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ICMBio em Foco
Edição 227
Parna Pau Brasil
prepara plano de uso público
Conservação das tartarugas da Amazônia
O Parque Nacional do Pau Brasil iniciou levantamentos
para elaboração do seu Plano de Uso Público.
Localizado no município de Porto Seguro,
no extremo sul da Bahia, uma das regiões de maior
potencial turístico do Brasil, o parque quer implantar
estruturas de apoio à visitação que possam
proporcionar interação do público com os recursos
naturais ali protegidos, atividades de aventura e
contemplação da natureza. A iniciativa vai atender,
em especial, a anseio da população local de visitar,
conhecer e praticar atividades recreativas na UC.
Após a participação dos servidores da UC em cursos
voltados ao uso público e implementação de trilhas
promovidos pelo ICMBio, já foram identificados locais
com possibilidade de instalação de camping,
arvorismo, tirolesa e trilhas para cadeirantes, dentre
outros, o que poderá atender a uma grande diversidade
de público. Foi iniciado o projeto de criação
de duas trilhas, uma para ciclismo, atendendo
ao constante apelo dos praticantes desse esporte,
e outra para caminhada. As trilhas são iniciativas
pioneiras que objetivam oferecer oportunidade de
contato direto entre turistas e moradores da região
na exuberante Mata Atlântica preservada no Parna.
A trilha de ciclismo, com cerca de 30 km de extensão,
aproveita caminhos já existentes de longa
data e outros abertos na mata que permitem a passagem
de somente um ciclista por vez. Composta
de três fortes aclives, passando por três pontes de
madeira, áreas de mata densa, áreas em recuperação,
árvores de grande porte e exemplares adultos
de pau-brasil, a trilha oferecerá ao visitante a oportunidade
de praticar um esporte que tem público
crescente a cada dia, aliado ao contato direto com
a riqueza preservada na UC. Além disso, segundo
o técnico responsável, Geraldo Pereira, essa trilha
proporcionará, com o tempo, a prática de torneios
e desafios inclusos no cronograma oficial do esporte
e, por ser de baixo impacto, o reconhecimento
nacional e internacional da UC.
Medição da Trilha do Jacuba
A trilha de caminhada possui trajeto circular de cerca
de 1,2 quilômetros de extensão e proporcionará
a oportunidade de contato com árvores centenárias,
floresta densa e queda d’água de cerca de
4 m no rio Jacuba (Salto do Jacuba), que cruza o
Parna e nasce próximo aos seus limites. Segundo
Patrícia Greco, responsável por essa trilha, ela será
de grande acessibilidade, podendo ser utilizada por
pessoas de todas as faixas etárias e com um mínimo
de preparo. Além da extraordinária beleza cênica, o
local contará com outras facilidades como área de
descanso com bancos rústicos e área para banho e
lazer às margens do rio Jacuba.
Para habilitação das trilhas foram contratadas quatro
pessoas, que estão trabalhando diariamente para
possibilitar sua inauguração, prevista para a segunda
quinzena de janeiro ou primeira semana de fevereiro
do próximo ano. A trilha de ciclismo já está em fase
de acabamento e sinalização. Já na trilha de caminhada,
a etapa é de arte, com intervenções necessárias
como escadas, pontes, decks e valas de drenagem.
Logo depois, virá a sinalização rústica direcional. Segundo
o chefe da unidade, Fábio André Faraco, essas
atividades estão em conformidade com o Plano
de Manejo da UC, que deve ser aprovado ainda no
primeiro semestre de 2013, antes da abertura do
parque à visitação. O Parque Nacional do Pau Brasil
se encontra no sitio histórico do Descobrimento e é
reconhecido como Patrimônio Mundial da Unesco.
Fabio Faraco
No Brasil, a exploração das espécies de quelônios
que ocorrem na Amazônia data do período colonial,
tendo sido relatada por naturalistas e pesquisadores
como Walace, Bates, José Veríssimo, Emílio
Goeldi, e Alfinito, que descreveram densidades
extraordinárias de ninhos e a maciça utilização de
ovos na produção comercial de óleo, bem como o
intenso consumo da carne desses animais.
Na década de 1970 as espécies Podocnemis expansa
(tartaruga-da-amazônia) e Podocnemis unifilis
(tracajá) estavam indicadas para compor a lista de
animais brasileiros em processo de extinção, fato
que motivou a criação do Projeto Quelônios da
Amazônia em 1979. Com esse projeto, as ações
conservacionistas foram fortalecidas, ampliadas e,
com os conhecimentos técnicos acumulados ao
longo dos anos, foi estabelecida uma metodologia
básica para a proteção e o manejo in situ desses
animais, adaptada e implementada por diversas
instituições e organizações não governamentais
até os dias atuais.
Esse projeto tem proporcionado a conservação e a
recuperação das populações naturais de quelônios
amazônicos e, consequentemente, contribuído
para a conservação da biodiversidade a eles associados,
sendo que foi graças aos esforços empenhados,
em suas diversas interfaces e eixos temáticos,
que nenhuma dessas espécies foi listada em
alguma categoria de ameaça no território brasileiro,
mesmo muitas delas sofrendo intensa exploração
pelo consumo e comércio ilegal.
O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de
Répteis e Anfíbios - RAN, por meio do seu programa
Conservação de Quelônios da Amazônia, vem
desenvolvendo uma série de ações por meio de
Pesquisadores do RAN em atividade
projetos específicos em prol da conservação desse
grupo animal, direcionadas às unidades de conservação
no bioma Amazônia, conforme planejamento
estratégico que estabeleceu diretrizes institucionais
de pesquisa, monitoramento e manejo dessas
espécies, por meio de protocolos sistematizados.
O nosso centro tem se esforçado também em gerir
as informações obtidas em 33 anos de ações realizadas
pelo Projeto Quelônios, cujos resultados indicam
o quantitativo de cerca de 80 mil matrizes
monitoradas e mais de 63 milhões de filhotes manejados
na natureza, o que o caracteriza como uma
das estratégias de conservação da fauna brasileira
mais bem sucedidas na história ambiental do país.
Essas informações estão sendo consolidadas em bases
de dados no Sistema de Gestão da Informação
dos Quelônios Amazônicos - SisQuelônios, ferramenta
que subsidiará análises biológicas, ambientais e
populacionais das espécies monitoradas, favorecendo
futuras avaliações do estado de conservação desses
animais e da efetividade das UCs na manutenção
dos seus estoques populacionais viáveis.
Acervo Técnico do RAN
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