Identificação e caracterização de 4-bromo-2,5- dimetoxianfetamina
Identificação e caracterização de 4-bromo-2,5- dimetoxianfetamina
Identificação e caracterização de 4-bromo-2,5- dimetoxianfetamina
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Química ( SBQ)<br />
“Cápsulas do Vento”: I<strong>de</strong>ntificação e caracterização <strong>de</strong> 4-<strong>bromo</strong>-2,5-<br />
<strong>dimetoxianfetamina</strong> (DOB).<br />
Adriano Otávio Maldaner* 1 (PQ), Márcio Talhavini 1 (PQ), Marcos <strong>de</strong> Almeida Camargo 1 (PQ)<br />
adriano.aom@dpf.gov.br<br />
1-Instituto Nacional <strong>de</strong> Criminalística, SEPLAB/INC/DITEC-SAIS Quadra 07 Lote 09 – Brasília–DF - CEP 70610-200<br />
4-Bromo-2,5-Dimetoxianfetamina, DOB.<br />
Introdução<br />
O Consumo <strong>de</strong> drogas <strong>de</strong> abuso é um problema<br />
social <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância. A busca por estados<br />
psicológicos variados torna intensa a procura por<br />
substâncias psicotrópicas capazes <strong>de</strong> produzir<br />
sensíveis modificações no sistema nervoso central,<br />
resultando em alterações <strong>de</strong> estados<br />
comportamentais.<br />
Na última década tem se observado o crescimento<br />
das chamadas “drogas sintéticas”, a maioria sendo<br />
<strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> anfetaminas. Elas atuam elevando o<br />
número <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados neurotransmissores nas<br />
sinapses nervosas, provocando, entre outros efeitos:<br />
aumento da vigília, excitação, sudorese, alucinações<br />
e psicose tóxica, po<strong>de</strong>ndo, inclusive, evoluir à morte.<br />
Recentemente, nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Florianópolis/SC e<br />
Brasília/DF, foram apreendidas pelo Departamento <strong>de</strong><br />
Polícia Fe<strong>de</strong>ral diversas cápsulas gelatinosas<br />
incolores, batizadas pela imprensa como “cápsulas<br />
do vento”, por apresentarem diminutas quantida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> um material na forma <strong>de</strong> pó em seus interiores<br />
(aproximadamente 2mg).<br />
O material foi encaminhado ao Instituto Nacional <strong>de</strong><br />
Criminalística para a realização da Perícia e<br />
caracterização química dos componentes presentes.<br />
Resultados e Discussão<br />
O material encaminhado a exame foi, inicialmente,<br />
submetido a testes <strong>de</strong> cor clássicos para<br />
anfetaminas: Teste <strong>de</strong> Marquis, Teste do Ácido<br />
Sulfúrico e Teste <strong>de</strong> Simon. A cor ver<strong>de</strong> no teste <strong>de</strong><br />
Marquis indica a possibilida<strong>de</strong> da presença <strong>de</strong> DOB<br />
(Figura 1).<br />
Figura 1. Testes <strong>de</strong><br />
Marquis e material<br />
apreendido.<br />
A amostra foi dissolvida em metanol e analisada por<br />
GCMS, utilizando um cromatógrafo HP 5980 series II<br />
acoplado a um <strong>de</strong>tector seletivo <strong>de</strong> massas (operando<br />
a 70 eV) HP 5970 series e coluna e RTX-5 e por na<br />
região do Ultravioleta/Visível, através <strong>de</strong> um<br />
Espectrofotômetro UV/Vis Cary-50, com cela <strong>de</strong><br />
quartzo <strong>de</strong> 1cm <strong>de</strong> caminho ótico.<br />
Por fim, uma parte do material foi misturada com<br />
Nujol e aplicada entre duas celas <strong>de</strong> NaCl para a<br />
obtenção do espectro na região do Infravermelho<br />
(FTIR) em um espectrofotômetro Nicolet FTIR Nexus<br />
(Figura 2).<br />
%T<br />
Tabela 1. Principais dados Espectroscópicos.<br />
Técnica<br />
Resultados<br />
UV/Vis Max. 296 nm (solução metanol)<br />
FTIR 2739, 2568, 2502, 2031, 1493, 1388,<br />
1212, 1047, 1033, 899, 869, 834, 791,<br />
732 (emulsão em Nujol)<br />
GCMS 232, 230, 215, 217, 77, 91, 273, 275<br />
110<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
4000<br />
3067<br />
3000<br />
2923<br />
2853<br />
2739<br />
2800<br />
2568 2502<br />
2031<br />
2000<br />
1610<br />
1592<br />
1261<br />
1284<br />
1307<br />
1437 1388<br />
1463<br />
1493<br />
1213<br />
1119<br />
899<br />
1009<br />
1047 1033<br />
Wavenumbers (cm-1)<br />
Figura 2. Espectro <strong>de</strong> FTIR (Nujol).<br />
Conclusões<br />
1000<br />
834<br />
791<br />
732<br />
As análises químicas e instrumentais realizadas nas<br />
amostras questionadas, através <strong>de</strong> Cromatografia em<br />
Fase Gasosa/Espectrometria <strong>de</strong> Massas,<br />
Espectroscopias na região do Infravermelho e <strong>de</strong><br />
Ultravioleta-Visível, revelaram a presença do<br />
hidrocloreto <strong>de</strong> 4-<strong>bromo</strong>-2,5-<strong>dimetoxianfetamina</strong><br />
(DOB), um psico-disléptico proscrito no Brasil capaz<br />
<strong>de</strong> em pequenas doses da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 2mg produzir<br />
efeitos com até 15 horas <strong>de</strong> duração (Figura 3).<br />
H 3 C<br />
O<br />
Br<br />
NH 2<br />
CH 3<br />
O<br />
CH 3<br />
Figura 3. 4-<strong>bromo</strong>-2,5-<br />
<strong>dimetoxianfetamina</strong> ou DOB<br />
Agra<strong>de</strong>cimentos<br />
859<br />
28 a Reunião Anual da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Química
Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Química ( SBQ)<br />
Os autores agra<strong>de</strong>cem à equipe do SEPLAB, à<br />
APCF e ao Diretor do INC PCF Brandão pelo apoio.<br />
___________________<br />
1 Furnari,C.; Otraviano,V.; Rosati,F. Ann Ist Sup Sanita 2001,<br />
37(2),297<br />
25 a Reunião Anual da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Química - SBQ 2