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Técnicas de fabricação óptica - Fotonica.ifsc.usp.br

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

141<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

5.1 Introdução<<strong>br</strong> />

O polimento <strong>de</strong> superfícies <strong>óptica</strong>s tem como objetivo reduzir as<<strong>br</strong> />

rugosida<strong>de</strong>s e irregularida<strong>de</strong>s das faces das lentes e espelhos para se obter<<strong>br</strong> />

superfícies homogêneas que garantam a boa qualida<strong>de</strong> da imagem<<strong>br</strong> />

formada. Ao nível microscópico, a superfície continua com imperfeições,<<strong>br</strong> />

mas as irregularida<strong>de</strong>s têm tamanho inferior ao comprimento <strong>de</strong> onda da<<strong>br</strong> />

luz, não sendo, portanto, visíveis. O processo completo para a confecção<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> uma lente ou <strong>de</strong> uma superfície plana <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> envolve vários<<strong>br</strong> />

passos: corte do vidro, geração da curva esférica, montagem <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />

blocado no caso em que se <strong>de</strong>seja fazer várias lentes, lapidação,<<strong>br</strong> />

polimento, verificação da presença <strong>de</strong> riscos, teste <strong>de</strong> topologia da<<strong>br</strong> />

superfície, centralização da lente, controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> do componente<<strong>br</strong> />

manufaturado e evaporação <strong>de</strong> filmes finos dielétricos ou metálicos. Nas<<strong>br</strong> />

seções que seguem passaremos a <strong>de</strong>screver estes passos com <strong>de</strong>talhes.<<strong>br</strong> />

Como diretriz básica, <strong>de</strong>vemos levar em conta que só é possível modificar<<strong>br</strong> />

a superfície do vidro utilizando-se ferramentas feitas com materiais mais<<strong>br</strong> />

duros que o próprio vidro. Desta forma, no processo <strong>de</strong> corte ou geração<<strong>br</strong> />

da superfície esférica é necessário o uso <strong>de</strong> ferramentas diamantadas,<<strong>br</strong> />

enquanto que para a lapidação e polimento usam-se a<strong>br</strong>asivos cujos grãos<<strong>br</strong> />

possuem dureza maior do que a do vidro.<<strong>br</strong> />

5.2 Corte<<strong>br</strong> />

Para a familiarização com a manipulação dos instrumentos e<<strong>br</strong> />

materiais <strong>de</strong> uma oficina <strong>de</strong> <strong>óptica</strong> po<strong>de</strong>mos começar cortando uma placa<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> vidro com uma caneta <strong>de</strong> ponta diamantada, como mostra a Fig. 5.1.<<strong>br</strong> />

As recomendações principais neste procedimento são: apoiar a placa<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação Óptica


142<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

numa superfície plana e a<strong>de</strong>rente, segurar o vidro com firmeza, apoiar a<<strong>br</strong> />

caneta num ângulo <strong>de</strong> 90 0 com o plano da mesa e fazer um traço contínuo,<<strong>br</strong> />

sem pausa no meio do caminho.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.1 - Corte com uma caneta diamantada.<<strong>br</strong> />

Em seguida, passaremos a <strong>de</strong>screver o uso das máquinas <strong>de</strong> corte.<<strong>br</strong> />

Aqui se recomenda o uso <strong>de</strong> um jaleco so<strong>br</strong>e a roupa, luvas <strong>de</strong> couro para<<strong>br</strong> />

procedimentos mais grosseiros e protetores para os olhos Os vidros<<strong>br</strong> />

ópticos po<strong>de</strong>m vir da fá<strong>br</strong>ica em diferentes formas geométricas: blocos<<strong>br</strong> />

cilíndricos, paralelepípedos ou placas, como mostrados esquematicamente<<strong>br</strong> />

na Fig. 5.2. Vamos inicialmente proce<strong>de</strong>r ao corte <strong>de</strong> uma pilha <strong>de</strong> 4<<strong>br</strong> />

lâminas quadradas, com cerca <strong>de</strong> 20 cm <strong>de</strong> lado. Elas serão coladas umas<<strong>br</strong> />

às outras por uma mistura <strong>de</strong> cera <strong>de</strong> abelha e <strong>br</strong>eu, que é inicialmente<<strong>br</strong> />

aquecida para ficar viscosa. A cola <strong>de</strong>ve proporcionar uma boa a<strong>de</strong>rência,<<strong>br</strong> />

o suficiente para que o bloco suporte o torque da <strong>br</strong>oca que o perfurará.<<strong>br</strong> />

(a) (b) (c)<<strong>br</strong> />

Fig. 5.2 - Blocos <strong>de</strong> forma (a) cilíndrica, (b) <strong>de</strong> paralelepípedo e (c) lâminas<<strong>br</strong> />

empilhadas.<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

Após a colagem, o conjunto é posto em <strong>de</strong>scanso por vinte<<strong>br</strong> />

minutos ou o tempo necessário para o resfriamento da cola. Em seguida,<<strong>br</strong> />

ele é levado à fura<strong>de</strong>ira para cortes cilíndricos, como mostra a Fig. 5.3.<<strong>br</strong> />

Nesta etapa <strong>de</strong>vemos usar o bom senso para evitar o <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

material. Antes da perfuração, <strong>de</strong>ve se tomar o cuidado <strong>de</strong> regular a<<strong>br</strong> />

profundida<strong>de</strong> que a <strong>br</strong>oca atingirá, <strong>de</strong> tal maneira que ela penetre as três<<strong>br</strong> />

primeiras lâminas e apenas uma fração da última. A última lâmina não<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve ser perfurada totalmente, pois ela serve como base, sustentando as<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>mais.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.3 - Fura<strong>de</strong>ira com <strong>br</strong>oca diamantada.<<strong>br</strong> />

Como medida <strong>de</strong> segurança, <strong>de</strong>vemos usar bases magnéticas para<<strong>br</strong> />

evitar o movimento lateral da peça sendo cortada. Uma base magnética é<<strong>br</strong> />

um imã em forma <strong>de</strong> cubo que contém um botão capaz <strong>de</strong> ativar e<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sativar o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência do imã. O uso <strong>de</strong>stas bases é o<strong>br</strong>igatório,<<strong>br</strong> />

evitando sempre que possível, o contato entre as mãos do operador e o<<strong>br</strong> />

bloco <strong>de</strong> vidro que está sendo cortado. Conforme o atrito entre a <strong>br</strong>oca e o<<strong>br</strong> />

vidro aumenta, o bloco po<strong>de</strong>, aci<strong>de</strong>ntalmente, vir a rodar junto com a<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>oca. As bases magnéticas servem <strong>de</strong> suporte seguro para que isto não<<strong>br</strong> />

ocorra, e mesmo que venha a ocorrer, a <strong>br</strong>oca trava e a mão do operador<<strong>br</strong> />

não será ferida pelo vidro.<<strong>br</strong> />

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143


144<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

Após o corte, o conjunto <strong>de</strong> 4 lâminas ficará com o aspecto<<strong>br</strong> />

mostrado na Fig. 5.4. Como temos 9 perfurações e a última lâmina serve<<strong>br</strong> />

apenas como base protetora, geramos 27 discos que serão utilizados para a<<strong>br</strong> />

confecção <strong>de</strong> lentes ou espelhos.<<strong>br</strong> />

(a) (b) (c)<<strong>br</strong> />

Fig. 5.4 - Bloco <strong>de</strong> lâminas após a perfuração: (a) vista superior, (b) vista lateral<<strong>br</strong> />

e (c) vista em perspectiva.<<strong>br</strong> />

Em várias ocasiões queremos realizar o corte linear <strong>de</strong> um bloco<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> vidro na forma <strong>de</strong> paralelepípedo ou <strong>de</strong> bastão. Para isso fazemos o uso<<strong>br</strong> />

da serra circular mostrada na Fig. 5.5. A serra vista é <strong>de</strong> construção<<strong>br</strong> />

caseira, possuindo disco diamantado com espessura <strong>de</strong> 2 mm e permite<<strong>br</strong> />

apenas a realização <strong>de</strong> cortes simples.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.5 - Serra diamantada circular.<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

Durante o uso <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> serra é necessário segurar a peça<<strong>br</strong> />

diretamente com a mão, <strong>de</strong> forma que para se evitar aci<strong>de</strong>ntes é necessário<<strong>br</strong> />

o uso <strong>de</strong> uma luva <strong>de</strong> couro. Se quisermos fazer cortes <strong>de</strong> maior precisão e<<strong>br</strong> />

variar o ângulo entre dois cortes sucessivos, como no caso do corte <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />

prisma, <strong>de</strong>vemos usar uma máquina comercial com controle automático e<<strong>br</strong> />

goniômetro.<<strong>br</strong> />

D<<strong>br</strong> />

≈ 4 mm<<strong>br</strong> />

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145<<strong>br</strong> />

5.3 Geração <strong>de</strong> superfície esférica<<strong>br</strong> />

Se quisermos confeccionar uma lente, é necessário se produzir<<strong>br</strong> />

uma superfície esférica so<strong>br</strong>e o disco <strong>de</strong> vidro que foi cortado da forma<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>scrita na seção anterior. Isto só é possível com ferramentas diamantadas<<strong>br</strong> />

que removam facilmente quantida<strong>de</strong>s significativas do material. Neste<<strong>br</strong> />

processo se usa um copo diamantado <strong>de</strong> bordas arredondadas, <strong>de</strong> diâmetro<<strong>br</strong> />

D e espessura da pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> 4 mm, como aquele mostrado na Fig. 5.6.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.6 - Copo metálico diamantado.<<strong>br</strong> />

A geração da superfície esférica ocorre pela intersecção da<<strong>br</strong> />

ferramenta diamantada com o disco <strong>de</strong> vidro, da maneira esquematizada<<strong>br</strong> />

na Fig. 5.7. O dispositivo <strong>de</strong> geração consiste num sistema com dois eixos<<strong>br</strong> />

concorrentes girantes, cujo ângulo <strong>de</strong>ve ser ajustado para cada curvatura<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sejada. O bloco <strong>de</strong> vidro é fixo por meio <strong>de</strong> uma pinça circular,<<strong>br</strong> />

enquanto que a ferramenta suportada pelo segundo eixo faz o <strong>de</strong>sbaste.<<strong>br</strong> />

Para se gerar uma superfície côncava usa-se a parte externa da ferramenta<<strong>br</strong> />

e para uma superfície convexa usa-se a parte interna. A Fig. 5.8 mostra a<<strong>br</strong> />

situação real <strong>de</strong> uma superfície convexa na geradora <strong>de</strong> curva.


146<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

(a) (b)<<strong>br</strong> />

Fig. 5.7 - Método para gerar a superfície esférica (a) convexa e (b) côncava.<<strong>br</strong> />

Para gerarmos um dado raio <strong>de</strong> curvatura faz-se necessário<<strong>br</strong> />

escolhermos o diâmetro do copo diamantado bem como o ângulo entre os<<strong>br</strong> />

eixos concorrentes. Estes parâmetros se relacionam <strong>de</strong> acordo com as<<strong>br</strong> />

expressões: senα = D/2(R+2) para lentes côncavas e senα = D/2(R-2) para<<strong>br</strong> />

lentes convexas, on<strong>de</strong> α é o ângulo entre os eixos, D é o diâmetro da<<strong>br</strong> />

ferramenta diamantada e R é o raio <strong>de</strong> curvatura <strong>de</strong>sejado. Esta fórmula,<<strong>br</strong> />

cuja <strong>de</strong>dução será <strong>de</strong>ixada como exercício, encontra-se numa etiqueta<<strong>br</strong> />

colada no corpo da máquina, ao lado da escala <strong>de</strong> ângulos. O fator <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

correção ± 2 mm, é <strong>de</strong>vido à espessura da ferramenta diamantada,<<strong>br</strong> />

conforme vimos na Fig. 5.6.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.8 - Geração <strong>de</strong> uma superfície esférica convexa.<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

Ao se gerar uma superfície esférica, e mesmo durante o processo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

lapidação que veremos adiante, é importante conferirmos o raio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

curvatura da superfície através <strong>de</strong> um esferômetro. Este dispositivo,<<strong>br</strong> />

mostrado na Fig. 5.9, me<strong>de</strong> a flecha a partir da qual po<strong>de</strong>mos encontrar o<<strong>br</strong> />

raio <strong>de</strong> curvatura da superfície.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.9 - Esferômetro para controle do raio <strong>de</strong> curvatura.<<strong>br</strong> />

A Fig. 5.10 ilustra o uso do esferômetro para a medida <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />

lente convexa e <strong>de</strong> uma côncava. Nestas figuras vemos o triângulo<<strong>br</strong> />

retângulo <strong>de</strong> catetos d/2 e (R-H), e hipotenusa R, on<strong>de</strong> d é o diâmetro da<<strong>br</strong> />

base do esferômetro, R é o raio <strong>de</strong> curvatura e H é a flecha.<<strong>br</strong> />

(a) (b)<<strong>br</strong> />

Fig. 5.10 - Uso do esferômetro para a medida <strong>de</strong> uma lente (a) convexa e <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />

(b) côncava.<<strong>br</strong> />

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148<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

Vale frisar que o esferômetro tem diversas bases <strong>de</strong> tamanhos variados.<<strong>br</strong> />

Devemos escolher a base que tenha diâmetro mais próximo possível do<<strong>br</strong> />

diâmetro da lente para minimizar o erro. Aplicando o teorema <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Pitágoras temos: (d/2) 2 + (R-H) 2 = R 2 , <strong>de</strong> forma que R = d 2 /8H + H/2.<<strong>br</strong> />

Analisando os dois casos, verifica-se que no caso das lentes côncavas, d é<<strong>br</strong> />

o diâmetro externo e para as convexas, d é o interno. Para concluir,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>vemos mencionar que a escala do esferômetro é zerada colocando-o<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e uma superfície <strong>de</strong> boa planicida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

5.4 Lapidação<<strong>br</strong> />

Quando a lente sai do processo <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> curva ela possui<<strong>br</strong> />

uma superfície bastante irregular, com riscos <strong>de</strong> dimensões<<strong>br</strong> />

suficientemente gran<strong>de</strong>s para provocar o espalhamento da luz e<<strong>br</strong> />

conseqüente opacida<strong>de</strong>. Os processos <strong>de</strong> lapidação e polimento são<<strong>br</strong> />

essenciais para a redução do tamanho <strong>de</strong>stes riscos a uma dimensão<<strong>br</strong> />

inferior ao comprimento <strong>de</strong> onda da luz, <strong>de</strong> forma a não haver<<strong>br</strong> />

espalhamento significativo e tornar o material transparente. Em particular,<<strong>br</strong> />

a lapidação possibilita um ajuste mais preciso do raio <strong>de</strong> curvatura, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

modo a ficar o mais próximo possível do raio i<strong>de</strong>al. É um processo<<strong>br</strong> />

essencial para que se consiga obter o raio <strong>de</strong> curvatura <strong>de</strong>sejado, já que o<<strong>br</strong> />

processo <strong>de</strong> geração <strong>de</strong>scrito na seção anterior proporciona apenas uma<<strong>br</strong> />

curvatura aproximada. A lapidação também reduz as irregularida<strong>de</strong>s da<<strong>br</strong> />

superfície, reduzindo os “poros da lente”, <strong>de</strong>ixando-a preparada para o<<strong>br</strong> />

polimento posterior. Por sua vez, o polimento não altera muito a<<strong>br</strong> />

superfície da lente, e assim este processo não consegue variar<<strong>br</strong> />

significativamente o raio <strong>de</strong> curvatura. Durante o polimento, a superfície<<strong>br</strong> />

adquire o <strong>br</strong>ilho e a transparência que necessita, e os riscos e <strong>de</strong>feitos<<strong>br</strong> />

presentes após a lapidação são corrigidos, resultando numa lente pronta<<strong>br</strong> />

para a utilização.<<strong>br</strong> />

Lapidação e polimento são processos on<strong>de</strong> a superfície <strong>óptica</strong> é<<strong>br</strong> />

“lixada” contra uma matriz, e diferem essencialmente quanto ao tamanho<<strong>br</strong> />

dos grãos dos a<strong>br</strong>asivos e o tipo da matriz que é usada no processo. Na<<strong>br</strong> />

lapidação, são usados a<strong>br</strong>asivos com partículas <strong>de</strong> tamanhos maiores e<<strong>br</strong> />

matrizes <strong>de</strong> maior dureza, como o ferro e o latão. O polimento é feito com<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>asivos <strong>de</strong> grãos menores e matrizes mais macias, como o piche. Nos<<strong>br</strong> />

dois processos, para que a superfície fique homogênea e mantenha o raio<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> curvatura próximo ao <strong>de</strong>sejado, a superfície a ser trabalhada <strong>de</strong>ve ser<<strong>br</strong> />

atritada contra uma outra que possua o mesmo raio <strong>de</strong> curvatura.<<strong>br</strong> />

As matrizes são pares <strong>de</strong> peças que possuem raios <strong>de</strong> curvatura<<strong>br</strong> />

iguais e complementares (côncavo e convexo) e que são usadas para a<<strong>br</strong> />

lapidação e polimento <strong>de</strong> várias lentes ao mesmo tempo. As matrizes<<strong>br</strong> />

utilizadas são geralmente feitas <strong>de</strong> material metálico resistente, porém,<<strong>br</strong> />

durante o uso ocorre um <strong>de</strong>sgaste que causa mudanças in<strong>de</strong>sejadas na<<strong>br</strong> />

curvatura da lente e, portanto, é necessário um monitoramento contínuo<<strong>br</strong> />

do seu raio durante a lapidação. Por usar um material mais resistente que o<<strong>br</strong> />

vidro, e a<strong>br</strong>asivos com grãos maiores e mais agressivos, a lapidação po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

alterar muito a curvatura da lente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do modo que está<<strong>br</strong> />

ocorrendo o atrito (inclinação da matriz, velocida<strong>de</strong>, direção, etc). A<<strong>br</strong> />

escolha da matriz é feita <strong>de</strong> acordo com o raio <strong>de</strong> curvatura da lente que<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve ser polida.<<strong>br</strong> />

Existem diversos tipos <strong>de</strong> a<strong>br</strong>asivos que são empregados na<<strong>br</strong> />

lapidação e polimento <strong>de</strong> lentes, tais como alumina em pó, pasta<<strong>br</strong> />

diamantada, rouge, óxido <strong>de</strong> cério, óxido <strong>de</strong> zircônio, entre outros. Estes<<strong>br</strong> />

são classificados <strong>de</strong> acordo com o material (dureza) e com o tamanho dos<<strong>br</strong> />

grãos. Alguns dos a<strong>br</strong>asivos mais usados estão listados na Tabela 5.1. A<<strong>br</strong> />

escala <strong>de</strong> dureza utilizada está em Mohs. Esta escala, que varia <strong>de</strong> 1 a 10,<<strong>br</strong> />

não é muito precisa, mas é suficiente para a escolha do material. Neste<<strong>br</strong> />

tipo <strong>de</strong> classificação, os materiais que recebem uma posição superior na<<strong>br</strong> />

escala <strong>de</strong> classificação conseguem agredir os que estão abaixo <strong>de</strong> sua<<strong>br</strong> />

classificação. Como exemplo, o diamante é o material <strong>de</strong> maior dureza.<<strong>br</strong> />

Tabela 5.1 - Dureza <strong>de</strong> materiais na escala <strong>de</strong> Mohs.<<strong>br</strong> />

Material Dureza<<strong>br</strong> />

Material Dureza<<strong>br</strong> />

(Mohs)<<strong>br</strong> />

(Mohs)<<strong>br</strong> />

Diamond 10,0 alumina 8,5 a 9,0<<strong>br</strong> />

Cubic Boron Nitri<strong>de</strong> 9,9 E-67,.calcinated alumina 8,5 a 9,0<<strong>br</strong> />

Norbi<strong>de</strong>, boron carbi<strong>de</strong> 9,7 E-111,.calcinated alumina 8,5 a 9,0<<strong>br</strong> />

Crystolon, silicon carbi<strong>de</strong> 9,5 E-330,.calcinated alumina 8,5 a 9,0<<strong>br</strong> />

Alundum, aluminum oxi<strong>de</strong> 9,0 Rouge, chromium oxi<strong>de</strong> 8,5<<strong>br</strong> />

38 White aluminum oxi<strong>de</strong> 9,0 Cerium Oxi<strong>de</strong> (estimated) 8,0<<strong>br</strong> />

Lin<strong>de</strong> "A" alpha alumina 9,0 Garnet 8,0 a 9,0<<strong>br</strong> />

Lin<strong>de</strong> "C" alpha alumina 9,0 Quartz 7,0<<strong>br</strong> />

Lin<strong>de</strong> "B" gamma alumina 8,0 Red Rouge, ferric oxi<strong>de</strong> 6,5<<strong>br</strong> />

Corundum 9 Aluminas (hydrates) 5,0 a 7,0<<strong>br</strong> />

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150<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

A Tabela 5.2 mostra a classificação dos a<strong>br</strong>asivos <strong>de</strong> acordo com<<strong>br</strong> />

o tamanho dos grãos. Apenas alguns tamanhos estão listados na tabela. A<<strong>br</strong> />

Fig. 5.11 também mostra a relação entre grana e tamanho dos grãos.<<strong>br</strong> />

Tabela 5.2 - Tamanho dos grãos <strong>de</strong> a<strong>br</strong>asivo.<<strong>br</strong> />

Grana Tamanho médio (µm) Grana Tamanho médio (µm)<<strong>br</strong> />

100 173 320 32<<strong>br</strong> />

120 142 400 23<<strong>br</strong> />

150 122 500 16<<strong>br</strong> />

180 86 600 8<<strong>br</strong> />

220 66 900 6<<strong>br</strong> />

240 63 1000 5<<strong>br</strong> />

280 44 1200 3<<strong>br</strong> />

A grana é uma outra escala <strong>de</strong> classificação dos a<strong>br</strong>asivos. Neste<<strong>br</strong> />

caso, os materiais são separados <strong>de</strong> acordo com o tamanho dos seus grãos.<<strong>br</strong> />

Quanto maior a grana, menor o tamanho das partículas do a<strong>br</strong>asivo.<<strong>br</strong> />

Tamanho (µm)<<strong>br</strong> />

180<<strong>br</strong> />

160<<strong>br</strong> />

140<<strong>br</strong> />

120<<strong>br</strong> />

100<<strong>br</strong> />

80<<strong>br</strong> />

60<<strong>br</strong> />

40<<strong>br</strong> />

20<<strong>br</strong> />

0<<strong>br</strong> />

-20<<strong>br</strong> />

0 200 400 600 800 1000 1200<<strong>br</strong> />

Grana<<strong>br</strong> />

Fig. 5.11 - Tamanho dos grãos <strong>de</strong> a<strong>br</strong>asivos.<<strong>br</strong> />

Estes a<strong>br</strong>asivos são misturados com água <strong>de</strong> maneira a formar<<strong>br</strong> />

uma pasta para os processos <strong>de</strong> lapidação e polimento. A água, além <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

servir como veículo para o a<strong>br</strong>asivo, evita o aquecimento que po<strong>de</strong>ria<<strong>br</strong> />

danificar o vidro e causar a perda do material. Na lapidação, em geral se<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

usa uma matriz <strong>de</strong> ferro ou latão, e carborundun (carbeto <strong>de</strong> silício) para o<<strong>br</strong> />

processo <strong>de</strong> lapidação, mas não existe uma seqüência fixa para a aplicação<<strong>br</strong> />

das diferentes granas. O que geralmente se faz, é usar primeiro um<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>asivo mais agressivo, <strong>de</strong> grãos maiores (menor grana) para a remoção<<strong>br</strong> />

rápida <strong>de</strong> material. Isto permite <strong>de</strong>sgastar a lente para se obter a espessura<<strong>br</strong> />

e o raio <strong>de</strong> curvatura próximos aos <strong>de</strong>sejados ou remover gran<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

imperfeições. Em seguida são utilizados a<strong>br</strong>asivos mais finos <strong>de</strong> maneira<<strong>br</strong> />

sucessiva para se obter uma superfície mais homogênea para o polimento<<strong>br</strong> />

posterior.<<strong>br</strong> />

Geralmente inicia-se a lapidação fina com a<strong>br</strong>asivos <strong>de</strong> grana da<<strong>br</strong> />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 320, em seguida 400, 600, 800, 1000 e 2000. Com relação ao<<strong>br</strong> />

tamanho dos grãos uma seqüência possível começaria em 32 micrometros<<strong>br</strong> />

em seguida 20, 12 e 5 ou então, 32, 25, 15, 9 e 5. Po<strong>de</strong>-se notar que nestas<<strong>br</strong> />

seqüências, geralmente a or<strong>de</strong>m dos a<strong>br</strong>asivos é montada <strong>de</strong> maneira que<<strong>br</strong> />

o a<strong>br</strong>asivo seguinte tenha tamanho um pouco maior que meta<strong>de</strong> do<<strong>br</strong> />

tamanho do a<strong>br</strong>asivo anterior. Se ocorrerem gran<strong>de</strong>s variações no tamanho<<strong>br</strong> />

dos a<strong>br</strong>asivos, um tempo <strong>de</strong> lapidação maior é recomendado para se obter<<strong>br</strong> />

bons resultados. Os a<strong>br</strong>asivos com grana menor que 320 não são<<strong>br</strong> />

normalmente empregados, pois <strong>de</strong>sgastaria excessivamente a superfície do<<strong>br</strong> />

vidro. Estes têm aplicação quando se <strong>de</strong>seja, como dito anteriormente,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sgastar rapidamente a superfície a fim <strong>de</strong> reduzir a espessura da lente<<strong>br</strong> />

(lapidação grosseira). Neste caso empregam-se a<strong>br</strong>asivos <strong>de</strong> grana 120 em<<strong>br</strong> />

seguida 220 e inicia-se o processo <strong>de</strong> lapidação usual.<<strong>br</strong> />

O processo mecânico que utiliza uma matriz <strong>de</strong> ferro com o raio<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> curvatura <strong>de</strong>sejado é o mais empregado em oficinas <strong>de</strong> <strong>óptica</strong> para a<<strong>br</strong> />

lapidação <strong>de</strong> várias lentes ao mesmo tempo. Isso é feito através da<<strong>br</strong> />

montagem <strong>de</strong> blocados. Para lentes individuais, o processo é semelhante,<<strong>br</strong> />

porém, ao invés <strong>de</strong> matrizes <strong>de</strong> ferro, gera-se um par <strong>de</strong> matrizes <strong>de</strong> vidro<<strong>br</strong> />

complementares (par <strong>de</strong> lentes côncava e convexa <strong>de</strong> mesmo raio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

curvatura). A lente que se <strong>de</strong>seja lapidar, <strong>de</strong>sta forma, é atritada com a<<strong>br</strong> />

lente complementar na presença <strong>de</strong> pasta a<strong>br</strong>asiva.<<strong>br</strong> />

A escolha da matriz é feita <strong>de</strong> acordo com o raio <strong>de</strong> curvatura da<<strong>br</strong> />

face da lente que se <strong>de</strong>seja polir. As lentes serão colocadas em uma das<<strong>br</strong> />

faces <strong>de</strong> acordo com o perfil da superfície a ser polida: para uma<<strong>br</strong> />

superfície côncava, as lentes são colocadas na matriz convexa; para a<<strong>br</strong> />

superfície convexa, as lentes são colocadas na superfície côncava da<<strong>br</strong> />

matriz. Na Fig. 5.12, as lentes estão sendo colocadas na parte côncava da<<strong>br</strong> />

matriz. Antes <strong>de</strong> se colocar as lentes na matriz, esta recebe uma camada <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação Óptica<<strong>br</strong> />

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152<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

vaselina para facilitar a remoção posterior. As lentes são posicionadas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

maneira que suas bordas fiquem levemente afastadas umas das outras para<<strong>br</strong> />

evitar que<strong>br</strong>as. Depois <strong>de</strong> colocadas na matriz, po<strong>de</strong>-se pintar <strong>de</strong> preto a<<strong>br</strong> />

superfície exposta com um spray para <strong>de</strong>pois ver melhor o polimento.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.12 - Esquema <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> blocado para lapidação e polimento <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

uma superfície convexa.<<strong>br</strong> />

O material utilizado para a fixação das lentes é chamado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

cimento óptico. Este material é preparado <strong>de</strong>rretendo no fogo <strong>br</strong>eu e gesso<<strong>br</strong> />

em partes iguais e um pouco <strong>de</strong> cera <strong>de</strong> abelha. Para que não ocorra<<strong>br</strong> />

nenhum choque térmico, a matriz com as lentes também é aquecida como<<strong>br</strong> />

mostra a Fig. 5.13. Uma fita a<strong>de</strong>siva é usada para que não ocorra o<<strong>br</strong> />

vazamento do cimento óptico. O cimento <strong>de</strong>rretido é vertido so<strong>br</strong>e as<<strong>br</strong> />

lentes na matriz e a matriz complementar é colocada so<strong>br</strong>e o cimento,<<strong>br</strong> />

tomando-se o cuidado <strong>de</strong> não <strong>de</strong>ixar que este se encoste nas lentes. A<<strong>br</strong> />

montagem é colocada para esfriar.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.13 - Seqüência <strong>de</strong> montagem do blocado.<<strong>br</strong> />

Quando a montagem estiver completamente fria, a parte inferior é<<strong>br</strong> />

aquecida e, <strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>rretimento da vaselina, as duas partes da matriz<<strong>br</strong> />

são separadas. Um leve <strong>de</strong>sgaste do cimento óptico é conveniente para<<strong>br</strong> />

formar um pequeno <strong>de</strong>snível entre este e as lentes. Isso é importante para<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

proporcionar uma lapidação uniforme das superfícies. O blocado pronto<<strong>br</strong> />

está esquematizado na Fig. 5.14. Ele é levado à máquina mostrada na Fig.<<strong>br</strong> />

5.15, on<strong>de</strong> é realizada a lapidação das lentes. Ela consiste em dois eixos<<strong>br</strong> />

que suportam o blocado e a parte complementar da matriz. O eixo que<<strong>br</strong> />

suporta o blocado é mantido em movimento <strong>de</strong> rotação enquanto o eixo<<strong>br</strong> />

que suporta a outra face da matriz realiza movimento <strong>de</strong> vai-vem. Este<<strong>br</strong> />

movimento é importante para que a lapidação seja uniforme e atinja toda<<strong>br</strong> />

superfície das lentes. O processo é interrompido periodicamente para que<<strong>br</strong> />

haja o fornecimento da pasta a<strong>br</strong>asiva. É essencial que haja a presença<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ste material para que ocorra o atrito <strong>de</strong>ste com a lente e não o atrito do<<strong>br</strong> />

metal com a lente, além <strong>de</strong> ser uma forma <strong>de</strong> refrigeração da superfície<<strong>br</strong> />

que esquenta com o atrito e po<strong>de</strong> sofrer danos. Para este estágio são<<strong>br</strong> />

utilizados os a<strong>br</strong>asivos <strong>de</strong> grãos <strong>de</strong> tamanho maior.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.14 - Blocado pronto para o processo <strong>de</strong> lapidação.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.15 - Máquina utilizada para lapidação.<<strong>br</strong> />

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153


154<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

A lapidação também po<strong>de</strong> ser feita manualmente. Tal processo é<<strong>br</strong> />

necessário quando não se tem a matriz metálica com o raio <strong>de</strong> curvatura<<strong>br</strong> />

da superfície ou quando é fa<strong>br</strong>icada uma única lente com aquele raio.<<strong>br</strong> />

Neste caso, no processo <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> curva é feita uma superfície<<strong>br</strong> />

complementar à superfície da lente (par côncavo e convexo) com vidro<<strong>br</strong> />

comum e esta é usada para a lapidação da superfície da lente.<<strong>br</strong> />

O processo manual é feito em uma bancada on<strong>de</strong> existe um<<strong>br</strong> />

sistema com rolamentos on<strong>de</strong>, com um motor ou por meio <strong>de</strong> pedais, uma<<strong>br</strong> />

das duas superfícies complementares (coladas em suportes metálicos com<<strong>br</strong> />

cera <strong>de</strong> abelha) é colocada em movimento <strong>de</strong> rotação pelo sistema<<strong>br</strong> />

presente na bancada e a outra é mantida em atrito com a primeira com<<strong>br</strong> />

auxilio das mãos. O a<strong>br</strong>asivo usado é o mesmo que o empregado na<<strong>br</strong> />

lapidação com blocado. O controle do raio <strong>de</strong> curvatura neste processo é<<strong>br</strong> />

possível <strong>de</strong> acordo com o movimento executado pela pessoa que segura a<<strong>br</strong> />

lente. Movimento no sentido <strong>de</strong> rotação da peça presa ao sistema fixo na<<strong>br</strong> />

bancada leva a uma melhor lapidação do centro e movimento contrário à<<strong>br</strong> />

rotação leva a uma melhor lapidação das bordas. Isso também vale tanto<<strong>br</strong> />

para o processo <strong>de</strong> polimento manual como para o realizado na máquina<<strong>br</strong> />

politriz.<<strong>br</strong> />

5.5 Polimento<<strong>br</strong> />

O polimento utiliza a<strong>br</strong>asivos com grãos <strong>de</strong> tamanhos menores e<<strong>br</strong> />

geralmente é usado um único a<strong>br</strong>asivo durante todo o processo. O óxido<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> cério (fácil <strong>de</strong> ser utilizado e <strong>de</strong> limpar) e o óxido <strong>de</strong> zircônio são os<<strong>br</strong> />

mais usados no polimento por possuírem grãos com tamanho médio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

3µm. Outros a<strong>br</strong>asivos usados neste processo são: alumina em pó (até<<strong>br</strong> />

0,01µm), pasta diamantada (até 0,1µm), ruge, entre outros. Neste estágio a<<strong>br</strong> />

lente adquire <strong>br</strong>ilho e transparência, resultando em um produto pronto<<strong>br</strong> />

para o uso.<<strong>br</strong> />

No processo mecânico <strong>de</strong> polimento <strong>de</strong> lentes utiliza-se um<<strong>br</strong> />

polidor <strong>de</strong> piche ao invés do polidor <strong>de</strong> ferro ou vidro, pois o piche agri<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

menos a superfície da lente. Isso ocorre porque ele possui dureza inferior<<strong>br</strong> />

à do ferro e vidro. O piche é um material com alta viscosida<strong>de</strong> e em<<strong>br</strong> />

temperatura ambiente assemelha-se a um sólido, mas po<strong>de</strong> fluir com o<<strong>br</strong> />

tempo (mais rapidamente quando sob pressão ou alta temperatura). Estas<<strong>br</strong> />

características fazem <strong>de</strong>ste material um ótimo polidor. Existem diversos<<strong>br</strong> />

tipos <strong>de</strong> piches disponíveis comercialmente. A escolha do melhor piche<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

para polimento <strong>de</strong>ve ser feita <strong>de</strong> maneira que este não seja tão viscoso a<<strong>br</strong> />

ponto <strong>de</strong> não fluir o suficiente para que ocorra bom contato entre as<<strong>br</strong> />

superfícies e nem tão mole a ponto <strong>de</strong> fluir tanto que não mantenha o<<strong>br</strong> />

formato da superfície e prejudique o polimento.<<strong>br</strong> />

Para a preparação do polidor, o piche é aquecido num recipiente<<strong>br</strong> />

levado ao fogo, como mostra a Fig. 5.16. Quando este estiver líquido,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>speja-se so<strong>br</strong>e um suporte <strong>de</strong> metal plano ou uma matriz metálica. A<<strong>br</strong> />

superfície <strong>de</strong>ve estar limpa para que haja boa a<strong>de</strong>rência e uma moldura <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

fita a<strong>de</strong>siva <strong>de</strong>ve ser colocada para que não ocorra transbordamento do<<strong>br</strong> />

material.<<strong>br</strong> />

(a) (b) (c)<<strong>br</strong> />

Fig. 5.16 – (a) piche em pedaços, (b) <strong>de</strong>rretimento e (c) preparo do polidor.<<strong>br</strong> />

Após ser espalhado com cuidado para que não surjam bolhas,<<strong>br</strong> />

pincela-se a superfície da lente com uma mistura <strong>de</strong> a<strong>br</strong>asivo e água (para<<strong>br</strong> />

que o piche não gru<strong>de</strong> nas lentes) ou <strong>de</strong>tergente, e se coloca as duas<<strong>br</strong> />

superfícies em contato. Isto é feito quando o piche está um pouco mais<<strong>br</strong> />

firme e <strong>de</strong>pois que a moldura <strong>de</strong> fita a<strong>de</strong>siva é retirada. A outra meta<strong>de</strong> da<<strong>br</strong> />

matriz (com as lentes), ou a lente individual, é encostada no polidor<<strong>br</strong> />

(geralmente em rotação) para que o piche fique distribuído uniformemente<<strong>br</strong> />

e adquira o raio <strong>de</strong> curvatura da face a ser polida, como visto na Fig. 5.17.<<strong>br</strong> />

No caso <strong>de</strong> polidor para superfícies planas, o processo é o mesmo (Fig.<<strong>br</strong> />

5.18).<<strong>br</strong> />

Algum tempo <strong>de</strong>pois, quando o raio <strong>de</strong> curvatura da superfície<<strong>br</strong> />

está estabelecido <strong>de</strong> maneira uniforme, as duas partes da matriz são<<strong>br</strong> />

separadas e são feitos riscos, ou marcas no piche que servirão para o<<strong>br</strong> />

escoamento do a<strong>br</strong>asivo e acomodação do piche durante o polimento (Fig.<<strong>br</strong> />

5.19). Em seguida, coloca-se as duas peças novamente em contato para<<strong>br</strong> />

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155


156<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

garantir que toda a superfície do piche esteja em contato com a matriz <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

lentes ou com a superfície plana (no caso <strong>de</strong> espelhos).<<strong>br</strong> />

Fig. 5.17 - Montagem <strong>de</strong> polidor <strong>de</strong> piche.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.18 - Remoção da moldura <strong>de</strong> fita, espalhamento <strong>de</strong> a<strong>br</strong>asivo e contato<<strong>br</strong> />

entre o polidor e vidro plano.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.19 - Riscos feitos no polidor <strong>de</strong> piche e contato com o vidro para<<strong>br</strong> />

uniformida<strong>de</strong> da superfície.<<strong>br</strong> />

É conveniente se fazer alguns riscos mais estreitos com uma faca<<strong>br</strong> />

em cada um dos quadrados do polidor <strong>de</strong> piche para que ocorra melhor<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

acomodação do piche durante o polimento. O polidor <strong>de</strong> piche está pronto<<strong>br</strong> />

para ser usado.<<strong>br</strong> />

Quando o piche estiver <strong>de</strong>sgastado ou o raio <strong>de</strong> curvatura for<<strong>br</strong> />

alterado, é necessária sua troca. Para a remoção do piche que está no<<strong>br</strong> />

polidor, este é colocado num congelador por aproximadamente um dia.<<strong>br</strong> />

Em seguida, remove-se o piche com uma faca ou outro objeto resistente.<<strong>br</strong> />

Resíduos <strong>de</strong> piche que ficarem no suporte po<strong>de</strong>m facilitar a a<strong>de</strong>rência <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

uma nova camada.<<strong>br</strong> />

A máquina utilizada para o polimento, mostrada na Fig. 5.20,<<strong>br</strong> />

possui um sistema próprio <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> a<strong>br</strong>asivo, não sendo<<strong>br</strong> />

necessário interromper o processo a não ser para o monitoramento das<<strong>br</strong> />

superfícies das lentes. Ela é igual à máquina <strong>de</strong> lapidação, on<strong>de</strong> um dos<<strong>br</strong> />

eixos realiza movimento <strong>de</strong> rotação enquanto que o outro realiza<<strong>br</strong> />

movimentos <strong>de</strong> vai-vem.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.20 - Máquina utilizada para polimento <strong>de</strong> lentes.<<strong>br</strong> />

A limpeza do local on<strong>de</strong> é realizado o polimento é muito<<strong>br</strong> />

importante, pois a contaminação com qualquer grão <strong>de</strong> tamanho maior<<strong>br</strong> />

que o do a<strong>br</strong>asivo po<strong>de</strong> causar riscos na superfície. Para a remoção <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

riscos profundos é comum ter que se retornar ao estágio <strong>de</strong> lapidação.<<strong>br</strong> />

Durante o processo <strong>de</strong> lapidação e polimento, alguns cuidados <strong>de</strong>vem ser<<strong>br</strong> />

tomados para garantir a boa qualida<strong>de</strong> das lentes. Tais cuidados, <strong>de</strong>scritos<<strong>br</strong> />

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157


158<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

a seguir, <strong>de</strong>vem ser adotados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o processo <strong>de</strong> corte e geração <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

curva.<<strong>br</strong> />

Inspeção visual - Antes <strong>de</strong> se iniciar o processo <strong>de</strong> lapidação é<<strong>br</strong> />

conveniente uma inspeção cuidadosa do material. Peças que contenham<<strong>br</strong> />

rachaduras, bordas que<strong>br</strong>adas ou trincadas <strong>de</strong>vido ao processo <strong>de</strong> corte ou<<strong>br</strong> />

durante a geração <strong>de</strong> curvas po<strong>de</strong>m prejudicar o polimento <strong>de</strong> outras<<strong>br</strong> />

lentes que estejam sendo polidas num mesmo blocado (caso liberem<<strong>br</strong> />

pedaços <strong>de</strong> vidro), além <strong>de</strong> resultarem em lentes <strong>de</strong> pior qualida<strong>de</strong>. A<<strong>br</strong> />

observação <strong>de</strong> rachaduras internas do vidro óptico (provocadas<<strong>br</strong> />

eventualmente por quedas ou colisão) também po<strong>de</strong> ser feita já que lentes<<strong>br</strong> />

com tais <strong>de</strong>feitos não possuem boa qualida<strong>de</strong> visual. Para uma melhor<<strong>br</strong> />

visualização recomenda-se colocar o vidro <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um recipiente que<<strong>br</strong> />

contenha água, pois ela possui um índice <strong>de</strong> refração mais próximo ao do<<strong>br</strong> />

vidro.<<strong>br</strong> />

Durante a lapidação e o polimento - Durante os processos <strong>de</strong> lapidação e<<strong>br</strong> />

polimento cuidados com a qualida<strong>de</strong> da superfície, curvatura e forma<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>vem ser tomados. Durante a lapidação é importante observar se toda a<<strong>br</strong> />

superfície esta sendo gasta. Riscos feitos com uma caneta <strong>de</strong> ponta porosa<<strong>br</strong> />

são úteis para a verificação da uniformida<strong>de</strong> da lapidação. Neste caso,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve-se observar se os riscos <strong>de</strong>saparecem por igual <strong>de</strong> toda a superfície, o<<strong>br</strong> />

que <strong>de</strong>monstra que toda a região está sendo lapidada. Este tipo <strong>de</strong> teste é<<strong>br</strong> />

também conhecido como teste <strong>de</strong> Sharpié. Na mudança do a<strong>br</strong>asivo que<<strong>br</strong> />

estiver sendo utilizado, a lente (se a lapidação for individual) ou o blocado<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve ser lavado com pincel e <strong>de</strong>tergente e secado, tomando-se o cuidado<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> não <strong>de</strong>ixar resíduos <strong>de</strong> grãos do a<strong>br</strong>asivo anterior, em geral <strong>de</strong> tamanho<<strong>br</strong> />

maior. Isso é feito para evitar riscos provocados por algum grão que<<strong>br</strong> />

eventualmente se mistura com os grãos do próximo a<strong>br</strong>asivo, e é atritado<<strong>br</strong> />

com a lente. Secamos com ar comprimido, ao fim <strong>de</strong> cada etapa.<<strong>br</strong> />

Outro cuidado necessário refere-se ao controle do raio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

curvatura que se quer gerar. Durante o <strong>de</strong>sgaste da superfície da lente na<<strong>br</strong> />

lapidação, o raio <strong>de</strong> curvatura geralmente varia. Os a<strong>br</strong>asivos <strong>de</strong> grãos<<strong>br</strong> />

maiores mudam o raio da lente rapidamente, possibilitando o <strong>de</strong>svio do<<strong>br</strong> />

raio <strong>de</strong>sejado ou o ajuste para este raio. A<strong>br</strong>asivos com partículas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

tamanho menor também provocam mudança no raio <strong>de</strong> curvatura, porém<<strong>br</strong> />

esta mudança é mais lenta. A manipulação <strong>de</strong>ste raio <strong>de</strong> curvatura é feita<<strong>br</strong> />

variando-se a compressão e direção da matriz durante o processo. O<<strong>br</strong> />

controle <strong>de</strong>sta curvatura é feito com o esferômetro, como <strong>de</strong>scrito na<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

seção 5.3. É importante medir a altura em vários pontos so<strong>br</strong>e a superfície<<strong>br</strong> />

da lente para que, além da curvatura, seja possível verificar se a superfície<<strong>br</strong> />

está esférica ou se possui raios distintos em diferentes posições.<<strong>br</strong> />

Obtenção das Lentes Polidas - Após o processo <strong>de</strong> polimento, o resultado<<strong>br</strong> />

é uma superfície completamente polida, como visto na Fig. 5.21. Neste<<strong>br</strong> />

momento é necessário o <strong>de</strong>stacamento das lentes do cimento óptico. Para<<strong>br</strong> />

isso, o blocado é enrolado numa folha <strong>de</strong> alumínio e colocado num<<strong>br</strong> />

refrigerador on<strong>de</strong> é mantido por aproximadamente 2 horas (Fig. 5. 22).<<strong>br</strong> />

Fig. 5.21 - Blocado com lentes polidas.<<strong>br</strong> />

Fig. 22 - Processo para <strong>de</strong>stacamento das lentes por refrigeração do blocado.<<strong>br</strong> />

Este processo é importante, pois o coeficiente <strong>de</strong> dilatação do cimento<<strong>br</strong> />

óptico é maior que o dos vidros das lentes. Assim, o cimento óptico<<strong>br</strong> />

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159


160<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

contrai mais que as lentes, <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>ndo-as sem danificar. Em seguida, é<<strong>br</strong> />

só bater levemente no cimento óptico com um martelinho, que este<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>scola com facilida<strong>de</strong>. O resto do cimento é guardado para ser<<strong>br</strong> />

reutilizado. Para uma maior limpeza <strong>de</strong>ixamos as amostras em um banho<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> acetona, se a lente estiver razoavelmente limpa; caso contrário, usamos<<strong>br</strong> />

um banho <strong>de</strong> querosene. Esperamos por 3 horas e passamos álcool para<<strong>br</strong> />

terminar a limpeza.<<strong>br</strong> />

Controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> visual - A observação das superfícies das lentes<<strong>br</strong> />

com boa iluminação e utilizando uma lupa permite visualizar pequenos<<strong>br</strong> />

riscos, além <strong>de</strong> ser possível observar poros na face da lente, o que indica<<strong>br</strong> />

que o tempo <strong>de</strong> polimento não foi suficiente. Este tipo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

acompanhamento é importante, pois permite a correção durante o<<strong>br</strong> />

processo <strong>de</strong> polimento.<<strong>br</strong> />

Outro tipo <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> é o monitoramento do raio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

curvatura já <strong>de</strong>scrito acima, utilizando-se o esferômetro. Este controle<<strong>br</strong> />

permite a obtenção do raio i<strong>de</strong>al com maior precisão. A espessura da lente<<strong>br</strong> />

geralmente é controlada durante a lapidação através <strong>de</strong> um paquímetro.<<strong>br</strong> />

Este controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> é fundamental para garantir que a lente<<strong>br</strong> />

final tenha a distância focal correta e possua boa transparência e qualida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>óptica</strong>.<<strong>br</strong> />

Centralização <strong>de</strong> lentes - Durante os processos <strong>de</strong> lapidação e polimento<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>m ocorrer pequenos lascamentos das bordas da lente <strong>de</strong>vido a<<strong>br</strong> />

pequenas quedas ou choques. Estes <strong>de</strong>feitos po<strong>de</strong>m ocasionar riscos na<<strong>br</strong> />

superfície a ser polida <strong>de</strong>vido a possíveis pedaços <strong>de</strong> vidro que po<strong>de</strong>m se<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r e se misturar com a pasta a<strong>br</strong>asiva durante o polimento. Outro<<strong>br</strong> />

inconveniente é que o <strong>de</strong>feito na borda, quando gran<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> causar a<<strong>br</strong> />

perda da peça. Entretanto, se pequeno po<strong>de</strong> ser corrigido, caso o diâmetro<<strong>br</strong> />

real da lente seja maior que o diâmetro especificado. Este cuidado<<strong>br</strong> />

geralmente é tomado e parte da borda po<strong>de</strong> ser removida como veremos a<<strong>br</strong> />

seguir.<<strong>br</strong> />

Outro problema que geralmente ocorre durante o processo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> é o <strong>de</strong>svio entre o eixo óptico do raio gerado na lente e o centro<<strong>br</strong> />

geométrico da lente. Este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>feito prejudica o <strong>de</strong>sempenho óptico<<strong>br</strong> />

do sistema do qual a lente faz parte, e <strong>de</strong>ve ser corrigido. O processo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

centralização <strong>de</strong> lentes é feito para corrigir estes pequenos <strong>de</strong>feitos nas<<strong>br</strong> />

bordas e possíveis <strong>de</strong>svios do seu eixo central.<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

A centralização da lente é realizada pela máquina mostrada na<<strong>br</strong> />

Fig. 5.23, que consiste em um rebolo e dois eixos bem alinhados, on<strong>de</strong> são<<strong>br</strong> />

fixadas pinças <strong>de</strong> latão selecionadas <strong>de</strong> acordo com o tamanho da lente a<<strong>br</strong> />

ser centrada. A lente é posicionada entre as duas pinças que a comprimem,<<strong>br</strong> />

sem danificar a superfície, e se ajustam à curvatura <strong>de</strong>sta, centralizando o<<strong>br</strong> />

eixo óptico com o eixo das pinças. Este conjunto (pinças e lente) executa<<strong>br</strong> />

movimento giratório, com baixa velocida<strong>de</strong>. Um rebolo diamantado,<<strong>br</strong> />

localizado perpendicularmente ao eixo das pinças, é responsável pela<<strong>br</strong> />

retificação das bordas. Desta forma, o excesso <strong>de</strong> borda é retirado e o<<strong>br</strong> />

centro físico passa a coincidir com o eixo óptico da lente. Este tratamento<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> ser feito em lentes com qualquer curvatura e diâmetro.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.23 - Máquina usada na centralização <strong>de</strong> lentes.<<strong>br</strong> />

Com isso, encerramos as etapas <strong>de</strong> corte, lapidação e polimento da<<strong>br</strong> />

lente. Nota-se que nestas etapas iniciais não há muito conteúdo teórico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>óptica</strong> geométrica, uma vez que os cálculos são relativamente simples.<<strong>br</strong> />

Basta verificarmos alguns triângulos retângulos e apren<strong>de</strong>rmos a<<strong>br</strong> />

relacionar os parâmetros em questão. Nestes processos, a atenção maior<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve estar voltada para o cuidado no manuseio dos instrumentos e das<<strong>br</strong> />

máquinas para se atingir o melhor resultado. Por exemplo, ao se<<strong>br</strong> />

posicionar a lente na pinça da máquina geradora, <strong>de</strong>ve-se ter o cuidado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

verificar se ela encostou-se à pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> fundo da presilha; caso contrário,<<strong>br</strong> />

o eixo <strong>de</strong> curvatura po<strong>de</strong> ficar muito <strong>de</strong>scentralizado.<<strong>br</strong> />

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162<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

5.6 Controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tanto rigor na <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> dos componentes<<strong>br</strong> />

ópticos, é necessária uma avaliação da qualida<strong>de</strong> e eficiência <strong>de</strong> tais<<strong>br</strong> />

componentes com o propósito <strong>de</strong> garantir a confiabilida<strong>de</strong> do produto<<strong>br</strong> />

final. Alguns controles <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> usualmente realizados para a<<strong>br</strong> />

confecção <strong>de</strong> componentes ópticos são <strong>de</strong>scritos a seguir.<<strong>br</strong> />

Análise topológica da superfície - O primeiro teste a se fazer é a análise<<strong>br</strong> />

topológica da superfície com um interferômetro <strong>de</strong> Fizeau, como aquele<<strong>br</strong> />

mostrado na Fig. 5.24. Um interferômetro óptico é um instrumento <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

medida que utiliza o fenômeno da interferência baseado nas proprieda<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

ondulatórias da luz, criando as chamadas franjas <strong>de</strong> interferência. As<<strong>br</strong> />

proprieda<strong>de</strong>s geométricas do padrão <strong>de</strong> franjas <strong>de</strong> interferência são<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>terminadas pela diferença <strong>de</strong> caminho percorrido pelas ondas.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.24 – Interferômetro <strong>de</strong> Fizeau usado para a análise topológica <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

superfícies <strong>óptica</strong>s.<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

Os interferômetros me<strong>de</strong>m a diferença no caminho óptico em<<strong>br</strong> />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> onda, λ, da luz utilizada. Como o caminho<<strong>br</strong> />

óptico é o produto entre o caminho geométrico e o índice <strong>de</strong> refração, um<<strong>br</strong> />

interferômetro me<strong>de</strong> a diferença <strong>de</strong> caminhos geométricos quando os raios<<strong>br</strong> />

atravessam o mesmo meio, ou a diferença dos índices <strong>de</strong> refração quando<<strong>br</strong> />

o caminho geométrico é igual. Uma característica importante <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />

padrão <strong>de</strong> interferência é que a separação entre duas franjas consecutivas<<strong>br</strong> />

correspon<strong>de</strong> a uma diferença <strong>de</strong> caminhos ópticos <strong>de</strong> λ/2.<<strong>br</strong> />

As irregularida<strong>de</strong>s na superfície <strong>de</strong> componentes esféricos<<strong>br</strong> />

convexos são analisadas através do esquema mostrado na Fig. 5.25(a),<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> o raio <strong>de</strong> curvatura da superfície convexa sendo testada <strong>de</strong>ve ser<<strong>br</strong> />

menor do que a distância focal traseira do padrão <strong>de</strong> transmissão esférico.<<strong>br</strong> />

(a) (b) (c)<<strong>br</strong> />

Padrão<<strong>br</strong> />

esférico<<strong>br</strong> />

Padrão<<strong>br</strong> />

plano<<strong>br</strong> />

Teste Teste<<strong>br</strong> />

Fig. 5.25 – Montagens para testes <strong>de</strong> superfícies (a) convexas, (b) côncavas e (c)<<strong>br</strong> />

planas.<<strong>br</strong> />

Irregularida<strong>de</strong>s numa superfície esférica côncava são examinadas<<strong>br</strong> />

colocando o centro <strong>de</strong> curvatura do objeto sob teste coinci<strong>de</strong>nte com o<<strong>br</strong> />

foco do padrão esférico, como visto na Fig. 5.25(b). Já para a análise <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

superfícies planas, tais como as <strong>de</strong> espelhos e prismas, utilizamos um<<strong>br</strong> />

padrão plano, como mostra a Fig. 5.25(c). Feito isso, po<strong>de</strong>mos observar as<<strong>br</strong> />

franjas <strong>de</strong> interferência obtidas no monitor, imprimi-las ou gravar num<<strong>br</strong> />

micro-computador.<<strong>br</strong> />

Uma vez realizado o teste no interferômetro, <strong>de</strong>vemos medir as<<strong>br</strong> />

franjas <strong>de</strong> interferência obtidas para avaliar a qualida<strong>de</strong> da superfície<<strong>br</strong> />

<strong>óptica</strong>. Uma técnica comum para analisar as franjas manualmente é<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação Óptica<<strong>br</strong> />

163


164<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

baseada no uso <strong>de</strong> um acessório composto <strong>de</strong> um paralelogramo mecânico<<strong>br</strong> />

articulado, com um número <strong>de</strong> linhas paralelas, igualmente espaçadas,<<strong>br</strong> />

mas <strong>de</strong> espaçamento variável, conforme mostra a Fig. 5.26.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.26 – Paralelogramo articulado, com linhas igualmente espaçadas.<<strong>br</strong> />

O equipamento é ajustado <strong>de</strong> modo que as linhas da gra<strong>de</strong> estejam<<strong>br</strong> />

bem alinhadas com o padrão <strong>de</strong> franjas, como visto na Fig. 5.27.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.27 – Alinhamento das linhas com as franjas <strong>de</strong> interferência.<<strong>br</strong> />

Devemos medir o máximo <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> uma franja com relação à<<strong>br</strong> />

linha da re<strong>de</strong> que correspon<strong>de</strong> à franja. Isso é feito da seguinte maneira:<<strong>br</strong> />

1) Sem rodar ou mudar o espaçamento da re<strong>de</strong>, mova-a para o lado com o<<strong>br</strong> />

auxílio <strong>de</strong> uma régua <strong>de</strong> modo que pelos uma linha passe pelo centro<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> uma franja (Fig. 5.28). Marque a posição na figura <strong>de</strong> interferência.<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

Mova a re<strong>de</strong> (sem rodar ou mudar o espaçamento entre as linhas) até<<strong>br</strong> />

que a linha que passava pelo centro da franja passe pela posição <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

maior <strong>de</strong>svio, como mostra a parte central da Fig. 5.29. Marque esta<<strong>br</strong> />

posição na figura.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.28 – Superposição da linha com uma franja <strong>de</strong> interferência.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.29 – Medida do máximo <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> uma franja.<<strong>br</strong> />

2) Meça a distância, ∆s, entre as duas marcas feitas nos passos anteriores.<<strong>br</strong> />

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165


166<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

3) Meça a distância entre as duas linhas nos extremos da figura <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

interferência e divida essa distância pelo número <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> franjas<<strong>br</strong> />

para obter o espaçamento médio entre duas linhas consecutivas, s.<<strong>br</strong> />

4) Divida a medida do item 2 pela média obtida no item 3 para obter a<<strong>br</strong> />

fração <strong>de</strong> distorção da franja, <strong>de</strong> pico a vale, como visto na Fig. 5.30.<<strong>br</strong> />

5) Multiplique o resultado obtido no item anterior por ½ para converter a<<strong>br</strong> />

distorção da franja em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> onda.<<strong>br</strong> />

Multiplicando este valor por 0.633 µm, que é o comprimento <strong>de</strong> onda<<strong>br</strong> />

do laser <strong>de</strong> He-Ne utilizado no interferômetro <strong>de</strong> Fizeau, obtemos as<<strong>br</strong> />

variações <strong>de</strong> altura da superfície <strong>óptica</strong> em µm.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.30 – Medida da distorção da franja.<<strong>br</strong> />

Determinação <strong>de</strong> ângulos <strong>de</strong> prismas - Os ângulos entre as superfícies <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

um prisma geralmente são medidos utilizando-se um aparelho chamado<<strong>br</strong> />

goniômetro. Esses aparelhos são constituídos por uma mesa rotatória na<<strong>br</strong> />

qual é colocado o prisma ou polígono que terá os ângulos entre as<<strong>br</strong> />

superfícies <strong>de</strong>terminado por uma fonte luminosa e um colimador. O<<strong>br</strong> />

colimador gera um feixe <strong>de</strong> raios paralelos que é projetado em uma das<<strong>br</strong> />

superfícies e a mesa rotatória é girada até o momento que o feixe esteja<<strong>br</strong> />

refletido so<strong>br</strong>e ele mesmo, ou seja, esteja incidindo perpendicularmente na<<strong>br</strong> />

superfície. Nesta condição, a posição da mesa é anotada e repete-se o<<strong>br</strong> />

mesmo procedimento para a outra superfície em relação à qual se quer<<strong>br</strong> />

saber o ângulo. A diferença entre os dois valores anotados fornece o<<strong>br</strong> />

ângulo que se quer medir.<<strong>br</strong> />

O tipo <strong>de</strong> goniômetro mais empregado é o comparador, mostrado<<strong>br</strong> />

na Fig. 5.31, on<strong>de</strong> um prisma padrão é utilizado como referência. Depois<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> regularmos o goniômetro com o prisma padrão, colocamos no lugar do<<strong>br</strong> />

mesmo o prisma que queremos analisar. Assim, obtemos o ângulo do<<strong>br</strong> />

prisma por comparação.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.31 – Goniômetro comparador para a medida <strong>de</strong> ângulos <strong>de</strong> prismas.<<strong>br</strong> />

Determinação dos raios <strong>de</strong> curvatura <strong>de</strong> lentes – O raio <strong>de</strong> curvatura<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong> ser medido através <strong>de</strong> um esferômetro ou no banco óptico mostrado<<strong>br</strong> />

na Fig. 5.32. Uma fonte <strong>de</strong> luz está colocada em 1 e quando acesa, seus<<strong>br</strong> />

raios colimados chegam a um divisor <strong>de</strong> feixe em 2. Como é mostrado na<<strong>br</strong> />

figura, temos uma objetiva em 3 para focalizar o raio. Assim ajustamos a<<strong>br</strong> />

lente no trilho em 4 até que apareça uma cruz no visor. Este primeiro<<strong>br</strong> />

ponto indica on<strong>de</strong> <strong>de</strong>vemos zerar a escala graduada digital e a partir daí<<strong>br</strong> />

começar a observar em que ponto irá novamente aparecer outra cruz.<<strong>br</strong> />

Assim, o valor que aparecer na escala graduada é o valor do raio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

curvatura <strong>de</strong> um dos lados da lente. Quando conhecemos os índices <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

refração, po<strong>de</strong>mos obter o foco das lentes através da equação do<<strong>br</strong> />

fa<strong>br</strong>icante:<<strong>br</strong> />

1 ⎛ 1 1 ⎞<<strong>br</strong> />

= ( n v − n a ) ⎜ − ⎟ (5.1)<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

⎝ R1<<strong>br</strong> />

R 2 ⎠<<strong>br</strong> />

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167


168<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> f é a distância focal, nv e na são respectivamente o índice <strong>de</strong> refração<<strong>br</strong> />

do vidro e do ar (na ≈ 1) meio e R1 e R2 os respectivos raios <strong>de</strong> curvatura<<strong>br</strong> />

da lente.<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

Fig. 5.32 – Banco óptico para a medida <strong>de</strong> raios <strong>de</strong> curvatura.<<strong>br</strong> />

MTF (modulation transfer function) - A resolução e performance <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />

sistema óptico po<strong>de</strong>m ser caracterizadas por uma quantida<strong>de</strong> conhecida<<strong>br</strong> />

como modulation transfer function (MTF), que é a medida da capacida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

do sistema óptico <strong>de</strong> transferir contraste do objeto para a sua imagem. A<<strong>br</strong> />

quantificação da MTF constitui um mecanismo freqüentemente utilizado<<strong>br</strong> />

pelos <strong>de</strong>senhistas ópticos para reunir informações so<strong>br</strong>e resolução e<<strong>br</strong> />

contraste do sistema numa simples especificação. A MTF é útil não<<strong>br</strong> />

somente para caracterizar sistemas ópticos tradicionais, mas também<<strong>br</strong> />

sistemas fotônicos tais como câmeras <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o analógicas ou digitais,<<strong>br</strong> />

scanners, etc. Este conceito é <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> convenções <strong>de</strong> padronização<<strong>br</strong> />

utilizadas na engenharia elétrica que especificam o grau <strong>de</strong> modulação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

um sinal <strong>de</strong> saída como função da freqüência do sinal <strong>de</strong> entrada.<<strong>br</strong> />

Uma lente i<strong>de</strong>al seria uma lente capaz <strong>de</strong> produzir uma imagem<<strong>br</strong> />

que representa um objeto fielmente, transferindo todos os <strong>de</strong>talhes do<<strong>br</strong> />

objeto para a imagem; no entanto, lentes reais produzem pequenas<<strong>br</strong> />

variações entre a imagem e o objeto. Com intuito <strong>de</strong> quantificar este fator<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação Óptica<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

1


<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

intrínseco das lentes reais, representa-se a habilida<strong>de</strong> da lente <strong>de</strong> transferir<<strong>br</strong> />

informação do objeto para a imagem através da MTF.<<strong>br</strong> />

Uma maneira simples <strong>de</strong> interpretar os resultados da MTF é<<strong>br</strong> />

através da formação da imagem <strong>de</strong> um objeto <strong>de</strong> referência composto por<<strong>br</strong> />

uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> pares <strong>de</strong> linhas pretas e <strong>br</strong>ancas igualmente espaçadas (100%<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> contraste). Nenhuma lente (mesmo teoricamente perfeita) sob qualquer<<strong>br</strong> />

resolução po<strong>de</strong> transferir completamente este contraste para a imagem<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>vido à limitação provocada pela difração. Sendo assim, é útil graficar a<<strong>br</strong> />

maneira pela qual o contraste transferido varia com a freqüência espacial,<<strong>br</strong> />

que geralmente é expressa quantitativamente pelo número <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

espaçamentos (linhas) por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento existente na re<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

observada. De fato, quando o espaçamento entre as linhas da re<strong>de</strong> é<<strong>br</strong> />

diminuído (maior freqüência), se torna mais difícil para a lente transferir o<<strong>br</strong> />

contraste. Sendo assim, quando a freqüência espacial aumenta, o contraste<<strong>br</strong> />

da imagem diminui.<<strong>br</strong> />

Uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> referência comum para a freqüência espacial é o<<strong>br</strong> />

número <strong>de</strong> linhas por milímetro (lpm). Como exemplo, uma série contínua<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> pares <strong>de</strong> linhas pretas e <strong>br</strong>ancas com intervalo espacial <strong>de</strong> 1 micrômetro<<strong>br</strong> />

por par vai repetir 1000 vezes a cada milímetro o que correspon<strong>de</strong> a uma<<strong>br</strong> />

freqüência espacial <strong>de</strong> 1000 lpm.<<strong>br</strong> />

Na situação em que uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> linhas pretas e <strong>br</strong>ancas<<strong>br</strong> />

igualmente espaçadas (ondas quadradas) constitui o objeto cuja imagem<<strong>br</strong> />

vai ser analisada com intuito <strong>de</strong> caracterizar o sistema, o gráfico<<strong>br</strong> />

relacionando a porcentagem <strong>de</strong> contraste transferido do objeto para a<<strong>br</strong> />

imagem é conhecido como função <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> contraste (CTF). A<<strong>br</strong> />

Fig. 5.33 apresenta o efeito do aumento da freqüência espacial no<<strong>br</strong> />

contraste da imagem numa objetiva limitada por difração.<<strong>br</strong> />

Um gráfico <strong>de</strong> MTF mostra a porcentagem <strong>de</strong> contraste<<strong>br</strong> />

transferido para a imagem pela freqüência <strong>de</strong> linhas. Alguns fatores<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>vem ser observados:<<strong>br</strong> />

1) A função <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> modulação é o contraste da imagem em<<strong>br</strong> />

termos do contraste do objeto, em porcentagem (100% = completa<<strong>br</strong> />

distinção entre linhas pretas e <strong>br</strong>ancas, 0% = imagem uniformemente<<strong>br</strong> />

cinza).<<strong>br</strong> />

2) A freqüência em um gráfico <strong>de</strong> MTF é medida no plano da imagem.<<strong>br</strong> />

Sendo assim, para <strong>de</strong>finir a resolução do objeto (freqüência <strong>de</strong> linhas),<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve-se calcular a magnificação primária da lente sendo testada.<<strong>br</strong> />

Uma curva típica <strong>de</strong> MTF <strong>de</strong> uma lente é mostrada na Fig. 5.34.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação Óptica<<strong>br</strong> />

169


170<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

Gra<strong>de</strong> periódica Objetiva Imagem<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>anco <strong>br</strong>anco<<strong>br</strong> />

preto preto<<strong>br</strong> />

Gra<strong>de</strong> periódica Objetiva Imagem<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>anco <strong>br</strong>anco<<strong>br</strong> />

preto preto<<strong>br</strong> />

Fig. 5.33 – Efeitos da difração so<strong>br</strong>e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contraste transferido com o<<strong>br</strong> />

aumento da freqüência espacial.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.34 – Gráfico da MTF em função da freqüência espacial.<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação Óptica<<strong>br</strong> />

fc


<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

No gráfico da Fig. 5.34 po<strong>de</strong> se ver indicada a freqüência <strong>de</strong> corte<<strong>br</strong> />

que correspon<strong>de</strong> à freqüência para qual a porcentagem <strong>de</strong> contraste<<strong>br</strong> />

transferida é nula no caso <strong>de</strong> uma lente sem aberrações. A freqüência <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

corte, limitada por difração, é dada pela seguinte expressão:<<strong>br</strong> />

=<<strong>br</strong> />

λ<<strong>br</strong> />

NA 2<<strong>br</strong> />

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171<<strong>br</strong> />

f c (5.2)<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> NA é a abertura numérica do sistema e λ é o comprimento <strong>de</strong> onda<<strong>br</strong> />

em mm. Deve ser notado que uma curva <strong>de</strong> MTF po<strong>de</strong> ser gerada<<strong>br</strong> />

teoricamente, fornecendo uma prescrição so<strong>br</strong>e o <strong>de</strong>sempenho óptico da<<strong>br</strong> />

lente. Apesar <strong>de</strong> ser útil, ela não indicará o comportamento real da lente<<strong>br</strong> />

após sua confecção, uma vez que o processo <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> sempre<<strong>br</strong> />

introduz perdas no seu <strong>de</strong>sempenho. Por esta razão existem sistemas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

medida que quantificam a MTF da lente fa<strong>br</strong>icada fornecendo uma<<strong>br</strong> />

caracterização <strong>de</strong> seu real <strong>de</strong>sempenho. A Fig. 5.35 mostra um<<strong>br</strong> />

equipamento utilizado para teste <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma lente através da<<strong>br</strong> />

medida se sua MTF.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.35 – Equipamento para medidas <strong>de</strong> MTF.<<strong>br</strong> />

Erros <strong>de</strong> centralização - O procedimento mais comum para i<strong>de</strong>ntificar<<strong>br</strong> />

erros <strong>de</strong> centralização em lentes consiste em analisar a luz por elas<<strong>br</strong> />

transmitida ou refletida à medida que vão sofrendo uma rotação. Um<<strong>br</strong> />

melhor entendimento <strong>de</strong>ste método po<strong>de</strong> ser obtido com a ajuda da Fig.<<strong>br</strong> />

5.36, on<strong>de</strong> é mostrado um aparelho utilizado para este tipo <strong>de</strong> medida.


172<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

Fig. 5.36 – Aparelho para medidas <strong>de</strong> erro na centralização.<<strong>br</strong> />

Para a medida da centralização por transmissão um feixe é<<strong>br</strong> />

focalizado no plano focal da lente a ser testada. O feixe <strong>de</strong> luz transmitido<<strong>br</strong> />

pela lente é captado por uma câmera CCD. Para quantificar erros <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

centralização presentes na lente, o feixe <strong>de</strong> luz transmitido é analisado<<strong>br</strong> />

enquanto a lente é rodada <strong>de</strong> 360 o . Na medida por reflexão (modo<<strong>br</strong> />

refletido), um feixe é focalizado no centro <strong>de</strong> curvatura da lente e<<strong>br</strong> />

posteriormente refletido pela mesma. O feixe refletido é captado por uma<<strong>br</strong> />

câmera CCD e analisado enquanto a lente é rodada <strong>de</strong> 360 o , como na<<strong>br</strong> />

análise por transmissão. À medida que a lente sob teste é rodada, a<<strong>br</strong> />

imagem formada na CCD se moverá se houver a presença <strong>de</strong> erros <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

centralização. O <strong>de</strong>slocamento na imagem será proporcional à quantida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> erro na centralização.<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

O aparelho visto na Fig. 5.36, além <strong>de</strong> avaliar possíveis erros <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

centralização, permite o alinhamento <strong>de</strong> duas lentes já centralizadas<<strong>br</strong> />

quando elas são coladas para a confecção <strong>de</strong> um dubleto.<<strong>br</strong> />

Effective Focal Length (EFL) - Medições das distâncias focais efetiva<<strong>br</strong> />

(EFL) e traseira (BFL) também são realizadas pelo sistema mostrado na<<strong>br</strong> />

Fig. 5.35. De acordo com o esquema ilustrativo da Fig. 5.37, um sistema<<strong>br</strong> />

colimador projeta no infinito a imagem <strong>de</strong> um objeto reticulado com<<strong>br</strong> />

espaçamento y. Os raios paralelos atravessam a lente a ser testada e<<strong>br</strong> />

emergem como um feixe <strong>de</strong> raios convergentes que se interceptam no<<strong>br</strong> />

plano focal da mesma. A imagem do objeto <strong>de</strong> referência formada no<<strong>br</strong> />

plano focal é coletada por um microscópio e focalizada numa câmera<<strong>br</strong> />

CCD colocada precisamente no plano focal do microscópio.<<strong>br</strong> />

O microscópio e a CCD são montados em um estágio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

translação linear controlado por um motor <strong>de</strong> passo. Um sistema <strong>de</strong> autofocalização<<strong>br</strong> />

controlado por computador permite a localização precisa e<<strong>br</strong> />

automatizada do plano focal da lente sob teste. Simultaneamente, o<<strong>br</strong> />

comprimento <strong>de</strong> ajuste do colimador, fk, é <strong>de</strong>terminado e<<strong>br</strong> />

conseqüentemente o comprimento focal efetivo, f’, é dado por:<<strong>br</strong> />

Microscópio e câmera CCD<<strong>br</strong> />

Estágio controlado<<strong>br</strong> />

pelo motor <strong>de</strong> passo<<strong>br</strong> />

Lente sob teste<<strong>br</strong> />

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173<<strong>br</strong> />

'<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

= − f<<strong>br</strong> />

(5.3)<<strong>br</strong> />

y<<strong>br</strong> />

'<<strong>br</strong> />

f k<<strong>br</strong> />

Fig. 5.37 – Diagrama óptico para a medida da distância focal efetiva.<<strong>br</strong> />

Retículo com<<strong>br</strong> />

espaçamento y<<strong>br</strong> />

Sistema<<strong>br</strong> />

colimador<<strong>br</strong> />

Através <strong>de</strong>sta relação po<strong>de</strong> se <strong>de</strong>terminar diretamente o valor do<<strong>br</strong> />

EFL (f´) através <strong>de</strong> fk, y’ (altura da imagem) e y. Estes três parâmetros são<<strong>br</strong> />

indicados na Fig. 5.37. Seus valores são automaticamente fornecidos pelo<<strong>br</strong> />

aparelho <strong>de</strong> medida após um processo <strong>de</strong> auto-cali<strong>br</strong>ação feito pelo<<strong>br</strong> />

sistema. Todos os aspectos da aquisição <strong>de</strong> dados começando pelo sistema


174<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> auto-focalização, posicionamento da CCD, auto-cali<strong>br</strong>ação e exposição<<strong>br</strong> />

dos dados medidos, são controlados pelo software e totalmente<<strong>br</strong> />

automatizados.<<strong>br</strong> />

Back Focal Length (BFL) - O BFL é a distância do vértice da lente até o<<strong>br</strong> />

segundo ponto focal. A cabeça <strong>óptica</strong> para medição do BFL é projetada<<strong>br</strong> />

como um dispositivo autocolimador que incorpora um objeto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

referência, um divisor <strong>de</strong> feixe e um sistema <strong>de</strong> imagem. Um sistema <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

iluminação por fi<strong>br</strong>a <strong>óptica</strong> seguida por um con<strong>de</strong>nsador ilumina o objeto.<<strong>br</strong> />

A imagem projetada do objeto é automaticamente focalizada no vértice e<<strong>br</strong> />

posteriormente no plano focal da lente sob teste. Cada posição dos dois<<strong>br</strong> />

planos <strong>de</strong> focalização (vértice da lente e plano focal) é precisamente<<strong>br</strong> />

medida. A distância entre estas duas posições constitui o BFL. A Fig. 5.38<<strong>br</strong> />

fornece um esquema ilustrativo da focalização da imagem no vértice e no<<strong>br</strong> />

plano focal da lente.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.38 – Aparato para medição do BFL.<<strong>br</strong> />

5.7 Filmes finos<<strong>br</strong> />

Para a construção <strong>de</strong> filtros, espelhos e filmes anti-refletores em<<strong>br</strong> />

lentes temos que ter primeiramente o substrato pronto, ou seja, uma<<strong>br</strong> />

superfície <strong>óptica</strong> que já tenha passado pelos processos anteriores <strong>de</strong> corte,<<strong>br</strong> />

lapidação, polimento e controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Para muitos espelhos não é<<strong>br</strong> />

necessário um vidro com boa transmissão <strong>óptica</strong>, pois não haverá a<<strong>br</strong> />

passagem <strong>de</strong> luz por ele.<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

O processo utilizado para a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> filmes finos é a<<strong>br</strong> />

vaporização em câmara <strong>de</strong> alto vácuo. Este processo consiste na<<strong>br</strong> />

evaporação <strong>de</strong> substâncias (quartzo, óxido <strong>de</strong> titânio, alumínio, prata, etc)<<strong>br</strong> />

aquecidas a altas temperaturas, suficiente para fundi-las e formar uma<<strong>br</strong> />

nuvem do material <strong>de</strong>ntro da câmara vácuo. Essa nuvem entra em contato<<strong>br</strong> />

com o substrato formando camadas muito finas <strong>de</strong>sse material so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

vidro. Pela superposição <strong>de</strong> camadas <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> materiais<<strong>br</strong> />

iremos <strong>de</strong>finir as proprieda<strong>de</strong>s do componente. As máquinas usadas para a<<strong>br</strong> />

<strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>de</strong>sses componentes (Fig. 5.39) são chamadas evaporadoras,<<strong>br</strong> />

pois como mencionamos, os filmes finos são produzidos a partir da<<strong>br</strong> />

evaporação, em alto vácuo, <strong>de</strong> metais e materiais dielétricos. Essas<<strong>br</strong> />

evaporadoras são equipamentos extremamente sofisticados, caros e que<<strong>br</strong> />

exigem um investimento muito alto na sua instalação, manutenção e<<strong>br</strong> />

utilização.<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

Fig. 5.39 – Vista geral da evaporadora constituída por (1) câmara <strong>de</strong> vácuo, (2)<<strong>br</strong> />

sistema <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> potência para o canhão <strong>de</strong> elétrons e (3)<<strong>br</strong> />

micro-computador e controle <strong>de</strong> vácuo.<<strong>br</strong> />

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3<<strong>br</strong> />

175


176<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

Dentro da evaporadora existe uma calota esférica, vista na Fig.<<strong>br</strong> />

5.40, on<strong>de</strong> são fixados os substratos. Essa calota irá realizar um<<strong>br</strong> />

movimento giratório para que haja uma distribuição uniforme do material<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>positado. Depois <strong>de</strong> escolhido o material para evaporação, <strong>de</strong>vemos<<strong>br</strong> />

saber qual é o seu ponto <strong>de</strong> fusão. Se esta temperatura for inferior a 800<<strong>br</strong> />

ºC (em geral os metais) ele será evaporado em um cadinho que será<<strong>br</strong> />

aquecido por efeito Joule. Porém se necessitarmos <strong>de</strong> temperaturas mais<<strong>br</strong> />

elevadas para evaporação utilizaremos um canhão <strong>de</strong> elétrons, que<<strong>br</strong> />

consiste num feixe <strong>de</strong> elétrons acelerados incidindo diretamente no<<strong>br</strong> />

material, po<strong>de</strong>ndo chegar a temperaturas altíssimas, suficientes, por<<strong>br</strong> />

exemplo, para evaporar até grafite.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.40 – Calota para fixação dos substratos.<<strong>br</strong> />

Depois <strong>de</strong> colocados <strong>de</strong>ntro da máquina os substratos e os<<strong>br</strong> />

materiais a serem evaporados (Fig. 5.41), fechamos a mesma e ligamos<<strong>br</strong> />

uma bomba mecânica que inicia o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>spressurização, até<<strong>br</strong> />

atingir uma pressão da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10 -2 bar. A seguir liga-se a bomba<<strong>br</strong> />

difusora, mais eficiente para baixas pressões, que fornecerá o vácuo<<strong>br</strong> />

necessário, que é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10 -5 bar.<<strong>br</strong> />

O próximo passo consiste em ativar um ionizador para limpeza<<strong>br</strong> />

dos substratos (glow discharge) na presença <strong>de</strong> um pequeno fluxo <strong>de</strong> ar.<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

Isto fará aumentar a pressão novamente. Finda esta etapa, a bomba<<strong>br</strong> />

difusora fará a câmara <strong>de</strong> vácuo voltar à pressão exigida e o material po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

começar a ser evaporado.<<strong>br</strong> />

A evaporadora é programada para realizar o processo sozinha, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

forma que <strong>de</strong>vemos saber <strong>de</strong> antemão o número <strong>de</strong> camadas, a espessura e<<strong>br</strong> />

a or<strong>de</strong>m dos materiais a serem <strong>de</strong>positados. Lem<strong>br</strong>amos que ao final da<<strong>br</strong> />

evaporação os substratos estarão quentes, e que a máquina também recebe<<strong>br</strong> />

a <strong>de</strong>posição do material, exigindo que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> algumas evaporadas ela<<strong>br</strong> />

seja limpa.<<strong>br</strong> />

.<<strong>br</strong> />

Fig. 5.41 – Interior da evaporadora, com <strong>de</strong>staque no local on<strong>de</strong> colocamos os<<strong>br</strong> />

materiais que serão evaporados.<<strong>br</strong> />

Algumas limitações do equipamento - A espessura <strong>de</strong> cada camada po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ser controlada através da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material <strong>de</strong>positado so<strong>br</strong>e um<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação Óptica<<strong>br</strong> />

177


178<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

cristal <strong>de</strong> quartzo que oscila com uma freqüência <strong>de</strong> ressonância da or<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> 5 MHz. Conforme o material vai se <strong>de</strong>positando so<strong>br</strong>e o cristal, a<<strong>br</strong> />

freqüência <strong>de</strong> ressonância muda e esta variação po<strong>de</strong> ser correlacionada<<strong>br</strong> />

com a espessura <strong>de</strong>positada. A resolução <strong>de</strong> cada camada é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

10Ǻ, e se necessitarmos uma espessura menor que essa não teremos a<<strong>br</strong> />

resolução necessária para consegui-la. Assim, temos uma limitação do<<strong>br</strong> />

equipamento que provoca incertezas <strong>de</strong>sta or<strong>de</strong>m nos comprimentos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

onda <strong>de</strong>sejados.<<strong>br</strong> />

Materiais - O primeiro passo antes da evaporação é a escolha do material<<strong>br</strong> />

a ser evaporado. Essa escolha irá <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r das proprieda<strong>de</strong>s da interação<<strong>br</strong> />

do material com a luz. A luz inci<strong>de</strong>nte no material sofre três tipos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

efeito: reflexão, absorção e transmissão e, portanto, a escolha <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>stes três fatores. Os materiais utilizados para a <strong>de</strong>posição po<strong>de</strong>m ser<<strong>br</strong> />

metais ou dielétricos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do uso que se dará ao componente<<strong>br</strong> />

óptico. O uso <strong>de</strong> materiais dielétricos é mais freqüente, pois eles<<strong>br</strong> />

praticamente não absorvem luz. Porém, a atuação <strong>de</strong>les ocorre numa<<strong>br</strong> />

pequena faixa do espectro, enquanto que o alumínio, por exemplo, reflete<<strong>br</strong> />

em todo o espectro visível, mas com a inconveniência <strong>de</strong> absorver cerca<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> 5% da radiação.<<strong>br</strong> />

A <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> materiais dielétricos é feita por camadas, que<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>m ser variadas tanto em número quanto em espessura, resultando em<<strong>br</strong> />

componentes com diferentes espectros <strong>de</strong> transmissão. Quando utilizamos<<strong>br</strong> />

elementos dielétricos é necessária a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> pelo menos dois tipos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

materiais com índices <strong>de</strong> refração diferentes. Geralmente, quanto maior a<<strong>br</strong> />

diferença entre os índices maior será a eficiência do dispositivo. Os<<strong>br</strong> />

dielétricos mais utilizados são: o dióxido <strong>de</strong> titânio (TiO2, n = 2.2) e o<<strong>br</strong> />

quartzo (SiO2, n = 1.45), justamente pela gran<strong>de</strong> diferença entre seus<<strong>br</strong> />

índices. Alternamos então camadas com índice alto e camadas com índice<<strong>br</strong> />

baixo (high-low).<<strong>br</strong> />

A utilização <strong>de</strong> metais na confecção <strong>de</strong> espelhos se dá quando a<<strong>br</strong> />

absorção do componente não representa um problema para a aplicação na<<strong>br</strong> />

qual este será empregado. Os metais mais utilizados são: alumínio e ouro.<<strong>br</strong> />

Como já dito, apesar dos metais absorverem parte da luz, a maioria <strong>de</strong>les<<strong>br</strong> />

funciona em todo o espectro visível, mas o ouro é mais utilizado para a<<strong>br</strong> />

faixa do infravermelho.<<strong>br</strong> />

Número <strong>de</strong> camadas - O número <strong>de</strong> camadas é um fator importantíssimo<<strong>br</strong> />

na construção <strong>de</strong> filtros e espelhos. Aumentando o número <strong>de</strong> camadas<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

aumentamos a porcentagem <strong>de</strong> reflexão e assim obtemos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> divisores<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> feixe (semi-espelhos) até espelhos <strong>de</strong> reflexão total. Lem<strong>br</strong>amos<<strong>br</strong> />

também que com uma pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> camadas convenientemente<<strong>br</strong> />

escolhidas po<strong>de</strong>mos produzir uma interferência que diminui a reflexão,<<strong>br</strong> />

que são os filmes anti-refletores.<<strong>br</strong> />

Para os filmes dielétricos, a espessura das camadas é outro fator<<strong>br</strong> />

muito importante. Variando a espessura variamos a faixa do espectro em<<strong>br</strong> />

que o dispositivo irá atuar. Para o vermelho as camadas serão mais<<strong>br</strong> />

espessas e para o azul mais finas.<<strong>br</strong> />

A <strong>de</strong>terminação do número <strong>de</strong> camadas, espessura e a alternância<<strong>br</strong> />

entre os materiais para cada componente fa<strong>br</strong>icado exigem cálculos que<<strong>br</strong> />

seriam muito trabalhosos e pouco práticos na confecção <strong>de</strong> cada<<strong>br</strong> />

componente. Para isso utilizamos um programa <strong>de</strong> computador que<<strong>br</strong> />

calcula diretamente o número <strong>de</strong> camadas, a espessura <strong>de</strong> cada uma e a<<strong>br</strong> />

alternância <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição dos materiais. Um dos programas comerciais<<strong>br</strong> />

mais comuns é o ESSENTIAL MACLEOD e sua utilização é simples:<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> escolher os materiais e especificar as proprieda<strong>de</strong>s do<<strong>br</strong> />

componente, como por exemplo, a faixa do espectro e a transmissão<<strong>br</strong> />

requerida em cada comprimento <strong>de</strong> onda (TARGETS).<<strong>br</strong> />

A Tabela 5.3 e a Fig. 5.42 mostram um exemplo do cálculo<<strong>br</strong> />

realizado pelo programa para um espelho em 530 nm com TiO2 e SiO2,<<strong>br</strong> />

com o limite <strong>de</strong> 25 camadas. Esse espelho foi calculado para um ângulo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> 45 0 .<<strong>br</strong> />

Tabela 5.3 – Cálculo <strong>de</strong> um espelho <strong>de</strong> alta refletivida<strong>de</strong> em 530 nm.<<strong>br</strong> />

Layer Material Refractive Extinction Thickness<<strong>br</strong> />

In<strong>de</strong>x<<strong>br</strong> />

Coefficient<<strong>br</strong> />

Medium Air 1.0000 0.00000<<strong>br</strong> />

1 TiO2 1.00000 0.00037 54.38<<strong>br</strong> />

2 SiO2 1.00000 0.00000 117.29<<strong>br</strong> />

3 TiO2 1.00000 0.00037 56.96<<strong>br</strong> />

4 SiO2 1.00000 0.00000 110.74<<strong>br</strong> />

5 TiO2 1.00000 0.00037 58.41<<strong>br</strong> />

6 SiO2 1.00000 0.00000 106.59<<strong>br</strong> />

7 TiO2 1.00000 0.00037 59.33<<strong>br</strong> />

8 SiO2 1.00000 0.00000 105.27<<strong>br</strong> />

9 TiO2 1.00000 0.00037 59.56<<strong>br</strong> />

10 SiO2 1.00000 0.00000 104.73<<strong>br</strong> />

11 TiO2 1.00000 0.00037 59.58<<strong>br</strong> />

12 SiO2 1.00000 0.00000 104.28<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

13 TiO2 1.00000 0.00037 59.93<<strong>br</strong> />

14 SiO2 1.00000 0.00000 104.17<<strong>br</strong> />

15 TiO2 1.00000 0.00037 59.72<<strong>br</strong> />

16 SiO2 1.00000 0.00000 104.27<<strong>br</strong> />

17 TiO2 1.00000 0.00037 59.72<<strong>br</strong> />

18 SiO2 1.00000 0.00000 104.30<<strong>br</strong> />

19 TiO2 1.00000 0.00037 59.63<<strong>br</strong> />

20 SiO2 1.00000 0.00000 77.19<<strong>br</strong> />

21 TiO2 1.00000 0.00037 56.99<<strong>br</strong> />

22 SiO2 1.00000 0.00000 82.29<<strong>br</strong> />

Substrate Glass 0.00000 0.00000<<strong>br</strong> />

Fig. 5.42 – Transmissão <strong>de</strong> um espelho dielétrico para 530 nm.<<strong>br</strong> />

Exemplos <strong>de</strong> componentes que po<strong>de</strong>m ser evaporados<<strong>br</strong> />

Anti-reflexo: As lentes com revestimentos anti-refletores são<<strong>br</strong> />

componentes que, através da <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> poucas camadas têm a<<strong>br</strong> />

proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> refletir menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz. Uma aplicação são as<<strong>br</strong> />

lentes <strong>de</strong> óculos on<strong>de</strong> observamos uma reflexão meio azulada. Outra<<strong>br</strong> />

aplicação <strong>de</strong>ssa técnica é feita em lentes <strong>de</strong> telescópios refratores com o<<strong>br</strong> />

objetivo <strong>de</strong> se per<strong>de</strong>r a menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz possível.<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

Filtros <strong>de</strong> interferência: Existem os filtros passa-banda que são<<strong>br</strong> />

componentes que permitem a passagem <strong>de</strong> apenas uma faixa escolhida do<<strong>br</strong> />

espectro. Os filtros passa-alto <strong>de</strong>ixam passar os comprimentos <strong>de</strong> onda<<strong>br</strong> />

mais altos, e os filtros passa-baixo que <strong>de</strong>ixam passar os comprimentos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

onda mais baixos. Po<strong>de</strong>-se construir um filtro passa-banda fazendo a<<strong>br</strong> />

composição <strong>de</strong> um passa-alto com passa-baixo.<<strong>br</strong> />

Espelhos: Os espelhos po<strong>de</strong>m refletir totalmente a luz, ou refletir apenas<<strong>br</strong> />

uma faixa escolhida do espectro. Uma aplicação para esses espelhos são<<strong>br</strong> />

as lâmpadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntistas que refletem apenas a luz no espectro visível<<strong>br</strong> />

para iluminar a boca do paciente, enquanto o infravermelho, que é a parte<<strong>br</strong> />

quente da luz, passa através do espelho para não esquentar a boca do<<strong>br</strong> />

paciente.<<strong>br</strong> />

Divisor <strong>de</strong> feixe (beam spliter): São semi-espelhos, que refletem uma<<strong>br</strong> />

porcentagem da luz e transmitem o resto, po<strong>de</strong>ndo atuar na mesma faixa<<strong>br</strong> />

do espectro ou em faixas distintas.<<strong>br</strong> />

Controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> do componente - Para conferir a proprieda<strong>de</strong> do<<strong>br</strong> />

componente fa<strong>br</strong>icado, utilizamos um espectrofotômetro, que consiste<<strong>br</strong> />

num dispositivo para medir a transmissão, ou seja, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz que<<strong>br</strong> />

passa pelo componente em função do comprimento <strong>de</strong> onda. Po<strong>de</strong>-se<<strong>br</strong> />

também com o mesmo aparelho medir a refletivida<strong>de</strong> caso seja este um<<strong>br</strong> />

espelho. A seguir mostramos na Fig. 5.43 o exemplo <strong>de</strong> um espectro <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

transmissão que correspon<strong>de</strong> a medida da transmitância <strong>de</strong> um espelho<<strong>br</strong> />

para o comprimento <strong>de</strong> onda λ = 632 nm.<<strong>br</strong> />

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182<<strong>br</strong> />

Fig. 5.43 – Espectro <strong>de</strong> um espelho para λ=632 nm.<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

Bibliografia<<strong>br</strong> />

5.1. D. F. Horne, Optical Production Technology (Crane, Russak &<<strong>br</strong> />

Company, Inc., New York, 1972).<<strong>br</strong> />

Problemas<<strong>br</strong> />

5.1. Deduzir as expressões senα = D/(R+2) e senα = D/(R-2) para a<<strong>br</strong> />

geração <strong>de</strong> superfícies côncavas e convexas, respectivamente.<<strong>br</strong> />

5.2. Para que o polimento <strong>de</strong> um disco <strong>de</strong> vidro fique com planicida<strong>de</strong> boa<<strong>br</strong> />

(λ/10)<<strong>br</strong> />

a) O polimento <strong>de</strong>ve ser feito com baixa rotação (menor que 10 rpm)<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

b) O polimento <strong>de</strong>ve ser feito com alta rotação (maior que 200 rpm)<<strong>br</strong> />

c) O diâmetro e a espessura do disco <strong>de</strong>ver ser iguais<<strong>br</strong> />

d) É necessário que se faça o polimento em matriz <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<<strong>br</strong> />

e) A espessura <strong>de</strong>ve ser no mínimo 1/5 do diâmetro<<strong>br</strong> />

5.3 Um dubleto acromático é feito colando-se duas lentes <strong>de</strong> vidros<<strong>br</strong> />

diferentes. Estes vidros <strong>de</strong>vem ser do tipo:<<strong>br</strong> />

a) Ambos crown<<strong>br</strong> />

b) Um crown e um flint<<strong>br</strong> />

c) Ambos flint<<strong>br</strong> />

d) Um crown e um light<<strong>br</strong> />

e) Um flint e um light<<strong>br</strong> />

5.4. Qual é o par <strong>de</strong> palavras que completa corretamente a seguinte<<strong>br</strong> />

sentença: O polimento <strong>de</strong> uma superfície <strong>de</strong> vidro é feito utilizandose<<strong>br</strong> />

uma matriz <strong>de</strong> __________ e __________ como a<strong>br</strong>asivo:<<strong>br</strong> />

a) Ferro, carborundum<<strong>br</strong> />

b) Co<strong>br</strong>e, carbeto <strong>de</strong> silício<<strong>br</strong> />

c) Pixe, carborundum<<strong>br</strong> />

d) Cera, alumina<<strong>br</strong> />

e) Pixe, óxido <strong>de</strong> cério<<strong>br</strong> />

5.5. A melhor maneira <strong>de</strong> se cortar um bloco <strong>de</strong> vidro é com:<<strong>br</strong> />

a) Ponta <strong>de</strong> diamante<<strong>br</strong> />

b) Serra <strong>de</strong> vídia<<strong>br</strong> />

c) Serra diamantada<<strong>br</strong> />

d) Serra <strong>de</strong> aço inox<<strong>br</strong> />

e) Fio diamantado<<strong>br</strong> />

5.6. Para verificar se a superfície polida está bem plana <strong>de</strong>ve-se:<<strong>br</strong> />

a) Usar um planímetro<<strong>br</strong> />

b) Usar um goniômetro<<strong>br</strong> />

c) Comparar com uma superfície <strong>de</strong> mesma planicida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

d) Comparar com uma superfície <strong>de</strong> planicida<strong>de</strong> melhor<<strong>br</strong> />

e) Nenhuma das anteriores<<strong>br</strong> />

5.7. O “cimento óptico”, usado para a montagem <strong>de</strong> blocados <strong>de</strong> lentes é<<strong>br</strong> />

composto <strong>de</strong>:<<strong>br</strong> />

a) Piche e <strong>br</strong>eu<<strong>br</strong> />

b) Breu e gesso<<strong>br</strong> />

S. C. Zilio Desenho e Fa<strong>br</strong>icação Óptica<<strong>br</strong> />

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184<<strong>br</strong> />

c) Cera <strong>de</strong> abelha, gesso e pixe<<strong>br</strong> />

d) Gesso, <strong>br</strong>eu e cera <strong>de</strong> abelha<<strong>br</strong> />

e) Pixe, gesso e <strong>br</strong>eu<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

5.8. Para remover as lentes presas num blocado por cimento óptico <strong>de</strong>vese:<<strong>br</strong> />

a) Esquentar o blocado lentamente até 150°C<<strong>br</strong> />

b) Dissolver o cimento óptico com acetona<<strong>br</strong> />

c) Remover as lentes mecanicamente<<strong>br</strong> />

d) Resfriar o blocado num freezer<<strong>br</strong> />

e) Remover as lentes com ultra-som<<strong>br</strong> />

5.9. Ao se medir a superfície esférica <strong>de</strong> uma lente com raio <strong>de</strong> curvatura<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> 5 cm com um esferômetro <strong>de</strong> diâmetro <strong>de</strong> 6 cm, obtém-se uma<<strong>br</strong> />

flecha <strong>de</strong>:<<strong>br</strong> />

a) 3 mm<<strong>br</strong> />

b) 15 mm<<strong>br</strong> />

c) 10 mm<<strong>br</strong> />

d) 5 mm<<strong>br</strong> />

e) Nenhuma das anteriores<<strong>br</strong> />

5.10. Deseja se construir uma lente plano-convexa com vidro cujo índice<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> refração é n = 1.5. Para que a lente tenha uma distância focal <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

30 cm, o raio <strong>de</strong> curvatura da superfície esférica <strong>de</strong>ve ser:<<strong>br</strong> />

a) 15 cm<<strong>br</strong> />

b) 30 cm<<strong>br</strong> />

c) 10 cm<<strong>br</strong> />

d) 45 cm<<strong>br</strong> />

e) 60 cm<<strong>br</strong> />

5.11. Para se limpar uma lente usa-se<<strong>br</strong> />

a) Álcool ou acetona<<strong>br</strong> />

b) Sabão e água<<strong>br</strong> />

c) Detergente neutro<<strong>br</strong> />

d) Bifluoreto <strong>de</strong> amônia<<strong>br</strong> />

e) Dimetil sulfóxido<<strong>br</strong> />

5.12. O processo <strong>de</strong> lapidação <strong>de</strong>ve ser iniciar com que material?<<strong>br</strong> />

a) Lixa 600<<strong>br</strong> />

b) Carborundum 600<<strong>br</strong> />

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<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

c) Alumina<<strong>br</strong> />

d) Carborundum 1200<<strong>br</strong> />

e) Óxido <strong>de</strong> cério<<strong>br</strong> />

5.13. Em que situação se <strong>de</strong>ve substituir o vidro por sílica (quartzo<<strong>br</strong> />

amorfo) ao se fazer uma lente?<<strong>br</strong> />

a) Quando se <strong>de</strong>seja fazer uma lente <strong>de</strong> maior dureza<<strong>br</strong> />

b) Quando se <strong>de</strong>seja transmitir luz infravermelha<<strong>br</strong> />

c) Quando se <strong>de</strong>seja uma lente barata<<strong>br</strong> />

d) Quando se <strong>de</strong>seja uma lente <strong>de</strong> cristal<<strong>br</strong> />

e) Quando se <strong>de</strong>seja transmitir luz ultravioleta<<strong>br</strong> />

5.14. Para se controlar a dureza <strong>de</strong> uma matriz <strong>de</strong> pixe para polimento<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve-se adicionar<<strong>br</strong> />

a) Breu<<strong>br</strong> />

b) Gesso<<strong>br</strong> />

c) Limalhas <strong>de</strong> ferro<<strong>br</strong> />

d) Cera <strong>de</strong> abelha<<strong>br</strong> />

e) Não é necessário controlar a dureza para o processo <strong>de</strong> polimento<<strong>br</strong> />

5.15. Qual é o par <strong>de</strong> palavras que completa corretamente a seguinte<<strong>br</strong> />

sentença: A lapidação <strong>de</strong> uma superfície <strong>de</strong> vidro é feita utilizandose<<strong>br</strong> />

uma matriz <strong>de</strong> __________ e __________ como a<strong>br</strong>asivo:<<strong>br</strong> />

a) Ferro, carborundum<<strong>br</strong> />

b) Co<strong>br</strong>e, carbeto <strong>de</strong> silício<<strong>br</strong> />

c) Pixe, carborundum<<strong>br</strong> />

d) Cera, alumina<<strong>br</strong> />

e) Pixe, óxido <strong>de</strong> cério<<strong>br</strong> />

5.16. O interferômetro é um aparelho usado para:<<strong>br</strong> />

a) Corte e <strong>de</strong>sbaste <strong>de</strong> vidros<<strong>br</strong> />

b) Verificação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bolhas e estrias <strong>de</strong> um bloco <strong>de</strong> vidro<<strong>br</strong> />

c) Controle <strong>de</strong> planicida<strong>de</strong> e esfericida<strong>de</strong> <strong>de</strong> superfícies polidas<<strong>br</strong> />

d) Verificação da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> polimento <strong>de</strong> uma superfície<<strong>br</strong> />

e) Medida do raio <strong>de</strong> curvatura <strong>de</strong> uma superfície polida<<strong>br</strong> />

5.17. Óxido <strong>de</strong> cério e zircônia são a<strong>br</strong>asivos utilizados para:<<strong>br</strong> />

a) Lapidação <strong>de</strong> cristais moles<<strong>br</strong> />

b) Polimento <strong>de</strong> vidros em geral<<strong>br</strong> />

c) Polimento <strong>de</strong> metais<<strong>br</strong> />

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186<<strong>br</strong> />

d) Lapidação e polimento <strong>de</strong> cristais higroscópicos<<strong>br</strong> />

e) Lapidação <strong>de</strong> cristais duros<<strong>br</strong> />

5.18. O goniômetro é utilizado para medir:<<strong>br</strong> />

a) O raio <strong>de</strong> curvatura <strong>de</strong> uma lente<<strong>br</strong> />

b) A centragem do eixo óptico <strong>de</strong> uma lente<<strong>br</strong> />

c) O foco <strong>de</strong> uma lente<<strong>br</strong> />

d) O ângulo <strong>de</strong> um prisma<<strong>br</strong> />

e) A espessura final <strong>de</strong> uma lente<<strong>br</strong> />

<strong>Técnicas</strong> <strong>de</strong> <strong>fa<strong>br</strong>icação</strong> <strong>óptica</strong><<strong>br</strong> />

5.19. Uma superfície esférica côncava <strong>de</strong> raio <strong>de</strong> curvatura 100 mm, na<<strong>br</strong> />

qual foi <strong>de</strong>positada uma camada refletiva <strong>de</strong> alumínio, possui foco<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>:<<strong>br</strong> />

a) 30 mm<<strong>br</strong> />

b) 40 mm<<strong>br</strong> />

c) 50 mm<<strong>br</strong> />

d) 100 mm<<strong>br</strong> />

e) 200 mm<<strong>br</strong> />

5.20. Para a montagem <strong>de</strong> um blocado <strong>de</strong> prismas <strong>de</strong>ve-se usar:<<strong>br</strong> />

a) Cimento óptico e parafina<<strong>br</strong> />

b) Gesso e parafina<<strong>br</strong> />

c) Parafina e <strong>br</strong>eu<<strong>br</strong> />

d) Cera <strong>de</strong> abelha e glicerina<<strong>br</strong> />

e) Breu e cera <strong>de</strong> abelha<<strong>br</strong> />

5.21. O tempo médio <strong>de</strong> polimento <strong>de</strong> um blocado plano <strong>de</strong> 30 cm <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

diâmetro contendo cerca <strong>de</strong> 50 janelas <strong>de</strong> vidro <strong>de</strong> 38 mm <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

diâmetro é <strong>de</strong>:<<strong>br</strong> />

a) 1 hora a 20 rpm<<strong>br</strong> />

b) 3 horas a 50 rpm<<strong>br</strong> />

c) 5 horas a 70 rpm<<strong>br</strong> />

d) 16 horas a 80 rpm<<strong>br</strong> />

e) 48 horas a 150 rpm<<strong>br</strong> />

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