Untitled - Fundação Biblioteca Nacional

O PADRE MESTRE
Há 200 anos, precisamente, na data em que se inaugura esta
Exposição — uma das duas únicas homenagens prestadas até agora,
no decorrer de 1967, na cidade cujo perfil cultural valorizou com a
parcela de sua contribuição — nasceu humilde, como humilde morreu,
aquele que foi, até a sua época, a figura máxima da música brasileira:
O Padre José Maurício Nunes Garcia.
Músico que aparece na história da sua cidade como um marco
isolado, sem precedentes que expliquem o inesperado da grandeza de
sua obra e também sem continuadores de igual vulto, a existência de
José Mauricio como Compositor, Regente, Professor e Sacerdote orientou-se
sempre no serviço do que foi a maior devoção de sua vida:
a Música.
v4s etapas mais importantes de sua trajetória artística estão contidas
nas poucas vitrinas desta Exposição: Desde a ingênua primeira
composição dos seus 16 anos, à grandiosa Missa chamada de "Santa
Cecília", manifestação última de força criadora.
Os cantos de sua terra serviram-lhe de inspiração, em época em
que bem poucos cuidavam de recolher do chão, ou do ar, seiva e material
para a criação musical. Em algumas obras, José Maurício, padre desde
os 25 anos, mas cantor de "modas" populares, faz penetrar "volteios"
de "modinhas" (como o clarinete do "Qui tollis" da Missa em Fá
Maior) ou o estribilho alegre de uma cantiga ingênua (Missa de N. Sra.
a 8 de dezembro) ou comunica em traços seresteiros sua resignada
tristeza, como no "Communio" do Requiem de 1816.
62 anos durou a sua existência. Demais para o oue teve de sofrer.
De menos para o que poderia ter continuado a dar, de sua vida, para
a música.
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