Texto na íntegra
Texto na íntegra
Texto na íntegra
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
fi<strong>na</strong>nças: prosperidade e riscos<br />
As pessoAs e empresAs de pAíses<br />
pobres ou em desenvolvimento<br />
convivem com riscos que não<br />
podem compArtilhAr ou trAnsferir<br />
com eficiênciA<br />
Há cinco fontes de capital: recursos <strong>na</strong>turais, poupança,<br />
mercados de capitais, governo e crime. Os dois últimos<br />
são o que resta quando os três primeiros estão ausentes. É<br />
isso que vemos em muitos países pobres. Obter acesso<br />
sólido e sadio a capital adequado não é fácil. Trata-se de um<br />
construtor complexo e sutil que pode ser facilmente subvertido.<br />
Exige um rico conjunto de mercados e instituições<br />
para ca<strong>na</strong>lizar corretamente recursos e riscos. Também<br />
necessita de um labirinto de freios e contrapesos — tanto<br />
privados quanto públicos — para garantir que quaisquer<br />
erros sejam identificados e corrigidos rapidamente. Ou<br />
seja, chegar lá exige mente aberta e trabalho duro.<br />
risco e inteligência. Mas as oportunidades não<br />
estão disponíveis para qualquer categoria de ativos. Não<br />
se aplicam a imóveis, capital humano, renda <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e<br />
assim por diante. As pessoas podem acabar tendo que<br />
optar por atividades de menor rendimento (carreiras,<br />
setores, localidades etc) para incorrer em menor risco. O<br />
mesmo se aplica a peque<strong>na</strong>s empresas.<br />
Isso é ruim para a sociedade como um todo. E é ainda<br />
pior em países pobres, representando um importante obstáculo<br />
à criação de riqueza. Muitos países em desenvolvimento<br />
ainda não estão bem diversificados do ponto de vista<br />
dos fatores de que depende sua prosperidade (como petróleo,<br />
cacau ou semi-condutores), ainda que possam haver<br />
bons motivos para essa sub-diversificação.<br />
Eric Briys, professor <strong>na</strong> Escola Livre de Bruxelas, eric.b@cyberlibris.com<br />
Pular etapas pode, de fato, exigir colocar todos os ovos<br />
numa só cesta. Identificar as verdadeiras exposições dos<br />
países a risco é, sem dúvida, uma tarefa difícil, já que muitas<br />
dessas exposições ainda não são diretamente observáveis ou<br />
negociáveis. Alguns países cujas economias não estão suficientemente<br />
diversificadas podem estar a caminho do inferno.<br />
Outros podem ter mais sorte e chegar no paraíso.<br />
Assim, seus cidadãos são reféns de choques aleatórios<br />
sobre os quais não têm qualquer influência. A dificuldade<br />
está no fato de que a especialização (ou o pular etapas) não<br />
pode ser facilmente separada dos riscos indesejáveis que a<br />
acompanham. Não há meio fácil de separar decisões de<br />
investimento de decisões de exposição ao risco.<br />
Por exemplo, Taiwan está fortemente envolvido com eletrônicos,<br />
uma área em que desenvolveu, indiscutivelmente,<br />
expertise significativa ao longo do tempo. Faria sentido para esse<br />
país desenvolver uma política industrial agressiva para criar<br />
setores locais e, assim, melhorar sua diversificação? É claro que<br />
não. Mas poderia fazer sentido inventar um contrato de swap<br />
segundo o qual Taiwan pagaria o rendimento sobre uma carteira<br />
mundial de ações do setor de eletrônicos em troca de, por<br />
exemplo, receber o rendimento de uma carteira mundial de<br />
ações do setor automotivo. Tal swap implicaria em ser Taiwan<br />
um pagador líquido <strong>na</strong>s ocasiões em que estivesse mais bem<br />
posicio<strong>na</strong>do para isso, ou seja, quando a indústria de eletrônicos<br />
apresentasse melhor desempenho do que a automotiva.<br />
Haverá quem diga que esse tipo de engenharia fi<strong>na</strong>nceira<br />
está fadado ao fracasso porque o risco penderá sempre<br />
para o mesmo lado. Por exemplo, ninguém compraria um<br />
derivativo de empresas africa<strong>na</strong>s. Isso não é bem assim. Nos<br />
anos 50, com esse tipo de raciocínio, ninguém teria apostado<br />
<strong>na</strong> Tailândia ou no Japão. Da mesma forma, quem teria apostado<br />
<strong>na</strong> Irlanda no começo da década de 80, ou no Ca<strong>na</strong>dá<br />
<strong>na</strong> década de 50? Para adotar o exemplo predileto de<br />
Brenner, ninguém apostaria um centavo <strong>na</strong> Escócia em torno<br />
de 1750. De fato, não é fácil encontrar a Santa Moeda. Se<br />
fosse, hoje estaríamos todos ricos! 6<br />
gvexecutivo 31