No. 22/1979
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de cimento, aco e aluminio do Estado Bolivar e<br />
do escoamento de produtos de Manaus para a<br />
Venezuela.<br />
Ate recente data, os documentos conjuntos firma-<br />
dos pelo Brasil e pela Venezuela traziam, como<br />
item obrigatorio, o compromisso de realizar O<br />
projeto de interconexao rodoviaria. O projeto se<br />
transformou em realidade, cabendo-nos agora es-<br />
perar que se materializem no futuro as condi-<br />
coes para possibilitar a pavimentacao da rodo-<br />
via, conforme aspiracao das populacoes frontei-<br />
ricos e compromisso da Declaracao do Encontro<br />
Presidencial de Santa Elena de Uairen.<br />
As relacoes economicas e financeiras registraram<br />
progressos substanciak, com destaque para duas<br />
grandes decisoes. A primeira marca o estabele-<br />
cimento de relagoes bancarias diretas, com a<br />
inauguracao, em 1978, da Agencia do Banco do<br />
Brasil em Caracas e a do Banco La Union em<br />
Sao Paulo. O segundo acontecimento relevante foi<br />
a associacao de capltais e esforcos de empresas<br />
bmi!(eiras e venezuelanas para a construcao, com<br />
tecnologia genuinamente latino-americana, de<br />
uma das maiores usinas hidreletricas do mundo,<br />
em territorio venezuelano.<br />
Ao mesmo tempo, a expansao do intercambio bi-<br />
lateral pela primeira vez promete alcangar e su-<br />
perar a cifra dos 500 milhoes de dolares, o que<br />
faz do comercio Brasil-Venezuela um dos mais sig-<br />
nificativos entre paises da America Latina.<br />
Como elemento multiplicador do nivel do inter-<br />
cambio, o petroleo ganha cada vez maior relevo,<br />
tendo-se conseguido reverter a tendencia decli-<br />
nante que fizera do Brasil cliente marginal do<br />
oleo venezuelano. Ainda se esta longe de haver<br />
esgotado o potencial do petroleo, em nosso CO-<br />
mercio, para a expansao dos mercados de um e<br />
outro pais. Sao, tambem, consideraveis as possi-<br />
bilidades de cooperacao entre as empresas esta-<br />
tais na pesquisa de novas tecnologias petrolife-<br />
ras, em materia de petroquimica e de produtos<br />
minerais, sobretudo bauxita.<br />
A pauta desta Comissao mostra um numero ele-<br />
vado de oportunidades e suscita uma variedade<br />
de propostas capazes de multiplicar esse inter-<br />
cambio, aproximando-o, assim, do nivel que se<br />
pode razoavelmente esperar de duas vigorosas<br />
economias em expansao.<br />
O impulso de aproximacao entre venezuelanos e<br />
brasileiros nao se esgotou apenas em sua dimen-<br />
sao material, mas se estendeu, em alcance e pro-<br />
fundidade, ao dominio valioso dos lacos culturais<br />
e humanos. Da Venezuela, recebeu o Brasil, em<br />
epoca recente, Missao intelectual que congregou<br />
as maiores expressoes da cultura deste pais ami-<br />
go. Tambem recebemos, ja em fins do ano passa-<br />
do, um dom com que a generosidade venezuelana<br />
enriqueceu e honrou o patrimonio das cidades do<br />
Rio de Janeiro e Sao Paulo: os magnificos monu-<br />
mentos do Libertador Simon Bolivar e do Genera-<br />
Iissimo Francisco de Mirando, que, no coracao<br />
dessas duas cidades brasileiras, constituem hoje<br />
vinculo de bronze entre as gloriosas Historias dos<br />
dois paises.<br />
De nossa parte, concorreu o Brasil para a reali-<br />
zacao, em atencao a convite venezuelano, de um<br />
ciclo de conferencias no Instituto de Assuntos In-<br />
ternacionais, de que foi ponto alto a visita a<br />
Caracas do Professor Gilberto Freyre, aqui divul-<br />
gado pelas edicoes da Biblioteca Ayacucho. NOS<br />
dominios do cinema, da musica, das artes plas-<br />
ticas, o Brasil esteve tambem presente na Vene-<br />
iuela, com alguns dos seus mais destacados va-<br />
lores.<br />
O balanco sumario do que se vem fazendo indc<br />
ca que a intensificacao do relacionamento tem<br />
transformado em realizacoes concretas muitos<br />
planos que, por largo tempo, forneceram mota<br />
ria apenas para a expressao ck bons deseios.<br />
As mesmo tempo, esboga-se, com uma dar tem-<br />
dencias centrais do relacionamento futuro, uma<br />
ideia situada no corqao mesmo do desafio do<br />
desenvolvimento: a coopemgao no criqae e<br />
transferencia de tecnologia nos setons estrata<br />
gicos do conhecimento cientifico ca da industriafii<br />
zacao.<br />
Ninguem ignora que, ao lado e talvez ate acima<br />
do protecionismo, o monopolio tecnologico repre-<br />
senta, hoje em dia, a ultima linha de resistencia<br />
a adocao de uma nova ordem economica inter-<br />
nacional, justa e equitativa.<br />
Para a superacao do obstaculo, e preciso que<br />
paises que se encontram, como nos, a meio ca-<br />
minho do desenvolvimento, inaugurem um padrao<br />
novo e equitativo de partilha do patrimonio tec-<br />
nologico.<br />
Documento digitalizado pela equipe de Mundorama - Divulgação Científica em Relações Internacionais (http://www.mundorama.net).