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A coluna de fogo começava resplandecer sobre o teto do tabernáculo. O<br />
vento norte fazia o linho trançado dos muros estalar como trovões. Era o<br />
primeiro ano. A primeira vez <strong>que</strong> Arão <strong>entrar</strong>ia sozinho no lugar santíssimo.<br />
- Lá dentro é muito escuro<br />
- Eu sei Arão.<br />
- E se <strong>eu</strong> tiver es<strong>que</strong>cido de confessar algum pecado?<br />
- O Senhor é misericordioso. Coragem. Moisés tenta conter o riso.<br />
Arão se dirige para a bacia de bronze, para lavar suas mãos.<br />
- Mas, e se <strong>eu</strong> es<strong>que</strong>ci, Moisés?<br />
Moisés firma o cajado nas mãos e se afasta da porta do santuário. Um dos<br />
filhos de Arão lhe entrega a bandeja de prata com o sangue do cordeiro. Arão<br />
emp<strong>ali</strong>dece.<br />
Moisés suspira. Enquanto se afasta dá para escutar os joelhos de Arão<br />
batendo. Suas roupas ainda tem o cheiro do azeite <strong>que</strong> ele havia derramado<br />
abundantemente sobre Arão a um ano atrás.<br />
Moisés levanta o cifre do carneiro <strong>que</strong> vez por outra levava consigo, onde<br />
guardava o azeite e o balança para <strong>que</strong> Arão veja.<br />
Arão grita:<br />
- Grande consolo. Roupas ungidas <strong>que</strong>imam mais rápido, sabia?<br />
Moisés não se vira para retornar o comentário.<br />
Ele vai sobreviver.<br />
Ele vai sobreviver.