Sobre as Ciências Sociais - FEP - Universidade do Porto
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Carlos Pimenta Complexidade e Interdisciplinaridade n<strong>as</strong> Ciênci<strong>as</strong> <strong>Sociais</strong> Versão 02<br />
- porque estamos frequentemente a trabalhar com sistem<strong>as</strong> não resolúveis, com situações de que<br />
não existe, ou se desconhece, o algoritmo, a simulação informática é um instrumento<br />
fundamental de trabalho.<br />
Para se atender a estes <strong>as</strong>pectos seria necessário mudar b<strong>as</strong>tante significativamente os procedimentos<br />
pedagógicos<br />
Apontamentos Institucionais<br />
Apesar da complexidade “já ter bilhete de identidade”, apesar de já ter atingi<strong>do</strong> uma idade respeitável ela<br />
continua a inquietar os investiga<strong>do</strong>res e <strong>as</strong> instituições. É difícil introduzir o estu<strong>do</strong> da complexidade<br />
mesmo no contexto d<strong>as</strong> disciplin<strong>as</strong> (mais o é no contexto interdisciplinar). Provavelmente não<br />
propriamente pelos problem<strong>as</strong> que levanta, m<strong>as</strong> porque põe em causa princípios fundamentais <strong>do</strong><br />
pensamento <strong>do</strong>minante.<br />
Na Economia é manifesto que o <strong>do</strong>mínio de uma teoria sobre <strong>as</strong> restantes não resulta só, não resulta<br />
essencialmente, da sua superioridade teórica, m<strong>as</strong> da correlação de forç<strong>as</strong> social, da correlação de forç<strong>as</strong><br />
nos merca<strong>do</strong>s, a que se junta outros factores como o sistema de produção e reprodução <strong>do</strong>s saberes. Do<br />
ponto de vista teórico a teoria neoclássica tem muit<strong>as</strong> fragilidades que <strong>as</strong> problemátic<strong>as</strong> da complexidade<br />
facilmente mostrariam. Daí a principal resistência a que a complexidade entre de corpo inteiro nos<br />
curricula de Economia.<br />
Contu<strong>do</strong> a complexidade é uma problemática que não pode ser ignorada. Até está na moda. Até é capaz<br />
de atrair financiamentos. Então, como resolver este conflito?<br />
Para quem tem o poder há du<strong>as</strong> form<strong>as</strong>:<br />
− Meter alguns problem<strong>as</strong> relaciona<strong>do</strong>s com a complexidade no meio d<strong>as</strong> temátic<strong>as</strong> normalmente<br />
abordad<strong>as</strong>, sem alteração de meto<strong>do</strong>logia de abordagem, sem discutir os fundamentos, apen<strong>as</strong><br />
com a aparência de uma leitura alternativa 61 .<br />
− Assumir que a complexidade é um problema tão importante que exige um estu<strong>do</strong> autónomo,<br />
quiçá disciplinar.<br />
E por est<strong>as</strong> du<strong>as</strong> vi<strong>as</strong> (uma de objectiva subestimação, outra de aparente glorificação) esvazia-se o<br />
conteú<strong>do</strong> inova<strong>do</strong>r da problemática da complexidade, rompe-se com to<strong>do</strong>s os grandes desafios de<br />
mudança de mentalidade que coloca, corta-se o devaneio da interdisciplinaridade. É o que eu<br />
costumo designar por <strong>do</strong>mesticação da complexidade. Controlada a fera podemos colocá-la no jardim<br />
com o estrito objectivo decorativo.<br />
Nota Final<br />
Esta comunicação aju<strong>do</strong>u a sistematizar leitur<strong>as</strong>, apontamentos e escritos diversos feitos ao longo <strong>do</strong>s<br />
anos sobre estes <strong>as</strong>suntos. Simultaneamente aju<strong>do</strong>u a compreendermos melhor algum<strong>as</strong> questões.<br />
Simultaneamente aumentou a área conhecida <strong>do</strong> desconheci<strong>do</strong>. Aumentou a quantidade de temátic<strong>as</strong> que<br />
aguardam a nossa leitura.<br />
A pilha de livros e artigos a ler aumenta na estante e no disco <strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r. Provavelmente uma<br />
comunicação sob este formato será futuramente impossível porque muitos destes tem<strong>as</strong> p<strong>as</strong>sarão pela<br />
simulação em computa<strong>do</strong>r.<br />
Aos que me “obrigaram” a esta comunicação, muito obriga<strong>do</strong><br />
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