir <strong>de</strong>las, mas têm consciência <strong>do</strong>s<br />
impactos ambientais e sociais e <strong>do</strong>s problemas<br />
éticos a elas associa<strong>do</strong>s. São resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesquisa<br />
nacional sobre percepção pública <strong>da</strong> C&T<br />
promovi<strong>da</strong> pelo MCT, com a colaboração <strong>da</strong><br />
UNESCO, e realiza<strong>da</strong> pela empresa CP2. Ela foi<br />
feita nos meses <strong>de</strong> junho e julho <strong>de</strong> 2010 e teve<br />
como objetivo avaliar o interesse, as atitu<strong>de</strong>s, as<br />
visões e o conhecimento que eles têm <strong>da</strong> C&T<br />
no país. Os resulta<strong>do</strong>s completos estarão proximamente<br />
no site <strong>do</strong> MCT. Foram realiza<strong>da</strong>s<br />
2016 entrevistas em to<strong>do</strong> o país, com margem<br />
<strong>de</strong> erro <strong>de</strong> 2% e intervalo <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> 95%.<br />
Uma enquete similar foi realiza<strong>da</strong> em 2006, o<br />
que possibilita uma comparação <strong>do</strong> que mu<strong>do</strong>u<br />
em 4 anos.<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 6<br />
Visitação a centros e museus <strong>de</strong> ciência<br />
e participação em eventos científicos<br />
Houve uma melhoria em relação a 2006, particularmente na<br />
visitação a centros e museus <strong>de</strong> C&T e na participação na<br />
<strong>Semana</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> C&T.<br />
Razões para não visitação a centros e museus <strong>de</strong> ciência e participação em eventos científicos<br />
Não sabe<br />
não respon<strong>de</strong>u<br />
Outro motivo<br />
Não tem<br />
recursos para ir<br />
Ficam muito longe<br />
Não sabe on<strong>de</strong> encontrar<br />
centros/museus<br />
Não se interessa<br />
Não teve tempo<br />
Não existem<br />
na região<br />
1%<br />
0,4%<br />
2%<br />
0,6%<br />
2,2%<br />
4,5%<br />
8%<br />
9,4%<br />
12%<br />
13,6%<br />
2006 2010<br />
21,8%<br />
Jardim<br />
Botânico<br />
19%<br />
21,9%<br />
Jardim<br />
Zoológico<br />
22%<br />
2006<br />
28%<br />
Jardim<br />
Zoológico/<br />
Jardim Botânico/<br />
Parque Ambiental<br />
2010<br />
31%<br />
32,6%<br />
12% 14,1% 16,4%<br />
13%<br />
Museu <strong>de</strong> Arte Feira/Olimpía<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>s ou<br />
Matemática<br />
35%<br />
36,8%<br />
28,7%<br />
25%<br />
3% 4,8% 4%<br />
Biblioteca Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>Semana</strong><br />
<strong>Nacional</strong> C&T<br />
8,3%<br />
Museu/Centro<br />
<strong>de</strong> C&T<br />
As principais razões que levaram os brasileiros<br />
a não visitarem museus ou centros<br />
<strong>de</strong> C&T nos últimos 12 meses foram: o<br />
fato <strong>de</strong> não existirem em sua região; a falta <strong>de</strong><br />
tempo ou <strong>de</strong> interesse e não saberem on<strong>de</strong> existem.<br />
Mais <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s brasileiros não vão a<br />
estes espaços porque não têm acesso a eles; eles<br />
também são muito mal distribuí<strong>do</strong>s pelas diversas<br />
regiões <strong>do</strong> país. A proporção <strong>de</strong> visitantes é<br />
muito reduzi<strong>da</strong> nas classes mais pobres: vai <strong>de</strong><br />
14% entre os mais ricos para menos <strong>de</strong> 4% entre<br />
os mais pobres. Isso mostra a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />
continuar a executar políticas públicas em educação<br />
científica e em divulgação <strong>da</strong> ciência que<br />
busquem reduzir as gran<strong>de</strong>s assimetrias regionais<br />
e sociais <strong>de</strong> acesso à informação e aos bens<br />
científico-culturais. Um ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque é a<br />
gran<strong>de</strong> visitação a zoológicos, jardins botânicos<br />
e parques ambientais. É importante <strong>de</strong>senvolver<br />
ali ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> divulgação científica e <strong>de</strong> educação<br />
ambiental, já que recebem um público <strong>de</strong><br />
mais <strong>de</strong> 30 milhões <strong>de</strong> brasileiros a ca<strong>da</strong> ano.<br />
2006<br />
2010<br />
INTERESSE GRANDE DOS BRASILEIROS<br />
POR CIÊNCIA E TECNOLOGIA<br />
O<br />
brasileiro tem eleva<strong>do</strong> interesse por<br />
C&T, que consi<strong>de</strong>ra um tema importante,<br />
apesar <strong>de</strong> ter pouco acesso a ele<br />
nos meios <strong>de</strong> comunicação e nos espaços científico-culturais.<br />
Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> 2006 são similares<br />
aos <strong>de</strong> 2010, com uma importante diferença: o<br />
interesse <strong>do</strong>s brasileiros por temas liga<strong>do</strong>s ao<br />
meio-ambiente cresceu bastante, fazen<strong>do</strong> com<br />
que ele fique empata<strong>do</strong>, em primeiro lugar, com<br />
medicina e saú<strong>de</strong> e com, um pouco abaixo, religião.<br />
O interesse por C&T é bastante alto, com<br />
valores similares a esportes e economia.<br />
Uso <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> comunicação<br />
Temas <strong>de</strong> Interesse<br />
PESQUISA<br />
muito interessa<strong>do</strong> interessa<strong>do</strong> pouco interessa<strong>do</strong> tem interesse<br />
Contrastan<strong>do</strong> com o interesse gran<strong>de</strong><br />
por C&T, os brasileiros recebem pouca<br />
informação <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> comunicação.<br />
A TV é o meio mais utiliza<strong>do</strong>, enquanto o<br />
rádio é raramente usa<strong>do</strong> para a divulgação<br />
<strong>da</strong> ciência. O resulta<strong>do</strong> melhorou <strong>de</strong> 2006<br />
para 2010, particularmente na internet<br />
(<strong>de</strong> 21% para 34%, no total), mas continua<br />
muito aquém <strong>do</strong> <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>. Meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />
brasileiros acha que a cobertura <strong>do</strong>s<br />
assuntos <strong>de</strong> C&T nos jornais e na TV tem<br />
boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas reclamam <strong>da</strong> pouca<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> matérias.<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 7
Percepção <strong>da</strong> população sobre<br />
a ciência no Brasil<br />
A opinião <strong>do</strong>s brasileiros sobre a situação<br />
<strong>da</strong> ciência brasileira<br />
2006<br />
45%<br />
PESQUISA<br />
2010<br />
49,7%<br />
18%<br />
19,7%<br />
4%<br />
3,9%<br />
33%<br />
26,7%<br />
Avança<strong>da</strong> Intermediária Atrasa<strong>da</strong> Não sabe/não respon<strong>de</strong>u<br />
A percepção sobre os benefícios e malefícios<br />
<strong>da</strong> ciência e tecnologia<br />
Só benefícios<br />
Mais benefícios<br />
que maléficios<br />
Tanto benefícios<br />
quanto maléficios<br />
Mais malefícios<br />
que benefícios<br />
Só malefícios<br />
Não sabe<br />
/não respon<strong>de</strong>u<br />
2,5%<br />
0,7%<br />
1,6%<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 8<br />
14,0%<br />
38,9%<br />
42,3%<br />
A visão <strong>do</strong>s brasileiros é amplamente<br />
favorável à ciência, mais <strong>do</strong><br />
que em qualquer outro país: 81,2<br />
% acham que a C&T ou traz só benefícios<br />
ou produz mais benefícios<br />
que malefícios. Esta apreciação<br />
não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> formação<br />
ou <strong>da</strong> classe social.<br />
12,2%<br />
0,1%<br />
Conhecimento <strong>da</strong> população sobre os cientistas<br />
brasileiros<br />
2010<br />
Áreas <strong>de</strong> maior importância para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>do</strong> país - 2010<br />
Medicamentos e<br />
tecnologias médicas<br />
Agricultura<br />
Mu<strong>da</strong>nças climáticas<br />
Energia Solar<br />
Bicombustíveis<br />
Computa<strong>do</strong>res e<br />
tecnologia <strong>da</strong> informação<br />
<strong>Ciência</strong>s Sociais<br />
Biotecnologia<br />
Exploração <strong>do</strong>s<br />
recursos marítimos<br />
Nanotecnologia<br />
Exploração espacial<br />
Energia Nuclear<br />
Não sabe<br />
/não respon<strong>de</strong>u<br />
6%<br />
4%<br />
3,6%<br />
1,9%<br />
1,3%<br />
1,3%<br />
1,2%<br />
1,2%<br />
3,3%<br />
15%<br />
14,8%<br />
14%<br />
87,6%<br />
conhece não conhece não respon<strong>de</strong>u<br />
Entre 2006 e 2010, melhorou um pouco a avaliação <strong>do</strong>s brasileiros<br />
sobre o <strong>de</strong>senvolvimento científico brasileiro. Meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>les crê<br />
que a ciência brasileira está hoje numa situação “intermediária”<br />
em relação à ciência produzi<strong>da</strong> no restante <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Por outro la<strong>do</strong>,<br />
o conhecimento sobre os cientistas brasileiros ou sobre as instituições<br />
científicas importantes <strong>do</strong> país continua muito baixo: cerca <strong>de</strong> 87,6%<br />
não são capazes <strong>de</strong> citar um cientista brasileiro importante (o campeão<br />
<strong>de</strong> citações é Oswal<strong>do</strong> Cruz, segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> Carlos Chagas), enquanto 82%<br />
não conseguem mencionar uma instituição <strong>de</strong> pesquisa.<br />
32,1%<br />
“Medicamentos e tecnologias<br />
médicas” é a área mais<br />
importante a ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>.<br />
Em segun<strong>do</strong> lugar, estão<br />
agricultura e energias renováveis<br />
(solar e biocombustíveis).<br />
De 2006 para cá, surgiu<br />
um novo tema: os brasileiros<br />
julgam relevante a pesquisa<br />
sobre mu<strong>da</strong>nças climáticas.<br />
Ano Internacional <strong>da</strong><br />
Campanha global para estimular<br />
o mun<strong>do</strong> a agir pela proteção <strong>da</strong><br />
biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
A<br />
Assembleia Geral <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s<br />
<strong>de</strong>clarou 2010 como o Ano Internacional<br />
<strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o objetivo <strong>de</strong><br />
conscientizar a população mundial sobre a importância<br />
<strong>do</strong> tema para o planeta. É uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
para:<br />
Expressar a importância <strong>da</strong><br />
biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> para o bem-estar <strong>da</strong>s<br />
populações.<br />
Refletir sobre as conquistas<br />
alcança<strong>da</strong>s até agora para preservar a<br />
biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Dobrar os esforços para reduzir o índice <strong>de</strong><br />
per<strong>da</strong> <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
O Ano Internacional <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> 2010<br />
visa refletir sobre as ações já realiza<strong>da</strong>s, além <strong>de</strong><br />
celebrar os sucessos alcança<strong>do</strong>s até agora.<br />
Salvar a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> requer o esforço <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s.<br />
Por meio <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em várias partes <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong>, a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> global po<strong>de</strong>rá trabalhar em<br />
conjunto, para garantir um futuro sustentável.<br />
Esta campanha é um <strong>de</strong>safio significante e,<br />
para que seja bem sucedi<strong>da</strong>, é preciso criar e promover<br />
ações vin<strong>da</strong>s <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os setores e <strong>de</strong> vários<br />
países. Portanto, é preciso trabalhar junto.<br />
Fonte: www.unesco.org/pt<br />
Biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
CONCUrSO CUlTUrAl<br />
Como parte <strong>da</strong>s comemorações<br />
<strong>de</strong> 2010, o Museu <strong>da</strong><br />
Vi<strong>da</strong>, Museu <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>s e<br />
<strong>Tecnologia</strong> <strong>da</strong> Pontifícia Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Católica/RS e Ministério <strong>da</strong><br />
C&T, em parceria com Globinho e<br />
Megazine, realizaram um concurso<br />
sobre a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira.<br />
Foram duas categorias propostas.<br />
A primeira (<strong>de</strong> 7 a 12 anos), chama<strong>da</strong><br />
“Animais e plantas na ponta <strong>do</strong><br />
lápis!”, on<strong>de</strong> concorreram cerca <strong>de</strong><br />
1.500 <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> várias regiões<br />
brasileiras. Na segun<strong>da</strong> categoria,<br />
“A biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> por<br />
trás <strong>da</strong> câmera!” (13 a<br />
17 anos) foram cerca<br />
<strong>de</strong> 500 imagens, que<br />
traziam a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
presente na vi<strong>da</strong> e na<br />
região <strong>de</strong> seus autores.<br />
Segun<strong>do</strong> os coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res<br />
foi uma<br />
escolha difícil.<br />
1• lugar<br />
Fernan<strong>da</strong> Banic Viana Martins, 13 anos<br />
Associação Educacional Miraflores, Niterói (RJ)<br />
1• lugar 2• lugar<br />
Camila Apareci<strong>da</strong> Rice Branco, 11 anos<br />
Letícia Pereira, 11 anos<br />
E. E. F. M. E. P. J. A. Emb. Assis Chateaubriand, Osasco (SP)<br />
DESTAQUES DA CIÊNCIA<br />
Por trás <strong>da</strong>s câmeras<br />
2• lugar<br />
Kauana Nadine Rangel <strong>de</strong> Souza Brock, 15 anos<br />
Colégio Jesus Maria José, São Miguel <strong>do</strong> Oeste (SC)<br />
3• lugar<br />
Kleyb Tyrone Coêlho <strong>da</strong> Silva, 15 anos<br />
Fun<strong>da</strong>ção Bra<strong>de</strong>sco, Ceilândia (DF)<br />
Animais e plantas na ponta <strong>do</strong> lápis<br />
Colégio E.B.M Macha<strong>do</strong> <strong>de</strong> Assis, Blumenau (SC)<br />
3• lugar<br />
Manoela <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> Santos, 9 anos<br />
Colégio Miraflores, Niterói (RJ)<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 9
DESTAQUES DA CIÊNCIA CONFErÊNCIA<br />
Por <strong>de</strong>cisão <strong>da</strong> ONU, 2011 será o Ano Internacional<br />
<strong>da</strong> Química (AIQ 2011).<br />
O objetivo é celebrar as gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scobertas<br />
e os avanços científicos e tecnológicos<br />
<strong>da</strong> Química, com um olhar especial para<br />
a educação e enfatizan<strong>do</strong> o que a química<br />
tem contribuí<strong>do</strong> (e po<strong>de</strong> contribuir ain<strong>da</strong><br />
mais) nas questões ambientais e na sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
O slogan <strong>da</strong> campanha internacional<br />
“CHEMISTRY: our life, our future” foi<br />
a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong>, no Brasil, para “AIQ 2011: Química<br />
para um mun<strong>do</strong> melhor”, para o qual foi<br />
cria<strong>do</strong> um selo e um portal nacional.<br />
Com o apoio <strong>do</strong> Ministério <strong>da</strong> <strong>Ciência</strong> e<br />
<strong>Tecnologia</strong> e <strong>de</strong> outros órgãos <strong>de</strong> governo,<br />
e por meio <strong>da</strong> união <strong>de</strong> esforços entre a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Brasileira <strong>de</strong> Química (SBQ), a Associação<br />
Brasileira <strong>da</strong>s Indústrias Químicas<br />
(ABIQUIM), os Conselhos Representativos e<br />
outras enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> química brasileira, estão<br />
previstas diversas ações para 2011. Entre<br />
elas: exposições, mostras científicas e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
artísticas; produção e distribuição <strong>de</strong><br />
materiais didáticos e para-didáticos (como<br />
cartilhas, livros, kits <strong>de</strong> experimentos etc);<br />
e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s especialmente direciona<strong>da</strong>s<br />
para professores e licencian<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Química.<br />
Além disso, estão previstas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> divulgação<br />
para os jovens e para o público em<br />
geral, palestras para jornalistas <strong>da</strong> área científica,<br />
construção <strong>de</strong> blogs, concursos <strong>de</strong> fotos<br />
e <strong>de</strong>senhos, entre outras ações. Foi feito<br />
também um edital, para apoiar projetos <strong>de</strong><br />
divulgação <strong>da</strong> química em to<strong>do</strong> país.<br />
Você está convi<strong>da</strong><strong>do</strong> a organizar e/ou<br />
participar <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> AIQ 2011.<br />
Mais informações em:<br />
http://quimica2011.org.br/<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 10<br />
Dia Mundial <strong>da</strong><br />
CIÊNCIA<br />
PElA PAZ E PElO<br />
DESENVOlVIMENTO<br />
Estabeleci<strong>do</strong> em 2001 e celebra<strong>do</strong> no<br />
Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano 2005, o Dia Mundial<br />
<strong>da</strong> <strong>Ciência</strong> pela Paz e pelo Desenvolvimento<br />
é comemora<strong>do</strong> no dia 10 <strong>de</strong><br />
novembro. Essa <strong>da</strong>ta representa uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
para que se reflita sobre a função<br />
que a ciência <strong>de</strong>sempenha na construção <strong>de</strong><br />
um mun<strong>do</strong> melhor e nela preten<strong>de</strong>-se reiterar<br />
o compromisso <strong>da</strong> UNESCO em: (i)<br />
fortalecer a consciência pública <strong>do</strong> papel <strong>da</strong><br />
ciência na promoção <strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s sustentáveis<br />
e pacíficas; (ii) promover o intercâmbio<br />
nacional e internacional <strong>do</strong> conhecimento<br />
científico; (iii) renovar o compromisso nacional<br />
e internacional no uso <strong>da</strong> ciência em<br />
prol <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>; (iv) enfatizar os <strong>de</strong>safios<br />
enfrenta<strong>do</strong>s pela ciência e fomentar o apoio à<br />
promoção <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento científico.<br />
No Brasil, o Dia Mundial <strong>da</strong> <strong>Ciência</strong> pela<br />
Paz e pelo Desenvolvimento é uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> mobilizar cientistas, estu<strong>da</strong>ntes,<br />
professores, enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s civis e autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
governamentais. Para tanto, a UNESCO<br />
promove discussões sobre: o papel <strong>da</strong> ciência<br />
para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>; a importância <strong>da</strong> educação<br />
científica <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>; a consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong><br />
uma Política <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> para <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong>,<br />
<strong>de</strong> longo prazo, que assegure benefícios<br />
para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> Dia Mundial <strong>da</strong> <strong>Ciência</strong>, coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s<br />
pela UNESCO, acontecem em Brasília<br />
e tem a participação <strong>de</strong> muitas instituições<br />
e enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s e conta com o apoio <strong>do</strong> MCT.<br />
Participe, visite o site para mais informações:<br />
http://eventos.unesco.org.br/dia<strong>da</strong>ciencia/<br />
Ano Internacional<br />
<strong>da</strong>s Florestas<br />
realização<br />
Revista<br />
concUrso<br />
ano internacional <strong>da</strong>s<br />
florestas<br />
ConCurso De Desenhos, FoToGrAFIAs e ArTIGos<br />
COM CIÊNCIA<br />
Amb ental<br />
Uma contribuição à mobilização mundial em prol <strong>da</strong>s florestas<br />
com o propósito <strong>de</strong> “auxiliar a<br />
mobilização <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> mundial<br />
a se juntar e trabalhar com governos,<br />
organizações internacionais e grupos<br />
civis para assegurar que as florestas<br />
sejam maneja<strong>da</strong>s <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> sustentável<br />
para as gerações atual e futuras”, a<br />
assembléia Geral <strong>da</strong> onU <strong>de</strong>clarou<br />
2011 como ano internacional <strong>da</strong>s<br />
Florestas. escolha a categoria e faça<br />
parte <strong>de</strong>sta campanha!<br />
COM CIÊNCIA Ministério <strong>da</strong> <strong>Ciência</strong> e<br />
<strong>Tecnologia</strong><br />
Saiba mais em:<br />
www.conscienciaambiental.com.br<br />
Categoria Desenho<br />
Tema: A Floresta Brasileira<br />
Público: crianças <strong>de</strong> 7 a 12 anos<br />
Categoria Fotografia<br />
Tema: Como vejo uma floresta sustentável<br />
Público: jovens <strong>de</strong> 13 a 17 anos<br />
Categoria Artigo<br />
Tema: O que posso fazer, na minha área <strong>de</strong><br />
formação, pela sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s florestas<br />
Público: universitários <strong>da</strong>s diversas áreas <strong>do</strong><br />
conhecimento<br />
inscrições – <strong>de</strong> 1/11/2010 a 30/4//2011<br />
Consulte o regulamento em:<br />
www.comcienciaambiental.com.br<br />
http://semanact.mct.gov.br<br />
CONSUlTA PúBlICA<br />
Livro Azul<br />
4ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />
Consulta Pública: As principais conclusões<br />
e propostas <strong>da</strong> Conferência<br />
A<br />
4ª Conferência <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>, <strong>Tecnologia</strong><br />
e Inovação (4ª CNCTI) foi realiza<strong>da</strong><br />
em maio <strong>de</strong>ste ano, em Brasília,<br />
e reuniu cerca <strong>de</strong> 4 mil pessoas <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
científica e tecnológica, empresas, setores educacionais,<br />
governos fe<strong>de</strong>ral, estaduais e municipais<br />
e <strong>do</strong> Terceiro Setor. Foi um evento importante<br />
para a <strong>de</strong>finição <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s linhas que <strong>de</strong>verão<br />
presidir a construção <strong>de</strong> uma Política <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> CT&I para o Desenvolvimento Sustentável.<br />
Ali foram feitas análises e avaliações sobre a situação<br />
<strong>de</strong> C&T no Brasil e formula<strong>da</strong>s metas e<br />
propostas para um <strong>de</strong>senvolvimento nacional<br />
sustentável, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista econômico, ambiental<br />
e social, na próxima déca<strong>da</strong>. A 4a CNCTI<br />
foi precedi<strong>da</strong> por cinco Conferências Regionais,<br />
seis seminários temáticos e muitos encontros<br />
com diversos segmentos, que permitiram um<br />
gran<strong>de</strong> envolvimento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e um aprofun<strong>da</strong>mento<br />
<strong>de</strong> questões centrais para o nosso<br />
<strong>de</strong>senvolvimento científico e tecnológico.<br />
A Conferência foi organiza<strong>da</strong> em torno <strong>do</strong>s<br />
quatro gran<strong>de</strong>s eixos <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Ação em<br />
<strong>Ciência</strong>, <strong>Tecnologia</strong> e Inovação para o Desenvolvimento<br />
<strong>Nacional</strong> 2007-2010: 1. O Sistema<br />
<strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>, <strong>Tecnologia</strong> e Inovação; 2.<br />
Inovação na Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e nas Empresas; 3. Pesquisa,<br />
Desenvolvimento e Inovação em Áreas<br />
Estratégicas; 4. CT&I para o Desenvolvimento<br />
Social.<br />
Entre os <strong>de</strong>safios e temas abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s na Conferência<br />
estavam: a utilização sustentável <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
e <strong>do</strong>s recursos naturais; a educação<br />
<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> em to<strong>do</strong>s os níveis; o aumento <strong>da</strong>s<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong><br />
inovação nas empresas; o uso <strong>da</strong> CT&I para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento social; a estrutura <strong>do</strong> sistema<br />
nacional <strong>de</strong> CT&I; os marcos legais na área <strong>de</strong><br />
CT&I; a formação <strong>de</strong> recursos humanos; a bioenergia<br />
e as energias alternativas; os <strong>de</strong>safios<br />
regionais, territoriais e ambientais; a popularização<br />
e a apropriação social <strong>da</strong> C&T; além <strong>de</strong><br />
temas estratégicos como a nanotecnologia, a<br />
biotecnologia, a metrologia, vacinas e fármacos,<br />
mar e ambientes costeiros, recursos hídricos e<br />
minerais, agricultura sustentável, tecnologias<br />
sociais, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s espaciais e energia nuclear.<br />
Neste ca<strong>de</strong>rno especial apresentamos a síntese<br />
<strong>da</strong>s principais análises e propostas apresenta<strong>da</strong>s<br />
na 4a CNCTI. Este texto está sen<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong><br />
a uma consulta pública, em escala nacional,<br />
para ser aprimora<strong>do</strong> e se transformar no “Livro<br />
Azul”, que trará importantes subsídios para a<br />
construção <strong>de</strong> uma Política <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> CT&I<br />
para o Desenvolvimento Sustentável para a próxima<br />
déca<strong>da</strong>. Por questão <strong>de</strong> espaço, alguns tre-<br />
chos <strong>de</strong>sta proposta para o Livro Azul foram suprimi<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>sta versão para o <strong>Jornal</strong> <strong>da</strong> <strong>Semana</strong>,<br />
embora to<strong>da</strong>s as recomen<strong>da</strong>ções tenham si<strong>do</strong><br />
manti<strong>da</strong>s. O texto completo po<strong>de</strong> ser encontra<strong>do</strong><br />
nos sites abaixo relaciona<strong>do</strong>s, assim como os<br />
textos consoli<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as propostas apresenta<strong>da</strong>s<br />
na 4a CNCTI e que po<strong>de</strong>rão também<br />
ser comenta<strong>da</strong>s.<br />
Contribua com esta consulta: leia o texto,<br />
divulgue-o, <strong>de</strong>bata-o, envie sugestões para<br />
seu aprimoramento. As sugestões po<strong>de</strong>m ser<br />
envia<strong>da</strong>s para os sites:<br />
www.mct.gov.br ou www.cgee.org.br<br />
até o dia 22 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2010.<br />
Participe!<br />
Sua opinião é muito importante e<br />
po<strong>de</strong> fazer a diferença.<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 11
CONFErÊNCIA<br />
Entrevista: Luiz Davi<strong>do</strong>vich<br />
Os <strong>de</strong>safios <strong>da</strong> Conferência <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>, <strong>Tecnologia</strong> e Inovação<br />
O Secretário Geral <strong>da</strong> 4ª CNCTI, prof. Luiz Davi<strong>do</strong>vich, faz uma reflexão sobre o que representou a Conferência para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
brasileira e quais os <strong>de</strong>safios que virão com o Livro Azul. Em entrevista ao <strong>Jornal</strong> <strong>da</strong> <strong>Semana</strong> C&T, ele fala sobre os principais temas,<br />
as contribuições e o envolvimento <strong>do</strong>s diversos segmentos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Alguns pontos estão <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>s no encarte <strong>de</strong>ssa edição.<br />
<strong>Jornal</strong> C&T: Qual a sua avaliação geral <strong>da</strong> 4ª CNCTI?<br />
Davi<strong>do</strong>vich: Foi um momento importante <strong>de</strong> mobilização<br />
<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira em torno <strong>de</strong> temas fun<strong>da</strong>mentais<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável <strong>de</strong> nosso País.<br />
Não foram somente os três dias <strong>da</strong> Conferência, mas os<br />
meses que a prece<strong>de</strong>ram. No âmbito municipal, tivemos<br />
a participação <strong>do</strong> Fórum Municipal <strong>de</strong> Secretarias Municipais<br />
<strong>de</strong> C&T, que ilustra o alcance <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> CT no<br />
território nacional. A Conferência cumpriu seu objetivo. Os<br />
<strong>de</strong>bates foram assisti<strong>do</strong>s por cerca <strong>de</strong> 4.000 participantes,<br />
envolven<strong>do</strong> a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> científica, professores, o meio<br />
empresarial em proporção significativamente maior <strong>do</strong><br />
que nos encontros anteriores, governo, organizações estu<strong>da</strong>ntis,<br />
sindicatos <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res, movimentos sociais.<br />
Durante a Conferência, foram mais <strong>de</strong> 40.000 acessos pela<br />
internet. A Conferência abor<strong>do</strong>u temas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância,<br />
como a exploração sustentável <strong>da</strong> Amazônia, <strong>do</strong> mar<br />
e <strong>de</strong> outras regiões <strong>do</strong> ter-<br />
ritório nacional; a inovação<br />
na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e nas empresas;<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
tecnologias estratégicas; o<br />
fortalecimento e papel <strong>da</strong> ciência<br />
e <strong>da</strong> tecnologia no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
social; a melhoria<br />
<strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> educação em to<strong>do</strong>s os níveis<br />
e o papel <strong>do</strong> Brasil no mun<strong>do</strong>. Acredito que as<br />
orientações e sugestões <strong>da</strong> 4ª CNCTI <strong>de</strong>verão<br />
influenciar fortemente o planejamento, que<br />
terá como marco inicial o ano <strong>de</strong> 2011.<br />
<strong>Jornal</strong> C&T: Qual era o objetivo central<br />
<strong>da</strong> Conferência?<br />
Davi<strong>do</strong>vich: Contribuir para a formulação <strong>de</strong><br />
uma política <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>, <strong>Tecnologia</strong><br />
e Inovação para um Desenvolvimento Sustentável,<br />
a ser implanta<strong>do</strong> na próxima déca<strong>da</strong>.<br />
Um objetivo ambicioso,<br />
pois envolve uma concepção<br />
<strong>de</strong> um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
que valorize<br />
a natureza e os seres humanos,<br />
sustentável nos âmbitos<br />
econômico, social e<br />
ambiental.<br />
“A Conferência abor<strong>do</strong>u temas <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> relevância, como a exploração<br />
sustentável <strong>da</strong> Amazônia, <strong>do</strong> mar e <strong>de</strong><br />
outras regiões <strong>do</strong> território nacional”.<br />
<strong>Jornal</strong> C&T: Como se <strong>de</strong>u sua preparação?<br />
Davi<strong>do</strong>vich: A preparação <strong>da</strong> Conferência começou em<br />
2009, através <strong>de</strong> reuniões com vários setores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
e continuou no primeiro semestre <strong>de</strong> 2010, através <strong>de</strong> Conferências<br />
Estaduais e Regionais, e <strong>de</strong> seminários preparatórios<br />
com seis gran<strong>de</strong>s temas abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s: Desenvolvimento<br />
Sustentável; Inovação nas Empresas; Produção <strong>de</strong> Conhecimento<br />
no Brasil; Educação <strong>de</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Primeira<br />
Infância; <strong>Ciência</strong>, <strong>Tecnologia</strong> e Inovação e Desenvolvimento<br />
Social; e o Brasil no Mun<strong>do</strong>. A contribuição <strong>da</strong>s Secretarias<br />
Estaduais <strong>de</strong> C&T e <strong>da</strong>s Fun<strong>da</strong>ções <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa<br />
foi fun<strong>da</strong>mental. Contamos ain<strong>da</strong> com a participação <strong>de</strong> um<br />
Conselho Consultivo, composto por personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> vários<br />
setores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, e com uma Comissão Organiza<strong>do</strong>ra,<br />
composta por cerca <strong>de</strong> 40 enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s, incluin<strong>do</strong> a Confe<strong>de</strong>ração<br />
<strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Indústrias, DIEESE, SEBRAE, UNESCO,<br />
UNE, Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>s e SBPC.<br />
<strong>Jornal</strong> C&T: Como foi a<br />
participação <strong>do</strong>s diversos<br />
setores sociais?<br />
Davi<strong>do</strong>vich: Houve a participação<br />
<strong>de</strong> diversos setores<br />
sociais, incluin<strong>do</strong> não<br />
apenas cientistas e gestores<br />
públicos. Embora a participação <strong>do</strong> meio empresarial,<br />
sindicatos e movimentos sociais tenha si<strong>do</strong><br />
superior à <strong>da</strong>s conferências anteriores, acho que<br />
temos muito ain<strong>da</strong> a avançar, o que não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá<br />
apenas <strong>da</strong>s próximas conferências, mas <strong>da</strong><br />
própria penetração <strong>da</strong> ciência e <strong>da</strong> tecnologia<br />
na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira.<br />
<strong>Jornal</strong> C&T: Quais as principais questões<br />
surgi<strong>da</strong>s na discussão sobre o Sistema <strong>Nacional</strong><br />
<strong>de</strong> CTI?<br />
Davi<strong>do</strong>vich: Uma questão levanta<strong>da</strong><br />
frequentemente, na Conferência<br />
e nas reuniões preparatórias,<br />
se refere aos marcos<br />
regulatórios, ou seja, o<br />
conjunto <strong>de</strong> leis e procedimentos<br />
que emperram<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong><br />
ciência e <strong>da</strong> tecnologia<br />
no País. Apesar <strong>do</strong>s<br />
progressos obti<strong>do</strong>s<br />
nos últimos anos, os<br />
marcos legais ain<strong>da</strong><br />
são <strong>de</strong>ficientes, ignoram<br />
a especifici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
pesquisa e <strong>de</strong>sen-<br />
volvimento. Mencionou-se, também, a importância <strong>de</strong><br />
sustentar o avanço <strong>da</strong> ciência, ocorri<strong>do</strong> nas últimas déca<strong>da</strong>s.<br />
Discutiu-se a estrutura <strong>do</strong> Sistema <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Ct&I e<br />
a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fortalecer a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong>sse sistema.<br />
<strong>Jornal</strong> C&T: E as principais metas e propostas gerais<br />
que apareceram para este ponto? Em particular sobre<br />
a expansão quantitativa e qualitativa <strong>da</strong> produção<br />
científica brasileira?<br />
Davi<strong>do</strong>vich: Há propostas concretas, que foram objeto <strong>de</strong><br />
um <strong>do</strong>cumento, recentemente entregue pela SBPC e ABC<br />
ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República. Consi<strong>de</strong>rou-se que foram obti<strong>do</strong>s<br />
avanços importantes nos últimos anos, na quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. O crescimento <strong>do</strong> número <strong>de</strong> artigos publica<strong>do</strong>s<br />
em revistas in<strong>de</strong>xa<strong>da</strong>s tem esta<strong>do</strong> muito acima <strong>da</strong> média<br />
mundial, o que levou o Brasil ao 13º lugar nesta produção.<br />
Consi<strong>de</strong>rou-se na Conferência que, para fortalecer nosso<br />
protagonismo internacional e consoli<strong>da</strong>r a base científica<br />
para o avanço <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s inova<strong>do</strong>ras é preciso alcançar,<br />
na próxima déca<strong>da</strong>, avanços significativos na titulação<br />
anual <strong>de</strong> mestres e <strong>do</strong>utores, com a <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> priori<strong>da</strong><strong>de</strong> na<br />
concessão <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s; no contingente <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res/técnicos<br />
<strong>da</strong> área <strong>de</strong> CT&I; na produção <strong>de</strong> trabalhos<br />
científicos em revistas qualifica<strong>da</strong>s; nos investimentos<br />
nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação científica internacional; em<br />
investimentos em infraestrutura, com a expansão <strong>do</strong> sistema<br />
universitário e <strong>do</strong>s institutos <strong>de</strong> pesquisa e laboratórios.<br />
<strong>Jornal</strong> C&T: Quais as principais questões surgi<strong>da</strong>s na<br />
discussão sobre Inovação na Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e nas Empresas?<br />
Davi<strong>do</strong>vich: De fato, a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> inovação e, sobretu<strong>do</strong>,<br />
a <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento em empresas, tem<br />
si<strong>do</strong> muito reduzi<strong>da</strong> em nosso País, e é necessário tempo<br />
para que haja mu<strong>da</strong>nças significativas. Deve-se notar, no<br />
entanto, que as empresas brasileiras têm avança<strong>do</strong> em<br />
inovação em ritmo superior a qualquer outra economia<br />
latino-americana. Em parte, esses resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>correm <strong>de</strong><br />
um conjunto <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> fomento, abertos pela<br />
Lei <strong>de</strong> Inovação, <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2004, e pela Lei <strong>do</strong> Bem,<br />
<strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2005, além <strong>da</strong> Lei <strong>de</strong> Informática, entre<br />
outras iniciativas. A subvenção prevista na Lei <strong>de</strong> Inovação<br />
permitiu que nas áreas seleciona<strong>da</strong>s (<strong>Tecnologia</strong>s <strong>de</strong> Informação<br />
e Comunicação, Biotecnologia, Nanotecnologia,<br />
Energia, Saú<strong>de</strong>, Temas Estratégicos e Desenvolvimento Social)<br />
recursos não reembolsáveis, <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> R$ 1,5 bilhão,<br />
fossem repassa<strong>do</strong>s para empresas inova<strong>do</strong>ras nos últimos<br />
três anos. Por outro la<strong>do</strong>, os benefícios <strong>da</strong> Lei <strong>de</strong> Informática<br />
e <strong>da</strong> Lei <strong>do</strong> Bem concentram-se em um reduzi<strong>do</strong> número<br />
<strong>de</strong> empresas: apenas 11 empresas concentram 70% <strong>do</strong> faturamento<br />
total na área <strong>de</strong> inovação em informática.<br />
Houve progressos importantes, mas ain<strong>da</strong> temos um longo<br />
caminho a percorrer. Como transformar nossa pauta <strong>de</strong><br />
exportações, que é ain<strong>da</strong><br />
<strong>do</strong>mina<strong>da</strong> por produtos <strong>de</strong><br />
baixo valor agrega<strong>do</strong>? Como<br />
aumentar o número <strong>de</strong> cientistas,<br />
engenheiros e técnicos envolvi<strong>do</strong>s<br />
em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento<br />
em empresas inova<strong>do</strong>ras? Como formar<br />
os profissionais necessários? Como construir interfaces<br />
<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que a produção científica nacional possa<br />
aju<strong>da</strong>r a agregar valor à produção e exportação? Como<br />
criar ambientes econômicos favoráveis à inovação? Essas<br />
foram algumas <strong>da</strong>s questões levanta<strong>da</strong>s. A interação universi<strong>da</strong><strong>de</strong>-empresa-governo<br />
permeou to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>bates.<br />
<strong>Jornal</strong> C&T: E as principais metas e propostas para<br />
estimular a inovação tecnológica nas empresas?<br />
Davi<strong>do</strong>vich: Um amplo leque foi apresenta<strong>do</strong>, incluin<strong>do</strong> a<br />
ampliação <strong>do</strong> percentual <strong>de</strong> investimento <strong>do</strong> PIB nacional<br />
em inovação; estímulo a esta<strong>do</strong>s e municípios; articulação<br />
<strong>do</strong> aumento <strong>de</strong> opções e <strong>de</strong> recursos, bem como o alinhamento<br />
<strong>de</strong> mecanismos públicos; estímulo, por meio <strong>do</strong> BN-<br />
DES, <strong>do</strong> Banco Central e <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> capitais à criação<br />
<strong>de</strong> Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Riscos para financiar empreendimentos inova<strong>do</strong>res;<br />
estímulo à criação <strong>de</strong> novas e a expansão <strong>da</strong>s atuais<br />
linhas <strong>de</strong> fomento; ampliação <strong>do</strong>s recursos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aos<br />
programas <strong>de</strong> subvenção econômica, o incremento <strong>do</strong>s mecanismos<br />
<strong>de</strong> apoio à inovação nas pequenas e médias empresas.<br />
<strong>Jornal</strong> C&T: Quais as principais questões surgi<strong>da</strong>s na<br />
discussão nas áreas estratégicas?<br />
Davi<strong>do</strong>vich: Esse eixo envolveu diversos temas importantes,<br />
como o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável <strong>da</strong> Amazônia,<br />
Pantanal e Cerra<strong>do</strong>; exploração <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> mar; energias<br />
alternativas; biotecnologia; tecnologias <strong>de</strong> informação<br />
e comunicação; saú<strong>de</strong>; e mu<strong>da</strong>nças climáticas. Um <strong>do</strong>s<br />
gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios é a exploração sustentável <strong>da</strong> Amazônia.<br />
Várias propostas foram encaminha<strong>da</strong>s nesse senti<strong>do</strong>, enfatizan<strong>do</strong><br />
em particular a importância <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> institutos<br />
e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa, volta<strong>da</strong>s para a compreensão e<br />
utilização <strong>da</strong>s riquezas <strong>de</strong>ssa complexa região. Uma gran<strong>de</strong><br />
vantagem comparativa <strong>do</strong> Brasil é o tamanho <strong>de</strong> seu litoral,<br />
pois há uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira “Amazônia Azul”, envolven<strong>do</strong><br />
petróleo e gás natural, pesca, recursos minerais marinhos,<br />
potencial energético, transporte marítimo e portos. O Pré-<br />
-Sal surge como imenso <strong>de</strong>safio. Temos ain<strong>da</strong> condições<br />
excepcionais para <strong>de</strong>senvolver novas fontes <strong>de</strong> energia,<br />
incluin<strong>do</strong> a bioenergia, a energia fotovoltaica, a energia<br />
eólica.<br />
<strong>Jornal</strong> C&T: Como está o quadro atual <strong>da</strong> educação<br />
brasileira e as propostas para este gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio?<br />
Davi<strong>do</strong>vich: A necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma revolução na educação,<br />
em to<strong>do</strong>s os níveis, tornou-se unanimi<strong>da</strong><strong>de</strong> nacional.<br />
A baixa escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> população brasileira constitui importante<br />
obstáculo para nosso <strong>de</strong>senvolvimento. Os gran<strong>de</strong>s<br />
projetos previstos para a próxima déca<strong>da</strong> requerem<br />
um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> profissionais bem-qualifica<strong>do</strong>s nos<br />
níveis técnico e superior. E a formação <strong>de</strong>sse contingente<br />
pressupõe uma educação básica <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. A <strong>de</strong>seja<strong>da</strong><br />
universalização <strong>do</strong> ensino fun<strong>da</strong>mental, fruto <strong>de</strong> um esforço<br />
estratégico <strong>de</strong> várias déca<strong>da</strong>s, foi acompanha<strong>da</strong> <strong>de</strong> um<br />
efeito perverso: a <strong>de</strong>svalorização <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes e a redução<br />
drástica <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> ensino. A remuneração irrisória <strong>do</strong><br />
professor <strong>de</strong> educação básica, sua formação <strong>de</strong>ficiente, a<br />
consequente baixa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> ensino, a infra-estrutura<br />
precária <strong>da</strong>s escolas, a duração reduzi<strong>da</strong> <strong>do</strong> turno escolar<br />
e a falta <strong>de</strong> apoio à pré-infância em comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s carentes<br />
contribuem para reduzir a mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> social. A municipalização<br />
<strong>da</strong> educação infantil e <strong>da</strong> educação fun<strong>da</strong>mental,<br />
introduzi<strong>da</strong> pela Constituição <strong>de</strong> 1988, tem a vantagem<br />
<strong>de</strong> permitir um acompanhamento mais estreito por parte<br />
<strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s envolvi<strong>da</strong>s, mas dificulta a articulação<br />
<strong>de</strong> uma política nacional para esses níveis <strong>de</strong> ensino. Iniciativas<br />
recentes aju<strong>da</strong>m a mu<strong>da</strong>r esse quadro. O Plano<br />
<strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Professores <strong>da</strong> Educação Básica,<br />
instituí<strong>do</strong> em 2009, articula ações em vários níveis para<br />
ministrar cursos superiores gratuitos e <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> a professores<br />
sem formação a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> em exercício <strong>da</strong>s escolas<br />
públicas, atribuin<strong>do</strong> à Capes a indução, o fomento e a avaliação<br />
<strong>de</strong>sses cursos. O fortalecimento <strong>do</strong> ensino superior<br />
<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> é condição necessária para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
científico e tecnológico <strong>do</strong> País. A recente criação <strong>de</strong> Institutos<br />
Fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> Educação, <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong> (Ifet) e<br />
a interiorização <strong>de</strong> universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais contribuem para<br />
“Aprendi e emocionei-me com<br />
a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> visionários”.<br />
aumentar a oferta <strong>de</strong> educação superior <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. A<br />
política brasileira <strong>de</strong> pós-graduação po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />
um exemplo <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira política <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>. O sistema<br />
<strong>de</strong> avaliação <strong>da</strong> Capes tem funciona<strong>do</strong> como forte indutor<br />
<strong>do</strong> aumento <strong>da</strong> produção científica <strong>de</strong> professores e alunos<br />
<strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> brasileiros. É, no entanto, ain<strong>da</strong><br />
muito reduzi<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> <strong>do</strong>utores envolvi<strong>do</strong>s com<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> P&D em empresas.<br />
Novas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e campi fe<strong>de</strong>rais, implanta<strong>da</strong>s recentemente,<br />
em especial em ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s médias <strong>do</strong> interior <strong>do</strong><br />
País, apresentam propostas inova<strong>do</strong>ras. O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio<br />
para a próxima déca<strong>da</strong> é garantir a to<strong>do</strong>s os brasileiros uma<br />
educação <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. A revolução educacional necessária<br />
pressupõe uma política <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> que tenha continui<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
e que perpasse vários setores <strong>do</strong> governo. Pressupõe,<br />
ain<strong>da</strong>, um aumento substancial <strong>do</strong> percentual <strong>do</strong> PIB investi<strong>do</strong><br />
em educação. As recomen<strong>da</strong>ções apresenta<strong>da</strong>s implicam<br />
em um substancial aumento <strong>do</strong>s investimentos em<br />
educação, atingin<strong>do</strong> em 2020 o percentual <strong>de</strong> 10% <strong>do</strong> PIB.<br />
Quanto ao ensino superior, recomen<strong>do</strong>u-se a ampliação e<br />
diversificação <strong>da</strong> educação pública, que <strong>de</strong>ve envolver não<br />
apenas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, mas institutos tecnológicos e outras<br />
instituições com cursos <strong>de</strong> <strong>do</strong>is a três anos. Nas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />
a especialização prematura <strong>de</strong>ve ser evita<strong>da</strong>.<br />
<strong>Jornal</strong> C&T: Quais os próximos passos no processo<br />
<strong>da</strong> Conferência?<br />
Davi<strong>do</strong>vich: O Livro Azul. Ele conterá uma síntese <strong>do</strong>s principais<br />
temas <strong>de</strong>bati<strong>do</strong>s na 4ª Conferência <strong>Nacional</strong>, enfatizan<strong>do</strong><br />
as recomen<strong>da</strong>ções consensuais. Será acompanha<strong>do</strong><br />
CONFErÊNCIA<br />
por um volume que conterá a consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s propostas<br />
emana<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s conferências estaduais e regionais, <strong>do</strong> Fórum<br />
Municipal <strong>de</strong> C&T e <strong>da</strong> própria Conferência. Além<br />
disso, serão publica<strong>do</strong>s na revista “Parcerias Estratégicas”,<br />
edita<strong>da</strong> pelo CGEE, artigos <strong>do</strong>s palestrantes <strong>do</strong>s seminários<br />
preparatórios e <strong>da</strong> Conferência <strong>Nacional</strong>. Teremos, assim,<br />
um quadro bastante amplo. O Livro Azul passará por um<br />
processo <strong>de</strong> consulta popular. Esse processo intenso <strong>de</strong><br />
consulta é uma novi<strong>da</strong><strong>de</strong> em relação às conferências anteriores,<br />
e visa <strong>da</strong>r ao Livro Azul uma legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> perante<br />
a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira que o qualifique como influente<br />
<strong>do</strong>cumento para a formulação <strong>de</strong> uma Política <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong><br />
<strong>Ciência</strong>, <strong>Tecnologia</strong> e Inovação para a próxima déca<strong>da</strong>.<br />
<strong>Jornal</strong> C&T: Quan<strong>do</strong> sairá o chama<strong>do</strong> “Livro Azul”?<br />
Qual o seu horizonte <strong>de</strong> tempo: 2022?<br />
Davi<strong>do</strong>vich: O lançamento <strong>do</strong> “Livro Azul” está programa<strong>do</strong><br />
para o final <strong>de</strong>ste ano. O horizonte <strong>de</strong> tempo é 2020.<br />
<strong>Jornal</strong> C&T: Como foi para um cientista <strong>de</strong> renome<br />
como você, com experiência fun<strong>da</strong>mentalmente acadêmica,<br />
coor<strong>de</strong>nar uma conferência nacional <strong>de</strong> CTI?<br />
Davi<strong>do</strong>vich: Foi uma tarefa imensa, pois exigiu, em um<br />
curto espaço <strong>de</strong> tempo, a familiarização com conceitos e<br />
<strong>de</strong>man<strong>da</strong>s <strong>de</strong> diversos segmentos sociais, além <strong>do</strong>s preparativos<br />
necessários para tornar possível a reunião. Foi um<br />
trabalho complexo, <strong>da</strong><strong>da</strong> a gran<strong>de</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> agentes<br />
envolvi<strong>do</strong>s. Durante o primeiro semestre <strong>de</strong> 2010, tive<br />
que abrir mão <strong>de</strong> minhas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s profissionais, o que<br />
é para um cientista um imenso sacrifício. Por outro la<strong>do</strong>,<br />
obtive, através <strong>de</strong>ssa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma imagem <strong>de</strong> um país<br />
que <strong>de</strong>sconhecia, cheio <strong>de</strong> vigor, aberto para novas idéias e<br />
oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s no cenário internacional, <strong>de</strong> olho no futuro,<br />
queren<strong>do</strong> voar alto. Aprendi e emocionei-me com a <strong>de</strong>scoberta<br />
<strong>de</strong> visionários. Iniciamos com atraso o nosso <strong>de</strong>senvolvimento<br />
científico e tecnológico e, por isso, precisamos<br />
correr. Mas o atraso po<strong>de</strong> oferecer certas vantagens: po<strong>de</strong>mos<br />
apren<strong>de</strong>r com os erros <strong>do</strong>s outros, evitar mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento que <strong>de</strong>stroem o planeta e marginalizam<br />
seres humanos. Saí otimista, pois se há muito ain<strong>da</strong> a fazer,<br />
partimos agora <strong>de</strong> um patamar que permite formular propostas<br />
criativas para nosso país. Temos a chance, pela extensão<br />
e riqueza <strong>de</strong> nosso território, pela diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> regional<br />
e cultural, pelo tamanho <strong>de</strong> nossa população e pelo patamar<br />
científico e tecnológico já alcança<strong>do</strong>, <strong>de</strong> conquistar um<br />
<strong>de</strong>senvolvimento sustentável que garanta um futuro <strong>de</strong> paz<br />
para os brasileiros e seja um exemplo para a humani<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 12 A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 13
CONFErÊNCIA<br />
1. INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE, IMPERATIVOS PARA O<br />
DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO<br />
Quan<strong>do</strong> a tecnologia <strong>de</strong> satélites permitiu ao homem olhar<br />
a Terra a partir <strong>do</strong> cosmo, em outubro <strong>de</strong> 1957, tomou-se consciência <strong>da</strong><br />
uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> globo como um bem comum cujo uso <strong>de</strong>ve repousar numa<br />
responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> comum. E percebeu-se também que a natureza se<br />
tornara um bem escasso, colocan<strong>do</strong>-se a questão ecológica como um<br />
duplo <strong>de</strong>safio, o <strong>da</strong> sobrevivência humana e o <strong>da</strong> valorização <strong>do</strong> capital<br />
natural. (...)<br />
É possível enten<strong>de</strong>r o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável como<br />
um processo <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça, em contínuo aperfeiçoamento, envolven<strong>do</strong><br />
múltiplas dimensões - econômica, social, ambiental e política. Processo<br />
essencialmente dinâmico, que apresenta ênfases diversas no tempo e<br />
po<strong>de</strong> trilhar caminhos diferencia<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> as escolhas <strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
histórica e geograficamente forja<strong>da</strong>s.<br />
No atual contexto histórico, o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />
tem como focos centrais a questão energética e a questão <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça<br />
climática. Contexto que é muito favorável ao <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />
<strong>do</strong> Brasil. A 4ª CNCTI revelou um caminho <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />
que o Brasil vem trilhan<strong>do</strong> e que <strong>de</strong>ve fortalecer: seu sistema <strong>de</strong> inovações<br />
está em gran<strong>de</strong> parte alicerça<strong>do</strong> em seus recursos naturais. Do petróleo e<br />
<strong>da</strong>s hidrelétricas aos biocombustíveis e ao papel <strong>da</strong> Floresta Amazônica<br />
no clima, a maior parte <strong>da</strong>s inovações no Brasil está associa<strong>da</strong> à natureza<br />
diversifica<strong>da</strong> <strong>de</strong> seu território. É <strong>da</strong>s inovações basea<strong>da</strong>s numa economia<br />
<strong>do</strong> conhecimento <strong>da</strong> natureza que o País po<strong>de</strong>rá gerar a riqueza a ser<br />
utiliza<strong>da</strong> na superação <strong>da</strong>s carências sociais que nele ain<strong>da</strong> perduram.<br />
A competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s empresas, à luz <strong>de</strong>ssa conceituação,<br />
tem <strong>de</strong> ser ca<strong>da</strong> vez mais basea<strong>da</strong> em vantagens tecnológicas,<br />
na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seus produtos e serviços, e na produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />
trabalha<strong>do</strong>res. É necessária forte ampliação <strong>do</strong> acesso <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong><br />
população a bens e serviços essenciais à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. Processos<br />
produtivos, sistemas <strong>de</strong> transporte, hábitos <strong>de</strong> consumo, méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
geração e padrões <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> energia precisam se tornar mais<br />
compatíveis com a preservação <strong>do</strong> meio ambiente.<br />
Por isso mesmo, o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável requer uma<br />
presença crescente <strong>da</strong> ciência e <strong>da</strong> tecnologia na produção <strong>de</strong> alimentos,<br />
na exploração <strong>de</strong> recursos naturais, na agregação <strong>de</strong> valor à produção<br />
industrial, na redução <strong>da</strong> <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> social e <strong>do</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio regional,<br />
no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tecnologias sociais.<br />
A economia mundial atravessa há três déca<strong>da</strong>s um perío<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> intensa dinâmica tecnológica e <strong>de</strong> forte aumento <strong>da</strong> concorrência. O<br />
progresso técnico e a competição internacional passaram a <strong>de</strong>man<strong>da</strong>r<br />
crescentes investimentos em C,T&I. As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s nesse campo tornaramse<br />
instrumentos fun<strong>da</strong>mentais para o <strong>de</strong>senvolvimento, o crescimento<br />
econômico, a geração <strong>de</strong> emprego e ren<strong>da</strong>, e a <strong>de</strong>mocratização <strong>de</strong><br />
oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Há hoje, nacional e internacionalmente, consciência<br />
<strong>de</strong> que elas são imprescindíveis para que os países alcancem um<br />
<strong>de</strong>senvolvimento no qual a competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> não esteja atrela<strong>da</strong> à<br />
exploração pre<strong>da</strong>tória <strong>de</strong> recursos naturais ou humanos.<br />
Firmou-se no País a compreensão <strong>de</strong> que o trabalho <strong>de</strong><br />
técnicos, cientistas, pesquisa<strong>do</strong>res e acadêmicos, e o engajamento <strong>da</strong>s<br />
empresas, são fatores <strong>de</strong>terminantes para a consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, capaz <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r às justas <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s<br />
sociais <strong>do</strong>s brasileiros e ao permanente fortalecimento <strong>da</strong> soberania<br />
nacional. Trata-se <strong>de</strong> uma questão que ultrapassa os governos e envolve<br />
o Esta<strong>do</strong> e a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> como um to<strong>do</strong>.<br />
A economia brasileira encontra-se numa fase especial <strong>de</strong><br />
sua trajetória histórica. Há inequívocas evidências <strong>de</strong> que nos últimos<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 14<br />
anos inaugurou-se um processo que tem gran<strong>de</strong>s chances <strong>de</strong> se afirmar<br />
como um novo ciclo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, com fôlego para o longo prazo:<br />
o crescimento com redistribuição <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> pela via <strong>da</strong> dinâmica <strong>da</strong><br />
produção e consumo <strong>de</strong> massa. Trata-se <strong>de</strong> velho sonho <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
brasileira, que se apresenta no atual momento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> nacional como<br />
tendência absolutamente promissora.<br />
Esse mo<strong>de</strong>lo virtuoso, entretanto, só po<strong>de</strong> ter continui<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
a longo prazo se contiver, centralmente, <strong>do</strong>is outros elementos, que<br />
se interconectam: o concurso <strong>de</strong> um vigoroso processo <strong>de</strong> inovação,<br />
conduzi<strong>do</strong> pelo setor produtivo e apoia<strong>do</strong> em efetivo sistema nacional<br />
<strong>de</strong> C,T&I; e o concurso <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cidi<strong>da</strong> política <strong>de</strong> uso sustentável <strong>do</strong>s<br />
recursos naturais, que busque compatibilizar o progresso material <strong>da</strong><br />
população com o máximo respeito ao meio ambiente e à conservação <strong>da</strong><br />
natureza. Em síntese, inovação e sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Uma <strong>da</strong>s características <strong>do</strong> atual ciclo <strong>de</strong> crescimento tem<br />
si<strong>do</strong> a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estimular o dinamismo econômico <strong>de</strong> maneira<br />
mais equilibra<strong>da</strong> regionalmente, apoian<strong>do</strong> (via políticas públicas)<br />
investimentos estratégicos que valorizam potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s latentes nas<br />
regiões menos <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s <strong>do</strong> País. Fazem parte <strong>de</strong>sses investimentos<br />
aqueles realiza<strong>do</strong>s na educação superior e na pós-graduação e em outras<br />
instituições integrantes <strong>da</strong> infraestrutura <strong>de</strong> C,T&I, que antes havia se<br />
concentra<strong>do</strong> fortemente no Su<strong>de</strong>ste e no Sul <strong>do</strong> País e foram amplia<strong>do</strong>s<br />
na fase recente ao Nor<strong>de</strong>ste, ao Norte e ao Centro-Oeste. A busca <strong>de</strong><br />
redução <strong>da</strong>s <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s regionais tem si<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s eixos condutores<br />
<strong>do</strong>s investimentos em C,T&I, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a reserva <strong>de</strong> 30% <strong>da</strong>s aplicações nos<br />
Fun<strong>do</strong>s Setoriais até a criação <strong>de</strong> novos Institutos Nacionais estrutura<strong>do</strong>s<br />
em re<strong>de</strong> cujo coman<strong>do</strong> fica com instituições competentes localiza<strong>da</strong>s nas<br />
áreas mais pobres <strong>do</strong> País, ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> outras iniciativas.<br />
A inovação como principal motor <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
A inovação, ten<strong>do</strong> a educação como fun<strong>da</strong>mento, é<br />
o principal motor <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> País. Ela é<br />
favoreci<strong>da</strong> por avanços científicos e tecnológicos e pela qualificação <strong>do</strong>s<br />
profissionais envolvi<strong>do</strong>s no processo, bem como pelas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> risco,<br />
seja na função <strong>de</strong> pesquisa científica e tecnológica, seja na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
empresarial <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> novos conhecimentos gera<strong>do</strong>s. A evolução<br />
acelera<strong>da</strong> <strong>da</strong> inovação se reflete nos novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócios, on<strong>de</strong> o<br />
Brasil tem gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> atuação.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o merca<strong>do</strong> constituiria o único<br />
motor <strong>de</strong> inovação é limita<strong>da</strong>. Muitas inovações que transformaram<br />
o mun<strong>do</strong> surgiram <strong>de</strong> instituições públicas ou <strong>de</strong> setores sem fins<br />
lucrativos; a internet é um exemplo recente. As inovações sociais são<br />
gera<strong>da</strong>s e aplica<strong>da</strong>s, sem perspectiva <strong>de</strong> lucro, em resposta a <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s<br />
diversifica<strong>da</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em particular, as tecnologias sociais<br />
aten<strong>de</strong>m <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s <strong>de</strong> setores mais necessita<strong>do</strong>s, especialmente em<br />
temas como segurança alimentar e nutricional, energia, habitação,<br />
saú<strong>de</strong>, saneamento, meio ambiente, agricultura familiar, geração <strong>de</strong><br />
emprego e ren<strong>da</strong>.<br />
O País montou, nas últimas déca<strong>da</strong>s, um competente<br />
sistema universitário <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> conhecimento e formação <strong>de</strong><br />
recursos humanos. O <strong>de</strong>safio, agora, é criar condições para que<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s inova<strong>do</strong>ras aten<strong>da</strong>m às diversifica<strong>da</strong>s <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e as empresas se capacitem a produzir preservan<strong>do</strong> o meio<br />
ambiente e sejam capazes <strong>de</strong> competir internacionalmente. Essa é uma<br />
<strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, e é a ela que a ciência <strong>de</strong>ve respon<strong>de</strong>r.<br />
Entre essas instâncias, universi<strong>da</strong><strong>de</strong>, empresa e socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, cabe criar<br />
cama<strong>da</strong>s intermediárias estimula<strong>da</strong>s por políticas públicas.<br />
No âmbito <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s inova<strong>do</strong>ras em empresas, diversas<br />
iniciativas foram cita<strong>da</strong>s na 4ª CNCTI, como as <strong>da</strong> Confe<strong>de</strong>ração<br />
<strong>Nacional</strong> <strong>da</strong> Indústria (CNI), via MEI (Mobilização Empresarial pela<br />
Inovação), <strong>da</strong> Associação <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Pesquisa e Desenvolvimento <strong>da</strong>s<br />
Empresas Inova<strong>do</strong>ras (Anpei), <strong>do</strong> BNDES, com foco no fortalecimento <strong>de</strong><br />
parcerias institucionais visan<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento e geração <strong>de</strong> novos<br />
empregos, <strong>de</strong> ministérios envolvi<strong>do</strong>s com o tema (MDIC, MCT e MEC), e<br />
especificamente <strong>do</strong> MCT, via Sibratec (Sistema Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Tecnologia</strong>).<br />
O Sibratec tem o objetivo <strong>de</strong> apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
tecnológico <strong>do</strong> setor empresarial nacional, por meio <strong>da</strong> promoção <strong>de</strong><br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> processos ou produtos<br />
volta<strong>do</strong>s para a inovação e prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> metrologia,<br />
extensionismo, assistência e transferência <strong>de</strong> tecnologia. As enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
integrantes <strong>do</strong> Sibratec estão organiza<strong>da</strong>s em três tipos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s, que<br />
atuam como Centros <strong>de</strong> Inovação, como re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Serviços Tecnológicos<br />
ou <strong>de</strong> Extensão Tecnológica, em consonância com as priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>da</strong>s políticas industrial, tecnológica e <strong>de</strong> comércio exterior. Um fator<br />
fun<strong>da</strong>mental para o sucesso <strong>da</strong> política industrial foi o significativo<br />
fortalecimento e mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong> Inmetro, que na última déca<strong>da</strong><br />
experimentou uma profun<strong>da</strong> transformação, alcançan<strong>do</strong> um <strong>de</strong>sempenho<br />
com padrão internacional.<br />
No âmbito <strong>da</strong> inovação social, atores varia<strong>do</strong>s constituíram,<br />
em anos recentes, uma importante re<strong>de</strong> <strong>de</strong> tecnologias sociais,<br />
envolven<strong>do</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil e organismos públicos, o que<br />
possibilitou o surgimento <strong>de</strong> ações mais criativas e integra<strong>da</strong>s, embora<br />
o potencial <strong>de</strong>las ain<strong>da</strong> esteja longe <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> aproveita<strong>do</strong> em sua<br />
inteireza. A economia solidária vem se apresentan<strong>do</strong> também como uma<br />
alternativa inova<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> trabalho e ren<strong>da</strong> e uma resposta a<br />
favor <strong>da</strong> inclusão social e <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento sustentável e a inovação formam o pano<br />
<strong>de</strong> fun<strong>do</strong> <strong>da</strong>s consi<strong>de</strong>rações e propostas <strong>da</strong> 4ª Conferência <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong><br />
C,T&I que são apresenta<strong>da</strong>s nos próximos capítulos.<br />
2. AS NOVAS OPORTUNIDADES PARA O BRASIL E O ESTáGIO ATUAL DA<br />
C,T&I<br />
2.1. Inovação como componente sistêmico <strong>da</strong> estrutura produtiva<br />
nacional<br />
(...)<br />
Po<strong>de</strong>-se dizer que o Brasil tem uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> gigantesca,<br />
urgente, <strong>de</strong> inocular inovação em to<strong>do</strong>s os poros <strong>da</strong> economia. Tem<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> passar por um choque <strong>de</strong> inovação, entendi<strong>do</strong> como uma<br />
sequência <strong>de</strong> ações em várias áreas. Não se parte <strong>de</strong> zero, ao contrário.<br />
Nos últimos anos houve avanço nessa área, com a Lei <strong>de</strong> Inovação, a Lei<br />
<strong>do</strong> Bem, a subvenção econômica na Finep, a segun<strong>da</strong> política industrial,<br />
lança<strong>da</strong> em 2008 com o nome <strong>de</strong> Política <strong>de</strong> Desenvolvimento Produtivo<br />
(PDP), coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong> pelo BNDES, volta<strong>da</strong> para investimentos em inovação.<br />
Além disso, o PACTI incluiu, pela primeira vez na história <strong>do</strong> MCT, a<br />
inovação como um <strong>do</strong>s eixos <strong>da</strong> política governamental.<br />
O PACTI está no centro <strong>da</strong> articulação não só com a PDP,<br />
mas também com diferentes políticas <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral: o PAC<br />
(infraestrutura), o Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>da</strong> Educação (PDE), o<br />
Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong>, o Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>da</strong><br />
Agropecuária e a Política <strong>de</strong> Defesa <strong>Nacional</strong>.<br />
Na dimensão <strong>da</strong> organização fe<strong>de</strong>rativa, o MCT, por<br />
intermédio <strong>de</strong> suas instâncias <strong>de</strong> financiamento, Finep e CNPq, e <strong>de</strong><br />
sua interlocução com os governos estaduais, representa<strong>do</strong>s no Conselho<br />
<strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Secretários Estaduais para Assuntos <strong>de</strong> C,T&I (Consecti) e<br />
no Conselho <strong>Nacional</strong> <strong>da</strong>s Fun<strong>da</strong>ções Estaduais <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa<br />
(Confap), consoli<strong>do</strong>u institucionalmente o sistema <strong>de</strong> C,T&I.<br />
A 4ª Conferência explorou a relação entre a produção <strong>de</strong><br />
conhecimento e as perspectivas <strong>de</strong> aplicação empresarial, bem como a<br />
inovação nos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gestão e <strong>de</strong> negócios, visan<strong>do</strong> a tornar a inovação<br />
um componente sistêmico <strong>do</strong> sistema produtivo nacional, reforçan<strong>do</strong> os<br />
mecanismos que contribuam para a inovação nas empresas <strong>de</strong> médio<br />
e pequeno portes, incluin<strong>do</strong>, sem a isso se limitar, a sua inserção nas<br />
ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> produção e conhecimento.<br />
Diversos aspectos envolven<strong>do</strong> legislação e marco legal foram<br />
<strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s, assim como a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma visão mais sistêmica e<br />
estratégica <strong>da</strong> inovação, tanto nas empresas como nas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e<br />
nos diversos níveis <strong>de</strong> governo. Foram analisa<strong>da</strong>s e <strong>de</strong>bati<strong>da</strong>s também<br />
tendências mundiais <strong>de</strong> diversificação <strong>da</strong>s mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> inovação.<br />
Enfatizou-se a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um maior protagonismo na área <strong>de</strong><br />
inovação por parte <strong>do</strong> setor priva<strong>do</strong>, com apoio <strong>do</strong> governo, ten<strong>do</strong> como<br />
foco central <strong>da</strong>s políticas públicas <strong>de</strong> inovação o merca<strong>do</strong> e as empresas.<br />
Um <strong>do</strong>s aspectos centrais para a ampliação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
inova<strong>do</strong>ra no País é a questão <strong>do</strong> financiamento como fator indutor <strong>da</strong><br />
inovação, ten<strong>do</strong> a pesquisa e o <strong>de</strong>senvolvimento como base para produtos<br />
<strong>de</strong> alto valor agrega<strong>do</strong>. Isto requer a ampliação <strong>do</strong>s atuais investimentos<br />
em inovação, visan<strong>do</strong> a atingir os padrões <strong>de</strong> países lí<strong>de</strong>res mundiais.<br />
Diante <strong>da</strong>s dispari<strong>da</strong><strong>de</strong>s regionais prevalecentes e <strong>da</strong> gran<strong>de</strong><br />
diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> regional <strong>do</strong> país, o apoio <strong>da</strong>s políticas públicas e a elevação<br />
<strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> investimentos <strong>de</strong>vem consi<strong>de</strong>rar a leitura <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
regional brasileira.<br />
A interação universi<strong>da</strong><strong>de</strong>-empresa-governo permeou to<strong>do</strong>s os<br />
<strong>de</strong>bates, com especial <strong>de</strong>staque para o papel central <strong>da</strong>s Incuba<strong>do</strong>ras <strong>de</strong><br />
Empresas <strong>de</strong> Base Tecnológica e <strong>do</strong>s Parques Científicos e Tecnológicos,<br />
ambientes <strong>de</strong> pesquisa que se constituem em plataformas para a<br />
inovação e atuação nos merca<strong>do</strong>s externos por parte <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s<br />
os portes. Especial <strong>de</strong>staque foi <strong>da</strong><strong>do</strong> às ações articula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> estímulo<br />
à atração <strong>de</strong> projetos e investimentos na área <strong>de</strong> P&D <strong>de</strong> empresas<br />
(nacionais e internacionais) para estes ambientes <strong>de</strong> inovação. Nesse<br />
senti<strong>do</strong>, foi ressalta<strong>da</strong> a importância <strong>de</strong> caracterizar os investimentos na<br />
área <strong>de</strong> P&D como contraparti<strong>da</strong> prioritária <strong>da</strong>s empresas para os apoios<br />
governamentais nas áreas <strong>de</strong> inovação.<br />
No contexto brasileiro atual, a agen<strong>da</strong> macroeconômica tem<br />
relação com política industrial, câmbio, taxa <strong>de</strong> juro real e <strong>de</strong>mais fatores<br />
com peso <strong>de</strong>terminante no funcionamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> bens e serviços.<br />
A política <strong>de</strong> inovação <strong>de</strong>ve ser, portanto, parte <strong>de</strong> uma robusta política<br />
econômica e industrial que busque mu<strong>da</strong>r nossa estrutura industrial e os<br />
mecanismos <strong>de</strong> apoio e fomento à inovação, especialmente nas empresas<br />
nacionais. (...)<br />
Recomen<strong>da</strong>ções<br />
1. Tratar a inovação como estratégia, tanto nas empresas como na<br />
aca<strong>de</strong>mia e no governo, incentivan<strong>do</strong> e financian<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
competências na área <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> inovação.<br />
2. Fomentar um maior protagonismo priva<strong>do</strong> no processo <strong>de</strong> inovação e<br />
nas discussões relativas às políticas públicas para a área, em especial<br />
por meio <strong>de</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s empresariais representativas <strong>do</strong>s diversos<br />
segmentos <strong>de</strong> negócios.<br />
3. Ampliar os investimentos e outros fatores econômicos como elemento<br />
<strong>de</strong>cisivo <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> inovação, envolven<strong>do</strong>: a ampliação <strong>do</strong> percentual<br />
<strong>de</strong> investimento <strong>do</strong> PIB nacional em inovação (hoje pouco mais <strong>de</strong> 1%<br />
<strong>do</strong> PIB) para 2,5%, próximo <strong>do</strong> padrão <strong>do</strong>s países lí<strong>de</strong>res mundiais; o<br />
estimulo a esta<strong>do</strong>s e municípios para a criação <strong>de</strong> condições locais<br />
favoráveis para inovação (por meio <strong>de</strong> incentivos tais como <strong>de</strong>soneração<br />
fiscal, tributária, impostos territoriais, impostos <strong>de</strong> serviço, <strong>de</strong>mais<br />
tributos municipais e cessão <strong>de</strong> áreas); a articulação <strong>do</strong> aumento <strong>de</strong><br />
opções e <strong>de</strong> recursos, bem como o alinhamento <strong>de</strong> mecanismos públicos<br />
volta<strong>do</strong>s a apoiar os empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res em estágio inicial (como o Programa<br />
Prime e Seed Fórum <strong>da</strong> Finep, entre outros); para mitigar riscos inerentes<br />
aos processos e produtos inova<strong>do</strong>res; o estimulo, por meio <strong>do</strong> BNDES, <strong>do</strong><br />
Banco Central e <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> capitais à criação <strong>de</strong> Fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Riscos<br />
como Seed Money e Venture Capital para financiar empreendimentos<br />
inova<strong>do</strong>res em estágio inicial; o estímulo à criação <strong>de</strong> novas e à expansão<br />
<strong>da</strong>s atuais linhas <strong>de</strong> fomento, com critérios e conceitos mais abrangentes<br />
<strong>de</strong> inovação (inovação em marketing, em serviços, em mo<strong>de</strong>los e gestão<br />
<strong>de</strong> negócios, plantas piloto, plantas industriais pré-competitivas, etc.): e<br />
ampliar os recursos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aos programas <strong>de</strong> subvenção econômica,<br />
<strong>de</strong>ntre outros mecanismos.<br />
4. Criar ambienttes <strong>de</strong> inovação, atuan<strong>do</strong> em re<strong>de</strong>, com <strong>de</strong>staque para os<br />
Parques Científicos e Tecnológicos <strong>de</strong> classe mundial, distribuin<strong>do</strong> no País<br />
ambientes <strong>de</strong> inovação que atraiam investimentos priva<strong>do</strong>s nacionais e<br />
internacionais e gerem novas empresas e produtos inova<strong>do</strong>res, tanto<br />
para os merca<strong>do</strong>s internos como para exportação, atuan<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma<br />
articula<strong>da</strong> com os Arranjos Produtivos Locais (APLs) e outras iniciativas<br />
regionais, interagin<strong>do</strong> dinamicamente com os atores públicos e priva<strong>do</strong>s<br />
envolvi<strong>do</strong>s.<br />
5. Fomentar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> empresas inova<strong>do</strong>ras nascentes<br />
por meio <strong>de</strong> pré-incuba<strong>do</strong>ras, incuba<strong>do</strong>ras e parques tecnológicos,<br />
como instrumento <strong>de</strong> promoção <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico e<br />
socioeconômico local e regional.<br />
6. Preparar as empresas e o País para um ambiente <strong>de</strong> competição<br />
global crescente, por meio <strong>de</strong> apoio e incentivos <strong>do</strong>s atores públicos<br />
(BNDES, Finep, MDIC) e priva<strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s (CNI, Agência Brasileira <strong>de</strong><br />
Promoção <strong>de</strong> Exportações e Investimentos ‒ Apex ‒, entre outros), visan<strong>do</strong><br />
a estimular a internacionalização e preparação para a competição global<br />
<strong>da</strong>s empresas, em especial aquelas produtoras <strong>de</strong> bens e serviços <strong>de</strong> alto<br />
valor agrega<strong>do</strong>.<br />
7. Incrementar os mecanismos <strong>de</strong> apoio à inovação nas pequenas<br />
e médias empresas, fomentan<strong>do</strong> em especial programas <strong>de</strong> ação<br />
integra<strong>da</strong> entre empresas-âncora e suas ca<strong>de</strong>ias produtivas, e também<br />
os programas <strong>de</strong> extensionismo tecnológico.<br />
8. Dar tratamento especial às regiões menos <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s <strong>do</strong> País, tanto<br />
no estímulo às empresas como no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competências para<br />
a produção e difusão <strong>de</strong> conhecimentos.<br />
2.2. <strong>Tecnologia</strong>s Estratégicas para o Desenvolvimento <strong>Nacional</strong><br />
A história mostra que ciência, tecnologia e inovação<br />
evoluem <strong>de</strong> maneira diferencia<strong>da</strong> no tempo e no espaço <strong>da</strong>s nações e,<br />
consequentemente, as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s para o seu <strong>de</strong>senvolvimento mu<strong>da</strong>m<br />
em função <strong>do</strong>s momentos históricos e <strong>da</strong>s condições <strong>do</strong>s países. Por isso,<br />
é possível i<strong>de</strong>ntificar ciências, tecnologias e famílias <strong>de</strong> inovações que<br />
são mais promissoras ou necessárias em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> momento e país,<br />
e que, por essa razão, po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s estratégicas.<br />
Algumas ciências ou tecnologias são estratégicas em si,<br />
enquanto outras assumem seu caráter estratégico em função <strong>do</strong>s setores<br />
ou áreas nas quais são aplica<strong>da</strong>s. No contexto atual, a comunicação<br />
globaliza<strong>da</strong> permite que um contingente expressivo <strong>da</strong> população<br />
mundial aspire a ter acesso a padrões civiliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> condições <strong>de</strong><br />
vi<strong>da</strong>. Para que isto ocorra, muitos <strong>de</strong>safios <strong>de</strong>vem ser supera<strong>do</strong>s,<br />
garantin<strong>do</strong> que esta inclusão social ocorra <strong>de</strong> forma sustentável, ten<strong>do</strong><br />
em vista o impacto espera<strong>do</strong> pelo contínuo crescimento <strong>da</strong> população<br />
mundial. Como consequência natural <strong>de</strong>ste aumento <strong>de</strong> população,<br />
po<strong>de</strong>-se esperar um crescimento <strong>da</strong> produção industrial, a expansão <strong>da</strong><br />
agricultura, o aumento <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por água, energia e matéria-prima,<br />
além <strong>de</strong> uma urbanização crescente, parte <strong>da</strong> qual não planeja<strong>da</strong>,<br />
to<strong>da</strong>s elas exercen<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> pressão sobre a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental <strong>de</strong><br />
ca<strong>da</strong> região.<br />
CONFErÊNCIA<br />
As ciências agrícolas são o componente <strong>de</strong> maior impacto<br />
na elevação <strong>da</strong> produção científica <strong>do</strong> País e em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, na<br />
última déca<strong>da</strong>. A ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> agrícola, além <strong>de</strong> ser responsável por um<br />
valor significativo <strong>do</strong> PIB brasileiro, é elemento estratégico na segurança<br />
alimentar e na balança comercial <strong>da</strong> nação.<br />
O crescimento <strong>da</strong> produção agrícola <strong>do</strong> País tem se<br />
assenta<strong>do</strong> em um forte aparato científico e tecnológico advin<strong>do</strong> <strong>da</strong> ação<br />
<strong>da</strong>s universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<strong>do</strong>s institutos <strong>de</strong> pesquisa (<strong>de</strong>ntre eles <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>se<br />
o papel <strong>da</strong> Embrapa) e <strong>da</strong>s empresas priva<strong>da</strong>s. A elevação <strong>da</strong><br />
produção, que coloca o Brasil como terceiro mais importante país no<br />
comércio agrícola internacional, tem ti<strong>do</strong> como base a elevação <strong>da</strong><br />
produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s diversas ca<strong>de</strong>ias agrícolas, uma forte interação entre<br />
o setor produtivo e a aca<strong>de</strong>mia, e a manutenção e fortalecimento <strong>de</strong> uma<br />
política <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento volta<strong>da</strong> para o meio rural que,<br />
consistentemente, vem se manten<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70.<br />
Dois gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios <strong>de</strong>man<strong>da</strong>m atenção especial para este<br />
segmento:<br />
1. A continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> aumento <strong>de</strong> produção, via elevação <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
respeito ao meio ambiente e função social <strong>da</strong> agricultura;<br />
2. Agregação <strong>de</strong> valor, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que os produtos agrícolas industrializa<strong>do</strong>s<br />
contem com um valor que remunere melhor to<strong>do</strong>s os elos <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia e<br />
to<strong>da</strong>s as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> agricultura.<br />
Por conta <strong>da</strong> estreita e direta relação entre o Índice <strong>de</strong><br />
Desenvolvimento Humano (IDH) e o consumo <strong>de</strong> energia, assim como entre<br />
este último e a geração <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa, um <strong>de</strong>safio consi<strong>de</strong>rável<br />
diz respeito à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se produzir mais energia, para garantir a<br />
inclusão social, e ao mesmo tempo reduzir a emissão <strong>de</strong> CO², responsável<br />
pelas mu<strong>da</strong>nças climáticas provoca<strong>da</strong>s pelo aquecimento global. Esta é<br />
uma <strong>da</strong>s situações em que a C,T&I po<strong>de</strong> trazer contribuições valiosas,<br />
pelo emprego <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong> sequestro <strong>de</strong> carbono ou pela geração a<br />
partir <strong>de</strong> fontes com baixa ou nenhuma emissão <strong>de</strong> carbono (bioenergia,<br />
fotovoltaica, eólica e nuclear).<br />
O cenário é francamente favorável ao Brasil, que além <strong>de</strong> já<br />
possuir uma <strong>da</strong>s matrizes energéticas mais limpas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> apresenta<br />
vantagens comparativas quanto ao aumento <strong>da</strong> participação <strong>de</strong> fontes<br />
alternativas. Observa-se, portanto, uma gran<strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para o<br />
país avançar <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> consistente na direção <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento<br />
sustentável. A C,T&I é vital para compatibilizar o progresso material<br />
<strong>da</strong> maioria <strong>da</strong> população com o uso racional <strong>do</strong>s recursos naturais e a<br />
preservação <strong>do</strong> meio ambiente.<br />
A 4ª CNCTI expressou a compreensão clara <strong>de</strong>sse papel vital<br />
<strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> pela C,T&I no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />
brasileiro. Foram a<strong>de</strong>mais apresenta<strong>da</strong>s razões que justificam a<br />
convicção <strong>de</strong> que o Brasil po<strong>de</strong> construir um padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong>mocrático, que compatibilize o progresso material <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong><br />
população com o uso racional <strong>do</strong>s recursos naturais e a preservação <strong>do</strong><br />
meio ambiente.<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento sustentável brasileiro é possível, mas não<br />
será tarefa fácil. No campo <strong>da</strong> C,T&I, será necessária a multiplicação <strong>de</strong><br />
nossos esforços e a concentração <strong>de</strong>sses especialmente em áreas que<br />
são estratégicas para o nosso <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.<br />
A importância <strong>da</strong> contribuição <strong>de</strong> diversas áreas <strong>da</strong> C,T&I<br />
para a construção <strong>de</strong>sse novo padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento foi expressa<br />
na Conferência, mas cabe aqui <strong>de</strong>stacar algumas <strong>de</strong>las, em particular,<br />
que certamente <strong>de</strong>sempenharão papéis centrais nessa construção. Essas<br />
são as relaciona<strong>da</strong>s com a bioenergia, as tecnologias <strong>da</strong> informação e<br />
comunicação, a saú<strong>de</strong>, a exploração <strong>da</strong>s reservas <strong>de</strong> petróleo e gás <strong>do</strong><br />
Pré-Sal, as tecnologias porta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> futuro e outras energias.<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 15
CONFErÊNCIA<br />
2.2.1. Bioenergia<br />
A produção, a distribuição e o emprego <strong>de</strong> bioenergias<br />
apresenta uma importante janela <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s para o País. Esse<br />
é um clássico exemplo <strong>de</strong> setor caracteriza<strong>do</strong> como parte <strong>da</strong> chama<strong>da</strong><br />
economia ver<strong>de</strong> porque cria oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s para o crescimento, a geração<br />
<strong>de</strong> empregos e ren<strong>da</strong>, e simultaneamente contribui para a preservação<br />
<strong>do</strong> meio ambiente. Em razão tanto <strong>da</strong> elevação <strong>do</strong>s custos <strong>da</strong>s energias<br />
convencionais quanto <strong>da</strong> progressiva a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s mitiga<strong>do</strong>ras<br />
<strong>do</strong>s efeitos <strong>de</strong>sastrosos <strong>da</strong> poluição atmosférica e <strong>do</strong> aquecimento global,<br />
há um enorme merca<strong>do</strong> potencial para as bioenergias, setor no qual o<br />
Brasil tem experiência inigualável no mun<strong>do</strong>.<br />
As empresas brasileiras têm a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se transformar<br />
em lí<strong>de</strong>res mundiais na produção e comercialização <strong>de</strong> bioenergia,<br />
especialmente a <strong>de</strong>riva<strong>da</strong> <strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar. Para tanto, contu<strong>do</strong>, não<br />
basta contar com a maior biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> planeta, a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
terras apropria<strong>da</strong>s para o cultivo, a inigualável experiência na produção<br />
e utilização <strong>de</strong> biocombustíveis e o eficiente e competitivo agronegócio<br />
brasileiro.<br />
É necessário, por um la<strong>do</strong>, avançar no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
nacional e internacional <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> biocombustíveis, com ca<strong>de</strong>ias<br />
produtivas e merca<strong>do</strong>s bem-estrutura<strong>do</strong>s. Tal avanço vai requerer, entre<br />
outros aspectos, a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> um correto zoneamento agro-ecológico<br />
<strong>do</strong> País e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sistemas nacionais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
certificação <strong>do</strong>s biocombustíveis.(...)<br />
Pesquisa, <strong>de</strong>senvolvimento, inovação e difusão <strong>de</strong><br />
tecnologias serão necessárias para assegurar a continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ganhos<br />
<strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> na produção <strong>de</strong> etanol. Inovações radicais também<br />
serão necessárias tanto para a manutenção <strong>de</strong>ssa trajetória <strong>de</strong> ganhos<br />
<strong>de</strong> eficiência quanto para evitar a eventual erosão <strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
brasileira pela emergência <strong>de</strong> inovações entre os nossos potenciais<br />
competi<strong>do</strong>res. (...) O Brasil tem condições <strong>de</strong> consoli<strong>da</strong>r sua li<strong>de</strong>rança<br />
mundial na área <strong>de</strong> biocombustíveis com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> rotas<br />
economicamente viáveis <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> etanol celulósico. Esse etanol <strong>de</strong><br />
segun<strong>da</strong> geração vai permitir o aproveitamento <strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is terços<br />
<strong>da</strong> energia conti<strong>da</strong> na cana, que hoje não é aproveita<strong>da</strong> pela fermentação<br />
<strong>da</strong> garapa <strong>da</strong> cana. Com isso, será possível aumentar a produção <strong>de</strong><br />
etanol sem ser necessária a expansão <strong>da</strong> área <strong>de</strong> cultivo <strong>da</strong> cana.<br />
Também é necessário avançar em outras áreas <strong>da</strong> bioenergia, como é o<br />
caso, por exemplo, <strong>da</strong>s células a combustível que utilizam bioetanol, e a<br />
utilização <strong>de</strong> outras biomassas para a geração <strong>de</strong> bioenergia.<br />
2.2.2. <strong>Tecnologia</strong>s <strong>da</strong> informação e comunicação<br />
As tecnologias <strong>da</strong> informação e comunicação (TICs) estão<br />
na base <strong>de</strong> produtos e serviços <strong>de</strong> crescimento excepcional, com<br />
altíssimas taxas <strong>de</strong> inovação, que geram empregos qualifica<strong>do</strong>s e<br />
geralmente têm baixo impacto ambiental. Sua utilização vem penetran<strong>do</strong><br />
e transforman<strong>do</strong> progressivamente to<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
os setores econômicos tradicionais até as utili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>mésticas, o<br />
entretenimento, a segurança, a <strong>de</strong>fesa, a educação e a administração<br />
pública. O <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong>s TICs passou a ser condição necessária tanto para<br />
o sucesso em qualquer uma <strong>de</strong>ssas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s quanto para a própria vi<strong>da</strong><br />
cotidiana e profissional <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos e mesmo para o avanço e a difusão<br />
<strong>do</strong> conhecimento científico e tecnológico.<br />
(...)<br />
2.2.3. Saú<strong>de</strong><br />
A indústria farmacêutica, assim como diversos componentes<br />
<strong>do</strong> complexo <strong>da</strong> saú<strong>de</strong>, constitui um tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que se <strong>de</strong>staca<br />
internacionalmente entre as <strong>de</strong> mais eleva<strong>da</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> em pesquisa,<br />
<strong>de</strong>senvolvimento, conhecimento e inovação. Por essa razão, costuma ser<br />
classifica<strong>da</strong> como exemplo <strong>de</strong> setor basea<strong>do</strong> na ciência. Infelizmente,<br />
contu<strong>do</strong>, a maior parte <strong>da</strong> P&D e <strong>da</strong>s inovações realiza<strong>da</strong>s neste<br />
setor está orienta<strong>da</strong> para aten<strong>de</strong>r às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
comerciais <strong>do</strong>s países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s. A<strong>de</strong>mais, a oferta internacional<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s medicamentos, vacinas, equipamentos e outros<br />
serviços ou insumos médicos apresenta características ou custos que se<br />
constituem em ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro limita<strong>do</strong>r <strong>do</strong> objetivo <strong>de</strong> universalizar o acesso<br />
<strong>do</strong>s brasileiros a serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Por isso, avanços<br />
nacionais na geração, absorção e difusão <strong>de</strong> conhecimentos científicos,<br />
tecnológicos e <strong>de</strong> inovações na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> são necessários e vitais<br />
para garantir condições essenciais à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> maioria<br />
<strong>da</strong> população brasileira. Por outro la<strong>do</strong>, o progresso <strong>da</strong> competência<br />
brasileira no complexo <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> também po<strong>de</strong> vir a criar significativas<br />
oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s para o País em outros merca<strong>do</strong>s emergentes. A área <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> é estratégica por apresentar um <strong>de</strong>nso e articula<strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong><br />
oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m combinar, a um só tempo, <strong>de</strong>senvolvimento<br />
científico, tecnológico, social e econômico.<br />
A indústria farmacêutica brasileira, no entanto, <strong>de</strong>dica-se<br />
essencialmente à fabricação <strong>de</strong> medicamentos (a partir <strong>de</strong> princípios<br />
ativos importa<strong>do</strong>s) e à sua comercialização. Seus esforços próprios<br />
em P&D, assim como suas inovações <strong>de</strong> processos ou produtos, ain<strong>da</strong><br />
estão muito aquém <strong>do</strong> necessário para gerar uma resposta a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong><br />
às <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s e oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s que a área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> apresenta. Como<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> políticas recentes, esse elo frágil <strong>do</strong> Sistema <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong><br />
Inovação em Saú<strong>de</strong> tem, contu<strong>do</strong>, apresenta<strong>do</strong> sinais <strong>de</strong> vitali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Esse<br />
é o caso, por exemplo, <strong>do</strong> avanço ocorri<strong>do</strong> na produção <strong>de</strong> genéricos.<br />
Há outros segmentos no complexo industrial <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> nos quais o País<br />
também tem <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> relativa competência, como é o caso <strong>do</strong>s<br />
equipamentos o<strong>do</strong>ntológicos e <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> vacinas.<br />
A competência científica brasileira em diversas áreas <strong>da</strong><br />
saú<strong>de</strong>, em especial na área <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças tropicais e <strong>de</strong> outras <strong>do</strong>enças<br />
negligencia<strong>da</strong>s, é reconheci<strong>da</strong> internacionalmente, e esse é um elo forte<br />
<strong>do</strong> sistema <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> sobre o qual é possível apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>da</strong> área. Nossos avanços em biotecnologia e biologia molecular também<br />
estão abrin<strong>do</strong> importantes oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s para o complexo <strong>da</strong> saú<strong>de</strong><br />
nacional, em especial na área <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> vacinas e <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong><br />
diagnóstico. A<strong>de</strong>mais, a enorme biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, especialmente<br />
<strong>da</strong> região amazônica, associa<strong>da</strong> ao conhecimento tradicional sobre<br />
aplicações medicinais <strong>de</strong> nossas plantas, apresenta potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
extraordinárias para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> fitoterápicos. (...)<br />
2.2.4. Pré-Sal<br />
A <strong>de</strong>scoberta <strong>da</strong> província <strong>de</strong> petróleo e gás <strong>do</strong> Pré-Sal em<br />
um momento <strong>de</strong> acelera<strong>do</strong> crescimento <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por energia, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />
especialmente à expansão <strong>de</strong> economias emergentes, cria <strong>de</strong>safios e<br />
oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s únicas para o <strong>de</strong>senvolvimento brasileiro. A exploração<br />
<strong>de</strong>ssa província, que é uma <strong>da</strong>s maiores <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, po<strong>de</strong> criar condições<br />
para o avanço e a consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> li<strong>de</strong>rança internacional <strong>do</strong> Brasil em<br />
tecnologias relaciona<strong>da</strong>s com a prospecção e a exploração <strong>de</strong> petróleo em<br />
águas profun<strong>da</strong>s ou superprofun<strong>da</strong>s.<br />
A escala <strong>do</strong> empreendimento e <strong>da</strong>s <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s a ele<br />
associa<strong>da</strong>s po<strong>de</strong>rá requerer ou permitir investimentos em equipamentos,<br />
instalações, recursos humanos, P&D e inovação que servirão <strong>de</strong> base<br />
para que empresas brasileiras fornece<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> produtos e serviços para<br />
o Pré-Sal atinjam padrões <strong>de</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> global. (...)<br />
Não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> registrar, a esse propósito, que a<br />
<strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong> Pré-Sal não foi obra <strong>do</strong> acaso ou uma questão <strong>de</strong> sorte. (...)<br />
Isso só foi ou vem sen<strong>do</strong> possível <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a um longo, massivo e sistemático<br />
esforço nacional, li<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pela Petrobras, <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento científico e<br />
tecnológico próprio e <strong>de</strong> investimentos em engenharia.<br />
Esse esforço, contu<strong>do</strong>, ain<strong>da</strong> precisa avançar muito para <strong>da</strong>r<br />
resposta aos <strong>de</strong>safios que se colocam para esse empreendimento, que, na<br />
visão <strong>de</strong> alguns especialistas, po<strong>de</strong> vir a assumir papel <strong>de</strong> catalisação<br />
<strong>da</strong> ciência, tecnologia e inovação brasileiras similar em alguns senti<strong>do</strong>s<br />
ao que o programa Apollo ‒ que teve por objetivo levar o ser humano até a<br />
Lua ‒ <strong>de</strong>sempenhou nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. (...)<br />
2.2.5. <strong>Tecnologia</strong>s porta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> futuro e outras energias<br />
Neste conjunto <strong>de</strong> tecnologias estão incluí<strong>da</strong>s a<br />
nanotecnologia, a biotecnologia e algumas formas <strong>de</strong> energia que,<br />
embora já presentes em algumas aplicações, terão papel relevante na<br />
indústria <strong>do</strong> futuro. (...) Por conta <strong>da</strong> preocupação ambiental, outras<br />
formas <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> energia, com baixa emissão <strong>de</strong> CO2, passarão a ser<br />
gradualmente implementa<strong>da</strong>s. Entre as que terão participação crescente<br />
na matriz energética brasileira po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s a energia<br />
fotovoltaica, a eólica, a utilização <strong>do</strong> hidrogênio nas células combustíveis<br />
e a energia nuclear.<br />
Recomen<strong>da</strong>ções<br />
1. Consoli<strong>da</strong>r a li<strong>de</strong>rança mundial <strong>do</strong> país na área <strong>de</strong> biocombustíveis<br />
durante a próxima déca<strong>da</strong>, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> para isso – em estreita articulação<br />
com o setor produtivo nacional – um vigoroso programa <strong>de</strong> pesquisa,<br />
<strong>de</strong>senvolvimento, inovação e difusão <strong>de</strong> tecnologias volta<strong>do</strong> para a<br />
produção e o uso <strong>de</strong> bioenergias.<br />
2. Ampliar <strong>de</strong> forma significativa os esforços que vêm sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s<br />
na área <strong>da</strong>s TICs. Fortalecer a pesquisa e o <strong>de</strong>senvolvimento em<br />
universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e instituições <strong>de</strong> pesquisa; integrar o país com uma<br />
infraestrutura <strong>de</strong> comunicações <strong>de</strong> alta veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> e avançar no processo<br />
<strong>de</strong> universalização <strong>do</strong> acesso, assim como expandir a formação <strong>de</strong><br />
recursos humanos em to<strong>do</strong>s os níveis nas áreas <strong>da</strong>s TICs e em áreas<br />
relaciona<strong>da</strong>s (envolven<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ensino médio, passan<strong>do</strong> pelo ensino<br />
técnico, as engenharias, o treinamento no trabalho, até alcançar a<br />
formação <strong>de</strong> mestres e <strong>do</strong>utores). Utilizar o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra público para<br />
estimular a inovação e a competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s empresas nacionais.<br />
3. Avançar na abor<strong>da</strong>gem sistêmica <strong>da</strong> área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, articulan<strong>do</strong> a<br />
política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> propriamente dita com a política industrial e a <strong>de</strong> C,T&.<br />
Destacam-se nessa agen<strong>da</strong> a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> agilizar a implementação<br />
<strong>da</strong>s Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo; utilizar o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />
compra <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para maximizar seus resulta<strong>do</strong>s no médio e longo prazo<br />
e não simplesmente para minimizar os custos imediatos; aperfeiçoar e<br />
compatibilizar os regimes normativos <strong>da</strong> área (especialmente a vigilância<br />
sanitária, o acesso à biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> e o intercâmbio <strong>de</strong> material biológico)<br />
e fortalecer a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> testes clínicos no Brasil.<br />
4. Associar à exploração <strong>do</strong> Pré-Sal o fortalecimento <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />
fornece<strong>do</strong>res locais, a consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> empresas brasileiras como<br />
competi<strong>do</strong>res globais, a agregação <strong>de</strong> valor aos seus produtos e a<br />
geração <strong>de</strong> empregos qualifica<strong>do</strong>s no País.<br />
5. A revisão, a continui<strong>da</strong><strong>de</strong> e o aumento <strong>de</strong> escala <strong>do</strong>s programas em<br />
an<strong>da</strong>mento relaciona<strong>do</strong>s às energias fotovoltaica e eólica, à utilização<br />
<strong>do</strong> hidrogênio nas células combustíveis e à energia nuclear são<br />
fun<strong>da</strong>mentais para que o País se torne um ator relevante nesses setores,<br />
que serão os pilares <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> futuro.<br />
2.3. Momento Histórico para o Avanço <strong>da</strong> <strong>Ciência</strong> Brasileira<br />
O avanço <strong>da</strong> ciência no Brasil tem si<strong>do</strong> notável nas últimas<br />
déca<strong>da</strong>s, tanto qualitativa como quantitativamente. O crescimento <strong>do</strong><br />
número <strong>de</strong> artigos publica<strong>do</strong>s em revistas in<strong>de</strong>xa<strong>da</strong>s tem esta<strong>do</strong> muito<br />
acima <strong>da</strong> média mundial, o que leva o Brasil a ocupar o 13º lugar<br />
mundialmente, atingin<strong>do</strong> em 2009 2,69% <strong>da</strong> produção mundial. Em<br />
termos <strong>de</strong> impacto relativo médio <strong>da</strong>s publicações <strong>do</strong> Brasil em ca<strong>da</strong> área<br />
<strong>de</strong> conhecimento, em relação às respectivas médias mundiais, o Brasil<br />
estava à frente <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais países <strong>do</strong> BRIC, mas bastante ameaça<strong>do</strong> pelo<br />
China e pela Índia.<br />
O retrato institucional <strong>da</strong> ciência brasileira é hoje bem mais<br />
amplo e sóli<strong>do</strong> <strong>do</strong> que há três ou quatro déca<strong>da</strong>s, quan<strong>do</strong> começou a<br />
adquirir sua feição atual. Os centros <strong>de</strong> pesquisa científico-tecnológicos<br />
em universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, institutos ou empresas, em maior ou menor escala,<br />
espalham-se pelo país e envolvem recursos humanos em números<br />
impensáveis naquela época, ain<strong>da</strong> assim insuficientes para galgarmos o<br />
primeiro escalão <strong>de</strong> países avança<strong>do</strong>s e não nos distanciarmos <strong>de</strong> países<br />
<strong>do</strong> BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). (...)<br />
Assim, foi possível a instalação recente <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Institutos Nacionais <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong> (INCTs), a instalação e<br />
expansão <strong>da</strong>s universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s públicas e a criação <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> novos<br />
centros <strong>de</strong> pesquisa em to<strong>do</strong> o Brasil.<br />
Uma gran<strong>de</strong> novi<strong>da</strong><strong>de</strong> neste cenário é a vitali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />
Fun<strong>da</strong>ções <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa (FAPs), com presença significativa<br />
em vários esta<strong>do</strong>s brasileiros, e <strong>da</strong>s Secretarias <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong>,<br />
existentes em to<strong>do</strong>s eles. To<strong>da</strong>s têm <strong>da</strong><strong>do</strong> notável contribuição ao avanço<br />
<strong>da</strong> ciência em seus esta<strong>do</strong>s, incluin<strong>do</strong> aí a integração aca<strong>de</strong>mia-empresa.<br />
As FAPs constituem hoje fonte <strong>de</strong> políticas públicas nacionais, instituin<strong>do</strong><br />
re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa entre si e em parceria com agências fe<strong>de</strong>rais liga<strong>da</strong>s a<br />
vários ministérios, como os <strong>da</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong>, Educação e Saú<strong>de</strong>.<br />
A cooperação internacional é <strong>de</strong> importância vital para o<br />
avanço científico <strong>de</strong> qualquer nação. Nossos cientistas, instituições,<br />
ministérios, como os <strong>da</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong>, Educação, Saú<strong>de</strong>, Indústria<br />
e Comércio, Relações Exteriores e suas agências <strong>de</strong> fomento, tais como<br />
CNPq, Finep e Capes, bem como as FAPs, compartilham com entusiasmo<br />
<strong>de</strong>sse princípio, e a colaboração científica <strong>do</strong> Brasil tem cresci<strong>do</strong> la<strong>do</strong><br />
a la<strong>do</strong> com o avanço que nossa ciência experimenta em época recente.<br />
Disso é exemplo a presença no exterior <strong>de</strong> instituições como a Embrapa, a<br />
Fiocruz, o Inpe, e <strong>de</strong> uma empresa como a Petrobras, entre outras.<br />
O Brasil participa ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> influentes Fóruns internacionais, como o<br />
Grupo G8+5 <strong>de</strong> Aca<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>, que oferece importantes propostas<br />
em C&T aos lí<strong>de</strong>res <strong>do</strong>s países que compõem esse Grupo, o Fórum<br />
Internacional <strong>de</strong> C&T para a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e o Fórum Mundial <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>s.<br />
(...)<br />
Recomen<strong>da</strong>ções<br />
1. Sustentar, como política <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>, o notável avanço <strong>da</strong> ciência<br />
brasileira, sobretu<strong>do</strong> a ciência básica, aceleran<strong>do</strong> vigorosamente,<br />
em quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>, a produção científica e a formação <strong>de</strong><br />
pesquisa<strong>do</strong>res, estabelecen<strong>do</strong> priori<strong>da</strong><strong>de</strong> para as áreas mais estratégicas<br />
e/ou carentes no país.<br />
2. Promover substancial acréscimo <strong>de</strong> investimentos em infraestrutura,<br />
com a expansão qualifica<strong>da</strong> <strong>do</strong> sistema universitário, institutos <strong>de</strong><br />
pesquisa e laboratórios, inclusive <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, e <strong>de</strong> escolas e<br />
programas <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> técnicos para operá-los. Tal esforço <strong>de</strong>ve estar<br />
impregna<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> leitura regional, evitan<strong>do</strong> concentrações<br />
ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s;<br />
3. Promover substancial acréscimo <strong>de</strong> investimentos em cooperação<br />
internacional que tenha por objetivo uma produção científica nacional<br />
na fronteira <strong>do</strong> conhecimento e uma forte presença <strong>de</strong> nossa ciência nas<br />
principais instituições e organismos internacionais <strong>de</strong> C&T; promover<br />
pesquisas internacionais em C&T <strong>de</strong> caráter bilateral ou multilateral;<br />
4. Lançar um amplo programa <strong>de</strong> brain gain, sobretu<strong>do</strong> <strong>de</strong> jovens talentos,<br />
ten<strong>do</strong> em vista nosso vigoroso avanço científico e atual remuneração<br />
competitiva em relação, por exemplo, aos países europeus;<br />
5. Aperfeiçoar os mecanismos <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> cientistas estrangeiros<br />
qualifica<strong>do</strong>s. Em particular, os concursos para professores e pesquisa<strong>do</strong>res<br />
<strong>de</strong> universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e institutos <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>vem ter caráter mundial,<br />
admitin<strong>do</strong>-se o uso <strong>de</strong> língua estrangeira <strong>de</strong> uso bastante universal,<br />
como o inglês, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os participantes se comprometam a apren<strong>de</strong>r a<br />
língua portuguesa em até <strong>do</strong>is anos após o concurso;<br />
6. Promover a difusão internacional <strong>de</strong> concursos para professores e<br />
pesquisa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e institutos <strong>de</strong> pesquisa, valorizan<strong>do</strong> a<br />
busca <strong>do</strong>s melhores talentos no plano mundial;<br />
7. Promover a autonomia <strong>da</strong>s instituições <strong>de</strong> excelência <strong>de</strong> C&T na<br />
constituição <strong>de</strong> seus quadros <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res e técnicos, valorizan<strong>do</strong><br />
a ciência fun<strong>da</strong>mental nelas <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> e proven<strong>do</strong>-as <strong>de</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong><br />
apoio;<br />
8. Aperfeiçoar mecanismos <strong>de</strong> formação e fixação <strong>de</strong> cientistas nas<br />
regiões <strong>do</strong> país que mais carecem <strong>de</strong> sóli<strong>da</strong> competência em ciência e<br />
tecnologia, proven<strong>do</strong> a infraestrutura necessária;<br />
9. Enfatizar a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> esforços institucionais para melhorar<br />
a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> pós-graduação, inclusive processos seletivos mais<br />
exigentes <strong>de</strong> seleção e conclusão <strong>do</strong>s programas;<br />
10. Promover a visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> internacional <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> pósgraduação,<br />
como a existência <strong>de</strong> páginas em inglês na internet, inclusive<br />
com a programação atualiza<strong>da</strong> <strong>do</strong>s alunos, visitantes e pós-<strong>do</strong>utoran<strong>do</strong>s,<br />
nacionais e estrangeiros, valorizan<strong>do</strong> a busca <strong>do</strong>s melhores talentos no<br />
plano mundial;<br />
11. Promover programa especial, em bases competitivas, para apoiar<br />
planos <strong>de</strong> excelência <strong>da</strong>s instituições <strong>de</strong> pesquisa e universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s com o<br />
objetivo <strong>de</strong> situá-las entre as melhores <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>;<br />
12. Promover mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio a pesquisas com duração <strong>de</strong> até<br />
cinco anos para projetos <strong>de</strong> natureza mais ousa<strong>da</strong> e/ou abrangente;<br />
13. Priorizar, no apoio a projetos <strong>de</strong> pesquisa, seu conteú<strong>do</strong> científico e a<br />
produção científica <strong>de</strong> seus proponentes;<br />
14. Promover a valorização pelas agências <strong>de</strong> fomento <strong>da</strong>s contraparti<strong>da</strong>s<br />
institucionais, exigin<strong>do</strong>-se, nos editais e contratos, a garantia <strong>de</strong> apoio<br />
a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e sustentável aos projetos por elas apoia<strong>do</strong>s, inclusive técnicos,<br />
pessoal administrativo e infraestrutura, garantin<strong>do</strong> a governança <strong>do</strong>s<br />
mesmos.<br />
2.4. Institucionali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
2.4.1. Requisitos para um Desenvolvimento Virtuoso<br />
(...) a introdução <strong>do</strong> PACTI como política <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> no cenário brasileiro<br />
<strong>de</strong> C,T&I trouxe relevantes avanços, tanto no que diz respeito à<br />
evolução <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> investimento no setor quanto no que se refere ao<br />
aprimoramento <strong>do</strong>s instrumentos <strong>de</strong> incentivo e <strong>de</strong> apoio às ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
na área. Esses avanços têm gera<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s tais como a ampliação <strong>da</strong><br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> nacional <strong>de</strong> produção científica e tecnológica e o crescente<br />
comprometimento <strong>de</strong> governos estaduais no investimento e na execução<br />
<strong>de</strong> ações no setor, os quais, soma<strong>do</strong>s à implementação <strong>de</strong> mecanismos<br />
mais flexíveis e estáveis <strong>de</strong> financiamento, têm contribuí<strong>do</strong> para a<br />
estratégia maior <strong>de</strong> expansão e consoli<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> Sistema <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong><br />
C,T&I e, consequentemente, <strong>de</strong> elevação <strong>do</strong>s impactos econômicos e<br />
sociais positivos <strong>da</strong>s políticas públicas relaciona<strong>da</strong>s. Apesar <strong>do</strong>s avanços<br />
já obti<strong>do</strong>s, é necessário aprimorar o ambiente regulatório e fortalecer a<br />
função <strong>de</strong> articulação e <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> sistema.<br />
2.4.2. Inovação<br />
Em que pesem os avanços institucionais e legais (Conselho<br />
<strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Desenvolvimento Industrial (CNDI), Agência Brasileira <strong>de</strong><br />
CONFErÊNCIA<br />
Desenvolvimento Industrial ( ABDI ), Lei <strong>de</strong> Inovação, Lei <strong>do</strong> Bem, entre<br />
outros), o governo ain<strong>da</strong> tem dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> articular as várias agências<br />
e órgãos encarrega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> implementar as políticas <strong>de</strong> inovação. (...)<br />
Toman<strong>do</strong> como base a perspectiva <strong>de</strong> um salto <strong>de</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />
indústria brasileira, compatível com a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se atingir o patamar<br />
<strong>de</strong> quinta economia mundial, os principais <strong>de</strong>safios institucionais para<br />
a inovação e competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s empresas incorporam três vertentes<br />
que guar<strong>da</strong>m forte interação. São elas: I: Convergência e Integração <strong>de</strong><br />
Ações e Políticas <strong>de</strong> Desenvolvimento; II: Sinergias Institucionais; e III:<br />
Interseção <strong>de</strong> Esforços para Transpor Barreiras à Inovação.<br />
A superação <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>safios está fortemente relaciona<strong>da</strong> à<br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> endógena <strong>de</strong>:<br />
1. Ampliar e fortalecer mecanismos <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação intragovernamental<br />
e instâncias <strong>de</strong> articulação com o setor priva<strong>do</strong>;<br />
2. Intensificar intervenções volta<strong>da</strong>s para a interação entre centros <strong>de</strong><br />
pesquisa e empresas, além <strong>da</strong> formação <strong>de</strong> recursos humanos e <strong>da</strong><br />
cooperação internacional;<br />
3. A<strong>de</strong>quar as macrometas <strong>da</strong> Política Industrial para o novo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
gestão;<br />
4. Promover ajustes institucionais para permitir uma maior<br />
complementari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s ações <strong>da</strong>s agências <strong>de</strong> fomento no apoio à<br />
inovação, qualifican<strong>do</strong> assim suas estratégias e iniciativas <strong>de</strong> apoio.<br />
2.4.3. Produção Científica<br />
Na ciência, também, verifica-se a existência <strong>de</strong> novos<br />
cenários, exigências na organização e execução <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> pesquisa, diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> atores, e, portanto, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
articulação e coor<strong>de</strong>nação. Quan<strong>do</strong> se consi<strong>de</strong>ra que 80% <strong>da</strong> nossa<br />
produção científica é realiza<strong>da</strong> nas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s públicas, as mu<strong>da</strong>nças<br />
estruturais nessas instituições para facilitar a pesquisa multidisciplinar<br />
se mostram particularmente urgentes. (...)<br />
No ambiente <strong>da</strong> pesquisa científica cabe <strong>de</strong>stacar como<br />
recomen<strong>da</strong>ções no âmbito institucional: 1. Intensificar a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> pesquisa interdisciplinar nas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e centros <strong>de</strong> pesquisa;<br />
2. Estruturar novos arranjos institucionais <strong>de</strong> parceria universi<strong>da</strong><strong>de</strong>empresa<br />
e <strong>de</strong> alianças entre universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, e <strong>de</strong>ssas com centros<br />
<strong>de</strong> pesquisa públicos e priva<strong>do</strong>s; 3. Mo<strong>de</strong>rnizar e a<strong>de</strong>quar os mo<strong>de</strong>los<br />
<strong>de</strong> formação em nível <strong>de</strong> pós-graduação para aten<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s<br />
brasileiras; 4. A<strong>de</strong>quar os marcos regulatórios que impactam o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> pesquisa, como a importação <strong>de</strong> insumos, o uso <strong>da</strong><br />
biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, as compras e as aquisições <strong>de</strong> bens e serviços;<br />
2.4.4. Ambiente Regulatório<br />
Nos últimos anos têm si<strong>do</strong> significativos os avanços obti<strong>do</strong>s<br />
nos marcos legal e regulatório direciona<strong>do</strong>s ao fomento à inovação no<br />
Brasil. A Lei <strong>da</strong> Inovação, a Lei <strong>do</strong> Bem, os incentivos fiscais <strong>de</strong> diversas<br />
naturezas, a subvenção econômica propiciaram condições favoráveis<br />
a uma maior aproximação e cooperação entre os atores <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong><br />
C,T&I, em especial as universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, centros <strong>de</strong> pesquisa e empresas.<br />
No entanto, o que se observa até o momento é que a inovação ain<strong>da</strong><br />
é pouco pratica<strong>da</strong>. Parte <strong>de</strong>ssa limitação associa-se frequentemente ao<br />
fato <strong>de</strong> que as novas normas convivem com regramentos antigos, bem<br />
como com interpretações jurídicas ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s por parte <strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong><br />
controle e <strong>da</strong>s áreas jurídicas <strong>da</strong>s instituições públicas. Nesse senti<strong>do</strong>, o<br />
aprimoramento <strong>do</strong> marco legal regulatório ain<strong>da</strong> se faz necessário para<br />
que as relações entre os atores <strong>do</strong> sistema se intensifiquem em regime <strong>de</strong><br />
risco sistêmico reduzi<strong>do</strong> e para maior segurança jurídica.<br />
Recomen<strong>da</strong>ções oriun<strong>da</strong>s <strong>de</strong> diversos setores <strong>da</strong> aca<strong>de</strong>mia<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 16 A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 17
CONFErÊNCIA<br />
(SBPC e ABC) e <strong>do</strong> setor empresarial quanto ao aprimoramento <strong>de</strong>sse<br />
marco convergem para novas formas <strong>de</strong> parceria e <strong>de</strong> relações públicopriva<strong>da</strong>s,<br />
maior flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> na gestão <strong>da</strong>s enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s públicas e regras<br />
que orientem as questões <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> intelectual, entre outras, a<br />
saber:<br />
1. Criação <strong>de</strong> um regime jurídico especial para compras e contratações<br />
para as Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) e agências <strong>de</strong><br />
fomento;<br />
2. Alteração <strong>da</strong>s normas para aquisições <strong>de</strong> bens e serviços por<br />
parte <strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>ções que prestam apoio às ICTs;<br />
3. Traçar normas gerais <strong>de</strong> licitação e contratação peculiares para as<br />
ICTs e agências <strong>de</strong> fomento, excepcionan<strong>do</strong>-as <strong>do</strong> regime jurídico <strong>da</strong> Lei<br />
8.666/93.<br />
2.4.5. Articulação No Mais Alto Nível<br />
Cabe <strong>de</strong>staque ao Conselho <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong><br />
(CCT), um <strong>do</strong>s poucos conselhos presidi<strong>do</strong>s diretamente pelo presi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>da</strong> República e que po<strong>de</strong>ria ter uma função <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>. Para cumprir <strong>de</strong><br />
forma a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> sua missão e <strong>de</strong>sempenhar com eficiência papel <strong>de</strong><br />
articulação, além <strong>de</strong> atuar como instrumento <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação central<br />
<strong>do</strong> sistema nacional <strong>de</strong> C,T&I, o CCT carece <strong>de</strong> aprimoramento em sua<br />
estrutura e funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Os principais <strong>de</strong>safios para a consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong><br />
um CCT com função reconheci<strong>da</strong> <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> consistiriam em melhorar a<br />
representativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s diferentes atores no Conselho, na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
gerar novas i<strong>de</strong>ias e no po<strong>de</strong>r real <strong>de</strong> influenciar as políticas.<br />
Recomen<strong>da</strong>ções<br />
1. O aprimoramento <strong>da</strong> governança <strong>do</strong> sistema é essencial para que a<br />
C,T&I realmente passe a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>, em conjunto, política <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />
2. Na busca <strong>de</strong> maior institucionali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s a<br />
complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s atores envolvi<strong>do</strong>s; as políticas <strong>de</strong> âmbito nacional,<br />
estadual e municipal; a interação entre universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, centros <strong>de</strong><br />
pesquisa e empresas; a relação público-priva<strong>da</strong>; a formação <strong>de</strong> recursos<br />
humanos qualifica<strong>do</strong>s; e os marcos regulatórios.<br />
3. Os novos cenários on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolvem a criação <strong>do</strong> conhecimento e<br />
a inovação tornam imperiosa uma ain<strong>da</strong> maior articulação <strong>do</strong> sistema<br />
nacional <strong>de</strong> C,T&I tanto em nível nacional como regional (estadual e<br />
municipal).<br />
4. Deve ser valoriza<strong>da</strong> a participação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> brasileiro na articulação<br />
<strong>do</strong>s agentes no investimento e no esforço <strong>de</strong> integração entre política<br />
<strong>de</strong> C&T, política industrial, política educacional e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
regional. Particularmente, <strong>de</strong>ve ser fortaleci<strong>do</strong> o mecanismo <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação intergovernamental em adição às instâncias <strong>de</strong> articulação<br />
com o setor priva<strong>do</strong>.<br />
5. É necessário garantir o atendimento às <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s mais sensíveis às<br />
assimetrias intra e interregionais, concomitantemente ao processo <strong>de</strong><br />
indução no financiamento <strong>da</strong> pesquisa científica e tecnológica. Devem<br />
ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong>s recursos para<br />
o fortalecimento <strong>do</strong>s sistemas regionais <strong>de</strong> C,T&I. Deve ser busca<strong>do</strong><br />
um melhor entendimento <strong>da</strong>s bases sobre as quais uma agen<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sconcentração possa ser amplia<strong>da</strong>.<br />
6. A integração e a interdisciplinari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> ciência, a agili<strong>da</strong><strong>de</strong> na<br />
transferência <strong>do</strong> conhecimento para aplicação e a formação <strong>de</strong> recursos<br />
humanos qualifica<strong>do</strong>s requerem o estabelecimento <strong>de</strong> novos mo<strong>de</strong>los<br />
<strong>de</strong> organização <strong>da</strong> pesquisa na universi<strong>da</strong><strong>de</strong>, os trabalhos em re<strong>de</strong><br />
(institutos e laboratórios nacionais) e o incremento <strong>da</strong> internacionalização<br />
<strong>da</strong> ciência brasileira.<br />
7. É necessário superar as fontes <strong>de</strong> insegurança jurídica <strong>de</strong> forma a<br />
favorecer a intensificação <strong>da</strong> utilização <strong>do</strong>s instrumentos <strong>de</strong> apoio à<br />
inovação disponibiliza<strong>do</strong>s pela legislação vigente, e assegurar iniciativas<br />
e investimentos <strong>de</strong> longo prazo pelas empresas e agentes <strong>de</strong> governo nos<br />
mais diversos níveis. Isto se traduz no aprimoramento e complementação<br />
<strong>do</strong> marco legal regulatório que presi<strong>de</strong> a construção <strong>da</strong> relação públicopriva<strong>da</strong>,<br />
a redução <strong>do</strong> risco tecnológico, a gestão <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
intelectual e a interpretação <strong>da</strong>s normas pelos órgãos controla<strong>do</strong>res.<br />
8. O CCT, órgão <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> sistema, <strong>de</strong>ve ter o seu funcionamento<br />
aprimora<strong>do</strong>, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-se as seguintes medi<strong>da</strong>s prioritárias: (a)<br />
estabelecimento <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> articulação com outros Conselhos<br />
superiores responsáveis pela <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> políticas e estratégias <strong>de</strong> longo<br />
prazo para o País; (b) reconfiguração <strong>da</strong>s Comissões Permanentes <strong>do</strong><br />
CCT com base em visão mais abrangente <strong>do</strong> sistema (importância <strong>de</strong><br />
manter a avaliação <strong>do</strong> Plano <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> C,T&I); (c) atuação apoia<strong>da</strong> em<br />
estu<strong>do</strong>s, análises e avaliações estratégicas <strong>da</strong>s políticas e programas<br />
no campo <strong>da</strong> C,T&I, a exemplo <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s pelo CGEE; (d)<br />
maior interação com os <strong>de</strong>mais órgãos <strong>de</strong> articulação <strong>do</strong> sistema (FNDCT,<br />
CNDES, em nível fe<strong>de</strong>ral; Secretarias <strong>de</strong> C&T e FAPs, em nível estadual,<br />
entre outros); (e) forte articulação com Conselhos estaduais já existentes<br />
e indução a criá-los on<strong>de</strong> não existam; (f) fortalecimento e ampliação <strong>da</strong>s<br />
Secretarias Municipais <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong>, instituin<strong>do</strong> Conselhos <strong>de</strong><br />
Desenvolvimento local nos municípios.<br />
3. OS GRANDES DESAFIOS E A AGENDA DO FUTURO PARA C,T&I<br />
Ao la<strong>do</strong> <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> regional, que é um trunfo, o Brasil<br />
carrega o far<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> regional. Em gran<strong>de</strong>s linhas propõese<br />
a esse respeito um “choque <strong>de</strong> inteligência” para conduzir o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento futuro <strong>da</strong> Amazônia. No Nor<strong>de</strong>ste, o <strong>de</strong>smonte <strong>da</strong><br />
velha estrutura produtiva <strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong> opera<strong>da</strong> pelo fim <strong>da</strong> cultura<br />
<strong>do</strong> algodão abre uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para novos arranjos produtivos<br />
que convivam com as características <strong>de</strong>sse bioma e que elevem<br />
significativamente a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> base econômica regional, para<br />
o que o conhecimento é variável estratégica. Em ambas as regiões, o<br />
<strong>de</strong>safio <strong>da</strong> elevação <strong>do</strong>s padrões educacionais é crucial. Ousadias<br />
<strong>de</strong>vem ser apoia<strong>da</strong>s, como a iniciativa já exitosa <strong>de</strong> montar um Instituto<br />
<strong>de</strong> Neurociências em Natal, articula<strong>do</strong> internacionalmente ao mesmo<br />
tempo em que atua como estimula<strong>do</strong>r <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento regional. No<br />
Centro-Oeste, o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> agregar valor à produção agropecuária requer<br />
li<strong>de</strong>rança nos investimentos pesa<strong>do</strong>s em C.T&I. Foram investimentos em<br />
conhecimento que viabilizaram a exploração <strong>do</strong>s cerra<strong>do</strong>s e eles são mais<br />
uma vez indispensáveis para assegurar a sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> futura <strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento regional.<br />
3.1. Por uma Amazônia Sustentável<br />
O que se <strong>de</strong>ve e se po<strong>de</strong> esperar <strong>de</strong> novos conhecimentos<br />
e novas tecnologias para a Amazônia? As <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s e sugestões<br />
apresenta<strong>da</strong>s na 4ª CNCTI convergem para a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> superar a<br />
<strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento regional, ressaltan<strong>do</strong> a contenção <strong>do</strong><br />
mo<strong>de</strong>lo pre<strong>da</strong>tório <strong>da</strong>s condições naturais e a carência <strong>de</strong> condições <strong>de</strong><br />
pesquisa e educação, bem como a extrema <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s condições<br />
sociais e <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> em particular. Após os anos que se seguiram à 3ª<br />
CNCTI, a Amazônia apresenta-se num novo momento em que meras e<br />
vagas reivindicações são substituí<strong>da</strong>s por <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s firmes <strong>de</strong> C,T&I<br />
para <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento e criação <strong>de</strong> instrumentos para<br />
avançar no seu conhecimento. É em relação a essas priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s que se<br />
colocam os <strong>de</strong>safios a superar e as recomen<strong>da</strong>ções necessárias.<br />
3.1.1. Agregar valor à biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
A biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> é, talvez, o mais <strong>de</strong>bati<strong>do</strong> tema sobre a<br />
Amazônia, <strong>de</strong>sta feita com a inovação <strong>de</strong> estabelecer metas para seu<br />
aproveitamento econômico. A agregação <strong>de</strong> valor é meta geral para a<br />
agricultura sustentável, mediante a criação <strong>de</strong> programas nacionais<br />
visan<strong>do</strong> a duplicar em <strong>de</strong>z anos o valor <strong>da</strong> produção exporta<strong>da</strong>. No<br />
Cerra<strong>do</strong> e nas áreas <strong>de</strong>sfloresta<strong>da</strong>s tal meta po<strong>de</strong> ser alcança<strong>da</strong><br />
com a integração lavoura-pecuária-floresta e a melhoria <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia<br />
produtiva <strong>da</strong> pecuária <strong>de</strong> corte e <strong>de</strong> leite por meio <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
e transferência <strong>de</strong> tecnologia <strong>de</strong> manejo, nutrição, genética e sani<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
animal. As indústrias <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>ira e <strong>de</strong> alimentos são outras opções a<br />
serem <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s nessas áreas.<br />
Mas é a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> floresta a mais preocupante<br />
na Amazônia, impon<strong>do</strong>-se várias medi<strong>da</strong>s para sua conservação. De<br />
imediato há que sustar o <strong>de</strong>sflorestamento. Na medi<strong>da</strong> em que se afirma<br />
a viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> aproveitamento econômico <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, que até<br />
pouco tempo atrás <strong>de</strong>spertava dúvi<strong>da</strong>s, há que, <strong>de</strong> imediato, valorizar<br />
a floresta em pé para que possa competir com as commodities. Para<br />
tanto, é necessário fortalecer o sistema <strong>de</strong> classificação, <strong>de</strong>talhamento,<br />
monitoramento e fiscalização <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento e uso <strong>da</strong> terra efetua<strong>do</strong><br />
pelo Inpe. A construção <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias produtivas e produtos não ma<strong>de</strong>ireiros<br />
associa<strong>do</strong>s ao fortalecimento <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s locais é igualmente<br />
urgente, apoia<strong>da</strong> pelo aprimoramento genético <strong>de</strong> espécies, bem como<br />
<strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> produção e geração <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res ambientais <strong>de</strong> manejo<br />
florestal e uso múltiplo para o bioma amazônico.<br />
O aproveitamento <strong>da</strong> água e sua conservação <strong>de</strong>vem ter<br />
maior atenção, ten<strong>do</strong> em vista sua abundância mas fraco acesso pela<br />
população regional, e sua valorização como recurso escasso no planeta.<br />
E a agregação <strong>de</strong> valor aos recursos naturais não se restringe à cobertura<br />
vegetal – <strong>de</strong>ve incluir o bem mineral.<br />
3.1.2. Promover sinergia entre instituições, projetos e recursos<br />
humanos para a ciência e a tecnologia<br />
Garantir a presença <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> na região mediante<br />
<strong>de</strong>scentralização e interiorização <strong>da</strong>s agências estaduais e fe<strong>de</strong>rais<br />
é preciso e, simultaneamente, buscar sinergia nas ações através <strong>da</strong><br />
constituição <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa e integração <strong>de</strong> instituições. É oportuna<br />
a formatação <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> em re<strong>de</strong> sobre biotecnologia<br />
aplica<strong>da</strong> à biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, e a consoli<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Biotecnologia<br />
<strong>da</strong> Amazônia (CBA) é urgente. Apoio a estruturas institucionais que<br />
integrem os projetos às Políticas Públicas <strong>de</strong> Defesa Civil <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s<br />
<strong>da</strong> Amazônia <strong>de</strong>ve ser implementa<strong>do</strong>. A Embrapa <strong>de</strong>ve ser consoli<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
como gran<strong>de</strong> centro nacional <strong>de</strong> pesquisa, concluin<strong>do</strong>-se a instalação<br />
<strong>de</strong> suas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Maranhão, <strong>de</strong> Tocantins e <strong>de</strong> Mato<br />
Grosso, bem como <strong>da</strong> Embrapa Agroenergia. A criação <strong>de</strong> novos cursos <strong>de</strong><br />
pós-graduação sobre temáticas arroja<strong>da</strong>s em universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais <strong>da</strong><br />
região <strong>de</strong>ve ser cogita<strong>da</strong>.<br />
Respeitar a legislação estadual específica referente ao<br />
orçamento para as Fun<strong>da</strong>ções <strong>de</strong> Apoio à Pesquisa <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s é<br />
essencial para manter essas jovens e ativas instituições regionais.<br />
A ampliação <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>res e investimentos pesa<strong>do</strong>s em<br />
programas <strong>de</strong> qualificação <strong>de</strong> pessoal são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s cruciais para a<br />
Amazônia. Deve-se fortalecer e ampliar a formação <strong>de</strong> recursos humanos<br />
qualifica<strong>do</strong>s na região <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nível técnico ao <strong>do</strong>utor, com especial<br />
atenção aos técnicos em recursos florestais (mateiros), que estão<br />
<strong>de</strong>saparecen<strong>do</strong>. Carreiras salariais diferencia<strong>da</strong>s que permitam fixar<br />
<strong>do</strong>utores na região <strong>de</strong>vem ser implementa<strong>da</strong>s.<br />
3.1.3. Superar as carências sociais<br />
Os esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste e Norte ocupam os piores lugares<br />
no Brasil na maioria <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res sociais e em especial quanto à<br />
expectativa <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e à mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> infantil, e o mo<strong>de</strong>lo socioeconômico<br />
atual vem causan<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s <strong>da</strong>nos ao bioma amazônico sem beneficiar<br />
seus habitantes. A população <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> País é <strong>do</strong>ta<strong>da</strong> <strong>de</strong> conhecimento<br />
secular sobre as regiões on<strong>de</strong> vivem mas permanece isola<strong>da</strong> e,<br />
juntamente com a população <strong>da</strong>s periferias <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, sem<br />
acesso aos novos conhecimentos, à saú<strong>de</strong> e outras oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s. É<br />
imperioso organizar mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> proteção <strong>de</strong> conhecimento, inovações e<br />
práticas <strong>do</strong>s povos indígenas e outras comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s locais e mecanismos<br />
que garantam a repartição <strong>do</strong>s benefícios <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> uso <strong>de</strong><br />
conhecimentos tradicionais.<br />
Aprendiza<strong>do</strong>s e inovação estão enraiza<strong>do</strong>s em condições<br />
locais que as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s coman<strong>da</strong>m. Mas a função social <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
na região é negligencia<strong>da</strong>. Para ser exerci<strong>da</strong>, <strong>de</strong>man<strong>da</strong> equipamento<br />
para gerar <strong>da</strong><strong>do</strong>s em tempo real, elaborar ca<strong>da</strong>stros territoriais<br />
multifuncionais e sistemas <strong>de</strong> informação geográfica para informar a<br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e o governo, bem como estu<strong>do</strong>s e pesquisas <strong>de</strong> política urbana<br />
e fortalecimento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s municípios para exercer sua função.<br />
3.1.4. Consoli<strong>da</strong>r uma base tecnocientífica para o uso sustentável <strong>do</strong><br />
território na Amazônia<br />
A produção <strong>de</strong> informação sobre o bioma amazônico para a<br />
pronta redução <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento, inclusão social e geração <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> é<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> vital, para tanto exigin<strong>do</strong> a sincronização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
C,T&I na região. No extremo oposto, mas complementarmente e <strong>de</strong> igual<br />
importância é a ótica local; esta parte <strong>do</strong> princípio <strong>de</strong> que há um baixo<br />
grau <strong>de</strong> conhecimento sobre a região e que a C,T&I é prioritária para<br />
valorizar o capital natural e or<strong>de</strong>nar o uso <strong>da</strong> terra. E mais, as pesquisas<br />
e tecnologias não necessariamente precisam ser apenas high tech;<br />
são também inovações incrementais a partir <strong>do</strong> secular conhecimento<br />
tradicional que, aplicáveis localmente, po<strong>de</strong>m elevar o nível técnico <strong>da</strong>s<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e promover melhoria mais imediata para as populações.<br />
Reconhece-se a importância <strong>do</strong> zoneamento como<br />
instrumento <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento <strong>do</strong> território tanto maior quanto mais<br />
estiver articula<strong>do</strong> às políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Seja o zoneamento<br />
agroecológico na escala 1:100.000 em to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> país, seja<br />
o zoneamento ecológico-econômico para to<strong>da</strong> a região amazônica.<br />
Um zoneamento geológico <strong>de</strong>ve ser meta básica para conhecimento<br />
aprofun<strong>da</strong><strong>do</strong>, monitoramento e valoração <strong>do</strong>s serviços ambientais <strong>da</strong><br />
água, assim como um inventário <strong>da</strong> geodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Brasil com base<br />
na ampliação <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s sobre zoneamentos.<br />
Finalmente, cabe lembrar a importância <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s sobre<br />
a integração <strong>da</strong> Amazônia Sul-Americana, que exige ações <strong>de</strong> C&T<br />
integra<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s países amazônicos, assim como a implantação <strong>de</strong><br />
representações institucionais <strong>do</strong> Ministério <strong>da</strong>s Relações Exteriores na<br />
Amazônia – uma diplomacia amazônica.<br />
3.1.5. Amazônia, potencial <strong>de</strong> futuro que já se faz presente<br />
Tornou-se patente, nesta 4ª CNCTI, o gran<strong>de</strong> potencial que a<br />
Amazônia representa para o futuro <strong>do</strong> país no século 21 por seu capital<br />
natural e cultural ain<strong>da</strong> não plenamente conheci<strong>do</strong> e não <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente<br />
valoriza<strong>do</strong>.<br />
Ao la<strong>do</strong> <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong> água e <strong>do</strong>s recursos minerais,<br />
o novo contexto mundial valoriza não só a produção <strong>de</strong> alimentos em<br />
curso no cerra<strong>do</strong> mas, sobretu<strong>do</strong>, as florestas tropicais, pelos serviços<br />
ambientais que oferecem e por seu papel nas mu<strong>da</strong>nças climáticas como<br />
sorve<strong>do</strong>uros <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa, principalmente CO2.<br />
Qual o projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento que <strong>de</strong>ve orientar a<br />
política <strong>de</strong> C,T&I para a região? Ficou claro na Conferência que o tipo<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável que <strong>de</strong>sejamos para o Brasil não se<br />
confun<strong>de</strong> com aquele associa<strong>do</strong> a interpretações que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o<br />
sacrifício <strong>do</strong> direito ao <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social <strong>do</strong>s países<br />
periféricos para assegurar a sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio que se impõe é romper com a forma clássica<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, que não contempla o fato <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
sustentável <strong>de</strong>ve ser entendi<strong>do</strong> como um processo contínuo <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça<br />
e aperfeiçoamento que envolve múltiplas dimensões ( econômica, social,<br />
ambiental e política) e po<strong>de</strong> seguir vários caminhos <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as<br />
diferenças históricas e geográficas, e com as especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s regionais.<br />
No caso <strong>da</strong> Amazônia, um projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
sustentável exige a superação <strong>do</strong> falso dilema <strong>de</strong>senvolvimento X<br />
conservação. Ao la<strong>do</strong> <strong>da</strong>s Áreas Protegi<strong>da</strong>s, é urgente conceber e<br />
implementar um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento capaz <strong>de</strong> utilizar – sem<br />
<strong>de</strong>struição – o seu capital natural para gerar e distribuir riqueza para as<br />
populações regionais, a região e o país.<br />
São vários os elementos <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
sustentável para a região. A começar por consi<strong>de</strong>rar a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
intrarregional gera<strong>da</strong> pelo zoneamento <strong>da</strong> própria natureza e pelas<br />
formas <strong>de</strong> sua apropriação – floresta <strong>de</strong>nsa, floresta aberta, floresta <strong>de</strong><br />
transição e cerra<strong>do</strong> –, seguin<strong>do</strong> pela organização <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias produtivas<br />
até a etapa <strong>da</strong> industrialização <strong>da</strong> produção nas diferentes zonas. Tal<br />
processo exige uma logística a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> envolven<strong>do</strong> multimo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
transportes, energias alternativas e equipamento <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s para que<br />
possam exercer sua função social, econômica e política.<br />
Impõe-se como complementação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento sustentável para a Amazônia a <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong> extensa zona<br />
<strong>de</strong> mata <strong>de</strong>nsa ain<strong>da</strong> relativamente conserva<strong>da</strong> – o seu coração florestal<br />
–, a ser realiza<strong>da</strong> mediante valorização <strong>de</strong> uma economia <strong>da</strong> floresta. E,<br />
por sua posição estratégica frente à Amazônia sul-americana, Manaus<br />
<strong>de</strong>ve ser planeja<strong>da</strong> como uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> mundial com base no conhecimento<br />
<strong>da</strong> floresta e na prestação <strong>de</strong> serviços ambientais.<br />
Recomen<strong>da</strong>ções<br />
1. Criar uma coor<strong>de</strong>nação supraministerial para articular instituições<br />
que li<strong>da</strong>m com biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, com inclusão <strong>do</strong> CBA, para promover a<br />
produção <strong>de</strong> fitomedicamentos e fármacos.<br />
2. Estabelecer mecanismos que atraiam empresas <strong>de</strong> base tecnológica<br />
volta<strong>da</strong>s para a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> com financiamentos diferencia<strong>do</strong>s.<br />
3. Criar uma Plataforma Tecnológica para uso, manejo e preservação <strong>da</strong><br />
água na Amazônia brasileira e promover sua articulação no âmbito <strong>da</strong><br />
Bacia Amazônica.<br />
4. Desburocratizar e facilitar o acesso <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res brasileiros à<br />
pesquisa <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
5. Estabelecer um programa <strong>de</strong> educação técnica, profissionalizante<br />
e universitária articula<strong>do</strong> a empreendimentos dirigi<strong>do</strong>s para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento econômico e humano <strong>da</strong> região amazônica.<br />
6. Privilegiar o esforço <strong>de</strong> superação <strong>da</strong>s carências sociais através <strong>de</strong><br />
investimentos articula<strong>do</strong>s às políticas públicas, com inclusão <strong>do</strong>s grupos<br />
indígenas.<br />
7. Consoli<strong>da</strong>r o zoneamento como instrumento <strong>de</strong> uso sustentável<br />
<strong>da</strong> terra através <strong>de</strong> sua integração aos programas, planos e políticas<br />
regionais <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
8. Implementar os elementos <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />
apresenta<strong>do</strong>.<br />
9. Avançar no conhecimento científico <strong>da</strong> Amazônia, implican<strong>do</strong><br />
pesquisas e viabilização <strong>de</strong> novas potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s regionais, tais como<br />
serviços ambientais e energia solar.<br />
10. Aperfeiçoar o programa aeroespacial brasileiro para monitoramento<br />
socioambiental <strong>da</strong> Amazônia com base em satélite nacional e<br />
CONFErÊNCIA<br />
compartilhá-lo com os <strong>de</strong>mais países amazônicos.<br />
3.2. “Amazônia Azul”<br />
Cumpre, no século 21, incorporar ao território nacional o<br />
mar que pertence ao País e promover o uso sustenta<strong>do</strong> <strong>de</strong> seus recursos<br />
naturais. Trata-se <strong>de</strong> uma extensão atlântica que se projeta para além<br />
<strong>do</strong> litoral e <strong>da</strong>s ilhas oceânicas, repleta <strong>de</strong> riquezas minerais e biológicas<br />
espalha<strong>da</strong>s por mais <strong>de</strong> 4,5 milhões <strong>de</strong> quilômetros quadra<strong>do</strong>s,<br />
<strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> “Amazônia Azul”. São questões importantes: por que os<br />
ecossistemas marinhos estão mu<strong>da</strong>n<strong>do</strong>? Em que escala precisamos<br />
preservar a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> marinha?<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> ciência e a evolução tecnológica<br />
vêm possibilitan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sven<strong>da</strong>r os mistérios <strong>do</strong>s oceanos e <strong>de</strong>scobrir<br />
a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> biológica, o potencial biotecnológico e energético e os<br />
recursos minerais <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar.<br />
A exploração racional <strong>do</strong> mar é um objeto persegui<strong>do</strong> e<br />
alguns bons resulta<strong>do</strong>s estão surgin<strong>do</strong>,como a preservação <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia<br />
alimentar cuja base resi<strong>de</strong> nos oceanos. O uso sustentável <strong>do</strong>s oceanos<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> manutenção <strong>da</strong> integri<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ecossistemas<br />
marinhos. De maneira recíproca, saú<strong>de</strong> pública, segurança alimentar e<br />
benefícios sociais e econômicos, inclusive valores culturais, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />
<strong>do</strong> uso racional <strong>do</strong>s oceanos.<br />
Entre os fatores menciona<strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s ao tema <strong>da</strong><br />
“Amazônia Azul” citam-se pesca, turismo, lazer e esportes marítimos,<br />
petróleo e gás natural, recursos minerais marinhos, potencial energético,<br />
transporte marítimo e portos.<br />
Recomen<strong>da</strong>ções<br />
1. Apoiar a disseminação <strong>da</strong> mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> marítima na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, em<br />
especial nos setores governamentais e priva<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> forma a apresentar, à<br />
população brasileira, o significa<strong>do</strong> estratégico e econômico <strong>do</strong> imenso mar<br />
que nos pertence, <strong>de</strong>spertan<strong>do</strong> o interesse na produção <strong>do</strong> equipamento<br />
necessário para a exploração, monitoramento, controle e <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s<br />
interesse <strong>do</strong> País na área marítima que representa a “Amazônia Azul”.<br />
2. Apoiar as ações <strong>de</strong> investimentos nacionais e regionais em tecnologia,<br />
em infraestrutura e em formação <strong>de</strong> recursos humanos para a a<strong>da</strong>ptação,<br />
tanto pública como empresarial, aos padrões ambientais e em<br />
gerenciamento participativo com vistas ao <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />
e ao controle <strong>da</strong> poluição na “Amazônia Azul”.<br />
3. Capacitar o País para <strong>de</strong>senvolver e utilizar tecnologias <strong>de</strong> pesquisas<br />
no estu<strong>do</strong> e exploração <strong>do</strong>s recursos e fenômenos presentes na “Amazônia<br />
Azul” com potencial para contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />
<strong>do</strong> País.<br />
4. Apoiar o estabelecimento <strong>da</strong> infraestrutura e a capacitação <strong>de</strong> recursos<br />
humanos necessários à mo<strong>de</strong>rnização tecnológica <strong>do</strong>s portos e ao<br />
soerguimento <strong>do</strong> transporte marítimo e multimo<strong>da</strong>l brasileiro em busca<br />
<strong>da</strong> redução <strong>do</strong> custo Brasil.<br />
5. Apoiar o estabelecimento <strong>da</strong> infraestrutura tecnológica necessária<br />
à implementação <strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Gerenciamento <strong>da</strong> “Amazônia Azul”–<br />
SisGAAz volta<strong>da</strong> para o monitoramento e controle <strong>de</strong>sse espaço marítimo<br />
como ação fun<strong>da</strong>mental para a consecução <strong>da</strong> visão <strong>da</strong> Estratégia<br />
<strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> médio e longo prazos.<br />
3.3. Respeito aos biomas<br />
O País multiplicou por quatro o valor <strong>de</strong> suas exportações<br />
agrícolas entre 2000 e 2008, já é o terceiro maior exporta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> alimentos<br />
e po<strong>de</strong> alcançar o segun<strong>do</strong> lugar nos próximos <strong>de</strong>z anos. É também o<br />
segun<strong>do</strong> produtor e o maior exporta<strong>do</strong>r mundial <strong>de</strong> etanol. O crescimento<br />
vigoroso <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> para as principais culturas alimentares,<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 18 A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 19
CONFErÊNCIA<br />
forrageiras e industriais, observa<strong>do</strong> nos últimos trinta anos, será<br />
continua<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> como fun<strong>da</strong>mento a contínua elevação <strong>da</strong><br />
produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> em resposta ao <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico <strong>de</strong> uma<br />
nova agricultura com matizes eminentemente tropicais. O país entrou<br />
em um seleto clube <strong>de</strong> exporta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> alimentos, chaman<strong>do</strong>-se a<br />
atenção para o fato <strong>de</strong> que os <strong>de</strong>mais países têm sua produção basea<strong>da</strong><br />
em conhecimento <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> para ambientes tempera<strong>do</strong>s, cujas<br />
instituições e universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s foram instala<strong>da</strong>s há séculos, a exemplo <strong>da</strong>s<br />
universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s européias, americanas e asiáticas.<br />
Projeta-se que em duas déca<strong>da</strong>s aproxima<strong>da</strong>mente 60% <strong>do</strong><br />
consumo <strong>de</strong> energia <strong>do</strong> País seja proveniente <strong>de</strong> fontes renováveis. Esta<br />
característica distinguirá o Brasil <strong>de</strong> qualquer outra nação, colocan<strong>do</strong>-o<br />
em posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista sustentável, para enfrentar os<br />
<strong>de</strong>safios <strong>de</strong>ste século e capacitá-lo a ser uma <strong>da</strong>s nações mais prósperas<br />
<strong>do</strong> planeta.<br />
Ain<strong>da</strong> no que diz respeito à produção <strong>de</strong> biocombustíveis,<br />
vale uma menção especial ao fato <strong>de</strong> que, nas próximas duas déca<strong>da</strong>s,<br />
uma mu<strong>da</strong>nça radical ocorrerá na produção energética mundial. Primeiro,<br />
pelo uso comum <strong>de</strong> tecnologias que permitam a utilização <strong>da</strong> eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
no <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> veículos automotores. Segun<strong>do</strong>, pelo <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong><br />
produção <strong>de</strong> etanol a partir <strong>de</strong> celulose e <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s.<br />
Em ambos os casos, o Brasil <strong>de</strong>verá <strong>do</strong>minar as tecnologias<br />
<strong>de</strong> forma que tenha capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> completa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver esses produtos<br />
e suas aplicações.<br />
O País <strong>de</strong>ve estar consciente <strong>de</strong> que sua matriz industrial<br />
continuará sen<strong>do</strong> fortemente lastrea<strong>da</strong> na produção e beneficiamento <strong>de</strong><br />
produtos agrícolas e que, sem uma <strong>de</strong>fesa consistente <strong>do</strong> meio ambiente<br />
e uma produção científica forte que respal<strong>de</strong> tal crescimento, seu futuro<br />
sustentável estará comprometi<strong>do</strong>.<br />
Recomen<strong>da</strong>ções<br />
1. A aplicação <strong>do</strong>s conhecimentos atuais no repovoamento com espécies<br />
nativas <strong>da</strong>s matas <strong>do</strong> Semiári<strong>do</strong> e <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> e o aprofun<strong>da</strong>mento<br />
<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s que permitam valorizar os recursos <strong>da</strong> flora, <strong>da</strong> fauna e<br />
<strong>do</strong>s microorganismos <strong>de</strong>sses biomas nortearão a política científica e<br />
educacional <strong>de</strong>sta faixa que circun<strong>da</strong> a Amazônia.<br />
2. No caso específico <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, a intensificação <strong>de</strong> práticas sustentáveis<br />
na agricultura, a exemplo <strong>do</strong> plantio direto, integração lavoura-pecuáriafloresta,<br />
fixação biológica <strong>de</strong> nitrogênio, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cultivares<br />
tolerantes aos estresses hídricos e a temperaturas mais eleva<strong>da</strong>s, uso<br />
eficiente <strong>do</strong>s recursos hídricos e recomposição <strong>do</strong>s recursos florestais<br />
colocarão o país como exemplo <strong>de</strong> potência agrícola tropical.<br />
3. Quanto ao ambiente <strong>de</strong> Mata Atlântica, o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio constituirse-á<br />
na preservação <strong>do</strong> que restou <strong>do</strong> bioma e em sua valorização por<br />
parte <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s centros urbanos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> bioma e ao mesmo<br />
tempo responsáveis por sua preservação.<br />
4. Mesmo sen<strong>do</strong> um ambiente em que a ação humana po<strong>de</strong> ser<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> em escala menor, a fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Pantanal é tal que têlo<br />
como um santuário ecológico conviven<strong>do</strong> com a exploração pecuária<br />
tradicional e a exploração <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> será estratégico <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong><br />
vista científico e ambiental.<br />
5. O Pampa é um <strong>do</strong>s ambientes mais intensamente impacta<strong>do</strong>s pelas<br />
mu<strong>da</strong>nças climáticas. Perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> estiagem tornam-se uma constante,<br />
<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se infere que programas específicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
sistemas produtivos e práticas sustentáveis <strong>de</strong>vem ser prioriza<strong>do</strong>s.<br />
6. Para que uma política <strong>de</strong> ciência, tecnologia e inovação possa causar<br />
mu<strong>da</strong>nças e impactos nos biomas brasileiros, se faz necessária a<br />
integração com uma política <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong> informação e comunicação<br />
que facilite o <strong>de</strong>senvolvimento, a disseminação e o compartilhamento <strong>do</strong><br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 20<br />
conhecimento.<br />
3.4. C,T&I para o Desenvolvimento Social<br />
A entra<strong>da</strong> recente <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento social na agen<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> ciência e tecnologia foi um importante passo político; possibilitou<br />
avanços, ain<strong>da</strong> que limita<strong>do</strong>s, como o crescimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> popularização <strong>da</strong> C&T, uma maior difusão <strong>de</strong> tecnologias sociais e<br />
<strong>da</strong> economia solidária, bem como a ampliação <strong>do</strong> uso <strong>da</strong> tecnologia<br />
assistiva (volta<strong>da</strong> para proporcionar ou ampliar habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s funcionais<br />
<strong>de</strong> pessoas com <strong>de</strong>ficiência). Mas a ausência <strong>de</strong> políticas suficientemente<br />
amplas e eficazes para a incorporação <strong>da</strong> C,T&I às ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> enorme<br />
parcela <strong>da</strong> população liga<strong>da</strong> à informali<strong>da</strong><strong>de</strong> (ten<strong>do</strong> como objetivo<br />
maior sua conversão à economia formal), a sua presença reduzi<strong>da</strong> nas<br />
iniciativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local e a pouca integração <strong>da</strong>s ações<br />
governamentais são empecilhos para um <strong>de</strong>senvolvimento econômico,<br />
social e ambientalmente justo e sustentável, em escala tanto local como<br />
nacional.<br />
A educação não formal tem importância para a formação<br />
permanente <strong>do</strong>s indivíduos e o aumento <strong>do</strong> interesse coletivo pela C,T&I.<br />
Ela se processa através <strong>de</strong> instrumentos como os meios <strong>de</strong> comunicação,<br />
os espaços e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s científico-culturais, a extensão universitária<br />
e a educação à distância. A extensão universitária é uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
essencial para que a universi<strong>da</strong><strong>de</strong> forme não apenas profissionais<br />
qualifica<strong>do</strong>s e inova<strong>do</strong>res, mas também ci<strong>da</strong>dãos comprometi<strong>do</strong>s com<br />
a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em que vivem. Houve, em anos recentes, um crescimento<br />
acentua<strong>do</strong> <strong>do</strong>s espaços científico-culturais no país, sua organização<br />
em re<strong>de</strong> e a realização <strong>de</strong> muitas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> divulgação científica,<br />
mas essas iniciativas estão longe <strong>de</strong> conduzir à popularização <strong>da</strong> C&T<br />
e à sua apropriação social em níveis a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s, apesar <strong>da</strong>s pesquisas<br />
<strong>de</strong> percepção pública comprovarem o gran<strong>de</strong> interesse <strong>do</strong>s brasileiros<br />
por C&T. Uma interface importante entre C,T&I e a cultura se refere ao<br />
patrimônio cultural brasileiro: a C&T é um instrumento essencial para a<br />
preservação <strong>do</strong> patrimônio; ao mesmo tempo, é também um elemento <strong>de</strong><br />
produção <strong>de</strong>sse patrimônio e <strong>de</strong>le usufrui como fonte <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong><br />
construção <strong>da</strong> cultura científica.<br />
As inovações sociais são gera<strong>da</strong>s e aplica<strong>da</strong>s, sem<br />
perspectiva <strong>de</strong> lucro, em resposta a <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s diversifica<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Várias transformações <strong>de</strong> imenso alcance nasceram em<br />
instituições ou setores sem fins lucrativos. Entretanto, além <strong>da</strong>s<br />
fragili<strong>da</strong><strong>de</strong>s locais em infraestrutura, <strong>da</strong> limitação <strong>de</strong> recursos financeiros<br />
e <strong>da</strong> escassez <strong>de</strong> pessoal qualifica<strong>do</strong>, a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s órgãos públicos<br />
para trabalhar <strong>de</strong> forma integra<strong>da</strong>, a gran<strong>de</strong> burocracia e a pequena<br />
tradição <strong>da</strong>s instituições universitárias e <strong>de</strong> pesquisa em atuar nessa<br />
área têm si<strong>do</strong> obstáculos permanentes para uma maior eficácia no uso<br />
<strong>da</strong> C,T&I para o <strong>de</strong>senvolvimento social.<br />
A C,T&I é um importante elemento para a conquista <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, para a <strong>de</strong>mocratização <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social, para a elevação <strong>da</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e para a redução <strong>da</strong> informali<strong>da</strong><strong>de</strong>, contribuin<strong>do</strong><br />
para o direito à ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e para a melhoria <strong>da</strong>s condições no campo.<br />
Mobilizar a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a inteligência coletiva <strong>do</strong>s brasileiros para<br />
resolver problemas sociais é um <strong>de</strong>safio permanente; fornecer-lhes<br />
condições para isto é uma <strong>da</strong>s funções <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público. As prefeituras<br />
são portas <strong>de</strong> acesso <strong>da</strong> população aos diversos programas públicos<br />
e têm (ou <strong>de</strong>veriam ter) papel fun<strong>da</strong>mental nas ações <strong>de</strong> C,T&I para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento social, assim como o têm a mobilização e a participação<br />
<strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e movimentos sociais. Renovar, atualizar e simplificar<br />
a legislação brasileira é um passo essencial para impulsionar o país<br />
em direção a um <strong>de</strong>senvolvimento econômico forte e que seja social<br />
e ambientalmente sustentável. Uma meta importante é tornar mais<br />
eficiente, ágil e justa a máquina pública, diminuin<strong>do</strong> drasticamente a<br />
burocracia, um instrumento po<strong>de</strong>roso <strong>de</strong> exclusão social.<br />
Recomen<strong>da</strong>ções<br />
1) Estabelecimento e execução <strong>do</strong> POP CIÊNCIA 2022 - Programa <strong>Nacional</strong><br />
<strong>de</strong> Popularização e Apropriação Social <strong>da</strong> C,T&I 2011-2022.<br />
(a) Institucionalização e Recursos. Será necessário o estabelecimento <strong>de</strong><br />
instrumentos eficazes e ágeis para a popularização e apropriação social<br />
<strong>da</strong> C,T&I, com a criação <strong>de</strong> um instituto nacional (ou OS ou agência)<br />
volta<strong>do</strong> para coor<strong>de</strong>nar e executar essas ações. Propõe-se o fortalecimento<br />
<strong>do</strong> CA <strong>de</strong> divulgação Científica <strong>do</strong> CNPq, com participação <strong>de</strong> cientistas,<br />
jornalistas, comunica<strong>do</strong>res <strong>da</strong> ciência, etc., e a concessão <strong>de</strong> bolsas para<br />
pesquisa em comunicação pública <strong>da</strong> ciência. O aumento significativo<br />
<strong>do</strong>s recursos públicos para a área, inclusive <strong>do</strong>s Fun<strong>do</strong>s Setoriais, e a<br />
manutenção <strong>da</strong> política <strong>de</strong> editais periódicos, e em parceria com as<br />
FAPs, serão aqui ações indispensáveis. Outras ações importantes são o<br />
estímulo ao envolvimento <strong>da</strong> iniciativa priva<strong>da</strong> (em ações tipo PPP) e a<br />
criação <strong>de</strong> mecanismos para apoiar ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação pública<br />
<strong>da</strong> ciência em to<strong>do</strong>s os projetos <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> maior porte.<br />
(b) Formação e valorização profissional. É importante promover a<br />
formação qualifica<strong>da</strong> <strong>de</strong> jornalistas científicos, comunica<strong>do</strong>res <strong>da</strong> ciência<br />
e assessores <strong>de</strong> comunicação, bem como a capacitação <strong>de</strong> cientistas,<br />
professores e estu<strong>da</strong>ntes para a comunicação pública <strong>da</strong> ciência.<br />
Outro ponto importante é a valorização acadêmica <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
popularização <strong>da</strong> C&T, em particular no Currículo Lattes.<br />
(c) Comunicar a ciência em re<strong>de</strong>. Uma ação significativa será a criação<br />
<strong>de</strong> uma Re<strong>de</strong>/Fórum <strong>Nacional</strong>, com ampla participação <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> C&T, governos e socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil, para a popularização <strong>da</strong> C&T. Deve ser<br />
promovi<strong>da</strong> a expansão, aprimoramento e integração em re<strong>de</strong> <strong>do</strong>s espaços<br />
científico-culturais com uma distribuição menos <strong>de</strong>sigual e a promoção<br />
<strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ciência itinerante, bem como a sua interação com o<br />
sistema formal <strong>de</strong> ensino. A <strong>Semana</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> C&T <strong>de</strong>ve ser estendi<strong>da</strong><br />
progressivamente para to<strong>do</strong>s os municípios brasileiros.<br />
(d) C,T&I na Mídia. Uma meta é atingir uma presença mais intensa e<br />
qualifica<strong>da</strong> <strong>da</strong> C,T&I em to<strong>do</strong>s os meios e plataformas <strong>de</strong> comunicação<br />
na mídia brasileira, inclusive nas re<strong>de</strong>s sociais, e promover a produção/<br />
veiculação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> divulgação e educação científica nas re<strong>de</strong>s<br />
públicas <strong>de</strong> TV, rádio e internet, além <strong>do</strong> aproveitamento <strong>de</strong> canal <strong>da</strong> TV<br />
Digital para tal finali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Foi também proposto o estabelecimento <strong>de</strong><br />
uma Agência <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Notícias em C,T&I e Saú<strong>de</strong>;<br />
(e) Interculturali<strong>da</strong><strong>de</strong>. A interação entre ciência, cultura e arte,<br />
com valorização <strong>do</strong>s aspectos culturais e humanísticos <strong>da</strong> ciência<br />
e a integração <strong>de</strong> ações entre os espaços <strong>de</strong> ciência e <strong>de</strong> cultura são<br />
objetivos importantes. Outra perspectiva relevante será favorecer a<br />
interculturali<strong>da</strong><strong>de</strong> na relação entre a ciência e os <strong>de</strong>mais conhecimentos;<br />
<strong>de</strong>vem ser promovi<strong>do</strong>s o reconhecimento e a valorização <strong>de</strong> saberes<br />
populares e tradicionais no processo <strong>de</strong> construção <strong>do</strong> conhecimento e<br />
nas políticas <strong>de</strong> popularização <strong>da</strong> C&T.<br />
(f) Marcos legais. Medi<strong>da</strong>s sugeri<strong>da</strong>s: (i) estabelecer legislação que<br />
promova a popularização <strong>da</strong> C,T&I no país e que possibilite incentivos<br />
fiscais para investimentos nesta área; o mesmo para a criação<br />
<strong>de</strong> mecanismos para que canais <strong>de</strong> TV e rádio <strong>de</strong>stinem horários<br />
para programas educativos, culturais e <strong>de</strong> divulgação científica;<br />
(ii) proporcionar uma maior autonomia <strong>de</strong> gestão e financeira em<br />
instituições <strong>de</strong> ensino e pesquisa, espaços científico-culturais e órgãos<br />
públicos <strong>de</strong> comunicação.<br />
2. Formular e implantar um Programa <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Inovação e <strong>Tecnologia</strong><br />
Social, com financiamento e apoio a pesquisas e projetos, bem<br />
como promover o envolvimento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil organiza<strong>da</strong> na sua<br />
elaboração, execução, monitoramento e avaliação.<br />
(a) Institucionalização e <strong>Tecnologia</strong>s Sociais. Propõe-se a criação <strong>de</strong><br />
um Centro <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Referência em Inovação e <strong>Tecnologia</strong> Social para<br />
pesquisar, organizar, compartilhar e difundir tecnologias e inovações<br />
sociais, envolven<strong>do</strong> universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, institutos <strong>de</strong> pesquisa, empresas,<br />
empreendimentos solidários, órgãos públicos e comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s locais.<br />
Outra ação será estimular o <strong>de</strong>senvolvimento e o uso <strong>da</strong>s tecnologias<br />
assistivas, criar o Centro <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Referência em <strong>Tecnologia</strong> Assistiva<br />
e implantar projetos <strong>de</strong> acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong> em escolas, espaços públicos e<br />
meios <strong>de</strong> comunicação.<br />
(b) Recursos. Propõe-se um Fun<strong>do</strong> Setorial, com recursos <strong>do</strong> sistema<br />
financeiro, para ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Inovação Social e a utilização <strong>de</strong> parcerias<br />
interministeriais e intersetoriais como forma <strong>de</strong> otimizar recursos e<br />
potencializar as ações <strong>de</strong> inovação e tecnologia social.<br />
(c) Extensão, Capacitação, Pesquisa e Inovação Social. A extensão<br />
universitária é fun<strong>da</strong>mental para garantir a missão social <strong>da</strong><br />
universi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a formação <strong>de</strong> profissionais capacita<strong>do</strong>s a promover o<br />
diálogo construtivo <strong>do</strong>s saberes, para o reconhecimento <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
sócio-ambiental <strong>da</strong>s regiões brasileiras e para a apropriação <strong>da</strong> C&T<br />
pelas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s locais. Daí a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliar, valorizar e<br />
aprimorar tais ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e conce<strong>de</strong>r-lhes reconhecimento acadêmico.<br />
As universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e instituições <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>vem ser estimula<strong>da</strong>s a<br />
incorporar a dimensão social na suas agen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> pesquisa, a promover<br />
a formação ci<strong>da</strong>dã, além <strong>de</strong> induzirem a realização <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
comunitárias pelos estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e instituições<br />
tecnológicas públicas. Uma ação significativa será buscar uma maior<br />
integração <strong>da</strong>s ciências sociais e humanas às políticas <strong>de</strong> C,T&I,<br />
bem como a criação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> capacitação em C,T&I para o<br />
Desenvolvimento Social para gestores, servi<strong>do</strong>res públicos, professores,<br />
estu<strong>da</strong>ntes e movimentos sociais. Deverá ser estimula<strong>da</strong> a cooperação<br />
internacional e aperfeiçoa<strong>do</strong>s seus mecanismos na área <strong>da</strong> popularização<br />
<strong>da</strong> C&T e <strong>da</strong> inovação social.<br />
(d) Avaliação e qualificação profissional. Pontos essenciais serão o<br />
acompanhamento e avaliação <strong>de</strong> programas e projetos <strong>de</strong> inclusão<br />
social, com vistas à eficiência no uso <strong>do</strong>s recursos públicos e à<br />
redução <strong>de</strong> fatores clientelísticos; para isto será necessário <strong>de</strong>senvolver<br />
mecanismos <strong>de</strong> avaliação e indica<strong>do</strong>res a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para aferir o valor<br />
social <strong>de</strong> programas e projetos, envolven<strong>do</strong> universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, instituições<br />
<strong>de</strong> pesquisa e enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s comunitárias, assim como a realização <strong>de</strong><br />
pesquisas periódicas <strong>de</strong> percepção pública <strong>da</strong> C,T&I. Deve ser promovi<strong>da</strong><br />
a qualificação e valorização <strong>do</strong> quadro interno <strong>do</strong> MCT (condições<br />
salariais e <strong>de</strong> trabalho, concursos, etc.) e <strong>de</strong> outros órgãos e agências<br />
públicas que operam com C,T&I.<br />
(e) Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e agricultura familiar. São<br />
necessários recursos para financiar as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> P&D em SAN e a<br />
criação <strong>de</strong> um CA no CNPq para esta área. Deve ser busca<strong>da</strong> a inserção<br />
e participação <strong>de</strong> pequenos agricultores nas ca<strong>de</strong>ias produtivas e <strong>de</strong>vem<br />
ser aprimora<strong>do</strong>s os mecanismos <strong>de</strong> financiamento para suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />
Apoio <strong>de</strong>ve ser ofereci<strong>do</strong> ao cooperativismo, à comercialização e<br />
distribuição <strong>do</strong>s alimentos, aos sistemas integra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> produção, bem<br />
como vincular a agricultura familiar com os programas públicos <strong>de</strong><br />
compras locais e conectá-la com os territórios <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.<br />
(f) Marcos legais. Sugere-se a aprovação <strong>de</strong> legislação conten<strong>do</strong> as<br />
diretrizes e regulamentações para a produção, uso e disseminação <strong>de</strong><br />
tecnologias sociais.<br />
3. Estabelecer políticas e programas específicos para a difusão,<br />
apropriação e uso <strong>da</strong> C,T&I para o <strong>de</strong>senvolvimento local e regional e<br />
para estimular empreendimentos solidários.<br />
(a) Institucionalização e municípios. Uma ação importante será fortalecer<br />
e ampliar as Secretarias Municipais <strong>de</strong> C,T&I e instituir Conselhos <strong>de</strong><br />
Desenvolvimento Local nos municípios, além <strong>da</strong> elaboração <strong>de</strong> planos<br />
diretores municipais para subsidiar a alocação <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> emen<strong>da</strong>s<br />
parlamentares e o uso <strong>de</strong> tecnologias inova<strong>do</strong>ras ou já conheci<strong>da</strong>s. Outra<br />
ação significativa será promover a formação e a capacitação <strong>de</strong> agentes<br />
<strong>de</strong> C,T&I para o <strong>de</strong>senvolvimento local nos municípios;<br />
(b) Convergência Social e políticas integra<strong>da</strong>s. Entre as linhas <strong>de</strong> ação<br />
estão a ampliação <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> C,T&I para o <strong>de</strong>senvolvimento social<br />
e a sua convergência social, assim como o estabelecimento <strong>de</strong> políticas<br />
integra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> apoio, acompanhamento e avaliação para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> tecnologias sociais, extensão tecnológica, empreendimentos <strong>de</strong><br />
economia solidária, segurança alimentar e nutricional, inclusão digital,<br />
CVTs, APLs, popularização e apropriação social <strong>da</strong> C&T. A inovação social<br />
no setor público, em particular em mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gestão e organização, é<br />
uma meta a ser busca<strong>da</strong>.<br />
(c) Economia solidária. Entre as iniciativas importantes a serem busca<strong>da</strong>s<br />
estão: estimular e apoiar o funcionamento <strong>de</strong> cooperativas populares,<br />
incuba<strong>do</strong>ras sociais e empreendimentos <strong>de</strong> economia solidária; e promover<br />
o apoio tecnológico para a inclusão produtiva, a agricultura familiar e os<br />
empreendimentos econômicos populares que levem à geração <strong>de</strong> emprego<br />
e ren<strong>da</strong>. É importante a utilização <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, bem<br />
como acesso a crédito <strong>de</strong> forma geral, junto aos empreendimentos <strong>de</strong><br />
economia solidária, à semelhança <strong>do</strong> que ocorre em relação às empresas;<br />
(d) CVTs. Promover o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações convergentes entre órgãos<br />
governamentais para a implantação, manutenção e aprimoramento <strong>de</strong><br />
CVTs e outros espaços não formais <strong>de</strong> qualificação profissional. Deve<br />
ser promovi<strong>da</strong> a integração <strong>do</strong>s CVTs em re<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> forma articula<strong>da</strong> com<br />
as políticas públicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento regional e <strong>de</strong> inclusão social.<br />
Seu funcionamento <strong>de</strong>ve estar associa<strong>do</strong> a parcerias com instituições <strong>do</strong><br />
sistema <strong>de</strong> ensino e pesquisa.<br />
(e) Desenvolvimento local e regional. Um foco nas políticas públicas <strong>de</strong>ve<br />
ser o estabelecimento <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> C,T&I para o <strong>de</strong>senvolvimento local<br />
e regional, como aqueles volta<strong>do</strong>s para incuba<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> negócios, indústrias<br />
criativas, economia <strong>da</strong> cultura e <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. O setor<br />
empresarial <strong>de</strong>ve ser estimula<strong>do</strong> a promover ações <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
social que contribuam para o atendimento <strong>de</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s coletivas e<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.<br />
(f) Marcos legais. Medi<strong>da</strong>s sugeri<strong>da</strong>s: (i) promover a extensão <strong>de</strong> marcos<br />
regulatórios concernentes à empresa para empreendimentos <strong>de</strong> economia<br />
solidária; (ii) elaborar marcos regulatórios para facilitar a transversali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ações entre municípios, esta<strong>do</strong>s e governo fe<strong>de</strong>ral, e as PPPs em C,T&I.<br />
4. A C&T é um elemento indispensável para a <strong>de</strong>mocratização e a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia<br />
e políticas públicas direciona<strong>da</strong>s para isto <strong>de</strong>vem ser estabeleci<strong>da</strong>s/<br />
executa<strong>da</strong>s nos próximos anos, particularmente no que se refere a uma<br />
ampla ação <strong>de</strong> inclusão digital.<br />
(a) Inclusão Digital. A meta principal a ser cumpri<strong>da</strong>, em curto perío<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> tempo, é a universalização <strong>da</strong> inclusão digital, assim como <strong>do</strong> acesso<br />
público à ban<strong>da</strong> larga.<br />
(b) Acesso público às TICs. Uma ação importante é a promoção <strong>de</strong> uma<br />
melhor utilização <strong>da</strong>s TICs para a mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, a melhoria<br />
<strong>do</strong> atendimento público, a transparência nos gastos públicos e o controle<br />
social <strong>de</strong>mocrático. Devem ser a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s políticas <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> software<br />
livre: fomento e linhas <strong>de</strong> financiamento ao <strong>de</strong>senvolvimento e uso <strong>de</strong><br />
tecnologias abertas e interoperáveis.<br />
(c) Democratização, ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e participação coletiva. Os movimentos<br />
sociais <strong>de</strong>vem ser estimula<strong>do</strong>s/capacita<strong>do</strong>s para participarem <strong>da</strong><br />
elaboração <strong>de</strong> políticas públicas e <strong>de</strong> seu acompanhamento. Devem ser<br />
utiliza<strong>do</strong>s mecanismos <strong>de</strong> participação popular nas gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>cisões<br />
relativas à C&T. A C,T&I po<strong>de</strong> contribuir para a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, em particular<br />
no apoio aos direitos humanos e à segurança individual e coletiva <strong>do</strong>s<br />
CONFErÊNCIA<br />
c i<strong>da</strong>dãos.<br />
5. Política pública e programas nacionais para a recuperação, preservação,<br />
valorização e acesso público ao Patrimônio Cultural brasileiro, em especial<br />
o patrimônio científico e tecnológico.<br />
(a) Institucionalização. Foi proposta a criação <strong>de</strong> um centro nacional <strong>de</strong><br />
referência e pesquisa interdisciplinar em conservação e restauração <strong>de</strong><br />
patrimônio cultural, no âmbito <strong>do</strong> MCT, para promover estu<strong>do</strong>s e pesquisas<br />
sobre a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> bens e materiais, cooperar com os laboratórios<br />
existentes e constituir um polo <strong>de</strong> formação, inovação e <strong>de</strong>senvolvimento<br />
tecnológico. Do mesmo mo<strong>do</strong>, sugere-se um programa nacional específico<br />
para a preservação <strong>do</strong> patrimônio cultural <strong>de</strong> C&T, e a criação <strong>de</strong> sistemas<br />
<strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos nas instituições <strong>de</strong> ensino e pesquisa.<br />
(b) Formação e educação para o patrimônio. São essenciais os<br />
programas <strong>de</strong> formação, capacitação e pesquisa na preservação <strong>do</strong><br />
patrimônio cultural e científico e o estabelecimento, em universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
e instituições <strong>de</strong> C&T, <strong>de</strong> ações administrativas e educativas para a<br />
preservação <strong>de</strong>sse patrimônio.<br />
(c) Acesso público. O amplo acesso público à informação, com a<br />
digitalização e microfilmagem <strong>de</strong> acervos, aquisição <strong>de</strong> bibliografia<br />
especializa<strong>da</strong> e disponibilização <strong>da</strong>s coleções e arquivos em meio virtual,<br />
é um <strong>do</strong>s requisitos para a preservação, difusão e compartilhamento<br />
<strong>de</strong>ste patrimônio.<br />
(d) Marcos legais. Encaminhar ao Congresso <strong>Nacional</strong> um projeto <strong>de</strong> lei<br />
isentan<strong>do</strong> <strong>de</strong> impostos a importação <strong>de</strong> equipamentos para a preservação<br />
<strong>de</strong> acervos por parte <strong>de</strong> museus, arquivos, bibliotecas e centros <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>cumentação e <strong>de</strong> um segun<strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> lei estabelecen<strong>do</strong> ações<br />
compensatórias na proteção <strong>do</strong> patrimônio cultural no contexto <strong>da</strong>s<br />
gran<strong>de</strong>s obras públicas.<br />
3.5. O Brasil Precisa <strong>de</strong> uma Revolução na Educação<br />
A necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma revolução na educação, em to<strong>do</strong>s<br />
os níveis, tornou-se unanimi<strong>da</strong><strong>de</strong> nacional. A baixa escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />
população brasileira constitui importante obstáculo ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />
científico e tecnológico <strong>do</strong> País. Os gran<strong>de</strong>s projetos previstos para a<br />
próxima déca<strong>da</strong>, nas áreas <strong>de</strong> petróleo, bioenergias, saú<strong>de</strong>, tecnologias<br />
<strong>de</strong> informação e comunicação, exploração sustentável <strong>do</strong>s biomas, entre<br />
outros, requerem um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> profissionais bem-qualifica<strong>do</strong>s<br />
nos níveis técnico e superior. E a formação <strong>de</strong>sse contingente pressupõe<br />
uma educação básica <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para to<strong>do</strong>s os brasileiros.<br />
A <strong>de</strong>seja<strong>da</strong> universalização <strong>do</strong> ensino fun<strong>da</strong>mental, fruto <strong>de</strong><br />
um esforço estratégico <strong>de</strong> várias déca<strong>da</strong>s, foi acompanha<strong>da</strong> <strong>de</strong> um efeito<br />
perverso: a <strong>de</strong>svalorização <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes e a redução drástica <strong>do</strong> nível <strong>de</strong><br />
ensino. A remuneração irrisória <strong>do</strong> professor <strong>de</strong> educação básica, sua<br />
formação <strong>de</strong>ficiente, a consequente baixa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> ensino, a infraestrutura<br />
precária <strong>da</strong>s escolas, a duração reduzi<strong>da</strong> <strong>do</strong> turno escolar e a<br />
falta <strong>de</strong> apoio à pré-infância em comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s carentes contribuem para<br />
reduzir a mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> social. A municipalização <strong>da</strong> educação infantil e <strong>da</strong><br />
educação fun<strong>da</strong>mental, introduzi<strong>da</strong> pela Constituição <strong>de</strong> 1988, tem a<br />
vantagem <strong>de</strong> permitir um acompanhamento mais estreito por parte <strong>da</strong>s<br />
comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s envolvi<strong>da</strong>s, mas dificulta a articulação <strong>de</strong> uma política<br />
nacional para esses níveis <strong>de</strong> ensino. Por outro la<strong>do</strong>, o ensino médio,<br />
atribuí<strong>do</strong> principalmente aos esta<strong>do</strong>s, alcança apenas 50% <strong>do</strong>s jovens<br />
entre 15 e 17 anos e apresenta uma taxa <strong>de</strong> evasão eleva<strong>da</strong>.<br />
Iniciativas recentes aju<strong>da</strong>m a mu<strong>da</strong>r esse quadro, levan<strong>do</strong><br />
à consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> uma política nacional para essa matéria. O Plano<br />
<strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Professores <strong>da</strong> Educação Básica, instituí<strong>do</strong> em<br />
2009, articula ações em vários níveis para ministrar cursos superiores<br />
gratuitos e <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> a professores sem formação a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> em<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 21
CONFErÊNCIA<br />
exercício <strong>da</strong>s escolas públicas, atribuin<strong>do</strong> à Capes a indução, o fomento<br />
e a avaliação <strong>de</strong>sses cursos. O piso salarial nacional, recentemente<br />
proposto pelo MEC e aprova<strong>do</strong> pelo Congresso, e as bolsas <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> para<br />
cursos <strong>de</strong> licenciatura, forneci<strong>da</strong>s pela Capes, levaram a um aumento <strong>da</strong>s<br />
matrículas nesses cursos. Essas iniciativas precisam ser amplia<strong>da</strong>s e<br />
aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>s no perío<strong>do</strong> 2010-2020, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a compensar déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />
negligência nessa área.<br />
O fortalecimento <strong>do</strong> ensino superior <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> é condição<br />
necessária para o <strong>de</strong>senvolvimento científico e tecnológico <strong>do</strong> País. Da<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> 2005 mostram que, entre a população <strong>de</strong> 25 a 34 anos no Brasil, apenas<br />
10% tinham completa<strong>do</strong> a educação superior, versus 34% em média nos<br />
países <strong>da</strong> OCDE. A recente criação <strong>de</strong> Institutos Fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> Educação,<br />
<strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong> (Ifet) e a interiorização <strong>de</strong> universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais<br />
contribuem para aumentar a oferta <strong>de</strong> educação superior <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
em geral e, em particular, para a formação qualifica<strong>da</strong> <strong>de</strong> professores<br />
para a educação básica. A política brasileira <strong>de</strong> pós-graduação po<strong>de</strong><br />
ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> um exemplo <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira política <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> na medi<strong>da</strong><br />
em que mostrou continui<strong>da</strong><strong>de</strong> e avanço sistemático ao longo <strong>de</strong> quase<br />
quatro déca<strong>da</strong>s, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> governo e até<br />
<strong>de</strong> regimes políticos pelas quais o País passou durante esse perío<strong>do</strong>.<br />
O sistema <strong>de</strong> avaliação <strong>da</strong> Capes tem funciona<strong>do</strong> como forte indutor <strong>do</strong><br />
aumento <strong>da</strong> produção científica <strong>de</strong> professores e alunos <strong>do</strong>s programas<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> brasileiros O número <strong>de</strong> <strong>do</strong>utores titula<strong>do</strong>s no Brasil<br />
cresceu 278% entre 1996 e 2008, o que correspon<strong>de</strong> a uma taxa média<br />
<strong>de</strong> 11,9% <strong>de</strong> crescimento ao ano. A gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> programas<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> e <strong>do</strong> número <strong>de</strong> <strong>do</strong>utores titula<strong>do</strong>s em um reduzi<strong>do</strong> número<br />
<strong>de</strong> instituições, uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> fe<strong>de</strong>ração e regiões brasileiras está sen<strong>do</strong><br />
diluí<strong>da</strong> por um significativo processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconcentração <strong>da</strong> formação<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>utores no Brasil.<br />
Além disso, o próprio emprego <strong>do</strong>s <strong>do</strong>utores está passan<strong>do</strong><br />
por um processo <strong>de</strong> progressiva <strong>de</strong>sconcentração. É no entanto ain<strong>da</strong><br />
muito reduzi<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> <strong>do</strong>utores envolvi<strong>do</strong>s com ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> P&D<br />
em empresas.<br />
No nível <strong>de</strong> graduação, o ensino superior não tem<br />
acompanha<strong>do</strong> a rápi<strong>da</strong> evolução <strong>do</strong> conhecimento, que <strong>de</strong>man<strong>da</strong> uma<br />
formação ampla e flexível, capaz <strong>de</strong> permitir ao estu<strong>da</strong>nte e ao gradua<strong>do</strong><br />
cruzar as fronteiras disciplinares. Na gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong><br />
educação superior os estu<strong>da</strong>ntes são força<strong>do</strong>s a uma especialização<br />
prematura e sobrecarrega<strong>do</strong>s com uma carga horária que <strong>de</strong>ixa pouco<br />
espaço para cursos eletivos e o trabalho individual. Além disso, a formação<br />
<strong>de</strong> professores para o ensino básico é frequentemente relega<strong>da</strong> a cursos<br />
<strong>de</strong> licenciatura sem conteú<strong>do</strong>s específicos nas áreas <strong>de</strong> matemática e<br />
ciências e com nível inferior ao <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> bacharela<strong>do</strong>.<br />
Novas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e campi fe<strong>de</strong>rais, implanta<strong>do</strong>s<br />
recentemente, em especial em ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s médias <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> País,<br />
apresentam propostas inova<strong>do</strong>ras, reforçan<strong>do</strong> a interdisciplinari<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />
adian<strong>do</strong> a especialização, uma iniciativa que precisa ter continui<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />
ser amplia<strong>da</strong>.<br />
O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para a próxima déca<strong>da</strong> é garantir a to<strong>do</strong>s os<br />
brasileiros uma educação <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, permitin<strong>do</strong> ao mesmo tempo que<br />
o enorme potencial <strong>de</strong> contribuição <strong>de</strong>sses ci<strong>da</strong>dãos possa ser utiliza<strong>do</strong><br />
em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s apropria<strong>da</strong>s e úteis para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira. A revolução<br />
educacional necessária pressupõe uma política <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> que tenha<br />
continui<strong>da</strong><strong>de</strong> e que perpasse vários setores <strong>do</strong> governo, com um esforço<br />
coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> nos níveis municipal, estadual e fe<strong>de</strong>ral, e com a participação<br />
<strong>de</strong> diversos ministérios e secretarias estaduais, especialmente nas áreas<br />
<strong>de</strong> educação, ciência e tecnologia, <strong>de</strong>senvolvimento industrial, agricultura,<br />
saú<strong>de</strong> e cultura. Pressupõe ain<strong>da</strong> um aumento substancial <strong>do</strong> percentual<br />
<strong>do</strong> PIB investi<strong>do</strong> em educação, superan<strong>do</strong> o padrão <strong>de</strong> investimento em<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 22<br />
educação <strong>do</strong>s países <strong>da</strong> OCDE, <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 6% <strong>do</strong> PIB. Um programa<br />
coerente para os próximos anos <strong>de</strong>ve contemplar as seguintes<br />
Recomen<strong>da</strong>ções<br />
1. Os investimentos em educação <strong>de</strong>vem atingir, em 2020, um percentual<br />
<strong>de</strong> 10% <strong>do</strong> PIB. Esse percentual, proposto pela Conferência <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong><br />
Educação realiza<strong>da</strong> em 2010, é condição necessária para que to<strong>do</strong>s os<br />
brasileiros tenham uma educação básica <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e para que o ensino<br />
superior enfrente os <strong>de</strong>safios globais e nacionais que se colocam para a<br />
próxima déca<strong>da</strong>.<br />
2. Deve ser valoriza<strong>da</strong> a profissão <strong>de</strong> professor <strong>de</strong> educação básica. Isso<br />
pressupõe um salário inicial atraente, comparável ao <strong>de</strong> outras profissões<br />
gradua<strong>da</strong>s, e uma carreira motiva<strong>do</strong>ra, com oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação<br />
continua<strong>da</strong> e especialização. Em particular, o piso salarial nacional <strong>de</strong>ve<br />
ser progressivamente aumenta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a atingir valores que atraiam<br />
bons estu<strong>da</strong>ntes para essa profissão. Com salários a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s, o regime<br />
<strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong>s professores <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação exclusiva em ca<strong>da</strong><br />
escola, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que possam aju<strong>da</strong>r, além <strong>do</strong> horário <strong>de</strong> aulas, alunos com<br />
dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>, e estimular estu<strong>da</strong>ntes com bom rendimento. O ingresso na<br />
profissão <strong>de</strong> professor <strong>de</strong>ve requerer um exame <strong>de</strong> certificação profissional<br />
e não <strong>de</strong>ve ser exclusivo para forma<strong>do</strong>s em cursos <strong>de</strong> licenciatura, mas ser<br />
acessível também a gradua<strong>do</strong>s em outros cursos que <strong>de</strong>monstrem ter o<br />
preparo pe<strong>da</strong>gógico necessário.<br />
3. Deve ser reforça<strong>do</strong> o papel <strong>da</strong>s instituições públicas <strong>de</strong> ensino superior<br />
na formação <strong>de</strong> professores para a educação básica. Os programas <strong>de</strong>vem<br />
ser mo<strong>de</strong>rnos e flexíveis, permitin<strong>do</strong> a estu<strong>da</strong>ntes matricula<strong>do</strong>s em cursos<br />
<strong>de</strong> bacharela<strong>do</strong> tornarem-se professores <strong>de</strong> educação básica, mediante<br />
treinamento pe<strong>da</strong>gógico. Os cursos <strong>de</strong> licenciatura e bacharela<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>vem se equivaler em quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. O Programa <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong><br />
Professores para a Educação Básica <strong>de</strong>ve ser fortaleci<strong>do</strong> e amplia<strong>do</strong>.<br />
4. Deve ser implanta<strong>do</strong> o turno integral na escola pública, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a<br />
permitir uma educação <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para to<strong>do</strong>s os brasileiros. A escola<br />
<strong>de</strong>ve ser um local privilegia<strong>do</strong> não só <strong>de</strong> educação formal, mas também<br />
<strong>de</strong> socialização <strong>da</strong> criança, através <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação física e<br />
artísticas, clubes <strong>de</strong> ciência e leitura. O turno escolar para a educação<br />
básica <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> no mínimo seis horas e atingir oito horas para a<br />
educação fun<strong>da</strong>mental em comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s carentes, on<strong>de</strong> a escola <strong>de</strong>ve<br />
exercer o papel <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong> estruturas familiares <strong>de</strong>ficientes.<br />
Deve ser expandi<strong>do</strong> o atendimento à pré-infância, que comprova<strong>da</strong>mente<br />
reduz o fracasso escolar, compensa a diferença <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
resultante <strong>da</strong> origem social <strong>da</strong> criança e tem forte impacto na formação<br />
<strong>do</strong>s futuros ci<strong>da</strong>dãos.<br />
5. A educação em ciências basea<strong>da</strong> na investigação <strong>de</strong>ve ser incorpora<strong>da</strong><br />
à escola e aos programas <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores. Essa meto<strong>do</strong>logia,<br />
já a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> com sucesso por várias organizações no Brasil e no exterior,<br />
promove o pensamento lógico, aguça a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e o espírito crítico <strong>do</strong>s<br />
estu<strong>da</strong>ntes. Ela <strong>de</strong>ve ser incorpora<strong>da</strong> à formação <strong>do</strong>s futuros professores<br />
e à formação continua<strong>da</strong> <strong>do</strong>s atuais educa<strong>do</strong>res. A produção <strong>de</strong> materiais<br />
e meto<strong>do</strong>logias inova<strong>do</strong>ras <strong>de</strong>ve ser incentiva<strong>da</strong>. Na escola, a criança <strong>de</strong>ve<br />
apren<strong>de</strong>r a ler, a contar e a experimentar.<br />
6. O ensino médio <strong>de</strong>ve ser renova<strong>do</strong> e diversifica<strong>do</strong>. O ensino<br />
profissionalizante e tecnológico <strong>de</strong>ve ser expandi<strong>do</strong>, com a aceleração<br />
<strong>da</strong> implantação <strong>de</strong> escolas técnicas. Essa expansão <strong>de</strong>ve ser feita com<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, incluin<strong>do</strong> laboratórios a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s, tecnologias <strong>de</strong> informação<br />
e comunicação mo<strong>de</strong>rnas e estágios em empresas <strong>de</strong> base tecnológica.<br />
A criação <strong>de</strong> novas ocupações profissionais e <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> educação<br />
profissional continua<strong>da</strong>, em conexão com as pesquisas <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s nas<br />
instituições <strong>de</strong> educação superior, <strong>de</strong>ve ser incentiva<strong>da</strong>.<br />
7. A educação pública <strong>de</strong> nível superior <strong>de</strong>ve ser amplia<strong>da</strong>, com<br />
diversificação institucional e flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> curricular. A presença <strong>da</strong>s<br />
instituições públicas <strong>de</strong> ensino superior <strong>de</strong>ve ser amplia<strong>da</strong> e fortaleci<strong>da</strong>,<br />
<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a garantir a formação <strong>de</strong> profissionais com perfil a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento científico e tecnológico <strong>do</strong> País. O <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> aumento<br />
<strong>do</strong> número <strong>de</strong> brasileiros com educação superior <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> requer<br />
uma diversificação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los para as instituições públicas <strong>de</strong> educação<br />
superior, incluin<strong>do</strong> não apenas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, mas institutos tecnológicos<br />
e outras instituições com cursos <strong>de</strong> <strong>do</strong>is a três anos, volta<strong>da</strong>s para uma<br />
formação mais geral. Deve ser incentiva<strong>da</strong> a mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>ntes<br />
entre essas diversas instituições. Nas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, a especialização<br />
prematura <strong>de</strong>ve ser evita<strong>da</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que o aluno possa escolher sua<br />
profissão após uma vivência universitária e tenha uma formação mais<br />
ampla, essencial no mun<strong>do</strong> contemporâneo, em que os perfis profissionais<br />
mu<strong>da</strong>m rapi<strong>da</strong>mente. A carga horária <strong>de</strong> aulas <strong>de</strong>ve ser reduzi<strong>da</strong>,<br />
incentivan<strong>do</strong>-se, através <strong>de</strong> um leque <strong>de</strong> eletivas, diversos percursos<br />
formativos. Cursos inova<strong>do</strong>res que explorem a interdisciplinari<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />
promovam a formação <strong>de</strong> profissionais versáteis e criativos <strong>de</strong>vem ser<br />
incentiva<strong>do</strong>s. Devem ser abran<strong>da</strong><strong>da</strong>s ou elimina<strong>da</strong>s as exigências <strong>de</strong><br />
corporações profissionais que dificultem a criação <strong>de</strong>sses cursos.<br />
8. Deve ser incentiva<strong>da</strong> a formação <strong>de</strong> engenheiros. Apenas cerca <strong>de</strong> 6%<br />
<strong>do</strong>s egressos <strong>do</strong> nível superior no Brasil têm formação em engenharia.<br />
Na China, esse percentual chega a 38%. No âmbito <strong>da</strong> pós-graduação,<br />
as engenharias representam apenas 11% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> programas no<br />
Brasil. As projeções <strong>de</strong> empresas brasileiras envolvi<strong>da</strong>s com áreas<br />
estratégicas apontam para a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong><br />
engenheiros bem-forma<strong>do</strong>s na próxima déca<strong>da</strong>, no níveis <strong>de</strong> graduação<br />
e pós-graduação, manti<strong>do</strong> um crescimento <strong>do</strong> PIB <strong>de</strong> 5% ou mais. A<br />
rápi<strong>da</strong> aceleração <strong>do</strong> conhecimento no mun<strong>do</strong> atual requer profissionais<br />
criativos com formação ampla e sóli<strong>da</strong>, que se a<strong>da</strong>ptem às características<br />
e <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s rapi<strong>da</strong>mente cambiantes <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira.<br />
9. A experiência bem-sucedi<strong>da</strong> <strong>de</strong> avaliação <strong>da</strong> pós-graduação <strong>de</strong>ve ser<br />
estendi<strong>da</strong> aos cursos <strong>de</strong> graduação. To<strong>do</strong>s os cursos <strong>de</strong> bacharela<strong>do</strong>,<br />
licenciatura e tecnológicos, públicos e priva<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>vem ser submeti<strong>do</strong>s a<br />
avaliações criteriosas e regulares, nos mol<strong>de</strong>s <strong>do</strong> que é feito atualmente<br />
pela Capes na pós-graduação.<br />
10. Deve ser significativamente aumenta<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> <strong>do</strong>utores<br />
envolvi<strong>do</strong>s em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> P&D nas empresas. Para ca<strong>da</strong> conjunto <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>z <strong>do</strong>utores brasileiros, que obtiveram seus títulos no perío<strong>do</strong> 1996-<br />
2006 e que estavam emprega<strong>do</strong>s no ano <strong>de</strong> 2008, aproxima<strong>da</strong>mente oito<br />
<strong>do</strong>utores trabalhavam em estabelecimentos cuja ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica<br />
principal era a educação e um trabalhava na administração pública. Os<br />
<strong>de</strong>mais <strong>do</strong>utores, cerca <strong>de</strong> um décimo <strong>do</strong> total, distribuíam-se entre as<br />
restantes 19 seções <strong>da</strong> Classificação <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s Econômicas<br />
(CNAE). Inúmeros <strong>de</strong>safios precisarão ser enfrenta<strong>do</strong>s pela pós-graduação<br />
nos próximos anos, mas nenhum <strong>de</strong>les parece ser maior <strong>do</strong> que a<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> melhor integrá-la aos segmentos não acadêmicos <strong>do</strong><br />
sistema nacional <strong>de</strong> inovação. Isso pressupõe que esses profissionais<br />
altamente qualifica<strong>do</strong>s encontrem emprego em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s apropria<strong>da</strong>s e<br />
que sua formação correspon<strong>da</strong> aos requisitos <strong>de</strong>man<strong>da</strong><strong>do</strong>s pela dinâmica<br />
<strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> economia e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em geral, e,<br />
em particular, <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> conhecimentos e inovações.<br />
11. Os novos investimentos <strong>de</strong>vem levar em conta as <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s registra<strong>da</strong>s entre famílias <strong>de</strong> distintos níveis <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> e<br />
nas varias regiões <strong>do</strong> país, para estimular a convergência <strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong><br />
acesso ao conhecimento.<br />
Floresta <strong>de</strong> pérolas<br />
Na Mata Atlântica 59% <strong>da</strong>s árvores são raras e po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>saparecer<br />
Durante três anos a bióloga Alessandra<br />
Nasser Caiafa atravessou o país algumas<br />
vezes para mapear a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
árvores <strong>da</strong> Mata Atlântica. A vegetação, que já<br />
ocupou quase to<strong>da</strong> a costa brasileira, abriga muitas<br />
espécies <strong>de</strong> plantas e animais encontra<strong>da</strong>s<br />
somente ali e várias ameaça<strong>da</strong>s <strong>de</strong> extinção. Ela<br />
analisou 225 <strong>do</strong>cumentos científicos, guar<strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
nas 28 instituições <strong>de</strong> pesquisa que visitou entre<br />
2004 e 2007.<br />
A bióloga mineira confirmou as razões <strong>da</strong><br />
Mata Atlântica ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s ecossistemas<br />
mais ricos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> em diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
espécies. No trecho entre Espírito Santo e Rio<br />
Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul há 846 espécies <strong>de</strong> árvores.<br />
Uma gran<strong>de</strong> surpresa veio quan<strong>do</strong> Alessandra<br />
analisou como essas espécies se distribuem nessa<br />
faixa <strong>de</strong> quase 2.900 quilômetros, no senti<strong>do</strong><br />
Norte-Sul e cerca <strong>de</strong> 100 quilômetros continente<br />
a<strong>de</strong>ntro. A maior parte <strong>da</strong>s espécies (59%) são<br />
árvores raras, encontra<strong>da</strong>s em áreas restritas ou<br />
num ambiente específico <strong>da</strong> floresta. Uma proporção<br />
consi<strong>de</strong>rável, 11% <strong>da</strong>s espécies, ou quase<br />
uma em ca<strong>da</strong> 10, são raríssimas.<br />
Manguezais <strong>de</strong>gra<strong>da</strong><strong>do</strong>s têm salvação<br />
A<br />
pesquisa<strong>do</strong>ra maranhense Flávia Mochel,<br />
<strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Oceanografia<br />
e Limnologia <strong>da</strong> UFMA, <strong>de</strong>senvolveu<br />
um processo mais rápi<strong>do</strong> <strong>de</strong> recuperação <strong>do</strong>s<br />
mangues. Há três anos, ela aplica esse méto<strong>do</strong><br />
em uma empresa <strong>do</strong> Maranhão, Esta<strong>do</strong> que possui<br />
50% <strong>da</strong> extensão <strong>de</strong> manguezais <strong>do</strong> Brasil.<br />
Primeiramente, os propágulos <strong>do</strong> mangue (sementes<br />
já germina<strong>da</strong>s) são coleta<strong>do</strong>s em áreas<br />
lamosas e alaga<strong>da</strong>s. Em segui<strong>da</strong>, são cultiva<strong>do</strong>s<br />
em viveiros e recebem acompanhamento constante.<br />
Em alguns meses, as plantas são <strong>de</strong>volvi<strong>da</strong>s<br />
aos bosques <strong>de</strong> mangue. “São ecossistemas complexos<br />
e varia<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, também, <strong>da</strong> preservação<br />
<strong>de</strong> estuários, apicuns, planícies <strong>de</strong> marés,<br />
recifes <strong>de</strong> coral e praias”, <strong>de</strong>stacou a pesquisa<strong>do</strong>ra.<br />
Os manguezais brasileiros esten<strong>de</strong>m-se por<br />
6.800 km <strong>da</strong> costa <strong>do</strong> país e são os mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. “Somente no Maranhão,<br />
existem sete tipos distintos <strong>de</strong> manguezal”, explicou<br />
Mochel.<br />
“O trabalho aplicou um sistema <strong>de</strong> avaliação<br />
reconheci<strong>do</strong> internacionalmente”, explica o botânico<br />
Fernan<strong>do</strong> Roberto Martins, <strong>da</strong> Unicamp,<br />
que orientou Alessandra no <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>. “Temos<br />
agora uma fotografia mais fiel <strong>de</strong> como essas espécies<br />
se distribuem”, completa.<br />
Raríssimas e ameaça<strong>da</strong>s <strong>de</strong> extinção<br />
Alessandra e Martins usaram uma escala <strong>de</strong><br />
classificação que <strong>de</strong>termina o grau <strong>de</strong> rari<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> uma espécie a partir <strong>de</strong> três critérios: afini<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
por um ambiente específico, abundância local<br />
e distribuição pela área estu<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />
Os pesquisa<strong>do</strong>res encontraram espécies raras<br />
ao longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a área estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Segun<strong>do</strong> Martins,<br />
fatores históricos, geográficos e biológicos<br />
explicam esse padrão. “Foram vários eventos<br />
sucessivos <strong>de</strong> restrição e espalhamento que mol<strong>da</strong>ram<br />
o padrão <strong>de</strong> distribuição <strong>da</strong>s espécies pela<br />
Mata Atlântica <strong>do</strong> litoral Sul e Su<strong>de</strong>ste”.<br />
Entre as árvores raríssimas muitas estão na<br />
lista <strong>de</strong> espécies ameaça<strong>da</strong>s <strong>de</strong> extinção, elabora<strong>da</strong><br />
pela Fun<strong>da</strong>ção Biodiversitas em 2005.<br />
Méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> no Maranhão garante rápi<strong>da</strong> recuperação<br />
Preservar para proteger<br />
A pesquisa<strong>do</strong>ra alertou para a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
preservação <strong>do</strong>s mangues, um <strong>do</strong>s responsáveis,<br />
por exemplo, pelo controle <strong>do</strong> fluxo <strong>de</strong> marés.<br />
“Já conseguimos comprovar que o manguezal<br />
evita que o excesso <strong>de</strong> água avance pelo continente”,<br />
afirmou Mochel.<br />
Os mangues estão sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>s a uma<br />
taxa quatro vezes maior <strong>do</strong> que as <strong>de</strong>mais florestas<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Os impactos ambientais advêm<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamentos, canalizações, queima<strong>da</strong>s<br />
e barragens. Segun<strong>do</strong> a pesquisa<strong>do</strong>ra, esse<br />
ecossistema só consegue cumprir sua função <strong>de</strong><br />
proteger a costa <strong>de</strong> problemas como a erosão,<br />
assoreamento, enchentes e ventos se houver a<br />
manutenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>, espécies e uma faixa<br />
extensa <strong>de</strong> manguezal.<br />
Além <strong>do</strong>s bens e serviços ambientais, com a<br />
biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> e o patrimônio genético, os manguezais<br />
têm um papel importante na dieta hu-<br />
INOVAÇÃO E<br />
SUSTENTABIlIDADE<br />
O que preocupa os pesquisa<strong>do</strong>res é que o <strong>de</strong>saparecimento<br />
<strong>da</strong>s mais raras po<strong>de</strong> gerar um efeito<br />
<strong>do</strong>minó, afetan<strong>do</strong> a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> alimento<br />
para vários grupos <strong>de</strong> animais. O empobrecimento<br />
<strong>do</strong> solo e o aumento <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> gás carbônico<br />
no ar são outras possíveis consequências.<br />
Alessandra ain<strong>da</strong> consi<strong>de</strong>ra problemático o<br />
avanço <strong>da</strong>s fronteiras agrícolas e o crescimento<br />
<strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s em áreas <strong>de</strong> Mata Atlântica e ressalta:<br />
“É preciso sensibilizar autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s públicas e<br />
proprietários <strong>de</strong> terra para a importância <strong>de</strong>ssas<br />
espécies raras”.<br />
Francisco Bicu<strong>do</strong><br />
Reprodução/a<strong>da</strong>ptação: Revista Pesquisa Fapesp, nº 174 - Agosto 2010<br />
mana. “Mais <strong>de</strong> 100 mil famílias maranhenses<br />
vivem <strong>do</strong> recurso <strong>do</strong> caranguejo. A per<strong>da</strong> <strong>de</strong>sse<br />
patrimônio não é só uma per<strong>da</strong> ambiental, mas<br />
econômica, social e <strong>de</strong> proteção alimentar”, concluiu.<br />
Basea<strong>do</strong> em matéria <strong>de</strong> Romulo Gomes, <strong>do</strong> Núcleo <strong>de</strong> Difusão Científica – Fapema.<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 23<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 23
INOVAÇÃO E<br />
SUSTENTABIlIDADE<br />
Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Informações sobre a<br />
Biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> Brasileira<br />
Projeto prevê unificação <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s To<strong>do</strong>s os <strong>da</strong><strong>do</strong>s reuni<strong>do</strong>s em um<br />
único sistema<br />
O<br />
Brasil preten<strong>de</strong> estruturar uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> informações<br />
sobre a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> país,<br />
no prazo máximo <strong>de</strong> quatro anos. A intenção<br />
é reunir, em um único sistema, as informações<br />
levanta<strong>da</strong>s sobre biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira.<br />
Iniciativa <strong>do</strong> Ministério <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong><br />
(MCT), o projeto foi orça<strong>do</strong> em US$ 28<br />
milhões, <strong>do</strong>s quais, US$ 8 milhões serão financia<strong>do</strong>s<br />
pelo Fun<strong>do</strong> para o Meio Ambiente Global<br />
(GEF, sigla em inglês) e o restante, US$ 20<br />
milhões, pelo MCT. O projeto recebe apoio <strong>do</strong>s<br />
ministérios <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong> (MS), <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />
(MMA) e Marinha <strong>do</strong> Brasil.<br />
De acor<strong>do</strong> com o coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r geral <strong>de</strong> Gestão<br />
<strong>de</strong> Ecossistemas e Biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> MCT,<br />
David Conway Oren, o projeto foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />
pioneiro pelos organismos internacionais, como<br />
o GEF, instituição liga<strong>da</strong> à Organização <strong>da</strong>s Nações<br />
Uni<strong>da</strong>s (ONU), por focar não apenas em<br />
acadêmicos e pesquisa<strong>do</strong>res, mas<br />
também em gestores públicos.<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 24<br />
“O nosso objetivo principal é reunir as informações<br />
produzi<strong>da</strong>s por diferentes instituições<br />
sobre a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira e, assim, montarmos<br />
uma re<strong>de</strong>. Porém, mais que isso, traduzir<br />
esses <strong>da</strong><strong>do</strong>s para uma linguagem mais simples<br />
para que gestores públicos possam fazer uso <strong>da</strong><br />
re<strong>de</strong> para a implementação <strong>de</strong> políticas públicas”,<br />
enfatiza Oren. “Hoje, existem vários sistemas<br />
com informações sobre a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
mas não são integra<strong>do</strong>s”, complementa ele.<br />
Para Oren, os toma<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão brasileiros<br />
po<strong>de</strong>rão acessar informações que serão utiliza<strong>da</strong>s<br />
no <strong>de</strong>senvolvimento e implementação <strong>de</strong> políticas<br />
e <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> planejamento estratégico. “Isso<br />
possibilita que façam melhores escolhas executivas<br />
sobre a conservação e uso <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> importância global no Brasil”, ressalta.<br />
No primeiro ano <strong>do</strong> projeto serão i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s<br />
quais as instituições po<strong>de</strong>rão servir como fornece<strong>do</strong>ras<br />
<strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s. “Possivelmente, a Re<strong>de</strong> <strong>Nacional</strong><br />
<strong>de</strong> Pesquisa (RNP) será responsável por<br />
interligar os pontos <strong>de</strong> informação. Mas, temos<br />
também que <strong>de</strong>finir o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> software que<br />
vamos trabalhar”, <strong>de</strong>staca Oren.<br />
O Brasil é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> hoje um <strong>do</strong>s países mais<br />
ricos em biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>. O país abriga cerca <strong>de</strong><br />
13% <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a biota terrestre <strong>do</strong> planeta, com<br />
mais <strong>de</strong> 200 mil espécies <strong>de</strong>scritas. Além disso,<br />
estima-se que muitas outras espécies ain<strong>da</strong> não<br />
foram <strong>de</strong>scritas, especialmente na vasta floresta<br />
tropical <strong>da</strong> Amazônia. Os números reais para a<br />
riqueza total <strong>de</strong> espécies foram estima<strong>do</strong>s entre<br />
1,4 milhão e 2,4 milhões <strong>de</strong> espécies. E o ambiente<br />
marinho também reserva diversos organismos<br />
<strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s.<br />
Fabrício Francis, Assessoria <strong>de</strong> Comunicação <strong>do</strong> MCT<br />
O que é Biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />
O<br />
termo biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> - ou diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
biológica - <strong>de</strong>screve a riqueza e a varie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> natural. As plantas, os<br />
animais e os microrganismos fornecem alimentos,<br />
remédios e boa parte <strong>da</strong> matéria-prima industrial<br />
consumi<strong>da</strong> pelo ser humano.<br />
Para enten<strong>de</strong>r o que é a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>vemos<br />
consi<strong>de</strong>rar o termo em <strong>do</strong>is níveis diferentes:<br />
to<strong>da</strong>s as formas <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, assim como os<br />
genes conti<strong>do</strong>s em ca<strong>da</strong> indivíduo, e as interrelações,<br />
ou ecossistemas, na qual a existência <strong>de</strong><br />
uma espécie afeta diretamente muitas outras.<br />
A diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> biológica está presente em to<strong>do</strong><br />
lugar: no meio <strong>do</strong>s <strong>de</strong>sertos, nas tundras congela<strong>da</strong>s<br />
ou nas fontes <strong>de</strong> água sulfurosas.<br />
A diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> genética possibilitou a a<strong>da</strong>ptação <strong>da</strong><br />
vi<strong>da</strong> nos mais diversos pontos <strong>do</strong> planeta. As plantas,<br />
por exemplo, estão na base <strong>do</strong>s ecossistemas.<br />
Como elas florescem com mais intensi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
nas áreas úmi<strong>da</strong>s e quentes, a maior diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
é <strong>de</strong>tecta<strong>da</strong> nos trópicos, como é o caso <strong>da</strong> Amazônia<br />
e sua excepcional vegetação.<br />
O Brasil é o país <strong>da</strong> megadiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Representa<br />
a maior biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e soma,<br />
aproxima<strong>da</strong>mente, 20% <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as espécies já<br />
conheci<strong>da</strong>s atualmente pela ciência. Esses números<br />
são superiores aos encontra<strong>do</strong>s na América<br />
<strong>do</strong> Norte, Europa e África.<br />
Fonte: WWF Brasil – www.wwf.org.br<br />
Mapa <strong>de</strong> Biomas <strong>do</strong> Brasil<br />
Porcentagens referentes à área que resta <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> bioma<br />
brasileiro em relação ao total <strong>da</strong> área original.<br />
Fonte: Scientific American Brasil -<br />
Edição Especial nº 39<br />
Biomas <strong>do</strong> Brasil<br />
O<br />
Brasil tem uma área <strong>de</strong> 8,5 milhões<br />
km², ocupan<strong>do</strong> quase a meta<strong>de</strong> <strong>da</strong><br />
América <strong>do</strong> Sul. Essa área possui várias<br />
zonas climáticas que incluem o trópico úmi<strong>do</strong><br />
no norte, o semi-ári<strong>do</strong> no nor<strong>de</strong>ste e áreas<br />
tempera<strong>da</strong>s no sul. As diferenças climáticas<br />
contribuem para as diferenças ecológicas<br />
forman<strong>do</strong> zonas biogeográficas distintas<br />
chama<strong>da</strong>s biomas. A maior floresta tropical<br />
úmi<strong>da</strong> (Floresta Amazônica), com mais <strong>de</strong> 30 mil<br />
espécies vegetais, e a maior planície inundável<br />
(o Pantanal) <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> se encontram nesses<br />
biomas, além <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> (savanas e bosques),<br />
<strong>da</strong> Caatinga (florestas semi-ári<strong>da</strong>s) e <strong>da</strong> Mata<br />
Atlântica (floresta tropical pluvial). O Brasil<br />
possui uma costa marinha <strong>de</strong> 3,5 milhões km²<br />
com uma varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ecossistemas que incluem<br />
recifes <strong>de</strong> corais, dunas, manguezais, lagoas,<br />
estuários e pântanos.<br />
A varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> biomas reflete a riqueza <strong>da</strong><br />
flora e fauna brasileiras, tornan<strong>do</strong>-as as mais<br />
diversas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, com mais <strong>de</strong> 20% <strong>do</strong> número<br />
total <strong>de</strong> espécies <strong>do</strong> planeta. Por este motivo, o<br />
Brasil é o principal país <strong>de</strong>ntre os chama<strong>do</strong>s<br />
países megadiversos.<br />
Fonte: <strong>Portal</strong> Bio – Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />
INOVAÇÃO E<br />
SUSTENTABIlIDADE<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 25
SUSTENTABIlIDADE<br />
INOVAÇÃO E<br />
SUSTENTABIlIDADE<br />
Recicloco<br />
A<br />
Recicloco foi cria<strong>da</strong> em 2006, no Rio<br />
Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, com o intuito <strong>de</strong><br />
modificar o tratamento <strong>do</strong> coco consumi<strong>do</strong><br />
e o volume <strong>de</strong> resíduos gera<strong>do</strong>s, que<br />
aumentavam a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> lixo <strong>de</strong>speja<strong>do</strong><br />
na natureza.<br />
Atualmente a empresa processa as cascas<br />
provenientes <strong>de</strong> duas envasa<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> água <strong>de</strong><br />
coco, evitan<strong>do</strong> que este material siga até aterros<br />
sanitários ou lixões. O resulta<strong>do</strong> é a transformação<br />
<strong>do</strong> lixo <strong>do</strong> coco em fibra e substrato, matérias-prima<br />
utiliza<strong>da</strong>s em diversas indústrias.<br />
O projeto <strong>de</strong>ssa primeira usina <strong>de</strong> beneficiamento<br />
<strong>de</strong> casca <strong>de</strong> coco ver<strong>de</strong> instala<strong>da</strong> no Esta<strong>do</strong><br />
é coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> por Luiz Henrique <strong>de</strong> Freitas<br />
e pelo pesquisa<strong>do</strong>r João Bosco <strong>da</strong> Silva.<br />
O processo consiste em triturar, prensar e<br />
selecionar a fibra e o pó <strong>da</strong> casca <strong>de</strong> coco. A<br />
fibra é limpa, seca ao sol e prensa<strong>da</strong> em far<strong>do</strong>s.<br />
Já o substrato po<strong>de</strong> ter vários processos,<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>da</strong> exigência <strong>do</strong> cliente, sen<strong>do</strong> peneira<strong>do</strong><br />
em granulometria diferentes. “Atualmente<br />
fabricamos mantas <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> coco em<br />
diversas gramaturas que são <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s a vários<br />
clientes: floriculturas, <strong>de</strong>cora<strong>do</strong>res e paisagismo.<br />
Fabricamos também vasos em fibra<br />
<strong>de</strong> coco (com estrutura em arame galvaniza<strong>do</strong>),<br />
fornecen<strong>do</strong> principalmente para o merca<strong>do</strong><br />
local”, afirma Luiz Henrique.<br />
Reprodução/a<strong>da</strong>ptação:<br />
Revista <strong>Ciência</strong> Sempre, nº 14,<br />
outubro/<strong>de</strong>zembro 2009<br />
Avanço nas pesquisas com biodiesel<br />
OInstituto <strong>de</strong> <strong>Tecnologia</strong> <strong>do</strong> Paraná<br />
(Tecpar) e o Instituto <strong>de</strong> <strong>Tecnologia</strong> para<br />
o Desenvolvimento (Lactec) passaram<br />
a concentrar esforços e investimentos em <strong>do</strong>is<br />
programas <strong>de</strong> pesquisa em energia veicular.<br />
O Tecpar está avançan<strong>do</strong> na área <strong>de</strong> biocombustíveis<br />
e na disseminação <strong>de</strong> informações técnicas<br />
sobre biodiesel, <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pelo Centro Brasileiro<br />
<strong>de</strong> Referência em Biocombustíveis (Cerbio). A<br />
uni<strong>da</strong><strong>de</strong> é vincula<strong>da</strong> ao Tecpar, em Curitiba, e cre<strong>de</strong>ncia<strong>da</strong><br />
pela Agência <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Petróleo (ANP).<br />
Esse trabalho, utilizan<strong>do</strong> diversas misturas<br />
<strong>de</strong> diesel com biodiesel (B2, B5, B20, B50 e B100)<br />
e diversos tipos <strong>de</strong> biodiesel, oriun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> várias<br />
oleaginosas, está inseri<strong>do</strong> no Programa <strong>Nacional</strong><br />
<strong>de</strong> Produção e Uso <strong>do</strong> Biodiesel.<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 26<br />
Política <strong>de</strong> Resíduos Sóli<strong>do</strong>s<br />
O<br />
presi<strong>de</strong>nte Lula sancionou a Política<br />
<strong>Nacional</strong> <strong>do</strong>s Resíduos Sóli<strong>do</strong>s em 7 <strong>de</strong><br />
julho <strong>de</strong> 2010. O objetivo <strong>da</strong> nova lei é<br />
acabar, em longo prazo, com os lixões e obrigar<br />
municípios e empresas a criarem programas <strong>de</strong><br />
manejo e proteção ambiental.<br />
Entre alguns pontos <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque <strong>da</strong> lei estão:<br />
fica proibi<strong>da</strong> a formação <strong>de</strong> lixões a céu aberto;<br />
to<strong>da</strong>s as prefeituras <strong>de</strong>vem construir aterros<br />
sanitários, on<strong>de</strong> só po<strong>de</strong>rão ser <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s<br />
resíduos sem qualquer possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> compostagem<br />
ou reaproveitamento; fica proibi<strong>da</strong> a<br />
importação <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> lixo; pelo méto<strong>do</strong><br />
<strong>da</strong> logística reversa, fabricantes, distribui<strong>do</strong>res<br />
e ven<strong>de</strong><strong>do</strong>res ficam obriga<strong>do</strong>s a recolher<br />
as embalagens usa<strong>da</strong>s (regra para agrotóxicos,<br />
Para a realização <strong>do</strong>s ensaios físico-químicos,<br />
necessários para as pesquisas, foi construí<strong>da</strong><br />
na se<strong>de</strong> <strong>do</strong> instituto, na Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> Industrial <strong>de</strong><br />
Curitiba, uma planta piloto semi-industrial <strong>de</strong><br />
biodiesel. “A planta é flexível, po<strong>de</strong> usar tanto<br />
metanol quanto etanol e, futuramente, po<strong>de</strong>rá<br />
também utilizar, na produção <strong>de</strong> biodiesel, diferentes<br />
tipos <strong>de</strong> óleos, e o mais importante é que,<br />
para o seu funcionamento, a energia e o calor<br />
utiliza<strong>do</strong>s são provenientes <strong>de</strong> seu próprio trabalho”,<br />
<strong>de</strong>staca Luiz Fernan<strong>do</strong> <strong>de</strong> Oliveira Ribas,<br />
diretor-presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Tecpar.<br />
Fonte: Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>, <strong>Tecnologia</strong> e Ensino Superior - Paraná<br />
pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, to<strong>do</strong>s<br />
os tipos <strong>de</strong> lâmpa<strong>da</strong>s e eletroeletrônicos); a<br />
responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pelo lixo passa a ser compartilha<strong>da</strong>,<br />
entre socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, empresas, prefeituras<br />
e governos estaduais e fe<strong>de</strong>ral; indústrias <strong>de</strong><br />
reciclagem terão priori<strong>da</strong><strong>de</strong> em financiamentos<br />
governamentais.<br />
O texto também prevê que os municípios<br />
só terão repasse <strong>de</strong> verbas <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral<br />
para projetos <strong>de</strong> limpeza pública e manejo <strong>de</strong><br />
resíduos sóli<strong>do</strong>s <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> aprovarem seus planos<br />
<strong>de</strong> gestão.<br />
Link <strong>do</strong> texto na íntegra :<br />
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm<br />
Dessalinização <strong>da</strong> água<br />
Pesquisa<strong>do</strong>res <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual<br />
<strong>da</strong> Paraíba (UEPB) estão testan<strong>do</strong> um<br />
<strong>de</strong>stila<strong>do</strong>r solar híbri<strong>do</strong> que po<strong>de</strong>rá<br />
fornecer água potável às famílias <strong>de</strong> agricultores.<br />
O projeto foi apresenta<strong>do</strong> recentemente pela aluna<br />
<strong>da</strong> Escola Agrotécnica <strong>de</strong> Lagoa Seca, Maria<br />
Apareci<strong>da</strong> <strong>de</strong> Lima, bolsista <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong><br />
Iniciação Científica Júnior (Pibic Jr.), <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção<br />
<strong>de</strong> Apoio à Pesquisa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Paraíba<br />
(FAPESQ), no Seminário Anual <strong>do</strong> Pibic Jr.<br />
O objetivo <strong>do</strong> projeto é estu<strong>da</strong>r a viabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
técnica e econômica para agricultores <strong>de</strong> base familiar<br />
<strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>stila<strong>do</strong>r solar híbri<strong>do</strong>.<br />
O <strong>de</strong>stila<strong>do</strong>r consiste numa<br />
cobertura transparente<br />
que fecha um espaço<br />
situa<strong>do</strong> sobre<br />
um tanque raso<br />
<strong>de</strong> água salga<strong>da</strong>.<br />
Essa cobertura<br />
está inclina<strong>da</strong><br />
até as bor<strong>da</strong>s<br />
fazen<strong>do</strong> com<br />
que a água que se<br />
con<strong>de</strong>nsa escorra<br />
por gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> até<br />
uma canaleta.<br />
Cinco novas espécies <strong>de</strong> aves<br />
Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s nas florestas tropicais<br />
têm mostra<strong>do</strong> que elas abrigam mais <strong>da</strong><br />
meta<strong>de</strong> <strong>da</strong>s espécies <strong>de</strong> plantas e animais<br />
<strong>do</strong> planeta. A Amazônia é a maior, e a mais<br />
diversifica<strong>da</strong>, <strong>da</strong>s florestas tropicais <strong>do</strong> planeta.<br />
O biólogo Edson Guilherme vem trabalhan<strong>do</strong><br />
o tema biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>,<br />
intitula<strong>da</strong> “Avifauna <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre:<br />
Composição, Distribuição Geográfica e Conservação”.<br />
Segun<strong>do</strong> o autor <strong>da</strong> tese, a região abriga,<br />
pelo menos 40.000 espécies <strong>de</strong> plantas, 427 <strong>de</strong><br />
mamíferos, 1.294 <strong>de</strong> aves, 378 répteis, 427 <strong>de</strong> anfíbios<br />
e mais <strong>de</strong> 3.000 espécies <strong>de</strong> peixes, que representam<br />
cerca <strong>de</strong> 10% <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> mundial.<br />
A pesquisa <strong>de</strong> Edson Guilherme, professor <strong>do</strong><br />
Centro <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>s Biológicas e <strong>da</strong> Natureza <strong>da</strong><br />
Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Acre (UFAC), preenche a lacuna<br />
<strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobre a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> avifaunística<br />
acriana. “A minha tese tenta sintetizar e <strong>de</strong>screver,<br />
<strong>da</strong> forma mais acura<strong>da</strong> possível, a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
e distribuição <strong>de</strong> um grupo animal específico,<br />
as aves, ao longo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>”, resume. A<br />
tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> teve a orientação <strong>do</strong> prof. Dr.<br />
José Maria Car<strong>do</strong>so <strong>da</strong> Silva, no âmbito <strong>do</strong> Pro-<br />
Para a montagem <strong>do</strong> <strong>de</strong>stila<strong>do</strong>r solar são necessários:<br />
vidro para a cobertura, tanque raso<br />
como base <strong>do</strong> <strong>de</strong>stila<strong>do</strong>r (cimento, pedra, isopor),<br />
coletor solar com canos <strong>de</strong> PVC, garrafa PET e<br />
caixas Tetra PAK. Tu<strong>do</strong> pinta<strong>do</strong> em preto para<br />
absorver o calor <strong>do</strong> sol.<br />
O diferencial <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>stila<strong>do</strong>r é o uso <strong>de</strong> materiais<br />
recicla<strong>do</strong>s, que torna o equipamento mais<br />
econômico. Além <strong>de</strong> possuir um impacto ambiental<br />
mínimo, não consome energia elétrica ou <strong>de</strong><br />
combustíveis não-renováveis.<br />
O <strong>de</strong>stila<strong>do</strong>r solar proposto neste trabalho<br />
mostrou potencial para resolver problemas em<br />
pequena escala <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> água, principalmente<br />
no interior <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste brasileiro on<strong>de</strong> o<br />
índice <strong>de</strong> insolação é alto e o índice pluviométrico<br />
é baixo. O mo<strong>de</strong>lo é acessível ao agricultor rural<br />
por ser simples, o investimento para a construção<br />
<strong>do</strong> <strong>de</strong>stila<strong>do</strong>r é baixo e a manutenção é pequena.<br />
É um projeto socialmente sustentável nas condições<br />
<strong>do</strong> semiári<strong>do</strong>, diminui problemas <strong>de</strong> locomoção<br />
e soluciona problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública.<br />
Hel<strong>da</strong> Suene - Asscom FAPESQ-PB<br />
grama <strong>de</strong> Pós-Graduação <strong>de</strong> Zoologia, manti<strong>do</strong><br />
pelo Museu Goeldi e pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>do</strong> Pará (UFPA).<br />
Quantas e quais são as espécies <strong>de</strong> aves <strong>do</strong><br />
esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre; como essas espécies estão distribuí<strong>da</strong>s<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>; e qual o seu esta<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> conservação foram as principais questões levanta<strong>da</strong>s.<br />
“Ao final <strong>do</strong>s trabalhos, 655 espécies<br />
foram confirma<strong>da</strong>s para o Acre – distribuí<strong>da</strong>s<br />
em 73 famílias e 23 or<strong>de</strong>ns -, sen<strong>do</strong> que cinco<br />
<strong>de</strong>stas foram registra<strong>da</strong>s pela primeira vez em<br />
território brasileiro. São elas: flamingo-<strong>da</strong>puna<br />
(Phoenicoparrus jamesi), o pica-pau-anão (Picumnus<br />
subtilis), o arapaçu-<strong>de</strong>-tschudi (Xiphorthynchus<br />
chunchotambo), o flautim-rufo (Cnopo<strong>de</strong>ctes<br />
superrufs) e o caneleiro (Pachyramphus<br />
xanthogenys)”, conta o autor.<br />
De acor<strong>do</strong> com o Comitê Brasileiro <strong>de</strong> Registros<br />
Ornitológicos (CBRO), o Brasil possui,<br />
atualmente, 1.825 espécies <strong>de</strong> aves (eram 1.820<br />
no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> elaboração <strong>da</strong> tese <strong>de</strong> Edson Guilherme)<br />
e, segun<strong>do</strong> o autor, é um <strong>do</strong>s países mais<br />
ricos em espécies <strong>da</strong> América <strong>do</strong> Sul. Algumas<br />
locali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> oeste amazônico, situa<strong>da</strong>s pró-<br />
INOVAÇÃO E<br />
SUSTENTABIlIDADE<br />
Bioinsetici<strong>da</strong><br />
Depois <strong>de</strong> quase três anos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s, a<br />
Farmanguinhos, <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Oswal<strong>do</strong><br />
Cruz (Fiocruz), criou um insetici<strong>da</strong><br />
biológico capaz <strong>de</strong> matar as larvas <strong>do</strong> mosquito<br />
<strong>da</strong> <strong>de</strong>ngue em 24 horas. A pesquisa<strong>do</strong>ra Elizabeth<br />
Sanches, que coor<strong>de</strong>na o projeto, informou que<br />
o comprimi<strong>do</strong> é inofensivo ao meio ambiente e<br />
à saú<strong>de</strong> humana e po<strong>de</strong> ser dissolvi<strong>do</strong> em até 50<br />
litros <strong>de</strong> água.<br />
“A pastilha é coloca<strong>da</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> caixa d`água.<br />
Duas horas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ingerir o insetici<strong>da</strong>, a larva<br />
fica paralisa<strong>da</strong> e impossibilita<strong>da</strong> <strong>de</strong> alimentar-se<br />
e morre <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 24 horas. Além disso, o efeito<br />
<strong>do</strong> insetici<strong>da</strong> dura até 21 dias”, afirma Elizabeth.<br />
Paralelamente, a equipe <strong>da</strong> pesquisa<strong>do</strong>ra <strong>de</strong>senvolveu<br />
<strong>do</strong>is bioinsetici<strong>da</strong>s: um contra o mosquito<br />
que transmite a malária e um contra o<br />
transmissor <strong>da</strong> elefantíase. “Já estamos com o<br />
edital pronto para buscar parcerias empresariais<br />
para a produção <strong>de</strong>ssas formulações”, adiantou a<br />
pesquisa<strong>do</strong>ra.<br />
Atualmente to<strong>do</strong>s os bioinsetici<strong>da</strong>s usa<strong>do</strong>s no<br />
país são importa<strong>do</strong>s. A Fiocruz tem seis produtos<br />
totalmente nacionais, prontos para a fabricação<br />
em larga escala. A Farmanguinhos, que<br />
<strong>de</strong>tém a patente <strong>de</strong>sses produtos receberá os<br />
royalties pela comercialização e irá fiscalizar o<br />
processo <strong>de</strong> produção <strong>do</strong>s insetici<strong>da</strong>s nas empresas<br />
parceiras.<br />
Reprodução/a<strong>da</strong>ptação: Revista Pesquise!, Edição Especial, Março 2010<br />
ximo ao sopé <strong>do</strong>s An<strong>de</strong>s, revelaram a presença<br />
<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 500 espécies <strong>de</strong> aves e, na região, a<br />
maioria <strong>da</strong>s áreas <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismo para aves é <strong>de</strong>limita<strong>da</strong><br />
pelas margens <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s rios, como<br />
o Ma<strong>de</strong>ira, Tapajós e Xingu.<br />
“O estu<strong>do</strong>, que <strong>de</strong>u origem a minha tese <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, representa o marco inicial <strong>do</strong> conhecimento<br />
<strong>da</strong> avifauna <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre. Espero<br />
que as informações conti<strong>da</strong>s neste discreto trabalho<br />
sirvam <strong>de</strong> base para outros estu<strong>do</strong>s e <strong>de</strong><br />
estímulo para àqueles que estiverem entran<strong>do</strong><br />
neste fascinante mun<strong>do</strong> <strong>da</strong> ornitologia neutropical”,<br />
finaliza Edson Guilherme.<br />
. *Resumo <strong>de</strong> Revista Destaque Amazônia,<br />
Vanessa Brasil, Agência Museu Goeldi.<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 27<br />
Foto: Edson Guilherme <strong>da</strong> Silva<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 27
INOVAÇÃO E<br />
SUSTENTABIlIDADE<br />
Viagem ao tempo <strong>do</strong>s dinossauros<br />
Ele viveu há mais <strong>de</strong> 70 milhões <strong>de</strong> anos.<br />
Algumas evidências apontam que, na<br />
fase adulta, po<strong>de</strong>ria chegar a 20 metros<br />
<strong>de</strong> comprimento, 3,5 metros <strong>de</strong> altura e 16<br />
tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> peso. Descoberta por uma equipe<br />
<strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e <strong>de</strong> Minas<br />
Gerais é o maior dinossauro já <strong>de</strong>scrito no<br />
Brasil, passan<strong>do</strong> à frente <strong>do</strong> Maxakalisaurus,<br />
que chegava a 14 metros <strong>de</strong> altura. Os fósseis<br />
<strong>do</strong> titanossauro, que recebeu o nome <strong>de</strong><br />
Uberabatitan ribeiroi, foram encontra<strong>do</strong>s<br />
durante um <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramento <strong>da</strong>s pesquisas<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s no Centro <strong>de</strong> Pesquisas<br />
Paleontológicas Llewelyn Ivor Price, que tem<br />
apoio <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais (FAPEMIG).<br />
Entre os trabalhos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s no Centro<br />
<strong>de</strong> Pesquisas, localiza<strong>do</strong> no bairro rural <strong>de</strong> Peirópolis,<br />
em Uberaba (MG), está uma pesquisa<br />
que resultou na réplica <strong>de</strong> outro gran<strong>de</strong> titanossauro<br />
brasileiro, com 12 metros <strong>de</strong> comprimento<br />
por três <strong>de</strong> altura, exposta no Museu <strong>do</strong>s Dinossauros,<br />
anexo ao centro. A réplica foi construí<strong>da</strong><br />
após 10 anos <strong>de</strong> escavações, que reuniram centenas<br />
<strong>de</strong> ossos, 90 <strong>do</strong>s quais foram utiliza<strong>do</strong>s em<br />
sua confecção, totalizan<strong>do</strong> 40% <strong>do</strong> animal.<br />
Laboratório <strong>da</strong> UFC produz porcelanato<br />
a partir <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> granito<br />
Terceiro produtor nacional <strong>de</strong> granito, o<br />
Ceará fabrica, por mês, cerca <strong>de</strong> duas mil<br />
tonela<strong>da</strong>s <strong>do</strong> material processa<strong>do</strong>. Parte<br />
<strong>da</strong> pedra extraí<strong>da</strong>, no entanto, não é aproveita<strong>da</strong><br />
porque a indústria precisa trabalhar com ela em<br />
blocos <strong>de</strong> formas regulares e, por isso, são feitos<br />
cortes que geram aparas <strong>de</strong> tamanho inviável<br />
para uso comercial por parte <strong>do</strong> setor.<br />
Um grupo <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Laboratório<br />
<strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> Materiais (La<strong>de</strong>mat),<br />
vincula<strong>do</strong> ao Departamento <strong>de</strong> Engenharia Metalúrgica<br />
e <strong>de</strong> Materiais <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>do</strong> Ceará (UFC), que está realizan<strong>do</strong> uma<br />
série <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s sobre a produção cearense <strong>de</strong><br />
granito, estima que o percentual <strong>de</strong> resíduos<br />
chegue a 70% <strong>da</strong> pedra bruta extraí<strong>da</strong>. Esse índice<br />
levou a equipe a <strong>de</strong>senvolver uma forma <strong>de</strong><br />
aproveitamento <strong>do</strong> material para transformá-lo<br />
em produto com bom valor <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> e gran-<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 28<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 28<br />
Durante as escavações que levaram à réplica<br />
<strong>do</strong> titanossauro, os fósseis <strong>de</strong> outro animal foram<br />
encontra<strong>do</strong>s: um crocodilo mesossúquio,<br />
o Uberabasuchus terrificus. Os “mesossúquios”<br />
são encontra<strong>do</strong>s em rochas <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> Cretáceo,<br />
intervalo <strong>de</strong> tempo geológico compreendi<strong>do</strong><br />
entre 141 e 65 milhões <strong>de</strong> anos. Estima-se<br />
que ele viveu há 70 milhões <strong>de</strong> anos, média em<br />
torno <strong>de</strong> 2,5 metros <strong>de</strong> comprimento<br />
e pesava cerca <strong>de</strong> 300<br />
kg. A partir <strong>da</strong> <strong>de</strong>scoberta, foi<br />
possível agrupar e avaliar a<br />
evolução <strong>do</strong>s crocodilos terrestres<br />
existentes no Brasil e<br />
na América <strong>do</strong> Sul, além <strong>de</strong> estabelecer<br />
conexão com fósseis<br />
semelhantes, <strong>de</strong>scritos em Ma<strong>da</strong>gascar,<br />
su<strong>de</strong>ste <strong>da</strong> África.<br />
Em 2006, um novo trabalho, “O<br />
Cretáceo em Uberaba”, <strong>de</strong>screveu materiais<br />
fósseis já encontra<strong>do</strong>s, em parceria<br />
com pesquisa<strong>do</strong>res <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (UFRJ) e <strong>do</strong> Museu Argentino<br />
<strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>s Naturais, além <strong>de</strong> <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
à coleta <strong>de</strong> fósseis <strong>de</strong> dinossauros carnívoros.<br />
“Chegamos à conclusão <strong>de</strong> que esses<br />
<strong>de</strong> procura pela indústria <strong>da</strong> construção civil e<br />
pelos consumi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos: o porcelanato.<br />
No processo <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em laboratório,<br />
os restos <strong>de</strong> granito são moí<strong>do</strong>s e peneira<strong>do</strong>s.<br />
Depois, passam por uma secagem, para retirar<br />
a umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, e são prensa<strong>do</strong>s e queima<strong>do</strong>s<br />
em temperaturas acima <strong>de</strong> mil graus centígra<strong>do</strong>s.<br />
O professor Ricar<strong>do</strong> Emílio Queve<strong>do</strong>, coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r<br />
<strong>do</strong> La<strong>de</strong>mat, explica que o trabalho<br />
aproveita a presença, no granito <strong>de</strong> feldspatos,<br />
minerais que, quan<strong>do</strong> aqueci<strong>do</strong>s, se liquefazem.<br />
No resfriamento, eles se solidificam e unem os<br />
grãos, forman<strong>do</strong> um material com baixa absorção<br />
<strong>de</strong> água e a mesma resistência <strong>do</strong> porcelanato<br />
tradicional.<br />
Ain<strong>da</strong> não é possível estimar os custos <strong>do</strong> produto,<br />
já que não foram feitas projeções em escala<br />
industrial, mas o pesquisa<strong>do</strong>r estima que ele terá<br />
um preço menor que o <strong>da</strong> cerâmica convencional.<br />
fósseis pertencem a um grupo <strong>de</strong> dinossauros<br />
carnívoros encontra<strong>do</strong>s na Argentina, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s<br />
abelissauros, pela primeira vez <strong>de</strong>scritos,<br />
em Minas Gerais”, relata o geólogo e diretor <strong>do</strong><br />
Centro Price, Luiz Carlos Borges Ribeiro. “Ca<strong>da</strong><br />
fóssil <strong>de</strong>sses, como o Uberabasuchus e o novo dinossauro,<br />
aporta informações que vão aju<strong>da</strong>r a<br />
compreen<strong>de</strong>r melhor o processo <strong>de</strong> evolução <strong>da</strong><br />
vi<strong>da</strong>, <strong>do</strong>s ecossistemas e <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa região”,<br />
observa.<br />
Crédito: Assessoria <strong>de</strong> Comunicação Social FAPEMIG<br />
Além <strong>do</strong> porcelanato, os estu<strong>do</strong>s também permitiram<br />
a geração <strong>de</strong> mais <strong>do</strong>is materiais. Um<br />
<strong>de</strong>les é a cerâmica refratária, usa<strong>da</strong> como isolante<br />
térmico em equipamentos como fornos industriais<br />
e cal<strong>de</strong>iras. O outro é o guia fio cerâmico,<br />
componente usa<strong>do</strong> no maquinário <strong>da</strong> indústria<br />
têxtil e em máquinas <strong>de</strong> confecção <strong>de</strong> malhas.<br />
O trabalho <strong>do</strong> La<strong>de</strong>mat conta com o apoio <strong>da</strong><br />
Fun<strong>da</strong>ção Cearense <strong>de</strong> Apoio ao Desenvolvimento<br />
Científico e Tecnológico. Participam também<br />
<strong>do</strong> projeto os professores José Marcos Sasaki, <strong>do</strong><br />
Departamento <strong>de</strong> Física <strong>da</strong> UFC; e José <strong>de</strong> Araújo<br />
Nogueira Neto, <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Geologia,<br />
também <strong>da</strong> UFC.<br />
Autor: Silvio Mauro, repórter <strong>da</strong> Agência Funcap<br />
Olimpía<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
Matemática<br />
Com duas me<strong>da</strong>lhas <strong>de</strong> ouro e duas <strong>de</strong> prata, o<br />
Brasil alcançou o primeiro lugar na 25ª edição<br />
<strong>da</strong> Olimpía<strong>da</strong> Iberoamericana <strong>de</strong> Matemática,<br />
realiza<strong>da</strong> <strong>de</strong> 20 a 30 <strong>de</strong> setembro, no Paraguai. O país<br />
conquistou a maior pontuação total <strong>da</strong> competição,<br />
com 133 pontos.<br />
Este ano foram 21 participações. Em 25 anos, o<br />
Brasil já conquistou 89 me<strong>da</strong>lhas.<br />
O evento, que tem a colaboração <strong>do</strong>s Ministérios<br />
<strong>de</strong> C&T e <strong>de</strong> Educação e <strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Matemática,<br />
preten<strong>de</strong> fortalecer e estimular o estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> matemática<br />
e contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento científico<br />
<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> ibero-americana.<br />
Destaque <strong>do</strong> ano na<br />
Iniciação Científica<br />
A edição<br />
<strong>de</strong> 2010 <strong>do</strong> 8º Prêmio Destaque <strong>do</strong><br />
Ano na Iniciação Científica <strong>do</strong> CNPq teve um<br />
aumento <strong>de</strong> 30% na participação <strong>da</strong>s instituições<br />
<strong>de</strong> ensino e pesquisa e <strong>de</strong> 11% nos bolsistas,<br />
em relação à edição 2009. Ao to<strong>do</strong> foram recebi<strong>do</strong>s<br />
157 trabalhos. Participaram 90 instituições, sen<strong>do</strong><br />
71 universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e 19 institutos <strong>de</strong> pesquisa. O Prêmio<br />
tem a parceria <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>s<br />
e <strong>da</strong> SBPC.<br />
O 1º lugar na categoria <strong>Ciência</strong>s <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> foi Jessie<br />
Pereira <strong>do</strong>s Santos (UFRGS), com o trabalho “Guia <strong>de</strong><br />
borboletas frugívoras <strong>da</strong> Mata Atlântica <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> Sul, Brasil”. Em 2º lugar ficou Edilene <strong>de</strong> Souza<br />
Costa (Instituto Butantan) e, em 3º, Raquel Raick Pereira<br />
<strong>da</strong> Silva (UFPa).<br />
Na área <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>s Exatas, <strong>da</strong> Terra e Engenharias<br />
o 1º lugar foi para Ricar<strong>do</strong> Salviano <strong>do</strong>s Santos<br />
(Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong>s Vales <strong>de</strong> Jequitinhonha e<br />
Mucuri) com: “Sacarificação enzimática <strong>do</strong> resíduo<br />
<strong>da</strong> extração <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> pinhão-manso (jatropha curcas<br />
I.) para a produção <strong>de</strong> Bioetanol”. O segun<strong>do</strong> lugar<br />
ficou com Vinicius Pistor (Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Caxias<br />
<strong>do</strong> Sul) e o 3º com Nayara Teo<strong>do</strong>ro <strong>do</strong> Pra<strong>do</strong> (Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Lavras).<br />
Em <strong>Ciência</strong>s Humanas e Sociais, Letras e Artes, o<br />
primeiro coloca<strong>do</strong> foi Pedro Henrique Witchs (Unisinos)<br />
com “O Ensino <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>s e Biologia para Sur<strong>do</strong>s”.<br />
Em 2º ficou Danielle Roberta Dias (UFV) e, em<br />
3º, Apareci<strong>da</strong> Lima <strong>do</strong> Nascimento (INPA).<br />
A premiação consiste em um valor em dinheiro<br />
para ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s premia<strong>do</strong>s e uma bolsa <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong><br />
para os primeiros coloca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> área,<br />
além <strong>de</strong> passagem aérea e hospe<strong>da</strong>gem para Reunião<br />
Anual <strong>da</strong> SBPC em 2011. A Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong> foi também agracia<strong>da</strong>, na<br />
categoria Mérito Institucional.<br />
Me<strong>da</strong>lhas para o Brasil<br />
Estu<strong>da</strong>ntes brasileiros ganharam quatro<br />
me<strong>da</strong>lhas <strong>de</strong> ouro na II Olimpía<strong>da</strong> Latinoamericana<br />
<strong>de</strong> Astronomia e Astronáutica<br />
(OLAA), realiza<strong>da</strong> em setembro em Bogotá,<br />
Colômbia. As me<strong>da</strong>lhas foram trazi<strong>da</strong>s pelos estu<strong>da</strong>ntes<br />
Lucas Smaira (Guaxupé, MG), Rodrigo<br />
Pomgeluppi (Itabira, MG), Richard Martim Souza,<br />
(Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ) e Catarina Neves (São Paulo,<br />
SP). A estu<strong>da</strong>nte Helena Wu (Santana <strong>do</strong> Parnaíba,<br />
SP) foi premia<strong>da</strong> com a me<strong>da</strong>lha <strong>de</strong> bronze.<br />
A equipe foi li<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> pelos professores João Batista<br />
Garcia Canalle, coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Olimpía<strong>da</strong><br />
Brasileira <strong>de</strong> Astronomia e Astronáutica (OBA), e<br />
Julio César Klafke, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Paulista (Unip).<br />
Também foram premia<strong>do</strong>s os cinco integrantes<br />
<strong>da</strong> equipe brasileira na IV Olimpía<strong>da</strong> Internacional<br />
<strong>de</strong> Astronomia e Astrofísica (IOAA, na<br />
Os jovens brasileiros seleciona<strong>do</strong>s para<br />
participar <strong>da</strong> maior feira <strong>de</strong> ciências e<br />
engenharia <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> – Intel ISEF (International<br />
Science and Engineering Fair) – que<br />
ocorreu nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, em maio <strong>de</strong> 2010,<br />
tiveram gran<strong>de</strong> sucesso e foram contempla<strong>do</strong>s<br />
com 21 prêmios. Os estu<strong>da</strong>ntes foram seleciona<strong>do</strong>s<br />
por trabalhos apresenta<strong>do</strong>s na FEBRA-<br />
CE (Feira Brasileira <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>s e Engenharia,<br />
USP), na MOSTRATEC (Mostra Internacional<br />
<strong>de</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong>, Fun<strong>da</strong>ção Liberato) e<br />
na Escola Americana <strong>de</strong> Campinas.<br />
A Intel ISEF faz parte <strong>de</strong> um programa <strong>da</strong> Society<br />
for Science & the Public e <strong>da</strong> Intel Foun<strong>da</strong>tion<br />
e reuniu este ano, na California, 1.611<br />
estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> 59 países. O principal objetivo é<br />
apresentar as inovações <strong>de</strong> jovens criativos <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>. A equipe brasileira foi a segun<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong>legação estrangeira mais premia<strong>da</strong> fican<strong>do</strong><br />
atrás <strong>da</strong> China, com 22 prêmios.<br />
DIFUSÃO DA CIÊNCIA<br />
sigla em inglês), que aconteceu,<br />
também em setembro, na capital <strong>da</strong><br />
China, Beijing. Thiago Hallak<br />
(São Paulo, SP) voltou com<br />
me<strong>da</strong>lha <strong>de</strong> prata; Luiz Felipe<br />
Martins Ramos (Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
RJ), Tábata Amaral (São<br />
Paulo, SP) e Gustavo Had<strong>da</strong>d<br />
(São José <strong>do</strong>s Campos, SP) trouxeram<br />
bronze; e Tiago Gimenes<br />
(São Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Campo, SP) recebeu<br />
menção honrosa.<br />
A equipe foi li<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> pela professora Thaís<br />
Mothé Diniz, <strong>do</strong> Observatório <strong>do</strong> Valongo/<br />
UFRJ, e por Felipe Pereira, um <strong>do</strong>s ex-participantes<br />
<strong>da</strong> Olimpía<strong>da</strong>, <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> em Física pela<br />
Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP).<br />
MAIOr FEIrA DE CIÊNCIA DO MUNDO<br />
A <strong>de</strong>legação faz sucesso na Intel ISEF com recor<strong>de</strong> <strong>de</strong> prêmios para o Brasil<br />
Entre os <strong>de</strong>staques:<br />
Primeiro Lugar em <strong>Ciência</strong>s Sociais e Comportamentais - Tamara<br />
Ge<strong>da</strong>nkien, 17 anos, Gemara e Gematria: Um Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Caso sobre os efeitos<br />
<strong>do</strong> uso <strong>de</strong> Contextualização Sociocultural para a Aprendizagem <strong>da</strong> Matemática.<br />
Primeiro lugar em Bioquímica - Alejandro Mariano Scaffa, 17 anos,<br />
Melhoria no rendimento <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> etanol através <strong>de</strong> esterilização <strong>do</strong> suco<br />
<strong>de</strong> cana <strong>de</strong> açúcar (garapa) por micro-on<strong>da</strong>s.<br />
Segun<strong>do</strong> lugar em Microbiologia - William Lopes, 20 anos, Utilização<br />
<strong>do</strong> fungo Aspergillus niger em tratamento <strong>de</strong> águas residuais II. O trabalho também<br />
foi premia<strong>do</strong> com o primeiro lugar <strong>do</strong> Prêmio Google [Categoria Agentes <strong>de</strong> Mu<strong>da</strong>nça].<br />
Terceiro lugar em Manejo Ambiental - Karoline Elis Lopes Martins,<br />
18 anos, Construção <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> fluxo contínuo SODIS com garrafas PET<br />
Integra<strong>do</strong> a um sistema <strong>de</strong> água e <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> resíduos. Trabalho também<br />
premia<strong>do</strong> com o primeiro lugar <strong>do</strong> Prêmio Google [Categoria Agentes <strong>de</strong> Mu<strong>da</strong>nça].<br />
Terceiro lugar em Bioquímica - Leonar<strong>do</strong> <strong>de</strong> Oliveira Bo<strong>do</strong>, 15<br />
anos, Tecelagem <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> - A Tecelagem <strong>de</strong> substâncias antimicrobiais <strong>da</strong><br />
ootheca <strong>da</strong> aranha, Phoneutria nigriventer..<br />
Terceiro lugar em Medicina e <strong>Ciência</strong>s <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong>- Joao Batista <strong>de</strong><br />
Castro David Junior, 17 anos, I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> insetos larvici<strong>da</strong>s biológicos.<br />
Segun<strong>do</strong> lugar em Projetos em Grupo - Eduar<strong>do</strong> Trierweiler Boff, 18<br />
anos e Lucas Strasburg Ferreira, 18 anos, Prótese ortopédica <strong>de</strong> baixo<br />
custo para amputação <strong>de</strong> membros inferiores produzi<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> materiais<br />
recicláveis.<br />
Quarto lugar em Física e Astronomia - Bruna Favetta, 16 anos,<br />
Avaliação <strong>da</strong>s as alterações nos níveis <strong>de</strong> colágenos no teci<strong>do</strong> <strong>da</strong> próstata <strong>de</strong><br />
ratos castra<strong>do</strong>s usan<strong>do</strong> óptica não linear.<br />
Terceiro lugar - Psi Chi, Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Internacional Honorífica em<br />
Psicologia - Heitor Geral<strong>do</strong> <strong>da</strong> Cruz Santos, 15 anos, Educação<br />
Nutricional nas Escolas Brasileiras: uma nova meto<strong>do</strong>logia.<br />
Menção Honrosa – Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Americana <strong>de</strong> Química - Aman<strong>da</strong><br />
De La Rocque Rodrigues, 18 anos, Carlos Henrique Leite <strong>da</strong> Silva,<br />
18 anos, Paolo Damas Pulcini, 18 anos, Sulfonação <strong>de</strong> poliestireno:<br />
aplicação na retenção <strong>de</strong> íons <strong>de</strong> metais pesa<strong>do</strong>s.<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 29
16a MOSTRA INTERNACIONAL DE CIÊNCIA NA TV<br />
16th INTERNATIONAL EXHIBITION OF SCIENCE ON TV<br />
DIFUSÃO DA CIÊNCIA SEMANINHA<br />
Foto: João Luiz Ribeiro<br />
“<strong>Ciência</strong> que eu faço”<br />
A<br />
edição 2010 <strong>da</strong> <strong>Semana</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> C&T<br />
traz uma gran<strong>de</strong> novi<strong>da</strong><strong>de</strong>: ‘A <strong>Ciência</strong><br />
que eu Faço’, uma série <strong>de</strong> entrevistas<br />
grava<strong>da</strong>s em ví<strong>de</strong>o nas quais pesquisa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> vários<br />
ramos <strong>da</strong> ciência, além <strong>de</strong> divulga<strong>do</strong>res científicos,<br />
relatam os motivos <strong>de</strong> seu envolvimento com<br />
a ciência, assim como os incentivos e as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
enfrenta<strong>da</strong>s em sua trajetória profissional.<br />
A coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> projeto, Vera Pinheiro,<br />
ressalta que os ví<strong>de</strong>os <strong>de</strong> curta duração, são direciona<strong>do</strong>s<br />
a professores e estu<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> educação<br />
básica. A idéia é que eles possam contribuir para<br />
a escolha profissional <strong>do</strong>s jovens. “O trabalho<br />
mostra que a ciência não é feita por gênios. São<br />
pessoas normais que se dirigiram para a ciência<br />
porque foram incentiva<strong>da</strong>s por um professor, por<br />
um amigo ou pelos pais; ou, ain<strong>da</strong>, porque tiveram<br />
uma experiência ou um acontecimento marcante<br />
em sua infância ou juventu<strong>de</strong>. To<strong>do</strong>s têm<br />
em comum a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma característica fun<strong>da</strong>mental<br />
nas carreiras científicas”, <strong>de</strong>staca Vera.<br />
A série é uma iniciativa <strong>da</strong> Representação<br />
Regional <strong>do</strong> MCT no Su<strong>de</strong>ste, com apoio <strong>do</strong><br />
Departamento <strong>de</strong> Difusão e Popularização <strong>de</strong><br />
C&T/SECIS/MCT. Já estão no ar mais <strong>de</strong> cem<br />
<strong>de</strong>poimentos <strong>do</strong> en<strong>de</strong>reço eletrônico <strong>da</strong> <strong>Semana</strong><br />
<strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> C&T (http://semanact.mct.gov.br)<br />
e no YouTube.<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 30<br />
HISTóRIA DA<br />
CIêNCIA NO<br />
BRASIL<br />
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<strong>da</strong> Biblioteca <strong>Nacional</strong>,<br />
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<strong>de</strong> ensino e pesquisa <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o país.<br />
Reunião <strong>da</strong> RedPop será no<br />
Brasil em 2011<br />
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“A profissionalização <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> divulgação<br />
científica” é o tema <strong>da</strong> 12º Reunião Bienal <strong>de</strong> Popularização<br />
<strong>da</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>da</strong> <strong>Tecnologia</strong> <strong>da</strong> América Latina<br />
e <strong>do</strong> Caribe (RedPop), <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> maio a 2 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />
2011, na UNICAMP.<br />
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<strong>Ciência</strong> <strong>do</strong> Brasil<br />
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Centros e Museus <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong>.<br />
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Pop <strong>Ciência</strong> 2022.<br />
Associação Brasileira <strong>de</strong><br />
Centros e Museus <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong><br />
prepara encontro nacional<br />
O I Encontro <strong>Nacional</strong> <strong>da</strong> Associação Brasileira<br />
<strong>de</strong> Centros e Museus <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong> acontecerá entre<br />
os dias 29 <strong>de</strong> março e 1º <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2011, no Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro. O evento será uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para<br />
compartilhar experiências e criar mecanismos para<br />
o aperfeiçoamento <strong>da</strong> popularização <strong>da</strong> ciência,<br />
seja na abor<strong>da</strong>gem prática ou acadêmica. Além<br />
disso, fortalecerá o intercâmbio entre os museus<br />
e centros <strong>de</strong> ciência brasileiros, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> se<br />
constituir em um fórum permanente <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates<br />
e troca <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias. O encontro é organiza<strong>do</strong> pela<br />
ABCMC, em parceria com a Casa <strong>da</strong> <strong>Ciência</strong>/UFRJ,<br />
a Casa <strong>da</strong> Descoberta/UFF e o Museu <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong>/<br />
COC/Fiocruz; e tem apoio <strong>do</strong> Ministério <strong>de</strong> <strong>Ciência</strong><br />
e <strong>Tecnologia</strong> e <strong>do</strong> CNPq. Inscrições para propostas<br />
<strong>de</strong> trabalho estão abertas até 30 <strong>de</strong> novembro.<br />
www.abcmc.org.br<br />
Museus brasileiros na<br />
Era Virtual<br />
Já é possível fazer visitas virtuais imersivas <strong>de</strong> exposições<br />
permanentes e/ou temporárias <strong>de</strong> alguns<br />
museus brasileiros, através <strong>do</strong> site:<br />
www.eravirtual.org<br />
VER<br />
CI<br />
ÊN<br />
19 a 24<br />
OUTUBRO<br />
Patrocínio<br />
Apoio<br />
VIDEOCIÊNCIA<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1987<br />
C I<br />
A<br />
2 010<br />
Ver <strong>Ciência</strong><br />
Documentários, reportagens<br />
e programas <strong>de</strong> TV sobre<br />
os mais varia<strong>do</strong>s temas <strong>da</strong><br />
ciência e tecnologia<br />
Coor<strong>de</strong>nação<br />
Ministério <strong>da</strong><br />
<strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong><br />
VER CIÊnCIA<br />
16 ANOS<br />
SEM PERDER O FOCO<br />
NA CIÊNCIA PELA TV<br />
www.verciencia.com.br<br />
Quantas pessoas po<strong>de</strong>m viver na Terra? A<br />
exploração sustentável <strong>da</strong> Amazônia é possível?<br />
Energias renováveis na Califórnia? Estas são<br />
algumas <strong>da</strong>s questões abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s em parte <strong>do</strong>s<br />
75 programas <strong>de</strong> TV, nacionais e estrangeiros,<br />
que a Mostra “Ver <strong>Ciência</strong>” estará exibin<strong>do</strong> em<br />
to<strong>do</strong> o Brasil, durante a “<strong>Semana</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong> 2010”.<br />
Reportagens, matérias telejornalísticas, séries<br />
e <strong>do</strong>cumentários sobre o Desenvolvimento Sustentável<br />
compõem a programação <strong>da</strong> Mostra,<br />
que ain<strong>da</strong> abre espaço para a comemoração <strong>do</strong><br />
Ano Internacional <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
“Ver <strong>Ciência</strong>/SNCT” traz também uma seleção<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentários científicos brasileiros,<br />
produzi<strong>do</strong>s pelo Instituto <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Cinema<br />
Educativo entre 1936 e 1966 e recupera<strong>do</strong>s pela<br />
Cinemateca Brasileira, com apoio <strong>do</strong> MCT.<br />
O cardápio <strong>da</strong> Mostra se completa com programas<br />
<strong>da</strong> série “Globo <strong>Ciência</strong>: Cientistas Brasileiros”<br />
e clipes <strong>de</strong> “A <strong>Ciência</strong> que eu Faço”.<br />
A programação <strong>de</strong> “Ver <strong>Ciência</strong>” está apresenta<strong>da</strong><br />
em coleções <strong>de</strong> 25 DVDs, encaminha<strong>da</strong>s<br />
para as Comissões Regionais <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s participantes<br />
<strong>da</strong> “<strong>Semana</strong>”, responsáveis pela organização<br />
<strong>da</strong>s mostras locais. A programação é dirigi<strong>da</strong><br />
ao público geral, sen<strong>do</strong> recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> para<br />
a audiência a partir <strong>da</strong> faixa infanto-juvenil (8º e<br />
9º anos <strong>do</strong> Ensino Fun<strong>da</strong>mental).<br />
A gra<strong>de</strong> completa, com as sinopses <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<br />
programas, está disponível na seção “Ví<strong>de</strong>os Ver<br />
<strong>Ciência</strong>”, <strong>do</strong> site semanact.mct.gov.br e na página<br />
“Mostras /SNCT” <strong>do</strong> site<br />
www.verciencia.com.br<br />
Selo comemorativo <strong>da</strong> <strong>Semana</strong> <strong>Nacional</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Ciência</strong> e <strong>Tecnologia</strong><br />
Aptidões <strong>de</strong> um bom pesquisa<strong>do</strong>r<br />
Um bom cientista po<strong>de</strong> ter habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s que variam <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a área que e local <strong>de</strong> trabalho, mas existem<br />
algumas que são essenciais:<br />
GOSTAR DO QUE FAZ: É o principal. O bom<br />
pesquisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ve ter, a ca<strong>da</strong> momento, mais prazer<br />
no que está realizan<strong>do</strong>. Só tem sucesso quem<br />
gosta <strong>do</strong> seu trabalho.<br />
PAIXÃO PELO CONHECIMENTO: O cientista<br />
<strong>de</strong>ve procurar sempre ampliar os seus conhecimentos,<br />
nunca <strong>de</strong>ve estar satisfeito com o<br />
que já sabe. Segun<strong>do</strong> um dita<strong>do</strong> popular, “quanto<br />
mais se estu<strong>da</strong>, mais se tem certeza <strong>de</strong> que seu<br />
conhecimento é pequeno”. A procura <strong>do</strong> conhecimento<br />
<strong>de</strong>ve ser realiza<strong>da</strong> diariamente durante<br />
to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong> profissional.<br />
CRIATIVIDADE: Aptidão fun<strong>da</strong>mental na vi<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> um cientista. Aquele que não inova só irá repetir<br />
o que os outros já executaram. Em alguns<br />
casos isso até é importante. Contu<strong>do</strong>, o bom pesquisa<strong>do</strong>r<br />
é aquele que está sempre procuran<strong>do</strong><br />
alternativas, seja na meto<strong>do</strong>logia utiliza<strong>da</strong> ou no<br />
mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> análise e interpretação.<br />
TRABALHAR EM EQUIPE: O pesquisa<strong>do</strong>r<br />
<strong>de</strong>ve ter flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> para ser li<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>, aceitar a<br />
opinião <strong>do</strong>s outros, valorizar o trabalho <strong>do</strong> grupo<br />
e ter humil<strong>da</strong><strong>de</strong> para reconhecer a importância<br />
<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os envolvi<strong>do</strong>s na pesquisa. Não po<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> expor suas i<strong>de</strong>ias, para não se tornar<br />
um “peão científico”. A única atitu<strong>de</strong> que não<br />
funciona é aceitar tu<strong>do</strong> o que é proposto.<br />
LIDERANÇA: A solução <strong>de</strong> problemas quase<br />
sempre envolve um grupo <strong>de</strong> pessoas. Para atingir<br />
esse objetivo com rapi<strong>de</strong>z e eficiência é necessário<br />
saber li<strong>de</strong>rar. A li<strong>de</strong>rança envolve mais a habili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> conviver com pessoas <strong>do</strong> que propriamente<br />
conhecimento. Ninguém exerce li<strong>de</strong>rança sobre<br />
outro porque <strong>do</strong>mina mais o assunto.<br />
FORMAR DISCÍPULOS: Ninguém é eterno.<br />
Por isso, é necessário preparar os substitutos,<br />
ten<strong>do</strong> em mente que o discípulo <strong>de</strong>ve ser mais<br />
completo cientificamente que o mestre. Somente<br />
assim ocorrerá avanço científico. Há alguns pesquisa<strong>do</strong>res<br />
que guar<strong>da</strong>m segre<strong>do</strong> <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, sempre<br />
com me<strong>do</strong> <strong>de</strong> suas i<strong>de</strong>ias serem “rouba<strong>da</strong>s”.<br />
Mas um dia eles se aposentam ou morrem e o<br />
conhecimento se per<strong>de</strong> com eles.<br />
PERSISTÊNCIA: Existem pesquisa<strong>do</strong>res que<br />
agem como ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros surfistas, sempre procuran<strong>do</strong><br />
uma nova on<strong>da</strong> que traga status e recursos.<br />
Mas, como em qualquer ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, persistir<br />
é fun<strong>da</strong>mental para o sucesso. Muitos pesquisa<strong>do</strong>res,<br />
a qualquer insucesso ou aparecimento<br />
<strong>de</strong> uma novi<strong>da</strong><strong>de</strong>, param seu trabalho e migram<br />
para novas áreas. Esquecem que a persistência é<br />
indispensável para o pesquisa<strong>do</strong>r.<br />
IDENTIFICAR E DELIMITAR PROBLE-<br />
MAS: Poucos pesquisa<strong>do</strong>res possuem essa habili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Não basta i<strong>de</strong>ntificar o problema – é<br />
preciso ter a visão <strong>de</strong> que você e seu grupo são<br />
capazes <strong>de</strong> resolvê-lo. E, mais ain<strong>da</strong>,<br />
saber avaliar se a solução será obti<strong>da</strong><br />
em tempo hábil. Não adianta solucionar<br />
um problema quan<strong>do</strong> ele não existe<br />
mais.<br />
HABILIDADE DE EXPRESSAR<br />
RESULTADOS: A ciência sobrevive<br />
<strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s. O pesquisa<strong>do</strong>r só continuará<br />
obten<strong>do</strong> recursos e sen<strong>do</strong> reconheci<strong>do</strong><br />
perante a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> científica<br />
se mantiver ativa sua produção <strong>de</strong><br />
conhecimento. Assim, é indispensável<br />
DIFUSÃO DA CIÊNCIA<br />
que ele possua habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicar o produto<br />
<strong>de</strong> suas pesquisas. Há profissionais que<br />
possuem excelentes resulta<strong>do</strong>s, porém nunca<br />
chegam ao usuário. Quan<strong>do</strong> isso ocorre, há <strong>de</strong>sperdício<br />
<strong>de</strong> tempo e recursos. E, mais ain<strong>da</strong>, o<br />
grupo envolvi<strong>do</strong> sente-se frustra<strong>do</strong>.<br />
ESPÍRITO EMPREENDEDOR: O pesquisa<strong>do</strong>r<br />
que simplesmente repete as pesquisas já realiza<strong>da</strong>s<br />
dificilmente terá sucesso em longo prazo.<br />
É necessário ser arroja<strong>do</strong> e propor i<strong>de</strong>ias novas<br />
que po<strong>de</strong>rão contribuir para o avanço científico<br />
ou para o bem <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. To<strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r<br />
<strong>de</strong>ve ser um empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r.<br />
SENSIBILIDADE SOCIAL E POLÍTICA:<br />
To<strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r, especificamente os <strong>do</strong> setor<br />
público, <strong>de</strong>ve ter uma visão clara <strong>de</strong> que seu trabalho<br />
visa o bem estar <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Ele é pago<br />
por ela. Embora muitas vezes não seja cobra<strong>do</strong>,<br />
ela espera um retorno <strong>do</strong> investimento. Muitos<br />
pesquisa<strong>do</strong>res fazem estu<strong>do</strong>s com o objetivo, primeiro,<br />
<strong>de</strong> equipar os seus laboratórios, e esquecem<br />
<strong>de</strong> procurar uma i<strong>de</strong>ia nova.<br />
A<strong>da</strong>ptação <strong>da</strong> Revista Pesquise!, Edição Especial, Março 2010<br />
Autores: Magno Antonio Patto Ramalho e Adriano Teo<strong>do</strong>ro Bruzi.<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 31
1<br />
DESAFIOS<br />
Você tem <strong>do</strong>is recipientes, um com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
para 3 litros <strong>de</strong> água e o outro com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
para 5 litros. Como po<strong>de</strong> usar os <strong>do</strong>is recipientes<br />
para medir exatamente 4 litros <strong>de</strong> água?<br />
2<br />
Um homem aponta para um retrato e diz:<br />
“Irmãos e irmãs eu não tenho, mas o pai <strong>da</strong>quele<br />
homem é filho <strong>de</strong> meu pai”. Para o retrato<br />
<strong>de</strong> quem o homem está olhan<strong>do</strong>?<br />
3<br />
Respon<strong>da</strong>, discuta,<br />
investigue, reflita,<br />
teste...<br />
Um camponês tem que atravessar um rio<br />
<strong>de</strong> barco. Ele possui uma galinha, uma raposa<br />
e um saco com grãos <strong>de</strong> milho. No barco<br />
só há espaço para levar um <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> vez. Ele não<br />
po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o saco <strong>de</strong> milho e a galinha sozinhos,<br />
porque a galinha vai comer o milho. Não<br />
po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar a raposa e a galinha sozinhas, porque<br />
a raposa vai comer a galinha. Como ele po<strong>de</strong><br />
levar tu<strong>do</strong> em segurança até o outro la<strong>do</strong> <strong>do</strong> rio?<br />
na cozinha...<br />
Para experimentar, refletir, inventar...<br />
Se você segurar<br />
um espaguete (seco)<br />
pelas duas pontas e<br />
flexioná-lo ele se quebra<br />
em <strong>do</strong>is ou três pe<strong>da</strong>ços<br />
(experimente!).<br />
Por que?<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 32<br />
Por que um grão<br />
<strong>de</strong> arroz cozi<strong>do</strong> (ou um<br />
grão <strong>de</strong> lentilha) coloca<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um copo com Coca-<br />
Cola (ou com cerveja) sobe à<br />
superfície antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>scer<br />
novamente?<br />
Resolva estes <strong>de</strong>safios<br />
Chame seus amigos, pais e professores<br />
e divirta-se com a ciência!<br />
4<br />
Aquiles vai disputar uma<br />
corri<strong>da</strong> com uma tartaruga.<br />
Como corre bem mais rápi<strong>do</strong>,<br />
ele <strong>de</strong>ixa a tartaruga sair 200 metros<br />
na frente. Mas, po<strong>de</strong> ser que nunca a alcance<br />
porque sempre que ele tiver percorri<strong>do</strong> um<br />
trecho <strong>da</strong> pista a tartaruga terá se movi<strong>do</strong> um<br />
pouco mais para frente. Parece que essa situação<br />
vai se repetir sempre: ca<strong>da</strong> vez que Aquiles<br />
tenta chegar mais perto e percorrer um trecho a<br />
tartaruga terá avança<strong>do</strong> mais um<br />
pouquinho, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que, por<br />
este raciocínio, ela nunca será<br />
alcança<strong>da</strong>. Como este raciocínio<br />
po<strong>de</strong> estar erra<strong>do</strong>?<br />
Tente explicar como é que<br />
Aquiles po<strong>de</strong> ganhar a corri<strong>da</strong>.<br />
Usan<strong>do</strong> o FREEZER<br />
Se você coloca um recipiente com água<br />
quente no freezer ele congela mais ou<br />
menos rápi<strong>do</strong> <strong>do</strong> que um recipiente<br />
idêntico mas com água fria? Por que?<br />
Por que a porta <strong>do</strong> freezer recém fecha<strong>da</strong> resiste<br />
fortemente a ser aberta?<br />
Por que uma casca <strong>de</strong> banana escurece mais<br />
rapi<strong>da</strong>mente <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> gela<strong>de</strong>ira <strong>do</strong> que<br />
fora <strong>de</strong>la?<br />
Quan<strong>do</strong> se coloca uma vela acessa<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um prato com água e se cobre com um<br />
copo inverti<strong>do</strong>, o nível <strong>da</strong> água sobre ou <strong>de</strong>sce à<br />
medi<strong>da</strong> que a vela vai queiman<strong>do</strong>? Por que?<br />
CUIDADO AO FAZER EXPERIMENTOS COM VELA<br />
Imagine uma maneira (ou mais <strong>de</strong> uma...) para medir<br />
a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> som. Experimente fazer isto.<br />
Medin<strong>do</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s...<br />
Como você po<strong>de</strong> medir a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>da</strong> luz ten<strong>do</strong> em casa uma barra <strong>de</strong><br />
chocolate e um micro-on<strong>da</strong>s? Tente<br />
fazê-lo e analise o resulta<strong>do</strong>.<br />
Cinco casas, que estão alinha<strong>da</strong>s la<strong>do</strong><br />
a la<strong>do</strong>, foram pinta<strong>da</strong>s com cinco cores<br />
diferentes.<br />
Uma pessoa <strong>de</strong> nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong> diferente<br />
mora em ca<strong>da</strong> casa.<br />
Ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>las bebe <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> bebi<strong>da</strong>,<br />
pratica <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> esporte e tem um<br />
animal <strong>de</strong> estimação diferente.<br />
Não há duas que possuam o mesmo animal,<br />
que pratiquem o mesmo esporte ou que<br />
bebam a mesma bebi<strong>da</strong>.<br />
Temos as seguintes informações:<br />
i) o brasileiro mora na casa vermelha;<br />
ii) o alemão tem cães;<br />
iii) o argentino bebe chá;<br />
iv) a casa ver<strong>de</strong> fica à esquer<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> casa branca;<br />
v) o <strong>do</strong>no <strong>da</strong> casa ver<strong>de</strong> bebe café;<br />
vi) a pessoa que joga futebol cria pássaros;<br />
vii) o <strong>do</strong>no <strong>da</strong> casa amarela joga beisebol;<br />
viii) o homem que mora na casa <strong>do</strong> centro<br />
bebe leite;<br />
ix) o americano mora na primeira casa;<br />
x) o homem que joga vôlei mora ao la<strong>do</strong><br />
<strong>da</strong> pessoa que tem gatos;<br />
xi) o homem que tem um cavalo mora<br />
ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> homem que joga beisebol;<br />
xii) a pessoa que joga tênis bebe cerveja;<br />
xiii) o mexicano joga hóquei;<br />
xiv) o americano mora ao la<strong>do</strong> <strong>da</strong> casa azul;<br />
xv) o homem que joga vôlei tem um vizinho<br />
que bebe água.<br />
Quem é o <strong>do</strong>no<br />
<strong>do</strong> peixe?<br />
Referências:<br />
1) Comment fossiliser son hamster, M. O´Hare. Éditions du Seuil, Paris, 2008.<br />
2) O enigma <strong>de</strong> Einstein, J. Stangroom. MarcoZero, São Paulo, 2010.<br />
A <strong>Semana</strong> C&T 2010| 32