12.10.2013 Views

Sobre as Ciências Sociais - FEP - Universidade do Porto

Sobre as Ciências Sociais - FEP - Universidade do Porto

Sobre as Ciências Sociais - FEP - Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Carlos Pimenta Complexidade e Interdisciplinaridade n<strong>as</strong> Ciênci<strong>as</strong> <strong>Sociais</strong> Versão 02<br />

Ainda sobre a Complexidade<br />

O que aqui nos trazia, falar um pouco <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> da complexidade, da sua manifestação n<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong><br />

sociais e <strong>do</strong>s impactos sobre a interdisciplinaridade, está feito, m<strong>as</strong> estan<strong>do</strong> nós numa universidade<br />

gostaria ainda de deixar alguns apontamentos complementares, colocar algum<strong>as</strong> questões. É o que<br />

fazemos neste breve ponto.<br />

Apontamentos Epistemológicos<br />

Será que o estu<strong>do</strong> da complexidade pode ser feita no contexto <strong>do</strong> cartesianismo?<br />

Não será que muitos <strong>do</strong>s <strong>as</strong>pectos anteriormente referi<strong>do</strong>s (relações entre o to<strong>do</strong> e <strong>as</strong> partes, não<br />

linearidade, contextualização e concretização, por exemplo) parecem apontar para uma inadequação <strong>do</strong><br />

méto<strong>do</strong> cartesiano?<br />

Provavelmente existirão <strong>as</strong>pectos da complexidade que poderão ser estuda<strong>do</strong>s utilizan<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong><br />

cartesiano, m<strong>as</strong> duvidamos que tal possa permitir um estu<strong>do</strong> completo, inova<strong>do</strong>r. Temos <strong>as</strong>sisti<strong>do</strong> nos<br />

últimos tempos a reinterpretação de Descartes, à tentativa de adequa-lo às tendênci<strong>as</strong> de investigação<br />

recentes, m<strong>as</strong> parece-nos que to<strong>do</strong> esse esforço será improfícuo.<br />

Ninguém duvida da grande importância que Descartes teve no progresso filosófico e científico, m<strong>as</strong><br />

estamos de acor<strong>do</strong> com Bachelard que <strong>as</strong> geometri<strong>as</strong> não-euclidian<strong>as</strong>, a teoria quântica exigem<br />

outr<strong>as</strong> meto<strong>do</strong>logi<strong>as</strong>. Por força de razão diriamos o mesmo com o estu<strong>do</strong> da complexidade quer no<br />

âmbito de cada uma d<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong>, de cada uma d<strong>as</strong> disciplin<strong>as</strong>, como no âmbito interdisciplinar.<br />

Apontamentos Pedagógicos<br />

Explicitar aos estudantes a complexidade como objecto de estu<strong>do</strong>, mesmo no quadro de uma disciplina<br />

tem vantagens e desvantagens, como bem salienta Foley, (in Colander, 2000):<br />

"The recognition of the complexity of economic systems presents a pedagogical conundrum.<br />

Traditional economic pedagogy aims to convince students that they should think abstractly. We<br />

<strong>as</strong>k them to put <strong>as</strong>ide their intuition, b<strong>as</strong>ed on their real experience of social life, which is<br />

complicated, rich, textured, and nuanced, to learn a method of analysis b<strong>as</strong>ed on abstractions that<br />

are in many c<strong>as</strong>es quite unintuitive.(…) It is hard to keep up students' enthusi<strong>as</strong>m for working on<br />

these abstract models, which they recognize are far from reality. Students interested in real world<br />

problems are constantly looking for an alternative to the abstract methods of theoretical<br />

economics. (…) But this free<strong>do</strong>m comes at a pedagogical price: the idea of complexity tells<br />

students that much of what they have learned is not relevant to studying the more realistic<br />

models that they are really interested in." (169)<br />

"Complexity analysis underlines the difficulty with the deductive method, which I think<br />

underlies a lot of criticism of mathematical economics, that it focuses attention on problems the<br />

available mathematical tools can solve, rather than on the problems we are really concerned<br />

about. Available mathematical tools thus become a Procrustean bed, rather than a path to<br />

understanding." (170)<br />

Além disso o ensino d<strong>as</strong> problemátic<strong>as</strong> sociais, d<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> sociais, nomeadamente da Economia onde<br />

frequentemente a formalização se faz sentir de forma intensa, exige meto<strong>do</strong>logi<strong>as</strong> de estu<strong>do</strong> diferentes:<br />

- a complexidade enfraquece o méto<strong>do</strong> dedutivo e reforça a importância <strong>do</strong> indutivo.<br />

- <strong>do</strong> ponto de vista pedagógico mais importante que o resulta<strong>do</strong> a que se chega é o processo de<br />

interacção entre <strong>as</strong> variáveis e, em alguns c<strong>as</strong>os, da actuação <strong>do</strong> próprio estudante enquanto<br />

interveniente no processo.<br />

Pág. 22

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!