Óptica geométrica paraxial - Fotonica.ifsc.usp.br - USP
Óptica geométrica paraxial - Fotonica.ifsc.usp.br - USP
Óptica geométrica paraxial - Fotonica.ifsc.usp.br - USP
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong><<strong>br</strong> />
<strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
1.1 A aproximação <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
A óptica <strong>paraxial</strong> trata da propagação de luz por um sistema<<strong>br</strong> />
óptico centrado, que consiste de superfícies refratoras ou refletoras com<<strong>br</strong> />
simetria de rotação em torno de um eixo comum, chamado de eixo óptico.<<strong>br</strong> />
Uma lente simples é um exemplo de sistema centrado tendo como eixo<<strong>br</strong> />
óptico a linha que intercepta os centros de curvatura das duas superfícies.<<strong>br</strong> />
Uma sucessão de lentes simples também é um sistema centrado se seus<<strong>br</strong> />
eixos ópticos forem coincidentes. Em geral, sistemas que contêm<<strong>br</strong> />
superfícies inclinadas não possuem um eixo comum de simetria e não<<strong>br</strong> />
formam um sistema centrado.<<strong>br</strong> />
Sistemas ópticos centrados têm a propriedade que um raio<<strong>br</strong> />
passando suficientemente próximo do eixo óptico sempre faz um ângulo<<strong>br</strong> />
de incidência pequeno com a normal a qualquer superfície. Tal raio é<<strong>br</strong> />
chamado de raio <strong>paraxial</strong> e sua refração é descrita como veremos adiante,<<strong>br</strong> />
por uma equação mais simples do que a dada pela lei de Snell, escrita<<strong>br</strong> />
como:<<strong>br</strong> />
n sen I = n’ sen I’ (1.1)<<strong>br</strong> />
onde n e n’ são os índices de refração para cada lado da superfície<<strong>br</strong> />
refratora, e I e I’ são respectivamente os ângulos que os raios incidente e<<strong>br</strong> />
refratado fazem com a normal à superfície refratora. Neste capítulo,<<strong>br</strong> />
geralmente especificaremos os ângulos pelas letras I ou U, como é<<strong>br</strong> />
tradicionalmente feito em cálculos de traçado de raios. Neste caso, I é o<<strong>br</strong> />
ângulo que o raio faz com a normal à superfície refratora, enquanto que U<<strong>br</strong> />
é o ângulo que o raio faz com o eixo óptico.<<strong>br</strong> />
Os raios incidente e refratado definem um plano que é chamado<<strong>br</strong> />
de plano de incidência. De acordo com a lei de refração, este plano<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong>
2<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
também contém a normal à superfície no ponto de incidência. Se o<<strong>br</strong> />
sistema for centrado e se o eixo óptico também estiver contido no plano<<strong>br</strong> />
de incidência, diz-se que o raio é um raio meridional; caso contrário temos<<strong>br</strong> />
um raio sagital (skew ray) que não cruza o eixo óptico, conforme mostra a<<strong>br</strong> />
Fig. 1.1. A lei da reflexão estabelece que o ângulo entre o raio refletido e a<<strong>br</strong> />
normal é igual em módulo e oposto em sinal ao ângulo de incidência.<<strong>br</strong> />
objeto lente imagem objeto lente imagem<<strong>br</strong> />
(a) (b)<<strong>br</strong> />
Fig. 1.1 – Exemplos de raio meridional (a) e raios sagitais (b).<<strong>br</strong> />
Quando um raio caminha suficientemente próximo do eixo óptico<<strong>br</strong> />
em todos os pontos, o ângulo de incidência em qualquer superfície do<<strong>br</strong> />
sistema será necessariamente pequeno e assim, os senos dos ângulos<<strong>br</strong> />
podem ser satisfatoriamente aproximados pelos próprios ângulos, em<<strong>br</strong> />
radianos. Neste caso, a lei de Snell se torna:<<strong>br</strong> />
n i = n’ i’ (1.2)<<strong>br</strong> />
onde o i minúsculo é usado para denotar o valor <strong>paraxial</strong> do ângulo real de<<strong>br</strong> />
incidência I. A simplificação da lei da refração que é obtida substituindose<<strong>br</strong> />
os senos pelos seus argumentos possibilita o desenvolvimento da teoria<<strong>br</strong> />
<strong>paraxial</strong> de formação de imagem.<<strong>br</strong> />
1.2 Pontos cardeais<<strong>br</strong> />
Muitas aproximações são usadas para predizer as propriedades de<<strong>br</strong> />
formação de imagens de sistemas ópticos. Embora sistemas ópticos reais<<strong>br</strong> />
formem imagens cuja qualidade depende não só do próprio sistema, mas<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong>
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
também das condições de operação, teorias de formação de imagem são<<strong>br</strong> />
normalmente desenvolvidas no contexto da aproximação <strong>paraxial</strong> por duas<<strong>br</strong> />
razões. Primeiro, os raios paraxiais se propagam de acordo com leis<<strong>br</strong> />
relativamente simples que conduzem a técnicas diretas para descrever a<<strong>br</strong> />
formação da imagem. Segundo, para a otimização de um sistema real, a<<strong>br</strong> />
formação da imagem é determinada equili<strong>br</strong>ando ou eliminando as<<strong>br</strong> />
aberrações de forma que os raios reais convergem para o mesmo ponto da<<strong>br</strong> />
imagem que os raios paraxiais. Nesta seção consideraremos a teoria de<<strong>br</strong> />
formação da imagem <strong>paraxial</strong> desenvolvida por Gauss, que caracteriza<<strong>br</strong> />
sistemas ópticos de acordo com vários pontos especiais, conhecidos como<<strong>br</strong> />
pontos cardeais ou pontos Gaussianos.<<strong>br</strong> />
É importante entender inicialmente as definições de espaço-objeto<<strong>br</strong> />
e espaço-imagem. Espaço-objeto refere-se ao espaço no qual um raio, ou<<strong>br</strong> />
sua extensão, se propaga antes de chegar ao sistema óptico. Espaçoimagem<<strong>br</strong> />
refere-se ao espaço no qual um raio, ou sua extensão, se propaga<<strong>br</strong> />
depois de atravessar o sistema. Por convenção, a luz caminha inicialmente<<strong>br</strong> />
da esquerda para a direita. Como mostra a Fig. 1.2(a), se a luz que deixa<<strong>br</strong> />
um objeto atravessa uma lente e converge para a imagem, a imagem é dita<<strong>br</strong> />
real. Se luz diverge depois de atravessar a lente, a imagem é virtual, como<<strong>br</strong> />
ilustrado na Fig. 1.2(b). Como o objeto e a imagem podem ser reais ou<<strong>br</strong> />
virtuais, o espaço-objeto e o espaço-imagem podem se estender a ambos<<strong>br</strong> />
os lados da lente.<<strong>br</strong> />
objeto real<<strong>br</strong> />
imagem virtual<<strong>br</strong> />
imagem real objeto real<<strong>br</strong> />
(a) (b)<<strong>br</strong> />
Fig. 1.2 – Formação de imagens real (a) e virtual (b).<<strong>br</strong> />
É possível encontrar as propriedades de uma imagem através do<<strong>br</strong> />
traçado direto do raio <strong>paraxial</strong>. Por exemplo, se uma lente forma uma<<strong>br</strong> />
imagem de um objeto extenso, podemos selecionar alguns pontos do<<strong>br</strong> />
objeto e traçar vários raios partindo de cada um destes pontos para ver<<strong>br</strong> />
onde eles convergem depois de passar pela lente. Este tipo de abordagem<<strong>br</strong> />
que utiliza vários raios para se obter a formação da imagem é muito<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
3
4<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
trabalhoso. Porém, como todos os raios paraxiais que deixam um dado<<strong>br</strong> />
ponto do objeto convergem para o mesmo ponto da imagem, basta traçar<<strong>br</strong> />
apenas dois raios partindo daquele ponto para determinar a localização do<<strong>br</strong> />
ponto da imagem onde todos os raios daquele dado ponto do objeto<<strong>br</strong> />
convergem.<<strong>br</strong> />
Considere um conjunto de lentes centradas em algum tipo de<<strong>br</strong> />
suporte que não nos permite observar os elementos reais que estão<<strong>br</strong> />
contidos no sistema, como mostra a Fig. 1.3. Um raio R1 que entra<<strong>br</strong> />
paralelo o eixo óptico, da esquerda para a direita, emergirá do sistema e<<strong>br</strong> />
cruzará o eixo óptico em algum ponto F’. Este ponto é chamado de ponto<<strong>br</strong> />
focal (especificamente, de segundo ponto focal) da lente.<<strong>br</strong> />
R1<<strong>br</strong> />
planos principais<<strong>br</strong> />
F<<strong>br</strong> />
R2<<strong>br</strong> />
O O’<<strong>br</strong> />
R1<<strong>br</strong> />
F’<<strong>br</strong> />
f<<strong>br</strong> />
P P’<<strong>br</strong> />
f ' (EFL)<<strong>br</strong> />
Fig. 1.3 – Traçado de raios num sistema óptico <strong>paraxial</strong>: pontos principais.<<strong>br</strong> />
Considere agora um segundo raio R2 oriundo de um ponto da<<strong>br</strong> />
esquerda que atravessa a lente e emerge paralelo ao eixo óptico, na mesma<<strong>br</strong> />
altura que R1 entrou no sistema. Isto define o primeiro ponto focal F.<<strong>br</strong> />
Assim, temos dois raios que se interceptam no ponto O do espaço-objeto e<<strong>br</strong> />
no ponto O’ do espaço-imagem. Isto implica que O’ é a imagem de O.<<strong>br</strong> />
Como a altura dos raios que entram no sistema é arbitrária, temos<<strong>br</strong> />
que o plano que contém O, normal ao eixo óptico, tem sua imagem<<strong>br</strong> />
formada no plano que contém O’, também normal ao eixo óptico. As<<strong>br</strong> />
interseções destes planos com o eixo óptico são chamadas de pontos<<strong>br</strong> />
principais P e P’. O primeiro ponto principal P está no espaço-objeto<<strong>br</strong> />
enquanto que o segundo ponto principal P’ está no espaço-imagem, ou<<strong>br</strong> />
seja, P’ é a imagem de P. Além disso, como O e O’ são eqüidistantes do<<strong>br</strong> />
eixo, a magnificação (ampliação) lateral da imagem é unitária. Os planos<<strong>br</strong> />
OP e O’P’ são chamados de planos principais de um sistema óptico e cada<<strong>br</strong> />
um se comporta como se fosse uma superfície de refração aparente (onde<<strong>br</strong> />
o raio muda a trajetória).<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
R2
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
A distância entre o primeiro ponto focal e o primeiro ponto<<strong>br</strong> />
principal é chamada de primeiro comprimento focal, f, e a distância entre<<strong>br</strong> />
o segundo ponto principal e o segundo ponto focal é chamada de segundo<<strong>br</strong> />
comprimento focal, ou comprimento focal efetivo (effective focal length -<<strong>br</strong> />
EFL), ou simplesmente de comprimento focal f’. Se os índices de refração<<strong>br</strong> />
dos espaços objeto e imagem forem diferentes, o primeiro e o segundo<<strong>br</strong> />
comprimentos focais estão relacionados por:<<strong>br</strong> />
n n′<<strong>br</strong> />
= = Φ<<strong>br</strong> />
(1.5)<<strong>br</strong> />
f f ′<<strong>br</strong> />
onde Φ é denominado de poder da lente, como veremos na seção 1.14.<<strong>br</strong> />
Esta grandeza, que possui unidade de dioptria, é muito utilizada na área de<<strong>br</strong> />
oftalmologia (optometria) para caracterizar as lentes usadas nos óculos.<<strong>br</strong> />
Por exemplo, uma lente de grau 4 (4 dioptrias), possui uma distância focal<<strong>br</strong> />
de 0,25 m, no ar (n = 1).<<strong>br</strong> />
O conceito de planos principais é muito útil para o traçado dos<<strong>br</strong> />
raios paraxiais num sistema óptico, mas para sistemas reais, as superfícies<<strong>br</strong> />
de refração aparente não são planas. Uma condição necessária que uma<<strong>br</strong> />
lente perfeita deve satisfazer é que todos os raios de um ponto-objeto<<strong>br</strong> />
atravessem um único ponto no plano da imagem, independente da altura<<strong>br</strong> />
que os raios incidem so<strong>br</strong>e a lente. Este tipo de lente é livre de coma e é<<strong>br</strong> />
chamada de aplanática. Uma lente aplanática obedece à condição seno de<<strong>br</strong> />
Abbe:<<strong>br</strong> />
u sen U<<strong>br</strong> />
=<<strong>br</strong> />
(1.6)<<strong>br</strong> />
u′<<strong>br</strong> />
sen U′<<strong>br</strong> />
que para raios vindo do infinito (sen U = u = 0) pode ser escrita como:<<strong>br</strong> />
− y<<strong>br</strong> />
f ′ =<<strong>br</strong> />
(1.7)<<strong>br</strong> />
sen U′<<strong>br</strong> />
conforme se pode deduzir fazendo uso da Fig. 1.4. Note que na<<strong>br</strong> />
aproximação <strong>paraxial</strong> temos f’= -y/tgU’, como pode ser visto na Fig. 1.3.<<strong>br</strong> />
Para uma lente aplanática, a superfície efetiva de refração<<strong>br</strong> />
aparente para raios provenientes do infinito é uma esfera centrada no<<strong>br</strong> />
segundo foco, como esquematizado na Fig. 1.4. A maioria das lentes reais<<strong>br</strong> />
se assemelha mais a sistemas aplanáticos do que a sistemas paraxiais.<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
5
6<<strong>br</strong> />
R1<<strong>br</strong> />
superfícies principais<<strong>br</strong> />
R2 y<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
F -U’ F’<<strong>br</strong> />
f P P’<<strong>br</strong> />
f ' (EFL)<<strong>br</strong> />
Fig. 1.4 – Traçado de raios num sistema óptico aplanático.<<strong>br</strong> />
Há outro par de pontos conjugados que é de grande importância<<strong>br</strong> />
na determinação das propriedades de primeira ordem da formação de<<strong>br</strong> />
imagens de um sistema óptico. São os chamados pontos nodais N e N’,<<strong>br</strong> />
definidos como pontos conjugados com magnificação angular positiva<<strong>br</strong> />
unitária. Isto significa que os ângulos dos raios incidente e refratado são<<strong>br</strong> />
iguais em módulo e sinal. Se os índices de refração forem os mesmos em<<strong>br</strong> />
ambos os lados do sistema óptico, os pontos nodais são coincidentes com<<strong>br</strong> />
os pontos principais. Porém, se os índices de refração forem diferentes nos<<strong>br</strong> />
espaço do objeto e da imagem, os pontos nodais estarão deslocados dos<<strong>br</strong> />
pontos principais. Na Fig. 1.5, o raio R2 atravessa o ponto nodal N no<<strong>br</strong> />
espaço-objeto e emerge em N’ no espaço-imagem. A distância entre os<<strong>br</strong> />
pontos nodais é igual à distancia entre os pontos principais, e pode ainda<<strong>br</strong> />
ser mostrado que FP = N’F’. Um outro termo, o foco traseiro (back<<strong>br</strong> />
focus), é a distância da última superfície ao plano da imagem. Se o objeto<<strong>br</strong> />
está no infinito, o foco traseiro é igual à distância focal traseira (back focal<<strong>br</strong> />
length), mas para conjugados finitos é chamado de distância de trabalho.<<strong>br</strong> />
índice de refração n índice de refração n’<<strong>br</strong> />
P P’<<strong>br</strong> />
R1<<strong>br</strong> />
F N N’<<strong>br</strong> />
F’<<strong>br</strong> />
f f ' (EFL)<<strong>br</strong> />
Fig. 1.5 – Definição dos pontos nodais.<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
R1<<strong>br</strong> />
R2<<strong>br</strong> />
R2
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
Os pontos focais, os pontos principais e pontos nodais são<<strong>br</strong> />
chamados de pontos cardeais, ou pontos Gaussianos, de um sistema<<strong>br</strong> />
óptico. O conhecimento das suas posições permite a determinação das<<strong>br</strong> />
propriedades de formação da imagem. Note que os pontos cardeais são<<strong>br</strong> />
definidos em termos da ação do sistema so<strong>br</strong>e a luz que propaga por ele.<<strong>br</strong> />
Não existe nenhuma relação direta entre as posições dos elementos do<<strong>br</strong> />
sistema e a localização dos pontos cardeais. Assim, é importante encontrar<<strong>br</strong> />
alguma quantidade que meça a distância de um ponto cardeal até alguma<<strong>br</strong> />
superfície do sistema. A quantidade mais comumente usada para tal uma<<strong>br</strong> />
especificação é a distância focal traseira (back focal length), que é<<strong>br</strong> />
definida como a distância da última superfície óptica ao segundo foco. É<<strong>br</strong> />
importante notar que a distância focal efetiva de um sistema é bastante<<strong>br</strong> />
diferente da distância focal traseira do sistema; só para lentes muito finas<<strong>br</strong> />
elas são aproximadamente iguais.<<strong>br</strong> />
Uma vez conhecidas as posições dos pontos cardeais de um<<strong>br</strong> />
sistema, é simples encontrar como ele transforma os raios do espaçoobjeto<<strong>br</strong> />
para o espaço-imagem. De acordo com a Fig. 1.6, um raio<<strong>br</strong> />
desconhecido entra no primeiro plano principal a uma certa altura e<<strong>br</strong> />
emerge do segundo plano principal à mesma altura (porque os planos<<strong>br</strong> />
principais são planos conjugados de ampliação transversal unitária). Para<<strong>br</strong> />
determinar a trajetória do raio que emerge do sistema, podemos usar<<strong>br</strong> />
quaisquer das três construções de raios descritas a seguir.<<strong>br</strong> />
Primeiro, podemos usar o raio R1, que cruza o raio desconhecido<<strong>br</strong> />
no primeiro plano focal e entra no sistema paralelo ao eixo óptico. Este<<strong>br</strong> />
raio tem que passar pelo segundo foco depois que emergir do sistema, mas<<strong>br</strong> />
como cruza o raio desconhecido no primeiro plano focal, tem que emergir<<strong>br</strong> />
paralelo a ele.<<strong>br</strong> />
F<<strong>br</strong> />
raio desconhecido<<strong>br</strong> />
R1 R2<<strong>br</strong> />
R3<<strong>br</strong> />
P P’<<strong>br</strong> />
Fig. 1.6 – Traçado de um raio desconhecido usando os pontos cardeais.<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
F’<<strong>br</strong> />
7
8<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
Segundo, podemos escolher o raio R2, que entra no sistema<<strong>br</strong> />
paralelo ao raio desconhecido, mas passando pelo primeiro foco. Tal raio<<strong>br</strong> />
tem que emergir do sistema paralelo ao eixo óptico. Novamente, como os<<strong>br</strong> />
dois raios entram no sistema paralelos um ao outro, eles tem que se cruzar<<strong>br</strong> />
no segundo plano focal, como mostrado.<<strong>br</strong> />
Terceiro, podemos construir um raio R3 paralelo ao raio<<strong>br</strong> />
desconhecido, atravessando o primeiro ponto nodal do sistema. Tal raio<<strong>br</strong> />
tem que emergir do segundo ponto nodal do sistema com a mesma<<strong>br</strong> />
inclinação. Como o raio entrou no sistema paralelo ao raio desconhecido,<<strong>br</strong> />
os dois raios têm que se cruzar so<strong>br</strong>e o segundo plano focal.<<strong>br</strong> />
1.3 Convenção de sinais<<strong>br</strong> />
Para calcularmos matematicamente a propagação de raios por<<strong>br</strong> />
sistemas ópticos é necessária a adoção de uma convenção relativa à<<strong>br</strong> />
nomenclatura e sinais das variáveis. Consideraremos que um sistema<<strong>br</strong> />
óptico pode ser descrito com uma série de sistemas de coordenadas locais<<strong>br</strong> />
nos quais a direção z coincide com o eixo óptico e aponta para a direita, a<<strong>br</strong> />
direção y aponta para cima, e a direção x aponta para dentro do papel.<<strong>br</strong> />
Desta forma, temos um triedro positivo ( kˆ î × jˆ = ). Cada superfície do<<strong>br</strong> />
sistema é descrita num sistema de coordenadas locais para aquela<<strong>br</strong> />
superfície. Os cálculos paraxiais são bastante simplificados pelo fato de<<strong>br</strong> />
não existirem superfícies inclinadas ou descentralizadas, uma vez que<<strong>br</strong> />
estamos trabalhando com sistemas centrados. Assim, a origem de cada<<strong>br</strong> />
sistema de coordenada local está no eixo z do sistema de coordenadas<<strong>br</strong> />
locais prévio.<<strong>br</strong> />
Quando é necessário distinguir uma quantidade em ambos os<<strong>br</strong> />
lados da superfície refratora, a quantidade no lado do objeto é escrita com<<strong>br</strong> />
um símbolo sem linha, enquanto que a quantidade no lado da imagem é<<strong>br</strong> />
escrita com um símbolo com linha. Por exemplo, n é o índice de refração<<strong>br</strong> />
no lado do objeto, e n’ é o índice de refração no lado da imagem. Por<<strong>br</strong> />
convenção, a luz entra num sistema óptico pela esquerda, de forma que<<strong>br</strong> />
quantidades no lado esquerdo de uma superfície estão sem linha e aquelas<<strong>br</strong> />
à direita com linha. A notação com linha também é usada para denotar<<strong>br</strong> />
grandezas conjugadas. Assim, o ponto da imagem que corresponde ao<<strong>br</strong> />
ponto O do objeto é O’.<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong>
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
Como vimos, se um raio cruza o eixo óptico de um sistema, ele é<<strong>br</strong> />
coplanar ao eixo óptico e o plano definido por eles é chamado de plano<<strong>br</strong> />
meridional. Por convenção, o plano yz é escolhido como o plano<<strong>br</strong> />
meridional e assim, temos x = 0 para raios meridionais. O raio numa<<strong>br</strong> />
determinada superfície é, portanto, descrito completamente por sua altura,<<strong>br</strong> />
y, e sua inclinação, u. Os raios que têm valores não nulos de x em alguma<<strong>br</strong> />
superfície são chamados de raios sagitais (skew rays). O sinal de u é<<strong>br</strong> />
positivo se o raio estiver subindo (y aumentando) e negativo se estiver<<strong>br</strong> />
descendo (y diminuindo).<<strong>br</strong> />
Note que a definição mais geral de um sistema centrado não<<strong>br</strong> />
implica necessariamente em simetria rotacional em torno do eixo óptico.<<strong>br</strong> />
Por exemplo, superfícies cilíndricas podem estar centradas. Porém, na<<strong>br</strong> />
presente discussão, consideraremos apenas sistemas rotacionalmente<<strong>br</strong> />
simétricos (simetria azimutal) e suporemos que todos os pontos do objeto<<strong>br</strong> />
encontram-se so<strong>br</strong>e o eixo y. Devido à simetria rotacional, isto não traz<<strong>br</strong> />
nenhuma perda de generalidade.<<strong>br</strong> />
Uma superfície esférica pode ser especificada por seu raio de<<strong>br</strong> />
curvatura, r, ou por sua curvatura c, que é definida como o recíproco do<<strong>br</strong> />
rádio de curvatura. O raio de curvatura será positivo se o centro de<<strong>br</strong> />
curvatura estiver à direita da superfície e negativo se estiver à esquerda. A<<strong>br</strong> />
distância entre duas superfícies é chamada de espessura t do espaço<<strong>br</strong> />
separando as duas superfícies.<<strong>br</strong> />
Num sistema contendo várias superfícies, os parâmetros que<<strong>br</strong> />
especificam o sistema possuem subscritos para identificá-los com uma<<strong>br</strong> />
superfície particular. Assim, parâmetros da superfície, como curvaturas,<<strong>br</strong> />
possuem subscritos com o número de superfície à qual eles pertencem. Já<<strong>br</strong> />
os parâmetros ligados ao espaço entre superfícies, como espessuras e<<strong>br</strong> />
índices de refração, possuem tanto subscritos e linhas para indicar a<<strong>br</strong> />
superfície com que eles são associados. Isto resulta numa tautologia na<<strong>br</strong> />
qual a mesma quantidade física pode ser descrita por dois símbolos. Por<<strong>br</strong> />
exemplo, a espessura que separa a superfície atual da próxima pode ser<<strong>br</strong> />
designada ou como t’ na superfície atual ou t na próxima superfície. Em<<strong>br</strong> />
programas de cálculo de desenho óptico, a espessura associada com uma<<strong>br</strong> />
determinada superfície é chamada TH, que corresponde a t’.<<strong>br</strong> />
A Fig. 1.7 ilustra os parâmetros que descrevem um sistema óptico<<strong>br</strong> />
para o traçado de raios paraxiais. Note que todas as superfícies foram<<strong>br</strong> />
substituídas por planos tangentes aos seus vértices. Embora tenham sido<<strong>br</strong> />
dados os subscritos j e j-1 a todos os parâmetros da figura para identificá-<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
9
10<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
los claramente com a superfície a que se referem, normalmente<<strong>br</strong> />
eliminamos o subscrito j em casos onde está claro que ele deveria estar<<strong>br</strong> />
presente. Por exemplo,<<strong>br</strong> />
y = y j (1.8)<<strong>br</strong> />
y-1 = y j-1<<strong>br</strong> />
yj-1, uj-1 yj-1, u’j-1 yj, uj yj, u’j<<strong>br</strong> />
nj-1<<strong>br</strong> />
t'j-1 = tj<<strong>br</strong> />
n'j-1 = nj<<strong>br</strong> />
superfície j-1 superfície j<<strong>br</strong> />
Fig. 1.7 – Parâmetros que descrevem uma sucessão de superfícies ópticas.<<strong>br</strong> />
1.4 Traçado de raios paraxiais<<strong>br</strong> />
O traçado de raios paraxiais é um assunto que tem sido muito<<strong>br</strong> />
estudado durante as últimas décadas. Várias técnicas eficientes foram<<strong>br</strong> />
desenvolvidas para executar os cálculos necessários. Nas seções seguintes<<strong>br</strong> />
consideraremos três métodos que são de uso comum: os métodos y-nu, yu-i<<strong>br</strong> />
e o método matricial. O método y-nu é o mais eficiente dos três e é<<strong>br</strong> />
extensivamente usado para cálculos manuais. O método y-u-i requer<<strong>br</strong> />
alguns passos a mais, mas gera os ângulos paraxiais de incidência durante<<strong>br</strong> />
o traçado e é provavelmente o método mais comumente usado em<<strong>br</strong> />
programas de computação.<<strong>br</strong> />
Considere a propagação de um raio <strong>paraxial</strong> por um sistema<<strong>br</strong> />
óptico. Para tal raio, a inclinação é infinitesimal, de forma que o ângulo<<strong>br</strong> />
(em radianos) que o raio faz com o eixo e a tangente daquele ângulo (i.e.,<<strong>br</strong> />
a inclinação) é a mesma. Assim, com base na Fig. 1.7 podemos escrever:<<strong>br</strong> />
y − y−1<<strong>br</strong> />
u = (1.9)<<strong>br</strong> />
t<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
n'j
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
onde o subscrito j foi omitido, como descrito anteriormente. Esta equação<<strong>br</strong> />
pode ser re-escrita para dar a equação de translação dos raios paraxiais de<<strong>br</strong> />
uma superfície até a próxima:<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
11<<strong>br</strong> />
y y 1 tu + = (1.10)<<strong>br</strong> />
−<<strong>br</strong> />
A equação de refração pode ser derivada com referência à Fig.<<strong>br</strong> />
1.8, de onde vemos que:<<strong>br</strong> />
θ<<strong>br</strong> />
U<<strong>br</strong> />
I = U + θ<<strong>br</strong> />
I'=<<strong>br</strong> />
U'+<<strong>br</strong> />
θ<<strong>br</strong> />
y<<strong>br</strong> />
Fig. 1.8 – Refração por uma superfície esférica.<<strong>br</strong> />
(1.11)<<strong>br</strong> />
onde θ é o ângulo que a normal à superfície faz com o eixo ótico,<<strong>br</strong> />
enquanto que U e U´são os o ângulos que os raios incidente e refratado<<strong>br</strong> />
fazem com o eixo ótico. No limite <strong>paraxial</strong>, estes ângulos são<<strong>br</strong> />
aproximadamente iguais aos seus senos ou tangentes, e assim podemos<<strong>br</strong> />
escrever:<<strong>br</strong> />
y<<strong>br</strong> />
i = + u = yc + u<<strong>br</strong> />
r<<strong>br</strong> />
y<<strong>br</strong> />
i'=<<strong>br</strong> />
+ u'=<<strong>br</strong> />
yc + u'<<strong>br</strong> />
r<<strong>br</strong> />
(1.12)<<strong>br</strong> />
Ainda no limite <strong>paraxial</strong>, vimos que a lei de refração pode ser escrita<<strong>br</strong> />
como:<<strong>br</strong> />
n i = n’i’ (1.13)<<strong>br</strong> />
de forma que,<<strong>br</strong> />
U´<<strong>br</strong> />
θ<<strong>br</strong> />
r =1/c
12<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
nu − yφ<<strong>br</strong> />
u'=<<strong>br</strong> />
(1.14)<<strong>br</strong> />
n'<<strong>br</strong> />
onde φ = c(n’-n) é chamado de poder da superfície. Esta é a equação da<<strong>br</strong> />
refração <strong>paraxial</strong>, que dá a inclinação de um raio que emerge de uma<<strong>br</strong> />
superfície com poder φ em termos da altura e inclinação do raio incidente.<<strong>br</strong> />
A aplicação seqüencial das equações de translação e refração paraxiais<<strong>br</strong> />
permite o traçado de qualquer raio <strong>paraxial</strong> por um sistema óptico. Todos<<strong>br</strong> />
os métodos de traçado de raios discutidos nas próximas seções estão<<strong>br</strong> />
baseados nestas equações ou em algumas variações simples.<<strong>br</strong> />
Antes de concluirmos esta seção, é importante salientarmos o fato<<strong>br</strong> />
que durante a translação o ângulo u é constante, enquanto que na refração,<<strong>br</strong> />
a altura y do raio não muda.<<strong>br</strong> />
1.5 O método y-nu<<strong>br</strong> />
O modo mais eficiente para traçar raios paraxiais à mão é o<<strong>br</strong> />
método denominado de y-nu. Este método utiliza uma planilha formatada<<strong>br</strong> />
para efetuar cálculos repetitivos de alturas e inclinações de raios paraxiais<<strong>br</strong> />
usando uma forma derivada das equações de traçado de raio vistas na<<strong>br</strong> />
seção anterior. Para traçar um raio pelo método y-nu, a equação de<<strong>br</strong> />
refração é escrita na forma:<<strong>br</strong> />
n 'u'<<strong>br</strong> />
= nu − yφ<<strong>br</strong> />
(1.15)<<strong>br</strong> />
e a equação de translação é escrita como:<<strong>br</strong> />
t<<strong>br</strong> />
y = y−<<strong>br</strong> />
1 + ( nu)<<strong>br</strong> />
n<<strong>br</strong> />
(1.16)<<strong>br</strong> />
Como nu é igual a n’u’ da superfície anterior, as quantidades y e<<strong>br</strong> />
nu calculadas em dada etapa do traçado são usadas como entrada para a<<strong>br</strong> />
próxima fase. Por exemplo, determinado y e nu na primeira superfície do<<strong>br</strong> />
sistema, usa-se a equação de refração para calcular n’u’ nesta superfície.<<strong>br</strong> />
Esta quantidade é usada, junto com y, para calcular a altura do raio na<<strong>br</strong> />
segunda superfície, usando a equação de translação. O processo se repete<<strong>br</strong> />
com o uso das equações de refração e translação na segunda superfície.<<strong>br</strong> />
Como exemplo, calcularemos o traçado de um raio que entra<<strong>br</strong> />
numa lente paralelo ao eixo óptico (u=0) a uma altura Y. Suporemos que<<strong>br</strong> />
os raios de curvatura das superfícies e a espessura da lente sejam dados<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong>
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
respectivamente por r1, r2 e t. Usando as equações (1.15) e (1.16)<<strong>br</strong> />
podemos montar a planilha abaixo, onde φ1 e φ2 são respectivamente os<<strong>br</strong> />
poderes das superfícies 1 e 2. Note que na refração a altura y não muda<<strong>br</strong> />
enquanto que na translação nu é constante.<<strong>br</strong> />
Tabela 1 – Planilha de cálculo para um raio paralelo ao eixo óptico entrando<<strong>br</strong> />
numa lente a uma altura Y.<<strong>br</strong> />
condições refração na translação refração na<<strong>br</strong> />
iniciais superfície 1<<strong>br</strong> />
superfície 2<<strong>br</strong> />
t t<<strong>br</strong> />
n 1 n<<strong>br</strong> />
φ φ1 = c1(n-1) φ2 = c2(1-n)<<strong>br</strong> />
y Y Y Y(1-φ1t/n) Y(1-φ1t/n)<<strong>br</strong> />
nu 0 -Yφ1 -Yφ1 -Y(φ1+φ2-φ1φ2t/n)<<strong>br</strong> />
Este exemplo foi feito de uma forma algé<strong>br</strong>ica porque queremos<<strong>br</strong> />
encontrar a expressão da distância focal traseira da lente. No caso de<<strong>br</strong> />
cálculos numéricos, a determinação dos parâmetros do raio é bastante<<strong>br</strong> />
simples, bastando para isto manipularmos os elementos da planilha de<<strong>br</strong> />
maneira a seguir as equações (1.15) e (1.16). Um cálculo deste tipo será<<strong>br</strong> />
deixado como exercício no final do capítulo.<<strong>br</strong> />
Como pode ser visto na última coluna da planilha de cálculo, o<<strong>br</strong> />
raio deixa a lente a uma altura Y(1-φ1t/n), fazendo um ângulo -Y(φ1+φ2φ1φ2t/n)<<strong>br</strong> />
com o eixo óptico. Podemos calcular a distância focal traseira da<<strong>br</strong> />
lente aplicando a equação da translação para uma distância fBFL na qual o<<strong>br</strong> />
raio cruza o eixo óptico. O uso da eq. (1.16) leva a:<<strong>br</strong> />
⎛ 1 1 ( n −1)<<strong>br</strong> />
t ⎞<<strong>br</strong> />
⎜ − + ⎟<<strong>br</strong> />
1 r1<<strong>br</strong> />
r2<<strong>br</strong> />
n r1r2<<strong>br</strong> />
= ( n −1)<<strong>br</strong> />
⎝<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
(1.17)<<strong>br</strong> />
f BFL<<strong>br</strong> />
( n −1)<<strong>br</strong> />
1−<<strong>br</strong> />
t<<strong>br</strong> />
n r<<strong>br</strong> />
No caso de uma lente delgada, a espessura pode ser desprezada<<strong>br</strong> />
(t ≈ 0) e o foco é dado pela tradicional equação do fa<strong>br</strong>icante de lentes:<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
= ( n −1)<<strong>br</strong> />
⎛ 1 ⎞<<strong>br</strong> />
⎜ −<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
(1.18)<<strong>br</strong> />
f ⎝ r1<<strong>br</strong> />
r2<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
13
14<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
O método y-nu pode ser usado para outros propósitos além do<<strong>br</strong> />
cálculo direto do traçado de raios para um determinado sistema. Um dos<<strong>br</strong> />
mais importantes é sintetizar um sistema tendo certas propriedades<<strong>br</strong> />
desejadas. Neste caso, fornecemos os dados do raio (altura e inclinação),<<strong>br</strong> />
ao invés dos parâmetros da lente, sendo estes determinados a partir dos<<strong>br</strong> />
dados do raio. Este modo de especificar os parâmetros de uma lente, pelo<<strong>br</strong> />
conhecimento do caminho dos raios paraxiais, é muito comum em<<strong>br</strong> />
programas de computação para desenho óptico.<<strong>br</strong> />
Dois métodos para a especificação dos parâmetros de uma lente<<strong>br</strong> />
são mais comumente usados. O primeiro é chamado de solução pelo<<strong>br</strong> />
ângulo (angle solve), que determina a curvatura de uma superfície a partir<<strong>br</strong> />
do ângulo de um raio depois da refração. Por exemplo, suponha que<<strong>br</strong> />
traçamos um raio até a j-ésima superfície e nela conhecemos y e nu. Se<<strong>br</strong> />
queremos que o raio saia da superfície com uma inclinação u’, então, de<<strong>br</strong> />
acordo com a eq. (1.15) da refração <strong>paraxial</strong>, a curvatura da superfície tem<<strong>br</strong> />
que ser:<<strong>br</strong> />
n'u'−<<strong>br</strong> />
nu<<strong>br</strong> />
c = (1.19)<<strong>br</strong> />
y(<<strong>br</strong> />
n − n')<<strong>br</strong> />
O segundo tipo de especificação que é de uso comum é a solução<<strong>br</strong> />
pela altura (heigth solve), na qual a espessura no lado da imagem de uma<<strong>br</strong> />
superfície é especificada pela altura de um raio na próxima superfície. De<<strong>br</strong> />
acordo com a eq. (1.16) da translação <strong>paraxial</strong>, a espessura a ser<<strong>br</strong> />
determinada é :<<strong>br</strong> />
y − y −1<<strong>br</strong> />
t =<<strong>br</strong> />
u<<strong>br</strong> />
(1.20)<<strong>br</strong> />
onde y é dado, e y-1 da superfície prévia e u são conhecidos.<<strong>br</strong> />
1.6 O método y-u-i<<strong>br</strong> />
Um método alternativo para traçar o raio <strong>paraxial</strong>, chamado de<<strong>br</strong> />
método y-u-i, usa as seguintes equações que podem ser derivadas<<strong>br</strong> />
diretamente das equações da refração <strong>paraxial</strong> e da translação:<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong>
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
y = y−1<<strong>br</strong> />
+ tu<<strong>br</strong> />
i = u + yc<<strong>br</strong> />
n<<strong>br</strong> />
u'<<strong>br</strong> />
= u +<<strong>br</strong> />
⎛<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
⎞<<strong>br</strong> />
⎜ − ⎟ i<<strong>br</strong> />
⎝ n'<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
15<<strong>br</strong> />
(1.21)<<strong>br</strong> />
Embora sejam usadas três equações (ao invés de duas) para o<<strong>br</strong> />
traçado de um raio através de uma superfície, a quantidade i é necessária<<strong>br</strong> />
para calcular as contribuições de aberração da superfície e assim o<<strong>br</strong> />
trabalho adicional produz dados úteis. Na realidade, se as aberrações do<<strong>br</strong> />
sistema precisam ser calculadas, o método y-u-i é de fato mais eficiente<<strong>br</strong> />
que o método y-nu.<<strong>br</strong> />
Como veremos posteriormente, é necessário traçar dois raios<<strong>br</strong> />
paraxiais (os raios axial e principal) para caracterizar completamente um<<strong>br</strong> />
sistema. Neste texto, a altura e a inclinação do raio axial (aquele que parte<<strong>br</strong> />
do centro do objeto e passa pela borda da lente) são indicados por ya, ua,<<strong>br</strong> />
enquanto que a altura e a inclinação do raio principal (aquele que parte da<<strong>br</strong> />
borda do objeto e passa pelo centro da lente) são yb, ub. A maioria dos<<strong>br</strong> />
programas de desenho óptico usa PY, PU e PI para indicar a altura,<<strong>br</strong> />
inclinação (relativa ao eixo óptico) e ângulo de incidência (relativo à<<strong>br</strong> />
normal) do raio axial (raio a), e PYC, PUC e PIC para indicar dados<<strong>br</strong> />
correspondentes para o raio principal (raio b). Neste caso, a letra C<<strong>br</strong> />
corresponde a chief (principal).<<strong>br</strong> />
1.7 Formalismo matricial<<strong>br</strong> />
É possível escrever as equações para o traçado do raio <strong>paraxial</strong> na<<strong>br</strong> />
forma matricial, que é uma abordagem adequada para descrever sistemas<<strong>br</strong> />
que incluem muitos elementos ópticos, já que o efeito do conjunto pode<<strong>br</strong> />
ser encontrado através de multiplicação de matrizes. É também de muita<<strong>br</strong> />
importância na descrição da propagação de feixes gaussianos e cálculos de<<strong>br</strong> />
cavidades ressonantes para lasers, como veremos posteriormente.<<strong>br</strong> />
Como vimos nas seções precedentes, existem relações lineares<<strong>br</strong> />
entre as características <strong>geométrica</strong>s dos raios (altura e inclinação) quando<<strong>br</strong> />
eles refratam numa superfície ou transladam de uma superfície até a<<strong>br</strong> />
próxima. Estas relações podem ser escritas na forma matricial como<<strong>br</strong> />
veremos a seguir.<<strong>br</strong> />
De acordo com a Fig. 1.7, quando um raio translada da superfície<<strong>br</strong> />
j-1 até a superfície j, a altura muda, mas a inclinação permanece constante.
16<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
Usando este fato, juntamente com a eq. (1.16) do método y-nu, podemos<<strong>br</strong> />
escrever:<<strong>br</strong> />
t´<<strong>br</strong> />
j−1<<strong>br</strong> />
y j 1.<<strong>br</strong> />
y j−1<<strong>br</strong> />
.( n´<<strong>br</strong> />
j−1<<strong>br</strong> />
u´<<strong>br</strong> />
j−1)<<strong>br</strong> />
n´<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
j−1<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎛ ⎞<<strong>br</strong> />
= + ⎜<<strong>br</strong> />
(1.22a)<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎝ ⎠<<strong>br</strong> />
n ju j 0 . y j−<<strong>br</strong> />
1 1.<<strong>br</strong> />
( n´<<strong>br</strong> />
j−1u´<<strong>br</strong> />
j−1)<<strong>br</strong> />
+ = (1.22b)<<strong>br</strong> />
Estas equações podem ser expressas através de produto de matrizes como:<<strong>br</strong> />
⎛ y ⎛ j ⎞<<strong>br</strong> />
⎜ ⎟ ⎜1<<strong>br</strong> />
= ⎜<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎝n<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
ju<<strong>br</strong> />
j<<strong>br</strong> />
⎝ 0<<strong>br</strong> />
t´ j-1<<strong>br</strong> />
⎞<<strong>br</strong> />
⎟ ⎛ y j−1<<strong>br</strong> />
n´ ⎜<<strong>br</strong> />
j-1<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
1 ⎠ ⎝n´<<strong>br</strong> />
j−1<<strong>br</strong> />
u´<<strong>br</strong> />
ou esquematicamente como Rj = T´j-1 Rj-1, onde:<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
j−1<<strong>br</strong> />
⎞<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
(1.23)<<strong>br</strong> />
⎛ t´ j-1<<strong>br</strong> />
⎞ ⎛ t j ⎞<<strong>br</strong> />
⎜1<<strong>br</strong> />
⎟ ⎜1<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
T = = ⎜ n´<<strong>br</strong> />
−<<strong>br</strong> />
⎟ = ⎜ n<<strong>br</strong> />
j T´ j 1<<strong>br</strong> />
j-1<<strong>br</strong> />
j ⎟<<strong>br</strong> />
(1.24)<<strong>br</strong> />
⎜ ⎟ ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />
⎝ 0 1 ⎠ ⎝ 0 1⎠<<strong>br</strong> />
é a matriz que translada o raio entre as superfícies j e j-1, separadas por<<strong>br</strong> />
uma espessura t´j-1 = tj, num meio com índice de refração n´j-1= nj,<<strong>br</strong> />
conforme esboçado na Fig. 1.7.<<strong>br</strong> />
Analogamente à translação, podemos encontrar uma matriz que<<strong>br</strong> />
descreve a refração de um raio por uma superfície de poder φj. Neste caso,<<strong>br</strong> />
usamos as equações para a refração que sabemos ser:<<strong>br</strong> />
y j j j j<<strong>br</strong> />
´ = 1.<<strong>br</strong> />
y + 0 .( n u )<<strong>br</strong> />
(1.25a)<<strong>br</strong> />
n j j j j j j<<strong>br</strong> />
´ u´<<strong>br</strong> />
= −φ<<strong>br</strong> />
. y + 1.<<strong>br</strong> />
( n u )<<strong>br</strong> />
(1.25b)<<strong>br</strong> />
Estas equações podem ser colocadas na forma matricial como:<<strong>br</strong> />
⎛ y´<<strong>br</strong> />
j ⎞ ⎛ 1<<strong>br</strong> />
⎜ ⎟ ⎜<<strong>br</strong> />
=<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎝n´<<strong>br</strong> />
j u´<<strong>br</strong> />
j ⎠ ⎝-<<strong>br</strong> />
φ j<<strong>br</strong> />
0 ⎞ ⎛ y j ⎞<<strong>br</strong> />
⎟ ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
1 ⎠ ⎝n<<strong>br</strong> />
ju<<strong>br</strong> />
j ⎠<<strong>br</strong> />
(1.26)<<strong>br</strong> />
ou esquematicamente como R´j = Rj Rj, onde a matriz de refração é dada<<strong>br</strong> />
por:
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
⎛ 1 0 ⎞<<strong>br</strong> />
⎛ 1 0 ⎞ ⎜<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
R = ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />
⎜ ⎟<<strong>br</strong> />
= ⎜<<strong>br</strong> />
n -1<<strong>br</strong> />
j<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎝<<strong>br</strong> />
- φ 1 - 1<<strong>br</strong> />
(1.27)<<strong>br</strong> />
j ⎠ ⎜<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎝<<strong>br</strong> />
rj<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
A aplicação sucessiva das matrizes de refração e translação<<strong>br</strong> />
permite o traçado de raios através de um sistema óptico. Se conhecermos<<strong>br</strong> />
os parâmetros do raio na superfície 1, após a refração na superfície k<<strong>br</strong> />
temos R´k = Mk1 R1, onde a matriz de transferência é dada por:<<strong>br</strong> />
⎛ A k1<<strong>br</strong> />
Bk1<<strong>br</strong> />
⎞<<strong>br</strong> />
⎜ ⎟<<strong>br</strong> />
M k1<<strong>br</strong> />
= = R kTk<<strong>br</strong> />
...... R 2T2R<<strong>br</strong> />
1 (1.28)<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
Ck1<<strong>br</strong> />
D<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎝<<strong>br</strong> />
k1<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
Vemos que a ordem do produto das matrizes é tal que os índices mais<<strong>br</strong> />
baixos estão à direita, pois atuam primeiro no raio. As quantidades A, B, C<<strong>br</strong> />
e D são chamadas de constantes Gaussianas do sistema e a matriz de<<strong>br</strong> />
transferência é conhecida como matriz ABCD. A razão principal de se<<strong>br</strong> />
usar o formalismo matricial na óptica <strong>paraxial</strong> é a de fornecer uma<<strong>br</strong> />
formulação compacta para a descrição das propriedades de transformação<<strong>br</strong> />
de um sistema óptico.<<strong>br</strong> />
Uma propriedade interessante das matrizes de refração e<<strong>br</strong> />
translação é que elas são unitárias, isto é, |R| = |T| = 1. Desta forma, como<<strong>br</strong> />
o produto de matrizes unitárias resulta numa matriz de transferência<<strong>br</strong> />
unitária, temos AD-BC=1.<<strong>br</strong> />
Como exemplo da aplicação do formalismo matricial, vamos<<strong>br</strong> />
refazer o caso de um raio que entra numa lente paralelo ao eixo óptico<<strong>br</strong> />
(u=0) a uma altura Y. Novamente, os raios de curvatura das superfícies e<<strong>br</strong> />
a espessura da lente são dados respectivamente por r1, r2 e t. A matriz de<<strong>br</strong> />
transferência da lente é dada por:<<strong>br</strong> />
⎛ 1<<strong>br</strong> />
M = ⎜<<strong>br</strong> />
⎝-<<strong>br</strong> />
φ<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
0 ⎞<<strong>br</strong> />
⎛<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
1 ⎜<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
⎝0<<strong>br</strong> />
t ⎞<<strong>br</strong> />
⎟ ⎛ 1<<strong>br</strong> />
n ⎜<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
1 ⎝-<<strong>br</strong> />
φ<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
⎛<<strong>br</strong> />
0 ⎞ ⎜ 1−<<strong>br</strong> />
φ<<strong>br</strong> />
⎟ = ⎜<<strong>br</strong> />
1 ⎠ ⎜<<strong>br</strong> />
- ( φ1<<strong>br</strong> />
+ φ<<strong>br</strong> />
⎝<<strong>br</strong> />
- φ φ<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
t<<strong>br</strong> />
n<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
t<<strong>br</strong> />
)<<strong>br</strong> />
n<<strong>br</strong> />
17<<strong>br</strong> />
t ⎞<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
n ⎟ (1.29)<<strong>br</strong> />
t<<strong>br</strong> />
1−<<strong>br</strong> />
φ ⎟<<strong>br</strong> />
2 ⎟<<strong>br</strong> />
n ⎠<<strong>br</strong> />
A transformação do raio incidente ao passar pela lente é obtida a partir de:
18<<strong>br</strong> />
⎛ y´<<strong>br</strong> />
⎞ ⎛A<<strong>br</strong> />
⎜ ⎟ ⎜<<strong>br</strong> />
=<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎝n´<<strong>br</strong> />
u´<<strong>br</strong> />
⎠ ⎝C<<strong>br</strong> />
B⎞<<strong>br</strong> />
⎛Y<<strong>br</strong> />
⎞ ⎛AY⎞<<strong>br</strong> />
⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />
=<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
D⎠<<strong>br</strong> />
⎝ 0 ⎠ ⎝CY⎠<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
(1.30)<<strong>br</strong> />
que resulta em y´ = Y(1-φ1t/n) e n´u´ = u´= -Y(φ1+φ2-φ1φ2t/n), de acordo<<strong>br</strong> />
com o resultado encontrado com o método y-nu. Para encontrarmos a<<strong>br</strong> />
distância focal traseira aplicamos a matriz de translação so<strong>br</strong>e o raio que<<strong>br</strong> />
deixa a lente, o<strong>br</strong>igando que ele cruze o eixo óptico a uma distância fBFL<<strong>br</strong> />
da superfície 2. Assim temos:<<strong>br</strong> />
⎟ ⎛ 0 ⎞ ⎛ 1 f BFL ⎞ ⎛AY⎞<<strong>br</strong> />
⎛ AY + f BFLCY⎞<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟ = ⎜<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟ = ⎜<<strong>br</strong> />
⎝u´<<strong>br</strong> />
⎠ ⎝ 0 1 ⎠ ⎝ CY ⎠ ⎝ CY ⎠<<strong>br</strong> />
(1.31)<<strong>br</strong> />
Igualando a primeira linha das matrizes encontramos fBFL dado pela eq.<<strong>br</strong> />
(1.17).<<strong>br</strong> />
Um caso particular importante da matriz de transferência dada<<strong>br</strong> />
pela eq. (1.28) é o da lente delgada, onde t ≈ 0. Neste caso, M se torna:<<strong>br</strong> />
⎛ 1 0 ⎞ ⎛ 1 0 ⎞<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟ ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />
M =<<strong>br</strong> />
= ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />
(1.32)<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟ 1<<strong>br</strong> />
⎝-<<strong>br</strong> />
( φ + φ ) 1 ⎠<<strong>br</strong> />
⎜-<<strong>br</strong> />
1 ⎟<<strong>br</strong> />
1 2 ⎝ f ⎠<<strong>br</strong> />
onde ⎟ 1<<strong>br</strong> />
⎛ 1 1 ⎞<<strong>br</strong> />
= φ1<<strong>br</strong> />
+ φ2<<strong>br</strong> />
= ( n −1)<<strong>br</strong> />
⎜ − é a equação do fa<strong>br</strong>icante de lentes.<<strong>br</strong> />
f<<strong>br</strong> />
⎝ r1<<strong>br</strong> />
r2<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
1.8 Lentes finas<<strong>br</strong> />
Nesta seção vamos apresentar algumas propriedades das lentes,<<strong>br</strong> />
dando ênfase especial às lentes finas ou delgadas. Uma lente é classificada<<strong>br</strong> />
como fina quando sua espessura for muito menor que a distância focal.<<strong>br</strong> />
Existem vários tipos de lentes cuja denominação depende de sua forma<<strong>br</strong> />
<strong>geométrica</strong>, como mostra a Fig. 1.9. Vamos nos ater apenas às lentes de<<strong>br</strong> />
superfícies esféricas, embora outras simetrias (cilíndrica, parabólica,<<strong>br</strong> />
elíptica, etc.) sejam hoje em dia de uso comum. De acordo com o que<<strong>br</strong> />
veremos na seção 1.14, a formação de imagens por uma lente fina obedece<<strong>br</strong> />
a uma equação simples:<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong>
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
1 1 1<<strong>br</strong> />
= +<<strong>br</strong> />
(1.33)<<strong>br</strong> />
f s s′<<strong>br</strong> />
onde f é a distância focal, s e s’ são respectivamente as distâncias lenteobjeto<<strong>br</strong> />
e lente-imagem. É importante para o fa<strong>br</strong>icante de lentes saber<<strong>br</strong> />
como os raios de curvatura das superfícies esféricas e o índice de refração<<strong>br</strong> />
do vidro determinam a distância focal da lente. Esta informação, como<<strong>br</strong> />
vimos, é dada pela eq. (1.18) no caso das lentes finas. Uma outra forma de<<strong>br</strong> />
apresentar a equação do fa<strong>br</strong>icante de lentes é com o sinal positivo na<<strong>br</strong> />
frente de 1/r2, porém neste caso a definição do sinal r é outra: r é positivo<<strong>br</strong> />
se a superfície for convexa e negativo se for côncava.<<strong>br</strong> />
biconvexa<<strong>br</strong> />
plano-<<strong>br</strong> />
convexa<<strong>br</strong> />
menisco<<strong>br</strong> />
convexo<<strong>br</strong> />
bicôncava<<strong>br</strong> />
plano-<<strong>br</strong> />
côncava<<strong>br</strong> />
menisco<<strong>br</strong> />
côncavo<<strong>br</strong> />
Fig. 1.9 - Seções transversais de algumas lentes finas de simetria esférica.<<strong>br</strong> />
Uma propriedade importante da formação de imagens por uma<<strong>br</strong> />
lente ou espelho é o parâmetro denominado de aumento, ou magnificação,<<strong>br</strong> />
que caracteriza o tamanho da imagem em relação ao objeto. De acordo<<strong>br</strong> />
com a Fig. 1.10, podemos definir a magnificação transversal como:<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
19
20<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
Fig. 1.10 - Formação de imagens por uma lente convergente.<<strong>br</strong> />
h'<<strong>br</strong> />
s′<<strong>br</strong> />
x′<<strong>br</strong> />
f<<strong>br</strong> />
≡ = − = −<<strong>br</strong> />
(1.34)<<strong>br</strong> />
h s f x<<strong>br</strong> />
0<<strong>br</strong> />
mT = −<<strong>br</strong> />
onde as três últimas igualdades são facilmente determinadas usando-se<<strong>br</strong> />
geometria elementar. Se mT > 1, teremos um aumento da imagem em<<strong>br</strong> />
relação ao objeto; se mT < 1, teremos diminuição da imagem. Os sinais<<strong>br</strong> />
negativos têm origem na definição dos sinais de s, s’, x0 e x’0, e no caso<<strong>br</strong> />
em que mT < 0, significa que a imagem está invertida.<<strong>br</strong> />
Podemos definir também a magnificação longitudinal da imagem<<strong>br</strong> />
como:<<strong>br</strong> />
dx′<<strong>br</strong> />
0 mL<<strong>br</strong> />
= (1.35)<<strong>br</strong> />
dx<<strong>br</strong> />
Para relacionarmos mL com mT tomamos a equação de formação de<<strong>br</strong> />
imagens (1.33), com s = f + x0 e s’ = f + x0’, de onde obtemos a forma<<strong>br</strong> />
Newtoniana da equação da lente:<<strong>br</strong> />
Desta expressão encontramos:<<strong>br</strong> />
h<<strong>br</strong> />
dxo<<strong>br</strong> />
xo<<strong>br</strong> />
F F’<<strong>br</strong> />
s s’<<strong>br</strong> />
f f<<strong>br</strong> />
0<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
0<<strong>br</strong> />
0<<strong>br</strong> />
2 ′ 0 f<<strong>br</strong> />
(1.36)<<strong>br</strong> />
x x =<<strong>br</strong> />
f<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
mL = − = −m<<strong>br</strong> />
2 T<<strong>br</strong> />
(1.37)<<strong>br</strong> />
x 0<<strong>br</strong> />
Evidentemente, mL < 0, o que implica que se dx0 > 0 teremos dx0’< 0, ou<<strong>br</strong> />
seja, se o objeto for um dedo apontado para a lente, a imagem será a de<<strong>br</strong> />
um dedo se afastando da lente.<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
xo’<<strong>br</strong> />
dxo’<<strong>br</strong> />
h’
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
1.9 Combinação de lentes finas<<strong>br</strong> />
Quando várias lentes finas são colocadas bem próximas (em<<strong>br</strong> />
contato), a distância focal combinada do conjunto pode ser expressa<<strong>br</strong> />
como:<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
21<<strong>br</strong> />
1 1 1 1<<strong>br</strong> />
= + + + ...<<strong>br</strong> />
(1.38)<<strong>br</strong> />
f f f f<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
onde fi é a distância focal da i-ésima lente. Esta equação é facilmente<<strong>br</strong> />
obtida multiplicando-se as matrizes das lentes delgadas, que deduzimos na<<strong>br</strong> />
seção 1.7.<<strong>br</strong> />
Por outro lado, no caso em que duas lentes finas, de distâncias<<strong>br</strong> />
focais f1 e f2, estão separadas de uma distância d, como mostrado na Fig.<<strong>br</strong> />
1.11, a matriz que descreve o conjunto é:<<strong>br</strong> />
F<<strong>br</strong> />
f<<strong>br</strong> />
f1<<strong>br</strong> />
f1<<strong>br</strong> />
d1<<strong>br</strong> />
H<<strong>br</strong> />
P<<strong>br</strong> />
d<<strong>br</strong> />
H’<<strong>br</strong> />
P’<<strong>br</strong> />
d<<strong>br</strong> />
Fig. 1.11 - Associação de duas lentes separadas por uma distância d. O traçado<<strong>br</strong> />
dos raios está descrito no texto.<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
d2<<strong>br</strong> />
f2<<strong>br</strong> />
f2<<strong>br</strong> />
3<<strong>br</strong> />
f<<strong>br</strong> />
F’<<strong>br</strong> />
(a)<<strong>br</strong> />
(b)
22<<strong>br</strong> />
onde o foco efetivo é dado por:<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
⎛ d ⎞<<strong>br</strong> />
⎜ 1-<<strong>br</strong> />
d ⎟<<strong>br</strong> />
⎜ f<<strong>br</strong> />
M = 1 ⎟<<strong>br</strong> />
c<<strong>br</strong> />
(1.39)<<strong>br</strong> />
⎜ 1 d ⎟<<strong>br</strong> />
⎜ - 1-<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎝ f f 2 ⎠<<strong>br</strong> />
1 1 1 d<<strong>br</strong> />
= + −<<strong>br</strong> />
(1.40)<<strong>br</strong> />
f f f f f<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
Para entendermos um pouco melhor como funciona este sistema,<<strong>br</strong> />
vamos considerar um raio de luz que sai do foco efetivo, F, atravessa o<<strong>br</strong> />
conjunto e se torna paralelo ao eixo óptico como mostra a Fig. 1.11(a). Se<<strong>br</strong> />
traçarmos os prolongamentos dos raios que sai de F e aquele paralelo ao<<strong>br</strong> />
eixo, eles se interceptarão so<strong>br</strong>e o plano H, que como vimos, é chamado<<strong>br</strong> />
de primeiro plano principal. Qualquer outro raio saindo do foco com um<<strong>br</strong> />
ângulo diferente daquele mostrado, produzirá uma intersecção com o<<strong>br</strong> />
correspondente raio paralelo ao eixo óptico em algum ponto do plano<<strong>br</strong> />
principal. Para efeitos práticos, é como se houvesse uma lente de distância<<strong>br</strong> />
focal f localizada neste plano.<<strong>br</strong> />
O raio que chega à lente f1 é caracterizado por uma altura y1 e por<<strong>br</strong> />
um ângulo u1 = y1 /(f-d1), onde d1 é a distância do plano principal à lente<<strong>br</strong> />
f1. O raio que sai da lente f2 é caracterizado pelos parâmetros y2 = y1 + d1 u1<<strong>br</strong> />
e u’2 = 0. Usando o formalismo matricial, onde a matriz Mc dada em<<strong>br</strong> />
(1.39) é aplicada ao raio incidente, temos:<<strong>br</strong> />
⎛ d ⎞<<strong>br</strong> />
⎛ y ⎞ ⎜ 1-<<strong>br</strong> />
d<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
⎟ ⎛ y1<<strong>br</strong> />
⎞<<strong>br</strong> />
⎜ ⎟ ⎜ f ⎟ ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />
⎟ = 1<<strong>br</strong> />
⎜ ⎜<<strong>br</strong> />
⎟ ⎜ ⎟<<strong>br</strong> />
⎜ ⎟ 1 d<<strong>br</strong> />
(1.41)<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎜ ⎟<<strong>br</strong> />
⎝ 0 ⎠ - 1 - ⎝u<<strong>br</strong> />
1 ⎠<<strong>br</strong> />
⎝ f f 2 ⎠<<strong>br</strong> />
de onde obtemos a distância do primeiro plano principal à lente f1:<<strong>br</strong> />
f<<strong>br</strong> />
d1<<strong>br</strong> />
d<<strong>br</strong> />
f ⎟<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎛ ⎞<<strong>br</strong> />
=<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
(1.42a)<<strong>br</strong> />
⎝ ⎠<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
2
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
Procedendo da mesma forma para o raio mostrado na Fig. 1.11(b),<<strong>br</strong> />
encontramos que a distância do segundo plano principal H’ à lente f2 é<<strong>br</strong> />
dada por:<<strong>br</strong> />
f<<strong>br</strong> />
d 2 d<<strong>br</strong> />
f ⎟<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎛ ⎞<<strong>br</strong> />
=<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
(1.421b)<<strong>br</strong> />
⎝ ⎠<<strong>br</strong> />
A eq. (1.33) de formação de imagens continua válida, mas s é a distância<<strong>br</strong> />
entre o objeto e o plano primário e s’ entre a imagem e o plano<<strong>br</strong> />
secundário.<<strong>br</strong> />
1.10 Focalização de um feixe gaussiano<<strong>br</strong> />
Ao incidirmos um feixe de luz colimada (s = ∞) so<strong>br</strong>e uma lente<<strong>br</strong> />
de distância focal f, sabemos que o feixe será focalizado no plano focal<<strong>br</strong> />
(s’= f). Uma pergunta que podemos fazer é so<strong>br</strong>e o diâmetro da mancha<<strong>br</strong> />
focal. De acordo com o que vimos com respeito à magnificação<<strong>br</strong> />
transversal, o tamanho desta mancha deveria ser nulo, pois s = ∞.<<strong>br</strong> />
Entretanto, um formalismo mais completo, que leva em conta a natureza<<strong>br</strong> />
ondulatória da luz e o perfil gaussiano do feixe, prediz que a mancha focal<<strong>br</strong> />
tem um raio da ordem de:<<strong>br</strong> />
2λ<<strong>br</strong> />
f<<strong>br</strong> />
w ~ (1.43)<<strong>br</strong> />
πD<<strong>br</strong> />
onde D é o diâmetro do feixe na lente, w é o raio da mancha focal,<<strong>br</strong> />
chamado de disco de Airy, e λ o comprimento de onda da luz. Este efeito<<strong>br</strong> />
está associado ao fenômeno de difração e aparece naturalmente da solução<<strong>br</strong> />
da equação de ondas eletromagnéticas em meios com simetria cilíndrica.<<strong>br</strong> />
Assim, quanto menor λ, mais focalizada será a luz. Este “detalhe” é muito<<strong>br</strong> />
importante para a fotolitografia, onde para se conseguir altíssima<<strong>br</strong> />
integração, deve-se utilizar luz ultra-violeta, geralmente conseguida<<strong>br</strong> />
através de um laser do tipo excimer.<<strong>br</strong> />
1.11 Ação focalizadora de uma lente fina<<strong>br</strong> />
Levando em conta a natureza ondulatória da luz, podemos explicar<<strong>br</strong> />
como se processa o efeito de focalização produzido por uma lente fina de<<strong>br</strong> />
índice de refração n. Consideremos uma onda colimada que se propaga<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
23
24<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
para a direita e incide so<strong>br</strong>e uma lente compreendida entre dois planos<<strong>br</strong> />
muito próximos como apresentado na Fig. 1.12. Esta onda “plana”, que se<<strong>br</strong> />
encontra discutida nos livros de óptica ondulatória, é caracterizada por<<strong>br</strong> />
uma fase espacial dada por φ = kz, onde z é direção de propagação e k =<<strong>br</strong> />
2π/λ. Ao atravessar a lente, haverá uma mudança de fase da onda, que<<strong>br</strong> />
depende da distância r, relativa ao centro da lente. Tal mudança é dada por<<strong>br</strong> />
Δφ = k0Δ(r), onde k0 é o vetor de propagação no vácuo e Δ(r) é o caminho<<strong>br</strong> />
óptico, definido como o produto do índice de refração pela distância<<strong>br</strong> />
percorrida pela luz. Com base na Fig. 1.12, e denominando de t a<<strong>br</strong> />
espessura da lente, encontramos que o caminho óptico entre os planos 1 e<<strong>br</strong> />
2 é dado por:<<strong>br</strong> />
Δ(r) = n0 (t1+t2) + n (t- t1-t2) = nt – (n-n0) (t1+t2) (1.44)<<strong>br</strong> />
onde n0 é o índice de refração do ar, que doravante tomaremos como<<strong>br</strong> />
unitário (n0 =1). As distâncias t1 e t2 entre a lente e os planos 1 e 2 podem<<strong>br</strong> />
ser calculadas através de argumentos geométricos, levando em conta que<<strong>br</strong> />
cada superfície da lente tem formato esférico. Assim, para a primeira<<strong>br</strong> />
superfície,<<strong>br</strong> />
r1 2 = x 2 + y 2 + z 2 = r 2 + (r1- t1) 2 (1.45)<<strong>br</strong> />
onde r =<<strong>br</strong> />
2 2<<strong>br</strong> />
x + y é a coordenada transversal a z. Desenvolvendo o<<strong>br</strong> />
quadrado e supondo que t1 é muito menor que r1 e r, obtemos:<<strong>br</strong> />
C2<<strong>br</strong> />
r2<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
t1<<strong>br</strong> />
t<<strong>br</strong> />
t2<<strong>br</strong> />
Fig. 1.12 – Geometria utilizada para o cálculo da mudança de fase de uma onda<<strong>br</strong> />
plana após a passagem por uma lente fina.<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
superfície<<strong>br</strong> />
equifase<<strong>br</strong> />
r1<<strong>br</strong> />
C1 F’
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
r<<strong>br</strong> />
t1 ≅ (1.46a)<<strong>br</strong> />
2r1<<strong>br</strong> />
Esta aproximação corresponde à aproximação <strong>paraxial</strong> que discutimos no<<strong>br</strong> />
início do capítulo. Procedendo de forma análoga para a superfície de raio<<strong>br</strong> />
r2, que tem sinal negativo por definição, temos:<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
r<<strong>br</strong> />
t 2 ≅ −<<strong>br</strong> />
(1.46b)<<strong>br</strong> />
2r2<<strong>br</strong> />
de forma que o caminho óptico é dado por:<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
( n −1)<<strong>br</strong> />
⎛ 1 1 ⎞ 2 r<<strong>br</strong> />
Δ ( r)<<strong>br</strong> />
= nt −<<strong>br</strong> />
r = nt −<<strong>br</strong> />
2 ⎜ −<<strong>br</strong> />
r1<<strong>br</strong> />
r ⎟<<strong>br</strong> />
(1.47)<<strong>br</strong> />
⎝ 2 ⎠ 2f<<strong>br</strong> />
onde a equação do fa<strong>br</strong>icante de lentes, eq. (1.18), foi utilizada nesta<<strong>br</strong> />
última passagem. Como conseqüência, a fase da onda so<strong>br</strong>e o plano 2 é:<<strong>br</strong> />
⎟ ⎛ 2 ⎞<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
r<<strong>br</strong> />
φ(<<strong>br</strong> />
r,<<strong>br</strong> />
z)<<strong>br</strong> />
= k 0 S(<<strong>br</strong> />
r,<<strong>br</strong> />
z)<<strong>br</strong> />
= k 0(<<strong>br</strong> />
z − t)<<strong>br</strong> />
+ k 0⎜<<strong>br</strong> />
nt −<<strong>br</strong> />
(1.48)<<strong>br</strong> />
⎝ 2f<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
onde no primeiro termo da direita subtraímos a quantidade k0t, que é a<<strong>br</strong> />
fase que a onda ganharia se não houvesse lente. S(r,z) é chamada de<<strong>br</strong> />
função eikonal. Tomando seu gradiente em coordenadas cilíndricas<<strong>br</strong> />
podemos encontrar o versor û, paralelo a k r , que define a direção de<<strong>br</strong> />
propagação da onda. Assim, temos:<<strong>br</strong> />
r<<strong>br</strong> />
k rˆ<<strong>br</strong> />
f<<strong>br</strong> />
ˆ<<strong>br</strong> />
∇S( r,<<strong>br</strong> />
z)<<strong>br</strong> />
= n 0û = û = −<<strong>br</strong> />
r<<strong>br</strong> />
(1.49)<<strong>br</strong> />
mostrando que a luz convergirá para o ponto focal F, pois tgθ = r/f. Em<<strong>br</strong> />
outras palavras, a ação da lente é a de produzir uma curvatura na frente de<<strong>br</strong> />
onda. A fase diminui radialmente so<strong>br</strong>e o plano 2 e para termos uma<<strong>br</strong> />
superfície equifase teremos que caminhar para a direita conforme r<<strong>br</strong> />
aumenta. Assim, o termo k0z compensa o decréscimo radial da fase.<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
25<<strong>br</strong> />
1.12 Lentes espessas<<strong>br</strong> />
Nesta seção vamos abordar alguns outros detalhes da lente<<strong>br</strong> />
espessa, da qual já conhecemos a distância focal traseira (BFL), dada pela
26<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
eq. (1.17). Queremos agora encontrar sua distância focal efetiva, f (EFL),<<strong>br</strong> />
utilizando para isso o formalismo empregado na seção 1.9. O traçado de<<strong>br</strong> />
raios neste caso é bastante similar ao que vimos na associação de duas<<strong>br</strong> />
lentes finas e está apresentado na Fig. 1.13, juntamente com os planos<<strong>br</strong> />
principais, que chamaremos de H e H’.<<strong>br</strong> />
F<<strong>br</strong> />
Fig. 1.13 - Formação de imagem por uma lente espessa e definição dos planos<<strong>br</strong> />
principais primário (H) e secundário (H’).<<strong>br</strong> />
De acordo com a Fig. 1.13, vemos que um raio partindo de F<<strong>br</strong> />
chega à superfície esquerda a uma altura y1, fazendo um ângulo u1 = y1/(fd1)<<strong>br</strong> />
com o eixo óptico, onde d1 é a distância do plano principal H à<<strong>br</strong> />
superfície esquerda da lente. O raio que sai da lente é caracterizado pelos<<strong>br</strong> />
parâmetros y2 = f u1 e u’2 = 0. Usando o formalismo matricial, onde a<<strong>br</strong> />
matriz da lente dada em (1.29) é aplicada ao raio incidente, chegamos a:<<strong>br</strong> />
⎛ t<<strong>br</strong> />
⎛ y ⎞ ⎜ 1−<<strong>br</strong> />
φ1<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟ = ⎜ n<<strong>br</strong> />
⎝ 0 ⎠ ⎜<<strong>br</strong> />
- ( φ1<<strong>br</strong> />
+ φ2<<strong>br</strong> />
- φ1φ<<strong>br</strong> />
⎝<<strong>br</strong> />
H H’<<strong>br</strong> />
d1<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
t<<strong>br</strong> />
)<<strong>br</strong> />
n<<strong>br</strong> />
Igualando as linhas das matrizes obtemos:<<strong>br</strong> />
t F’<<strong>br</strong> />
t<<strong>br</strong> />
n<<strong>br</strong> />
1−<<strong>br</strong> />
φ<<strong>br</strong> />
⎞<<strong>br</strong> />
⎟ ⎛ y<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎝u<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
d2<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
t<<strong>br</strong> />
n<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
⎞<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
(1.50)<<strong>br</strong> />
⎛ f ⎞ ⎛ t ⎞ t ⎛ y1<<strong>br</strong> />
⎞<<strong>br</strong> />
y 2 =<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟ y1<<strong>br</strong> />
= ⎜1<<strong>br</strong> />
− φ1<<strong>br</strong> />
⎟ y1<<strong>br</strong> />
+<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟ (1.51a)<<strong>br</strong> />
⎝ f − d1<<strong>br</strong> />
⎠ ⎝ n ⎠ n ⎝ f − d1<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
t ⎛ t ⎞ ⎛ y1<<strong>br</strong> />
⎞<<strong>br</strong> />
0 = -( φ1<<strong>br</strong> />
+ φ2<<strong>br</strong> />
- φ1φ2<<strong>br</strong> />
) y1<<strong>br</strong> />
+ ⎜1<<strong>br</strong> />
− φ2<<strong>br</strong> />
⎟ ⎜<<strong>br</strong> />
⎟ (1.51b)<<strong>br</strong> />
n ⎝ n ⎠ ⎝ f − d1<<strong>br</strong> />
⎠
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
Com um pouco de álge<strong>br</strong>a conseguimos encontrar os valores de f e d1, que<<strong>br</strong> />
são dados por:<<strong>br</strong> />
( n 1)<<strong>br</strong> />
t ⎞<<strong>br</strong> />
⎟ 1 ⎛ 1 1 −<<strong>br</strong> />
= ( n −1)<<strong>br</strong> />
⎜ − +<<strong>br</strong> />
f ⎝ r1<<strong>br</strong> />
r2<<strong>br</strong> />
nr1r<<strong>br</strong> />
que é a equação do fa<strong>br</strong>icante de lentes, e<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
( 1 n)<<strong>br</strong> />
/ nr2<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
27<<strong>br</strong> />
(1.52)<<strong>br</strong> />
d = f t −<<strong>br</strong> />
(1.53a)<<strong>br</strong> />
O cálculo das distâncias d2 é feito de maneira análoga, porém tomando o<<strong>br</strong> />
raio que sai de F’ e resulta em:<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
( n 1)<<strong>br</strong> />
/ nr1<<strong>br</strong> />
d = f t −<<strong>br</strong> />
(1. 53b)<<strong>br</strong> />
A eq. (1.33) continua válida desde que as distâncias do objeto (s)<<strong>br</strong> />
e da imagem (s’) sejam medidas em relação aos planos principais.<<strong>br</strong> />
1.13 Teorema de Lagrange<<strong>br</strong> />
Normalmente, além de sabermos a localização do plano de<<strong>br</strong> />
imagem que corresponde a um determinado plano de objeto, também<<strong>br</strong> />
queremos saber o tamanho da imagem, ou seja, a magnificação transversal<<strong>br</strong> />
do sistema. Se a altura de objeto é h, e altura de imagem é h’, a<<strong>br</strong> />
magnificação transversal, mT, é dada pela eq. (1.34). Uma maneira direta<<strong>br</strong> />
de se determinar a magnificação transversal é inicialmente localizando o<<strong>br</strong> />
plano da imagem <strong>paraxial</strong> pelo traçado de um raio axial (aquele que parte<<strong>br</strong> />
do centro do objeto e passa pela borda da lente). Posteriormente traçamos<<strong>br</strong> />
o raio principal (aquele que parte da borda do objeto de altura h e passa<<strong>br</strong> />
pelo centro da lente), determinamos sua interseção com o plano da<<strong>br</strong> />
imagem <strong>paraxial</strong>, pela qual podemos achar h’ e determinar a magnificação<<strong>br</strong> />
transversal.<<strong>br</strong> />
Uma maneira mais simples de calcular a ampliação transversal de<<strong>br</strong> />
uma imagem é usando o teorema de Lagrange, que necessita apenas dos<<strong>br</strong> />
dados de um raio axial. Para ver como isto funciona, vamos inicialmente<<strong>br</strong> />
considerar a superfície refratora simples mostrada na Fig. 1.14. Tomemos<<strong>br</strong> />
um par de pontos conjugados axiais, B e B’, cujas distâncias à superfície<<strong>br</strong> />
são l e l’, respectivamente. Coloquemos em B um objeto de altura h, do<<strong>br</strong> />
qual se desenha o raio principal partindo da borda e indo para o vértice da
28<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
superfície. Usando a lei de Snell na aproximação <strong>paraxial</strong> (nθ = n’θ’) e as<<strong>br</strong> />
relações θ = h/l e θ’ = h’/l’ obtemos:<<strong>br</strong> />
nh/l = n’h’/l’ (1.54)<<strong>br</strong> />
h<<strong>br</strong> />
B<<strong>br</strong> />
y<<strong>br</strong> />
u θ<<strong>br</strong> />
u'<<strong>br</strong> />
l<<strong>br</strong> />
n n'<<strong>br</strong> />
Fig. 1.14 – Figura usada para a demonstração do teorema de Lagrange.<<strong>br</strong> />
A seguir, tomamos o raio axial partindo do centro do objeto, para o qual y<<strong>br</strong> />
= lu = l’u’, ou seja, l = u/y e l’ = u’/y. Substituindo l e l’ na eq. (1.54) e<<strong>br</strong> />
cancelando y, ficamos com:<<strong>br</strong> />
nhu = n’h’u’ (1.55)<<strong>br</strong> />
Esta igualdade leva o nome de teorema de Lagrange e o produto<<strong>br</strong> />
nhu é conhecido como invariante de Lagrange, ou invariante óptico. O<<strong>br</strong> />
teorema de Lagrange é um dos princípios de invariância mais poderosos<<strong>br</strong> />
da óptica <strong>geométrica</strong>. Como este teorema se aplica ao objeto original e à<<strong>br</strong> />
imagem final, é claro que a magnificação da imagem é dada por:<<strong>br</strong> />
mT = h’/h = nu/n’u’ (1.56)<<strong>br</strong> />
A magnificação transversal é portanto igual à razão da inclinação<<strong>br</strong> />
óptica do raio axial no espaço do objeto pela inclinação óptica no espaço<<strong>br</strong> />
da imagem. Assim, a posição e a magnificação transversal de uma<<strong>br</strong> />
imagem é determinada apenas pelo raio axial. Além disso, como a<<strong>br</strong> />
magnificação só depende da inclinação do raio, não é necessário saber o<<strong>br</strong> />
local preciso da posição da imagem para saber seu tamanho.<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
l'<<strong>br</strong> />
θ’<<strong>br</strong> />
B’<<strong>br</strong> />
h'
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
29<<strong>br</strong> />
1.14 Equações da imagem<<strong>br</strong> />
O formalismo matricial pode ser aplicado para a análise da<<strong>br</strong> />
transformação de um objeto de altura h numa imagem de altura h’.<<strong>br</strong> />
Considere o caso onde as distâncias do objeto e da imagem são medidas<<strong>br</strong> />
com relação aos pontos principais, ao invés das superfícies inicial e final<<strong>br</strong> />
do sistema. A matriz de transferência unindo dois planos conjugados pode<<strong>br</strong> />
ser escrita como:<<strong>br</strong> />
⎟ ⎛ h'<<strong>br</strong> />
⎞ ⎛ mT<<strong>br</strong> />
0 ⎞ ⎛ h ⎞<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎟ = ⎜<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
(1.57)<<strong>br</strong> />
⎝n'<<strong>br</strong> />
u' ⎠ ⎝ - Φ 1/<<strong>br</strong> />
mT<<strong>br</strong> />
⎠ ⎝nu<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
onde mT é a magnificação transversal e Φ é o poder do sistema. A<<strong>br</strong> />
dedução desta matriz será deixada como exercício no final do capítulo. Os<<strong>br</strong> />
pontos principais, como discutido anteriormente, são pontos conjugados<<strong>br</strong> />
de magnificação transversal unitária. Assim, um raio que entra no<<strong>br</strong> />
primeiro plano principal será transferido para o segundo plano principal<<strong>br</strong> />
por uma matriz onde mT = +1. Isto resulta numa matriz de transferência<<strong>br</strong> />
entre os planos principais que é dada por:<<strong>br</strong> />
⎟ ⎛ 1 0 ⎞<<strong>br</strong> />
MPP ' = ⎜<<strong>br</strong> />
(1.58)<<strong>br</strong> />
⎝-<<strong>br</strong> />
Φ 1 ⎠<<strong>br</strong> />
Chamando de s a distância do objeto ao primeiro plano principal e<<strong>br</strong> />
de s’ a distância do segundo plano principal até a imagem, a matriz global<<strong>br</strong> />
é dada por:<<strong>br</strong> />
⎛ h'<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎝n'<<strong>br</strong> />
u'<<strong>br</strong> />
⎞ ⎛ 1<<strong>br</strong> />
⎟ = ⎜<<strong>br</strong> />
⎠ ⎝ 0<<strong>br</strong> />
s'/n'<<strong>br</strong> />
⎞ ⎛ 1<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
1 ⎠ ⎝ - Φ<<strong>br</strong> />
0<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
⎞ ⎛ 1<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎠ ⎝0<<strong>br</strong> />
Realizando a multiplicação indicada, obtemos:<<strong>br</strong> />
⎛ h'<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
⎝n'<<strong>br</strong> />
u'<<strong>br</strong> />
⎛<<strong>br</strong> />
⎞ ⎜<<strong>br</strong> />
⎟ = ⎜<<strong>br</strong> />
⎠ ⎜<<strong>br</strong> />
⎝<<strong>br</strong> />
1−<<strong>br</strong> />
Φ<<strong>br</strong> />
− Φ<<strong>br</strong> />
( s'/n')<<strong>br</strong> />
⎡ ss'<<strong>br</strong> />
⎤<<strong>br</strong> />
s/n + s'/n'−<<strong>br</strong> />
⎢ ⎥ Φ<<strong>br</strong> />
⎣nn'⎦<<strong>br</strong> />
1−<<strong>br</strong> />
Φ<<strong>br</strong> />
( s/n)<<strong>br</strong> />
s/n ⎞ ⎛ h<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎜<<strong>br</strong> />
1 ⎠ ⎝nu<<strong>br</strong> />
⎟ ⎞<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
⎞<<strong>br</strong> />
⎟ ⎛ h ⎞<<strong>br</strong> />
⎟ ⎜<<strong>br</strong> />
⎟<<strong>br</strong> />
⎟ ⎝nu<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
⎠<<strong>br</strong> />
(1.59)<<strong>br</strong> />
(1.60)<<strong>br</strong> />
A equação que determina a distância da imagem em termos da<<strong>br</strong> />
distância do objeto é achada zerando o elemento da matriz do canto<<strong>br</strong> />
superior direito, em concordância com a matriz dada na eq. (1.57):
30<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
⎡ ss'<<strong>br</strong> />
⎤<<strong>br</strong> />
s/n + s'/n'−<<strong>br</strong> />
⎢ Φ = 0<<strong>br</strong> />
nn'⎥<<strong>br</strong> />
(1.61)<<strong>br</strong> />
⎣ ⎦<<strong>br</strong> />
que ao ser dividido por (ss’)/(nn’) se torna:<<strong>br</strong> />
n / s + n'/s'=<<strong>br</strong> />
Φ = n / f = n'/f'<<strong>br</strong> />
(1.62)<<strong>br</strong> />
que corresponde à eq. (1.5). A magnificação transversal do sistema é<<strong>br</strong> />
determinada pelos elementos diagonais da matriz global:<<strong>br</strong> />
s'Φ<<strong>br</strong> />
ns'<<strong>br</strong> />
mT = 1−<<strong>br</strong> />
= −<<strong>br</strong> />
(1.63)<<strong>br</strong> />
n'<<strong>br</strong> />
n's<<strong>br</strong> />
1 sΦ<<strong>br</strong> />
n's<<strong>br</strong> />
= 1−<<strong>br</strong> />
= −<<strong>br</strong> />
(1.64)<<strong>br</strong> />
mT<<strong>br</strong> />
n ns'<<strong>br</strong> />
onde a eq. (1.62) foi utilizada. As fórmulas que relacionam o objeto e a<<strong>br</strong> />
imagem assumem uma forma simples (freqüentemente chamada de forma<<strong>br</strong> />
Gaussiana) quando as distâncias do objeto e da imagem são medidas em<<strong>br</strong> />
relação aos planos principais. Se o objeto e imagem estão ambos em ar, a<<strong>br</strong> />
equação da imagem Gaussiana reduz-se à eq. (1.33).<<strong>br</strong> />
1.15 Conceitos de radiometria<<strong>br</strong> />
Uma máquina fotográfica do tipo câmara escura, que possui um<<strong>br</strong> />
pequeno orifício circular de entrada (pinhole) é um sistema óptico<<strong>br</strong> />
perfeito. Se o orifício for suficientemente pequeno, a resolução será<<strong>br</strong> />
limitada apenas pela difração. Infelizmente, a imagem será bastante fraca.<<strong>br</strong> />
De acordo com a teoria da difração, a resolução angular é dada por:<<strong>br</strong> />
λ<<strong>br</strong> />
Δ θ ≈<<strong>br</strong> />
(1.65)<<strong>br</strong> />
d<<strong>br</strong> />
orifício<<strong>br</strong> />
onde dorifício é o diâmetro do orifício. Curiosamente, esta relação indica que<<strong>br</strong> />
quanto maior for o orifício, melhor a resolução. Mas isto só é verdade do<<strong>br</strong> />
ponto de vista da óptica ondulatória porque na óptica <strong>geométrica</strong>,<<strong>br</strong> />
conforme se aumenta o diâmetro do orifício, a resolução piora. Porém,<<strong>br</strong> />
podemos colocar uma lente logo atrás do orifício de entrada para mover o<<strong>br</strong> />
plano da imagem mais próximo deste. Desta forma, podemos fazer o<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong>
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
buraco tão grande quanto quisermos para aumentar a irradiância da<<strong>br</strong> />
imagem e ao mesmo tempo aumentar a resolução.<<strong>br</strong> />
Obviamente, a abertura de um sistema óptico é um de seus<<strong>br</strong> />
atributos mais importantes. O limite para o tamanho da abertura está<<strong>br</strong> />
ligado ao fato de que a qualidade de imagem se deteriorará se a abertura<<strong>br</strong> />
se tornar muito grande. A tarefa do desenhista óptico é equili<strong>br</strong>ar a<<strong>br</strong> />
complexidade do desenho com as exigências de uma abertura<<strong>br</strong> />
especificada.<<strong>br</strong> />
A determinação da quantidade de luz que atravessa um sistema<<strong>br</strong> />
óptico, como por exemplo, a câmara escura, é um assunto tratado pela<<strong>br</strong> />
radiometria. Embora este seja um campo extenso, nós só nos<<strong>br</strong> />
preocuparemos aqui com as leis fundamentais e relações <strong>geométrica</strong>s que<<strong>br</strong> />
são importantes para o desenho óptico. As condições fundamentais e<<strong>br</strong> />
conceitos usados na radiometria são geométricos por natureza. Quando é<<strong>br</strong> />
necessário aplicar estes conceitos geométricos a um sistema particular, o<<strong>br</strong> />
assunto é chamado fotometria se o sistema é visual, ou radiometria no<<strong>br</strong> />
caso geral. No que segue, vamos empregar um sistema de coordenadas<<strong>br</strong> />
esféricas, como mostrado na Fig. 1.15. Nele se vê um elemento<<strong>br</strong> />
diferencial de área dado por:<<strong>br</strong> />
x<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
31<<strong>br</strong> />
dA = r 2 senθ dθ dφ (1.66)<<strong>br</strong> />
z<<strong>br</strong> />
θ<<strong>br</strong> />
r sinθ dφ<<strong>br</strong> />
Fig. 1.15 – Definição de um elemento diferencial de área.<<strong>br</strong> />
O ângulo sólido dΩ subtendido por uma área A, vista da origem, é<<strong>br</strong> />
definido como a razão da área de uma superfície esférica, tangente à<<strong>br</strong> />
dφ<<strong>br</strong> />
y<<strong>br</strong> />
dA<<strong>br</strong> />
r dθ
32<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
extremidade da área A, pelo quadrado do raio da esfera. Assim, de acordo<<strong>br</strong> />
com a eq. (1.66), o elemento diferencial de ângulo sólido é:<<strong>br</strong> />
dA<<strong>br</strong> />
dΩ<<strong>br</strong> />
= = sen θ dθ<<strong>br</strong> />
dφ<<strong>br</strong> />
(1.67)<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
r<<strong>br</strong> />
Muitos problemas têm simetria azimutal e nestes casos, é<<strong>br</strong> />
conveniente considerar o elemento diferencial de ângulo sólido como um<<strong>br</strong> />
cone anular, como mostrado na Fig. 1.16. Se a superfície for circular e<<strong>br</strong> />
subtender um ângulo θ0 visto de P, então:<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
Ω = 2π∫<<strong>br</strong> />
senθ<<strong>br</strong> />
dθ<<strong>br</strong> />
= 2π(<<strong>br</strong> />
1−<<strong>br</strong> />
cosθ<<strong>br</strong> />
) = 4πsen<<strong>br</strong> />
θ<<strong>br</strong> />
0<<strong>br</strong> />
0 θ<<strong>br</strong> />
dA = 2πr 2 senθ dθ<<strong>br</strong> />
θ<<strong>br</strong> />
θ0<<strong>br</strong> />
dΩ = 2π senθ dθ<<strong>br</strong> />
r<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
0<<strong>br</strong> />
0<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
(1.68)<<strong>br</strong> />
Fig. 1.16 – Elemento diferencial de ângulo sólido para problemas com simetria<<strong>br</strong> />
azimutal.<<strong>br</strong> />
A radiometria usual está preocupada com a propagação e medida<<strong>br</strong> />
de radiação de fontes luminosas incoerentes. Para discutir luz de fontes<<strong>br</strong> />
incoerentes, apresentaremos a seguinte terminologia:<<strong>br</strong> />
1. A taxa com que a energia muda com o tempo é chamada de fluxo,<<strong>br</strong> />
denotado por Φ. Em unidades de MKS, a unidade de fluxo é o watt.<<strong>br</strong> />
2. A energia por unidade de área que incide numa superfície é chamada de<<strong>br</strong> />
fluência, ou dose, e é denotada por F. Em unidades de MKS, a unidade de<<strong>br</strong> />
fluência é joule/m 2 .<<strong>br</strong> />
3. O fluxo por unidade de área que incide numa superfície é chamado de<<strong>br</strong> />
irradiância e é denotado por E. Em unidades de MKS, a unidade de<<strong>br</strong> />
irradiância é watts/m 2 .<<strong>br</strong> />
y<<strong>br</strong> />
P<<strong>br</strong> />
x<<strong>br</strong> />
z
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
4. O fluxo total por unidade de ângulo sólido que vem de uma fonte<<strong>br</strong> />
pequena é chamado de intensidade, denotada por I. Supõe-se na definição<<strong>br</strong> />
de intensidade que o tamanho da fonte é pequeno comparado à distância<<strong>br</strong> />
ao ponto onde a intensidade é medida. Em unidades de MKS, a<<strong>br</strong> />
intensidade é medida em watts/sr. Uma fonte pontual uniforme é aquela<<strong>br</strong> />
que radia uniformemente em todas as direções. Para fonte deste tipo, a<<strong>br</strong> />
intensidade é:<<strong>br</strong> />
dΦ<<strong>br</strong> />
Φ<<strong>br</strong> />
I = =<<strong>br</strong> />
(1.69)<<strong>br</strong> />
dΩ<<strong>br</strong> />
4π<<strong>br</strong> />
5. Para discutirmos uma fonte extensa, precisamos de um termo para<<strong>br</strong> />
descrever a intensidade emitida por unidade de área da fonte. Esta<<strong>br</strong> />
quantidade é chamada de <strong>br</strong>ilho da fonte (radiância), definido como o<<strong>br</strong> />
fluxo emitido por unidade de ângulo sólido, por unidade de área projetada<<strong>br</strong> />
na direção de observação, e denotada por L.<<strong>br</strong> />
d Φ<<strong>br</strong> />
L =<<strong>br</strong> />
(1.70)<<strong>br</strong> />
dA cos θ dΩ<<strong>br</strong> />
Uma fonte que tem uma radiância independente da direção é<<strong>br</strong> />
chamada de fonte Lambertiana. Os corpos negros e a maioria das<<strong>br</strong> />
superfícies difusas se comportam aproximadamente como fontes<<strong>br</strong> />
Lambertianas. Pode se mostrar que a radiância se conserva ao longo de<<strong>br</strong> />
qualquer tubo de raios que se propagam por um sistema óptico. Considere<<strong>br</strong> />
uma interface separando dois meios de índice de refração n e n’, como<<strong>br</strong> />
mostrado na Fig. 1.17.<<strong>br</strong> />
dΩ’<<strong>br</strong> />
n<<strong>br</strong> />
θ'<<strong>br</strong> />
Fig. 1.17 – Superfície de separação entre dois meios.<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
θ<<strong>br</strong> />
n'<<strong>br</strong> />
dΑ<<strong>br</strong> />
dΩ<<strong>br</strong> />
33
34<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
Chamemos de dA uma área infinitesimal na interface. O fluxo em<<strong>br</strong> />
dA do tubo de raios contido dentro do ângulo sólido dΩ é:<<strong>br</strong> />
d 2<<strong>br</strong> />
Φ<<strong>br</strong> />
= L cos θ dΩ<<strong>br</strong> />
(1.71)<<strong>br</strong> />
dA<<strong>br</strong> />
Este fluxo será transmitido para o segundo meio onde a radiância será:<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
d Φ<<strong>br</strong> />
L'=<<strong>br</strong> />
(1.72)<<strong>br</strong> />
dA cos θ'<<strong>br</strong> />
dΩ'<<strong>br</strong> />
A radiância ao longo do tubo de raios no segundo meio está<<strong>br</strong> />
relacionada com a do primeiro meio por:<<strong>br</strong> />
cosθ<<strong>br</strong> />
dΩ<<strong>br</strong> />
cosθ<<strong>br</strong> />
sen θ dθ<<strong>br</strong> />
dφ<<strong>br</strong> />
L'=<<strong>br</strong> />
L = L<<strong>br</strong> />
(1.73)<<strong>br</strong> />
cosθ'<<strong>br</strong> />
dΩ'<<strong>br</strong> />
cosθ'<<strong>br</strong> />
sen θ'<<strong>br</strong> />
dθ'<<strong>br</strong> />
dφ'<<strong>br</strong> />
onde a eq. (1.67) foi empregada. Como os raios incidente e refratado são<<strong>br</strong> />
co-planares, temos: dφ = dφ’. Tomando a diferencial da lei de Snell,<<strong>br</strong> />
nsenθ = n’senθ’, temos: n cosθ dθ = n’cosθ’ dθ’, que substituído na eq.<<strong>br</strong> />
(1.73) resulta em:<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
n'<<strong>br</strong> />
L'<<strong>br</strong> />
L<<strong>br</strong> />
L '=<<strong>br</strong> />
L<<strong>br</strong> />
⎛ ⎞<<strong>br</strong> />
⎜ ⎟ ⇒ =<<strong>br</strong> />
(1.74)<<strong>br</strong> />
2 2<<strong>br</strong> />
⎝ n ⎠ n'<<strong>br</strong> />
n<<strong>br</strong> />
de forma que a radiância, dividida pelo quadrado do índice de refração, se<<strong>br</strong> />
conserva ao longo de um tubo de raios. Este resultado é chamado de<<strong>br</strong> />
Teorema da Conservação da Radiância. Ele implica que é impossível<<strong>br</strong> />
aumentar o <strong>br</strong>ilho de uma fonte incoerente usando um sistema óptico<<strong>br</strong> />
passivo tal como uma lente. Ao formar uma imagem, uma lente pode<<strong>br</strong> />
apenas aumentar o ângulo sólido aparente de uma fonte, não a sua<<strong>br</strong> />
radiância.<<strong>br</strong> />
Consideremos agora a irradiância so<strong>br</strong>e um pequeno objeto plano<<strong>br</strong> />
produzida por uma fonte circular plana tendo uma radiância uniforme L e<<strong>br</strong> />
subtendendo um ângulo θ0, como mostra a Fig. 1.18.<<strong>br</strong> />
d Φ<<strong>br</strong> />
Da definição de radiância, = L cos θ dΩ<<strong>br</strong> />
dA<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
, dada pela eq. (1.71), temos<<strong>br</strong> />
que a irradiância é dada por:<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong>
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
θ<<strong>br</strong> />
0<<strong>br</strong> />
dΦ<<strong>br</strong> />
E = = 2πL<<strong>br</strong> />
sen θ cos θdθ<<strong>br</strong> />
= πLsen<<strong>br</strong> />
dA ∫<<strong>br</strong> />
0<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
θ<<strong>br</strong> />
0<<strong>br</strong> />
35<<strong>br</strong> />
(1.75)<<strong>br</strong> />
A quantidade π sen 2 θ0 é às vezes chamada de ângulo sólido projetado Ωp<<strong>br</strong> />
subtendido pela fonte. Assim, E = L Ωp. Este resultado é a equação básica<<strong>br</strong> />
para o cálculo da irradiância em uma superfície. Estabelece que a<<strong>br</strong> />
irradiância é igual à radiância da fonte multiplicada pelo ângulo sólido<<strong>br</strong> />
projetado subtendido pela fonte, visto da superfície. Assim, para calcular a<<strong>br</strong> />
irradiância, imaginamos que estamos so<strong>br</strong>e a superfície e olhamos para a<<strong>br</strong> />
fonte para determinar o ângulo sólido subtendido por ela.<<strong>br</strong> />
Fig. 1.18 – Irradiância so<strong>br</strong>e um pequeno objeto plano produzida por uma fonte<<strong>br</strong> />
circular plana.<<strong>br</strong> />
As quantidades que são usadas para descrever a convergência de<<strong>br</strong> />
raios de luz são a abertura numérica, a<strong>br</strong>eviada como NA, e o “f–number”,<<strong>br</strong> />
ou abertura relativa, a<strong>br</strong>eviado como FNB. A abertura numérica é definida<<strong>br</strong> />
como:<<strong>br</strong> />
NA = n sen θ0 (1.76)<<strong>br</strong> />
onde n é o índice de refração. O “f–number” é definido por:<<strong>br</strong> />
Usando estas definições na eq. (1.75), encontramos:<<strong>br</strong> />
θ<<strong>br</strong> />
θ0<<strong>br</strong> />
dΩp = 2π senθ cosθ dθ<<strong>br</strong> />
Ωp = π sen 2 θ0<<strong>br</strong> />
y<<strong>br</strong> />
dΑ<<strong>br</strong> />
x<<strong>br</strong> />
z<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
FNB = (1.77)<<strong>br</strong> />
2 NA
36<<strong>br</strong> />
( NA)<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
( ) 2 2<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
πL<<strong>br</strong> />
πL<<strong>br</strong> />
E = =<<strong>br</strong> />
(1.78)<<strong>br</strong> />
n 4n<<strong>br</strong> />
FNB<<strong>br</strong> />
Para um sistema não uniforme ou fora de eixo, a integração da eq.<<strong>br</strong> />
(1.75) deve ser feita numericamente. Entretanto, há um caso fora do eixo<<strong>br</strong> />
simples de se considerar, que corresponde à situação em que a fonte é<<strong>br</strong> />
pequena, como indica a Fig. 1.19.<<strong>br</strong> />
fonte de<<strong>br</strong> />
área As<<strong>br</strong> />
Ωp = As cosθ/r 2<<strong>br</strong> />
Fig. 1.19 – Sistema fora de eixo usado para mostrar a lei cos 4 .<<strong>br</strong> />
Nesta situação, o ângulo sólido projetado Ωp da fonte varia com cos 3 θ,<<strong>br</strong> />
porque a área projetada da fonte, vista do alvo, diminui como cosθ, e a<<strong>br</strong> />
distância r da fonte para a imagem é inversamente proporcional a cos 2 θ.<<strong>br</strong> />
Além disso, a área projetada do alvo diminui com cosθ, de forma que a<<strong>br</strong> />
irradiância global so<strong>br</strong>e o alvo se torna:<<strong>br</strong> />
E = E0 cos 4 θ (1.79)<<strong>br</strong> />
Esta é a lei chamada de cos 4 . Entretanto, muitos sistemas ópticos usados<<strong>br</strong> />
fora de eixo, não obedecem à lei do cos 4 por sofrerem de restrição angular<<strong>br</strong> />
(vignetting), que é um termo referente à redução da abertura total de um<<strong>br</strong> />
sistema causada pela separação axial de duas aberturas. Um exemplo<<strong>br</strong> />
simples de restrição angular é o de um tubo curto visto de um ângulo<<strong>br</strong> />
oblíquo, como mostrado na Fig. 1.20. A abertura do tipo olho é típica da<<strong>br</strong> />
restrição angular de uma lente. É claro que numa lente, a abertura de cada<<strong>br</strong> />
elemento é modificada pelas lentes existentes entre ela e o observador,<<strong>br</strong> />
freqüentemente com aumento diferente.<<strong>br</strong> />
Embora a restrição angular possa ser indesejável do ponto de vista<<strong>br</strong> />
radiométrico, ele é freqüentemente útil para o projetista controlar raios<<strong>br</strong> />
aberrantes que passam perto das extremidades das lentes. Algumas lentes,<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
r<<strong>br</strong> />
z<<strong>br</strong> />
θ<<strong>br</strong> />
alvo
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
como o tripleto de Cooke, dependem de restrição angular para produzir<<strong>br</strong> />
desempenho satisfatório.<<strong>br</strong> />
Uma estimativa geral da restrição angular pode ser obtida dos<<strong>br</strong> />
dados de um raio <strong>paraxial</strong>. Se um raio principal é traçado através de um<<strong>br</strong> />
sistema, partindo de um ponto fora do eixo, então se o sistema não tem<<strong>br</strong> />
nenhuma restrição angular, o raio de abertura de cada lente deve ser pelo<<strong>br</strong> />
menos tão grande quanto as somas dos valores absolutos das alturas dos<<strong>br</strong> />
raios axial e principal na lente. Os programas computacionais usam este<<strong>br</strong> />
fato para computar os raios de abertura iniciais das lentes, no caso em que<<strong>br</strong> />
nenhum valor é especificado.<<strong>br</strong> />
Fig. 1.20 – Tubo curto visto de um ângulo oblíquo.<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
37<<strong>br</strong> />
1.16 Aberturas e pupilas<<strong>br</strong> />
O tamanho finito de uma lente faz com que ela colete apenas uma<<strong>br</strong> />
fração da energia emitida por uma fonte pontual. A limitação física<<strong>br</strong> />
imposta pela borda da lente determina quais raios entram no sistema para<<strong>br</strong> />
formar uma imagem. Desta forma, o diâmetro desobstruído de uma lente<<strong>br</strong> />
funciona como uma abertura pela qual a energia flui. Qualquer elemento<<strong>br</strong> />
físico que limita a quantidade de luz atingindo o plano da imagem, seja ele<<strong>br</strong> />
a borda da lente ou uma íris como a mostrada na Fig. 1.21, é chamado de<<strong>br</strong> />
bloqueio com abertura (aperture stop) ou simplesmente abertura. Nos<<strong>br</strong> />
programas de desenho óptico a abertura é representada pelo anagrama AS<<strong>br</strong> />
(ou AST).<<strong>br</strong> />
Um outro conceito bastante útil para se determinar quais raios<<strong>br</strong> />
conseguirão percorrer um sistema óptico completo, é o da pupila. A pupila<<strong>br</strong> />
de entrada de um sistema é a imagem da abertura vista de um ponto axial<<strong>br</strong> />
do objeto através dos elementos que procedem a abertura. Se não houver
38<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
nenhuma lente entre o objeto e a abertura, esta será a própria pupila de<<strong>br</strong> />
entrada.<<strong>br</strong> />
Para ilustrar a idéia de pupila de entrada, vamos considerar uma<<strong>br</strong> />
abertura colocada depois da lente, como mostra a Fig. 1.21(a). Como a<<strong>br</strong> />
abertura está colocada depois da lente, sua imagem será virtual e<<strong>br</strong> />
aumentada. Ela pode ser encontrada da forma usual, analisando-se os raios<<strong>br</strong> />
provenientes da borda da abertura (raios tracejados).<<strong>br</strong> />
objeto<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
raio principal<<strong>br</strong> />
abertura<<strong>br</strong> />
pupila de entrada<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
objeto<<strong>br</strong> />
pupila de saida<<strong>br</strong> />
(a) (b)<<strong>br</strong> />
raio principal<<strong>br</strong> />
abertura<<strong>br</strong> />
Fig. 1.21 – Definições de pupila de entrada (a) e pupila de saída (b).<<strong>br</strong> />
A pupila de saída, por sua vez, é a imagem da abertura vista do<<strong>br</strong> />
ponto axial contido no plano da imagem através de lentes (posicionadas<<strong>br</strong> />
entre a abertura e o plano da imagem). Na Fig. 1.21(a) não existe<<strong>br</strong> />
nenhuma lente entre a abertura e o plano da imagem de forma que a<<strong>br</strong> />
abertura é a própria pupila de saída. Já na Fig. 1.21(b) vemos a situação<<strong>br</strong> />
em que a íris está colocada antes da lente e assim, a pupila de saída não<<strong>br</strong> />
coincide com a abertura. É conveniente notar que as posições das pupilas<<strong>br</strong> />
de entrada e saída dependem da posição do objeto.<<strong>br</strong> />
Nos dois esquemas da Fig. 1.21 foi incluído um raio chamado de<<strong>br</strong> />
raio principal. Ele é definido como um raio qualquer vindo do objeto de<<strong>br</strong> />
um ponto fora do eixo e passando pelo centro da abertura. O raio principal<<strong>br</strong> />
entra no sistema óptico ao longo de uma linha passando pelo ponto central<<strong>br</strong> />
da pupila de entrada e deixa o sistema ao longo de uma linha passando<<strong>br</strong> />
pelo centro da pupila de saída. Se o objeto estiver apenas um pouco fora<<strong>br</strong> />
do eixo, o raio principal se comporta como o raio central do cone de raios<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong>
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
vindo de um ponto do objeto. Se o objeto estiver muito fora do eixo, a<<strong>br</strong> />
extremidade da lente limitará um lado do feixe e a abertura limitará o<<strong>br</strong> />
outro lado. Teremos então uma pupila com restrição angular, e neste caso,<<strong>br</strong> />
o raio principal geralmente não é o raio central de um feixe de raios fora<<strong>br</strong> />
de eixo. Os raios principais são de grande importância quando se deseja<<strong>br</strong> />
corrigir as aberrações no desenho de um sistema óptico.<<strong>br</strong> />
Nos textos mais antigos de desenho óptico, o termo bloqueio de<<strong>br</strong> />
campo é usado para descrever uma superfície que limita o campo de visão<<strong>br</strong> />
de um sistema e as janelas de entrada e de saída são definidas como a<<strong>br</strong> />
imagem do bloqueio nos espaços objeto e imagem. Bloqueios de campo<<strong>br</strong> />
são comumente encontrados em sistemas de acomodamento visual que<<strong>br</strong> />
incluem retículos e em sistemas para o infravermelho, onde são usados<<strong>br</strong> />
anteparos internos para diminuir a luz espalhada. Porém, o conceito não é<<strong>br</strong> />
útil em muitos sistemas onde não há nenhuma superfície dentro do<<strong>br</strong> />
sistema que serve como bloqueio de campo. Então, o campo de visão é<<strong>br</strong> />
limitado pela extremidade do objeto, pela extremidade da imagem, ou<<strong>br</strong> />
alguma condição de restrição angular que acontece dentro da lente.<<strong>br</strong> />
As pupilas de entrada e saída servem para definir a abertura<<strong>br</strong> />
efetiva de um sistema simples cujo comportamento é adequadamente<<strong>br</strong> />
caracterizado pela óptica <strong>paraxial</strong>. Note que sistemas contendo elementos<<strong>br</strong> />
inclinados ou descentralizados não podem ser tratados pela óptica<<strong>br</strong> />
<strong>paraxial</strong>. Até mesmo na aproximação <strong>paraxial</strong>, complicações ocorrem em<<strong>br</strong> />
sistemas nos quais uma única superfície não serve como abertura. Por<<strong>br</strong> />
exemplo, num sistema contendo lentes cilíndricas, a superfície que limita<<strong>br</strong> />
a raio yz pode ser diferente da que limita o raio xz. A pupila efetiva fora<<strong>br</strong> />
de eixo é freqüentemente determinada por uma abertura para a parte<<strong>br</strong> />
inferior do raio e uma diferente para a parte superior do raio.<<strong>br</strong> />
Em sistemas reais, é freqüentemente necessário considerar as<<strong>br</strong> />
aberrações da pupila. Por exemplo, em sistemas de grande abertura<<strong>br</strong> />
angular, as aberrações muitas vezes distorcem e movem demasiadamente<<strong>br</strong> />
a pupila real e aqueles raios direcionados para a pupila <strong>paraxial</strong> podem<<strong>br</strong> />
nem mesmo passar pelo sistema. A pupila real pode parecer rodar na<<strong>br</strong> />
direção do observador e crescer em tamanho conforme o ângulo de campo<<strong>br</strong> />
aumenta.<<strong>br</strong> />
A quantidade de luz que atravessa um sistema real depende das<<strong>br</strong> />
aberturas físicas realmente presentes e não da especificação arbitrária da<<strong>br</strong> />
abertura <strong>paraxial</strong> e do campo visual. Ao mesmo tempo, as aberturas<<strong>br</strong> />
preditas pelo traçado dos raios paraxiais podem prover uma indicação<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
39
40<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
aproximada das aberturas necessárias para muitos sistemas que não têm<<strong>br</strong> />
nenhuma restrição angular. O termo abertura é usado, num sentido geral,<<strong>br</strong> />
para descrever as características que limitam a extensão uma superfície<<strong>br</strong> />
óptica. Consideraremos na presente discussão que as aberturas são<<strong>br</strong> />
circulares e definidas pelas extremidades das superfícies ópticas.<<strong>br</strong> />
O raio exigido para a abertura na qual passa um feixe que se<<strong>br</strong> />
propaga ao longo do eixo óptico é igual à altura do raio axial na lente. Se<<strong>br</strong> />
o feixe vier de um ponto fora do eixo, o raio da abertura deve ser a soma<<strong>br</strong> />
das alturas dos raios axial e principal. As aberturas paraxiais podem diferir<<strong>br</strong> />
em cada superfície de uma lente. Numa lente real, as extremidades são em<<strong>br</strong> />
geral, paralelas ao eixo óptico. Nos desenhos, o raio de uma lente é<<strong>br</strong> />
tomado como sendo igual à maior das duas aberturas. Uma linha<<strong>br</strong> />
perpendicular ao eixo é desenhada entre a abertura menor e a maior. Isto<<strong>br</strong> />
leva aos elementos como os que aparecem na Fig. 1.22. Nela, a segunda<<strong>br</strong> />
lente é impossível de se fa<strong>br</strong>icar usando técnicas tradicionais de lapidação<<strong>br</strong> />
e polimento, mas pode ser feita por moldagem ou por outros métodos<<strong>br</strong> />
modernos, como o torneamento com ferramenta de diamante. A terceira<<strong>br</strong> />
lente tem uma região plana que é usada comumente para reduzir o peso de<<strong>br</strong> />
elementos negativos espessos.<<strong>br</strong> />
Fig. 1.22 – Aberturas em diferentes tipos de lentes.<<strong>br</strong> />
A Fig. 1.23 mostra o modo que os programas de desenho óptico<<strong>br</strong> />
atribuem aberturas ao tripleto de Cooke. Cada superfície <strong>paraxial</strong> é<<strong>br</strong> />
mostrada como uma linha reta, com comprimento igual a duas vezes o<<strong>br</strong> />
raio da abertura <strong>paraxial</strong>, e as superfícies reais são mostradas como linhas<<strong>br</strong> />
curvas. As trajetórias mostradas são para raios reais. Os locais das pupilas,<<strong>br</strong> />
mas não seus tamanhos, são mostrados através de pontos.<<strong>br</strong> />
Olhando para a figura, podemos ver quais raios são responsáveis<<strong>br</strong> />
pelas aberturas, como também as diferenças entre as aberturas paraxiais e<<strong>br</strong> />
as aberturas reais necessárias para passar os feixes. O raio mais baixo<<strong>br</strong> />
define a abertura antes do bloqueio e o raio superior, a abertura depois do<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong>
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
bloqueio, uma condição comum, mas não necessária. O raio principal real<<strong>br</strong> />
perde o centro da pupila de entrada <strong>paraxial</strong> por pouco, indicando alguma<<strong>br</strong> />
aberração da pupila. O raio da borda superior perde as aberturas paraxiais<<strong>br</strong> />
das duas últimas superfícies por uma quantia significante, mostrando que<<strong>br</strong> />
esta lente deve ser feita maior que o valor esperado para passar<<strong>br</strong> />
completamente o feixe real da extremidade do campo.<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
raio principal<<strong>br</strong> />
Fig. 1.23 – Aberturas do tripleto de Cooke.<<strong>br</strong> />
1.17 Alguns exemplos de sistemas ópticos<<strong>br</strong> />
O projeto de sistemas ópticos é um assunto muito extenso para ser<<strong>br</strong> />
tratado em detalhes aqui. Porém, é importante entender alguns princípios<<strong>br</strong> />
fundamentais, particularmente aqueles relacionados às trajetórias dos raios<<strong>br</strong> />
axial e principal, e por isso vamos discutir alguns sistemas que são de uso<<strong>br</strong> />
comum.<<strong>br</strong> />
a) Lente fina<<strong>br</strong> />
pupila de saida pupila de entrada<<strong>br</strong> />
1 2<<strong>br</strong> />
5 6<<strong>br</strong> />
3 4<<strong>br</strong> />
abertura<<strong>br</strong> />
Uma lente fina é aquela que possui espessura nula. Obviamente,<<strong>br</strong> />
este tipo de lente não existe de fato, mas os efeitos das espessuras de uma<<strong>br</strong> />
lente são em geral desprezíveis e sua eliminação simplifica bastante as<<strong>br</strong> />
equações ópticas. Lentes finas são freqüentemente desenhadas como setas<<strong>br</strong> />
duplas apontando para fora se a lente for positiva, ou apontando para<<strong>br</strong> />
dentro se a lente for negativa, como esquematizado na Fig. 1.24.<<strong>br</strong> />
Para uma única lente fina, a abertura é a própria lente, de forma<<strong>br</strong> />
que o raio axial é aquele que vem do vértice do objeto e atravessa a<<strong>br</strong> />
extremidade da lente, enquanto que o raio principal vem da extremidade<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
41
42<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
do campo de visão e atravessa o centro da lente. Sistemas complexos de<<strong>br</strong> />
lentes finas podem conter várias lentes, de forma que a imagem da<<strong>br</strong> />
abertura produzida pelo conjunto de lentes deve ser achada para se<<strong>br</strong> />
determinar os locais das pupilas, antes de se determinar as trajetórias dos<<strong>br</strong> />
raios axial e principal.<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
b) Objetiva fotográfica<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
raio principal raio principal<<strong>br</strong> />
(a) (b)<<strong>br</strong> />
Fig. 1.24 – Lentes finas (a) positiva e (b) negativa.<<strong>br</strong> />
A objetiva fotográfica é um sistema que inclui um número enorme<<strong>br</strong> />
de exemplos, indo desde lentes relativamente simples como o tripleto de<<strong>br</strong> />
Cooke, até sistemas de foto-litografia muito complexos, contendo dezenas<<strong>br</strong> />
de elementos. Uma característica importante de uma objetiva fotográfica é<<strong>br</strong> />
que ela realiza um mapeamento do tipo tgθ. Isto significa que a altura de<<strong>br</strong> />
imagem é proporcional à tangente do ângulo do raio principal, de forma<<strong>br</strong> />
que a imagem terá a mesma forma que o objeto. A diferença entre o<<strong>br</strong> />
mapeamento real e o produzido pela tgθ é chamada de distorção.<<strong>br</strong> />
Um exemplo de uma lente fotográfica típica é a objetiva dupla de<<strong>br</strong> />
Gauss, mostrada na Fig. 1.25, que é o tipo mais comum de lente de alta<<strong>br</strong> />
velocidade usada em máquinas fotográficas com comprimento focal de 35<<strong>br</strong> />
mm, operando tipicamente a uma velocidade de cerca de f/2.<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
raio principal<<strong>br</strong> />
Fig. 1.25 – Objetiva dupla de Gauss.<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong>
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
Como outras lentes, ela funciona compensando as aberrações<<strong>br</strong> />
introduzidas pelas superfícies positivas e negativas. A objetiva dupla de<<strong>br</strong> />
Gauss é aproximadamente simétrica, com a abertura colocada entre os<<strong>br</strong> />
dois elementos negativos centrais. As trajetórias dos raios axial e principal<<strong>br</strong> />
são importantes para a compensação das aberrações. Numa primeira<<strong>br</strong> />
aproximação, o raio axial passa pela extremidade do sistema completo e o<<strong>br</strong> />
raio principal pelo seu centro.<<strong>br</strong> />
A razão entre as alturas do raio principal e do raio axial numa<<strong>br</strong> />
dada superfície é um indicador da eficácia desta superfície em controlar as<<strong>br</strong> />
aberrações fora de eixo. Se o poder positivo de uma lente estiver mais<<strong>br</strong> />
concentrado na parte dianteira do que a parte traseira da lente, os pontos<<strong>br</strong> />
principais estarão deslocados para frente e a lente se torna uma lente de<<strong>br</strong> />
telefoto, para a qual o comprimento focal efetivo é maior que a distância<<strong>br</strong> />
do centro da lente ao seu foco, como mostrado na Fig. 1.26.<<strong>br</strong> />
segundo ponto<<strong>br</strong> />
principal<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
raio principal<<strong>br</strong> />
Fig. 1.26 – Objetiva de telefoto.<<strong>br</strong> />
Por outro lado, se o poder positivo estiver concentrado na parte<<strong>br</strong> />
traseira da lente, o comprimento focal será menor que a distância do<<strong>br</strong> />
centro ao foco da lente e esta será chamada de lente retrofocal. Um<<strong>br</strong> />
exemplo deste tipo de objetiva está mostrado na Fig. 1.27.<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
raio principal<<strong>br</strong> />
Fig. 1.27 – Objetiva retrofocal.<<strong>br</strong> />
segundo<<strong>br</strong> />
ponto<<strong>br</strong> />
principal<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
43
44<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
Muitas objetivas fotográficas são lentes com zoom, onde o<<strong>br</strong> />
comprimento focal é variado pelo movimento de um ou mais grupos de<<strong>br</strong> />
elementos dentro da lente, como mostrado na Fig. 1.28. Em (a), o grupo<<strong>br</strong> />
zoom central de quatro elementos é movido para a parte de trás da lente,<<strong>br</strong> />
concentrando o poder na parte traseira e fazendo a lente se comportar<<strong>br</strong> />
como um desenho retrofocal. Em (b), o grupo zoom é movido para frente,<<strong>br</strong> />
mudando o poder da lente para frente, fazendo com que ela se comporte<<strong>br</strong> />
como uma objetiva telefoto. Note que tanto a posição interna do grupo<<strong>br</strong> />
zoom e o comprimento focal traseiro são mudados conforme a lente é<<strong>br</strong> />
ajustada. Como desenhado, a altura de imagem é variável, mas em uso<<strong>br</strong> />
seria mais comum a fixar a altura da imagem e variar o campo de visão.<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
raio principal<<strong>br</strong> />
grupo zoom<<strong>br</strong> />
segundo<<strong>br</strong> />
ponto<<strong>br</strong> />
principal<<strong>br</strong> />
grupo zoom<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
Fig. 1.28 – Objetivas com zoom.<<strong>br</strong> />
segundo<<strong>br</strong> />
ponto<<strong>br</strong> />
principal<<strong>br</strong> />
raio principal<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
(a)<<strong>br</strong> />
(b)
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
c) Olho humano<<strong>br</strong> />
O olho humano é uma parte importante de qualquer sistema visual<<strong>br</strong> />
global. Nele, a refração de luz acontece principalmente na superfície<<strong>br</strong> />
exterior, chamada de córnea. A imagem é formada no fundo do olho, num<<strong>br</strong> />
conjunto de detectores de luz do tipo cones e bastonetes que compõem a<<strong>br</strong> />
retina. A porção da retina que tem a acuidade mais alta está localizada na<<strong>br</strong> />
região central é chamada de fóvea, enquanto que a região mais afastada do<<strong>br</strong> />
centro é responsável pela visão periférica. O olho pode girar de forma a<<strong>br</strong> />
trazer a imagem do ponto de interesse visual para a região foveal e devido<<strong>br</strong> />
a isto, os raios axial e principal não são precisamente definidos. Como<<strong>br</strong> />
mostra a Fig. 1.29, raio axial é o raio que parte do vértice do objeto e<<strong>br</strong> />
passa pela borda da pupila de entrada do olho, que é a imagem da íris<<strong>br</strong> />
formada pela córnea.<<strong>br</strong> />
Fig. 1.29 – O olho humano.<<strong>br</strong> />
O raio principal é às vezes tomado como um raio do campo de<<strong>br</strong> />
visão que passa pelo centro de rotação do olho, pois o olho girará<<strong>br</strong> />
automaticamente para ver uma imagem fora de eixo. Ao se desenhar<<strong>br</strong> />
qualquer instrumento visual deve-se tomar cuidado para assegurar que a<<strong>br</strong> />
pupila é suficientemente grande para acomodar o movimento da íris que<<strong>br</strong> />
ocorre quando o olho gira.<<strong>br</strong> />
d) Lupa<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
raio principal<<strong>br</strong> />
córnea<<strong>br</strong> />
retina<<strong>br</strong> />
fóvea<<strong>br</strong> />
Uma lupa simples é uma lente que é usada para estender o<<strong>br</strong> />
intervalo de acomodação do olho e permitir a visão de objetos pequenos.<<strong>br</strong> />
A distância mais próxima que olho humano consegue formar uma imagem<<strong>br</strong> />
varia desde aproximadamente 10 cm para crianças até vários metros para<<strong>br</strong> />
pessoas com idade superior a 60 anos; um valor de 25 cm é usado como<<strong>br</strong> />
referência para computar o poder de uma lupa. Assim, uma lupa com<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
45
46<<strong>br</strong> />
objeto<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
raio principal<<strong>br</strong> />
Fig. 1.30 – O olho humano com lupa.<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
comprimento focal de 25 mm produz um aumento de 10x. A Fig. 1.30<<strong>br</strong> />
mostra o uso típico de uma lupa. Como mostrado, o raio axial emerge<<strong>br</strong> />
paralelo ao eixo, indicando que o ponto focal está no infinito. Tal sistema<<strong>br</strong> />
é às vezes denominado de afocal no lado da imagem. Em uso real, o<<strong>br</strong> />
usuário ajusta a distância para ter o máximo conforto visual, mantendo o<<strong>br</strong> />
objeto normalmente em foco.<<strong>br</strong> />
e) Telescópio<<strong>br</strong> />
O telescópio inversor, ou Kleperiano, faz parte de uma família de<<strong>br</strong> />
sistemas ópticos conhecidos como lupas compostas. Tais sistemas<<strong>br</strong> />
incluem uma objetiva que forma uma imagem aérea e uma ocular que<<strong>br</strong> />
serve como uma lupa para ver a imagem, como esquematizado na Fig.<<strong>br</strong> />
1.31. A objetiva serve como a abertura de entrada. A pupila de entrada<<strong>br</strong> />
fica assim situada no plano da objetiva e a pupila de saída fica situada no<<strong>br</strong> />
plano onde a objetiva tem sua imagem formada pela ocular. O olho do<<strong>br</strong> />
observador deve ser colocado na pupila de saída do instrumento, de forma<<strong>br</strong> />
que o campo inteiro pode ser visto sem restrição angular. A distância entre<<strong>br</strong> />
a superfície traseira da ocular e o plano da pupila de saída é chamada de<<strong>br</strong> />
alívio de olho (eye relief).<<strong>br</strong> />
O raio axial entra na objetiva, paralelo ao eixo, e emerge da ocular<<strong>br</strong> />
paralelo ao eixo, de forma que a imagem pode ser vista com o olho<<strong>br</strong> />
relaxado. O raio principal atravessa o centro da objetiva e a borda da<<strong>br</strong> />
ocular. Da figura se vê que o campo de visão do telescópio está limitado<<strong>br</strong> />
pelo diâmetro da ocular. A trajetória do raio principal mostra que o que o<<strong>br</strong> />
telescópio forma uma imagem invertida. Da lei de Lagrange, segue que a<<strong>br</strong> />
ampliação angular do telescópio é proporcional à razão dos diâmetros das<<strong>br</strong> />
pupilas de entrada e de saída.<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong>
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
Uma forma alternativa de telescópio é o Galileano, mostrado na<<strong>br</strong> />
Fig. 1.32. O telescópio Galileano difere do telescópio inversor por formar<<strong>br</strong> />
uma imagem direta. Os caminhos dos raios axial e principal são mostrados<<strong>br</strong> />
na figura. O raio axial entra no sistema paralelo ao eixo e deixa o sistema<<strong>br</strong> />
também paralelo ao eixo, de forma que o sistema é afocal.<<strong>br</strong> />
pupila de entrada<<strong>br</strong> />
pupila de entrada<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
raio principal<<strong>br</strong> />
plano do retículo<<strong>br</strong> />
Fig. 1.31 – Telecópio inversor.<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
raio principal<<strong>br</strong> />
pupila de saida<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
47<<strong>br</strong> />
pupila de saida<<strong>br</strong> />
A objetiva serve como abertura, mas como a ocular tem um<<strong>br</strong> />
comprimento focal negativo, o raio principal diverge depois de atravessar<<strong>br</strong> />
a ocular, colocando a pupila de saída dentro do telescópio. Como não é<<strong>br</strong> />
possível por o olho do observador na pupila de saída do instrumento, o<<strong>br</strong> />
campo de visão será limitado pelo diâmetro da pupila.<<strong>br</strong> />
Telescópios Galileanos são ocasionalmente usados como<<strong>br</strong> />
instrumentos visuais de baixo poder, mas o alívio de olho negativo é uma<<strong>br</strong> />
falha grave que restringe sua utilidade em sistemas de altos poderes. O<<strong>br</strong> />
sistema Galileano tem comprimento global consideravelmente mais curto<<strong>br</strong> />
que o sistema inversor e é freqüentemente usado como expansor de feixes<<strong>br</strong> />
de laser, onde o campo de visão limitado não é importante.<<strong>br</strong> />
Fig. 1.32 – Telecópio Galileano.
48<<strong>br</strong> />
f) Sistema de guiamento<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
raio principal<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
lente de campo lente de campo<<strong>br</strong> />
raio principal<<strong>br</strong> />
lente de campo<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
Os telescópios são freqüentemente acoplados a sistemas de<<strong>br</strong> />
guiamento para transmitir imagens a um local diferente. O esquema<<strong>br</strong> />
<strong>paraxial</strong> de um sistema de guiamento típico está mostrado na Fig. 1.33. As<<strong>br</strong> />
trajetórias dos raios axial e principal são as mesmas tanto no espaço da<<strong>br</strong> />
imagem como no espaço de objeto, mas estão deslocadas à direita pelo<<strong>br</strong> />
comprimento do guia. Sistemas de guiamento consistem em sucessões<<strong>br</strong> />
alternadas de objetivas e lentes de campo que do<strong>br</strong>am o raio principal mas<<strong>br</strong> />
não o raio axial. Num sistema de guiamento real, a curvatura de campo é<<strong>br</strong> />
um problema freqüente.<<strong>br</strong> />
objetiva<<strong>br</strong> />
Fig. 1.33 – Sistema de guiamento.<<strong>br</strong> />
A Fig. 1.34 mostra um telescópio com zoom que contém um<<strong>br</strong> />
sistema de guiamento e reversor, que transforma a imagem invertida em<<strong>br</strong> />
imagem direta. Neste sistema, uma lente de campo defronte o sistema<<strong>br</strong> />
reversor restringe a altura de raio principal e os dois dubletos pequenos<<strong>br</strong> />
retransmitem a imagem primária perto da lente de campo para o plano do<<strong>br</strong> />
retículo. A posição e espaçamento das lentes reversoras podem ser<<strong>br</strong> />
variados para mudar o aumento do guiamento.<<strong>br</strong> />
lentes reversoras<<strong>br</strong> />
Fig. 1.34 – Sistema de guiamento e reversão.<<strong>br</strong> />
ocular<<strong>br</strong> />
retículo<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong>
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
g) Lente telecêntrica<<strong>br</strong> />
Um número crescente de lentes é telecêntrica no objeto, imagem,<<strong>br</strong> />
ou em ambos os lados. Telecêntrica significa que o raio principal é<<strong>br</strong> />
paralelo ao eixo, ou equivalentemente, que a pupila está no infinito. Tais<<strong>br</strong> />
lentes são úteis em várias aplicações de metrologia, porque elas têm a<<strong>br</strong> />
propriedade que a altura da imagem não muda conforme a lente é<<strong>br</strong> />
focalizada. A lente da Fig. 1.35 de é um exemplo típico que é telecêntrica<<strong>br</strong> />
em ambos os lados. Outros exemplos de lentes telecêntricas incluem<<strong>br</strong> />
lentes de varredura, que devem ser telecêntricas para preservar as relações<<strong>br</strong> />
<strong>geométrica</strong>s e lentes de transformada Fourier, na qual o raio axial numa<<strong>br</strong> />
direção é igual ao raio principal na outra direção.<<strong>br</strong> />
objeto<<strong>br</strong> />
∞<<strong>br</strong> />
pupila de entrada<<strong>br</strong> />
raio axial<<strong>br</strong> />
raio principal<<strong>br</strong> />
Fig. 1.35 – Lente telecêntrica.<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
49<<strong>br</strong> />
pupila de saida<<strong>br</strong> />
Bibliografia<<strong>br</strong> />
1.1. A. Gerrard and J. M. Burch, Introduction to Matrix Methods in<<strong>br</strong> />
Optics, John Wiley and Sons, NY (1975).<<strong>br</strong> />
1.2. J. W. Simon and M. J. Guttman, States Waves and Photons.<<strong>br</strong> />
1.3. M. Born and E. Wolf, Principles of Optics, 3 rd ed., Pergamon, Oxford<<strong>br</strong> />
(1970)<<strong>br</strong> />
1.4. G. R. Fowles, Introduction to Modern Optics, Holt, Rinehart and<<strong>br</strong> />
Winston, NY (1968)<<strong>br</strong> />
1.5. E. Hecht and A. Zajac, Optics, Addison-Wesley Publishing Co.,<<strong>br</strong> />
Reading, MA (1979)<<strong>br</strong> />
1.6. A. E. Conrady, Applied Optics and Optical Design, Dover<<strong>br</strong> />
Publications, NY (1929)<<strong>br</strong> />
1.7. R. Kingslake, Lens Design Fundamentals, Academic Press, NY<<strong>br</strong> />
(1978).<<strong>br</strong> />
∞<<strong>br</strong> />
imagem
50<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
1.8. F. W. Sears, Física: <strong>Óptica</strong>, G. Carneiro, RJ (1953).<<strong>br</strong> />
1.9. S. C. Zílio, <strong>Óptica</strong> Moderna - Fundamentos e Aplicações, IFSC/<strong>USP</strong><<strong>br</strong> />
(2006)<<strong>br</strong> />
Problemas<<strong>br</strong> />
1.1. Explique o que são: a) planos principais, b) pontos nodais, c)<<strong>br</strong> />
distância focal efetiva, d) distâncias focais frontal e traseira, e) poder<<strong>br</strong> />
da superfície. Faça desenhos sempre que necessário.<<strong>br</strong> />
1.2. Use o método y-nu para achar a distância focal traseira do dubleto<<strong>br</strong> />
cimentado mostrado na Fig. 1.36. Considere n1 = 1.52, n2 = 1.65 , r1<<strong>br</strong> />
= 7 cm , r2 = -5 cm, r3 = -16 cm, t1 = 1 cm e t2 = 0.4 cm.<<strong>br</strong> />
Fig. 1.36 – Dubleto cimentado.<<strong>br</strong> />
1.3. Refaça o problema 1.2 pelo método matricial.<<strong>br</strong> />
1.4. Suponha que um raio incida so<strong>br</strong>e o dubleto da Fig. 1.36 paralelo ao<<strong>br</strong> />
eixo óptico a uma altura de 5 mm. Encontre o ângulo que o raio faz<<strong>br</strong> />
com cada normal às superfícies durante sua propagação.<<strong>br</strong> />
1.5. Usando a metodologia da seção 1.12, encontre as posições dos planos<<strong>br</strong> />
principais do dubleto da Fig. 1.36.<<strong>br</strong> />
1.6. Suponha que a lente espessa da Fig. 1.13 se encontre no ar e possua n<<strong>br</strong> />
= 1.52, r1 = 7 cm , r2 = -5 cm e t1 = 0.5 cm. Encontre os valores<<strong>br</strong> />
numéricos da distâncias focal efetiva e da posição dos planos<<strong>br</strong> />
principais. Se a lente fosse delgada (t ≅ 0), qual seria sua distância<<strong>br</strong> />
focal?<<strong>br</strong> />
1.7. Um objeto com altura h = 3 mm é colocado a uma distância de 5 cm<<strong>br</strong> />
da primeira superfície da lente do problema 1.6. Onde se formará a<<strong>br</strong> />
imagem e qual a sua altura?<<strong>br</strong> />
1.8. Use o método y-nu para encontrar a distância focal traseira da<<strong>br</strong> />
combinação de lentes finas tratada na seção 1.9.<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong>
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
1.9. Mostre que a formação de imagem por uma interface esférica de raio<<strong>br</strong> />
r separando dois meios dielétricos de índices de refração n’ e n<<strong>br</strong> />
satisfaz a equação: n<<strong>br</strong> />
+<<strong>br</strong> />
n'<<strong>br</strong> />
=<<strong>br</strong> />
n'−n<<strong>br</strong> />
, enquanto que a magnificação<<strong>br</strong> />
s s′<<strong>br</strong> />
r<<strong>br</strong> />
ns'<<strong>br</strong> />
transversal é dada por mT = − e a magnificação longitudinal por<<strong>br</strong> />
n's<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
m L = −<<strong>br</strong> />
n'<<strong>br</strong> />
m T .<<strong>br</strong> />
n<<strong>br</strong> />
1.10. Derive a expressão r = 2f para um espelho esférico.<<strong>br</strong> />
1.11. Deduza a matriz dada na eq. (1.39).<<strong>br</strong> />
1.12. Considere a associação de duas lentes finas de distâncias focais f1 e<<strong>br</strong> />
f2 = f1/2, separadas por d = f1/2. Encontre a distância focal do<<strong>br</strong> />
conjunto e as posições dos planos principais primário e secundário.<<strong>br</strong> />
1.13. Justifique a matriz de transferência usada na eq. (1.57).<<strong>br</strong> />
1.14. Deduza a equação do esferômetro, que relaciona o raio de curvatura<<strong>br</strong> />
com a corda e a flecha de uma superfície esférica.<<strong>br</strong> />
1.15. Um objeto de 3 mm de altura é colocado diante de duas lentes finas<<strong>br</strong> />
de distâncias focais 10 cm e 20 cm respectivamente. A separação<<strong>br</strong> />
entre as lentes é de 5 cm e o objeto dista 50 cm da primeira lente (a<<strong>br</strong> />
de 10 cm). Encontre a altura da imagem formada.<<strong>br</strong> />
1.16. Use o método y-nu para achar a distância focal traseira de um<<strong>br</strong> />
dubleto simétrico espaçado onde n1 = n2 = 1.5, r1 = 5 cm, r2 = r3 = ∞,<<strong>br</strong> />
r4 = -5 cm, t1 = t3 = 1.5 cm e t2 = 3 cm.<<strong>br</strong> />
1.17. Usando o método matricial encontre a distância focal efetiva e as<<strong>br</strong> />
posições dos planos principais da lente do problema anterior.<<strong>br</strong> />
Sugestão: Utilize a mesma metodologia da seção 1.12 (lentes<<strong>br</strong> />
espessas).<<strong>br</strong> />
1.18. Um objeto de 5 mm de altura é colocado a uma distância de 5 cm da<<strong>br</strong> />
primeira lente do problema 1.17. Supondo que os diâmetros das<<strong>br</strong> />
lentes sejam de 3 cm, encontre a posição da imagem formada, a<<strong>br</strong> />
altura da imagem formada, o invariante de Lagrange e ângulo do raio<<strong>br</strong> />
axial no plano da imagem.<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
51
52<<strong>br</strong> />
<strong>Óptica</strong> <strong>geométrica</strong> <strong>paraxial</strong><<strong>br</strong> />
1.19. Método l - l’: De acordo com o problema 1.9, a refração pelo<<strong>br</strong> />
dioptro mostrado na Fig. 1.37 é dada por:<<strong>br</strong> />
n<<strong>br</strong> />
+<<strong>br</strong> />
n'<<strong>br</strong> />
=<<strong>br</strong> />
n'−n<<strong>br</strong> />
, de onde se<<strong>br</strong> />
l l'<<strong>br</strong> />
r<<strong>br</strong> />
tira: l'=<<strong>br</strong> />
n'<<strong>br</strong> />
, onde φ =<<strong>br</strong> />
n'−n . Se houver outro dioptro à direita<<strong>br</strong> />
φ −<<strong>br</strong> />
n<<strong>br</strong> />
r<<strong>br</strong> />
l<<strong>br</strong> />
podemos aplicar novamente esta igualdade desde que se use a<<strong>br</strong> />
translação lj = t - l’j-1. Usando este método, refaça o problema 1.2.<<strong>br</strong> />
u<<strong>br</strong> />
l<<strong>br</strong> />
n<<strong>br</strong> />
y<<strong>br</strong> />
n'<<strong>br</strong> />
Fig. 1.37 – Dioptro esférico de raio r.<<strong>br</strong> />
.<<strong>br</strong> />
1.20. Um sistema óptico (lente) complexo, que se encontra no ar, é<<strong>br</strong> />
⎛A<<strong>br</strong> />
B⎞<<strong>br</strong> />
caracterizado por uma matriz conhecida M = ⎜ ⎟ , que<<strong>br</strong> />
⎝ C D⎠<<strong>br</strong> />
relaciona o raio que entra na primeira superfície com o raio que sai na<<strong>br</strong> />
última. Encontre as distâncias focais frontal (fF) e traseira (fB), a<<strong>br</strong> />
posição dos pontos principais (P e P’) e a distância focal efetiva (f)<<strong>br</strong> />
como função dos elementos da matriz.<<strong>br</strong> />
S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação <strong>Óptica</strong><<strong>br</strong> />
r<<strong>br</strong> />
l'<<strong>br</strong> />
θ<<strong>br</strong> />
-u'