freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
TRADUÇÃO<<strong>br</strong> />
Regina Lyra<<strong>br</strong> />
Professora <strong>de</strong> Tradução da PUC - RJ<<strong>br</strong> />
REVISÃO TÉCNICA<<strong>br</strong> />
Ronaldo Fiani<<strong>br</strong> />
Professor do Instituto <strong>de</strong> Economia da UFRJ<<strong>br</strong> />
7ªª EDIÇÃO
Prefácio à edição <strong>br</strong>asileira<<strong>br</strong> />
Conheci Steven Levitt em 1999 na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago, on<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ele leciona. Simpático, cara <strong>de</strong> garoto, vestido <strong>de</strong> forma simples e,<<strong>br</strong> />
ao contrário <strong>de</strong> muitos jovens economistas menos <strong>br</strong>ilhantes do <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
ele, sem nenhuma arrogância. Durante a conversa <strong>de</strong>u para perceber<<strong>br</strong> />
uma outra característica sua, a <strong>de</strong> <strong>que</strong> seus interesses estão longe <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ser os <strong>de</strong> um economista tradicional, pelo menos <strong>de</strong> acordo com o<<strong>br</strong> />
papel <strong>que</strong> se espera <strong>de</strong> um economista no Brasil. Aqui, associamos<<strong>br</strong> />
economia a assuntos macroeconômicos, como inflação, juros e<<strong>br</strong> />
câmbio, e espera-se <strong>que</strong> todo economista discorra com extrema<<strong>br</strong> />
segurança e sapiência so<strong>br</strong>e estes temas e <strong>que</strong> faça projeções<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>finitivas so<strong>br</strong>e o rumo da economia.<<strong>br</strong> />
Dado este cenário, a conversa com Steven Levitt foi um<<strong>br</strong> />
sopro <strong>de</strong> ar fresco. Ele se <strong>de</strong>fine incompetente para analisar e<<strong>br</strong> />
comentar quais<strong>que</strong>r da<strong>que</strong>les assuntos. Apesar <strong>de</strong> ter um doutorado<<strong>br</strong> />
pelo MIT, uma das melhores e mais prestigiadas universida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
americanas, ele não se consi<strong>de</strong>ra proficiente em matemática, em<<strong>br</strong> />
econometria ou em macroeconomia. Não acompanha conjuntura,<<strong>br</strong> />
não dá opiniões so<strong>br</strong>e política fiscal ou monetária e muito menos<<strong>br</strong> />
faz projeções, a não ser so<strong>br</strong>e temas não-usuais, como quais serão<<strong>br</strong> />
os nomes mais populares <strong>de</strong> crianças nos Estados Unidos em 2015.<<strong>br</strong> />
O <strong>que</strong> fez então Steven Levitt para merecer a medalha Clark,<<strong>br</strong> />
prêmio dado a cada dois anos ao economista americano <strong>de</strong> menos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> quarenta anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> com contribuições notáveis à profissão?<<strong>br</strong> />
O <strong>que</strong> ele fez foi formular perguntas — e respon<strong>de</strong>r a elas — so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
temas originais e instigantes <strong>que</strong> <strong>de</strong>safiam a "sabedoria<<strong>br</strong> />
convencional". Este termo, segundo explicado no terceiro capítulo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ste livro, foi cunhado pelo conhecido economista John Kenneth<<strong>br</strong> />
Gal<strong>br</strong>aith, e
se refere à associação entre verda<strong>de</strong> e conveniência. O<<strong>br</strong> />
comportamento econômico e social na vida real é extremamente<<strong>br</strong> />
complexo. Entendê-lo e analisá-lo com profundida<strong>de</strong> re<strong>que</strong>r<<strong>br</strong> />
trabalho e tempo, fora do alcance ou da vonta<strong>de</strong> da maioria das<<strong>br</strong> />
pessoas. Logo, es-tas ten<strong>de</strong>m a a<strong>de</strong>rir a uma visão do tema em<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>stão <strong>que</strong> seja simples <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r, conveniente, confortável e<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> esteja <strong>de</strong> acordo com seus credos e valores, ainda <strong>que</strong> muitas<<strong>br</strong> />
vezes incorreta. Questionar a "sabedoria convencional" em tópicos<<strong>br</strong> />
relevantes tem sido o tema constante do trabalho <strong>de</strong> Steven Levitt, e<<strong>br</strong> />
seu sucesso neste campo lhe ren<strong>de</strong>u a medalha Clark.<<strong>br</strong> />
Após ter ganho a medalha, Levitt foi entrevistado por um<<strong>br</strong> />
jornalista da The New York Times Magazine, Stephen Dubner. A<<strong>br</strong> />
extensa matéria, publicada na edição <strong>de</strong> domingo do jornal em<<strong>br</strong> />
agosto <strong>de</strong> 2003, fez enorme sucesso, incentivando os dois a estendêla<<strong>br</strong> />
e complementá-la, gerando este livro. A parceria com Dubner<<strong>br</strong> />
funcionou muito bem. Pelo fato <strong>de</strong> o es<strong>tudo</strong> <strong>de</strong> economia ter sido<<strong>br</strong> />
do-minado pelo rigor <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los matemáticos complexos e<<strong>br</strong> />
técnicas <strong>de</strong> estimação sofisticadas, com ênfase em <strong>de</strong>monstrações<<strong>br</strong> />
formais e não em argumentação, os jovens economistas geralmente<<strong>br</strong> />
escrevem mal. Para <strong>que</strong>m leu a matéria no Times fica claro <strong>que</strong> se o<<strong>br</strong> />
conteúdo do livro é puro Levitt, a forma é puro Dubner. A junção<<strong>br</strong> />
das duas competências toma o livro ao mesmo tempo profundo e<<strong>br</strong> />
agradável <strong>de</strong> ler, o <strong>que</strong> é raro em livros do gênero. Não à toa,<<strong>br</strong> />
Freakonomics se tornou um best-seller nos Estados Unidos,<<strong>br</strong> />
chegando a estar em primeiro lugar na lista do Boston Globe.<<strong>br</strong> />
Dentre os tópicos abordados no livro, um se <strong>de</strong>staca por ser<<strong>br</strong> />
uma das especialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Levitt e por ter causado comoção nos<<strong>br</strong> />
Estados Unidos: as causas da forte redução da criminalida<strong>de</strong> a partir<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 1990. Este é um assunto repleto <strong>de</strong> "sabedorias convencionais".<<strong>br</strong> />
O crime é função da po<strong>br</strong>eza e do <strong>de</strong>semprego, e o importante é<<strong>br</strong> />
inovar no policiamento, controlar a venda <strong>de</strong> armas, fazer a<<strong>br</strong> />
economia crescer e dar sentenças alternativas <strong>que</strong> permitam a<<strong>br</strong> />
reinserção mais rápida do preso na socieda<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
O problema é <strong>que</strong> estas teorias são muitas vezes validadas por<<strong>br</strong> />
correlações <strong>que</strong> não significam necessariamente causa e efeito.
Tome-se, por exemplo, a idéia <strong>de</strong> <strong>que</strong> mais prisões com sentenças<<strong>br</strong> />
mais duras ou o aumento do policiamento são inúteis. Um número<<strong>br</strong> />
maior <strong>de</strong> presos não está diretamente associado a um aumento da<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong>? Se quando o número <strong>de</strong> crimes aumenta o <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
policiais e <strong>de</strong> presos também aumenta, o <strong>que</strong> adianta colocar mais<<strong>br</strong> />
policiais na rua e pren<strong>de</strong>r mais gente? Não será este um caso típico<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> alta correlação entre as variáveis, mas <strong>de</strong> relação causa e efeito<<strong>br</strong> />
equivocada? No verão aumenta o número <strong>de</strong> mosquitos assim<<strong>br</strong> />
como a venda <strong>de</strong> inseticidas. Isto <strong>que</strong>r dizer <strong>que</strong> se fossem<<strong>br</strong> />
vendidos menos inseticidas teríamos menos mosquitos? Ou <strong>que</strong> usar<<strong>br</strong> />
inseticidas é inútil?<<strong>br</strong> />
O difícil é provar a relação correta <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong>. Dada a forte<<strong>br</strong> />
correlação entre uma coisa e outra, precisaríamos <strong>de</strong> um fato novo,<<strong>br</strong> />
não previsto (o <strong>que</strong> os economistas chamam <strong>de</strong> "evento exógeno"),<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> afetasse a variável <strong>de</strong> es<strong>tudo</strong> para <strong>que</strong> a relação <strong>de</strong> causa e efeito<<strong>br</strong> />
possa ser <strong>de</strong>monstrada. Em geral, mudanças <strong>de</strong> legislação ou outros<<strong>br</strong> />
eventos do gênero <strong>que</strong> impli<strong>que</strong>m <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
comportamento são particularmente úteis para este fim.<<strong>br</strong> />
No caso <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>, dois fatores geraram ótimas<<strong>br</strong> />
oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise. O primeiro foi a mudança <strong>de</strong> costumes e<<strong>br</strong> />
percepções da socieda<strong>de</strong> americana nos anos setenta, <strong>que</strong> gerou<<strong>br</strong> />
uma tendência a leniência quanto a criminalida<strong>de</strong> e a sentenças<<strong>br</strong> />
mais <strong>br</strong>andas, junto com a reversão <strong>de</strong>sta tendência nos anos<<strong>br</strong> />
noventa. O segundo foi o fato <strong>de</strong> <strong>que</strong>, para angariar votos, os<<strong>br</strong> />
prefeitos normalmente aumentam o policiamento das cida<strong>de</strong>s pouco<<strong>br</strong> />
antes das eleições. Como as eleições não são sincronizadas, po<strong>de</strong>-se<<strong>br</strong> />
comparar o efeito iso<strong>lado</strong> do aumento do policiamento. A conclusão<<strong>br</strong> />
da análise da<strong>que</strong>les dois fatores foi inequívoca: mais policiais na rua<<strong>br</strong> />
e mais <strong>de</strong>tenções junto com sentenças mais duras reduzem a<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong>, ao contrário do <strong>que</strong> propõe a "sabedoria<<strong>br</strong> />
convencional".<<strong>br</strong> />
Entretanto, a<strong>que</strong>les dois fatores explicam, em conjunto,<<strong>br</strong> />
apenas 40% da redução observada na criminalida<strong>de</strong> nos Estados<<strong>br</strong> />
Uni-dos a partir <strong>de</strong> 1990.0 <strong>que</strong> explicaria o resto? Crescimento da<<strong>br</strong> />
economia? Pouco, uma vez <strong>que</strong> 1% <strong>de</strong> redução no <strong>de</strong>semprego<<strong>br</strong> />
gera apenas igual redução na criminalida<strong>de</strong>. Técnicas policiais
inovadoras como a do famoso inspetor William Bratton, <strong>de</strong> Nova<<strong>br</strong> />
York? Muita espuma e pouco efeito. Controle <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> armas?<<strong>br</strong> />
Não, dada a facilida<strong>de</strong> com <strong>que</strong> criminosos continuavam tendo<<strong>br</strong> />
acesso a elas. O <strong>que</strong> então teria sido?<<strong>br</strong> />
Mais uma vez, uma importante mudança na legislação,<<strong>br</strong> />
ocorrida alguns anos antes e fora do radar da "sabedoria<<strong>br</strong> />
convencional" teria sido <strong>de</strong>cisiva: a legalização do aborto, ocorrida<<strong>br</strong> />
nos Estados Unidos em 1973. Embora em alguns estados, como<<strong>br</strong> />
Nova York e Califórnia, ele já fosse permitido, a <strong>de</strong>cisão a<strong>br</strong>angeu<<strong>br</strong> />
todo o país. Ora, po<strong>br</strong>eza na infância e um lar com pai (ou mãe)<<strong>br</strong> />
ausente são dois importantes previsores <strong>de</strong> futuro comportamento<<strong>br</strong> />
criminoso. Como a maioria dos cerca <strong>de</strong> um milhão e meio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
mulheres <strong>que</strong> abortaram, anualmente, utilizando-se da legalização<<strong>br</strong> />
eram po<strong>br</strong>es, adolescentes e solteiras, era <strong>de</strong> se esperar <strong>que</strong>, caso<<strong>br</strong> />
a<strong>que</strong>las crianças tivessem nascido, o número <strong>de</strong> criminosos quinze a<<strong>br</strong> />
vinte anos à frente teria sido maior. Logo, a redução da<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> teria sido um bônus, não previsto, da legalização do<<strong>br</strong> />
aborto. Usando técnicas estatísticas sofisticadas, Levitt estima <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
legalização do aborto explica cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> da <strong>que</strong>da do nível <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> nos Estados Unidos entre 1990 e 2000.<<strong>br</strong> />
Embora Levitt não faça julgamentos morais e nem políticos<<strong>br</strong> />
em seus es<strong>tudo</strong>s, este trabalho so<strong>br</strong>e aborto, compreensivelmente,<<strong>br</strong> />
lhe gerou críticas e ata<strong>que</strong>s <strong>de</strong> todos os <strong>lado</strong>s. De grupos religiosos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> direita por estar atribuindo um beneficio social ao <strong>que</strong> eles<<strong>br</strong> />
vêem como crime injustificável. Da es<strong>que</strong>rda por ter associado crime<<strong>br</strong> />
à po<strong>br</strong>eza, implicando <strong>que</strong> a redução no número <strong>de</strong> marginalizados,<<strong>br</strong> />
em geral mem<strong>br</strong>os <strong>de</strong> minorias étnicas, po<strong>de</strong>ria ser melhor<<strong>br</strong> />
para a socieda<strong>de</strong>. Em função das críticas, os autores no livro fazem<<strong>br</strong> />
uma rápida análise custo-beneficio mostrando <strong>que</strong> a perda <strong>de</strong> vidas<<strong>br</strong> />
pelo aborto não teria compensado os ganhos gerados pela redução<<strong>br</strong> />
da criminalida<strong>de</strong>. Terreno pantanoso. Teria sido melhor <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
tivessem suprimido a análise e simplesmente mostrassem os fatos,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ixando <strong>que</strong> cada um tirasse suas conclusões.<<strong>br</strong> />
A ligação entre aborto e criminalida<strong>de</strong> é uma das idéias mais<<strong>br</strong> />
originais do es<strong>tudo</strong> recente das ciências sociais. Mas a originalida<strong>de</strong>
<strong>de</strong> Levitt não pára aí. O <strong>que</strong> há <strong>de</strong> comum entre professores <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
escolas públicas americanas e lutadores <strong>de</strong> sumô? Será <strong>que</strong> os dois<<strong>br</strong> />
grupos trapaceiam, os primeiros manipulando os testes <strong>de</strong> seus<<strong>br</strong> />
alunos em exames <strong>de</strong> aferição estaduais e os segundos <strong>de</strong>ixando-se<<strong>br</strong> />
vencer em lutas cujo resultado implicaria o rebaixamento do<<strong>br</strong> />
adversário? Como você provaria isto? Qual a semelhança entre a<<strong>br</strong> />
Ku Klux Klan e os corretores <strong>de</strong> imóveis? O <strong>que</strong> os fere <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
morte? Que fatores relativos à infância e à educação no lar afetam<<strong>br</strong> />
o <strong>de</strong>sempenho escolar das crianças? Po<strong>de</strong> estar certo <strong>de</strong> <strong>que</strong> não<<strong>br</strong> />
são os <strong>que</strong> parecem óbvios. O <strong>que</strong> se po<strong>de</strong> inferir so<strong>br</strong>e os nomes<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> os pais dão a seus filhos? Esses nomes têm alguma influência<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e o <strong>de</strong>stino das crianças? O tráfico <strong>de</strong> drogas é rentável para<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>m?<<strong>br</strong> />
Além <strong>de</strong> original, Levitt é sem dúvida eclético em seus<<strong>br</strong> />
interesses. Mas originalida<strong>de</strong> e ecletismo só não bastam. A gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Levitt é ter a habilida<strong>de</strong> extraordinária <strong>de</strong> pesquisar,<<strong>br</strong> />
obter, analisar e <strong>de</strong>cifrar bancos <strong>de</strong> dados extensos e complexos,<<strong>br</strong> />
usando princípios econômicos e ferramentais estatísticos para<<strong>br</strong> />
provar seu ponto. Estes fatores, aliados à sua juventu<strong>de</strong>, fazem<<strong>br</strong> />
com <strong>que</strong> ele possa continuar a nos surpreen<strong>de</strong>r e <strong>de</strong>leitar com <strong>de</strong>scobertas<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> irão contradizer a "sabedoria convencional" ainda<<strong>br</strong> />
por muitos anos. Aguardo, com muita expectativa, o seguimento<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ste livro.<<strong>br</strong> />
CLAUDIO L. S. HADDAD<<strong>br</strong> />
Presi<strong>de</strong>nte do Ibmec São Paulo
Nota <strong>de</strong> esclarecimento<<strong>br</strong> />
O jovem economista mais <strong>br</strong>ilhante dos Estados Unidos — ao menos<<strong>br</strong> />
a<strong>que</strong>le assim consi<strong>de</strong>rado por seus pares mais velhos — pára num sinal <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
trânsito na zona po<strong>br</strong>e <strong>de</strong> Chicago num dia ensolarado do mês <strong>de</strong> junho. Ele<<strong>br</strong> />
está ao volante <strong>de</strong> um velho Chevette com o painel empoeirado e uma janela<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> não fecha direito, produzindo um ronco surdo da quinta marcha em<<strong>br</strong> />
diante.<<strong>br</strong> />
No momento, porém, o carro está silencioso, como também estão as<<strong>br</strong> />
ruas nesta hora <strong>de</strong> almoço. Reina o silêncio nos postos <strong>de</strong> gasolina, nas<<strong>br</strong> />
calçadas e nos prédios <strong>de</strong> janelas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.<<strong>br</strong> />
Um mendigo idoso se aproxima. Traz uma tabuleta <strong>que</strong> o i<strong>de</strong>ntifica<<strong>br</strong> />
como sem-teto e aproveita para pedir dinheiro. Veste um casaco surrado,<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>nte <strong>de</strong>mais para um dia <strong>de</strong> calor, e um imundo boné vermelho <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
beisebol.<<strong>br</strong> />
O economista não tranca sua porta nem engrena a primeira.<<strong>br</strong> />
Também não remexe no bolso atrás <strong>de</strong> algum trocado. Simplesmente<<strong>br</strong> />
observa, como se olhasse um aquário. Passado um tempo, o mendigo se<<strong>br</strong> />
afasta.<<strong>br</strong> />
"Que fones bacanas", diz o economista, ainda acompanhando o velho<<strong>br</strong> />
pelo espelho retrovisor. "Mais legais do <strong>que</strong> os meus. Afora isso, acho <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
ele não possui muitos bens."<<strong>br</strong> />
Steven Levitt não vê as coisas como a maioria das pessoas. Nem como<<strong>br</strong> />
a maioria dos economistas. Essa po<strong>de</strong> ser uma característica formidável<<strong>br</strong> />
ou incômoda, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da opinião <strong>que</strong> você tenha dos economistas.<<strong>br</strong> />
— The New York Times Magazine, 3 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2003
No verão <strong>de</strong> 2003, a The New York Times Magazine encarregou o<<strong>br</strong> />
escritor e jornalista Stephen J. Dubner <strong>de</strong> elaborar um perfil <strong>de</strong> Steven<<strong>br</strong> />
D. Levitt, um jovem economista bada<strong>lado</strong> da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Chicago.<<strong>br</strong> />
Dubner, <strong>que</strong> na época fazia pesquisas para um livro so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />
psicologia do dinheiro, vinha entrevistando vários economistas,<<strong>br</strong> />
tendo <strong>de</strong>scoberto <strong>que</strong> o inglês dos mesmos correspondia a uma<<strong>br</strong> />
quarta ou quinta língua. Levitt, <strong>que</strong> acabara <strong>de</strong> receber o prêmio<<strong>br</strong> />
John Bates Clark (concedido a cada biênio ao melhor economista<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> menos <strong>de</strong> quarenta anos), vinha sendo entrevistado por diversos<<strong>br</strong> />
jornalistas, tendo <strong>de</strong>scoberto <strong>que</strong> o raciocínio dos mesmos não era<<strong>br</strong> />
muito... consistente, como diria um economista.<<strong>br</strong> />
Mas Levitt concluiu <strong>que</strong> Dubner não era um rematado idiota. E<<strong>br</strong> />
Dubner <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu <strong>que</strong> Levitt não era uma régua <strong>de</strong> cálculo humana.<<strong>br</strong> />
O escritor ficou fascinado pela criativida<strong>de</strong> dos trabalhos do<<strong>br</strong> />
economista e por seu talento para explicá-los. Apesar das excelentes<<strong>br</strong> />
cre<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> Levitt (diploma <strong>de</strong> Harvard, Ph.D. no MIT e uma<<strong>br</strong> />
coleção <strong>de</strong> prêmios), ele falava <strong>de</strong> economia <strong>de</strong> um jeito nada<<strong>br</strong> />
ortodoxo. Dava a impressão <strong>de</strong> ver as coisas não como um acadêmico,<<strong>br</strong> />
mas como um pesquisador extremamente inteligente e curioso<<strong>br</strong> />
– à maneira <strong>de</strong> um diretor <strong>de</strong> documentários ou um investiga-dor<<strong>br</strong> />
policial, ou, <strong>que</strong>m sabe, <strong>de</strong> um bookmaker cujos negócios a<strong>br</strong>anjam<<strong>br</strong> />
do esporte ao jogo do bicho, passando pela cultura pop. Parecia<<strong>br</strong> />
pouco interessado pelo tipo <strong>de</strong> <strong>que</strong>stões financeiras <strong>que</strong> logo vêm à<<strong>br</strong> />
cabeça quando se pensa em economia; <strong>de</strong> certa forma, exalava<<strong>br</strong> />
modéstia. "Não entendo muito <strong>de</strong> economia", disse a Dubner a<<strong>br</strong> />
certa altura. "Não sou bom em matemática, não domino econometria<<strong>br</strong> />
e também sou fraco em teoria. Se pedirem a minha opinião so<strong>br</strong>e se<<strong>br</strong> />
as ações vão subir ou cair, se me perguntarem se a economia vai<<strong>br</strong> />
crescer ou encolher, se <strong>de</strong>flação é uma coisa boa ou ruim, ou se<<strong>br</strong> />
quiserem <strong>que</strong> eu fale <strong>de</strong> impostos, eu seria um charla-tão se<<strong>br</strong> />
opinasse so<strong>br</strong>e qual<strong>que</strong>r um <strong>de</strong>sses temas."<<strong>br</strong> />
Levitt se interessa pelo dia-a-dia e seus enigmas. Suas pesquisas<<strong>br</strong> />
fariam a festa <strong>de</strong> qual<strong>que</strong>r pessoa <strong>que</strong> buscasse enten<strong>de</strong>r como o<<strong>br</strong> />
mundo realmente funciona. Sua postura atípica foi retratada no<<strong>br</strong> />
artigo escrito por Dubner:
Na visão <strong>de</strong> Levitt, a economia é uma ciência com instrumentos<<strong>br</strong> />
excelentes para chegar a respostas, mas sofre <strong>de</strong> uma tremenda escassez <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
perguntas interessantes. O talento notável <strong>de</strong> Levitt é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formular<<strong>br</strong> />
tais perguntas. Por exemplo: Se os traficantes <strong>de</strong> drogas ganham tanto<<strong>br</strong> />
dinheiro, por <strong>que</strong> ainda moram com suas mães? O <strong>que</strong> é mais perigoso, uma<<strong>br</strong> />
arma ou uma piscina? Qual foi, realmente, o fator responsável pela <strong>que</strong>da do<<strong>br</strong> />
índice <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> na década passada? Por <strong>que</strong> os casais negros dão aos<<strong>br</strong> />
filhos nomes <strong>que</strong> po<strong>de</strong>m prejudicar suas chances profissionais? Os professores<<strong>br</strong> />
trapaceiam para conseguir boas avaliações? O sumô é um esporte corrupto?<<strong>br</strong> />
E mais: Como um mendigo arrumou dinheiro para comprar fones <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
$50?<<strong>br</strong> />
Muita gente - inclusive um bom número <strong>de</strong> seus colegas - talvez não<<strong>br</strong> />
chamasse <strong>de</strong> economia o <strong>que</strong> Levitt faz. No entanto, ele apenas <strong>de</strong>pura a<<strong>br</strong> />
chamada ciência soturna, levando-a ao <strong>que</strong> é o seu objetivo primeiro: explicar<<strong>br</strong> />
como as pessoas conseguem o <strong>que</strong> <strong>que</strong>rem. Ao contrário <strong>de</strong> muitos estudiosos,<<strong>br</strong> />
Levitt não tem medo <strong>de</strong> usar comentários pessoais e curiosida<strong>de</strong>s, do mesmo<<strong>br</strong> />
jeito <strong>que</strong> não foge das piadas e das histórias (mas foge dos cálculos<<strong>br</strong> />
matemáticos). E um intuitivo. Mergulha numa pilha <strong>de</strong> dados para <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir<<strong>br</strong> />
algo ainda não <strong>de</strong>scoberto por ninguém. Inventa uma maneira <strong>de</strong> medir um<<strong>br</strong> />
efeito <strong>que</strong> economistas veteranos rotularam <strong>de</strong> imensurável. Seus interesses<<strong>br</strong> />
prioritários - embora ele afirme <strong>que</strong> jamais se envolveu pessoal-mente com eles<<strong>br</strong> />
- são a frau<strong>de</strong>, a corrupção e o crime.<<strong>br</strong> />
A insaciável curiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Levitt revelou-se atraente para<<strong>br</strong> />
milhares <strong>de</strong> leitores da The New York Times Magazine, <strong>que</strong> se<<strong>br</strong> />
apressaram a lhe mandar perguntas e dúvidas, enigmas e pedidos -<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a General Motors e o time dos Yankees <strong>de</strong> Nova York até<<strong>br</strong> />
senadores americanos, além <strong>de</strong> presidiários, pais <strong>de</strong> família e <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
um homem <strong>que</strong> há vinte anos vinha registrando com exatidão a<<strong>br</strong> />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>br</strong>oas <strong>que</strong> vendia. Um ex-campeão do Tour <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
France ligou para Levitt pedindo sua ajuda para provar <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
competição vive atualmente atolada no doping, e a CIA quis<<strong>br</strong> />
saber <strong>de</strong> Levitt como usar dados econômicos para apanhar <strong>que</strong>m<<strong>br</strong> />
faz lavagem <strong>de</strong> dinheiro e terroristas.
A atenção <strong>de</strong> toda essa gente foi <strong>de</strong>spertada pela força da crença<<strong>br</strong> />
básica <strong>de</strong> Levitt: a <strong>de</strong> <strong>que</strong> o mundo mo<strong>de</strong>rno, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
aparentemente confuso, complicado e ostensivamente enganoso,<<strong>br</strong> />
não é impenetrável, não é in<strong>de</strong>cifrável e – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>que</strong> sejam feitas as<<strong>br</strong> />
perguntas certas – é ainda mais intrigante do <strong>que</strong> imaginamos. Basta<<strong>br</strong> />
adotar uma nova maneira <strong>de</strong> vê-lo.<<strong>br</strong> />
Em Nova York, os editores insistiram com Levitt para escrever<<strong>br</strong> />
um livro.<<strong>br</strong> />
"Escrever um livro?", disse ele. "Não <strong>que</strong>ro escrever um livro."<<strong>br</strong> />
Já lhe so<strong>br</strong>avam enigmas para <strong>de</strong>cifrar e faltava tempo para fazê-lo.<<strong>br</strong> />
Por outro <strong>lado</strong>, Levitt não se via como escritor e por isso recusou.<<strong>br</strong> />
Não estava interessado – "a não ser", propôs, "<strong>que</strong> Dubner e eu<<strong>br</strong> />
trabalhássemos juntos".<<strong>br</strong> />
Escrever em parceria não funciona para todo mundo. Mas os<<strong>br</strong> />
dois – doravante "nós" dois – <strong>de</strong>cidiram discutir o assunto para ver<<strong>br</strong> />
se a empreitada seria viável. Concluímos <strong>que</strong> sim. Esperamos <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
você concor<strong>de</strong>.
Levitt tinha uma entrevista na Society of Fellows, o venerando clube intelectual em<<strong>br</strong> />
Harvard <strong>que</strong> paga a jovens acadêmicos para <strong>que</strong> produzam os próprios trabalhos,<<strong>br</strong> />
ao longo <strong>de</strong> três anos, sem compromisso. Levitt acreditava não ter chance alguma.<<strong>br</strong> />
Para começar, não se consi<strong>de</strong>rava um intelectual. Seria entrevistado, durante um<<strong>br</strong> />
jantar, pelos mem<strong>br</strong>os veteranos, um punhado <strong>de</strong> filósofos, <strong>de</strong>ntistas e<<strong>br</strong> />
historiadores <strong>de</strong> renome internacional. Sua preocupação era não ter conversa<<strong>br</strong> />
bastante para chegar ao segundo prato.<<strong>br</strong> />
Para piorar, um dos veteranos disse a Levitt: "Estou tendo dificulda<strong>de</strong> para<<strong>br</strong> />
enten<strong>de</strong>r o tema unificador do seu trabalho. Po<strong>de</strong>ria explicá-lo?"<<strong>br</strong> />
Levitt ficou sem fala. Não fazia idéia <strong>de</strong> qual era seu tema unificador, se é <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
havia um.<<strong>br</strong> />
Armartya Sen, futuro Prêmio Nobel <strong>de</strong> Economia, apressou-se a resumir o<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> consi<strong>de</strong>rava ser o tema <strong>de</strong> Levitt.
"Isso mesmo " , arrematou Levitt ansioso, "este é o meu tema".<<strong>br</strong> />
Outro mem<strong>br</strong>o da entida<strong>de</strong> apresentou outro tema.<<strong>br</strong> />
"Tem razão", disse Levitt, "é este o meu tema".<<strong>br</strong> />
E assim prosseguiu a entrevista, meio como uma matilha <strong>de</strong> cães<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>scarnando um osso, até <strong>que</strong> o filósofo Robert Nozick interrompeu o festim.<<strong>br</strong> />
"Quantos anos você tem, Steve?", perguntou.<<strong>br</strong> />
"Vinte e seis."<<strong>br</strong> />
Nozick virou-se para seus pares: "Ele tem 26 anos. Por <strong>que</strong> precisaria <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
tema unificador? Talvez se trate <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ssas pessoas com talento bastante<<strong>br</strong> />
para dispensar um tema. Perguntado so<strong>br</strong>e algo, ele dará a resposta e ponto<<strong>br</strong> />
final."<<strong>br</strong> />
THE NEW YORK TIMES MAGAZINE, 3 DE AGOSTO D E 2003.
INTRODUÇÃO:<<strong>br</strong> />
O <strong>lado</strong> <strong>oculto</strong> <strong>de</strong> <strong>tudo</strong><<strong>br</strong> />
Qual<strong>que</strong>r pessoa <strong>que</strong> morasse nos Estados Unidos no início dos<<strong>br</strong> />
anos 90 e prestasse um mínimo <strong>de</strong> atenção aos jornais e telejornais<<strong>br</strong> />
diários teria motivos para viver morta <strong>de</strong> medo.<<strong>br</strong> />
A vilã era a criminalida<strong>de</strong>, <strong>que</strong> vinha crescendo<<strong>br</strong> />
incessantemente – um gráfico mostrando a escalada dos índices <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> em qual<strong>que</strong>r cida<strong>de</strong> americana nas décadas<<strong>br</strong> />
anteriores assemelhava-se a uma montanha – e agora parecia<<strong>br</strong> />
prenunciar o fim do mundo. Mortes provocadas por armas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
fogo, intencionais ou não, eram lugar-comum. O mesmo<<strong>br</strong> />
acontecia com o roubo <strong>de</strong> carros, o tráfico <strong>de</strong> crack, os assaltos e<<strong>br</strong> />
os estupros. A violência virara uma companheira funesta e<<strong>br</strong> />
constante. E a situação estava prestes a piorar. Piorar muito,<<strong>br</strong> />
afirmavam todos os especialistas.<<strong>br</strong> />
A causa: o chamado superpredador. Na época, só se falava<<strong>br</strong> />
nele. Andava nas capas das revistas semanais e nos gordos<<strong>br</strong> />
relatórios da segurança pública. "Ele" era um adolescente<<strong>br</strong> />
magricela da cida<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>, com uma arma barata na mão e muito<<strong>br</strong> />
ódio no coração. Havia milhares <strong>de</strong>les, segundo se dizia, uma<<strong>br</strong> />
geração <strong>de</strong> assas-sinos prontos a mergulhar o país no mais<<strong>br</strong> />
profundo caos.<<strong>br</strong> />
Em 1995, o criminologista James Alan Fox elaborou um<<strong>br</strong> />
relatório para o ministro da Justiça dos Estados Unidos <strong>de</strong>talhando<<strong>br</strong> />
em cores som<strong>br</strong>ias a escalada dos homicídios cometidos por<<strong>br</strong> />
adolescentes. Fox apresentou um cenário otimista e outro<<strong>br</strong> />
pessimista.
No otimista, a taxa <strong>de</strong> homicídios adolescentes cresceria 15% na<<strong>br</strong> />
década seguinte; no pessimista, ele previa um crescimento <strong>de</strong> mais<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> o do<strong>br</strong>o <strong>de</strong>sse percentual. "A próxima onda <strong>de</strong> crimes será tão<<strong>br</strong> />
terrível", disse ele, "<strong>que</strong> nos fará sentir sauda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 1995".<<strong>br</strong> />
Outros criminologistas, cientistas políticos e observadores<<strong>br</strong> />
igualmente bem-informados previam o mesmo futuro tene<strong>br</strong>oso,<<strong>br</strong> />
incluindo-se nesse coro o Presi<strong>de</strong>nte Clinton. "Sabemos <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
dispomos <strong>de</strong> uns seis anos para reverter a escalada do crime<<strong>br</strong> />
juvenil", disse Clinton, "ou o nosso país irá mergulhar no caos e<<strong>br</strong> />
meus sucessores não mais falarão das gran<strong>de</strong>s oportunida<strong>de</strong>s da<<strong>br</strong> />
economia global, pois estarão tentando manter vivos nas ruas os<<strong>br</strong> />
habitantes <strong>de</strong> nossas cida<strong>de</strong>s". As apostas, nitidamente, se<<strong>br</strong> />
concentravam nos criminosos.<<strong>br</strong> />
Então, em vez <strong>de</strong> subir e <strong>de</strong> continuar subindo, os índices <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> começaram a baixar. A baixar e a continuar baixando.<<strong>br</strong> />
A <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong> surpreen<strong>de</strong>u em vários aspectos: foi<<strong>br</strong> />
ubíqua, com os índices <strong>de</strong> todos os crimes caindo em todas as<<strong>br</strong> />
cida<strong>de</strong>s do país. Foi persistente, caindo cada vez mais a cada ano. E<<strong>br</strong> />
foi totalmente inesperada - principalmente para os especialistas <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
haviam previsto precisamente o oposto.<<strong>br</strong> />
O tamanho da virada foi impressionante. O índice dos crimes<<strong>br</strong> />
praticados por adolescentes, em vez <strong>de</strong> subir 100% ou mesmo os<<strong>br</strong> />
15% preconizados por James Alan Fox, caiu mais <strong>de</strong> 50% em cinco<<strong>br</strong> />
anos. Em 2000, o índice nacional <strong>de</strong> homicídios nos Estados<<strong>br</strong> />
Unidos havia atingido seu nível mais baixo em 35 anos e o mesmo<<strong>br</strong> />
acontecera com quase todos os crimes, dos assaltos aos roubos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
automóvel.<<strong>br</strong> />
Embora os especialistas não houvessem antecipado a <strong>que</strong>da da<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> - <strong>que</strong>, na verda<strong>de</strong>, já vinha ocorrendo à época <strong>de</strong> suas<<strong>br</strong> />
catastróficas previsões -, eles se apressaram a explicá-la. De modo<<strong>br</strong> />
geral, as teorias pareciam lógicas. O acelerado crescimento<<strong>br</strong> />
econômico dos anos 90 ajudou a frear o crime, concluiu-se. O<<strong>br</strong> />
mérito é da proliferação das leis <strong>de</strong> controle so<strong>br</strong>e as armas,<<strong>br</strong> />
disseram eles, ou das inovadoras estratégias políticas adotadas em<<strong>br</strong> />
Nova York, on<strong>de</strong> os crimes caíram <strong>de</strong> 2.245 em 1990 para 596 em<<strong>br</strong> />
2003.
Essas teorias não eram apenas lógicas, mas também<<strong>br</strong> />
encorajadoras, pois atribuíam a <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong> a iniciativas<<strong>br</strong> />
humanas específicas e recentes. Se o crime fora <strong>de</strong>tido pelo<<strong>br</strong> />
controle so<strong>br</strong>e as armas, por estratégias políticas inteligentes e<<strong>br</strong> />
empregos <strong>que</strong> pagavam melhor, o po<strong>de</strong>r para neutralizar os<<strong>br</strong> />
criminosos estivera ao nosso alcance o tempo todo. E voltaria a<<strong>br</strong> />
estar, caso – Deus nos livre – a criminalida<strong>de</strong> voltasse a crescer<<strong>br</strong> />
com tanto fôlego.<<strong>br</strong> />
Essas teorias passaram, ao <strong>que</strong> <strong>tudo</strong> indica, sem<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>stionamentos, da boca dos especialistas para os ouvidos dos<<strong>br</strong> />
jornalistas e, daí, para a cabeça do público. Em pouco tempo<<strong>br</strong> />
viraram "sabedoria convencional".*<<strong>br</strong> />
Só havia um problema: não estavam corretas.<<strong>br</strong> />
Um outro fator em muito contribuiu para a maciça <strong>que</strong>da da<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> nos anos 90. Ele adquirira forma mais <strong>de</strong> 20 anos<<strong>br</strong> />
antes e tivera como protagonista uma jovem <strong>de</strong> Dallas chamada<<strong>br</strong> />
Norma McCorvey.<<strong>br</strong> />
Como o proverbial espirro dado num continente <strong>que</strong> acaba<<strong>br</strong> />
causando um terremoto em outro, Norma McCorvey, sem <strong>que</strong>rer,<<strong>br</strong> />
alterou drasticamente o curso dos acontecimentos. Ela <strong>que</strong>ria apenas<<strong>br</strong> />
fazer um aborto. Aos 21 anos era po<strong>br</strong>e, alcoólatra e usuária <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
drogas. Tinha baixa escolarida<strong>de</strong> e nenhuma aptidão profissional.<<strong>br</strong> />
Já entregara dois filhos à adoção e, em 1970, se viu novamente grávida.<<strong>br</strong> />
No Texas, como em quase todos os estados americanos então,<<strong>br</strong> />
o aborto era ilegal. A causa da jovem acabou encampada por gente<<strong>br</strong> />
mais po<strong>de</strong>rosa <strong>que</strong> ela, tomando-a autora <strong>de</strong> uma ação coletiva em<<strong>br</strong> />
prol da legalização do aborto. O po<strong>de</strong>r público foi representado por<<strong>br</strong> />
Henry Wa<strong>de</strong>, o procurador-geral do Condado <strong>de</strong> Dallas. O caso<<strong>br</strong> />
acabou na Suprema Corte, sendo <strong>que</strong>, nessa época, Norma<<strong>br</strong> />
McCorvey já figurava na ação como Jane Roe. No dia 22 <strong>de</strong> janeiro<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 1973, o tribunal <strong>de</strong>cidiu a favor da Srta. Roe, o <strong>que</strong> acarretou a<<strong>br</strong> />
legalização do aborto em todo o país. Naturalmente a essa altura já<<strong>br</strong> />
era tar<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
_______________________<<strong>br</strong> />
* Nota da Tradutora: expressão conventional wisdom, em português corrente<<strong>br</strong> />
"senso comum", será traduzida aqui por "sabedoria convencional " por motivos<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> serão vistos adiante.
<strong>de</strong>mais para a Srta. McCorvey/Roe fazer uni abono. A criança<<strong>br</strong> />
havia nascido e sido adotada. (Anos mais tar<strong>de</strong>, Norma McCorvey<<strong>br</strong> />
renunciou à sua antiga causa e se tomou uma ativista pró-vida.)<<strong>br</strong> />
Como, então, Roe x Wa<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ter contribuído, uma geração<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>pois, para a maior <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong> na história<<strong>br</strong> />
contemporânea?<<strong>br</strong> />
Acontece <strong>que</strong>, quando se trata <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>, nem tolas as<<strong>br</strong> />
crianças nascem iguais. Ou mesmo parecidas. Décadas <strong>de</strong> es<strong>tudo</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>monstraram <strong>que</strong> uma criança nascida em um ambiente familiar<<strong>br</strong> />
adverso tem muito mais probabilida<strong>de</strong> <strong>que</strong> outras <strong>de</strong> se tornar um<<strong>br</strong> />
bandido. E os milhões <strong>de</strong> mulheres com mais probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
fazer um aborto na esteira <strong>de</strong> Roe x Wa<strong>de</strong> – po<strong>br</strong>es, solteiras e<<strong>br</strong> />
adolescentes para as quais, no passado, os abortos ilegais<<strong>br</strong> />
costumavam ser caros <strong>de</strong>mais ou pouco acessíveis – eram, em sua<<strong>br</strong> />
maioria, exemplos rematados <strong>de</strong> adversida<strong>de</strong>, ou seja, precisamente<<strong>br</strong> />
as mulheres cujos filhos, se nascidos, teriam mais probabilida<strong>de</strong> do<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> outras crianças <strong>de</strong> se tornarem criminosos. Devido, con<strong>tudo</strong>, ao<<strong>br</strong> />
caso Roe x Wa<strong>de</strong>, essas crianças não nasceram. Esse famoso<<strong>br</strong> />
processo viria a produzir um efeito drástico no futuro distante:<<strong>br</strong> />
anos mais tar<strong>de</strong>, justamente quando essas crianças não-nascidas<<strong>br</strong> />
atingiriam a ida<strong>de</strong> do crime, o índice <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> começou a<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>spencar.<<strong>br</strong> />
Não foi o controle so<strong>br</strong>e as armas nem uma economia em<<strong>br</strong> />
crescimento ou as novas estratégias políticas o <strong>que</strong> finalmente<<strong>br</strong> />
reverteu a onda americana <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>, mas, entre outros, o<<strong>br</strong> />
fato <strong>de</strong> o número <strong>de</strong> criminosos potenciais ter minguado<<strong>br</strong> />
drasticamente.<<strong>br</strong> />
Agora vejamos: quando os especialistas em <strong>que</strong>da <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> (os ex-profetas da catástrofe) apresentaram à mídia<<strong>br</strong> />
suas teorias, quantas vezes a legalização do aborto foi<<strong>br</strong> />
mencionada?<<strong>br</strong> />
Nenhuma.<<strong>br</strong> />
________<<strong>br</strong> />
Trata-se da típica mistura <strong>de</strong> negócios e companheirismo: você<<strong>br</strong> />
contrata um corretor para ven<strong>de</strong>r a sua casa.<<strong>br</strong> />
Ele capta o charme do imóvel, tira umas fotos, faz a avaliação,<<strong>br</strong> />
bola um anúncio sedutor, mostra o local como bom profissional,
negocia as ofertas e acompanha a venda até a escritura. Lógico <strong>que</strong> é<<strong>br</strong> />
trabalhoso, mas ele está levando uma boa fatia do bolo. Na venda <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
uma casa <strong>de</strong> $300 mil, a comissão habitual <strong>de</strong> 6% <strong>de</strong> corretagem<<strong>br</strong> />
chega a $18 mil. Dezoito mil é um bocado <strong>de</strong> dinheiro, mas você<<strong>br</strong> />
sabe <strong>que</strong>, sozinho, jamais teria vendido a casa por $300 mil. O<<strong>br</strong> />
corretor soube – qual foi mesmo a frase <strong>que</strong> ele usou? – "maximizar<<strong>br</strong> />
o valor lo imóvel". E conseguiu um ótimo preço para você, não foi?<<strong>br</strong> />
Não foi?<<strong>br</strong> />
Um corretor <strong>de</strong> imóveis é um especialista diferente <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
criminologista, mas tão especialista quanto este último, ou seja,<<strong>br</strong> />
conhece sua área <strong>de</strong> trabalho melhor do <strong>que</strong> o leigo em nome do<<strong>br</strong> />
qual atua. Está mais bem-informado so<strong>br</strong>e o valor da casa, so<strong>br</strong>e as<<strong>br</strong> />
condições do mercado imobiliário e até quanto às expectativas do<<strong>br</strong> />
comprador. Você <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>le para esse tipo <strong>de</strong> informação. Foi<<strong>br</strong> />
por isso, aliás, <strong>que</strong> contratou um especialista.<<strong>br</strong> />
À medida <strong>que</strong> o mundo foi ficando mais especializado,<<strong>br</strong> />
inúmeros <strong>de</strong>sses especialistas se fizeram igualmente indispensáveis.<<strong>br</strong> />
Médicos, advogados, empreiteiros, corretores <strong>de</strong> ações, mecânicos,<<strong>br</strong> />
estrategistas financeiros: todos eles dispõem <strong>de</strong> uma gigantesca<<strong>br</strong> />
superiorida<strong>de</strong> no capítulo "informações". E utilizam essa<<strong>br</strong> />
superiorida<strong>de</strong> para ajudar você, a pessoa <strong>que</strong> os contrata,<<strong>br</strong> />
conseguindo precisamente o <strong>que</strong> você <strong>que</strong>r pelo melhor preço.<<strong>br</strong> />
Certo?<<strong>br</strong> />
Seria ótimo acreditar <strong>que</strong> sim, mas os especialistas são<<strong>br</strong> />
humanos e os seres humanos reagem a incentivos. Assim, o<<strong>br</strong> />
tratamento <strong>que</strong> você vai receber <strong>de</strong> qual<strong>que</strong>r especialista <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
como os incentivos <strong>de</strong>le funcionam. É possível <strong>que</strong> funcionem a<<strong>br</strong> />
seu favor. Por exemplo: um es<strong>tudo</strong> com os mecânicos da Califórnia<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu <strong>que</strong> eles co<strong>br</strong>avam pouco para regular os carros para a<<strong>br</strong> />
vistoria o<strong>br</strong>igatória. O motivo? Mecânicos camaradas são<<strong>br</strong> />
recompensados com a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> do cliente. Mas há casos em <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
os incentivos do especialista po<strong>de</strong>m funcionar contra você. Um<<strong>br</strong> />
es<strong>tudo</strong> médico revelou <strong>que</strong> os obstetras <strong>que</strong> atuam em áreas com<<strong>br</strong> />
índices <strong>de</strong> nasci-mento em <strong>que</strong>da estão muito mais propícios a<<strong>br</strong> />
realizar cesarianas do <strong>que</strong> os obstetras <strong>de</strong> áreas cujos índices <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
nascimento se encon-
tram em ascensão. Infere-se daí <strong>que</strong>, quando o trabalho escasseia,<<strong>br</strong> />
os médicos tentam impingir procedimentos mais caros.<<strong>br</strong> />
Uma coisa é especular so<strong>br</strong>e o abuso dos especialistas, outra é<<strong>br</strong> />
provar <strong>que</strong> ele existe. A melhor maneira <strong>de</strong> fazê-lo seria comparar a<<strong>br</strong> />
forma como o especialista trata você com a forma como ele age<<strong>br</strong> />
quando faz o mesmo serviço para si próprio. Infelizmente um<<strong>br</strong> />
cirurgião não opera a si mesmo, e sua ficha médica não está aberta ao<<strong>br</strong> />
público. Também não temos acesso às notas dos serviços <strong>que</strong> um<<strong>br</strong> />
mecânico realiza no próprio carro.<<strong>br</strong> />
As vendas <strong>de</strong> imóveis, porém, estão sujeitas ao escrutínio<<strong>br</strong> />
público, e os corretores com freqüência ven<strong>de</strong>m suas próprias<<strong>br</strong> />
casas. Um conjunto recente <strong>de</strong> dados a<strong>br</strong>angendo a venda <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
aproximadamente 100 mil casas nos arredores da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Chicago mostra <strong>que</strong> mais <strong>de</strong> 3 mil <strong>de</strong>las pertenciam aos próprios<<strong>br</strong> />
corretores.<<strong>br</strong> />
Antes <strong>de</strong> mergulhar nos dados, vale a pena fazer uma pergunta:<<strong>br</strong> />
Qual é o incentivo do corretor <strong>de</strong> imóveis ao ven<strong>de</strong>r a própria casa?<<strong>br</strong> />
E simples: conseguir o melhor negócio possível. Suposta-mente<<strong>br</strong> />
esse também é o incentivo <strong>que</strong> move você quando se trata da venda<<strong>br</strong> />
da sua casa. Assim, à primeira vista o seu incentivo e o do corretor<<strong>br</strong> />
estão em perfeita sintonia. Afinal, a comissão <strong>que</strong> lhe cabe é<<strong>br</strong> />
calculada so<strong>br</strong>e o preço <strong>de</strong> venda.<<strong>br</strong> />
Quando falamos <strong>de</strong> incentivos, porém, as comissões sã o algo<<strong>br</strong> />
complicado. Em primeiro lugar, a taxa habitual <strong>de</strong> 6% <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
corretagem costuma ser repartida entre o corretor do comprador e<<strong>br</strong> />
o do ven<strong>de</strong>dor. Cada um <strong>de</strong>les entrega a meta<strong>de</strong> da sua parte à<<strong>br</strong> />
agência, o <strong>que</strong> significa <strong>que</strong> apenas 1,5% do preço <strong>de</strong> venda entra,<<strong>br</strong> />
efetiva-mente, no bolso do corretor.<<strong>br</strong> />
Por isso, pela venda da sua casa <strong>de</strong> $300 mil, o corretor<<strong>br</strong> />
abocanha, da comissão <strong>de</strong> $18 mil, não mais <strong>que</strong> $4.500. Ainda é<<strong>br</strong> />
uma boa quantia, você diz. E se a casa, na verda<strong>de</strong>, valesse mais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
$300 mil? E se, com um pouquinho mais <strong>de</strong> esforço e paciência e<<strong>br</strong> />
alguns anúncios adicionais nos jornais, ele pu<strong>de</strong>sse conseguir $310<<strong>br</strong> />
mil? Descontada a comissão, isso significaria $9.400 extras no seu<<strong>br</strong> />
bolso. Só <strong>que</strong> a parcela adicional no bolso do corretor – o
1,5% líquido <strong>que</strong> lhe caberia so<strong>br</strong>e $10 mil – seria <strong>de</strong> meros $150.<<strong>br</strong> />
Se o seu lucro chega a $9.400 enquanto o <strong>de</strong>le não passa <strong>de</strong> $150,<<strong>br</strong> />
talvez os incentivos <strong>de</strong> vocês dois não estejam tão sintonizados<<strong>br</strong> />
assim (principalmente por<strong>que</strong> é ele <strong>que</strong>m paga os anúncios e tem<<strong>br</strong> />
todo o trabalho). Será <strong>que</strong> o corretor estaria disposto a investir<<strong>br</strong> />
todo esse tempo, dinheiro e energia extras em troca <strong>de</strong> míseros<<strong>br</strong> />
$150?<<strong>br</strong> />
Existe uma maneira <strong>de</strong> <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir: pesquisar a diferença entre<<strong>br</strong> />
os dados <strong>de</strong> venda das casas <strong>que</strong> pertencem a corretores e os das<<strong>br</strong> />
casas <strong>que</strong> eles ven<strong>de</strong>m em nome <strong>de</strong> clientes. Utilizando os dados<<strong>br</strong> />
das vendas da<strong>que</strong>les 100 mil imóveis <strong>de</strong> Chicago e respeitando<<strong>br</strong> />
todas as variáveis – localização, ida<strong>de</strong> e estado da casa, aparência<<strong>br</strong> />
etc. – verifica-se <strong>que</strong> um corretor mantém sua própria casa no<<strong>br</strong> />
mercado, em média, por um período 10 dias maior e a ven<strong>de</strong> por<<strong>br</strong> />
um preço 3% mais alto – ou seja, $10 mil, no caso <strong>de</strong> um imóvel <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
$300 mil. Quando se trata da venda da própria casa, um corretor<<strong>br</strong> />
espera a melhor oferta; quando a casa é do cliente, ele o estimula a<<strong>br</strong> />
aceitar a primeira proposta <strong>de</strong>cente <strong>que</strong> surgir. Como um corretor<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> ações almejando comissões, o corretor <strong>que</strong>r fechar negócios. E<<strong>br</strong> />
rapidamente. Por <strong>que</strong> não? A parte <strong>que</strong> lhe cabe no caso <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
oferta melhor – $150 – é um incentivo muito insignificante para<<strong>br</strong> />
encorajá-lo a agir <strong>de</strong> outro modo.<<strong>br</strong> />
De todos os truísmos relativos à política, um é consi<strong>de</strong>rado mais<<strong>br</strong> />
verda<strong>de</strong>iro do <strong>que</strong> os <strong>de</strong>mais: o dinheiro compra votos. Arnold<<strong>br</strong> />
Schwarzenegger, Michael Bloomberg, Jon Corzine são apenas<<strong>br</strong> />
alguns exemplos chamativos recentes do truísmo na prática.<<strong>br</strong> />
(Es<strong>que</strong>ça, por um momento, os exemplos contrários <strong>de</strong> Howard<<strong>br</strong> />
Dean, Steve Forbes, Michael Huffington e, principalmente,<<strong>br</strong> />
Thomas Golisano, <strong>que</strong> nas últimas três campanhas eleitorais em<<strong>br</strong> />
Nova York gastou $93 milhões do próprio bolso, conseguindo,<<strong>br</strong> />
respectivamente, 4, 8 e 14% dos votos.) A maioria das pessoas diria<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> o dinheiro exerce uma influência exagerada nas eleições e <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
somas excessivas são gastas nas campanhas políticas.
É verda<strong>de</strong> <strong>que</strong> os dados eleitorais <strong>de</strong>monstram <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
candidato <strong>que</strong> gasta mais numa campanha costuma ganhar a<<strong>br</strong> />
eleição. Mas será o dinheiro a razão da vitória?<<strong>br</strong> />
Parece lógico pensar <strong>que</strong> sim, da mesma forma como pareceu<<strong>br</strong> />
lógico creditar a redução da criminalida<strong>de</strong> ao crescimento<<strong>br</strong> />
econômico acelerado dos anos 90. No entanto, apenas por<strong>que</strong><<strong>br</strong> />
duas coisas são correlatas isso não implica <strong>que</strong> uma <strong>de</strong>las tenha<<strong>br</strong> />
como conseqüência a outra. Uma correlação aponta<<strong>br</strong> />
simplesmente para a existência <strong>de</strong> uma relação entre dois fatores<<strong>br</strong> />
— X e Y, digamos —, mas nada revela.<<strong>br</strong> />
Reflitamos so<strong>br</strong>e tal correlação: as cida<strong>de</strong>s com muitos<<strong>br</strong> />
homicídios também costumam ter muitos policiais. Tomemos<<strong>br</strong> />
agora a correlação polícia/homicídio numa dupla <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
reais. Denver e Washington têm mais ou menos a mesma<<strong>br</strong> />
população — mas a força policial <strong>de</strong> Washington é quase três<<strong>br</strong> />
vezes maior do <strong>que</strong> a <strong>de</strong> Denver, e a capital também tem oito<<strong>br</strong> />
vezes mais homicídios. A menos <strong>que</strong> você disponha <strong>de</strong> mais<<strong>br</strong> />
informações, porém, é difícil dizer qual fator é a causa disso.<<strong>br</strong> />
Algum <strong>de</strong>savisado po<strong>de</strong>ria examinar esses números e concluir<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> esses policiais a mais sejam a razão do número maior <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
crimes. Esse raciocínio obtuso, <strong>que</strong> tem uma longa história, em<<strong>br</strong> />
geral produz uma reação obtusa, como na lenda do czar <strong>que</strong> foi<<strong>br</strong> />
informado <strong>de</strong> <strong>que</strong> a província com maior incidência <strong>de</strong> doenças<<strong>br</strong> />
era também a <strong>que</strong> contava com mais médicos. Sua solução?<<strong>br</strong> />
Mandou imediatamente fuzilar todos os médicos.<<strong>br</strong> />
Voltando à <strong>que</strong>stão dos gastos <strong>de</strong> campanha: para <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir a<<strong>br</strong> />
relação entre o dinheiro e as eleições, vale a pena consi<strong>de</strong>rar os<<strong>br</strong> />
incentivos em jogo no financiamento <strong>de</strong> campanhas eleitorais.<<strong>br</strong> />
Digamos <strong>que</strong> você seja o tipo <strong>de</strong> pessoa disposta a doar $ 1 mil<<strong>br</strong> />
para um candidato. Essa <strong>de</strong>cisão ocorrerá, provavelmente, em<<strong>br</strong> />
uma <strong>de</strong>stas duas situações: um pleito apertado em <strong>que</strong> lhe pareça<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> o dinheiro possa influir no resultado, ou uma eleição em <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
um dos candidatos seja favorito absoluto e apeteça a você tirar<<strong>br</strong> />
partido <strong>de</strong>ssa glória ou receber algo em troca no futuro. Com<<strong>br</strong> />
toda certeza, seu dinheiro não irá para o azarão (basta perguntar a
qual<strong>que</strong>r postulante à presidência <strong>que</strong> fracasse inapelavelmente<<strong>br</strong> />
em Iowa e New Hampshire). Assim, os favoritos e os candidatos à<<strong>br</strong> />
reeleição levantam muito mais fundos do <strong>que</strong> os <strong>que</strong> têm menos<<strong>br</strong> />
chances <strong>de</strong> vencer. E quanto ao gasto <strong>de</strong>sse dinheiro? Obviamente,<<strong>br</strong> />
os favoritos e os candidatos à reeleição dispõem <strong>de</strong> mais<<strong>br</strong> />
numerário, mas só o gastam quando se vêem diante <strong>de</strong> um risco<<strong>br</strong> />
real <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrota, pois <strong>que</strong> sentido faz <strong>de</strong>tonar uma poupança <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>rá ser mais útil no futuro, quando um adversário mais forte<<strong>br</strong> />
aparecer?<<strong>br</strong> />
Imaginemos agora dois candidatos: um intrinsecamente<<strong>br</strong> />
atraente e outro nem tanto. O candidato atraente arrecada muito<<strong>br</strong> />
mais dinheiro e vence com facilida<strong>de</strong>. Mas terá sido o dinheiro o<<strong>br</strong> />
responsável por lhe conseguir votos, ou terá sido o seu charme o<<strong>br</strong> />
responsável pelos votos e pelo dinheiro?<<strong>br</strong> />
Eis uma pergunta crucial, mas muito difícil <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r.<<strong>br</strong> />
Afinal, charme <strong>de</strong> candidato é difícil <strong>de</strong> quantificar. Como<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>ríamos medi-lo?<<strong>br</strong> />
Na verda<strong>de</strong> não po<strong>de</strong>mos, salvo em uma circunstância<<strong>br</strong> />
especial. A dica é comparar um candidato a... si próprio, ou seja, o<<strong>br</strong> />
Candidato A <strong>de</strong> hoje provavelmente será igual ao Candidato A <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
daqui a dois ou quatro anos. O mesmo se aplica ao Candidato B.<<strong>br</strong> />
Basta <strong>que</strong> o Candidato A dispute com o Candidato B duas<<strong>br</strong> />
eleições consecutivas, porém gastando quantias diferentes em<<strong>br</strong> />
cada uma <strong>de</strong>las. Nesse caso, sendo mais ou menos constante o<<strong>br</strong> />
charme do candidato, po<strong>de</strong>ríamos medir o impacto do dinheiro.<<strong>br</strong> />
Com efeito, os mesmos dois candidatos concorrem um contra<<strong>br</strong> />
o outro em eleições consecutivas o tempo todo – para ser exato em<<strong>br</strong> />
quase mil campanhas para o Congresso americano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1972.0<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> dizem os números nesses casos?<<strong>br</strong> />
Aqui está a surpresa: o volume <strong>de</strong> dinheiro gasto pelos<<strong>br</strong> />
candidatos praticamente não faz diferença. Um candidato<<strong>br</strong> />
vencedor po<strong>de</strong> cortar pela meta<strong>de</strong> seu gasto e per<strong>de</strong>r apenas 1%<<strong>br</strong> />
dos votos. Enquanto isso, um candidato <strong>de</strong>rrotado <strong>que</strong> do<strong>br</strong>e seu<<strong>br</strong> />
gasto não conseguirá aumentar sua votação senão em percentual<<strong>br</strong> />
idêntico a esse. O <strong>que</strong> realmente faz a diferença quando se trata
<strong>de</strong> um político não é a quantia <strong>de</strong> dinheiro <strong>de</strong>spendida; o <strong>que</strong> faz a<<strong>br</strong> />
diferença é <strong>que</strong>m ele é (o mesmo po<strong>de</strong> ser dito – e será, no capítulo<<strong>br</strong> />
5 – a respeito dos pais). Alguns políticos exercem uma atração<<strong>br</strong> />
inerente so<strong>br</strong>e os eleitores e outros, simplesmente, não. E não há<<strong>br</strong> />
nada <strong>que</strong> o dinheiro possa fazer para reverter esse quadro (os Srs.<<strong>br</strong> />
Dean, Forbes, Huffington e Golisano, é lógico, já estão fartos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
sabê-lo).<<strong>br</strong> />
E quanto à outra meta<strong>de</strong> do truísmo eleitoral – a <strong>de</strong> <strong>que</strong> os<<strong>br</strong> />
fundos para financiamento <strong>de</strong> campanha são obscenamente<<strong>br</strong> />
volumosos? Em um típico período eleitoral <strong>que</strong> inclua campanhas<<strong>br</strong> />
para a presidência, o Senado e a Câmara, cerca <strong>de</strong> $1 bilhão é<<strong>br</strong> />
gasto por ano – o <strong>que</strong> parece um bocado <strong>de</strong> dinheiro, salvo se você<<strong>br</strong> />
com-parar essa quantia a algo menos importante <strong>que</strong> uma eleição<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>mocrática.<<strong>br</strong> />
Esse mesmo bilhão <strong>de</strong> dólares os americanos gastam, por<<strong>br</strong> />
exemplo, anualmente com chicletes.<<strong>br</strong> />
Este não é um livro so<strong>br</strong>e o preço do chiclete versus gastos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
campanha nem so<strong>br</strong>e corretores <strong>de</strong> imóveis espertinhos ou o<<strong>br</strong> />
impacto da legalização do aborto so<strong>br</strong>e a criminalida<strong>de</strong>. Ele<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>certo abordará tais cenários e <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> outros, da arte <strong>de</strong> ser pai<<strong>br</strong> />
à mecânica da em<strong>br</strong>omação, do funcionamento interno da Ku<<strong>br</strong> />
Klux Klan à discriminação racial no programa <strong>de</strong> televisão The<<strong>br</strong> />
Weakest Link. O <strong>que</strong> este livro faz é <strong>de</strong>scamar levemente a<<strong>br</strong> />
superfície da vida mo<strong>de</strong>rna e <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir o <strong>que</strong> acontece por <strong>de</strong>baixo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>la. Faremos um bocado <strong>de</strong> perguntas, algumas frívolas e outras<<strong>br</strong> />
envolvendo <strong>que</strong>stões cruciais. As respostas muitas vezes soarão<<strong>br</strong> />
estranhas, mas, em retrospectiva, também bastante óbvias.<<strong>br</strong> />
Buscaremos tais respostas nos dados – sejam eles oriundos das<<strong>br</strong> />
notas dos alunos <strong>de</strong> escolas primárias ou da estatística dos crimes<<strong>br</strong> />
cometidos em Nova York ou, ainda, do balanço financeiro <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
traficante <strong>de</strong> crack (várias vezes lançaremos mão <strong>de</strong> padrões<<strong>br</strong> />
presentes, porém <strong>de</strong>ixados <strong>de</strong> <strong>lado</strong> – como a esteira <strong>de</strong> fumaça <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
um avião traça no céu –, nesses dados). E bom e salutar opinar ou<<strong>br</strong> />
teorizar so<strong>br</strong>e <strong>de</strong>terminado
assunto, como a humanida<strong>de</strong> tem o hábito <strong>de</strong> fazer, mas quando<<strong>br</strong> />
o moralismo é substituído por uma aceitação honesta dos dados,<<strong>br</strong> />
o resultado costuma ser novo e surpreen<strong>de</strong>nte.<<strong>br</strong> />
Po<strong>de</strong>ríamos dizer <strong>que</strong> o moralismo representa a forma como<<strong>br</strong> />
as pessoas gostariam <strong>que</strong> o mundo funcionasse, enquanto a<<strong>br</strong> />
economia representa a forma como ele realmente funciona. A<<strong>br</strong> />
economia é, acima <strong>de</strong> <strong>tudo</strong>, uma ciência feita para medir. Possui um<<strong>br</strong> />
conjunto incrivelmente eficiente e flexível <strong>de</strong> ferramentas capaz <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
acessar <strong>de</strong> maneira confiável uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> informações a fim <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>ntificar o efeito <strong>de</strong> qual<strong>que</strong>r fator iso<strong>lado</strong> ou mesmo o efeito<<strong>br</strong> />
integral. No final das contas, a "economia" é isso: uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
informações so<strong>br</strong>e empregos, imóveis, finanças e investimentos.<<strong>br</strong> />
Mas as ferramentas da economia também po<strong>de</strong>m ser utilizadas com<<strong>br</strong> />
relação a temas mais... Ora, mais interessantes.<<strong>br</strong> />
Por isso este livro foi escrito a partir <strong>de</strong> uma visão <strong>de</strong> mundo<<strong>br</strong> />
muito específica, baseada em algumas idéias fundamentais:<<strong>br</strong> />
Os incentivos são apedra <strong>de</strong> to<strong>que</strong> da vida mo<strong>de</strong>rna. Entendê-los –<<strong>br</strong> />
ou, na maior parte das vezes, investigá-los – é a chave para<<strong>br</strong> />
solucionar praticamente qual<strong>que</strong>r enigma, dos crimes violentos à<<strong>br</strong> />
trapaça nos esportes ou ao namoro na Internet.<<strong>br</strong> />
A sabedoria convencional em geral está equivocada. Não havia<<strong>br</strong> />
escalada da criminalida<strong>de</strong> nos anos 90, o dinheiro sozinho não<<strong>br</strong> />
ganha eleições e – surpresa! – ninguém jamais comprovou <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
ingerir oito copos <strong>de</strong> água por dia faça bem à saú<strong>de</strong>. A sabedoria<<strong>br</strong> />
convencional costuma ser mal fundamentada e muitíssimo difícil<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> investigar, mas isso não é impossível.<<strong>br</strong> />
Causas distantes e até mesmo sutis po<strong>de</strong>m, muitas vezes, provocar<<strong>br</strong> />
efeitos drásticos. A solução <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado enigma nem sempre<<strong>br</strong> />
está diante dos nossos olhos. Norma McCorvey teve um impacto<<strong>br</strong> />
bem maior so<strong>br</strong>e a criminalida<strong>de</strong> do <strong>que</strong> a combinação do controle<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> armas, do crescimento econômico e das estratégias policiais<<strong>br</strong> />
inovadoras. E possível dizer o mesmo, como veremos adiante, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
um homem chamado Oscar Danilo Blandon, também conhecido<<strong>br</strong> />
como Johnny Rei do Crack.
Os "especialistas" — dos criminologistas aos corretores <strong>de</strong> imóveis —<<strong>br</strong> />
usam suas informações privilegiadas em benefício próprio. No entanto,<<strong>br</strong> />
eles po<strong>de</strong>m ser vencidos em seu próprio jogo. Além disso, com o<<strong>br</strong> />
advento da Internet, sua superiorida<strong>de</strong> em termos <strong>de</strong> informação<<strong>br</strong> />
cada dia encolhe mais – como comprova, entre outras coisas, a<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>da <strong>de</strong> preço dos caixões e dos seguros <strong>de</strong> vida.<<strong>br</strong> />
Saber o <strong>que</strong> medir e como medir faz o mundo parecer muito menos<<strong>br</strong> />
complicado. Quando se apren<strong>de</strong> a examinar os dados <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />
correta, é possível explicar enigmas <strong>que</strong> do contrário pareceriam<<strong>br</strong> />
insolúveis, pois nada como o po<strong>de</strong>r dos números para remover<<strong>br</strong> />
cama-das e camadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconhecimento e contradições.<<strong>br</strong> />
Assim, a meta <strong>de</strong>ste livro é explorar o <strong>lado</strong> <strong>oculto</strong> <strong>de</strong>... <strong>tudo</strong>. E<<strong>br</strong> />
possível <strong>que</strong> seja até frustrante. Haverá momentos em <strong>que</strong> a sensação<<strong>br</strong> />
será a <strong>de</strong> espiar o mundo através <strong>de</strong> um canudo ou a <strong>de</strong> visitar a sala<<strong>br</strong> />
dos espelhos <strong>de</strong> um par<strong>que</strong> <strong>de</strong> diversões. A idéia, porém, é buscar<<strong>br</strong> />
vários cenários e examiná-los <strong>de</strong> uma maneira como poucas vezes se<<strong>br</strong> />
fez. Sob alguns aspectos, esse é um tema estranho para um livro. A<<strong>br</strong> />
maio-ria <strong>de</strong>les se propõe a apresentar um único assunto, secamente<<strong>br</strong> />
expresso em uma frase ou duas, e <strong>de</strong>pois contar toda a história<<strong>br</strong> />
acerca do mesmo: a história do sal; a fragilida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>mocracia; o uso<<strong>br</strong> />
e o mau uso da pontuação. Este livro não tem um tema unificador<<strong>br</strong> />
nesse senti-do. Chegamos a pensar, durante uns cinco minutos, em<<strong>br</strong> />
escrever um livro <strong>que</strong> girasse em tomo <strong>de</strong> um único tema – a teoria e<<strong>br</strong> />
a prática da microeconomia aplicada, <strong>que</strong> tal? – mas optamos, em vez<<strong>br</strong> />
disso, por uma espécie <strong>de</strong> caça-ao-tesouro. E certo <strong>que</strong> a nossa<<strong>br</strong> />
abordagem emprega as melhores ferramentas <strong>de</strong> análise <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
economia tem a oferecer, mas também nos permite acompanhar toda<<strong>br</strong> />
e qual<strong>que</strong>r curiosida<strong>de</strong> excêntrica <strong>que</strong> nos ocorra. Daí o nosso campo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> es<strong>tudo</strong> inventado: Freakonomics.* As histórias contadas aqui não<<strong>br</strong> />
costumam fazer parte das aulas <strong>de</strong> economia, mas talvez isso mu<strong>de</strong> no<<strong>br</strong> />
futuro. Como a ciência da economia é, em princípio, um conjunto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ferramentas e não uma matéria em si, nenhum tema, por mais alheio<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> lhe pareça, <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado fora do seu alcance.<<strong>br</strong> />
_____________________________<<strong>br</strong> />
* Nota da Tradutora: Intraduzível em uma só palavra, o termo cunhado pelos<<strong>br</strong> />
autores significa economia excêntrica.
Vale a pena lem<strong>br</strong>ar <strong>que</strong> Adam Smith, o fundador da<<strong>br</strong> />
economia clássica, foi, antes <strong>de</strong> <strong>tudo</strong>, um filósofo. Esforçou-se<<strong>br</strong> />
para ser um moralista e, nesse processo, se tornou um<<strong>br</strong> />
economista. Quando publicou A teoria dos sentimentos morais em<<strong>br</strong> />
1759, o capitalismo mo<strong>de</strong>rno dava seus primeiros passos. Smith<<strong>br</strong> />
ficou fascinado com as mudanças radicais <strong>que</strong> essa nova força<<strong>br</strong> />
acarretou, mas os números não foram o único foco do seu<<strong>br</strong> />
interesse. Ele concentrou sua atenção no efeito so<strong>br</strong>e as pessoas,<<strong>br</strong> />
no fato <strong>de</strong> as forças econômicas estarem alterando profundamente<<strong>br</strong> />
a maneira <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> agir <strong>de</strong> uma pessoa em uma <strong>de</strong>terminada<<strong>br</strong> />
situação. O <strong>que</strong> levava alguém a trapacear ou a roubar enquanto<<strong>br</strong> />
outro se abstinha <strong>de</strong> fazê-lo? Como a escolha – boa ou ruim –<<strong>br</strong> />
aparentemente inofensiva <strong>de</strong> alguém afetava várias pessoas ao<<strong>br</strong> />
longo da corrente? Na época <strong>de</strong> Smith, o fenômeno causa-efeito<<strong>br</strong> />
sofreu uma incrível aceleração; os incentivos foram multiplicados<<strong>br</strong> />
por <strong>de</strong>z. A gravida-<strong>de</strong> e o impacto <strong>de</strong>ssas mudanças foram tão<<strong>br</strong> />
avassa<strong>lado</strong>res para os cidadãos <strong>de</strong> então quanto a gravida<strong>de</strong> e o<<strong>br</strong> />
impacto da vida mo<strong>de</strong>rna o são para nós atualmente.<<strong>br</strong> />
O verda<strong>de</strong>iro tópico <strong>de</strong> es<strong>tudo</strong> <strong>de</strong> Smith era o conflito entre o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sejo individual e as normas sociais. O historiador do pensamento<<strong>br</strong> />
econômico Robert Heil<strong>br</strong>oner, escrevendo em The Wordly<<strong>br</strong> />
Philosophers, especulou so<strong>br</strong>e como Smith fora capaz <strong>de</strong> separar os<<strong>br</strong> />
feitos do homem, uma criatura autocentrada, do gran<strong>de</strong> plano<<strong>br</strong> />
moral em <strong>que</strong> atua. "Smith <strong>de</strong>fendia <strong>que</strong> a resposta está na nossa<<strong>br</strong> />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nos colocarmos na posição <strong>de</strong> um terceiro, um<<strong>br</strong> />
observador imparcial", concluiu Heil<strong>br</strong>oner, "e <strong>de</strong>ssa maneira<<strong>br</strong> />
construir uma noção dos méritos objetivos <strong>de</strong> uma <strong>que</strong>stão".<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>re-se, pois, leitor, na companhia <strong>de</strong> um terceiro – ou,<<strong>br</strong> />
se preferir, <strong>de</strong> dois terceiros–ansioso para investigar os méritos<<strong>br</strong> />
objetivos <strong>de</strong> <strong>que</strong>stões interessantes. Tais investigações costumam<<strong>br</strong> />
partir <strong>de</strong> uma pergunta simples nunca dantes formulada. Por<<strong>br</strong> />
exemplo: O <strong>que</strong> os professores têm em comum com os lutadores<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> sumô?
"Eu gostaria <strong>de</strong> reunir um conjunto <strong>de</strong> ferramentas <strong>que</strong> nos permitisse pegar<<strong>br</strong> />
terroristas", disse Levitt. "Ainda não sei direito como fazer isso, mas com os dados<<strong>br</strong> />
certos, tenho quase certeza <strong>de</strong> <strong>que</strong> <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iria a forma."<<strong>br</strong> />
Talvez pareça absurdo um economista <strong>de</strong>sejar pegar terroristas. Da mesma<<strong>br</strong> />
forma <strong>que</strong> você acharia absurdo, se fosse um professor <strong>de</strong> Chicago, ser chamado à<<strong>br</strong> />
diretoria e informado <strong>de</strong> <strong>que</strong>, imagine, os algoritmos bo<strong>lado</strong>s por a<strong>que</strong>le magricela<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> óculos revelaram <strong>que</strong> você é um trapaceiro e, por isso, está <strong>de</strong>spedido. Ainda<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> Steven Levitt não tenha uma fé absoluta em si mesmo, <strong>de</strong> uma coisa ele não<<strong>br</strong> />
duvida: professores, criminosos, corretores <strong>de</strong> imóveis, políticos e até mesmo peritos<<strong>br</strong> />
da EIA po<strong>de</strong>m mentir, mas os números não mentem.<<strong>br</strong> />
THE NEW YORK TIMES MAGAZINE, 3 DE AGOSTO DE 2003
O <strong>que</strong> os professores e<<strong>br</strong> />
1 os lutadores <strong>de</strong> sumô<<strong>br</strong> />
têm em comum?<<strong>br</strong> />
Imagine-se por um momento como administrador <strong>de</strong> uma creche.<<strong>br</strong> />
Sua política claramente assumida é a <strong>de</strong> <strong>que</strong> as crianças <strong>de</strong>vem ser<<strong>br</strong> />
apanhadas às 16h. No entanto, com freqüência os pais se atrasam.<<strong>br</strong> />
O resultado é <strong>que</strong> no final do dia você precisa lidar com algumas<<strong>br</strong> />
crianças ansiosas e, no mínimo, um professor, <strong>que</strong> é forçado a<<strong>br</strong> />
esperar <strong>que</strong> os pais apareçam. O <strong>que</strong> fazer?<<strong>br</strong> />
Uma dupla <strong>de</strong> economistas cientes <strong>de</strong>sse dilema — <strong>que</strong> se<<strong>br</strong> />
revelou, aliás, bastante comum — apresentou uma solução: multar<<strong>br</strong> />
os pais atrasados. Afinal <strong>de</strong> contas, por <strong>que</strong> teria a creche <strong>que</strong> cuidar<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ssas crianças gratuitamente?<<strong>br</strong> />
Os economistas <strong>de</strong>cidiram testar sua solução elaborando um<<strong>br</strong> />
es<strong>tudo</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>z creches situadas em Haifa, Israel. O es<strong>tudo</strong> levou 20<<strong>br</strong> />
se-manas, mas a multa não foi introduzida <strong>de</strong> imediato. Durante as<<strong>br</strong> />
primeiras quatro semanas, os economistas simplesmente calcularam o<<strong>br</strong> />
número <strong>de</strong> pais <strong>que</strong> se atrasavam. Em média, ocorriam oito atrasos<<strong>br</strong> />
por semana em cada uma das creches. Na quinta semana, a multa foi<<strong>br</strong> />
introduzida. Avisou-se aos pais <strong>de</strong> <strong>que</strong> qual<strong>que</strong>r atraso superior a <strong>de</strong>z<<strong>br</strong> />
minutos seria punido com o pagamento <strong>de</strong> $3 por criança e a multa<<strong>br</strong> />
adicionada à mensalida<strong>de</strong>, em tomo <strong>de</strong> $380.<<strong>br</strong> />
Depois da adoção da multa, o número <strong>de</strong> atrasos logo...<<strong>br</strong> />
aumentou. Em pouco tempo já somavam 20 por semana, mais <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
do<strong>br</strong>o da média original. O tiro saíra pela culatra.
A economia é, em essência, o es<strong>tudo</strong> dos incentivos: como as<<strong>br</strong> />
pessoas conseguem o <strong>que</strong> <strong>que</strong>rem, ou aquilo <strong>de</strong> <strong>que</strong> precisam,<<strong>br</strong> />
principalmente quando outras pessoas <strong>que</strong>rem a mesma coisa ou<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>la precisam. Os economistas adoram incentivos. Adoram bolá-los<<strong>br</strong> />
e pô-los em prática, estudá-los e <strong>br</strong>incar com eles. O economistapadrão<<strong>br</strong> />
acredita <strong>que</strong> o mundo ainda não inventou um problema cuja<<strong>br</strong> />
solução ele não possa inventar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>que</strong> lhe seja dada carta <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />
para elaborar o es<strong>que</strong>ma <strong>de</strong> incentivo apropriado. Essa solução nem<<strong>br</strong> />
sempre é bonita – ela po<strong>de</strong> incluir coação ou multas exorbitantes,<<strong>br</strong> />
bem como a violação das liberda<strong>de</strong>s civis –, mas o problema original<<strong>br</strong> />
com certeza será resolvido. Um incentivo é uma bala, uma alavanca,<<strong>br</strong> />
uma chave: geralmente um objeto pe<strong>que</strong>no com incrível po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
alterar uma situação.<<strong>br</strong> />
Apren<strong>de</strong>mos a reagir a incentivos, negativos e positivos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<<strong>br</strong> />
início da vida. Se você engatinhar até o forno <strong>que</strong>nte e encostar a<<strong>br</strong> />
mão nele, vai <strong>que</strong>imar o <strong>de</strong>do, mas se trouxer apenas notas 10 da<<strong>br</strong> />
escola, o prêmio é uma bicicleta nova. Se for flagrado com o <strong>de</strong>do<<strong>br</strong> />
no nariz durante a aula, você vira piada, mas se vencer campeonatos<<strong>br</strong> />
para o time <strong>de</strong> bas<strong>que</strong>te, passa a ser o lí<strong>de</strong>r da turma. Se chegar em<<strong>br</strong> />
casa <strong>de</strong>pois da hora, o castigo é certo, mas se tirar boas notas no<<strong>br</strong> />
colégio, carimba o passaporte para uma boa universida<strong>de</strong>. Se levar<<strong>br</strong> />
bomba no curso <strong>de</strong> direito, vai precisar trabalhar na seguradora do<<strong>br</strong> />
papai, mas caso se <strong>de</strong>sta<strong>que</strong> a ponto <strong>de</strong> uma empresa concorrente<<strong>br</strong> />
disputar seu passe, ganha a vice-presidência, não precisando mais<<strong>br</strong> />
trabalhar para o papai. Se a euforia do novo cargo o levar a exce<strong>de</strong>r o<<strong>br</strong> />
limite <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> na volta para casa, fará jus a uma multa <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
$100, mas se no final do ano atingir sua meta <strong>de</strong> vendas, embolsando<<strong>br</strong> />
uma gratificação polpuda, não só os $100 da multa se transformam<<strong>br</strong> />
em mixaria, como você vai po<strong>de</strong>r comprar a<strong>que</strong>le fogão estupendo<<strong>br</strong> />
no qual seu filho, na fase <strong>de</strong> engatinhar, po<strong>de</strong>rá <strong>que</strong>imar o próprio<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>dinho.<<strong>br</strong> />
Incentivos não passam <strong>de</strong> meios para estimular as pessoas a<<strong>br</strong> />
fazer mais coisas boas e menos coisas ruins. Mas a maioria <strong>de</strong>les não<<strong>br</strong> />
surge espontaneamente. Alguém – um economista, um político, os<<strong>br</strong> />
pais – tem <strong>que</strong> criá-lo. Seu filho pe<strong>que</strong>no comeu verduras e
legumes a semana toda? Merece uma visita à loja <strong>de</strong> <strong>br</strong>in<strong>que</strong>dos.<<strong>br</strong> />
Uma gran<strong>de</strong> usina <strong>de</strong> aço emite fumaça <strong>de</strong>mais? A empresa é<<strong>br</strong> />
multada por cada <strong>de</strong>címetro cúbico <strong>de</strong> poluentes <strong>que</strong> exceda o<<strong>br</strong> />
limite legal. Um número exagerado <strong>de</strong> americanos está sonegando<<strong>br</strong> />
o imposto <strong>de</strong> renda? O economista Milton Friedman foi <strong>que</strong>m<<strong>br</strong> />
ajudou a encontrar uma solução para isso: <strong>de</strong>sconto automático do<<strong>br</strong> />
imposto <strong>de</strong> renda na fonte.<<strong>br</strong> />
Os incentivos existem em três tipos <strong>de</strong> sabores básicos:<<strong>br</strong> />
econômico, social e moral. E muito comum <strong>que</strong> um único es<strong>que</strong>ma<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> incentivos inclua as três varieda<strong>de</strong>s. Tomemos a campanha<<strong>br</strong> />
antitabagista dos últimos anos. O acréscimo da "taxa do pecado" <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
$3 em cada maço é um forte incentivo econômico contra a compra<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> cigarros. A proibição do fumo em restaurantes e bares é um<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>roso incentivo social. E a afirmação do governo americano <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> os terroristas angariam fundos com a venda <strong>de</strong> cigarros no<<strong>br</strong> />
mercado negro atua como um incentivo moral bastante estri<strong>de</strong>nte.<<strong>br</strong> />
Alguns dos mais convincentes incentivos foram postos em<<strong>br</strong> />
prática para coibir a criminalida<strong>de</strong>. Consi<strong>de</strong>rando esse fato, seria<<strong>br</strong> />
válido pegar uma pergunta batida — por <strong>que</strong> há tantos crimes na<<strong>br</strong> />
socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna? — e virá-la ao contrário: por <strong>que</strong> não existem<<strong>br</strong> />
muito mais crimes?<<strong>br</strong> />
Afinal, cada um <strong>de</strong> nós <strong>de</strong>scarta regularmente várias<<strong>br</strong> />
oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lesar, roubar e fraudar. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acabar<<strong>br</strong> />
preso — e com isso per<strong>de</strong>r o emprego, a casa e a liberda<strong>de</strong>, punições<<strong>br</strong> />
essas <strong>de</strong> caráter econômico — <strong>de</strong>certo é um incentivo <strong>de</strong> peso. Mas<<strong>br</strong> />
quando se trata <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>, as pessoas também reagem a<<strong>br</strong> />
incentivos morais (não <strong>que</strong>rem cometer um ato <strong>que</strong> consi<strong>de</strong>ram<<strong>br</strong> />
errado) e a incentivos sociais (não <strong>que</strong>rem ser vistas pelos outros<<strong>br</strong> />
como alguém <strong>que</strong> age errado). Para <strong>de</strong>terminados tipos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
comportamento, os incentivos sociais <strong>de</strong>têm enorme po<strong>de</strong>r. Numa<<strong>br</strong> />
reminiscência da letra escarlate <strong>de</strong> Hester Prynne, várias cida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
americanas atualmente combatem a prostituição com uma ofensiva<<strong>br</strong> />
"constrangedora", difundindo fotografias <strong>de</strong> clientes (e prostitutas)<<strong>br</strong> />
con<strong>de</strong>nados em sites na Internet e nas televisões abertas locais. O<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> representa um freio mais amedrontador: uma multa <strong>de</strong> $500
por utilizar os serviços <strong>de</strong> uma prostituta ou a idéia <strong>de</strong> <strong>que</strong> seus<<strong>br</strong> />
amigos e a família vejam seu rosto em<<strong>br</strong> />
www.prostitutas&clientes.com?<<strong>br</strong> />
Assim, por meio <strong>de</strong> uma complicada, fortuita e constantemente<<strong>br</strong> />
reestruturada re<strong>de</strong> <strong>de</strong> incentivos econômicos, sociais e morais, a<<strong>br</strong> />
socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna faz o melhor possível para combater o crime.<<strong>br</strong> />
Alguns diriam <strong>que</strong> não estamos trabalhando direito, mas olhando<<strong>br</strong> />
para trás, comprova-se <strong>que</strong> isso não é verda<strong>de</strong>. Consi<strong>de</strong>remos a<<strong>br</strong> />
tendência histórica do homicídio (excluindo-se as guerras), <strong>que</strong> é,<<strong>br</strong> />
ao mesmo tempo, o crime <strong>de</strong> mensuração mais confiável e o<<strong>br</strong> />
melhor termômetro do índice geral <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
socieda<strong>de</strong>. Os números abaixo, compi<strong>lado</strong>s pelo criminologista<<strong>br</strong> />
Manuel Eisner, retratam os índices históricos <strong>de</strong> homicídio em<<strong>br</strong> />
cinco regiões européias.<<strong>br</strong> />
A <strong>que</strong>da acentuada <strong>de</strong>sses números ao longo dos séculos<<strong>br</strong> />
sugere <strong>que</strong>, no <strong>que</strong> se refere à mais séria das preocupações<<strong>br</strong> />
humanas – ser assassinado – os incentivos <strong>que</strong> fa<strong>br</strong>icamos<<strong>br</strong> />
coletivamente estão cada vez funcionando melhor.<<strong>br</strong> />
Então, o <strong>que</strong> havia <strong>de</strong> errado com o incentivo das creches <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Israel?<<strong>br</strong> />
HOMICÍDIOS<<strong>br</strong> />
(para cada 100.000 pessoas)<<strong>br</strong> />
Inglaterra Holanda Escandinávia Alemanha Itália<<strong>br</strong> />
e Bélgica<<strong>br</strong> />
e Suíça<<strong>br</strong> />
________________________________________________________________________________<<strong>br</strong> />
Séculos XIII e XIV 23,0 47,0 nenhum 37,0 56,0<<strong>br</strong> />
Século XV nenhum 45,0 46,0 16,0 73,0<<strong>br</strong> />
Século XVI 7,0 25,0 21,0 11,0 47,0<<strong>br</strong> />
Século XVII 5,0 7,5 18,0 7,0 32,0<<strong>br</strong> />
Século XVIII 1,5 5,5 1,9 7,5 10,5<<strong>br</strong> />
Século XIX 1,7 1,6 1,1 2,8 12,6<<strong>br</strong> />
1900-1949 0,8 1,5 0,7 1,7 3,2<<strong>br</strong> />
1950-1994 0,9 0,9 0,9 1,0 1,5
Você provavelmente já concluiu <strong>que</strong> a multa <strong>de</strong> $3 era<<strong>br</strong> />
simplesmente pe<strong>que</strong>na <strong>de</strong>mais. A esse custo, um pai ou mãe <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
só filho podia se dar ao luxo <strong>de</strong> se atrasar diariamente pagando<<strong>br</strong> />
apenas $60 extras todo mês – um sexto da mensalida<strong>de</strong> básica.<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>rando-se o salário <strong>de</strong> uma babá, esse preço é bem barato. E<<strong>br</strong> />
se a multa fosse <strong>de</strong> $100 em lugar <strong>de</strong> $3? Certamente teriam fim os<<strong>br</strong> />
atrasos, embora isso também fosse gerar um bocado <strong>de</strong> má-vonta<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
(todo incentivo é inerentemente uma compensação; o segredo é<<strong>br</strong> />
equili<strong>br</strong>ar os extremos).<<strong>br</strong> />
A multa da creche envolvia ainda um outro problema: substituía<<strong>br</strong> />
com um incentivo econômico (os $3) o incentivo moral (a suposta<<strong>br</strong> />
culpa dos pais quando se atrasavam). Por apenas alguns dólares<<strong>br</strong> />
diários, os pais podiam se isentar <strong>de</strong>ssa culpa. Além disso, o baixo<<strong>br</strong> />
valor da multa sugeria aos pais <strong>que</strong> o atraso para buscar as crianças<<strong>br</strong> />
não era algo tão grave assim. Se o problema resultante para a creche<<strong>br</strong> />
do atraso dos pais equivalia a apenas $3, para <strong>que</strong> se preocupar em<<strong>br</strong> />
interromper a partida <strong>de</strong> tênis? Com efeito, quando os economistas<<strong>br</strong> />
suspen<strong>de</strong>ram a multa <strong>de</strong> $3 na semana do es<strong>tudo</strong>, o número <strong>de</strong> pais<<strong>br</strong> />
atrasados não se alterou. Agora, eles podiam se atrasar, não pagar<<strong>br</strong> />
multa nem sentir culpa.<<strong>br</strong> />
Essa é a estranha e po<strong>de</strong>rosa natureza dos incentivos. Uma<<strong>br</strong> />
mínima guinada po<strong>de</strong> produzir resultados drásticos e muitas vezes<<strong>br</strong> />
imprevisíveis. Foi o <strong>que</strong> Thomas Jefferson observou meditando<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e as razões <strong>que</strong> levaram ao Boston Tea Party* e, por sua vez, à<<strong>br</strong> />
Revolução Americana: "Tão inescrutável é a combinação das causas<<strong>br</strong> />
e conseqüências neste mundo, <strong>que</strong> um imposto <strong>de</strong> dois centavos<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e o chá injustamente instituído numa área restrita do planeta<<strong>br</strong> />
altera a situação <strong>de</strong> seus habitantes."<<strong>br</strong> />
Nos anos 70, alguns pesquisadores conduziram um es<strong>tudo</strong> <strong>que</strong>,<<strong>br</strong> />
como no caso das creches <strong>de</strong> Israel, pôs em confronto um incentivo<<strong>br</strong> />
econômm incentivo moral. Neste caso, procurava-se<<strong>br</strong> />
________________________<<strong>br</strong> />
*Nota do Tradutor: Proico e utesto contra o imposto <strong>br</strong>itânico so<strong>br</strong>e o chá, em<<strong>br</strong> />
1773, quando americanos vestidos <strong>de</strong> índios entraram em navios ingleses<<strong>br</strong> />
ancorados no porto <strong>de</strong> Boston e jogaram ao mar os carregamentos <strong>de</strong>sse<<strong>br</strong> />
produto.
apren<strong>de</strong>r mais a respeito da motivação por trás das doações <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
sangue. O resultado mostrou <strong>que</strong> quando as pessoas recebem uma<<strong>br</strong> />
pe<strong>que</strong>na remuneração para fazer a doação, em lugar <strong>de</strong> serem<<strong>br</strong> />
apenas elogiadas por seu altruísmo, a tendência é diminuírem as<<strong>br</strong> />
doações. A remuneração transformou um ato <strong>de</strong> carida<strong>de</strong> em um<<strong>br</strong> />
meio doloroso <strong>de</strong> ganhar alguns trocados, fazendo com <strong>que</strong> ele<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ixasse <strong>de</strong> valer a pena.<<strong>br</strong> />
E se aos doadores tivesse sido oferecido um incentivo <strong>de</strong> $50,<<strong>br</strong> />
$500 ou $5 mil? Certamente o número <strong>de</strong> doações teria<<strong>br</strong> />
aumentado drasticamente.<<strong>br</strong> />
Mas outra coisa também sofreria uma mudança drástica, pois<<strong>br</strong> />
todo incentivo tem seu <strong>lado</strong> negativo. Se um litro <strong>de</strong> sangue<<strong>br</strong> />
passasse a valer $5 mil, muita gente tomaria nota disso e talvez<<strong>br</strong> />
procurasse obtê-lo na ponta da faca. E possível <strong>que</strong> alguns<<strong>br</strong> />
tentassem fazer passar por seu o sangue <strong>de</strong> animais. Outros talvez<<strong>br</strong> />
falsificassem a própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> para doar acima dos limites<<strong>br</strong> />
permitidos. Seja qual for o incentivo, seja qual for a situação, gente<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sonesta sempre tentará obter vantagens através dos meios.<<strong>br</strong> />
Ou, como disse W.C. Fields: algo valioso o bastante para ser<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sejado vale a pena ser roubado.<<strong>br</strong> />
Quem trapaceia?<<strong>br</strong> />
Ora, praticamente todo mundo, se a oportunida<strong>de</strong> for<<strong>br</strong> />
propícia. Você po<strong>de</strong> dizer a si mesmo: "Eu não, seja qual for a<<strong>br</strong> />
situação." Depois, talvez se lem<strong>br</strong>e <strong>de</strong> quando trapaceou, digamos,<<strong>br</strong> />
no jogo <strong>de</strong> damas. Na semana passada. Ou da<strong>que</strong>la bola <strong>de</strong> golfe<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> empurrou com o pé para tirar da má posição em <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
arremesso a <strong>de</strong>ixara. Ou da vez em <strong>que</strong> estava aguando a <strong>br</strong>oa na<<strong>br</strong> />
sala do café do escritório, mas não tinha o dinheiro para pôr na<<strong>br</strong> />
caixinha coletiva. E pegou a <strong>br</strong>oa assim mesmo, jurando <strong>que</strong> pagaria<<strong>br</strong> />
do<strong>br</strong>ado na vez seguinte. O <strong>que</strong> acabou nunca fazendo.<<strong>br</strong> />
Para cada pessoa inteligente <strong>que</strong> se dê ao trabalho <strong>de</strong> bolar<<strong>br</strong> />
um es<strong>que</strong>ma <strong>de</strong> incentivo existe um exército <strong>de</strong> outras, inteligentes<<strong>br</strong> />
ou não, <strong>que</strong> inevitavelmente gastarão mais tempo ainda
tentando fraudá-lo. Trapacear po<strong>de</strong> ou não ser uma característica<<strong>br</strong> />
da natureza humana, mas sem dúvida tem participação crucial em<<strong>br</strong> />
praticamente todas as empreitadas do homem. A trapaça é,<<strong>br</strong> />
primordialmente, um ato econômico: obter mais gastando<<strong>br</strong> />
menos. Assim, não são apenas os nomes <strong>que</strong> fazem as manchetes<<strong>br</strong> />
– presi<strong>de</strong>nte; <strong>de</strong> empresas usando informações privilegiadas,<<strong>br</strong> />
jogadores ingerindo doping e políticos abusando das mordomias<<strong>br</strong> />
– <strong>que</strong> trapaceiam. E a garçonete <strong>que</strong> embolsa as gorjetas em<<strong>br</strong> />
lugar <strong>de</strong> pô-las na caixinha coletiva, o gerente do gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
supermercado <strong>que</strong> entra no computador e corta as horas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
trabalho <strong>de</strong> seus subordinados para fazer seu <strong>de</strong>sempenho parecer<<strong>br</strong> />
melhor, é o aluno da 3ª série <strong>que</strong>, preocupado em passar para a 4ª,<<strong>br</strong> />
cola do vizinho <strong>de</strong> carteira.<<strong>br</strong> />
Algumas trapaças mal <strong>de</strong>ixam rastro. Em outros casos, as<<strong>br</strong> />
provas são, cabais. Tomemos o <strong>que</strong> ocorreu numa noite da<<strong>br</strong> />
primavera <strong>de</strong> 1 9 7 : à meia-noite, sete milhões <strong>de</strong> crianças<<strong>br</strong> />
americanas sumiram do mapa. Terá sido a maior onda <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
seqüestros da história? Nada disso. Na noite <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> a<strong>br</strong>il a<<strong>br</strong> />
Receita Fe<strong>de</strong>ral americana mudou uma regra. Em vez <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
meramente listar cada filho menor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, os contribuintes<<strong>br</strong> />
teriam, a partir dali, <strong>de</strong> fornecer um número da Previdência Social<<strong>br</strong> />
para cada um <strong>de</strong>les. De repente, sete milhões <strong>de</strong> crianças –<<strong>br</strong> />
fantasmas cuja existência havia se limita-do a justificar <strong>de</strong>duções<<strong>br</strong> />
nos formulários 1040 <strong>de</strong> Imposto <strong>de</strong> Renda do ano anterior –<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sapareceram, correspon<strong>de</strong>ndo a uma em <strong>de</strong>z do total <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
menores <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes em todo o país.<<strong>br</strong> />
O incentivo <strong>de</strong> todos esses contribuintes trapaceiros foi<<strong>br</strong> />
bastante óbvio. O mesmo po<strong>de</strong>mos dizer das garçonetes, do<<strong>br</strong> />
gerente do supermercado e do aluno da 3ª série. Mas o <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
pensar da professora do aluno da 3ª série? Teria ela um incentivo<<strong>br</strong> />
para trapacear? E em caso afirmativo, como o faria?<<strong>br</strong> />
Imaginemos agora <strong>que</strong>, em lugar <strong>de</strong> administrar uma creche em<<strong>br</strong> />
Haifa, você dirigisse o Sistema Público <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> Chicago, <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
educa 400 mil estudantes por ano.
O <strong>de</strong>bate mais acalorado envolvendo diretores <strong>de</strong> escola,<<strong>br</strong> />
professores, pais e alunos americanos no momento tem como tema o<<strong>br</strong> />
"provão". O risco é consi<strong>de</strong>rado alto por<strong>que</strong>, em lugar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
meramente avaliar o progresso escolar dos estudantes, cada vez mais<<strong>br</strong> />
as escolas estão sendo responsabilizadas pelos resultados <strong>de</strong>sses<<strong>br</strong> />
testes.<<strong>br</strong> />
O governo fe<strong>de</strong>ral tornou o<strong>br</strong>igatórios os "provões" como<<strong>br</strong> />
parte da lei No Child Left Behind,* sancionada pelo presi<strong>de</strong>nte Bush<<strong>br</strong> />
em 2002, mas mesmo antes <strong>que</strong> essa lei entrasse em vigor, a maioria<<strong>br</strong> />
dos estados já padronizara os testes escolares tanto no nível<<strong>br</strong> />
elementar como no secundário. Vinte estados premiavam as escolas<<strong>br</strong> />
em <strong>que</strong> os alunos obtinham boas notas ou apresentavam progresso<<strong>br</strong> />
expressivo. Trinta e dois estados advertiam as escolas com mau<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sempenho.<<strong>br</strong> />
O Sistema <strong>de</strong> Ensino Público <strong>de</strong> Chicago adotou os "provões"<<strong>br</strong> />
em 1996. Pela nova política, uma escola on<strong>de</strong> as notas <strong>de</strong> leitura<<strong>br</strong> />
fossem baixas seria posta em quarentena, enfrentando o risco <strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />
fechada e seus funcionários, <strong>de</strong>mitidos ou transferidos. O Sistema<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Ensino Público <strong>de</strong> Chicago também pôs fim à chamada<<strong>br</strong> />
"promoção social". Anteriormente, apenas um aluno absolutamente<<strong>br</strong> />
inepto ou difícil repetia um ano. Agora, para ser aprovado, todo<<strong>br</strong> />
aluno <strong>de</strong> 3 ª , 6ª e 8 ª séries tinha <strong>que</strong> obter uma nota mínima no teste<<strong>br</strong> />
padronizado <strong>de</strong> múltipla escolha conhecido como Teste <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Aptidões Básicas <strong>de</strong> Iowa.<<strong>br</strong> />
Os <strong>de</strong>fensores do "provão" argumentam <strong>que</strong> este eleva o<<strong>br</strong> />
padrão do ensino e estimula os alunos a estudarem. Ao mesmo<<strong>br</strong> />
tempo, ao impedir os maus alunos <strong>de</strong> serem aprovados sem mérito,<<strong>br</strong> />
as turmas mais avançadas não ficarão apinhadas, sujeitando ao<<strong>br</strong> />
atraso os bons alunos. Em compensação os críticos <strong>de</strong>sse sistema<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> avaliação temem <strong>que</strong> alguns alunos se sintam injustamente<<strong>br</strong> />
punidos caso não consigam boas notas e <strong>que</strong> os professores possam<<strong>br</strong> />
se concentrar nos tópicos mais prováveis <strong>de</strong>ssas provas em<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outros mais importantes.<<strong>br</strong> />
_________________________________________<<strong>br</strong> />
* Nota do Tradutor: " Nenhuma criança ficará atrasada."
Os alunos, é claro, têm incentivo para colar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>que</strong> as provas<<strong>br</strong> />
existem, mas o novo sistema <strong>de</strong> avaliação alterou <strong>de</strong> forma tão radical<<strong>br</strong> />
os incentivos dos professores <strong>que</strong> agora eles também têm motivo<<strong>br</strong> />
para trapacear. Com esse sistema mais exigente, um professor cujos<<strong>br</strong> />
alunos se saiam mal po<strong>de</strong> ser advertido ou es<strong>que</strong>cido na hora do<<strong>br</strong> />
aumento ou da promoção. Se a escola inteira se sair mal, os<<strong>br</strong> />
subsídios fe<strong>de</strong>rais po<strong>de</strong>m ser suspensos e se o estabelecimento ficar<<strong>br</strong> />
em quarentena, os professores correm o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão. O novo<<strong>br</strong> />
sistema <strong>de</strong> avaliação também oferece aos professores alguns<<strong>br</strong> />
incentivos positivos. Se os alunos <strong>de</strong> um professor tirarem notas<<strong>br</strong> />
suficientemente altas, esse professor será elogiado, po<strong>de</strong>ndo vir a<<strong>br</strong> />
ser promovido e até mesmo recompensado financeiramente: o<<strong>br</strong> />
estado da Califórnia a cena altura instituiu prêmios <strong>de</strong> $25 mil para<<strong>br</strong> />
professores <strong>que</strong> produzissem gran<strong>de</strong>s resultados <strong>de</strong> avaliação.<<strong>br</strong> />
Observando esse quadro novo em termos <strong>de</strong> incentivos, e se<<strong>br</strong> />
sentindo levemente tentado a inflacionar as notas <strong>de</strong> seus alunos,<<strong>br</strong> />
um professor talvez acabasse ce<strong>de</strong>ndo diante <strong>de</strong> um incentivo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>finitivo: raramente se imagina <strong>que</strong> ele trapaceie, é difícil <strong>de</strong>tectar<<strong>br</strong> />
sua trapaça e praticamente não se ouve falar em punição para esse<<strong>br</strong> />
tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito.<<strong>br</strong> />
Como um professor levaria adiante esse intento? Existem<<strong>br</strong> />
múltiplas possibilida<strong>de</strong>s, da mais banal às mais sofisticadas. Há<<strong>br</strong> />
pouco tempo, uma aluna <strong>de</strong> 5 ª série em Oakland chegou feliz da<<strong>br</strong> />
escola e disse à mãe <strong>que</strong> sua professora superlegal havia escrito as<<strong>br</strong> />
respostas do provão estadual no quadro-negro. Esses fatos<<strong>br</strong> />
certamente são raros, pois colocar o seu <strong>de</strong>stino nas mãos <strong>de</strong> 30<<strong>br</strong> />
testemunhas pré-adolescentes parece ser um risco ao qual nem o<<strong>br</strong> />
pior professor do mundo se exporia (a professora <strong>de</strong> Oakland foi<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>vidamente <strong>de</strong>mitida). Há meios infinitamente mais sutis para<<strong>br</strong> />
inflacionar as notas dos alunos. O professor po<strong>de</strong>, simplesmente,<<strong>br</strong> />
dar aos alunos mais tempo do <strong>que</strong> o permitido para terminar a<<strong>br</strong> />
prova. Caso consiga uma cópia do teste antecipadamente – ou seja,<<strong>br</strong> />
ilicitamente —, o mestre tem a chance <strong>de</strong> preparar seus pupilos para<<strong>br</strong> />
respon<strong>de</strong>r corretamente a perguntas específicas. Em outras<<strong>br</strong> />
palavras, po<strong>de</strong> "ensinar a prova", baseando suas aulas em <strong>que</strong>stões<<strong>br</strong> />
dos anos
anteriores, algo <strong>que</strong> não é consi<strong>de</strong>rado trapaça, mas <strong>que</strong> <strong>de</strong>certo vai<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> encontro ao espírito da avaliação. Como todos esses testes<<strong>br</strong> />
consistem em perguntas <strong>de</strong> múltipla escolha, não sendo punidos os<<strong>br</strong> />
"chutes", um professor po<strong>de</strong>ria instruir seus alunos a respon<strong>de</strong>-rem<<strong>br</strong> />
aleatoriamente, marcando os quadradinhos no sentido horário, por<<strong>br</strong> />
exemplo, ou escolhendo uma longa série <strong>de</strong> Bs ou, ainda,<<strong>br</strong> />
alternando Bs e Cs. Sem contar <strong>que</strong> lhe seria até mesmo possível<<strong>br</strong> />
marcar os quadradinhos em <strong>br</strong>anco <strong>de</strong>pois do teste encerrado.<<strong>br</strong> />
No entanto, se um professor realmente quiser trapacear – e<<strong>br</strong> />
fazer a trapaça valer a pena – basta recolher os testes <strong>de</strong> seus alunos<<strong>br</strong> />
e, no espaço <strong>de</strong> mais ou menos uma hora até entregá-los para<<strong>br</strong> />
correção automática, apagar as respostas erradas e substituí-las pelas<<strong>br</strong> />
certas (e você, <strong>que</strong> sempre pensou <strong>que</strong> o lápis n° 2 era para as<<strong>br</strong> />
crianças mudarem suas respostas!). Se esse tipo <strong>de</strong> trapaça<<strong>br</strong> />
efetivamente estiver ocorrendo, como <strong>de</strong>tectá-la?<<strong>br</strong> />
Para pegar um professor, pensar como um <strong>de</strong>les ajuda. Se você<<strong>br</strong> />
estivesse disposto a apagar as respostas erradas <strong>de</strong> seus alunos,<<strong>br</strong> />
substituindo-as pelas certas, não iria <strong>que</strong>rer corrigir erros <strong>de</strong>mais.<<strong>br</strong> />
Isso daria na vista. Provavelmente nem mexeria nos testes todos –<<strong>br</strong> />
outra ban<strong>de</strong>ira. Não haveria mesmo tempo suficiente, já <strong>que</strong> os<<strong>br</strong> />
testes são entregues pouco <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> terminados. Assim, sua opção<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>ria ser selecionar uma fileira <strong>de</strong> oito ou <strong>de</strong>z perguntas<<strong>br</strong> />
consecutivas e preencher corretamente, digamos, a meta<strong>de</strong> ou dois<<strong>br</strong> />
terços dos testes. Seria fácil memorizar um padrão curto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
respostas corretas e muito mais rápido apagar e alterar tal padrão do<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> examinar cada folha <strong>de</strong> prova. Quem sabe até você <strong>de</strong>cidisse<<strong>br</strong> />
focar sua atenção no final, quando as perguntas costumam ser mais<<strong>br</strong> />
difíceis do <strong>que</strong> no início. Assim, as chances seriam maiores <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
substituir respostas erradas por respostas certas.<<strong>br</strong> />
Se a economia é uma ciência preocupada basicamente com<<strong>br</strong> />
incentivos, ela é também – felizmente – uma ciência com<<strong>br</strong> />
ferramentas estatísticas para avaliar como as pessoas reagem a esses<<strong>br</strong> />
incentivos. Bastam apenas alguns dados.<<strong>br</strong> />
Neste caso, o Sistema <strong>de</strong> Ensino Público <strong>de</strong> Chicago<<strong>br</strong> />
colaborou, disponibilizando um banco <strong>de</strong> dados com os testes <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
todos os
estudantes da 3ª à 7ª série, <strong>de</strong> 1993 até 2000. Trata-se <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
aproximadamente 30 mil alunos por série por ano, mais <strong>de</strong> 700 mil<<strong>br</strong> />
conjuntos <strong>de</strong> respostas e quase 100 milhões <strong>de</strong> provas. Os dados,<<strong>br</strong> />
<strong>org</strong>anizados por sala <strong>de</strong> aula, incluíram as respostas <strong>de</strong> cada aluno<<strong>br</strong> />
nos testes <strong>de</strong> leitura e matemática (não houve acesso às folhas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
prova propriamente ditas, uma vez <strong>que</strong> as mesmas são <strong>de</strong>struídas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>pois da correção). Os dados também incluíam alguma<<strong>br</strong> />
informação so<strong>br</strong>e cada professor e informações <strong>de</strong>mográficas<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e cada aluno, bem como suas notas passadas e futuras — o <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
se revelou um elemento-chave na <strong>de</strong>tecção da trapaça do professor.<<strong>br</strong> />
Era chegada a hora <strong>de</strong> criar um algoritmo <strong>que</strong> pu<strong>de</strong>sse extrair<<strong>br</strong> />
algumas conclusões <strong>de</strong>sse monte <strong>de</strong> dados. Como <strong>de</strong>ve ser a turma<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> um professor trapaceiro?<<strong>br</strong> />
A primeira coisa a procurar são padrões fora do comum em<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>terminada sala <strong>de</strong> aula: blocos <strong>de</strong> respostas idênticas, por<<strong>br</strong> />
exemplo, principalmente <strong>de</strong>ntre as perguntas mais difíceis. Se <strong>de</strong>z<<strong>br</strong> />
alunos muito bons (segundo indicam as notas <strong>de</strong> testes passados e<<strong>br</strong> />
futuros) respon<strong>de</strong>ram corretamente às primeiras cinco perguntas<<strong>br</strong> />
(geralmente as mais fáceis) do provão, um tal bloco <strong>de</strong> respostas<<strong>br</strong> />
idênticas não <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado suspeito. Mas se <strong>de</strong>z maus alunos<<strong>br</strong> />
respon<strong>de</strong>ram corretamente às últimas cinco perguntas (as mais<<strong>br</strong> />
difíceis), já vale a pena investigar. Outro sinal <strong>de</strong> alerta seria um<<strong>br</strong> />
padrão diferente no teste <strong>de</strong> qual<strong>que</strong>r um dos alunos — como<<strong>br</strong> />
acertar as perguntas difíceis e errar as fáceis — so<strong>br</strong>e<strong>tudo</strong> em<<strong>br</strong> />
comparação a milhares <strong>de</strong> alunos em outras classes com notas<<strong>br</strong> />
semelhantes no mesmo provão. Além disso, o objetivo do<<strong>br</strong> />
algoritmo se-ria encontrar uma turma numerosa com <strong>de</strong>sempenho<<strong>br</strong> />
muito melhor do <strong>que</strong> as notas anteriores levariam a prever e <strong>que</strong>,<<strong>br</strong> />
no ano seguinte, tivesse obtido notas significativamente mais<<strong>br</strong> />
baixas. Um pico expressivo <strong>de</strong> notas po<strong>de</strong>ria ser inicialmente<<strong>br</strong> />
atribuído a um bom professor, mas a existência <strong>de</strong> uma <strong>que</strong>da<<strong>br</strong> />
expressiva em segui-da é um forte indicador <strong>de</strong> <strong>que</strong> esse pico<<strong>br</strong> />
resultou do emprego <strong>de</strong> meios artificiais.<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>remos agora as fileiras <strong>de</strong> respostas dos alunos em duas<<strong>br</strong> />
turmas <strong>de</strong> 6ª série <strong>de</strong> Chicago <strong>que</strong> fizeram provão idêntico <strong>de</strong>
matemática. Cada coluna horizontal representa as respostas <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
aluno. As letras a, b, c, ou d indicam uma resposta correta; um<<strong>br</strong> />
número indica uma resposta errada, sendo <strong>que</strong> 1 correspon<strong>de</strong> a " a " , 2<<strong>br</strong> />
correspon<strong>de</strong> a "b", e assim por diante. Um zero representa uma<<strong>br</strong> />
resposta em <strong>br</strong>anco. E quase certo <strong>que</strong> o professor <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ssas<<strong>br</strong> />
turmas trapaceou. Tente encontrar a diferença — embora não seja<<strong>br</strong> />
fácil a olho nu.<<strong>br</strong> />
Turma A<<strong>br</strong> />
112a4a342cb214d0001acd24a3a12dadbcb4a0000000<<strong>br</strong> />
d4a2341cacbddad3142a2344a2ac23421c00adb4b3cb<<strong>br</strong> />
1b2a34d4ac42d23b141acd24a3a12dadbcb4a2134141<<strong>br</strong> />
dbaab3dcacbldadbc42ac2cc31012dadbcb4adb40000<<strong>br</strong> />
d12443d43232d32323c213c22d2c23234c332db4b300<<strong>br</strong> />
db2abadlacbdda212blacd24a3a12dadbcb400000000<<strong>br</strong> />
d4aab2124cbddadbcbla42cca3412dadbcb423134bcl<<strong>br</strong> />
1b33b4d4a2bldadbc3ca22c000000000000000000000<<strong>br</strong> />
d43a3a24acbld32b412acd24a3a12dadbcb422143bc0<<strong>br</strong> />
313a3ad1ac3d2a23431223c000012dadbcb400000000<<strong>br</strong> />
db2a33dcacbd32d313c21142323cc300000000000000<<strong>br</strong> />
d43ab4dlac3dd43421240d24a3a12dadbcb400000000<<strong>br</strong> />
db223a24acblla3b24cacd12a241cdadbcb4adb4b300<<strong>br</strong> />
db4abadcacbldad3141ac212a3a1c3a144ba2db41b43<<strong>br</strong> />
1142340c2cbddadb4blacd24a3a12dadbcb43d133bc4<<strong>br</strong> />
214ab4dc4cbdd31b1b2213c4ad412dadbcb4adb00000<<strong>br</strong> />
1423b4d4a23d24131413234123a243a2413a21441343<<strong>br</strong> />
3b3ab4d14c3d2ad4cbcacic003a12dadbcb4adb40000<<strong>br</strong> />
dba2ba21ac3d2ad3c4c4cd40a3a12dadbcb400000000<<strong>br</strong> />
d122ba2cacbdla13211a2d02a2412dOdbcb4adb4b3c0<<strong>br</strong> />
144a3adc4cbddadbcbc2c2cc43a12dadbcb4211ab343<<strong>br</strong> />
d43aba3cacbddadbcbca42c2a3212dadbcb42344b3cb
Turma B<<strong>br</strong> />
db3a431422bd131b4413cd422a1acda332342d3ab4c4<<strong>br</strong> />
dlaalallacb2d3dbcica22c23242c3a142b3adb243c1<<strong>br</strong> />
d42a12d2a4b1d32b21ca2312a3411d00000000000000<<strong>br</strong> />
3b2a34344c32d21b1123cdc000000000000000000000<<strong>br</strong> />
34aabad12cbdd3d4cica112cad2ccd00000000000000<<strong>br</strong> />
d33a3431a2b2d2d44b2acd2cad2c2223b40000000000<<strong>br</strong> />
23aa32d2albd2431141342c13d212d233c34a3b3b000<<strong>br</strong> />
d32234d4albdd23b242a22c2alalcda2blbaa33a0000<<strong>br</strong> />
d3aab23c4cbddadb23c322c2a222223232b443b24bc3<<strong>br</strong> />
d13a14313c31d42b14c421c42332cd2242b3433a3343<<strong>br</strong> />
d13a3ad122blda2b11242dcla3a12100000000000000<<strong>br</strong> />
d12a3adla13d23d3cb2a21ccada24d2131b440000000<<strong>br</strong> />
314a133c4cbd142141ca424cad34c122413223ba4b40<<strong>br</strong> />
d42a3adcacbddadbc42ac2c2ada2cda341baa3b24321<<strong>br</strong> />
db1134dc2cb2dadb24c412clada2c3a341ba20000000<<strong>br</strong> />
d1341431acbddad3c4c213412da22d3d1132a1344b1b<<strong>br</strong> />
lba41a21a1b2dadb24ca22clada2cd32413200000000<<strong>br</strong> />
dbaa33d2a2bddadbcbcallc2a2accdalb2ba20000000<<strong>br</strong> />
Se você achou <strong>que</strong> a Turma A pertence ao professor trapaceiro,<<strong>br</strong> />
parabéns. Abaixo novamente as respostas da turma A, agora reor<strong>de</strong>nadas<<strong>br</strong> />
por um computador programado para aplicar o algoritmo<<strong>br</strong> />
antitrapaça na busca <strong>de</strong> padrões suspeitos.<<strong>br</strong> />
Turma A<<strong>br</strong> />
(com aplicação do algoritmo antitrapaça)<<strong>br</strong> />
1. 112a4a342cb214d0001acd24a3a12dadbcb4a0000000<<strong>br</strong> />
2. 1b2a34d4ac42d23b141acd24a3a12dadbcb4a2134141<<strong>br</strong> />
3. db2abadlacbdda212b1acd24a3a12dadbcb400000000<<strong>br</strong> />
4. d43a3a24acbld32b412acd24a3a12dadbcb422143bc0<<strong>br</strong> />
5. d43ab4dlac3dd43421240d24a3a12dadbcb400000000<<strong>br</strong> />
6. 1142340c2cbddadb4blacd24a3a12dadbcb43d133bc4<<strong>br</strong> />
7. dba2ba21ac3d2ad3c4c4cd40a3a12dadbcb400000000
8. 144a3adc4cbddadbcbc2c2cc43al2dadbcb4211ab343<<strong>br</strong> />
9. 3b3ab4d14c3d2ad4cbcacic003a12dadbcb4adb40000<<strong>br</strong> />
10. d43aba3cacbddadbcbca42c2a3212dadbcb42344b3cb<<strong>br</strong> />
11. 214ab4dc4cbdd31b1b2213c4ad412dadbcb4adb00000<<strong>br</strong> />
12. 313a3ad1ac3d2a23431223c000012dadbcb400000000<<strong>br</strong> />
13. d4aab2124cbddadbcbla42cca3412dadbcb423134bcl<<strong>br</strong> />
14. dbaab3dcacbldadbc42ac2cc31012dadbcb4adb40000<<strong>br</strong> />
15. db223a24acblla3b24cacd12a241cdadbcb4adb4b300<<strong>br</strong> />
16. d122ba2cacbdla13211a2d02a2412dOdbcb4adb4b3c0<<strong>br</strong> />
17. 1423b4d4a23d24131413234123a243a2413a21441343<<strong>br</strong> />
18. db4abadcacbldad3141ac212a3alc3a144ba2db41b43<<strong>br</strong> />
19. db2a33dcacbd32d313c21142323cc300000000000000<<strong>br</strong> />
20. 1b33b4d4a2bldadbc3ca22c000000000000000000000<<strong>br</strong> />
21. d12443d43232d32323c213c22d2c23234c332db4b300<<strong>br</strong> />
22. d4a2341cacbddad3142a2344a2ac23421c00adb4b3cb<<strong>br</strong> />
Dê uma olhada nas respostas em negrito. Será <strong>que</strong> 15 <strong>de</strong> 2 2<<strong>br</strong> />
alunos conseguiriam a façanha <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r i<strong>de</strong>nticamente a seis<<strong>br</strong> />
perguntas consecutivas (a série d-a-d-b-c-b) sozinhos?<<strong>br</strong> />
Quatro razões tornam isso improvável. Primeira: essas<<strong>br</strong> />
perguntas, já no final do teste, eram mais difíceis do <strong>que</strong> as<<strong>br</strong> />
anteriores. Segunda: para começar, esses eram alunos abaixo da<<strong>br</strong> />
média, poucos dos quais conseguiram seis respostas certas<<strong>br</strong> />
consecutivas em outras partes do teste, tornando bem menos<<strong>br</strong> />
provável <strong>que</strong> fossem acertar as mesmas seis <strong>que</strong>stões difíceis.<<strong>br</strong> />
Terceira: até essa altura no teste, as respostas <strong>de</strong>sses 15 alunos não<<strong>br</strong> />
vinham coincidindo. Quarta: três <strong>de</strong>sses alunos (números 1, 9 e 12)<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ixaram, no mínimo, uma resposta em <strong>br</strong>anco antes da série<<strong>br</strong> />
suspeita e encerraram o teste com outra série <strong>de</strong> respostas em<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>anco. Tal fato sugere <strong>que</strong> uma longa série ininterrupta <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
respostas em <strong>br</strong>anco não foi interrompida pelo aluno, e sim pelo<<strong>br</strong> />
professor.<<strong>br</strong> />
Existe mais um dado estranho na carreira suspeita <strong>de</strong> respostas.<<strong>br</strong> />
Em nove dos 15 testes, as seis respostas certas aparecem precedidas<<strong>br</strong> />
por outra carreira idêntica, 3-a-1-2, <strong>que</strong> inclui três <strong>de</strong> quatro<<strong>br</strong> />
respostas erradas. E em todos os 15 testes, as seis respostas certas
prece<strong>de</strong>m a mesma resposta errada, a 4. Por <strong>que</strong> razão um professor<<strong>br</strong> />
trapaceiro se daria ao trabalho <strong>de</strong> apagar a folha <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
aluno para preenchê-la com uma resposta errada?<<strong>br</strong> />
Talvez por uma mera <strong>que</strong>stão estratégica. Caso o professor fosse<<strong>br</strong> />
pego e chamado à sala do diretor, po<strong>de</strong>ria apontar as respostas<<strong>br</strong> />
erradas como prova <strong>de</strong> não ter trapaceado. Por outro <strong>lado</strong> – e essa é<<strong>br</strong> />
uma conclusão menos caridosa, mas igualmente provável –, o<<strong>br</strong> />
professor podia não saber a resposta correta (com os testes<<strong>br</strong> />
padroniza-dos, o professor não costuma receber o gabarito). Nesse<<strong>br</strong> />
caso, teríamos uma boa pista quanto ao motivo pelo qual seus alunos<<strong>br</strong> />
precisa-riam <strong>de</strong> notas inflacionadas: eles têm um mau professor.<<strong>br</strong> />
Outra indicação da presença <strong>de</strong> um professor trapaceiro na<<strong>br</strong> />
turma A é o <strong>de</strong>sempenho geral da classe. Como alunos da 6ª série<<strong>br</strong> />
fazendo o provão no oitavo mês do ano letivo, esses alunos<<strong>br</strong> />
necessitavam <strong>de</strong> média 6,8 para serem consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>ntro dos<<strong>br</strong> />
padrões nacionais <strong>de</strong> aprovação (alunos da 5ª série fazendo a prova<<strong>br</strong> />
no oitavo mês do ano letivo precisariam <strong>de</strong> média 5,8, alunos da 7ª<<strong>br</strong> />
série, média 7,8 e daí por diante). Os alunos da turma A alcançaram<<strong>br</strong> />
média 5,8 em seus provões da 6ª série, o <strong>que</strong> representa 1 ponto<<strong>br</strong> />
inteiro abaixo da nota mínima necessária. Assim, vê-se claramente<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> se tratava <strong>de</strong> maus alunos. Um ano antes, porém, esses mesmos<<strong>br</strong> />
alunos haviam se saído pior ainda, atingindo média 4,1 em seus testes<<strong>br</strong> />
da 5ª série. Em lugar <strong>de</strong> subir um ponto entre a 5ª e a 6ª série, como<<strong>br</strong> />
seria <strong>de</strong> se esperar, a melhora foi equivalente a 1,7 ponto, quase o<<strong>br</strong> />
esperado ao longo <strong>de</strong> dois anos. Esse progresso miraculoso, no<<strong>br</strong> />
entanto, teve vida <strong>br</strong>eve. Quando esses alunos <strong>de</strong> 6ª série chegaram à<<strong>br</strong> />
7ª, a média por eles alcançada foi 5,5 – mais <strong>de</strong> dois pontos abaixo do<<strong>br</strong> />
padrão e pior do <strong>que</strong> a obtida na 6ª série. Consi<strong>de</strong>remos as notas<<strong>br</strong> />
aleatórias ano a ano <strong>de</strong> três alunos específicos da turma A:<<strong>br</strong> />
NOTA DA 5ª SÉRIE NOTA DA 6ª NOTA DA 7ª<<strong>br</strong> />
____________________________________________________________________________________<<strong>br</strong> />
Aluno 3 3,0 6,5 5,1<<strong>br</strong> />
Aluno 6 3,6 6,3 4,9<<strong>br</strong> />
Aluno 14 3,8 7,1 5,6
As notas trienais da turma B, por outro <strong>lado</strong>, também são<<strong>br</strong> />
baixas, mas ao menos sugerem um esforço legítimo: 4,2, 5,1 e 6.<<strong>br</strong> />
Deduz-se, a partir daí, <strong>que</strong> ou todos os alunos da turma A<<strong>br</strong> />
repentina-mente <strong>br</strong>ilharam em um ano e regrediram drasticamente<<strong>br</strong> />
no seguinte, ou – o mais provável – o professor da turma da 6ª série<<strong>br</strong> />
fez mágica com um lápis n° 2.<<strong>br</strong> />
Há duas observações importantes a fazer so<strong>br</strong>e os alunos da<<strong>br</strong> />
turma A, paralelamente à trapaça propriamente dita. A primeira é<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> seu <strong>de</strong>sempenho é, obviamente, muito ruim, ou seja, eles são<<strong>br</strong> />
precisamente a<strong>que</strong>les para <strong>que</strong>m o provão foi instituído por serem<<strong>br</strong> />
os mais necessitados <strong>de</strong> atenção. A segunda observação é <strong>que</strong> esses<<strong>br</strong> />
alunos estariam fadados a enfrentar um enorme cho<strong>que</strong> ao chegar à<<strong>br</strong> />
7ª série. Pelo <strong>que</strong> sabiam, haviam sido aprovados graças às suas<<strong>br</strong> />
notas (nenhuma criança atrasada, sem dúvida). Não foram eles <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
aumentaram as próprias notas e, por isso, tinham toda a razão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
esperar um bom <strong>de</strong>sempenho na 7ª série – e se saíram muito mal.<<strong>br</strong> />
Esse po<strong>de</strong> ser o equívoco mais cruel resultante <strong>de</strong> um provão. Um<<strong>br</strong> />
professor trapaceiro po<strong>de</strong> dizer a si mesmo <strong>que</strong> está ajudando seus<<strong>br</strong> />
alunos, mas o <strong>que</strong> <strong>de</strong>monstra é estar muito mais preocupado em<<strong>br</strong> />
ajudar a si próprio.<<strong>br</strong> />
Uma análise do conjunto <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> Chicago revela a<<strong>br</strong> />
existência <strong>de</strong> trapaças <strong>de</strong> professores em mais <strong>de</strong> duas mil turmas<<strong>br</strong> />
por ano, aproximadamente 5% do total. Essa é uma estimativa<<strong>br</strong> />
otimista, já <strong>que</strong> o algoritmo foi capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar apenas a<<strong>br</strong> />
maneira mais óbvia <strong>de</strong> trapacear – a<strong>que</strong>la em <strong>que</strong> os professores<<strong>br</strong> />
sistematicamente alteram as respostas dos alunos –, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
fora as vá-rias formas sutis <strong>que</strong> po<strong>de</strong>m ser empregadas por um<<strong>br</strong> />
professor para trapacear. Em es<strong>tudo</strong> recente feito com os<<strong>br</strong> />
professores da Carolina do Norte, cerca <strong>de</strong> 3 5% dos entrevistados<<strong>br</strong> />
respon<strong>de</strong>ram já ter visto seus colegas trapacearem, fosse permitindo<<strong>br</strong> />
aos alunos mais tempo para fazer a prova, sugerindo respostas ou<<strong>br</strong> />
alterando as escolhidas pelas crianças.<<strong>br</strong> />
Quais as características <strong>de</strong> um professor trapaceiro? Os dados<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Chicago mostram <strong>que</strong> homens e mulheres são igualmente<<strong>br</strong> />
propensos a trapacear. Um professor trapaceiro em geral é mais
moço e menos qualificado do <strong>que</strong> a média. Por outro <strong>lado</strong>, o risco<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> <strong>que</strong> trapaceie aumenta quando há mudança em seus incentivos.<<strong>br</strong> />
Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> os dados <strong>de</strong> Chicago a<strong>br</strong>angerem o período <strong>de</strong> 1993<<strong>br</strong> />
a 2000, inclui-se aí a adoção do provão em 1996. Como seria <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
esperar, houve um pico expressivo <strong>de</strong> trapaças nesse ano. E a<<strong>br</strong> />
trapaça não foi aleatória. Os professores nas turmas <strong>de</strong> pior <strong>de</strong>sempenho<<strong>br</strong> />
apresentaram maior tendência para trapacear. E preciso<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> se diga <strong>que</strong> a gratificação <strong>de</strong> $25 mil prometida aos<<strong>br</strong> />
professores da Califórnia acabou sendo suspensa, em parte <strong>de</strong>vido<<strong>br</strong> />
às suspeitas <strong>de</strong> <strong>que</strong> a maior parte do dinheiro fosse acabar no<<strong>br</strong> />
bolso <strong>de</strong> trapaceiros.<<strong>br</strong> />
Nem todos os resultados da análise da trapaça <strong>de</strong> Chicago<<strong>br</strong> />
foram tão som<strong>br</strong>ios. Além <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar trapaceiros, o algoritmo<<strong>br</strong> />
também conseguiu i<strong>de</strong>ntificar os melhores professores do sistema<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> ensino. O impacto <strong>de</strong> um bom professor foi quase tão óbvio<<strong>br</strong> />
quanto o <strong>de</strong> um trapaceiro. Em lugar <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r corretamente a<<strong>br</strong> />
perguntas aleatórias, os alunos <strong>de</strong> um bom professor mostraram<<strong>br</strong> />
uma melhora efetiva no tipo mais fácil <strong>de</strong> perguntas <strong>que</strong> haviam<<strong>br</strong> />
errado anteriormente, uma indicação <strong>de</strong> genuíno progresso. Além<<strong>br</strong> />
disso, pu<strong>de</strong>ram levar esse progresso para o ano letivo seguinte.<<strong>br</strong> />
A maioria das análises acadêmicas <strong>de</strong>ste gênero costuma ficar<<strong>br</strong> />
es<strong>que</strong>cida, sem exame, numa prateleira empoeirada <strong>de</strong> biblioteca.<<strong>br</strong> />
Mas no início <strong>de</strong> 2002, o novo secretário <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Chicago,<<strong>br</strong> />
Arne Duncan, entrou em contato com os autores da pesquisa. Não<<strong>br</strong> />
para protestar contra suas <strong>de</strong>scobertas ou enco<strong>br</strong>i-las, mas para se<<strong>br</strong> />
assegurar <strong>de</strong> <strong>que</strong> os professores i<strong>de</strong>ntificados como trapaceiros<<strong>br</strong> />
pelo algoritmo realmente tivessem trapaceado — <strong>de</strong> modo a, então,<<strong>br</strong> />
tomar providências.<<strong>br</strong> />
Duncan era um candidato improvável para um cargo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
tamanha importância. Tinha apenas 36 anos quando foi nomeado e<<strong>br</strong> />
era um americano padrão <strong>que</strong> se formara em Harvard e,<<strong>br</strong> />
posteriormente, jogara bas<strong>que</strong>te profissionalmente na Austrália.<<strong>br</strong> />
Estava há apenas três anos no Sistema <strong>de</strong> Ensino Público <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Chicago — nunca tendo ocupado um cargo importante o bastante<<strong>br</strong> />
para dispor <strong>de</strong> uma secretária particular — quando se tornou<<strong>br</strong> />
secretário municipal
<strong>de</strong> Educação. Não o prejudicou o fato <strong>de</strong> ter sido criado em<<strong>br</strong> />
Chicago. O pai ensinava psicologia na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago; a<<strong>br</strong> />
mãe dirigia um programa pós-escola há 40 anos, como voluntária,<<strong>br</strong> />
em um bairro po<strong>br</strong>e. Quando criança, Duncan havia tido como<<strong>br</strong> />
companheiros <strong>de</strong> <strong>br</strong>inca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>pois das aulas as crianças carentes<<strong>br</strong> />
das quais a mãe se ocupava. Por isso, quando assumiu a Secretaria<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Educação, sentiu-se mais solidário com as crianças e suas<<strong>br</strong> />
famílias do <strong>que</strong> com os professores e seus sindicatos.<<strong>br</strong> />
A melhor maneira <strong>de</strong> dar cabo dos professores trapaceiros,<<strong>br</strong> />
concluiu Duncan, era reaplicar o provão. Entretanto, dispondo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
recursos para reavaliar somente 120 turmas, ele pediu aos<<strong>br</strong> />
criadores do algoritmo antitrapaça para ajudá-lo a escolher quais<<strong>br</strong> />
turmas reavaliar.<<strong>br</strong> />
Como usar <strong>de</strong> maneira mais eficaz os 120 novos testes à sua<<strong>br</strong> />
disposição? A princípio po<strong>de</strong>ria parecer lógico reavaliar apenas as<<strong>br</strong> />
turmas suspeitas <strong>de</strong> estar sob o comando <strong>de</strong> professores<<strong>br</strong> />
trapaceiros. No entanto, ainda <strong>que</strong> as notas do novo teste fossem<<strong>br</strong> />
baixas, os professores po<strong>de</strong>riam argumentar <strong>que</strong> a razão para isso<<strong>br</strong> />
estava no fato <strong>de</strong> os alunos saberem <strong>que</strong> tais notas não seriam<<strong>br</strong> />
computadas em seu histórico escolar – informação essa <strong>que</strong>, com<<strong>br</strong> />
efeito, todos os alunos receberiam. Para tornar os resultados<<strong>br</strong> />
confiáveis, era necessário reavaliar algumas turmas <strong>de</strong> professores<<strong>br</strong> />
não-trapaceiros para servir <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> controle. Qual seria o<<strong>br</strong> />
melhor grupo <strong>de</strong> controle? As turmas <strong>que</strong> o algoritmo revelara<<strong>br</strong> />
terem os melhores professores, nas quais se consi<strong>de</strong>rava a<<strong>br</strong> />
existência <strong>de</strong> um progresso escolar genuíno. Se essas turmas não<<strong>br</strong> />
mostrassem retrocesso futuro, os professores trapaceiros<<strong>br</strong> />
dificilmente po<strong>de</strong>riam alegar <strong>que</strong> o mau <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> seus<<strong>br</strong> />
alunos se <strong>de</strong>via ao conhecimento <strong>de</strong> <strong>que</strong> as notas não seriam<<strong>br</strong> />
computadas.<<strong>br</strong> />
Então, chegou-se a uma fórmula. Mais da meta<strong>de</strong> das 120<<strong>br</strong> />
turmas reavaliadas eram suspeitas <strong>de</strong> ter um professor trapaceiro.<<strong>br</strong> />
O restante incluía turmas com professores supostamente excelentes<<strong>br</strong> />
(notas altas com ausência <strong>de</strong> padrão suspeito <strong>de</strong> respostas) e, para<<strong>br</strong> />
maior controle, turmas com notas medíocres, mas sem respostas<<strong>br</strong> />
suspeitas.
A reavaliação foi aplicada poucas semanas após o teste<<strong>br</strong> />
original. Não se informou aos alunos o motivo para o novo teste.<<strong>br</strong> />
Também aos professores nada foi dito, mas esses <strong>de</strong>vem ter<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sconfia-do <strong>de</strong>pois do anúncio <strong>de</strong> <strong>que</strong> as provas seriam aplicadas<<strong>br</strong> />
por funcionários da Secretaria <strong>de</strong> Educação. Pediu-se aos<<strong>br</strong> />
professores para permanecerem em sala <strong>de</strong> aula, mas não lhes foi<<strong>br</strong> />
permitido se<strong>que</strong>r encostar nas folhas <strong>de</strong> prova.<<strong>br</strong> />
Os resultados foram tão convincentes quanto previra o<<strong>br</strong> />
algoritmo. Nas classes escolhidas como grupo <strong>de</strong> controle, em <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
não havia suspeita <strong>de</strong> trapaça, as notas se mantiveram e até mesmo<<strong>br</strong> />
subiram. Ao contrário, o <strong>de</strong>sempenho dos alunos dos professores<<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>ntificados como trapaceiros foi muito pior, em média mais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
um ponto inferior à nota anterior.<<strong>br</strong> />
Em conseqüência, o Sistema <strong>de</strong> Ensino Público <strong>de</strong> Chicago<<strong>br</strong> />
começou a <strong>de</strong>mitir os professores trapaceiros. As provas obtidas<<strong>br</strong> />
foram suficientes para afastar apenas uma dúzia <strong>de</strong>les, mas os<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>mais ficaram <strong>de</strong>vidamente avisados. O resultado <strong>de</strong>cisivo do<<strong>br</strong> />
es<strong>tudo</strong> <strong>de</strong> Chicago é um testemunho adicional do po<strong>de</strong>r dos<<strong>br</strong> />
incentivos: no ano seguinte, a trapaça por parte dos professores<<strong>br</strong> />
caiu mais <strong>de</strong> 30%.<<strong>br</strong> />
Você po<strong>de</strong> achar <strong>que</strong> a sofisticação dos professores <strong>que</strong> trapaceiam<<strong>br</strong> />
aumenta na proporção do nível <strong>de</strong> instrução, mas uma prova da<<strong>br</strong> />
Universida<strong>de</strong> da Geórgia no segundo semestre <strong>de</strong> 2001 contradiz<<strong>br</strong> />
essa idéia. O nome da disciplina era Princípios do Treinamento e<<strong>br</strong> />
Estratégias do Bas<strong>que</strong>te, e a última nota tinha como base uma única<<strong>br</strong> />
prova <strong>de</strong> 20 <strong>que</strong>stões, entre as quais as seguintes:<<strong>br</strong> />
Um jogo universitário <strong>de</strong> bas<strong>que</strong>te tem quantos tempos?<<strong>br</strong> />
a. 1; b. 2; c. 3; d. 4<<strong>br</strong> />
Quantos pontos vale a cesta <strong>de</strong> 3 pontos feita <strong>de</strong> fora do garrafão?<<strong>br</strong> />
a.1; b.2; c.3; d.4
Qual é o nome do exame <strong>que</strong> todos os alunos do 3° ano do ensino<<strong>br</strong> />
médio no Estado da Geórgia precisam prestar?<<strong>br</strong> />
a. Exame <strong>de</strong> Vista<<strong>br</strong> />
b. Exame <strong>de</strong> Detecção do Sabor <strong>de</strong> Cereais<<strong>br</strong> />
c. Exame <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Vírus <strong>de</strong> Computador<<strong>br</strong> />
d. Exame Estadual <strong>de</strong> Conclusão<<strong>br</strong> />
Em sua opinião, <strong>que</strong>m é o melhor treinador <strong>de</strong> l a Divisão do país?<<strong>br</strong> />
a. Ron Jirsa<<strong>br</strong> />
b. John Pelphrey<<strong>br</strong> />
c. Jim Harrick Jr.<<strong>br</strong> />
d. Stev Wojciechowski<<strong>br</strong> />
Se você está pasmo com a última <strong>que</strong>stão, talvez aju<strong>de</strong> saber<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> a disciplina Princípios do Treinamento era ministrada por Jim<<strong>br</strong> />
Harrick Jr., um treinador assistente do time <strong>de</strong> bas<strong>que</strong>te da<<strong>br</strong> />
universida<strong>de</strong>. Também po<strong>de</strong> ajudar saber <strong>que</strong> o pai <strong>de</strong>le, Jim<<strong>br</strong> />
Harrick Sr., era o treinador-chefe do time. Não surpreen<strong>de</strong> <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
essa matéria fosse a preferida dos jogadores do time <strong>de</strong> Harrick.<<strong>br</strong> />
Todos os alunos tiraram nota 10. Pouco <strong>de</strong>pois, os dois Harricks<<strong>br</strong> />
foram dispensados da função <strong>de</strong> treinadores.<<strong>br</strong> />
Se você consi<strong>de</strong>ra lamentável <strong>que</strong> os professores das escolas<<strong>br</strong> />
públicas <strong>de</strong> Chicago e os mestres da Universida<strong>de</strong> da Geórgia<<strong>br</strong> />
trapaceiem — afinal, espera-se <strong>que</strong> um professor incuta<<strong>br</strong> />
princípios juntamente com os conhecimentos — a idéia <strong>de</strong> haver<<strong>br</strong> />
trapaça entre os lutadores <strong>de</strong> sumô talvez seja ainda mais<<strong>br</strong> />
perturbadora. No Japão, o sumô não é apenas o esporte nacional,<<strong>br</strong> />
mas também um <strong>de</strong>positório do sentimento religioso, militar e<<strong>br</strong> />
histórico do país. Com seus rituais <strong>de</strong> purificação e sua origem<<strong>br</strong> />
imperial, o sumô é sacrossanto, algo <strong>que</strong> nenhum esporte<<strong>br</strong> />
americano jamais po<strong>de</strong>ria ser. Com efeito, costuma-se dizer <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
sumô não envolve competição, mas, sim, a própria honra.
É verda<strong>de</strong> <strong>que</strong> esporte e trapaça andam <strong>de</strong> mãos dadas. Isso<<strong>br</strong> />
por<strong>que</strong> a trapaça é mais comum na presença <strong>de</strong> um incentivo<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> seja divisor <strong>de</strong> águas (a linha divisória entre vencer e per<strong>de</strong>r,<<strong>br</strong> />
por exemplo) do <strong>que</strong> diante <strong>de</strong> um incentivo obscuro. Já se<<strong>br</strong> />
comprovou <strong>que</strong> corredores e levantadores <strong>de</strong> peso olímpicos,<<strong>br</strong> />
ciclistas do Tour <strong>de</strong> France, atacantes <strong>de</strong> futebol e<<strong>br</strong> />
arremessadores <strong>de</strong> beisebol engolem qual<strong>que</strong>r pílula ou<<strong>br</strong> />
substância capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixá-los mais alertas. E os atletas não são os<<strong>br</strong> />
únicos a trapacear. Na competição <strong>de</strong> patinação artística das<<strong>br</strong> />
Olimpíadas <strong>de</strong> Inverno <strong>de</strong> 2002, um juiz francês e um russo,<<strong>br</strong> />
foram flagrados tentando trocar votos <strong>de</strong> modo a garantir <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
seus patinadores levassem medalha (o acusado <strong>de</strong> or<strong>que</strong>strar a<<strong>br</strong> />
troca <strong>de</strong> votos, um conhecido mafioso russo chamado<<strong>br</strong> />
Alimzhan Tokhtakchounov, também era suspeito <strong>de</strong> trapaça em<<strong>br</strong> />
concursos <strong>de</strong> beleza em Moscou).<<strong>br</strong> />
Um atleta flagrado roubando em geral é con<strong>de</strong>nado, mas a<<strong>br</strong> />
maioria dos fãs enten<strong>de</strong> seus motivos: seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> vencer era<<strong>br</strong> />
gran<strong>de</strong> o bastante para fazê-lo infringir as regras (como disse<<strong>br</strong> />
uma vez o jogador <strong>de</strong> beisebol Mark Grace: "Se você não rouba,<<strong>br</strong> />
não está se esforçando"). Em compensação, um atleta <strong>que</strong> se<<strong>br</strong> />
ven<strong>de</strong> para per<strong>de</strong>r está fadado a ar<strong>de</strong>r no fogo do inferno esportivo.<<strong>br</strong> />
O time <strong>de</strong> 1919 do Chicago White Sox, <strong>que</strong> conspirou com<<strong>br</strong> />
aposta-dores para entregar o Campeonato Mundial (ficando<<strong>br</strong> />
para sempre conhecido como Black Sox), ainda guarda a pecha<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sonesto mesmo para os fãs mo<strong>de</strong>rados do beisebol. O time<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> bas<strong>que</strong>te campeão do City College <strong>de</strong> Nova York, incensado<<strong>br</strong> />
por suas táticas inteligentes e por sua garra, caiu em <strong>de</strong>sgraça por<<strong>br</strong> />
ter aceito dinheiro da máfia para per<strong>de</strong>r pontos — <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
fazer cestas para ajudar apostadores a embolsar altas somas. O<<strong>br</strong> />
leitor se lem<strong>br</strong>a <strong>de</strong> Terry Malloy, o ex-lutador atormentado<<strong>br</strong> />
vivido por Marlon Brando em Sindicato <strong>de</strong> ladrões? Na visão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Malloy, todos os seus problemas <strong>de</strong>correram da única luta em <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
se <strong>de</strong>ixou nocautear. Não fosse assim, ele po<strong>de</strong>ria ter tido classe;<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>ria ter sido um contendor.
Se trapacear para per<strong>de</strong>r é o pior pecado do esporte, e se o<<strong>br</strong> />
sumô é o principal esporte <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> nação, é impossível<<strong>br</strong> />
imaginar a existência <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> roubo no sumô. Ou não?<<strong>br</strong> />
Mais uma vez os dados contam a história. Como aconteceu<<strong>br</strong> />
com os testes escolares em Chicago, os dados em exame aqui são<<strong>br</strong> />
expressivos: os resultados <strong>de</strong> quase todas as lutas oficiais <strong>de</strong> sumô<<strong>br</strong> />
disputadas entre os mais categorizados atletas japoneses <strong>de</strong>sse<<strong>br</strong> />
esporte entre janeiro <strong>de</strong> 1989 e janeiro <strong>de</strong> 2000 – um total <strong>de</strong> 32<<strong>br</strong> />
mil encontros envolvendo 281 diferentes adversários.<<strong>br</strong> />
O es<strong>que</strong>ma <strong>de</strong> incentivos <strong>que</strong> governa o sumô é intricado e<<strong>br</strong> />
extremamente potente. Cada lutador <strong>de</strong>tém uma posição no<<strong>br</strong> />
ranking <strong>que</strong> afeta todas as áreas <strong>de</strong> sua vida: o dinheiro <strong>que</strong> ganha,<<strong>br</strong> />
o tamanho do staff <strong>que</strong> o acompanha, o volume <strong>de</strong> comida <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
ingere, as horas <strong>de</strong> sono e a forma como <strong>de</strong>sfruta do seu sucesso.<<strong>br</strong> />
Os 66 lutadores "top <strong>de</strong> linha" no Japão, incluindo as categorias<<strong>br</strong> />
makuuchi e juryo, encarnam a elite do sumô. Um atleta próximo ao<<strong>br</strong> />
pico <strong>de</strong>ssa pirâmi<strong>de</strong> privilegiada é capaz <strong>de</strong> ganhar milhões e ser<<strong>br</strong> />
tratado como um rei. Os <strong>que</strong> pertencem ao grupo dos 40 melhores<<strong>br</strong> />
faturam, no mínimo, $170 mil por ano. Enquanto isso, o dono do<<strong>br</strong> />
70° lugar no ranking não embolsa mais do <strong>que</strong> $15 mil anualmente.<<strong>br</strong> />
A vida não é fácil para <strong>que</strong>m não pertence à elite. Os lutadores<<strong>br</strong> />
menos cotados no ranking têm <strong>que</strong> servir a seus superiores,<<strong>br</strong> />
preparando-lhes refeições, limpando seus alojamentos e até mesmo<<strong>br</strong> />
ensaboando as partes mais recônditas <strong>de</strong> seus corpos. Por isso,<<strong>br</strong> />
<strong>tudo</strong> gira em torno do ranking.<<strong>br</strong> />
A classificação no ranking se baseia no <strong>de</strong>sempenho do atleta<<strong>br</strong> />
nos torneios da elite realizados seis vezes ao ano. Cada um <strong>de</strong>les<<strong>br</strong> />
disputa 15 lutas por torneio, uma por dia durante 15 dias seguidos.<<strong>br</strong> />
O atleta <strong>que</strong> termina o torneio com um bom resultado (oito ou<<strong>br</strong> />
mais vitórias), ascen<strong>de</strong> no ranking. Do mesmo modo, um resultado<<strong>br</strong> />
ruim o levará a <strong>de</strong>scer no ranking. Se essa <strong>que</strong>da for muito<<strong>br</strong> />
acentuada, ele estará totalmente alijado da elite. Assim, a oitava<<strong>br</strong> />
vitória em um torneio é vital, ou seja, representa a diferença entre a<<strong>br</strong> />
promoção e o retrocesso; na prática, para efeito <strong>de</strong> colocação, ela<<strong>br</strong> />
vale cerca <strong>de</strong> quatro vezes mais do <strong>que</strong> uma vitória simples.
Por <strong>tudo</strong> isso, um lutador <strong>que</strong> chega ao último dia <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
torneio "em impasse" – com um histórico <strong>de</strong> 7-7 – tem muito mais<<strong>br</strong> />
a ganhar com uma vitória do <strong>que</strong> um adversário com um histórico<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 8-6 tem a per<strong>de</strong>r.<<strong>br</strong> />
Seria possível, então, <strong>que</strong> um lutador com 8-6 se <strong>de</strong>ixasse<<strong>br</strong> />
vencer por um adversário com 7-7? Uma luta <strong>de</strong> sumô é uma<<strong>br</strong> />
comoção <strong>que</strong> concentra força, velocida<strong>de</strong> e equilí<strong>br</strong>io, em geral com<<strong>br</strong> />
a duração <strong>de</strong> segundos apenas. Não parece difícil entregar a vitória.<<strong>br</strong> />
Imaginemos por um momento <strong>que</strong> a luta <strong>de</strong> sumô seja fraudada.<<strong>br</strong> />
Como prová-lo através da análise dos dados?<<strong>br</strong> />
O primeiro passo seria isolar as lutas em <strong>que</strong>stão: as<<strong>br</strong> />
disputadas no último dia <strong>de</strong> torneio entre um atleta "em impasse"<<strong>br</strong> />
e outro <strong>que</strong> já tenha assegurado sua oitava vitória (como mais da<<strong>br</strong> />
meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>les encerra um torneio com sete, oito ou nove vitórias,<<strong>br</strong> />
centenas <strong>de</strong> lutas se encaixam neste critério). Uma luta do último<<strong>br</strong> />
dia <strong>de</strong> competição entre dois lutadores com 7-7 tem pouca<<strong>br</strong> />
probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser "combinada", já <strong>que</strong> os dois atletas precisam<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sesperadamente da vitória. Igualmente, um lutador com <strong>de</strong>z ou<<strong>br</strong> />
mais vitórias provavelmente não "entregaria" a luta, pois teria seu<<strong>br</strong> />
próprio incentivo forte para vencer: o prêmio <strong>de</strong> $100 mil para o<<strong>br</strong> />
campeão absoluto do torneio e uma série <strong>de</strong> prêmios <strong>de</strong> $20 mil<<strong>br</strong> />
para recompensar "técnica excepcional", "espírito combativo" e<<strong>br</strong> />
outras categorias do gênero.<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>remos agora a seguinte estatística, <strong>que</strong> representa as<<strong>br</strong> />
centenas <strong>de</strong> lutas em <strong>que</strong> um atleta com 7-7 enfrentou outro com 8-<<strong>br</strong> />
6 no último dia <strong>de</strong> torneio. A coluna da es<strong>que</strong>rda regista a<<strong>br</strong> />
probabilida<strong>de</strong>, com base em todas as lutas anteriores entre os dois<<strong>br</strong> />
adversários da<strong>que</strong>le dia, <strong>de</strong> o lutador com 7-7 vencer. A coluna da<<strong>br</strong> />
direita mostra quantas vezes um lutador nessas condições<<strong>br</strong> />
efetivamente venceu.<<strong>br</strong> />
PERCENTUAL PREVISÍVEL DE VITÓRIA DO<<strong>br</strong> />
PERCENTUAL DE VITÓRIA EFETIVA<<strong>br</strong> />
LUTADOR COM 7-7 CONTRA<<strong>br</strong> />
DO LUTADOR COM 7-7 CONTRA<<strong>br</strong> />
O LUTADOR COM 8-6 O LUTADOR COM 8-6<<strong>br</strong> />
________________________________________________________________________<<strong>br</strong> />
48,7 79,6
Vê-se <strong>que</strong> a expectativa <strong>de</strong> vitória do lutador com 7-7, com<<strong>br</strong> />
base em resultados anteriores, era <strong>de</strong> pouco menos <strong>de</strong> 50%, o <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
faz sentido. O <strong>de</strong>sempenho dos atletas indica <strong>que</strong> o lutador com<<strong>br</strong> />
8-6 foi ligeiramente superior, mas, na verda<strong>de</strong>, o lutador "em<<strong>br</strong> />
impasse" efetivamente venceu quase oito em <strong>de</strong>z lutas contra o<<strong>br</strong> />
adversário com 8-6. Atletas com 7-7 também costumam se sair<<strong>br</strong> />
excepcionalmente bem contra adversários com 9-5:<<strong>br</strong> />
PERCENTUAL PREVISÍVEL DE VITÓRIA<<strong>br</strong> />
PERCENTUAL DE VITÓRIA EFETIVA<<strong>br</strong> />
DO LUTADOR COM 7-7 CONTRA<<strong>br</strong> />
DO LUTADOR COM 7-7 CONTRA<<strong>br</strong> />
O LUTADOR COM 9-5 O LUTADOR COM 9-5<<strong>br</strong> />
_________________________________________________________________________<<strong>br</strong> />
47,2 73,4<<strong>br</strong> />
Por mais suspeito <strong>que</strong> pareça, apenas um alto percentual <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
vitória não basta para provar <strong>que</strong> uma luta foi "combinada". Já <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
tanta coisa <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da oitava vitória <strong>de</strong> um lutador, seria <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
esperar <strong>que</strong> ele lutasse com mais garra em um confronto crucial.<<strong>br</strong> />
Talvez, porém, haja mais pistas nos dados <strong>que</strong> comprovem<<strong>br</strong> />
conluio.<<strong>br</strong> />
É pertinente refletir so<strong>br</strong>e o incentivo <strong>que</strong> um atleta possa ter<<strong>br</strong> />
para entregar uma luta. Esse incentivo po<strong>de</strong> ser uma propina (<strong>que</strong><<strong>br</strong> />
obviamente não apareceria nos dados), mas não se exclui a hipótese<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> um "aceno" entre os dois lutadores. Não es<strong>que</strong>çamos <strong>de</strong> <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
grupo <strong>de</strong> elite dos lutadores <strong>de</strong> sumô é incrivelmente fechado. Cada<<strong>br</strong> />
um dos 66 lutadores <strong>de</strong> elite enfrenta 15 dos <strong>de</strong>mais em um torneio<<strong>br</strong> />
a cada dois meses. Além disso cada atleta pertence a uma aca<strong>de</strong>mia<<strong>br</strong> />
administrada por um ex-campeão <strong>de</strong> sumô, <strong>de</strong> modo <strong>que</strong> até as<<strong>br</strong> />
aca<strong>de</strong>mias rivais mantêm laços profundos entre si (lutadores da<<strong>br</strong> />
mesma aca<strong>de</strong>mia não se enfrentam em lutas).<<strong>br</strong> />
Agora examinemos os percentuais <strong>de</strong> vitória-<strong>de</strong>rrota em se<<strong>br</strong> />
tratando <strong>de</strong> lutadores com 7-7 e 8-6 na luta seguinte entre eles,<<strong>br</strong> />
quando nenhum dos dois está "em impasse". Nesse caso, a luta<<strong>br</strong> />
em si não envolve gran<strong>de</strong> pressão. Presume-se <strong>que</strong> o <strong>de</strong>sempenho<<strong>br</strong> />
dos atletas <strong>que</strong> conquistaram o escore <strong>de</strong> 7-7 no torneio anterior<<strong>br</strong> />
seja tão satisfatório quanto foi no enfrentamento prévio dos<<strong>br</strong> />
mesmos adversários – ou seja, <strong>que</strong> vençam cerca <strong>de</strong> 50% dos
combates. Certamente não se imagina <strong>que</strong> mantenham a<<strong>br</strong> />
percentagem <strong>de</strong> 80%.<<strong>br</strong> />
Na verda<strong>de</strong>, os dados mostram <strong>que</strong> os lutadores com 7-7<<strong>br</strong> />
vencem apenas 40% <strong>de</strong>ssas redisputas. Oitenta por cento numa<<strong>br</strong> />
situação e 40% na outra? Como enten<strong>de</strong>r isso?<<strong>br</strong> />
A explicação mais lógica é a <strong>de</strong> <strong>que</strong> os lutadores entraram num<<strong>br</strong> />
acordo: você me <strong>de</strong>ixa vencer hoje, quando realmente preciso da<<strong>br</strong> />
vitória, e na próxima vez eu <strong>de</strong>ixo você vencer (esse acordo não<<strong>br</strong> />
incluiria um suborno em dinheiro). E so<strong>br</strong>e<strong>tudo</strong> interessante notar<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> no segundo encontro posterior ao torneio, o percentual <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
vitória volta ao nível previsível <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 50%, sugerindo <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
"combinação" não envolva mais <strong>que</strong> duas lutas.<<strong>br</strong> />
Acrescente-se <strong>que</strong> não só os <strong>de</strong>sempenhos individuais dos<<strong>br</strong> />
lutadores são suspeitos, mas o <strong>de</strong>sempenho coletivo <strong>de</strong> várias<<strong>br</strong> />
aca<strong>de</strong>mias também é aberrante. Quando um atleta <strong>de</strong> uma aca<strong>de</strong>mia<<strong>br</strong> />
se sai bem num impasse contra lutadores <strong>de</strong> uma segunda aca<strong>de</strong>mia,<<strong>br</strong> />
a tendência é <strong>que</strong> seu <strong>de</strong>sempenho seja particularmente ruim ao<<strong>br</strong> />
enfrentar lutadores <strong>de</strong>ssa mesma aca<strong>de</strong>mia <strong>que</strong> estejam em impasse.<<strong>br</strong> />
Isso indica a or<strong>que</strong>stração <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> "arranjo" nas altas esferas<<strong>br</strong> />
do esporte — à semelhança dos juízes <strong>de</strong> patinação das Olimpíadas.<<strong>br</strong> />
Nenhuma penalida<strong>de</strong> formal jamais foi imposta a um lutador<<strong>br</strong> />
japonês <strong>de</strong> sumô por forjar resultados numa luta. Autorida<strong>de</strong>s da<<strong>br</strong> />
Associação Japonesa <strong>de</strong> Sumô costumam <strong>de</strong>squalificar quais<strong>que</strong>r<<strong>br</strong> />
acusações sob o pretexto <strong>de</strong>ssas serem meras invenções <strong>de</strong> exlutadores<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>scontentes. Com efeito, a simples combinação das<<strong>br</strong> />
palavras sumô e trapaça na mesma frase é capaz <strong>de</strong> provocar um<<strong>br</strong> />
furor nacional. As pessoas costumam se pôr na <strong>de</strong>fensiva quando a<<strong>br</strong> />
integrida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu esporte nacional é <strong>que</strong>stionada.<<strong>br</strong> />
Ainda assim, alegações <strong>de</strong> "combinação" nas lutas vez por<<strong>br</strong> />
outra aparecem na mídia japonesa. Tais tempesta<strong>de</strong>s ocasionais<<strong>br</strong> />
oferecem mais uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
corrupção no sumô. O escrutínio da mídia, afinal, gera um forte<<strong>br</strong> />
incentivo: se dois lutadores <strong>de</strong> sumô ou suas aca<strong>de</strong>mias efetivamente<<strong>br</strong> />
combinaram lutas, a tendência é <strong>que</strong> tenham medo <strong>de</strong> reincidir com<<strong>br</strong> />
uma multidão <strong>de</strong> repórteres e câmeras <strong>de</strong> televisão <strong>de</strong> olho neles.
O <strong>que</strong> acontece, então, nesses casos? Os dados mostram <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
nos torneios <strong>de</strong> sumô realizados imediatamente após o<<strong>br</strong> />
surgimento <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia, lutadores com histórico <strong>de</strong> 7-<<strong>br</strong> />
7 vencem apenas 50% das lutas do último dia <strong>de</strong> competição<<strong>br</strong> />
travadas contra adversários com histórico <strong>de</strong> 8-6, em lugar dos<<strong>br</strong> />
80% habituais. Não importa o ângulo sob o qual se examinem os<<strong>br</strong> />
da-dos, eles inevitavelmente sugerem <strong>que</strong> é difícil negar <strong>que</strong> haja<<strong>br</strong> />
trapaça no sumô.<<strong>br</strong> />
Muitos anos atrás, dois ex-lutadores <strong>de</strong> sumô apresentaram<<strong>br</strong> />
uma vasta quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> existência <strong>de</strong> lutas<<strong>br</strong> />
"combinadas". E mais: segundo eles, afora esses arranjos, no sumô<<strong>br</strong> />
abundavam o uso <strong>de</strong> drogas e escapa<strong>de</strong>las sexuais, além <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
propinas e sonegação fiscal, bem como existia uma gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ligação com a yakuza, a máfia japonesa. Os dois passaram a receber<<strong>br</strong> />
ameaças telefônicas, sendo <strong>que</strong> um <strong>de</strong>les confi<strong>de</strong>nciou a amigos ter<<strong>br</strong> />
medo <strong>de</strong> ser morto pela yakuza. Apesar disso, ambos levaram<<strong>br</strong> />
adiante os planos <strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r uma entrevista coletiva no Clube<<strong>br</strong> />
dos Correspon<strong>de</strong>ntes Estrangeiros em Tóquio. Pouco antes,<<strong>br</strong> />
porém, os dois morreram — com uma diferença <strong>de</strong> horas, no<<strong>br</strong> />
mesmo hospital, <strong>de</strong> distúrbios respiratórios similares. A polícia<<strong>br</strong> />
negou <strong>que</strong> as mortes tivessem sido provocadas, mas não<<strong>br</strong> />
investigou o caso. "E muito estranho essas duas pessoas morrerem<<strong>br</strong> />
no mesmo dia e no mesmo hospital", comentou Mitsuru Miyake,<<strong>br</strong> />
editor <strong>de</strong> uma revista <strong>de</strong> sumô. "Mas ninguém viu os dois serem<<strong>br</strong> />
envenenados, logo não há como comprovar o ceticismo."<<strong>br</strong> />
In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> terem ou não sido intencionais as suas<<strong>br</strong> />
mortes, os dois homens haviam feito algo inusitado para alguém<<strong>br</strong> />
pertencente ao mundo do sumô: citar nomes. Dos 281 lutadores<<strong>br</strong> />
a<strong>br</strong>angidos pelos dados acima mencionados, os <strong>de</strong>nunciantes<<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>ntificaram 29 atletas trapaceiros e 11 com fama <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
incorruptíveis.<<strong>br</strong> />
O <strong>que</strong> acontece quando as evidências probatórias <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>nunciantes é <strong>de</strong>compostas na análise dos dados das lutas? Em<<strong>br</strong> />
combates travados por dois lutadores supostamente corruptos, o<<strong>br</strong> />
atleta em impasse venceu cerca <strong>de</strong> 80% das vezes. Enquanto isso,<<strong>br</strong> />
em lutas
vitais contra um adversário supostamente íntegro, o lutador em<<strong>br</strong> />
impasse não mostrou mais chances <strong>de</strong> vencer do <strong>que</strong> o seu<<strong>br</strong> />
currículo levaria a prever. Acrescente-se <strong>que</strong> nos combates entre um<<strong>br</strong> />
lutador supostamente corrupto e outro cuja honestida<strong>de</strong> não havia<<strong>br</strong> />
sido confirmada nem <strong>que</strong>stionada pelos <strong>de</strong>nunciantes, os resultados<<strong>br</strong> />
foram quase tão improváveis quanto os das lutas entre dois<<strong>br</strong> />
atletas corruptos, sugerindo <strong>que</strong> quase todos os lutadores <strong>que</strong> não<<strong>br</strong> />
haviam sido especificamente <strong>de</strong>nunciados eram igualmente corruptos.<<strong>br</strong> />
Se lutadores <strong>de</strong> sumô, professores e pais usuários das creches<<strong>br</strong> />
trapaceiam, <strong>de</strong>vemos inferir <strong>que</strong> a humanida<strong>de</strong> é inata e<<strong>br</strong> />
universalmente corrupta? Em caso afirmativo, quão corrupta?<<strong>br</strong> />
A resposta po<strong>de</strong> estar em... <strong>br</strong>oas. Consi<strong>de</strong>remos a história<<strong>br</strong> />
verídica <strong>de</strong> um indivíduo chamado Paul Feldman.<<strong>br</strong> />
Feldman foi um sujeito <strong>que</strong> acalentou gran<strong>de</strong>s sonhos.<<strong>br</strong> />
Formado em economia agrícola, seu <strong>de</strong>sejo era acabar com a fome<<strong>br</strong> />
no mundo_ Em vez disso, assumiu um cargo em Washington, na<<strong>br</strong> />
Ma-rinha americana, <strong>de</strong> analista <strong>de</strong> gastos com armamentos. Corria<<strong>br</strong> />
o ano <strong>de</strong> 1962. Durante os 20 e poucos anos seguintes, Feldman <strong>de</strong>senvolveu<<strong>br</strong> />
ativida<strong>de</strong>s semelhantes a essa. Exerceu funções no alto<<strong>br</strong> />
escalão e ganhou um bocado <strong>de</strong> dinheiro, mas não se sentia<<strong>br</strong> />
totalmente satisfeito com seu trabalho. Na festa <strong>de</strong> Natal do<<strong>br</strong> />
escritório, os colegas o apresentavam às esposas não como "o chefe<<strong>br</strong> />
do grupo <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong> mercado" (cargo <strong>que</strong> era o <strong>de</strong>le), mas<<strong>br</strong> />
como "o cara <strong>que</strong> no; traz as <strong>br</strong>oas".<<strong>br</strong> />
A história das <strong>br</strong>oas começou <strong>de</strong> forma aci<strong>de</strong>ntal: um chefe<<strong>br</strong> />
recompensando seus subordinados toda vez <strong>que</strong> um contrato <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
pesquisa era fechado. A partir daí, nasceu um hábito. Toda sextafeira,<<strong>br</strong> />
Feldman trazia para os colegas algumas <strong>br</strong>oas, uma faca<<strong>br</strong> />
serrilha da e cream cheese. Quando os funcionários dos outros<<strong>br</strong> />
andares souberam disso, também quiseram ser incluídos no<<strong>br</strong> />
lanchinho, até <strong>que</strong> um dia nosso amigo se viu levando para o<<strong>br</strong> />
escritório 15 <strong>br</strong>oas por semana. Para se reembolsar da <strong>de</strong>spesa,<<strong>br</strong> />
criou uma "caixinha"
com um aviso on<strong>de</strong> constava o preço sugerido. O reembolso <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
obtinha correspondia a 95% do seu gasto, mas ele atribuía a<<strong>br</strong> />
diferença <strong>de</strong> 5% à <strong>de</strong>satenção e não à frau<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Em 1984, por ocasião da mudança <strong>de</strong> administração em seu<<strong>br</strong> />
instituto <strong>de</strong> pesquisa, Feldman fez um balanço <strong>de</strong> sua carreira e não<<strong>br</strong> />
gostou do <strong>que</strong> viu. Resolveu largar o emprego e passar a ven<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>oas. Os colegas economistas acharam <strong>que</strong> ele tinha pirado, mas a<<strong>br</strong> />
esposa o apoiou. O filho mais novo dos dois estava terminando a<<strong>br</strong> />
faculda<strong>de</strong>, e o casal já quitara a hipoteca da casa em <strong>que</strong> morava.<<strong>br</strong> />
Percorrendo os estacionamentos dos prédios <strong>de</strong> escritórios nos<<strong>br</strong> />
arredores <strong>de</strong> Washington, Feldman seduzia os clientes com uma isca<<strong>br</strong> />
simples: <strong>de</strong> manhã cedinho, fazia a entrega das <strong>br</strong>oas e <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
"caixinha" na sala <strong>de</strong> recreação <strong>de</strong> uma empresa; antes do almoço,<<strong>br</strong> />
voltava para coletar o dinheiro e as <strong>br</strong>oas não consumidas. Era um<<strong>br</strong> />
es<strong>que</strong>ma <strong>de</strong> comércio baseado na honra, e funcionava. Em poucos<<strong>br</strong> />
anos, Feldman passou a entregar 8.400 <strong>br</strong>oas por semana a 140<<strong>br</strong> />
empresas, ganhando tanto quanto ganhava na época em <strong>que</strong> era<<strong>br</strong> />
analista <strong>de</strong> mercado. Desatara as amarras <strong>de</strong> uma vida enclausurada<<strong>br</strong> />
e encontrara a felicida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Feldman também realizou – sem ter tido a intenção <strong>de</strong> fazê-lo<<strong>br</strong> />
– um belíssimo experimento econômico. Des<strong>de</strong> o início, ele<<strong>br</strong> />
manteve uma escrituração minuciosa <strong>de</strong> suas vendas. Assim,<<strong>br</strong> />
comparando o dinheiro coletado com as <strong>br</strong>oas consumidas,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu ser possível avaliar, até o mínimo centavo, a honestida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> sais fregueses. Roubavam <strong>de</strong>le? Em caso afirmativo, quais as<<strong>br</strong> />
características <strong>de</strong> uma empresa <strong>que</strong> roubava e quais a características<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> uma empresa honesta? Em <strong>que</strong> circunstâncias costuma-se roubar<<strong>br</strong> />
mais, ou menos?<<strong>br</strong> />
Com efeito, o es<strong>tudo</strong> aci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> Feldman fornece uma pista<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e um tipo <strong>de</strong> trapaça <strong>que</strong> há muito <strong>de</strong>ixava cismados os<<strong>br</strong> />
estudiosos: o crime do colarinho <strong>br</strong>anco (sim, lesar o ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>oa é um crime do colarinho <strong>br</strong>anco, embora menor). Po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
parecer estranho abordar um problema sério e refratário como esse<<strong>br</strong> />
através da existência <strong>de</strong> um ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> <strong>br</strong>oas, mas é comum uma<<strong>br</strong> />
pergunta simples e curta auxiliar na solução <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s problemas.
A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> toda a atenção dispensada a empresas<<strong>br</strong> />
fraudulentas como a Enron, os estudiosos conhecem muito pouco<<strong>br</strong> />
as peculiarida<strong>de</strong>s dos crimes do colarinho <strong>br</strong>anco. Por <strong>que</strong> motivo?<<strong>br</strong> />
Os dados não são confiáveis. Um fator-chave <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> crime<<strong>br</strong> />
é <strong>que</strong> tomamos conhecimento apenas do ínfimo número <strong>de</strong> casos<<strong>br</strong> />
em <strong>que</strong> as pessoas foram flagradas trapaceando. A maioria dos<<strong>br</strong> />
estelionatários leva uma vida discreta e teoricamente feliz;<<strong>br</strong> />
raramente os funcionários <strong>que</strong> roubam suas empresas são<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>scobertos.<<strong>br</strong> />
Em compensação, esse não é o caso quando se trata do crime<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> rua. Roubos, assaltos e homicídios são investigados, pegue-se<<strong>br</strong> />
ou não o criminoso. Um crime <strong>de</strong> rua tem uma vítima e essa dá<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>ixa do mesmo à polícia, gerando a produção <strong>de</strong> dados <strong>que</strong>, por<<strong>br</strong> />
sua vez, dão ensejo a milhares <strong>de</strong> trabalhos acadêmicos assinados<<strong>br</strong> />
por criminologistas, sociólogos e economistas. Mas os crimes do<<strong>br</strong> />
colarinho <strong>br</strong>anco não apresentam vítimas óbvias. De <strong>que</strong>m,<<strong>br</strong> />
exatamente, os maiorais da Enron roubaram? E como mensurar<<strong>br</strong> />
algo quando não se sabe com <strong>que</strong>m aconteceu o fato, sua<<strong>br</strong> />
freqüência e dimensão?<<strong>br</strong> />
O negócio das <strong>br</strong>oas <strong>de</strong> Paul Feldman era diferente. Havia<<strong>br</strong> />
uma vítima: Paul Feldman.<<strong>br</strong> />
Quando a<strong>br</strong>iu seu negócio, Feldman calculou um retorno <strong>de</strong> 95%,<<strong>br</strong> />
baseando-se na experiência <strong>que</strong> tivera no próprio escritório.<<strong>br</strong> />
Porém, assim como os crimes costumam ser raros numa área<<strong>br</strong> />
muito policiada, o percentual <strong>de</strong> 95% era artificialmente alto: a<<strong>br</strong> />
presença <strong>de</strong> Feldman inibira o roubo. Além disso, os consumidores<<strong>br</strong> />
das <strong>br</strong>oas conheciam o fornecedor e tinham uma relação<<strong>br</strong> />
(supostamente boa) com ele. Boa parte das pesquisas <strong>de</strong> cunho<<strong>br</strong> />
psicológico e econômico revelou <strong>que</strong> as pessoas se dispõem a pagar<<strong>br</strong> />
preços diferentes pela mesma coisa <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> <strong>que</strong>m a fornece.<<strong>br</strong> />
O economista Richard Thaler, em seu es<strong>tudo</strong> "Cerveja na Praia",<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 1985, <strong>de</strong>monstrou <strong>que</strong> um banhista se<strong>de</strong>nto pagaria $2,65 por<<strong>br</strong> />
uma cerveja no bar do hotel da beira da praia, mas apenas $1,50<<strong>br</strong> />
pela mesma cerveja num botequim "pé-sujo " .
No inundo cá fora, Feldman <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu <strong>que</strong> teria <strong>que</strong> se<<strong>br</strong> />
contentar com menos <strong>de</strong> 95%, passando a consi<strong>de</strong>rar " honesta"<<strong>br</strong> />
uma empresa <strong>que</strong> efetuasse o pagamento <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 90% do<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>vido. Para ele, uma taxa <strong>de</strong> 80 a 90% podia ser rotulada <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
" inconveniente, porém tolerável". No caso <strong>de</strong> uma empresa cujo<<strong>br</strong> />
índice <strong>de</strong> paga-mento ficasse abaixo <strong>de</strong> 80%, o homem das <strong>br</strong>oas<<strong>br</strong> />
recorria a um aviso do seguinte teor:<<strong>br</strong> />
O custo das <strong>br</strong>oas aumentou consi<strong>de</strong>ravelmente <strong>de</strong>s<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
o início do ano. Infelizmente, o número <strong>de</strong> <strong>br</strong>oas consumidas<<strong>br</strong> />
sem se-rem pagas também aumentou. Isso não po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
continuar. Não creio <strong>que</strong> ensinem seus filhos a roubar. Por <strong>que</strong>,<<strong>br</strong> />
então, vocês es-tão roubando?<<strong>br</strong> />
No início, Feldman <strong>de</strong>ixava, juntamente com as <strong>br</strong>oas, uma<<strong>br</strong> />
cesta aberta para a coleta, mas volta e meia o dinheiro sumia.<<strong>br</strong> />
Então ele tentou um copo <strong>de</strong> plástico com uma abertura na tampa,<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> igualmente revelou-se por <strong>de</strong>mais tentador. No final, a solução<<strong>br</strong> />
foi uma caixinha <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira com um pe<strong>que</strong>no rasgo na superfície.<<strong>br</strong> />
A solução funcionou. Todo ano, Feldman <strong>de</strong>ixa cerca <strong>de</strong> sete mil<<strong>br</strong> />
caixinhas, per<strong>de</strong>ndo, em média, apenas uma. Essa é uma estatística<<strong>br</strong> />
curiosa: as mesmas pessoas <strong>que</strong> rotineiramente surrupiam mais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
10% do preço das <strong>br</strong>oas quase nunca se permitem roubar a caixinha<<strong>br</strong> />
do dinheiro — um tributo à avaliação do matiz social do roubo. Do<<strong>br</strong> />
ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Feldman, um funcionário <strong>de</strong> uma em-presa <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
consuma uma <strong>br</strong>oa sem pagar por ela está cometendo um crime,<<strong>br</strong> />
mas o funcionário provavelmente não pensa assim. E bem<<strong>br</strong> />
possível <strong>que</strong> essa diferença <strong>de</strong> avaliação tenha menos a ver com a<<strong>br</strong> />
pe<strong>que</strong>na quantia <strong>de</strong> dinheiro envolvida (as <strong>br</strong>oas <strong>de</strong> Feldman<<strong>br</strong> />
custam apenas um dólar, incluindo o cream cheese) do <strong>que</strong> com o<<strong>br</strong> />
contexto do "crime". O mesmo funcionário <strong>que</strong> não paga pela<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>oa po<strong>de</strong> igualmente tomar um bom gole <strong>de</strong> refrigerante<<strong>br</strong> />
enquanto enche seu copo num restaurante self-service, mas é bem<<strong>br</strong> />
pouco provável <strong>que</strong> saia sem pagar a conta.<<strong>br</strong> />
O <strong>que</strong> revelam, então, os dados das <strong>br</strong>oas? Nos últimos anos,<<strong>br</strong> />
surgiram duas tendências dignas <strong>de</strong> nota no índice <strong>de</strong> pagamento
das mesmas. A primeira foi um longo e lento <strong>de</strong>clínio a partir <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
1992. No final do segundo semestre <strong>de</strong> 2001, o índice geral caíra<<strong>br</strong> />
para 87%. Imediatamente em seguida ao dia 11 <strong>de</strong> setem<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />
da<strong>que</strong>le ano, porém, o índice subiu 2%, tendo caído muito pouco<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> então (se um ganho <strong>de</strong> 2% não representa muito, encaremos<<strong>br</strong> />
o fato da seguinte maneira: o índice <strong>de</strong> não-pagamento caiu <strong>de</strong> 13<<strong>br</strong> />
para 11%, o <strong>que</strong> significa um <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong> 15% no roubo). Tendo<<strong>br</strong> />
em vista <strong>que</strong> um bom número <strong>de</strong> fregueses <strong>de</strong> Feldman contribui<<strong>br</strong> />
para a Previdência Social, é possível consi<strong>de</strong>rar a presença <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
elemento patriótico neste Efeito 11 <strong>de</strong> Setem<strong>br</strong>o. Por outro <strong>lado</strong>,<<strong>br</strong> />
talvez isso represente uma onda geral <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Os dados também mostram <strong>que</strong> os escritórios menores são<<strong>br</strong> />
mais honestos do <strong>que</strong> os maiores. Um escritório <strong>que</strong> conte com<<strong>br</strong> />
umas poucas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> empregados costuma ser cerca <strong>de</strong> 3 a 5%<<strong>br</strong> />
mais honesto quanto ao pagamento das <strong>br</strong>oas do <strong>que</strong> um escritório<<strong>br</strong> />
com centenas <strong>de</strong> funcionários. Essa constatação soa, à primeira<<strong>br</strong> />
vista, contra-intuitiva. Em um escritório maior, um grupo maior<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> pessoas costuma se reunir em torno da mesa das <strong>br</strong>oas,<<strong>br</strong> />
resultando em mais testemunhas para o ato <strong>de</strong> pôr o dinheiro na<<strong>br</strong> />
caixa. Mas na comparação entre escritórios gran<strong>de</strong>s e pe<strong>que</strong>nos, o<<strong>br</strong> />
crime da <strong>br</strong>oa aparentemente reflete o crime <strong>de</strong> rua. Há muito<<strong>br</strong> />
menos crime <strong>de</strong> rua per capita nas áreas rurais do <strong>que</strong> nas áreas<<strong>br</strong> />
urbanas, <strong>de</strong>vido, em gran<strong>de</strong> parte, ao fato <strong>de</strong> <strong>que</strong> um criminoso<<strong>br</strong> />
rural corre mais risco <strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntificado (e, por isso, <strong>de</strong>tido). Do<<strong>br</strong> />
mesmo modo, uma comunida<strong>de</strong> menor costuma prover incentivos<<strong>br</strong> />
sociais maiores, dos quais o principal é a vergonha.<<strong>br</strong> />
Os dados das <strong>br</strong>oas refletem o quanto o humor do indivíduo<<strong>br</strong> />
afeta a sua honestida<strong>de</strong>. O clima, por exemplo, é um fator <strong>de</strong> peso.<<strong>br</strong> />
Um clima ameno fora <strong>de</strong> época estimula um índice <strong>de</strong> pagamento<<strong>br</strong> />
mais alto, enquanto uma onda <strong>de</strong> frio atípica, bem como chuva e<<strong>br</strong> />
vento fortes, conduzem a um aumento do mesmo índice. Pior são<<strong>br</strong> />
os feriados. Na semana do Natal o índice <strong>de</strong> pagamento cai 2% —<<strong>br</strong> />
novamente um aumento <strong>de</strong> 15% no roubo, efeito reverso, e da<<strong>br</strong> />
mesma monta, do observado no 11 <strong>de</strong> setem<strong>br</strong>o. O feriado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Ação <strong>de</strong> Graças é quase tão prejudicial quanto o Natal; a semana
do Dia dos Namorados também é péssima, bem como a <strong>que</strong> vem<<strong>br</strong> />
em seguida ao dia 15 <strong>de</strong> a<strong>br</strong>il. Em compensação, existem alguns<<strong>br</strong> />
bons feriados: as semanas <strong>que</strong> incluem o Dia da In<strong>de</strong>pendência, o<<strong>br</strong> />
Labor Day* e o dia do Desco<strong>br</strong>imento da América (12 <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
outu<strong>br</strong>o). Qual a diferença entre os dois conjuntos <strong>de</strong> feriados? Os<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> baixa incidência <strong>de</strong> furto constituem pouco mais <strong>que</strong> um dia<<strong>br</strong> />
extra <strong>de</strong> folga do trabalho, enquanto os <strong>de</strong> alta incidência <strong>de</strong> furto<<strong>br</strong> />
estão carregados <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> toda espécie e da perspectiva <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
encontro com os entes <strong>que</strong>ridos.<<strong>br</strong> />
Feldman também chegou a várias conclusões pessoais so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
honestida<strong>de</strong>, baseando-se mais na experiência do <strong>que</strong> nos dados.<<strong>br</strong> />
Acabou por concluir <strong>que</strong> o moral é um fator importante – um<<strong>br</strong> />
escritório é mais honesto quando os funcionários apreciam seus<<strong>br</strong> />
chefes e o próprio trabalho. Ele crê, também, <strong>que</strong> os funcionários<<strong>br</strong> />
mais categorizados furtam mais do <strong>que</strong> os <strong>que</strong> ocupam funções<<strong>br</strong> />
menos importantes. Essa <strong>de</strong>scoberta resultou <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> entrega<<strong>br</strong> />
para uma empresa <strong>que</strong> ocupava três andares – o último a<strong>br</strong>igando a<<strong>br</strong> />
diretoria, e os <strong>de</strong>mais os <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> vendas, serviços e<<strong>br</strong> />
administração (para Feldman uma razão possível era a <strong>de</strong> <strong>que</strong> os<<strong>br</strong> />
executivos furtassem <strong>de</strong>vido a uma exacerbada convicção <strong>de</strong> ter<<strong>br</strong> />
mais direito. O <strong>que</strong> não lhe passou pela cabeça foi <strong>que</strong> talvez a<<strong>br</strong> />
trapaça tivesse sido o meio usado para chegar à diretoria).<<strong>br</strong> />
Se a moralida<strong>de</strong> representa a forma como gostaríamos <strong>que</strong> o mundo<<strong>br</strong> />
funcionasse e a economia representa a maneira como ele<<strong>br</strong> />
efetivamente funciona, a <strong>que</strong>stão do comércio <strong>de</strong> <strong>br</strong>oas <strong>de</strong> Feldman<<strong>br</strong> />
repousa no ponto em <strong>que</strong> se ambas se cruzam. Um monte <strong>de</strong> gente<<strong>br</strong> />
rouba <strong>de</strong>le, é verda<strong>de</strong>, mas a vasta maioria, mesmo <strong>que</strong> ninguém<<strong>br</strong> />
esteja olhando, não o faz. Esse resultado talvez surpreenda alguns,<<strong>br</strong> />
inclusive os colegas economistas <strong>de</strong> Feldman, <strong>que</strong> o avisaram, 20<<strong>br</strong> />
anos atrás, <strong>que</strong> seu es<strong>que</strong>ma baseado na honra jamais funcionaria.<<strong>br</strong> />
Adam Smith, con<strong>tudo</strong>, não ficaria surpreso. Com efeito, o tema <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
____________________<<strong>br</strong> />
* Nota do Tradutor: Nos Estados Unidos, a primeira segunda-feira <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
setem<strong>br</strong>o.
seu primeiro livro, A teoria dos sentimentos morais, era a honestida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
inata do ser humano. "Por mais <strong>que</strong> se consi<strong>de</strong>re egoísta um<<strong>br</strong> />
indivíduo", escreveu ele, "existem evi<strong>de</strong>ntemente alguns princípios<<strong>br</strong> />
em sua natureza, <strong>que</strong> o fazem interessar-se pela sorte dos outros,<<strong>br</strong> />
tomando necessária para ele a felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses outros, embora daí<<strong>br</strong> />
não lhe advenha coisa alguma além do prazer <strong>de</strong> testemunhá-la."<<strong>br</strong> />
Feldman gosta <strong>de</strong> contar a seus amigos economistas uma<<strong>br</strong> />
história chamada "O anel <strong>de</strong> Gyges". Ela faz parte <strong>de</strong> A República <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Platão. Um aluno, Glauco, apresentou-a em resposta a uma aula <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Sócrates – <strong>que</strong>, como Adam Smith, argumentava <strong>que</strong> as pessoas em<<strong>br</strong> />
geral são boas mesmo sem correr o risco <strong>de</strong> punição se não o<<strong>br</strong> />
forem. Glauco, à semelhança dos amigos economistas <strong>de</strong> Feldman,<<strong>br</strong> />
discordava <strong>de</strong>ssa visão. O personagem <strong>de</strong> sua história, um pastor<<strong>br</strong> />
chamado Gyges, encontra por acaso uma caverna on<strong>de</strong> jaz um<<strong>br</strong> />
cadáver <strong>que</strong> usava um anel. Quando Gyges enfia o anel no próprio<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>do, <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>e <strong>que</strong> esse o torna invisível. Sem ninguém para<<strong>br</strong> />
monitorar seu comportamento, Gyges passa a praticar más ações –<<strong>br</strong> />
seduz a rainha, mata o rei e assim por diante. A história <strong>de</strong> Glauco<<strong>br</strong> />
levanta uma indagação moral: algum homem seria capaz <strong>de</strong> resistir<<strong>br</strong> />
à tentação do mal se soubesse <strong>que</strong> seus atos não seriam<<strong>br</strong> />
testemunhados? Aparentemente, Glauco achava <strong>que</strong> não, mas Paul<<strong>br</strong> />
Feldman se alinha com Sócrates e com Adam Smith, pois sabe <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
a resposta, ao menos 87% das vezes, é afirmativa.
Levitt é o primeiro a admitir <strong>que</strong> alguns <strong>de</strong> seus temas - por exemplo, o es<strong>tudo</strong><<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e a discriminação no programa The Weakest Link? - são quase triviais. Mas<<strong>br</strong> />
mostrou para outros economistas o quanto suas ferramentas po<strong>de</strong>m explicar o mundo<<strong>br</strong> />
real. "Levitt é consi<strong>de</strong>rado um semi<strong>de</strong>us, uma das mentes mais criativas da economia<<strong>br</strong> />
e talvez <strong>de</strong> todas as ciências sociais", diz Colin F. Camerer, um economista do Instituto<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Tecnologia da Califórnia. "Levitt representa algo <strong>que</strong> todos acham <strong>que</strong> se tornarão<<strong>br</strong> />
quando fizerem mestrado em economia, mas na maioria dos casos, a criativida<strong>de</strong> das<<strong>br</strong> />
pessoas é esgotada pela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matemática estudada - ou seja, uma espécie<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>tetive intelectual procurando enten<strong>de</strong>r os fatos."<<strong>br</strong> />
THE NEW YORK TIMES MAGAZINE, 3 DE AGOSTO DE 2003
2<<strong>br</strong> />
Em <strong>que</strong> a Ku Klux Klan se<<strong>br</strong> />
parece com um grupo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
corretores <strong>de</strong> imóveis?<<strong>br</strong> />
Em termos <strong>de</strong> instituição, a Ku Klux Klan tem uma história <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
altos e baixos. Foi fundada em Pulaski, no Tennessee, no<<strong>br</strong> />
período imediatamente seguinte à Guerra <strong>de</strong> Secessão por seis<<strong>br</strong> />
ex-soldados confe<strong>de</strong>rados. Os seis jovens, dos quais quatro eram<<strong>br</strong> />
advogados iniciantes, se viam simplesmente como um círculo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
amigos com idéias em comum — daí o nome escolhido, "kuklux",<<strong>br</strong> />
leve alteração da palavra grega kuklos <strong>que</strong> significa "círculo". A<<strong>br</strong> />
ela acrescentaram "klan" pois todos tinham ascendência<<strong>br</strong> />
escocês-irlan<strong>de</strong>sa. No começo, as ativida<strong>de</strong>s do grupo eram<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>radas inofensivas <strong>br</strong>inca<strong>de</strong>iras noturnas: usando lençóis<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ancos e capuzes feitos <strong>de</strong> fronhas, os rapazes andavam pelos<<strong>br</strong> />
campos a cava-lo. Não <strong>de</strong>morou, porém, para <strong>que</strong> a Klan<<strong>br</strong> />
passasse a ser uma <strong>org</strong>anização multiestatal terrorista <strong>de</strong>stinada a<<strong>br</strong> />
aterrorizar e matar escravos alforriados. Entre os lí<strong>de</strong>res<<strong>br</strong> />
regionais havia cinco ex-generais confe<strong>de</strong>rados; seus maiores<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>fensores eram os proprietários das fazendas agrícolas, para os<<strong>br</strong> />
quais a Reconstrução criara um pesa<strong>de</strong>lo econômico e político.<<strong>br</strong> />
Em 1872, o Presi<strong>de</strong>nte Ulysses S. Grant expôs claramente para<<strong>br</strong> />
o Congresso os verda<strong>de</strong>iros objetivos da Ku Klux Klan: "Através<<strong>br</strong> />
da força e do terrorismo, impedir toda e qual<strong>que</strong>r ação política<<strong>br</strong> />
em <strong>de</strong>sacordo com a visão <strong>de</strong> seus mem<strong>br</strong>os, privar os cidadãos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> cor do direito <strong>de</strong> empunhar armas e do direito ao voto livre,<<strong>br</strong> />
fechar as escolas on<strong>de</strong>
estudam crianças <strong>de</strong> cor e reduzir as pessoas <strong>de</strong> cora uma<<strong>br</strong> />
condição intimamente associada à da escravidão."<<strong>br</strong> />
A antiga Klan fazia seu trabalho por meio <strong>de</strong> panfletagem,<<strong>br</strong> />
linchamentos, incêndios, castrações, surras e muitas outras formas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> intimidação. Os alvos eram ex-escravos e quais<strong>que</strong>r <strong>br</strong>ancos<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ssem para os negros o direito ao voto, à proprieda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> terras ou à instrução. Em pouco mais <strong>de</strong> uma década, porém, a<<strong>br</strong> />
Klan foi extinta, em gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>vido às intervenções legais e<<strong>br</strong> />
militares oriundas <strong>de</strong> Washington, a capital do país.<<strong>br</strong> />
Mas se a Klan propriamente dita foi vencida, seus objetivos<<strong>br</strong> />
haviam sido em boa medida realizados através da aprovação das<<strong>br</strong> />
leis "Jim Crow".* O Congresso, <strong>que</strong> durante a Reconstrução fora<<strong>br</strong> />
rápido na edição <strong>de</strong> medidas visando à liberda<strong>de</strong> jurídica, social e<<strong>br</strong> />
econômica dos negros, com igual rapi<strong>de</strong>z voltou atrás. O governo<<strong>br</strong> />
fe<strong>de</strong>ral concordou em retirar do Sul as tropas <strong>de</strong> ocupação,<<strong>br</strong> />
permitindo o retorno do domínio <strong>br</strong>anco. Em Plessy x Ferguson, a<<strong>br</strong> />
Suprema Corte americana <strong>de</strong>u sinal ver<strong>de</strong> para a segregação racial<<strong>br</strong> />
em larga escala.<<strong>br</strong> />
A Ku Klux Klan hibernou até 1915, quando o filme <strong>de</strong> D.W.<<strong>br</strong> />
Griffith O nascimento <strong>de</strong> uma nação – originalmente intitu<strong>lado</strong> The<<strong>br</strong> />
clansman** – ajudou a fomentar seu renascimento. Griffith<<strong>br</strong> />
mostrou os mem<strong>br</strong>os da Klan como cruzados em <strong>de</strong>fesa da<<strong>br</strong> />
própria civilização <strong>br</strong>anca e sua missão como uma das<<strong>br</strong> />
empreitadas mais no<strong>br</strong>es da história americana. Do filme constava<<strong>br</strong> />
uma frase do livro Uma história do povo americano, escrito por um<<strong>br</strong> />
famoso historiador: "Afinal, veio à luz uma gran<strong>de</strong> Ku Klux Klan,<<strong>br</strong> />
um genuíno império do Sul, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteger o interior<<strong>br</strong> />
sulista." O autor do livro era o presi<strong>de</strong>nte americano Woodrow<<strong>br</strong> />
Wilson, no passado aluno e presi<strong>de</strong>nte da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Princeton.<<strong>br</strong> />
Na década <strong>de</strong> 1920, uma Klan renascida já arregimentara oito<<strong>br</strong> />
milhões <strong>de</strong> mem<strong>br</strong>os, inclusive o Presi<strong>de</strong>nte Warren G. Harding,<<strong>br</strong> />
__________________________<<strong>br</strong> />
* Nota do Tradutor: Apelido pejorativo aplicado a qual<strong>que</strong>r americano negro a<<strong>br</strong> />
partir <strong>de</strong> 1832, equivalente ao nosso "João Ninguém".<<strong>br</strong> />
** Nota do Tradutor: O "Homem da Klan".
<strong>que</strong>, segundo se dizia, prestara seu juramento <strong>de</strong> mem<strong>br</strong>o no Salão<<strong>br</strong> />
Ver<strong>de</strong> da Casa Branca. Nessa época, a Klan não mais se achava<<strong>br</strong> />
confinada ao Sul, vicejando em todo o país, bem como não possuía<<strong>br</strong> />
como alvos somente os negros, mas católicos, ju<strong>de</strong>us,<<strong>br</strong> />
comunistas, sindicalistas, imigrantes, agitadores e outros<<strong>br</strong> />
insurgentes contra o status gila. Em 1933, com o crescimento <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Hitler na Alemanha, Will Rogers foi o primeiro a estabelecer um<<strong>br</strong> />
paralelo entre a ressurgida Klan e a nova ameaça na Europa:<<strong>br</strong> />
"Todos os jornais afirmam <strong>que</strong> Hitler está tentando copiar<<strong>br</strong> />
Mussolini", escreveu. "Para mim, ele está copiando a Ku Klux."<<strong>br</strong> />
A eclosão da Segunda Guerra Mundial e uma série <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
escândalos internos novamente jogou a Klan nas som<strong>br</strong>as. A<<strong>br</strong> />
opinião pública se voltou contra ela quando a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um país<<strong>br</strong> />
em guerra foi <strong>de</strong> encontro à sua mensagem <strong>de</strong> separatismo.<<strong>br</strong> />
Em poucos anos, porém, surgiram sinais <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
renascimento maciço. A medida <strong>que</strong> a ansieda<strong>de</strong> do período da<<strong>br</strong> />
guerra cedia lugar à incerteza do pós-guerra, a a<strong>de</strong>são à Klan<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sa<strong>br</strong>ochou. Pouco mais <strong>de</strong> dois meses <strong>de</strong>pois do Dia da<<strong>br</strong> />
Vitória, a Klan <strong>de</strong> Atlanta <strong>que</strong>imou uma cruz <strong>de</strong> 90 metros na<<strong>br</strong> />
encosta da Stone Mountain, local da céle<strong>br</strong>e efígie <strong>de</strong> Robert E.<<strong>br</strong> />
Lee esculpida na rocha. O ato extravagante, disse um mem<strong>br</strong>o da<<strong>br</strong> />
Klan mais tar<strong>de</strong>, teve como objetivo "apenas fazer ver aos negros<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> a guerra acabara e <strong>que</strong> a Klan estava <strong>de</strong> volta ao jogo".<<strong>br</strong> />
Atlanta era agora a se<strong>de</strong> da Klan. O grupo tinha ótimas<<strong>br</strong> />
relações com políticos influentes da Geórgia, e seus escritórios<<strong>br</strong> />
locais incluíam muitos policiais e vice-xerifes. Sim, a Klan era uma<<strong>br</strong> />
socieda<strong>de</strong> secreta, abundante em senhas e enredos capa-e-espada,<<strong>br</strong> />
mas seu verda<strong>de</strong>iro po<strong>de</strong>r residia no próprio temor público <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
ela fomentava — exemplificado pelo conhecimento geral <strong>de</strong> <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
a Ku Klux Klan e as autorida<strong>de</strong>s responsáveis pela manutenção<<strong>br</strong> />
da or<strong>de</strong>m eram companheiras <strong>de</strong> armas.<<strong>br</strong> />
Atlanta — a Cida<strong>de</strong> Imperial do Império Invisível da KKK,<<strong>br</strong> />
no jargão da Klan — também era o berço <strong>de</strong> Stetson Kennedy,<<strong>br</strong> />
um cidadão <strong>de</strong> 30 anos com as raízes <strong>de</strong> um Klansman, mas cujo<<strong>br</strong> />
temperamento o impelia na direção oposta. Nascido numa<<strong>br</strong> />
importante
família sulista, Kennedy contava entre seus antepassados dois<<strong>br</strong> />
signatários da Declaração da In<strong>de</strong>pendência, um oficial do Exército<<strong>br</strong> />
Confe<strong>de</strong>rado e John B. Stetson, fundador da famosa fá<strong>br</strong>ica <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
chapéus e dono do nome adotado pela Universida<strong>de</strong> Stetson.<<strong>br</strong> />
Stetson Kennedy cresceu numa casa <strong>de</strong> 14 cômodos em<<strong>br</strong> />
Jacksonville, na Flórida, sendo o caçula <strong>de</strong> cinco filhos. Seu tio<<strong>br</strong> />
Brady pertencia à Klan, mas o so<strong>br</strong>inho somente entrou em contato<<strong>br</strong> />
com o grupo quando a empregada da família, Flo, <strong>que</strong> praticamente<<strong>br</strong> />
criara o menino, foi amarrada a uma árvore, surrada e estuprada por<<strong>br</strong> />
um bando <strong>de</strong> a<strong>de</strong>ptos da entida<strong>de</strong>. Seu crime: dirigir a palavra ao<<strong>br</strong> />
condutor <strong>br</strong>anco <strong>de</strong> um bon<strong>de</strong> <strong>que</strong> lhe <strong>de</strong>ra o troco errado.<<strong>br</strong> />
Por não ter podido lutar na Segunda Guerra Mundial — em<<strong>br</strong> />
virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> um problema na coluna adquirido na infância —<<strong>br</strong> />
Kennedy se sentiu o<strong>br</strong>igado a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a pátria em casa.<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>rava <strong>que</strong> o pior inimigo a enfrentar era o preconceito e se<<strong>br</strong> />
dizia "um dissi<strong>de</strong>nte generalizado", escrevendo artigos e livros <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
atacavam o preconceito. Tornou-se muito amigo <strong>de</strong> Woody<<strong>br</strong> />
Guthrie, Richard Wright e uma série <strong>de</strong> outros progressistas. Jean-<<strong>br</strong> />
Paul Sartre publicou seus trabalhos na França.<<strong>br</strong> />
Escrever não era para Kennedy uma ativida<strong>de</strong> fácil nem<<strong>br</strong> />
prazerosa. Sendo, no fundo, um menino do campo, ele mil vezes<<strong>br</strong> />
preferia sair para pescar nos pântanos a empunhar a pena. No<<strong>br</strong> />
entanto, cegamente <strong>de</strong>dicado à causa <strong>que</strong> a<strong>br</strong>açara, não lhe restou<<strong>br</strong> />
outra escolha senão essa, <strong>que</strong> o levou a tornar-se o único mem<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />
gentio da Liga Antidifamação, entida<strong>de</strong> surgida no pós-guerra e<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>votada a acabar com o preconceito (Kennedy cunhou a expressão<<strong>br</strong> />
"Frown Power", peça central da campanha <strong>de</strong> pressão da Liga, <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
encorajava as pessoas a ostensivamente franzir a testa quando<<strong>br</strong> />
ouvissem um discurso preconceituoso). Kennedy foi também o<<strong>br</strong> />
único correspon<strong>de</strong>nte <strong>br</strong>anco do Pittsburgh Courier, o maior jornal<<strong>br</strong> />
negro do país (escrevia uma coluna so<strong>br</strong>e a luta racial no Sul sob o<<strong>br</strong> />
pseudônimo <strong>de</strong> Daddy Mention — um herói do folclore negro <strong>que</strong>,<<strong>br</strong> />
conta a lenda, era mais rápido <strong>que</strong> a bala do revólver do xerife).<<strong>br</strong> />
O <strong>que</strong> movia Kennedy era o horror às mentes fechadas, à<<strong>br</strong> />
ignorância, ao obstrucionismo e à intimidação — mazelas <strong>que</strong>, em<<strong>br</strong> />
sua
opinião, ninguém exibia com maior <strong>org</strong>ulho do <strong>que</strong> a Ku Klux<<strong>br</strong> />
Klan. Para ele, a Klan era o <strong>br</strong>aço terrorista do próprio establishment<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>anco, problema <strong>que</strong> consi<strong>de</strong>rava inabordável por uma série <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
razões. A Klan <strong>de</strong>sfrutava da intimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res políticos, homens<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> negócios e autorida<strong>de</strong>s do Po<strong>de</strong>r Judiciário. O povo sentia<<strong>br</strong> />
medo e impotência diante <strong>de</strong>la, e os poucos grupos antipreconceito<<strong>br</strong> />
então existentes careciam <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e até mesmo <strong>de</strong> conheci-mento<<strong>br</strong> />
a seu respeito. Conforme escreveu mais tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sgostava<<strong>br</strong> />
particularmente <strong>de</strong> um elemento-chave da Klan: "Praticamente o<<strong>br</strong> />
assunto só era tratado em editoriais e não como <strong>de</strong>núncias. Os autores<<strong>br</strong> />
reprovavam a Klan, é verda<strong>de</strong>, mas dispunham <strong>de</strong> pouquíssimos<<strong>br</strong> />
fatos comprovados referentes a ela."<<strong>br</strong> />
Por isso, Kennedy resolveu – como faria qual<strong>que</strong>r inimigo do<<strong>br</strong> />
preconceito <strong>que</strong> fosse <strong>de</strong>votado, <strong>de</strong>stemido e meio insensato –<<strong>br</strong> />
a<strong>de</strong>rir à Klan como espião.<<strong>br</strong> />
Em Atlanta, começou a freqüentar um bilhar "cujos fregueses<<strong>br</strong> />
habituais", conforme escreveu, "possuem a<strong>que</strong>le olhar frustrado e<<strong>br</strong> />
cruel típico da Klan". Um indivíduo chamado Slim, motorista <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
táxi, sentou-se a seu <strong>lado</strong> no bar uma tar<strong>de</strong>. "Este país precisa é <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
uma boa kluxing", disse Slim. "E a única maneira <strong>de</strong> pôr estes<<strong>br</strong> />
negros, jacós, carolas católicos e comunistas no <strong>de</strong>vido lugar!"<<strong>br</strong> />
Kennedy se apresentou como John S. Perkins, o nome falso <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
escolhera para sua missão. Partilhou com Slim a informação<<strong>br</strong> />
verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>que</strong> seu tio Brady Perkins, lá na Flórida, já fora um<<strong>br</strong> />
Gran<strong>de</strong> Titã da Klan. "Mas todos já morreram, não é?", perguntou<<strong>br</strong> />
a Slim.<<strong>br</strong> />
Isso levou Slim a sacar do bolso um cartão <strong>de</strong> visitas da Klan:<<strong>br</strong> />
"Ontem, Hoje, Sempre! A Ku Klux Klan continua em ação! Deus<<strong>br</strong> />
Nos Dá Homens!" Slim disse a "Perkins" <strong>que</strong> ele estava com sorte,<<strong>br</strong> />
pois havia um movimento <strong>de</strong> arregimentação em curso. A taxa <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
inscrição <strong>de</strong> $10 – o mote da Klan para estimular a a<strong>de</strong>são era<<strong>br</strong> />
"Você o<strong>de</strong>ia negros? O<strong>de</strong>ia ju<strong>de</strong>us? Tem <strong>de</strong>z dólares?" – fora<<strong>br</strong> />
reduzida para oito. Era preciso pagar mais $10 <strong>de</strong> contribuição anual<<strong>br</strong> />
e $15 pelo camisolão com capuz.<<strong>br</strong> />
Kennedy reclamou do excesso <strong>de</strong> taxas, se fazendo <strong>de</strong> difícil,<<strong>br</strong> />
mas concordou em a<strong>de</strong>rir. Pouco tempo <strong>de</strong>pois, prestou
juramento em uma missa noturna <strong>de</strong> iniciação no alto da Stone<<strong>br</strong> />
Mountain. A partir daí começou a comparecer às reuniões<<strong>br</strong> />
semanais, em seguida às quais corria para casa para fazer<<strong>br</strong> />
anotações utilizando uma escrita criptografada <strong>que</strong> inventara.<<strong>br</strong> />
Desco<strong>br</strong>iu as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s dos lí<strong>de</strong>res locais e regionais e <strong>de</strong>cifrou a<<strong>br</strong> />
hierarquia, os rituais e a linguagem da Klan. Era hábito da<<strong>br</strong> />
<strong>org</strong>anização acrescentar Kl a várias palavras; assim, dois mem<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />
da Klan mantinham Klonversas na Klestalagem local. Muitos dos<<strong>br</strong> />
costumes do grupo soavam ridiculamente infantis para Kennedy.<<strong>br</strong> />
O aperto <strong>de</strong> mão secreto, por exemplo, era um movimento similar<<strong>br</strong> />
ao movi-mento sinuoso <strong>de</strong> um peixe feito com o pulso da mão<<strong>br</strong> />
es<strong>que</strong>rda. Se, durante uma viagem, um mem<strong>br</strong>o da <strong>org</strong>anização<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sejasse localizar outros irmãos numa cida<strong>de</strong> estranha, bastava<<strong>br</strong> />
perguntar por um "Sr. Ayak" — sendo "Ayac" um código para<<strong>br</strong> />
"Are you a Klansman?" (Você é da Klan?), esperando ouvir como<<strong>br</strong> />
resposta "Claro, e também conheço um Sr. Akai" — código para<<strong>br</strong> />
"A Klansman Am I" (Da Klan eu sou).<<strong>br</strong> />
Não <strong>de</strong>morou para <strong>que</strong> Kennedy fosse convidado a se juntar<<strong>br</strong> />
aos Klavaleiros, a polícia secreta da Klan e seu "esquadrão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
açoite". Para fazer jus a esse privilégio, seu pulso foi cortado com<<strong>br</strong> />
um canivete para <strong>que</strong> ele pu<strong>de</strong>sse prestar um juramento <strong>de</strong> sangue:<<strong>br</strong> />
"Mem<strong>br</strong>o da Klan, juras por Deus e pelo Demônio nunca trair<<strong>br</strong> />
os segredos a ti confiados na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Klavaleiro da Klan?"<<strong>br</strong> />
"Juro", respon<strong>de</strong>u Kennedy.<<strong>br</strong> />
"Juras provi<strong>de</strong>nciar para ti mesmo uma boa arma e bastante<<strong>br</strong> />
munição, <strong>de</strong> modo a estar pronto, quando o negro criar<<strong>br</strong> />
problemas, a revidar à altura?"<<strong>br</strong> />
"<<strong>br</strong> />
Juro. "<<strong>br</strong> />
"Juras, ainda, fazer <strong>tudo</strong> a teu alcance para <strong>que</strong> cresça a raça<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>anca?"<<strong>br</strong> />
"Juro."<<strong>br</strong> />
Em seguida Kennedy foi instruído a pagar $10 pela sua<<strong>br</strong> />
admissão como Klavaleiro, bem como $1 por mês para co<strong>br</strong>ir as<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>spesas dos Klavaleiros. Também foi o<strong>br</strong>igado a comprar um<<strong>br</strong> />
segundo camisolão com capuz a ser tingido <strong>de</strong> preto.
Como Klavaleiro, Kennedy se preocupava com a<<strong>br</strong> />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um dia ser forçado a agir com violência. No<<strong>br</strong> />
entanto, logo <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu um fato básico da vida na Klan – e do<<strong>br</strong> />
terrorismo em geral: a maioria das ameaças <strong>de</strong> violência não passa<<strong>br</strong> />
jamais do estágio da ameaça.<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>remos o linchamento, a marca registrada da violência<<strong>br</strong> />
da Klan. A seguir, compilada pelo Instituto Tuskegee,<<strong>br</strong> />
transcrevemos a estatística, década a década, dos linchamentos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
negros nos Estados Unidos:<<strong>br</strong> />
ANOS<<strong>br</strong> />
LINCHAMENTOS DE NEGROS<<strong>br</strong> />
_________________________________________________<<strong>br</strong> />
1890-1899 1.111<<strong>br</strong> />
1900-1909 791<<strong>br</strong> />
1910-1919 569<<strong>br</strong> />
1920-1929 281<<strong>br</strong> />
1930-1939 119<<strong>br</strong> />
1940-1949 31<<strong>br</strong> />
1950-1959 6<<strong>br</strong> />
1960-1969 3<<strong>br</strong> />
Não es<strong>que</strong>çamos <strong>de</strong> <strong>que</strong> esses números representam não<<strong>br</strong> />
apenas os linchamentos atribuídos à Ku Klux Klan, mas o número<<strong>br</strong> />
to-tal <strong>de</strong> linchamentos registrados. A estatística revela, no mínimo,<<strong>br</strong> />
três fatos dignos <strong>de</strong> nota. O primeiro é a óbvia diminuição <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
linchamentos ao longo do tempo. O segundo é a ausência <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
relação entre os linchamentos e a existência da Klan: na verda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
houve mais linchamentos <strong>de</strong> negros entre 1900 e 1909, quando a<<strong>br</strong> />
Klan se encontrava hibernando, do <strong>que</strong> nos anos 20, quando a<<strong>br</strong> />
Klan a<strong>br</strong>igava milhões <strong>de</strong> mem<strong>br</strong>os — o <strong>que</strong> sugere <strong>que</strong> a Ku Klux<<strong>br</strong> />
Klan promoveu_ um número <strong>de</strong> linchamentos bem menor do <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
se costuma pensar.<<strong>br</strong> />
Em terceiro lugar, é válido observar <strong>que</strong>, com relação ao<<strong>br</strong> />
tamanho da população negra, os linchamentos eram bastante raros.<<strong>br</strong> />
Claro <strong>que</strong> um linchamento já é <strong>de</strong>mais. Mas, na virada do século,
os linchamentos não constituíam o fato rotineiro <strong>que</strong> a memória<<strong>br</strong> />
histórica parece sugerir <strong>que</strong> fossem. Comparemos as 281 vitimas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
linchamento na década <strong>de</strong> 1920 com o número <strong>de</strong> crianças negras<<strong>br</strong> />
mortas <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição, pneumonia, diarréia e causas similares. Em<<strong>br</strong> />
1920, cerca <strong>de</strong> 13 em cada 100 crianças negras morriam na infância,<<strong>br</strong> />
ou seja, aproximadamente 20 mil a cada ano — em comparação com<<strong>br</strong> />
28 pessoas <strong>que</strong> eram linchadas por ano. Mesmo em 1940, cerca <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
10 mil crianças negras ainda morriam a cada ano.<<strong>br</strong> />
Que verda<strong>de</strong>s maiores esses números sugerem? Como se explica<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> os linchamentos fossem relativamente raros e <strong>que</strong> tenham<<strong>br</strong> />
sofrido uma <strong>que</strong>da expressiva ao longo do tempo, mesmo diante do<<strong>br</strong> />
boom da Klan?<<strong>br</strong> />
A explicação mais convincente é a <strong>de</strong> <strong>que</strong> todos a<strong>que</strong>les<<strong>br</strong> />
primeiros linchamentos funcionaram. Os racistas <strong>br</strong>ancos — fossem<<strong>br</strong> />
ou não mem<strong>br</strong>os da Klan — através <strong>de</strong> seus atos e retórica foram<<strong>br</strong> />
capazes <strong>de</strong> criar um forte es<strong>que</strong>ma <strong>de</strong> incentivos <strong>que</strong> era, ao mesmo<<strong>br</strong> />
tempo, incrivelmente claro e amedrontador. Se um negro violasse o<<strong>br</strong> />
código <strong>de</strong> comportamento aceito, fosse por falar com um condutor<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>anco <strong>de</strong> bon<strong>de</strong> ou por tentar votar, ele sabia <strong>que</strong> provavelmente<<strong>br</strong> />
seria punido, talvez com a morte.<<strong>br</strong> />
Assim, em meados dos anos 40, quando Stetson Kennedy<<strong>br</strong> />
entrou para a Klan, a <strong>org</strong>anização não tinha realmente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
usar tanta violência. Muitos negros, há tanto tempo treinados para<<strong>br</strong> />
se comportarem como cidadãos <strong>de</strong> segunda classe — à custa d e<<strong>br</strong> />
intimidação —, simplesmente obe<strong>de</strong>ciam. Um ou dois linchamentos<<strong>br</strong> />
produziam um bom efeito profilático na indução da docilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
mesmo quando se tratava <strong>de</strong> um grupo gran<strong>de</strong>, pois as pessoas costumam<<strong>br</strong> />
respon<strong>de</strong>r muito bem a incentivos fortes, sendo <strong>que</strong> poucos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>les são mais po<strong>de</strong>rosos do <strong>que</strong> o temor da violência aleatória —<<strong>br</strong> />
razão pela qual, em essência, o terrorismo é tão eficaz.<<strong>br</strong> />
Mas se a Ku Klux Klan dos anos 40 não agia com uma violência<<strong>br</strong> />
uniforme, <strong>que</strong>m o fazia? Na verda<strong>de</strong>, a Klan <strong>que</strong> Stetson Kennedy<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu consistia <strong>de</strong> um arremedo <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong> <strong>de</strong> indivíduos, a<<strong>br</strong> />
maioria <strong>de</strong>les com pouca instrução e poucas perspectivas,<<strong>br</strong> />
necessitados <strong>de</strong> um lugar para se a<strong>br</strong>ir e <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>sculpa para, vez
por outra, passar a noite fora <strong>de</strong> casa. O fato <strong>de</strong> <strong>que</strong> essa<<strong>br</strong> />
fraternida<strong>de</strong> promovia a cantoria <strong>de</strong> hinos semi-religiosos, a<<strong>br</strong> />
prestação <strong>de</strong> juramentos e a entoação <strong>de</strong> louvores a si própria –<<strong>br</strong> />
<strong>tudo</strong> <strong>de</strong> forma ultra-secreta – só a tornava mais sedutora.<<strong>br</strong> />
Kennedy também <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu ser a Klan uma operação<<strong>br</strong> />
financeira vigarista, ao menos para a<strong>que</strong>les em seu topo. Os lí<strong>de</strong>res<<strong>br</strong> />
possuíam uma série <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> renda: milhares <strong>de</strong> mem<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />
contribuindo com taxas o<strong>br</strong>igatórias; empresários <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
contratavam para amedrontar os sindicatos <strong>que</strong>, por sua vez,<<strong>br</strong> />
pagavam a ela para não serem importunados; comícios <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
angariavam enormes doações em dinheiro e até mesmo o eventual<<strong>br</strong> />
contrabando <strong>de</strong> armas ou bebidas, sem contar as negociatas, como a<<strong>br</strong> />
Associação <strong>de</strong> Seguros <strong>de</strong> Vida da Klan, <strong>que</strong> vendia apólices para os<<strong>br</strong> />
mem<strong>br</strong>os, aceitando exclusivamente dinheiro vivo ou che<strong>que</strong>s<<strong>br</strong> />
emitidos em nome do próprio Gran<strong>de</strong> Dragão.<<strong>br</strong> />
Poucas semanas na Klan bastaram para Kennedy se <strong>de</strong>cidir a<<strong>br</strong> />
investir contra ela como lhe fosse possível. Quando tomou<<strong>br</strong> />
conhecimento dos planos para a invasão <strong>de</strong> um sindicato, passou a<<strong>br</strong> />
informação para um amigo sindicalizado. Levou, ainda, outras<<strong>br</strong> />
informações <strong>que</strong> obteve na Klan ao assistente do procurador-geral<<strong>br</strong> />
da Geórgia, um conhecido perseguidor da <strong>org</strong>anização. Depois <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
examinar o estatuto <strong>de</strong> constituição da Klan, Kennedy escreveu<<strong>br</strong> />
para o governador da Geórgia sugerindo os fundamentos para a<<strong>br</strong> />
revogação do dito estatuto: a Klan havia sido fundada para ser uma<<strong>br</strong> />
entida<strong>de</strong> não-lucrativa e apolítica, mas ele tinha provas <strong>de</strong> <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
mesma visava, claramente, tanto o lucro quanto a política.<<strong>br</strong> />
Nenhuma <strong>de</strong> suas tentativas produziu o efeito <strong>de</strong>sejado. A<<strong>br</strong> />
Klan estava <strong>de</strong> tal forma enraizada e forte <strong>que</strong> Kennedy se sentiu<<strong>br</strong> />
como alguém <strong>que</strong> atira seixos em um gigante. E ainda <strong>que</strong> conseguisse<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> alguma forma prejudicar a <strong>org</strong>anização em Atlanta, os<<strong>br</strong> />
milhares <strong>de</strong> outras se<strong>de</strong>s em todo o país – a associação se encontrava<<strong>br</strong> />
agora em pleno ressurgimento – permaneceriam intocados.<<strong>br</strong> />
Kennedy ficou profundamente frustrado, e <strong>de</strong>ssa frustração<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>otou uma idéia <strong>br</strong>ilhante. Assistira, certa vez, um grupo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
meninos se divertirem com um jogo <strong>de</strong> espionagem no qual<<strong>br</strong> />
trocavam
senhas secretas tolas. Isso o fez lem<strong>br</strong>ar da Klan. Não seria<<strong>br</strong> />
interessante, pensou, passar para as crianças em todo o país as<<strong>br</strong> />
senhas e o restante dos segredos da <strong>org</strong>anização? Que melhor<<strong>br</strong> />
maneira haveria <strong>de</strong> podar as garras <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> secreta senão<<strong>br</strong> />
infantilizar — e tornar públicas – suas mais secretas informações?<<strong>br</strong> />
(coinci<strong>de</strong>ntemente, em O Nascimento <strong>de</strong> uma nação, um ex-soldado<<strong>br</strong> />
confe<strong>de</strong>rado tem a idéia <strong>de</strong> fundar a Klan quando vê duas crianças<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ancas se escon<strong>de</strong>rem sob um lençol <strong>br</strong>anco para aterrorizar um<<strong>br</strong> />
grupo <strong>de</strong> crianças negras).<<strong>br</strong> />
Kennedy imaginou o canal i<strong>de</strong>al para sua missão: o programa<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> rádio As aventuras do Super-Homem, <strong>que</strong> ia ao ar todas as noites na<<strong>br</strong> />
hora do jantar para milhões <strong>de</strong> ouvintes em ca<strong>de</strong>ia nacional.<<strong>br</strong> />
Entrando em contato com os produtores do programa, perguntoulhes<<strong>br</strong> />
se gostariam <strong>de</strong> escrever alguns episódios so<strong>br</strong>e a Ku Klux<<strong>br</strong> />
Klan. Os produtores se entusiasmaram. O Super-Homem passara<<strong>br</strong> />
anos lutando contra Hitler, Mussolini e Hirohito, mas a guerra<<strong>br</strong> />
chegara ao fim, e ele precisava <strong>de</strong> novos vilões.<<strong>br</strong> />
Kennedy forneceu as melhores informações <strong>de</strong> <strong>que</strong> dispunha<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e a Klan para os produtores do Super-Homem. Falou-lhes do<<strong>br</strong> />
Sr. Ayak e do Sr. Akai e transcreveu trechos inflama-dos da bíblia<<strong>br</strong> />
da Klan, chamada Klorão (jamais lhe explicaram por <strong>que</strong> um<<strong>br</strong> />
grupo prepon<strong>de</strong>rantemente <strong>br</strong>anco e cristão havia dado à sua bíblia<<strong>br</strong> />
o nome do livro mais sagrado do Islã). Explicou o papel das<<strong>br</strong> />
autorida<strong>de</strong>s da Klan em qual<strong>que</strong>r Klestalagem local: o Klaliff<<strong>br</strong> />
(vice-presi<strong>de</strong>nte), o Klabee (tesoureiro), o Kladd (dirigente), o<<strong>br</strong> />
Klarogo (sentinela interna), o Klexter (sentinela externa), o<<strong>br</strong> />
Klokann (uma comissão <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> cinco homens) e os<<strong>br</strong> />
Klavaleiros (o grupo armado ao qual o próprio Kennedy pertencia<<strong>br</strong> />
e cujo comandante era chamado Despedaçador-Mor<strong>de</strong> Traseiros).<<strong>br</strong> />
Detalhou a hierarquia da <strong>org</strong>anização e sua estrutura, do nível<<strong>br</strong> />
local ao nacional: os Ciclopes Máximos e seus 12 Terrores; um<<strong>br</strong> />
Gran<strong>de</strong> Titã e suas 12 Fúrias; um Gran<strong>de</strong> Dragão e suas nove<<strong>br</strong> />
Hidras; e o Mago Imperial e seus 15 Genii. Além disso, Kennedy<<strong>br</strong> />
revelou aos produtores as senhas, os planos e as fofocas da<<strong>br</strong> />
assembléia da filial da Klan a <strong>que</strong> pertencia, a
Klestalagem Nathan Bedford Forrest n° 1, Atlanta, Domínio da<<strong>br</strong> />
Geórgia.<<strong>br</strong> />
Os produtores radiofônicos começaram a escrever o<<strong>br</strong> />
equivalente a quatro semanas <strong>de</strong> programas nos quais o Super-<<strong>br</strong> />
Homem iria acabar com a Ku Klux Klan.<<strong>br</strong> />
Kennedy mal pô<strong>de</strong> esperar a primeira reunião da Klan <strong>de</strong>pois<<strong>br</strong> />
da transmissão do programa. Conforme previra, encontrou a<<strong>br</strong> />
Klestalagem em polvorosa. O Gran<strong>de</strong> Dragão tentou conduzir<<strong>br</strong> />
uma reunião normal, mas a algaravia <strong>de</strong> seus comandados não<<strong>br</strong> />
permitiu. "Quando voltei do trabalho uma noite <strong>de</strong>ssas", <strong>que</strong>ixouse<<strong>br</strong> />
um <strong>de</strong>les, "meu filho e um bando <strong>de</strong> amiguinhos estavam<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>incando. Uns tinham toalhas amarradas ao pescoço, como<<strong>br</strong> />
capas, e outros usavam fronhas na cabeça. Os das capas<<strong>br</strong> />
perseguiam os das fronhas. Quando perguntei o <strong>que</strong> faziam,<<strong>br</strong> />
respon<strong>de</strong>ram <strong>que</strong> era uma nova <strong>br</strong>inca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> polícia e ladrão<<strong>br</strong> />
chamada "O Super-Homem contra a Klan'. Polícia e ladrão! Eles<<strong>br</strong> />
sabiam as nossas senhas e <strong>tudo</strong> o mais. Nunca me senti tão ridículo<<strong>br</strong> />
na vida! E se meus próprios filhos encontrarem meu camisolão<<strong>br</strong> />
da Klan?"<<strong>br</strong> />
O Gran<strong>de</strong> Dragão prometeu <strong>de</strong>smascarar o Judas entre eles.<<strong>br</strong> />
"O mal já está feito", disse um Klansman.<<strong>br</strong> />
"Nosso ritual sagrado foi profanado por um punhado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
garotos no rádio!", indignou-se o Kladd.<<strong>br</strong> />
"Nem <strong>tudo</strong> foi ao ar", observou o Gran<strong>de</strong> Dragão.<<strong>br</strong> />
"Só <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> fora o <strong>que</strong> não era importante", disse o<<strong>br</strong> />
Kladd.<<strong>br</strong> />
O Dragão sugeriu a substituição imediata da senha, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
"sangue nas veias" para "morte aos traidores".<<strong>br</strong> />
Após a reunião da<strong>que</strong>la noite, Kennedy passou por telefone a<<strong>br</strong> />
nova senha para os produtores do Super-Homem, <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
prometeram divulgá-la no próximo episódio. Na reunião da<<strong>br</strong> />
semana seguinte, a sala estava praticamente vazia. As novas<<strong>br</strong> />
propostas <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são haviam sido reduzidas a zero.<<strong>br</strong> />
De todas as idéias <strong>que</strong> Kennedy teve – e <strong>que</strong> ainda viria a ter –<<strong>br</strong> />
para combater o preconceito, a campanha do Super-Homem foi<<strong>br</strong> />
certamente a mais inteligente e provavelmente a mais produtiva.
Seu efeito foi, precisamente, o esperado: virar o segredo da Klan<<strong>br</strong> />
contra ela mesma, transformando informações privilegiadas em<<strong>br</strong> />
munição para zombarias. Em lugar <strong>de</strong> atrair milhões <strong>de</strong> mem<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />
como fizera apenas uma geração atrás, a Klan per<strong>de</strong>u a força e<<strong>br</strong> />
começou a afundar. Embora jamais viesse a morrer <strong>de</strong> todo,<<strong>br</strong> />
principalmente no Sul — David Duke, um lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fala macia da<<strong>br</strong> />
Klan <strong>de</strong> Louisiana, concorreu legitimamente ao Senado americano<<strong>br</strong> />
e a outros cargos eletivos —, a Klan nunca mais foi a mesma. Em<<strong>br</strong> />
The fiery cross: the Ku Klux Klan in America, o historiador Wyn Craig<<strong>br</strong> />
Wa<strong>de</strong> afirma <strong>que</strong> Stetson Kennedy foi "o principal fator iso<strong>lado</strong><<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> impediu o ressurgimento no pós-guerra da Ku Klux Klan no<<strong>br</strong> />
Norte".<<strong>br</strong> />
Isso não se <strong>de</strong>veu ao fato <strong>de</strong> Kennedy ser corajoso, <strong>de</strong>cidido<<strong>br</strong> />
ou persistente, embora ele fosse todas essas coisas. Tudo<<strong>br</strong> />
aconteceu por<strong>que</strong> Kennedy percebeu o po<strong>de</strong>r da informação em si.<<strong>br</strong> />
A Ku Klux Klan foi um grupo cujo po<strong>de</strong>r — à semelhança<<strong>br</strong> />
da<strong>que</strong>le dos políticos e dos corretores <strong>de</strong> imóveis ou da Bolsa — em<<strong>br</strong> />
gran<strong>de</strong> parte resultava da sonegação <strong>de</strong> informações. Uma vez nas<<strong>br</strong> />
mãos erradas (ou, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do ponto <strong>de</strong> vista, nas mãos certas),<<strong>br</strong> />
boa parcela da superiorida<strong>de</strong> do grupo vira pó.<<strong>br</strong> />
No final dos anos 90, o preço do seguro <strong>de</strong> vida por prazo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>terminado caiu drasticamente para espanto geral, já <strong>que</strong> não<<strong>br</strong> />
havia um motivo óbvio para isso. Outros tipos <strong>de</strong> seguro, incluindo<<strong>br</strong> />
o <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, o <strong>de</strong> automóveis e o <strong>de</strong> residências, certamente não<<strong>br</strong> />
ficaram mais baratos. Também nenhuma mudança radical afetou<<strong>br</strong> />
companhias e corretores <strong>de</strong> seguros nem seus segurados em<<strong>br</strong> />
potencial. O <strong>que</strong>, então, aconteceu?<<strong>br</strong> />
A Internet aconteceu. Na primavera <strong>de</strong> 1996, o<<strong>br</strong> />
Quotesmith.com tornou-se o primeiro <strong>de</strong> vários sites a permitir a<<strong>br</strong> />
um cliente comparar, em segundos, os preços dos seguros <strong>de</strong> vida<<strong>br</strong> />
vendi-dos por <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> companhias diferentes. Ao contrário <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
outras formas <strong>de</strong> seguro — incluindo o seguro <strong>de</strong> vida total, <strong>que</strong> é<<strong>br</strong> />
um contrato financeiro bem mais complicado —, as apólices <strong>de</strong>
seguro <strong>de</strong> vida por prazo <strong>de</strong>terminado são bastante homogêneas:<<strong>br</strong> />
um seguro <strong>de</strong> $1 milhão é igualzinho a outro. Assim, o <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
importa realmente é o preço. Pesquisar o mercado atrás da<<strong>br</strong> />
apólice mais barata, processo antes complicado e cansativo,<<strong>br</strong> />
tornou-se simples. Com os clientes capacitados a encontrar,<<strong>br</strong> />
instantaneamente, a apólice mais barata, às companhias mais<<strong>br</strong> />
careiras não restou alternativa senão baixar seus preços. De<<strong>br</strong> />
repente, os usuários passaram a pagar $1 milhão a menos por ano<<strong>br</strong> />
pelo seguro <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> prazo <strong>de</strong>terminado.<<strong>br</strong> />
Vale a pena ressaltar <strong>que</strong> esses sites apenas listavam os preços.<<strong>br</strong> />
Eles não vendiam seguros. Dessa forma, não era o seguro em si<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> estava sendo mascateado. A semelhança <strong>de</strong> Stetson Kennedy,<<strong>br</strong> />
o negócio <strong>de</strong>les era informação (se já existisse Internet na época<<strong>br</strong> />
em <strong>que</strong> Kennedy se infiltrou na Klan, ele provavelmente voltaria<<strong>br</strong> />
correndo para casa após cada reunião e poria a boca no trombone<<strong>br</strong> />
em seu próprio site). Naturalmente há uma diferença entre<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>smascarar a Ku Klux Klan e fazer o mesmo com os altos preços<<strong>br</strong> />
das apólices comercializadas pelas companhias <strong>de</strong> seguros. A Klan<<strong>br</strong> />
manipulava informações secretas e esse segredo gerava medo,<<strong>br</strong> />
enquanto os preços dos seguros eram apenas um conjunto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
elementos passados ao cliente <strong>de</strong> forma tal <strong>que</strong> tornava difícil<<strong>br</strong> />
estabelecer comparações. Em ambas as situações, porém, a<<strong>br</strong> />
disseminação das informações diluiu o po<strong>de</strong>r das mesmas. Como<<strong>br</strong> />
escreveu certa vez o <strong>de</strong>sembargador da Suprema Corte Louis D.<<strong>br</strong> />
Bran<strong>de</strong>is: "Dizem <strong>que</strong> a luz do sol é o melhor <strong>de</strong>sinfetante <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
existe."<<strong>br</strong> />
A informação é um facho <strong>de</strong> luz, uma vara, um galho, um freio,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> <strong>que</strong>m a controla e da maneira como o faz. A<<strong>br</strong> />
informação possui tamanho po<strong>de</strong>r <strong>que</strong> a suposição <strong>de</strong> tê-la, ainda<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> inverídica, já cria a impressão <strong>de</strong> competência. Consi<strong>de</strong>remos o<<strong>br</strong> />
caso <strong>de</strong> um carro com um dia <strong>de</strong> uso.<<strong>br</strong> />
O dia em <strong>que</strong> sai da agência é o pior dia da vida <strong>de</strong> um carro,<<strong>br</strong> />
visto <strong>que</strong>, instantaneamente, ele per<strong>de</strong> um quarto <strong>de</strong> seu valor.<<strong>br</strong> />
Po<strong>de</strong> parecer absurdo, mas sabemos <strong>que</strong> é verda<strong>de</strong>. Um carro<<strong>br</strong> />
novo comprado por $20 mil não será revendido por mais do <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
$15 mil. Por quê? Por<strong>que</strong> a única pessoa <strong>que</strong> pensaria em reven<strong>de</strong>r
um carro zerinho seria <strong>que</strong>m <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>isse ter levado um abacaxi.<<strong>br</strong> />
Por isso, ainda <strong>que</strong> o carro não seja um abacaxi, o comprador<<strong>br</strong> />
potencial supõe <strong>que</strong> sim, bem como supõe <strong>que</strong> o ven<strong>de</strong>dor tenha<<strong>br</strong> />
alguma informação so<strong>br</strong>e o mesmo <strong>que</strong> ele, o comprador,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sconhece. E o ven<strong>de</strong>dor é punido por essa suposição.<<strong>br</strong> />
E se o carro for um abacaxi? Melhor seria o ven<strong>de</strong>dor esperar<<strong>br</strong> />
um ano para vendê-lo. A essa altura, a suspeita <strong>de</strong> <strong>que</strong> ele seja um<<strong>br</strong> />
abacaxi já terá <strong>de</strong>saparecido; a essa altura, outros estarão ven<strong>de</strong>ndo<<strong>br</strong> />
seus ótimos carros com um ano <strong>de</strong> uso, e o abacaxi irá se misturar<<strong>br</strong> />
com eles, provavelmente trocando <strong>de</strong> mão por um preço mais alto<<strong>br</strong> />
do <strong>que</strong> o merecido.<<strong>br</strong> />
E comum <strong>que</strong> uma das partes numa transação disponha <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
mais informações do <strong>que</strong> a outra. Na linguagem dos economistas,<<strong>br</strong> />
isso é <strong>de</strong>finido como assimetria das informações. Aceitamos como<<strong>br</strong> />
um dogma do capitalismo <strong>que</strong> alguém (geralmente um especialista)<<strong>br</strong> />
saiba mais do <strong>que</strong> outrem (em geral, um consumidor). Mas em<<strong>br</strong> />
todas as searas a assimetria das informações foi mortalmente<<strong>br</strong> />
atingida pela Internet.<<strong>br</strong> />
A informação é a moeda da Internet. Como veículo, a Internet<<strong>br</strong> />
é incrivelmente eficiente na transferência da informação das mãos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> <strong>que</strong>m a possui para as mãos <strong>de</strong> <strong>que</strong>m não a possui. Com<<strong>br</strong> />
freqüência, como no caso dos preços dos seguros <strong>de</strong> vida, a<<strong>br</strong> />
informação já existia previamente, mas <strong>de</strong> uma forma pulverizada<<strong>br</strong> />
(nessas condições, a Internet atua como um gigantesco ímã passado<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e um palheiro gigantesco encontrando e extraindo todas as<<strong>br</strong> />
agulhas ali plantadas). Assim como Stetson Kennedy conseguiu o<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> nenhum jornalista, filantropo ou promotor conseguiria, a<<strong>br</strong> />
Internet conseguiu o <strong>que</strong> nenhum advogado especialista em<<strong>br</strong> />
direitos do consumidor conseguiria: diminuir <strong>de</strong> forma drástica o<<strong>br</strong> />
abismo entre os especialistas e o público.<<strong>br</strong> />
A Internet revelou-se especialmente frutífera nas situações em<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> um encontro cara a cara com um especialista po<strong>de</strong>ria exacerbar<<strong>br</strong> />
a assimetria das informações – situação em <strong>que</strong> o especialista<<strong>br</strong> />
utiliza sua superiorida<strong>de</strong> em termos <strong>de</strong> informação para fazer com<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> nos sintamos idiotas, apressadinhos, mesquinhos ou
ignóbeis. Imagine alguém <strong>que</strong> acabou <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r um ente <strong>que</strong>rido,<<strong>br</strong> />
a <strong>que</strong>m o agente funerário — ciente <strong>de</strong> <strong>que</strong> essa pessoa não<<strong>br</strong> />
enten<strong>de</strong> praticamente nada do assunto no qual ele é especialista e,<<strong>br</strong> />
além do mais, se encontra sob um forte impacto emocional —<<strong>br</strong> />
impinge um caixão <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira no<strong>br</strong>e ao preço <strong>de</strong> $7 mil. Ou<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>remos uma venda <strong>de</strong> automóvel: o ven<strong>de</strong>dor faz o possível<<strong>br</strong> />
para ocultar o preço básico do carro sob uma montanha <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
acessórios e promoções. Mais tar<strong>de</strong>, porém, <strong>de</strong> cabeça fria, em<<strong>br</strong> />
casa, o comprador vai po<strong>de</strong>r entrar na Internet e <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir quanto<<strong>br</strong> />
exata-mente a agência pagou à fá<strong>br</strong>ica por a<strong>que</strong>le veículo. Ou<<strong>br</strong> />
consultar um site especializado em caixões e comprar, por conta<<strong>br</strong> />
própria, para o parente falecido o caixão <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira no<strong>br</strong>e por<<strong>br</strong> />
apenas $3.200, entregue em casa no dia seguinte, a menos <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>seje <strong>de</strong>sembolsar $2.995 pelo "Ultimo Buraco" (um caixão<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>corado com cenas <strong>de</strong> golfe) ou pelo "Lem<strong>br</strong>anças da Caçada"<<strong>br</strong> />
(contendo cervos <strong>de</strong> altas galhadas e outros animais <strong>de</strong> caça) ou,<<strong>br</strong> />
ainda, optar por um dos mo<strong>de</strong>los bem mais baratos, <strong>que</strong> o agente<<strong>br</strong> />
funerário, por <strong>de</strong>scuido, se<strong>que</strong>r chegara a mencionar.<<strong>br</strong> />
Mas a Internet, por mais po<strong>de</strong>rosa <strong>que</strong> seja, não conseguiu acabar<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> vez com a assimetria das informações. Recor<strong>de</strong>mos os<<strong>br</strong> />
chamados escândalos corporativos do início da década <strong>de</strong> 2000.<<strong>br</strong> />
Os crimes cometidos pela Enron englobavam parcerias ocultas,<<strong>br</strong> />
dívidas camufladas e a manipulação dos mercados energéticos.<<strong>br</strong> />
Henry Blodget, da Merrill Lynch, e Jack Grubman, da Salomon<<strong>br</strong> />
Smith Barney, elaboraram relatórios encorajadores <strong>de</strong> empresas<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> sabiam ser lixo. Frank Quattrone, do banco Credit Suisse First<<strong>br</strong> />
Boston, abafou uma investigação so<strong>br</strong>e a distribuição pela sua<<strong>br</strong> />
empresa <strong>de</strong> ações da primeira gran<strong>de</strong> oferta pública. Sam Waksal<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>spejou suas ações da ImClone assim <strong>que</strong> teve conhecimento <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
um relatório prejudicial feito pela FDA; sua amiga Martha Stuart<<strong>br</strong> />
também <strong>de</strong>saguou as <strong>de</strong>la, mentindo em seguida so<strong>br</strong>e o motivo<<strong>br</strong> />
por <strong>que</strong> o fez. A WorldCom e a Global Crossing inventaram<<strong>br</strong> />
bilhões <strong>de</strong> dó-lares <strong>de</strong> receita para elevar o preço <strong>de</strong> suas ações. Um<<strong>br</strong> />
grupo <strong>de</strong>
empresas <strong>de</strong> fundos mútuos permitiu <strong>que</strong> clientes privilegiados<<strong>br</strong> />
transacionassem a preços privilegiados, e outro grupo foi acusado<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> ocultar as taxas <strong>de</strong> administração.<<strong>br</strong> />
Embora bastante diversos, todos esses crimes têm uma<<strong>br</strong> />
característica em comum: foram pecados <strong>de</strong> informação. A maioria<<strong>br</strong> />
envolveu um especialista, ou uma gangue <strong>de</strong>les, para produzir<<strong>br</strong> />
informações falsas ou escon<strong>de</strong>r informações verda<strong>de</strong>iras. Em todos<<strong>br</strong> />
os casos os especialistas buscavam manter a assimetria das<<strong>br</strong> />
informações tão assimétrica quanto possível.<<strong>br</strong> />
Os agentes <strong>de</strong>sses atos, principalmente no domínio das altas<<strong>br</strong> />
finanças, apresentam invariavelmente esta <strong>de</strong>fesa: "Todo mundo faz<<strong>br</strong> />
isso." O <strong>que</strong> em gran<strong>de</strong> parte é verda<strong>de</strong>. Uma característica dos<<strong>br</strong> />
crimes <strong>de</strong> informação é <strong>que</strong> pouquíssimos são <strong>de</strong>tectados. Ao<<strong>br</strong> />
contrário dos crimes <strong>de</strong> rua, eles não <strong>de</strong>ixam atrás <strong>de</strong> si um cadáver<<strong>br</strong> />
ou uma janela <strong>que</strong><strong>br</strong>ada. Ao contrário do ladrão <strong>de</strong> <strong>br</strong>oas — ou<<strong>br</strong> />
seja, a<strong>que</strong>le <strong>que</strong> come uma das <strong>br</strong>oas <strong>de</strong> Paul Feldman sem pagar por<<strong>br</strong> />
ela —, o agente <strong>de</strong> um crime <strong>de</strong> informação não precisa temer<<strong>br</strong> />
alguém como Paul Feldman monitorando cada centavo. Para <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
tais crimes cheguem ao conhecimento público, algo dramático<<strong>br</strong> />
precisa acontecer. Quando isso ocorre, os resultados costumam ser<<strong>br</strong> />
alta-mente reve<strong>lado</strong>res. Os criminosos, afinal, não imaginavam <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
seus atos privados fossem se tornar públicos. Consi<strong>de</strong>remos as<<strong>br</strong> />
conversas telefônicas secretamente gravadas dos empregados da<<strong>br</strong> />
Enron, <strong>que</strong> vieram a público <strong>de</strong>pois <strong>que</strong> a empresa implodiu. Em<<strong>br</strong> />
uma <strong>de</strong>ssas conversas, no dia 5 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2000, dois especu<strong>lado</strong>res<<strong>br</strong> />
discutiam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um incêndio silvestre na Califórnia<<strong>br</strong> />
permitir <strong>que</strong> a Enron aumentasse os preços da sua energia elétrica.<<strong>br</strong> />
"A palavra mágica", diz um <strong>de</strong>les, "é Queime, Benzinho, Queime."<<strong>br</strong> />
Alguns meses mais tar<strong>de</strong>, uma dupla <strong>de</strong> funcionários da Enron,<<strong>br</strong> />
Kevin e Bob, discutiram a <strong>de</strong>cisão das autorida<strong>de</strong>s da Califórnia <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
fazer a empresa <strong>de</strong>volver os lucros in<strong>de</strong>vidos:<<strong>br</strong> />
KEVIN: Estão fazendo vocês <strong>de</strong>volverem a porra da grana? A<<strong>br</strong> />
grana <strong>que</strong> vocês roubaram das po<strong>br</strong>es vovozinhas da Califórnia?<<strong>br</strong> />
BOB: É, a vovó Millie, cara.
KEVIN: E agora ela <strong>que</strong>r <strong>de</strong> volta a porra da grana <strong>que</strong> pagou<<strong>br</strong> />
por a<strong>que</strong>la energia toda <strong>que</strong> vocês entubaram nela por $250 a<<strong>br</strong> />
porra do megawatt/h.<<strong>br</strong> />
Você acertou se concluiu <strong>que</strong> muitos especialistas usam contra<<strong>br</strong> />
você as informações <strong>que</strong> <strong>de</strong>têm. Eles <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do fato <strong>de</strong> <strong>que</strong> você<<strong>br</strong> />
não as possui. Ou <strong>que</strong> fica <strong>de</strong> tal forma confuso diante da<<strong>br</strong> />
complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> operá-las <strong>que</strong> acaba não sabendo o <strong>que</strong> fazer com<<strong>br</strong> />
elas. Ou, <strong>que</strong>, impressionado com a competência <strong>que</strong> <strong>de</strong>monstram,<<strong>br</strong> />
não ouse <strong>de</strong>safiá-los. Se um médico lhe recomendar uma<<strong>br</strong> />
angioplastia – embora algumas pesquisas hoje em dia indi<strong>que</strong>m <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
a angioplastia é pouco eficaz na prevenção <strong>de</strong> enfartes –, você<<strong>br</strong> />
provavelmente não suporá <strong>que</strong> ele esteja usando sua superiorida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
em termos <strong>de</strong> informação para conseguir uma boa grana para si<<strong>br</strong> />
próprio ou algum colega. Mas, como explicou David Hillis,<<strong>br</strong> />
cardiologista do Southwestern Medical Center da Universida<strong>de</strong> do<<strong>br</strong> />
Texas, em Dalas, ao The New York Times, um médico po<strong>de</strong> ter os<<strong>br</strong> />
mesmos incentivos econômicos <strong>que</strong> tem um ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> carros,<<strong>br</strong> />
um agente funerário ou um administrador <strong>de</strong> fundo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
investimentos: "Você é cirurgião-cardíaco e Joe Smith, o clínico<<strong>br</strong> />
local, lhe manda pacientes. Se começar a dizer a eles <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
procedimento não é necessário, em pouco tempo Joe Smith <strong>de</strong>ixará<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> lhe mandar pacientes."<<strong>br</strong> />
Munidos <strong>de</strong> informações, os especialistas po<strong>de</strong>m exercer uma<<strong>br</strong> />
pressão gigantesca, embora não-verbalizada: a do medo. Medo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> seus filhos <strong>de</strong>scu<strong>br</strong>am você morto <strong>de</strong> infarto no banheiro por<<strong>br</strong> />
não ter feito uma angioplastia. Medo <strong>de</strong> <strong>que</strong> um caixão barato<<strong>br</strong> />
con<strong>de</strong>ne sua avó a um <strong>de</strong>stino terrível <strong>de</strong>baixo da terra. Medo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> um carro <strong>de</strong> $25 mil seja <strong>de</strong>struído como um <strong>br</strong>in<strong>que</strong>do em<<strong>br</strong> />
um aci<strong>de</strong>nte, enquanto uni <strong>de</strong> $50 mil protegeria seus entes<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>ridos tal qual um escudo inviolável. O medo criado pelos<<strong>br</strong> />
especialistas comerciais talvez não rivalize com o medo gerado por<<strong>br</strong> />
terroristas como a Ku Klux Klan, mas o princípio é o mesmo.<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>remos uma transação <strong>que</strong>, à primeira vista, não parece<<strong>br</strong> />
amedrontadora: a venda da sua casa. O <strong>que</strong> há <strong>de</strong> assustador nisso?<<strong>br</strong> />
Além do fato <strong>de</strong> <strong>que</strong> a venda <strong>de</strong> uma casa costuma ser a maior
transação econômica da nossa vida, <strong>de</strong> <strong>que</strong> em geral temos pouca<<strong>br</strong> />
experiência em corretagem <strong>de</strong> imóveis e <strong>de</strong> <strong>que</strong> <strong>de</strong>senvolvemos<<strong>br</strong> />
um enorme apego emocional ao lugar on<strong>de</strong> moramos, existem no<<strong>br</strong> />
mínimo dois temores a nos pressionar: obter muito menos do <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
ela vale e não conseguir, <strong>de</strong> todo, vendê-la.<<strong>br</strong> />
No primeiro caso, teme-se fixar um preço baixo <strong>de</strong>mais; no<<strong>br</strong> />
segundo, fixar um preço alto <strong>de</strong>mais. A função do corretor,<<strong>br</strong> />
naturalmente, é <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir a meia-medida. Ele é a pessoa <strong>que</strong> possui<<strong>br</strong> />
to-das as informações: o valor <strong>de</strong> casas similares, a tendência atual<<strong>br</strong> />
das vendas, as oscilações do mercado <strong>de</strong> hipotecas e, <strong>que</strong>m sabe<<strong>br</strong> />
mesmo, a dica so<strong>br</strong>e um possível comprador. O ven<strong>de</strong>dor se<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>ra uma pessoa <strong>de</strong> sorte por ter como aliado nessa<<strong>br</strong> />
empreitada alta-mente complexa um especialista tão informado.<<strong>br</strong> />
Pena <strong>que</strong> o corretor veja as coisas <strong>de</strong> maneira bem diversa. Ele<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong> não consi<strong>de</strong>rar você um aliado e, sim, um alvo. Recor<strong>de</strong>mos o<<strong>br</strong> />
es<strong>tudo</strong> mencionado no início <strong>de</strong>ste livro, mostrando a diferença<<strong>br</strong> />
entre os preços <strong>de</strong> venda das casas dos próprios corretores e os das<<strong>br</strong> />
casas vendidas por eles em nome <strong>de</strong> clientes. O es<strong>tudo</strong> <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> um corretor mantém a própria casa no mercado, em média, 10<<strong>br</strong> />
dias mais, aguardando uma oferta melhor, e a ven<strong>de</strong> por um preço<<strong>br</strong> />
3% superior ao <strong>que</strong> aceita pela nossa – ou seja, $10 mil a mais na<<strong>br</strong> />
venda <strong>de</strong> uma casa <strong>de</strong> $300 mil. Trata-se<strong>de</strong> $10 mil <strong>que</strong> entram no<<strong>br</strong> />
bolso <strong>de</strong>le e <strong>que</strong> não entram no nosso, um lucro bacana resultante<<strong>br</strong> />
do abuso da informação e <strong>de</strong> uma precisa percepção dos<<strong>br</strong> />
incentivos. O problema é <strong>que</strong> o corretor obtém um lucro adicional<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> apenas $150 ao ven<strong>de</strong>r a casa do cliente por $10 mil a mais, o<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> não representa gran<strong>de</strong> recompensa para um bocado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
trabalho extra. Por isso, o trabalho <strong>de</strong>le consiste em convencer o<<strong>br</strong> />
cliente <strong>de</strong> <strong>que</strong> uma oferta <strong>de</strong> $300 mil é uma ótima oferta, generosa<<strong>br</strong> />
até, e <strong>que</strong> só um tolo a recusaria.<<strong>br</strong> />
Isso é algo <strong>de</strong>licado. Não fica bem para o corretor chamar<<strong>br</strong> />
você <strong>de</strong> bobo sem mais nem menos. Assim, ele simplesmente<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ixa implícita a observação, comentando, <strong>que</strong>m sabe, <strong>que</strong> uma<<strong>br</strong> />
casa muito maior, melhor e mais nova, no mesmo quarteirão, está<<strong>br</strong> />
à venda há mais <strong>de</strong> seis meses. Essa é a principal arma do
corretor: converter a informação em medo. Consi<strong>de</strong>remos a<<strong>br</strong> />
seguinte história, contada por John Donohue, um professor <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
direito <strong>que</strong> lecionava na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Stanford em 2001: "Eu<<strong>br</strong> />
estava comprando uma casa no campus", recorda-se ele, "e o<<strong>br</strong> />
corretor do ven<strong>de</strong>dor não parava <strong>de</strong> insistir em como era bom o<<strong>br</strong> />
negócio <strong>que</strong> eu ia fechar, já <strong>que</strong> o mercado estava prestes a<<strong>br</strong> />
disparar. Nem bem assinei a escritura, ele me perguntou se eu<<strong>br</strong> />
não precisava <strong>de</strong> um corretor para ven<strong>de</strong>r minha antiga casa na<<strong>br</strong> />
cida<strong>de</strong>. Respondi <strong>que</strong> provavelmente iria tentar vendê-la sozinho,<<strong>br</strong> />
ouvindo <strong>de</strong>le: 'John, isso talvez <strong>de</strong>sse certo em circunstâncias<<strong>br</strong> />
normais, mas com a <strong>que</strong>da atual do mercado, você vai realmente<<strong>br</strong> />
precisar <strong>de</strong> um corretor."<<strong>br</strong> />
Em cinco minutos, um mercado ascen<strong>de</strong>nte havia <strong>de</strong>sabado.<<strong>br</strong> />
Essas são as pérolas <strong>que</strong> <strong>br</strong>otam da cabeça <strong>de</strong> um corretor em<<strong>br</strong> />
busca <strong>de</strong> um novo negócio.<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>remos, agora, a história verídica do abuso <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
informações por parte <strong>de</strong> um corretor <strong>de</strong> imóveis. O fato se <strong>de</strong>u<<strong>br</strong> />
com K., gran<strong>de</strong> amigo <strong>de</strong> um dos autores <strong>de</strong>ste livro. K. <strong>que</strong>ria<<strong>br</strong> />
comprar uma casa, anunciada por $469 mil. Estava disposto a<<strong>br</strong> />
fazer uma proposta <strong>de</strong> $450 mil, mas primeiro ligou para a<<strong>br</strong> />
corretora do ven<strong>de</strong>dor, perguntando qual o valor mais baixo <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
ela achava <strong>que</strong> o dono aceitaria. A corretora foi logo reprovando<<strong>br</strong> />
tal conduta: "O senhor <strong>de</strong>via se envergonhar", disse ela. "Esta é<<strong>br</strong> />
uma clara violação da ética da corretagem imobiliária." K. se<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sculpou, e a conversa foi dirigida para outros assuntos. Dez<<strong>br</strong> />
minutos <strong>de</strong>pois, quando o telefonema já ia chegando ao fim, a<<strong>br</strong> />
corretora disse: "Só mais uma coisa. Meu cliente está disposto a<<strong>br</strong> />
ven<strong>de</strong>r a casa por muito menos do <strong>que</strong> o senhor imagina."<<strong>br</strong> />
Baseando-se nisso, K. ofereceu $425 mil pela casa, em lugar<<strong>br</strong> />
dos $450 mil <strong>que</strong> planejara inicialmente. No final, o ven<strong>de</strong>dor<<strong>br</strong> />
concordou em aceitar 430 mil. Graças à intervenção do seu próprio<<strong>br</strong> />
corretor, o ven<strong>de</strong>dor per<strong>de</strong>u, no mínimo, $20 mil. A corretora, por<<strong>br</strong> />
sua vez, per<strong>de</strong>u apenas $300 – uma quantia pe<strong>que</strong>na a pagar pela<<strong>br</strong> />
certeza <strong>de</strong> conseguir fechar o negócio com rapi<strong>de</strong>z e facilida<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
embolsando uma comissão líquida <strong>de</strong> $6.450.
Deduz-se, assim, <strong>que</strong> gran<strong>de</strong> parte da função <strong>de</strong> um corretor<<strong>br</strong> />
imobiliário é convencer o dono do imóvel a ven<strong>de</strong>r por menos do<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> gostaria e, ao mesmo tempo, dar a enten<strong>de</strong>r aos compradores<<strong>br</strong> />
potenciais <strong>que</strong> um imóvel po<strong>de</strong> ser adquirido por menos do <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
preço anunciado. Evi<strong>de</strong>ntemente, existem meios muito mais sutis<<strong>br</strong> />
para chegar a esse do <strong>que</strong> instruir diretamente o comprador a<<strong>br</strong> />
oferecer um valor baixo. O es<strong>tudo</strong> citado so<strong>br</strong>e corretores<<strong>br</strong> />
imobiliários também inclui dados <strong>que</strong> revelam como as agências<<strong>br</strong> />
fornecem informações através dos anúncios <strong>que</strong> publicam. Uma<<strong>br</strong> />
expressão como "em bom estado", por exemplo, é tão carregada <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
significado para um corretor quanto era "Sr. Ayak" para um mem<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />
da Ku Klux Klan: significa <strong>que</strong> uma casa é velha, mas não está caindo<<strong>br</strong> />
aos pedaços. Um comprador atento perceberá isso (ou virá a<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sco<strong>br</strong>i-lo quando vir a casa), mas para o idoso aposentado <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
está ven<strong>de</strong>ndo "em bom estado" provavelmente soará como um<<strong>br</strong> />
elogio, <strong>que</strong> é precisamente o <strong>que</strong> o corretor <strong>de</strong>seja.<<strong>br</strong> />
Uma análise da linguagem utilizada nos anúncios <strong>de</strong> imóveis<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>monstra <strong>que</strong> algumas palavras estão fortemente relacionadas ao<<strong>br</strong> />
preço final pelo qual uma casa é vendida. Isso não significa,<<strong>br</strong> />
necessariamente, <strong>que</strong> rotular uma casa <strong>de</strong> "em bom estado" resulte em<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> ela saia por menos do <strong>que</strong> um imóvel equivalente, mas indica<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> quando um corretor emprega o rótulo "em bom estado", ele está<<strong>br</strong> />
sutilmente encorajando um comprador a propor um valor baixo.<<strong>br</strong> />
A lista a seguir relaciona <strong>de</strong>z palavras normalmente empregadas<<strong>br</strong> />
em anúncios <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> imóveis. Cinco <strong>de</strong>las têm forte relação<<strong>br</strong> />
positiva com o preço final <strong>de</strong> venda e cinco têm forte relação<<strong>br</strong> />
negativa com o mesmo. Adivinhe, leitor, quais são umas e quais são<<strong>br</strong> />
as outras.<<strong>br</strong> />
Os <strong>de</strong>z termos freqüentes em anúncios <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> imóveis<<strong>br</strong> />
Fantástico<<strong>br</strong> />
Granito<<strong>br</strong> />
Espaçoso<<strong>br</strong> />
Mo<strong>de</strong>rno
Corian*<<strong>br</strong> />
Charmoso<<strong>br</strong> />
Tábua Corrida<<strong>br</strong> />
Ótima Vizinhança<<strong>br</strong> />
Gourmet<<strong>br</strong> />
Urna casa "fantástica" certamente é fantástica o bastante para<<strong>br</strong> />
obter um preço alto, não? E <strong>que</strong> tal uma casa "charmosa" e "espaçosa"<<strong>br</strong> />
numa "ótima vizinhança"? Não, não, e não! Aí vai o resultado:<<strong>br</strong> />
Os cinco termos relacionados a preços <strong>de</strong> venda mais altos<<strong>br</strong> />
Granito<<strong>br</strong> />
Mo<strong>de</strong>rno<<strong>br</strong> />
Corian<<strong>br</strong> />
Tábua corrida<<strong>br</strong> />
Gourmet<<strong>br</strong> />
Os cinco termos relacionados a preços <strong>de</strong> venda mais baixos<<strong>br</strong> />
Fantástico<<strong>br</strong> />
Espaçoso<<strong>br</strong> />
Charmoso<<strong>br</strong> />
Ótima Vizinhança<<strong>br</strong> />
Nenhum dos cinco termos relacionados a preços <strong>de</strong> venda mais<<strong>br</strong> />
altos correspon<strong>de</strong> a uma <strong>de</strong>scrição física da casa em si: granito,<<strong>br</strong> />
Corian e tábua corrida. Em matéria <strong>de</strong> informação, todos são<<strong>br</strong> />
específicos e diretos — logo, bastante úteis. Se você gosta <strong>de</strong> granito,<<strong>br</strong> />
provavelmente gostará da casa, mas ainda <strong>que</strong> ela não lhe agra<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
"granito" com certeza não sugere um preço inflacionado. O mesmo<<strong>br</strong> />
se aplica a "gourmet" ou "mo<strong>de</strong>rno", ambos aparentemente dando a<<strong>br</strong> />
enten<strong>de</strong>r <strong>que</strong> uma casa é, sob algum aspecto, realmente fantástica.<<strong>br</strong> />
_________________________<<strong>br</strong> />
* Nota <strong>de</strong> Editora: Superfície sólida para uso em móveis e ambientes.
Enquanto isso, "fantástico" e "charmoso" são adjetivos<<strong>br</strong> />
perigosamente ambíguos. Essas duas palavras parecem ser, no<<strong>br</strong> />
mundo da corretagem <strong>de</strong> imóveis, um código para indicar <strong>que</strong> uma<<strong>br</strong> />
casa não possui muitos atributos específicos <strong>que</strong> valham a pena ser<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>scritos. Casas "espaçosas", por sua vez, costumam ser <strong>de</strong>crépitas<<strong>br</strong> />
e pouco funcionais. "Ótima vizinhança" sugere ao comprador <strong>que</strong>,<<strong>br</strong> />
bem, esta casa não é lá gran<strong>de</strong> coisa, mas outras à sua volta são.<<strong>br</strong> />
Finalmente, um ponto <strong>de</strong> exclamação num anúncio <strong>de</strong> venda <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
imóvel é um péssimo sinal, uma <strong>de</strong>claração por escrito <strong>de</strong> <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
existem problemas por trás <strong>de</strong> um falso entusiasmo.<<strong>br</strong> />
Em compensação, se examinamos o <strong>que</strong> diz o anúncio da casa<<strong>br</strong> />
do próprio corretor, veremos enfatizados os termos <strong>de</strong>scritivos<<strong>br</strong> />
(so<strong>br</strong>e<strong>tudo</strong> "novo", "granito", "tábua corrida" e "pronta para<<strong>br</strong> />
morar") e não acharemos adjetivos vazios (incluídos aí<<strong>br</strong> />
"maravilhoso", "imacu<strong>lado</strong>" e o reve<strong>lado</strong>r "!"). Depois <strong>de</strong> anunciar, o<<strong>br</strong> />
corretor só precisa esperar pacientemente o melhor comprador<<strong>br</strong> />
aparecer. Talvez a este ele diga <strong>que</strong> uma casa vizinha acabou <strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />
vendida por $2 5 mil acima do preço pedido ou mencione um imóvel<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>, no momento, está sendo objeto <strong>de</strong> uma guerra <strong>de</strong> propostas,<<strong>br</strong> />
sempre cuidando <strong>de</strong> tirar o maior proveito possível da assimetria <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
informações <strong>que</strong> lhe é tão cara.<<strong>br</strong> />
O corretor imobiliário, porém — assim como o agente<<strong>br</strong> />
funerário, o ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> automóveis e as seguradoras —, também<<strong>br</strong> />
viu sua posição vantajosa ser comprometida pela Internet. Afinal,<<strong>br</strong> />
qual<strong>que</strong>r um <strong>que</strong> <strong>que</strong>ira ven<strong>de</strong>r um imóvel po<strong>de</strong> agora coletar<<strong>br</strong> />
informações online so<strong>br</strong>e a tendência das vendas, as avaliações e os<<strong>br</strong> />
custos da hipoteca. A informação foi liberada, e os dados recentes<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e vendas mostram o resultado disso. Os corretores imobiliários<<strong>br</strong> />
ainda obtêm um preço mais alto pelas próprias casas em<<strong>br</strong> />
comparação ao <strong>de</strong> imóveis similares pertencentes a clientes, mas a<<strong>br</strong> />
partir da proliferação dos sites <strong>de</strong> corretagem <strong>de</strong> imóveis, a<<strong>br</strong> />
diferença <strong>de</strong> preço <strong>de</strong> umas para os outros encolheu em um terço.<<strong>br</strong> />
Seria ingenuida<strong>de</strong> supor <strong>que</strong> as pessoas abusam do fato <strong>de</strong> serem<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>tentoras <strong>de</strong> informação apenas quando estão agindo como
especialistas ou comerciantes. Comerciantes e especialistas<<strong>br</strong> />
também são gente – o <strong>que</strong> sugere <strong>que</strong> provavelmente abusam da<<strong>br</strong> />
condição acima em suas vidas particulares, seja sonegando<<strong>br</strong> />
informações verda<strong>de</strong>iras ou "maquiando" a<strong>que</strong>las <strong>que</strong> <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />
passar adiante. Um corretor imobiliário po<strong>de</strong> se achar espertinho<<strong>br</strong> />
quando anuncia urna casa "em bom estado", mas todos nós temos<<strong>br</strong> />
espertezas equivalentes.<<strong>br</strong> />
Comparemos a forma como nos <strong>de</strong>screvemos numa entrevista<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> emprego com a <strong>que</strong> nos <strong>de</strong>screveríamos num primeiro<<strong>br</strong> />
encontro amoroso (ou, mais divertido ainda, comparemos a<<strong>br</strong> />
conversa nesse primeiro encontro com outra, com a mesma<<strong>br</strong> />
pessoa, no décimo ano <strong>de</strong> casamento). Ou pensemos em como<<strong>br</strong> />
agiríamos na primeira aparição em um programa <strong>de</strong> televisão em<<strong>br</strong> />
re<strong>de</strong> nacional. Que tipo <strong>de</strong> imagem você gostaria <strong>de</strong> passar?<<strong>br</strong> />
Talvez <strong>de</strong> inteligente, amável ou charmoso. Sem dúvida não lhe<<strong>br</strong> />
passa pela cabeça dar a impressão <strong>de</strong> ser mau ou preconceituoso.<<strong>br</strong> />
Quando a Ku Klux Klan estava no auge, seus mem<strong>br</strong>os sentiam<<strong>br</strong> />
<strong>org</strong>ulho em <strong>de</strong>preciar publicamente qual<strong>que</strong>r um <strong>que</strong> não fosse<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>anco, cristão e conserva-dor. De lá para cá, porém, o<<strong>br</strong> />
preconceito vem sendo gran<strong>de</strong>mente rechaçado (Stetson Kennedy,<<strong>br</strong> />
hoje com 88 anos, atribui tal evolução em parte à sua campanha<<strong>br</strong> />
"Frown Power" da<strong>que</strong>la época). Mesmo as <strong>de</strong>monstrações sutis<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> preconceito custam caro agora, quando ventiladas<<strong>br</strong> />
publicamente. Foi o <strong>que</strong> <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu Trent Lott, o lí<strong>de</strong>r da maioria<<strong>br</strong> />
no Senado americano, ao fazer um <strong>br</strong>in<strong>de</strong> a Strom Thurmond,<<strong>br</strong> />
um outro senador – sulista como ele – na festa do centésimo<<strong>br</strong> />
aniversário do partido. Em seu <strong>br</strong>in<strong>de</strong>, Lott fez menção à<<strong>br</strong> />
campanha presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> Thurmond nas eleições <strong>de</strong> 1948,<<strong>br</strong> />
montada so<strong>br</strong>e a segregação racial. O Mississipi – terra natal <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Lott – foi um dos quatro únicos estados a dar a vitória a<<strong>br</strong> />
Thurmond. "Temos <strong>org</strong>ulho disso", afirmou Lott para os<<strong>br</strong> />
convidados, " e se o restante do país tivesse nos seguido, não<<strong>br</strong> />
seríamos forçados a enfrentar os problemas surgidos ao longo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
todos esses anos." A sugestão <strong>de</strong> <strong>que</strong> Lott fosse <strong>de</strong>fensor da<<strong>br</strong> />
segregação <strong>de</strong>spertou ta-manha fúria <strong>que</strong> não lhe restou<<strong>br</strong> />
alternativa senão abdicar da li<strong>de</strong>-rança no Senado.
Mesmo sem ser uma pessoa pública, você <strong>de</strong>certo não iria <strong>que</strong>rer<<strong>br</strong> />
parecer preconceituoso em público. Haveria uma forma <strong>de</strong> testar o<<strong>br</strong> />
preconceito em um contexto público?<<strong>br</strong> />
Por mais improvável <strong>que</strong> pareça, o programa televisivo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
perguntas e respostas The Weakest Link* é um laboratório ímpar<<strong>br</strong> />
para o es<strong>tudo</strong> da discriminação. Importado da Grã-Bretanha, The<<strong>br</strong> />
Weakest Link <strong>de</strong>sfrutou por um <strong>br</strong>eve período <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
popularida<strong>de</strong> nos Estados Unidos. O jogo reúne oito concorrentes<<strong>br</strong> />
(seis, em uma posterior versão vespertina) <strong>que</strong> respon<strong>de</strong>m,<<strong>br</strong> />
individualmente, a perguntas triviais e concorrem a um único prêmio.<<strong>br</strong> />
No entanto, o jogador <strong>que</strong> respon<strong>de</strong> corretamente à maioria<<strong>br</strong> />
das perguntas não é, necessariamente, a<strong>que</strong>le <strong>que</strong> fica no jogo.<<strong>br</strong> />
Após cada rodada, os candidatos escolhem, um por um, outro<<strong>br</strong> />
para ser eliminado. Supostamente, a competência para respon<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />
perguntas triviais seria o único fator a consi<strong>de</strong>rar: raça, sexo e<<strong>br</strong> />
ida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>veriam fazer diferença. Mas será <strong>que</strong> fazem? Comparando-se<<strong>br</strong> />
os votos efetivamente dados por um concorrente e os<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> lhe teriam sido mais convenientes, é possível dizer se existe ou<<strong>br</strong> />
não discriminação.<<strong>br</strong> />
A estratégia dos votos muda à medida <strong>que</strong> o jogo avança. Nas<<strong>br</strong> />
primeiras rodadas, faz sentido eliminar maus jogadores, uma vez<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> o bolo do prêmio só cresce quando as perguntas são<<strong>br</strong> />
respondidas corretamente. Nas rodadas seguintes, o incentivo<<strong>br</strong> />
estratégico vira. A vantagem <strong>de</strong> engordar o prêmio é suplantada<<strong>br</strong> />
pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> cada concorrente <strong>de</strong> levá-lo para casa. E fácil chegar<<strong>br</strong> />
lá, se você elimina os outros bons jogadores. Assim, a grosso<<strong>br</strong> />
modo, o concorrente normalmente votaria para eliminar os piores<<strong>br</strong> />
jogadores nas primeiras rodadas e, nas rodadas finais, os melhores.<<strong>br</strong> />
A chave para avaliar os dados das votações <strong>de</strong> The Weakest Link<<strong>br</strong> />
é separar a competência <strong>de</strong> cada participante <strong>de</strong> sua raça, sexo e<<strong>br</strong> />
ida<strong>de</strong>. Se um jovem negro respon<strong>de</strong> corretamente um monte <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
perguntas, mas é eliminado logo, isso levaria a supor a existência<<strong>br</strong> />
_____________________________<<strong>br</strong> />
* Nota da Tradutora: Em português, "O Elo mais Fraco " .
<strong>de</strong> discriminação. Por outro <strong>lado</strong>, se uma mulher <strong>br</strong>anca madura<<strong>br</strong> />
não respon<strong>de</strong>u corretamente a uma pergunta se<strong>que</strong>r e ainda não<<strong>br</strong> />
foi eliminada, algum tipo <strong>de</strong> favoritismo discriminatório <strong>de</strong>ve estar<<strong>br</strong> />
presente.<<strong>br</strong> />
Ressaltemos, mais uma vez, <strong>que</strong> <strong>tudo</strong> <strong>que</strong> acontece é<<strong>br</strong> />
televisionado. Cada concorrente sabe <strong>que</strong> os amigos, a família e os<<strong>br</strong> />
colegas <strong>de</strong> trabalho estão assistindo. Então, <strong>que</strong>m são os<<strong>br</strong> />
discriminados – se é <strong>que</strong> existe discriminação – em The Weakest<<strong>br</strong> />
Link?<<strong>br</strong> />
Comprovadamente, não são os negros. Uma análise <strong>de</strong> mais<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 160 programas revela <strong>que</strong> os participantes negros, tanto no<<strong>br</strong> />
estágio inicial quanto no estágio final do jogo, são eliminados em<<strong>br</strong> />
quantida<strong>de</strong> proporcional à competência <strong>que</strong> <strong>de</strong>monstram para<<strong>br</strong> />
respon<strong>de</strong>r às perguntas. O mesmo é verda<strong>de</strong> com relação a<<strong>br</strong> />
participantes do sexo feminino. Até certo ponto, nenhuma das<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>scobertas surpreen<strong>de</strong>. Duas das campanhas sociais mais<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>rosas dos últimos 50 anos foram o movimento <strong>de</strong> direitos<<strong>br</strong> />
humanos e o movimento feminista, <strong>que</strong> <strong>de</strong>monizaram,<<strong>br</strong> />
respectivamente, a discriminação contra os negros e contra as<<strong>br</strong> />
mulheres.<<strong>br</strong> />
Vai ver, a discriminação foi, felizmente, erradicada ao longo<<strong>br</strong> />
do século XX, como aconteceu com a paralisia infantil.<<strong>br</strong> />
Ou <strong>que</strong>m sabe tenha ficado tão fora <strong>de</strong> moda discriminar certos<<strong>br</strong> />
grupos <strong>que</strong> todos, à exceção dos mais insensíveis, se esforçam para<<strong>br</strong> />
ao menos parecerem livres <strong>de</strong> preconceito, ao menos em público.<<strong>br</strong> />
Isso não significa o fim da discriminação em si, mas apenas <strong>que</strong> as<<strong>br</strong> />
pessoas têm vergonha <strong>de</strong> exibi-la. Como saber se a ausência <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
discriminação contra negros e contra mulheres representa uma<<strong>br</strong> />
ausência genuína da mesma ou tão-somente uma fachada? A<<strong>br</strong> />
resposta po<strong>de</strong> ser encontrada através da observação <strong>de</strong> outros<<strong>br</strong> />
grupos <strong>que</strong> a socieda<strong>de</strong> não protege tanto. Na verda<strong>de</strong>, os dados das<<strong>br</strong> />
votações do programa The Weakest Link indicam <strong>que</strong> dois tipos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
concorrentes são sistematicamente discriminados: os idosos e os<<strong>br</strong> />
hispânicos.<<strong>br</strong> />
Os economistas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m duas teorias para explicar a<<strong>br</strong> />
discriminação. Curiosamente, os participantes idosos do programa<<strong>br</strong> />
parecem se enquadrar em uma <strong>de</strong>las, enquanto os hispânicos se<<strong>br</strong> />
enquadram na outra. O tipo abordado na primeira é a chama-
da discriminação baseada no gosto pessoal, ou seja, alguém<<strong>br</strong> />
discrimina <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> pessoa simplesmente por<strong>que</strong><<strong>br</strong> />
prefere não interagir com ele. No da segunda teoria, conhecido<<strong>br</strong> />
como discriminação baseada na informação, alguém acredita <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
um outro tipo <strong>de</strong> pessoa é menos capaz, agindo <strong>de</strong> acordo com<<strong>br</strong> />
essa crença.<<strong>br</strong> />
No programa, os hispânicos são vítimas da discriminação<<strong>br</strong> />
baseada na informação. Os outros participantes os consi<strong>de</strong>ram<<strong>br</strong> />
maus jogadores, mesmo quando eles não o são. Essa sensação se<<strong>br</strong> />
traduz na eliminação dos hispânicos nas rodadas iniciais, ainda <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
eles estejam se saindo bem, e na não eliminação nas últimas<<strong>br</strong> />
rodadas, quando os outros candidatos optam por mantê-los no<<strong>br</strong> />
jogo para enfra<strong>que</strong>cer a concorrência.<<strong>br</strong> />
Os participantes idosos, por outro <strong>lado</strong>, são vítimas da<<strong>br</strong> />
discriminação baseada na preferência pessoal: nas rodadas iniciais e<<strong>br</strong> />
nas finais, eles são eliminados <strong>de</strong>sproporcionalmente à sua<<strong>br</strong> />
competência. E como se os outros –no programa a média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
é 34 anos – simplesmente não quisessem dividir o espaço com<<strong>br</strong> />
participantes mais velhos.<<strong>br</strong> />
É bem possível <strong>que</strong> o típico concorrente do The Weakest Link<<strong>br</strong> />
se<strong>que</strong>r se dê conta <strong>de</strong> seu preconceito contra hispânicos e idosos<<strong>br</strong> />
(ou, no caso dos negros e das mulheres, <strong>de</strong> sua falta <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
preconceito). Afinal, é <strong>de</strong> se esperar <strong>que</strong> ele esteja nervoso e<<strong>br</strong> />
excitado por participar <strong>de</strong> um jogo rápido diante das câmeras.<<strong>br</strong> />
Decorre naturalmente daí uma outra pergunta: como essa mesma<<strong>br</strong> />
pessoa expressaria suas preferências – provendo, assim,<<strong>br</strong> />
informações so<strong>br</strong>e si mesma – na privacida<strong>de</strong> do próprio lar?<<strong>br</strong> />
Todo ano, cerca <strong>de</strong> 40 milhões <strong>de</strong> americanos trocam informações<<strong>br</strong> />
íntimas so<strong>br</strong>e si mesmos com <strong>de</strong>sconhecidos. Tudo isso ocorre<<strong>br</strong> />
nos sites <strong>de</strong> encontro da Internet. Alguns <strong>de</strong>les, como o Match.<<strong>br</strong> />
com, e Harmony.com e Yahoo Singles, atraem um gran<strong>de</strong> público.<<strong>br</strong> />
Outros agradam a gostos mais específicos: Christian Singlcs.com,<<strong>br</strong> />
JDate.com, LatinMatcher.com, BlackSinglesConnection.com,<<strong>br</strong> />
CountryWesternSingles.com, USMilitarySingles.com, PlusSize-
Singles.com e Gay.com. Os sites <strong>de</strong> encontros são o melhor<<strong>br</strong> />
empreendimento por assinatura da Internet.<<strong>br</strong> />
Cada um <strong>de</strong>les opera <strong>de</strong> maneira ligeiramente diferente, mas a<<strong>br</strong> />
essência é esta: o assinante cria um anúncio <strong>de</strong> si mesmo <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
costuma incluir uma foto, informações básicas, nível <strong>de</strong> renda, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
educação, preferências e idiossincrasias e daí por diante. Se o<<strong>br</strong> />
anúncio fisgar alguém, esse alguém envia um e-mail para o<<strong>br</strong> />
anunciante <strong>de</strong> on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> <strong>br</strong>otar um encontro. Em vários sites, o<<strong>br</strong> />
assinante especifica seus objetivos: "relacionamento duradouro",<<strong>br</strong> />
"namoro passageiro" ou "pa<strong>que</strong>ra".<<strong>br</strong> />
Assim é <strong>que</strong> existem aqui duas volumosas camadas <strong>de</strong> dados a<<strong>br</strong> />
serem garimpadas: as informações <strong>que</strong> as pessoas incluem em seus<<strong>br</strong> />
anúncios e o grau <strong>de</strong> retorno gerado por <strong>de</strong>terminado anúncio.<<strong>br</strong> />
Cada camada <strong>de</strong> dados levanta suas próprias perguntas. No caso<<strong>br</strong> />
dos anúncios, quão diretas (e honestas) são as pessoas quando se<<strong>br</strong> />
trata <strong>de</strong> divulgar informações a respeito <strong>de</strong> si mesmas? E no caso do<<strong>br</strong> />
retorno, <strong>que</strong> tipo <strong>de</strong> informação nos anúncios é consi<strong>de</strong>rada a mais<<strong>br</strong> />
(e a menos) <strong>de</strong>sejável?<<strong>br</strong> />
Dois economistas e um psicólogo se reuniram recentemente<<strong>br</strong> />
para respon<strong>de</strong>r a essas perguntas. Ali Hortaçsu, Günter J. Hitsch e<<strong>br</strong> />
Dan Ariely analisaram os dados <strong>de</strong> um dos principais sites <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
encontros, direcionando seu foco para cerca <strong>de</strong> 30 mil usuários,<<strong>br</strong> />
meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>les em Boston e a outra meta<strong>de</strong> em San Diego. Cinqüenta<<strong>br</strong> />
e sete por cento <strong>de</strong>les eram homens, e a ida<strong>de</strong> média válida para<<strong>br</strong> />
todos os usuários era <strong>de</strong> 26 a 36 anos. Embora representassem uma<<strong>br</strong> />
miscigenação racial a<strong>de</strong>quada para se chegar a algumas conclusões<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e raça, eram predominantemente <strong>br</strong>ancos. Igualmente, eram<<strong>br</strong> />
mais ricos, altos, magros e bem-apessoados do <strong>que</strong> a média. Ao<<strong>br</strong> />
menos a confiar no <strong>que</strong> haviam escrito so<strong>br</strong>e si mesmos. Mais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
4% dos pa<strong>que</strong>radores online afirmavam ganhar mais <strong>de</strong> $200 mil<<strong>br</strong> />
por ano, embora menos <strong>de</strong> 1% <strong>de</strong> usuários da Internet<<strong>br</strong> />
efetivamente ganhe tanto, o <strong>que</strong> sugere <strong>que</strong> três em quatro <strong>de</strong>sses<<strong>br</strong> />
abonados tenham exagerado. Usuários <strong>de</strong> ambos os sexos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>clararam ser cerca <strong>de</strong> uma polegada mais altos <strong>que</strong> a média<<strong>br</strong> />
nacional. Quanto ao peso, o dos homens se mostrou em compasso<<strong>br</strong> />
com a média
nacional, enquanto as mulheres quase sempre se <strong>de</strong>claravam cerca<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> nove quilos abaixo do peso médio nacional.<<strong>br</strong> />
O mais notável é <strong>que</strong> 70% das mulheres afirmavam ser donas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> uma beleza "acima da média", incluídas aí 24% <strong>de</strong>las <strong>que</strong> se<<strong>br</strong> />
diziam "lindas". Os homens não ficavam atrás: 67% <strong>de</strong>screvem a si<<strong>br</strong> />
próprios como "acima da média", incluídos aí 21% "muito<<strong>br</strong> />
bonitos". Isso reduz a apenas 30% o percentual <strong>de</strong> usuários com<<strong>br</strong> />
aparência "média", incluído aí 1% com aparência "abaixo da média"<<strong>br</strong> />
— o <strong>que</strong> indica <strong>que</strong> o típico usuário dos sites <strong>de</strong> encontros seja ou<<strong>br</strong> />
um fantasista ou um narcisista ou meramente avesso ao significado<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> "médio" (<strong>que</strong>m sabe todos eles sejam simplesmente realistas:<<strong>br</strong> />
como qual<strong>que</strong>r corretor <strong>de</strong> imóveis sabe, a casa padrão não é<<strong>br</strong> />
"charmosa" nem "fantástica", mas a menos <strong>que</strong> ele a <strong>de</strong>screva<<strong>br</strong> />
assim, ninguém se<strong>que</strong>r se dará ao trabalho <strong>de</strong> ir vê-la). Vinte e oito<<strong>br</strong> />
por cento das mulheres no site disseram ser louras, um número<<strong>br</strong> />
bem acima da média nacional, o <strong>que</strong> indica a presença <strong>de</strong> muita<<strong>br</strong> />
tinta ou <strong>de</strong> muita mentira, se não <strong>de</strong> ambas.<<strong>br</strong> />
Alguns usuários, porém, mostraram-se estimulantemente<<strong>br</strong> />
honestos. Oito por cento dos homens — cerca <strong>de</strong> 1 em 12 —<<strong>br</strong> />
admitiram ser casados, sendo <strong>que</strong> meta<strong>de</strong> se <strong>de</strong>clarou "feliz no<<strong>br</strong> />
casamento". A honestida<strong>de</strong>, porém, não os faz temerários. Desses<<strong>br</strong> />
258 "bem casa-dos" da amostragem, apenas 9% optaram por juntar<<strong>br</strong> />
uma foto. O lucro <strong>de</strong> ganhar uma amante evi<strong>de</strong>ntemente foi<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sbancado pelo risco <strong>de</strong> ter o próprio anúncio <strong>de</strong>scoberto pela<<strong>br</strong> />
esposa. ("E o <strong>que</strong> você foi fazer nesse site?", o marido po<strong>de</strong>ria<<strong>br</strong> />
protestar, embora <strong>de</strong> nada fosse adiantar.)<<strong>br</strong> />
De todas as receitas para se dar mal em um site <strong>de</strong> encontros,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> juntar uma foto certamente é a mais infalível (não <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
foto precise ser, o<strong>br</strong>igatoriamente, do próprio; muitos usam a <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
um estranho mais bonito, mas tal feitiço em geral acaba virando<<strong>br</strong> />
contra o feiticeiro). Um homem <strong>que</strong> <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> incluir sua foto recebe<<strong>br</strong> />
apenas ¼ do volume da correspondência eletrônica enviada a outro<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> a inclua; no caso das mulheres, 1/6. Um homem <strong>de</strong> baixa renda,<<strong>br</strong> />
pouca instrução, insatisfeito no emprego, não muito atraente,<<strong>br</strong> />
ligeiramente acima do peso e careca <strong>que</strong> inclua sua foto tem mais<<strong>br</strong> />
chance
<strong>de</strong> receber alguns e-mails do <strong>que</strong> outro <strong>que</strong> <strong>de</strong>clare receber $200 mil<<strong>br</strong> />
e ser estonteantemente lindo, mas <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> incluir uma foto. Existem<<strong>br</strong> />
múltiplas razões para alguém não incluir uma foto — trata-se <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
dificulda<strong>de</strong> técnica, o freguês tem vergonha <strong>de</strong> ser flagra-do pelos<<strong>br</strong> />
amigos ou, simplesmente, é feio — mas, como no caso <strong>de</strong> um carro<<strong>br</strong> />
zero com a tabuleta <strong>de</strong> "ven<strong>de</strong>-se", os interessados concluirão <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
algo muito errado se escon<strong>de</strong> sob o capô.<<strong>br</strong> />
Arrumar um encontro não é fácil. Cinqüenta e sete por cento<<strong>br</strong> />
dos homens <strong>que</strong> põem anúncio não recebem se<strong>que</strong>r um e-mail; 23%<<strong>br</strong> />
das mulheres não obtêm uma única resposta. Por outro <strong>lado</strong>, as<<strong>br</strong> />
características <strong>que</strong> suscitam melhor retorno não surpreen<strong>de</strong>rão<<strong>br</strong> />
ninguém <strong>que</strong> conheça minimamente os dois sexos. Com efeito, as<<strong>br</strong> />
preferências expressas pelos pa<strong>que</strong>radores online combinam direitinho<<strong>br</strong> />
com os estereótipos mais comuns <strong>de</strong> homens e mulheres.<<strong>br</strong> />
Por exemplo, os homens <strong>que</strong> dizem <strong>que</strong>rer um relacionamento<<strong>br</strong> />
duradouro se saem muito melhor do <strong>que</strong> os <strong>que</strong> buscam um namoro<<strong>br</strong> />
passageiro. No entanto, as mulheres atrás <strong>de</strong> namoros passageiros<<strong>br</strong> />
dão-se maravilhosamente bem. Para os homens, a aparência da<<strong>br</strong> />
mulher é fundamental. Para as mulheres, a renda do homem é da<<strong>br</strong> />
maior importância. Quanto mais rico, mais e-mails um homem<<strong>br</strong> />
recebe. No caso das mulheres, ao contrário, o apelo da renda<<strong>br</strong> />
apresenta uma curva <strong>que</strong> sobe e <strong>de</strong>sce: os homens não <strong>que</strong>rem sair<<strong>br</strong> />
com mulheres <strong>que</strong> ganham pouco, mas quando elas começam a<<strong>br</strong> />
ganhar <strong>de</strong>mais, eles fogem apavorados. Os homens gostam <strong>de</strong> sair<<strong>br</strong> />
com estudantes, artistas, musicistas, veterinárias e cele<strong>br</strong>ida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
(evitando secretárias, aposentadas e integrantes das Forças Armadas<<strong>br</strong> />
e da policia). As mulheres preferem os militares, policiais e<<strong>br</strong> />
bombeiros (um possível resultado do "efeito 11 <strong>de</strong> setem<strong>br</strong>o", como<<strong>br</strong> />
aconteceu no caso do aumento <strong>de</strong> adimplência no negócio das <strong>br</strong>oas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Paul Feldman), bem como advogados e executivos financeiros. As<<strong>br</strong> />
mulheres evitam operários, atores, estudantes e homens <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
trabalham com comida ou com atendi-mento. Para os homens, ser<<strong>br</strong> />
baixo é uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>svantagem (o <strong>que</strong> talvez expli<strong>que</strong> por <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
tantos mentem nessa área), mas o peso não tem unta importância.<<strong>br</strong> />
Para as mulheres, ser gorda é mortal (o <strong>que</strong> explica por <strong>que</strong> elas<<strong>br</strong> />
mentem). Para um homem, ter cabelo vermelho
ou encaraco<strong>lado</strong> é ruim, assim como ser careca, mas <strong>tudo</strong> bem se a<<strong>br</strong> />
cabeça for raspada. Para uma mulher, cabelo grisalho é péssimo,<<strong>br</strong> />
enquanto ma<strong>de</strong>ixas louras são o máximo. No mundo da pa<strong>que</strong>ra<<strong>br</strong> />
eletrônica, uma cabeleira loura numa mulher vale mais ou menos o<<strong>br</strong> />
mesmo <strong>que</strong> um diploma universitário – e, com a tinta custando $100 e<<strong>br</strong> />
a anuida<strong>de</strong> acadêmica $100 mil, o preço é um bocado mais barato.<<strong>br</strong> />
Além <strong>de</strong> todas as informações so<strong>br</strong>e renda, instrução e<<strong>br</strong> />
aparência, homens e mulheres no site <strong>de</strong> encontros incluem a raça a<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> pertencem. Indicam, também, suas preferências com relação à<<strong>br</strong> />
raça <strong>de</strong> potenciais namorados. As duas respostas campeãs foram "a<<strong>br</strong> />
mesma <strong>que</strong> a minha" e "não faz diferença". Como os participantes<<strong>br</strong> />
do The Weakest Link, os usuários do site revelavam assim<<strong>br</strong> />
publicamente como se sentiam so<strong>br</strong>e pessoas diferentes <strong>de</strong>les.<<strong>br</strong> />
Viriam a expor suas reais preferências mais tar<strong>de</strong>, em e-mails<<strong>br</strong> />
confi<strong>de</strong>nciais para a<strong>que</strong>les com <strong>que</strong>m <strong>de</strong>sejassem marcar encontros.<<strong>br</strong> />
Cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> das mulheres <strong>br</strong>ancas no site e 80% dos<<strong>br</strong> />
homens <strong>br</strong>ancos <strong>de</strong>clararam <strong>que</strong> a raça não fazia diferença, mas os<<strong>br</strong> />
da-dos relativos às respostas contam uma outra história. Os homens<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ancos <strong>que</strong> afirmaram <strong>que</strong> a raça lhes era indiferente enviaram<<strong>br</strong> />
90% <strong>de</strong> seus e-mails <strong>de</strong> sondagem para mulheres <strong>br</strong>ancas. As<<strong>br</strong> />
mulheres <strong>br</strong>ancas <strong>que</strong> disseram não se importar com a raça<<strong>br</strong> />
mandaram 97% <strong>de</strong> seus e-mails <strong>de</strong> sondagem para homens <strong>br</strong>ancos.<<strong>br</strong> />
Será possível <strong>que</strong> a raça realmente não faça diferença para esses<<strong>br</strong> />
homens e mulheres <strong>br</strong>ancos e <strong>que</strong>, simplesmente, eles não tenham<<strong>br</strong> />
achado nenhum não-<strong>br</strong>anco <strong>que</strong> lhes interessasse? Ou será – o mais<<strong>br</strong> />
provável – <strong>que</strong> o fato <strong>de</strong> terem dito <strong>que</strong> a raça lhes era indiferente<<strong>br</strong> />
apenas signifi<strong>que</strong> <strong>que</strong> <strong>que</strong>iram parecer abertos – so<strong>br</strong>e<strong>tudo</strong> para<<strong>br</strong> />
companheiros da mesma raça?<<strong>br</strong> />
O abismo entre as informações publicamente divulgadas e as <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
sabemos serem genuínas costuma ser enorme (ou, para simplificar:<<strong>br</strong> />
dizemos uma coisa e fazemos outra). Isso po<strong>de</strong> ser visto nas relações<<strong>br</strong> />
afetivas, nas transações comerciais e, é claro, na política.<<strong>br</strong> />
A esta altura, estamos totalmente habituados às falsas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>clarações públicas dos políticos. Os eleitores, porém, também
mentem. Consi<strong>de</strong>remos uma disputa entre um candidato negro e<<strong>br</strong> />
um <strong>br</strong>anco. Será <strong>que</strong> os eleitores <strong>br</strong>ancos mentiriam aos<<strong>br</strong> />
pesquisadores <strong>de</strong> opinião, <strong>de</strong>clarando <strong>que</strong> vão votar no candidato<<strong>br</strong> />
negro <strong>de</strong> modo a parecerem mais isentos do <strong>que</strong> efetivamente são?<<strong>br</strong> />
Aparentemente, sim. Na eleição para a prefeitura <strong>de</strong> Nova York<<strong>br</strong> />
em 19B9, entre David Dinkins (um candidato negro) e Rudolph<<strong>br</strong> />
Giuliani (<strong>que</strong> é <strong>br</strong>anco), Dinkins venceu por apenas poucos<<strong>br</strong> />
pontos. Embora Dinkins tenha se tornado o primeiro prefeito<<strong>br</strong> />
negro da cida<strong>de</strong>, sua pe<strong>que</strong>na margem <strong>de</strong> vantagem surpreen<strong>de</strong>u,<<strong>br</strong> />
pois as pesquisas haviam lhe dado a vitória por quase 15 pontos.<<strong>br</strong> />
Quando o <strong>de</strong>fensor da supremacia <strong>br</strong>anca David Duke concorreu<<strong>br</strong> />
ao Senado americano em 1990, o número <strong>de</strong> votos <strong>que</strong> recebeu<<strong>br</strong> />
superou em quase 20% o previsto pelas pesquisas pré-eleitorais, o<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> indica <strong>que</strong> milhares <strong>de</strong> eleitores da Louisiana não quiseram<<strong>br</strong> />
admitir sua preferência por um candidato com pontos <strong>de</strong> vista<<strong>br</strong> />
racistas.<<strong>br</strong> />
Duke, embora nunca tenha alcançado o alto cargo político <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
tantas vezes buscou, provou ser um mestre no abuso <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
informações. Como Gran<strong>de</strong> Mago dos Cavaleiros da Ku Klux<<strong>br</strong> />
Klan, ele conseguiu compilar uma lista <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reços <strong>de</strong> milhares<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> mem<strong>br</strong>os e simpatizantes da Klan, <strong>que</strong> acabaram por constituir<<strong>br</strong> />
sua base política. Não contente <strong>de</strong> usar tal lista em proveito<<strong>br</strong> />
próprio, ven<strong>de</strong>u-a por $150 mil ao governador da Louisiana. Anos<<strong>br</strong> />
mais tar<strong>de</strong>, Duke voltaria a utilizar a lista, sugerindo a seus<<strong>br</strong> />
admiradores <strong>que</strong> atravessava uma época <strong>de</strong> vacas magras e precisava<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> doações. Graças a esse expediente, Duke levantou centenas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
milhares <strong>de</strong> dólares para prosseguir com seu trabalho em prol da<<strong>br</strong> />
supremacia <strong>br</strong>anca. Explicara a seus correligionários nas cartas<<strong>br</strong> />
enviadas <strong>que</strong> sua situação era tão difícil, <strong>que</strong> o banco vinha<<strong>br</strong> />
tentando retomar-lhe a casa.<<strong>br</strong> />
Na verda<strong>de</strong>, Duke já a ven<strong>de</strong>ra com bom lucro (não sabemos<<strong>br</strong> />
se usou ou não um corretor <strong>de</strong> imóveis), e a maior parte do<<strong>br</strong> />
dinheiro angariado não estava sendo usada para promover a<<strong>br</strong> />
supremacia <strong>br</strong>anca, mas para sustentar a jogatina, seu vício. Ele<<strong>br</strong> />
administrou essa rentável maracutaia até ser preso e mandado para<<strong>br</strong> />
a penitenciária fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Big Spring, no Texas.
Levitt se encaixa em todo lugar e em lugar nenhum. É uma borboleta intelectual<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> ninguém alfinetou (já lhe ofereceram um cargo na equipe económica <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Clinton, e a campanha eleitoral <strong>de</strong> 2000 <strong>de</strong> Bush convidou-o para dar consulto-ria<<strong>br</strong> />
na área criminal), mas <strong>que</strong> é assediada por todos. Ficou conhecido como mestre<<strong>br</strong> />
em soluções simples e inteligentes, sendo do tipo <strong>que</strong> nas comédias pastelão vê<<strong>br</strong> />
todos os engenheiros <strong>que</strong><strong>br</strong>ando a cabeça para fazer funcionar uma má-quina<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong><strong>br</strong>ada e se dá conta <strong>de</strong> <strong>que</strong> ninguém pensou em ligá-la na tomada.<<strong>br</strong> />
THE NEW YORK TIMES MAGAZINE, 3 DE AGOSTO DE 2003
Por <strong>que</strong> os traficantes<<strong>br</strong> />
3 continuam morando<<strong>br</strong> />
com as mães?<<strong>br</strong> />
Os dois capítulos anteriores partiram <strong>de</strong> uma dupla <strong>de</strong> perguntas<<strong>br</strong> />
assumidamente esdrúxulas: O <strong>que</strong> têm em comum professores e lutadores<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> sumô? e Em <strong>que</strong> a Ku Klux Klan se parece com os corretores <strong>de</strong> imóveis?<<strong>br</strong> />
No entanto, uma vez <strong>que</strong> façamos perguntas suficientes, por mais<<strong>br</strong> />
estranhas <strong>que</strong> pareçam no momento, acabamos por apren<strong>de</strong>r algo<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> valha a pena.<<strong>br</strong> />
O primeiro macete na formulação <strong>de</strong> perguntas é verificar se a<<strong>br</strong> />
nossa pergunta é boa. O simples fato <strong>de</strong> uma pergunta nunca ter sido<<strong>br</strong> />
feita antes não lhe confere qualida<strong>de</strong>. Gente inteligente vem<<strong>br</strong> />
perguntando há séculos, mas muitas perguntas <strong>que</strong> jamais foram feitas<<strong>br</strong> />
estão fadadas a receber respostas <strong>que</strong> não interessam a ninguém.<<strong>br</strong> />
Con<strong>tudo</strong>, se você for capaz <strong>de</strong> lançar uma pergunta so<strong>br</strong>e algo<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> realmente interessa e <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir uma resposta capaz <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
surpreen<strong>de</strong>r os interessados – ou seja, se conseguir virar do avesso a<<strong>br</strong> />
sabedoria convencional – po<strong>de</strong> ser <strong>que</strong> se dê bem.<<strong>br</strong> />
Foi John Kenneth Gal<strong>br</strong>aith, o superletrado mago da<<strong>br</strong> />
economia, <strong>que</strong> cunhou a expressão "sabedoria convencional". Ele<<strong>br</strong> />
não a consi<strong>de</strong>rava um elogio. "Associamos a verda<strong>de</strong> à<<strong>br</strong> />
conveniência", escreveu, "àquilo <strong>que</strong> mais intimamente combina<<strong>br</strong> />
com o interesse e o bem-estar pessoal ou <strong>que</strong> mais intensamente<<strong>br</strong> />
prometa evitar gran<strong>de</strong>s incômodos ou uma in<strong>de</strong>sejável reviravolta.<<strong>br</strong> />
Também
consi<strong>de</strong>ramos altamente aceitável aquilo <strong>que</strong> mais contribua para<<strong>br</strong> />
aumentar a auto-estima." O comportamento econômico e social,<<strong>br</strong> />
acrescentou Gal<strong>br</strong>aith, "é complexo, sendo mentalmente cansativo<<strong>br</strong> />
enten<strong>de</strong>r sua natureza. Por isso, nos agarramos, como se fosse a um<<strong>br</strong> />
bote, às idéias <strong>que</strong> representam o nosso ponto <strong>de</strong> vista".<<strong>br</strong> />
Assim é <strong>que</strong>, sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Gal<strong>br</strong>aith, a sabedoria<<strong>br</strong> />
convencional <strong>de</strong>ve ser simples, conveniente, cômoda e<<strong>br</strong> />
confortadora — embora não necessariamente verda<strong>de</strong>ira. Seria<<strong>br</strong> />
tolo argumentar <strong>que</strong> a sabedoria convencional nunca é verda<strong>de</strong>ira,<<strong>br</strong> />
mas perceber on<strong>de</strong> ela po<strong>de</strong> ser falsa — percebendo, <strong>que</strong>m sabe, os<<strong>br</strong> />
indícios <strong>de</strong> um raciocínio apressado ou interesseiro — é um bom<<strong>br</strong> />
ponto <strong>de</strong> partida para elaborar perguntas.<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>remos a recente história dos sem-teto nos Estados<<strong>br</strong> />
Unidos. No início dos anos 80, um advogado dos sem-teto<<strong>br</strong> />
chamado Mitch Sny<strong>de</strong>r começou a dizer <strong>que</strong> havia cerca <strong>de</strong> três<<strong>br</strong> />
milhões <strong>de</strong> americanos sem-teto. A opinião pública<<strong>br</strong> />
obedientemente tomou nota. Mais <strong>de</strong> uma em cada 100 pessoas<<strong>br</strong> />
não tinha moradia? Sem dúvida, era um número alto, mas... ora, foi<<strong>br</strong> />
dito por um especialista. Um problema até ali jacente<<strong>br</strong> />
repentinamente foi trazido à consciência nacional. Sny<strong>de</strong>r chegou a<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>por no Congresso so<strong>br</strong>e a magnitu<strong>de</strong> do mesmo. Dizem <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
também <strong>de</strong>clarou para uma platéia <strong>de</strong> universitários <strong>que</strong> 45 <strong>de</strong>sses<<strong>br</strong> />
sem-teto morriam a cada segundo — o <strong>que</strong> representaria o incrível<<strong>br</strong> />
total <strong>de</strong> 1,4 bilhão <strong>de</strong> sem-teto mortos a cada ano (a população dos<<strong>br</strong> />
Estados Unidos, na época, era <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 225 milhões <strong>de</strong> pessoas).<<strong>br</strong> />
Supondo-se <strong>que</strong> Sny<strong>de</strong>r tenha se expressado mal ou sido mal<<strong>br</strong> />
interpretado, <strong>que</strong>rendo dizer <strong>que</strong> um sem-teto morria a cada<<strong>br</strong> />
quarenta e cinco segundos, ainda te-ríamos 701 mil sem-teto mortos a<<strong>br</strong> />
cada ano — aproximadamente um terço <strong>de</strong> todas as mortes<<strong>br</strong> />
ocorridas em solo norte-americano. Hã... No final, pressionado<<strong>br</strong> />
quanto ao número <strong>de</strong> 3 milhões <strong>de</strong> sem-teto, Sny<strong>de</strong>r admitiu <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
inventara, dizendo ter sido tão as-sediado por jornalistas <strong>que</strong> lhe<<strong>br</strong> />
pediam para fixar um número, <strong>que</strong> terminou dando esse para os<<strong>br</strong> />
satisfazer.<<strong>br</strong> />
É triste, mas não surpreen<strong>de</strong> <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir <strong>que</strong> especialistas como<<strong>br</strong> />
Sny<strong>de</strong>r possam ser interesseiros a ponto <strong>de</strong> enganar os outros. Eles
não conseguem, porém, fazer isso sozinhos. Os jornalistas<<strong>br</strong> />
precisam tanto dos especialistas quanto os especialistas precisam<<strong>br</strong> />
dos jornalistas. Todo dia há jornais impressos e telejornais exigindo<<strong>br</strong> />
notícias, e um especialista capaz <strong>de</strong> produzir uma informação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
impacto é sempre bem-vindo. Trabalhando em conjunto, os<<strong>br</strong> />
jornalistas e os especialistas são os arquitetos da sabedoria<<strong>br</strong> />
convencional.<<strong>br</strong> />
A propaganda também é uma excelente ferramenta para criar a<<strong>br</strong> />
sabedoria convencional. O Listerine, por exemplo, foi inventado no<<strong>br</strong> />
século XIX como um eficiente anti-séptico cirúrgico. Mais tar<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
foi vendido, na forma <strong>de</strong>stilada, para limpar o chão e curar<<strong>br</strong> />
gonorréia. Porém, só se tomou um sucesso retumbante, nos anos<<strong>br</strong> />
20, quando foi louvado como solução para a "halitose crônica" –<<strong>br</strong> />
então um obscuro termo médico para mau hálito. Os novos<<strong>br</strong> />
anúncios do Listerine mostravam jovens dos dois sexos, ansiosos<<strong>br</strong> />
para casar, mas <strong>que</strong> perdiam essa vonta<strong>de</strong> diante do fétido hálito <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
seus parceiros. "Será <strong>que</strong> vou conseguir ser feliz com ele apesar<<strong>br</strong> />
disto?", perguntava-se uma mocinha casadoira. Até então, não se<<strong>br</strong> />
convencionara achar o mau hálito uma catástrofe <strong>de</strong> tamanha<<strong>br</strong> />
monta, mas o Listerine produziu uma mudança. Como escreveu o<<strong>br</strong> />
estudioso <strong>de</strong> propaganda James B. Twitchell: "O Listerine foi mais<<strong>br</strong> />
responsável por promover a halitose do <strong>que</strong> a higiene bucal." Em<<strong>br</strong> />
apenas sete anos, a receita da empresa subiu <strong>de</strong> $115 mil para mais<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> $8 milhões.<<strong>br</strong> />
Uma vez firmada, a sabedoria convencional é difícil <strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>rrubada. Paul Krugman, o colunista do The New York Times e<<strong>br</strong> />
crítico ferrenho <strong>de</strong> Ge<strong>org</strong>e W. Bush, <strong>de</strong>plorou esse fato por<<strong>br</strong> />
ocasião do lançamento da campanha <strong>de</strong> reeleição do presi<strong>de</strong>nte, no<<strong>br</strong> />
início <strong>de</strong> 2004: "O perfil aprovado do Sr. Bush o mostra como um<<strong>br</strong> />
sujeito franco, honesto e direto, e as piadas <strong>que</strong> se encaixam em tal<<strong>br</strong> />
imagem são divulgadas. Se, no entanto, a sabedoria convencional o<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>rasse uma farsa, um bebê mimado <strong>que</strong> finge ser um caubói,<<strong>br</strong> />
os jorna-listas teriam um bocado <strong>de</strong> material com <strong>que</strong> trabalhar."<<strong>br</strong> />
Nos meses <strong>que</strong> antece<strong>de</strong>ram a invasão americana do Ira<strong>que</strong><<strong>br</strong> />
em 2003, especialistas cujas opiniões se conflitavam faziam<<strong>br</strong> />
previsões diametralmente opostas com relação às armas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>struição em massa iraquianas. No entanto, assim como no caso<<strong>br</strong> />
das
"estatísticas" <strong>de</strong> Mitch Sny<strong>de</strong>r a respeito dos sem-teto, um dos <strong>lado</strong>s<<strong>br</strong> />
costuma ganhar a guerra da sabedoria convencional. Os <strong>de</strong>fensores<<strong>br</strong> />
dos direitos das mulheres, por exemplo, supervalorizaram a<<strong>br</strong> />
ocorrência <strong>de</strong> crimes sexuais, afirmando <strong>que</strong> uma em cada três<<strong>br</strong> />
americanas irá ser vítima <strong>de</strong> estupro ou <strong>de</strong> tentativa <strong>de</strong> estupro ao<<strong>br</strong> />
longo da vida (o número exato está mais para uma em oito, mas os<<strong>br</strong> />
militantes sabem <strong>que</strong> só um insensível viria a público <strong>que</strong>stionar tal<<strong>br</strong> />
afirmação). As pessoas <strong>que</strong> se esforçam para promover a cura <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
várias doenças terríveis freqüentemente fazem a mesma coisa. Por<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> não? Uma pe<strong>que</strong>na dose <strong>de</strong> mentira criativa é capaz <strong>de</strong> chamar a<<strong>br</strong> />
atenção, gerar indignação e — talvez o mais importante — angariar<<strong>br</strong> />
fundos e vonta<strong>de</strong> política para solucionar o problema.<<strong>br</strong> />
É evi<strong>de</strong>nte <strong>que</strong> um especialista — seja ele um <strong>de</strong>fensor dos<<strong>br</strong> />
direitos das mulheres, um assessor político ou um executivo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
agência <strong>de</strong> propaganda — em geral tem incentivos diferentes dos<<strong>br</strong> />
nossos. E os incentivos <strong>de</strong> um especialista po<strong>de</strong>m sofrer uma<<strong>br</strong> />
guinada <strong>de</strong> 180 graus, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da situação.<<strong>br</strong> />
Tomemos a polícia. Uma auditoria recente <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
polícia <strong>de</strong> Atlanta vinha <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> registrar um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ocorrências <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início dos anos 90. A prática aparentemente<<strong>br</strong> />
começou quando Atlanta foi candidata a sediar as Olimpíadas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
1996. A cida<strong>de</strong> precisava mudar sua imagem <strong>de</strong> violenta. E rápido.<<strong>br</strong> />
Por isso, a cada ano, milhares <strong>de</strong> crimes eram rebaixados <strong>de</strong> violentos<<strong>br</strong> />
para não-violentos ou simplesmente <strong>de</strong>scartados (a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong>ssa<<strong>br</strong> />
tentativa insistente — só em 2002, mais <strong>de</strong> 22 mil registros policiais<<strong>br</strong> />
sumiram —, Atlanta permanece como mem<strong>br</strong>o freqüente da lista das<<strong>br</strong> />
cida<strong>de</strong>s americanas mais violentas).<<strong>br</strong> />
Enquanto isso, a polícia <strong>de</strong> outras cida<strong>de</strong>s fez o caminho inverso<<strong>br</strong> />
ao longo dos anos 90. O repentino e violento surgimento do crack<<strong>br</strong> />
pôs as secretarias <strong>de</strong> segurança em todo o país a correr atrás <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
recursos. Elas <strong>de</strong>ixaram claro <strong>que</strong> a luta era <strong>de</strong>sigual: os traficantes<<strong>br</strong> />
tinham armas mo<strong>de</strong>rníssimas e uma inesgotável fonte <strong>de</strong> renda. A<<strong>br</strong> />
ênfase dada ao dinheiro ilícito revelou-se uma estratégia vencedora,<<strong>br</strong> />
pois nada melhor para enfurecer o povo cumpridor das leis do <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
imagem <strong>de</strong> um traficante <strong>de</strong> crack milionário. A mídia apegou-se
avidamente a essa história, <strong>de</strong>screvendo o tráfico <strong>de</strong> crack como um<<strong>br</strong> />
dos negócios mais lucrativos nos Estados Unidos.<<strong>br</strong> />
Con<strong>tudo</strong>, se qual<strong>que</strong>r um passasse apenas algumas horas nos<<strong>br</strong> />
conjuntos resi<strong>de</strong>nciais proletários on<strong>de</strong> o crack costuma ser vendido,<<strong>br</strong> />
perceberia algo curioso: não só a maioria dos traficantes <strong>de</strong>ssa droga<<strong>br</strong> />
ainda mora nesses conjuntos, como a maioria <strong>de</strong>les ainda resi<strong>de</strong> com<<strong>br</strong> />
a mãe. Aí, você talvez coçasse a cabeça, perguntando: "Por quê?"<<strong>br</strong> />
A resposta consiste em encontrar os dados corretos, e o<<strong>br</strong> />
segredo para isso costuma ser encontrar a pessoa certa. Falar é<<strong>br</strong> />
fácil, claro. Os traficantes <strong>de</strong> drogas raramente se formam em<<strong>br</strong> />
economia, e os economistas raramente se socializam com<<strong>br</strong> />
traficantes. Assim, a resposta para essa pergunta exige <strong>que</strong> se<<strong>br</strong> />
encontre alguém <strong>que</strong> tenha vivido entre os traficantes e conseguido<<strong>br</strong> />
sair <strong>de</strong>sse meio com os segredos <strong>de</strong> tal comércio.<<strong>br</strong> />
Sudhir Venkatesh — seus amigos <strong>de</strong> infância o chamavam <strong>de</strong> Sid,<<strong>br</strong> />
mas quando cresceu ele voltou a usar Sudhir — nasceu na Índia, foi<<strong>br</strong> />
criado nos arredores <strong>de</strong> Nova York e no Sul da Califórnia e se<<strong>br</strong> />
formou em matemática na Universida<strong>de</strong> da Califórnia em San<<strong>br</strong> />
Diego. Em 1989, foi tentar um Ph.D. em sociologia na<<strong>br</strong> />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago. Estava interessado em enten<strong>de</strong>r como os<<strong>br</strong> />
jovens constroem suas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s. Com essa finalida<strong>de</strong>, acabara <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
passar três meses acompanhando os Grateful Dead pelo país. O<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> não o interessava era o estafante trabalho <strong>de</strong> campo típico da<<strong>br</strong> />
sociologia.<<strong>br</strong> />
Seu orientador <strong>de</strong> tese, o eminente estudioso da po<strong>br</strong>eza<<strong>br</strong> />
William Julius Wilson, imediatamente mandou Venkatesh fazer<<strong>br</strong> />
pesquisa <strong>de</strong> campo. Sua incumbência: visitar os bairros negros mais<<strong>br</strong> />
po<strong>br</strong>es <strong>de</strong> Chicago com uma prancheta e um <strong>que</strong>stionário <strong>de</strong> 70<<strong>br</strong> />
perguntas <strong>de</strong> múltipla escolha. A primeira <strong>de</strong>las era:<<strong>br</strong> />
Como você se sente sendo negro e po<strong>br</strong>e?<<strong>br</strong> />
a. muito mal<<strong>br</strong> />
b. mal<<strong>br</strong> />
c. nem bem nem mal<<strong>br</strong> />
d. relativamente bem<<strong>br</strong> />
e. muito bem
Um dia, Venkatesh andou vinte quarteirões, da universida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
até um conjunto habitacional às margens do Lago Michigan, para<<strong>br</strong> />
realizar sua pesquisa. O conjunto a<strong>br</strong>igava três prédios <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>zesseis andares com fachadas <strong>de</strong> tijolos cinza-amare<strong>lado</strong>s.<<strong>br</strong> />
Venkatesh logo <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu <strong>que</strong> os nomes e en<strong>de</strong>reços <strong>que</strong> tinha<<strong>br</strong> />
estavam totalmente <strong>de</strong>fasados. Os prédios – con<strong>de</strong>nados – se<<strong>br</strong> />
encontravam praticamente abandonados. Algumas famílias<<strong>br</strong> />
moravam nos andares mais baixos, tendo feito "gatos" para se<<strong>br</strong> />
abastecer <strong>de</strong> luz e água, mas os elevadores não funcionavam, assim<<strong>br</strong> />
como não havia luz nas escadas. A tar<strong>de</strong> ia adiantada e, como era<<strong>br</strong> />
inverno, já estava escurecendo.<<strong>br</strong> />
Venkatesh, <strong>que</strong> apesar <strong>de</strong> sério, bonito e <strong>de</strong> boa estatura, não é<<strong>br</strong> />
anormalmente corajoso, havia subido até o sexto andar em busca<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> alguém disposto a respon<strong>de</strong>r seu <strong>que</strong>stionário, <strong>de</strong>parando-se, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
repente, com um grupo <strong>de</strong> adolescentes <strong>que</strong> jogava dados. Na<<strong>br</strong> />
verda<strong>de</strong>, a<strong>que</strong>la era uma gangue <strong>de</strong> jovens traficantes <strong>de</strong> crack <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
operava fora do prédio. Nenhum <strong>de</strong>les apreciou a invasão da<strong>que</strong>le<<strong>br</strong> />
estranho.<<strong>br</strong> />
"Es<strong>tudo</strong> na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago", gaguejou Venkatesh,<<strong>br</strong> />
recitando o script <strong>de</strong> recenseador, "e estou fazendo..." "Porra,<<strong>br</strong> />
crioulo, veio procurar o quê, aqui?"<<strong>br</strong> />
Na ocasião havia uma guerra <strong>de</strong> gangues em Chicago. Nos dias<<strong>br</strong> />
anteriores a violência escalara, com tiroteios constantes. Esta<<strong>br</strong> />
gangue, um ramo da Black Gangster Disciple Nation, obviamente<<strong>br</strong> />
estava tensa. Os rapazes não sabiam o <strong>que</strong> pensar <strong>de</strong> Venkatesh.<<strong>br</strong> />
Não <strong>que</strong> ele parecesse fazer parte <strong>de</strong> uma gangue rival, mas como<<strong>br</strong> />
saber se não era um "olheiro"? Sem dúvida, não se tratava <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
tira. Nem negro, nem <strong>br</strong>anco, o universitário não era propriamente<<strong>br</strong> />
ameaçador – armado apenas com sua prancheta –, mas também não<<strong>br</strong> />
parecia totalmente inofensivo. Graças aos três meses passados com<<strong>br</strong> />
os Grateful Dead, ele ainda dava a impressão, como diria mais<<strong>br</strong> />
tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong> "um autêntico pirado, com meu cabelo batendo na<<strong>br</strong> />
cintura".<<strong>br</strong> />
Os integrantes da gangue começaram a <strong>de</strong>bater o <strong>que</strong> fazer<<strong>br</strong> />
com Venkatesh. Deixá-lo ir embora? E se o cara, afinal, fosse<<strong>br</strong> />
correndo contar para a gangue rival on<strong>de</strong> ficava o ponto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
encontro
<strong>de</strong>les? Po<strong>de</strong>ria haver um ata<strong>que</strong> surpresa! Um garoto nervoso não<<strong>br</strong> />
parava <strong>de</strong> agitar alguma coisa para lá e para cá na mão – à luz<<strong>br</strong> />
mortiça, Venkatesh acabou se dando conta <strong>de</strong> <strong>que</strong> era uma arma —<<strong>br</strong> />
e <strong>de</strong> resmungar: "Deixem ele comigo, <strong>de</strong>ixem ele comigo."<<strong>br</strong> />
Venkatesh foi ficando com muito, muito medo.<<strong>br</strong> />
O bando aumentou e ficou mais barulhento, até <strong>que</strong> surgiu<<strong>br</strong> />
um integrante mais velho, <strong>que</strong> arrancou a prancheta das mãos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Venkatesh. Quando viu o <strong>que</strong>stionário, fez uma cara <strong>de</strong> espanto.<<strong>br</strong> />
"Não consigo ler esta merda", disse ele.<<strong>br</strong> />
"E por<strong>que</strong> você não sabe ler", observou um dos adolescentes, e<<strong>br</strong> />
todos riram do gângster mais velho.<<strong>br</strong> />
O jovem mandou <strong>que</strong> Venkatesh lhe fizesse uma pergunta do<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>stionário. Venkatesh começou com a da sensação <strong>de</strong> ser negro<<strong>br</strong> />
e po<strong>br</strong>e. Recebeu uma saraivada <strong>de</strong> vaias, umas mais raivosas <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
outras. Como viria mais tar<strong>de</strong> a contar para seus colegas<<strong>br</strong> />
universitários, percebeu <strong>que</strong> as respostas <strong>de</strong> múltipla escolha da<<strong>br</strong> />
letra "a" até a letra "e" eram insuficientes. Com efeito, sabia<<strong>br</strong> />
agora, as respostas <strong>de</strong>veriam ser:<<strong>br</strong> />
a. muito mal<<strong>br</strong> />
b. mal<<strong>br</strong> />
c. nem bem nem mal<<strong>br</strong> />
d. bastante bem<<strong>br</strong> />
e. muito bem<<strong>br</strong> />
f. foda-se<<strong>br</strong> />
Justo quando as coisas estavam ficando pretas para Venkatesh,<<strong>br</strong> />
outro homem surgiu. Era J.T., o lí<strong>de</strong>r da gangue. J.T. quis saber a<<strong>br</strong> />
razão do tumulto. Em seguida, pediu para <strong>que</strong> Venkatesh lesse a<<strong>br</strong> />
pergunta do <strong>que</strong>stionário. Depois <strong>de</strong> ouvi-la, disse <strong>que</strong> não<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>ria respon<strong>de</strong>r por<strong>que</strong> não era negro.<<strong>br</strong> />
"Tudo bem", disse Venkatesh, "como se sente so<strong>br</strong>e ser afroamericano<<strong>br</strong> />
e po<strong>br</strong>e?"<<strong>br</strong> />
"Também não sou afro-americano, idiota. Sou um crioulo."<<strong>br</strong> />
Dali em diante, J.T. engatou uma aula taxonômica exaltada,
embora não inamistosa, so<strong>br</strong>e "crioulos" em comparação a "afroamericanos"<<strong>br</strong> />
em comparação a "negros". Quando acabou, fez-se<<strong>br</strong> />
um silêncio constrangido. Todos continuavam sem saber o <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
fazer com Venkatesh. J.T., <strong>que</strong> tinha pouco menos <strong>de</strong> 30 anos,<<strong>br</strong> />
havia esfriado os ânimos <strong>de</strong> seus subordinados, mas parecia não<<strong>br</strong> />
ter a intenção <strong>de</strong> interferir diretamente com a presa <strong>de</strong>les. A noite<<strong>br</strong> />
caiu e J.T. foi embora. "Ninguém sai daqui vivo", disse o<<strong>br</strong> />
adolescente nervoso <strong>que</strong> segurava a arma. "Você está sabendo<<strong>br</strong> />
disso, não é?"<<strong>br</strong> />
Com o passar das horas, os pivetes foram relaxando.<<strong>br</strong> />
Ofereceram a Venkatesh uma cerveja e, <strong>de</strong>pois, outras mais.<<strong>br</strong> />
Quando precisou fazer pipi, Venkatesh usou o mesmo lugar <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
eles usavam – a escada <strong>que</strong> levava ao andar <strong>de</strong> cima. J.T. apareceu<<strong>br</strong> />
algumas vezes ao longo da noite, mas não disse muita coisa. Raiou o<<strong>br</strong> />
dia e chegou a tar<strong>de</strong>. Vez por outra Venkatesh tentava abordar a<<strong>br</strong> />
pesquisa, mas os jovens traficantes <strong>de</strong> crack só riam e repetiam<<strong>br</strong> />
como eram idiotas a<strong>que</strong>las perguntas. Finalmente, quase 24 horas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tropeçar neles, Venkatesh foi liberado.<<strong>br</strong> />
Voltou para casa e tomou um banho. Estava aliviado, mas, ao<<strong>br</strong> />
mesmo tempo, curioso. Deu-se conta <strong>de</strong> <strong>que</strong> a maioria das<<strong>br</strong> />
pessoas, inclusive ele próprio, jamais havia parado para pensar<<strong>br</strong> />
como era o dia-a-dia <strong>de</strong> um bandido <strong>de</strong> gangue. Via-se agora<<strong>br</strong> />
ansioso para <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir direitinho como os Black Disciples<<strong>br</strong> />
operavam.<<strong>br</strong> />
Algumas horas mais tar<strong>de</strong>, Venkatesh resolveu voltar ao<<strong>br</strong> />
conjunto habitacional. A essa altura, já havia elaborado perguntas<<strong>br</strong> />
melhores para fazer.<<strong>br</strong> />
Tendo visto com os próprios olhos <strong>que</strong> o método<<strong>br</strong> />
convencional <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados era absurdo no caso em <strong>que</strong>stão,<<strong>br</strong> />
Venkatesh <strong>de</strong>cidiu jogar no lixo o <strong>que</strong>stionário e entrar na gangue<<strong>br</strong> />
como observador. Procurou J.T. e formulou sua proposta. J.T.<<strong>br</strong> />
achou <strong>que</strong> Venkatesh era um louco, na verda<strong>de</strong>ira acepção da<<strong>br</strong> />
palavra – um universitário <strong>que</strong>rendo ser amiguinho <strong>de</strong> uma gangue<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> crack? Ao mesmo tempo, admirou sua persistência. Na verda<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
J.T. também era formado – em administração. Ao sair da<<strong>br</strong> />
faculda<strong>de</strong>, fora trabalhar no Loop, no <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> marketing<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> uma
empresa <strong>que</strong> vendia móveis <strong>de</strong> escritório, mas se sentira tão peixefora-d'água<<strong>br</strong> />
– como um <strong>br</strong>anco trabalhando na se<strong>de</strong> da Afro Sheen,<<strong>br</strong> />
era o <strong>que</strong> dizia — <strong>que</strong> pedira <strong>de</strong>missão. No entanto, nunca havia<<strong>br</strong> />
es<strong>que</strong>cido o <strong>que</strong> apren<strong>de</strong>ra. Reconhecia a importância da coleta <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
da-dos e da busca <strong>de</strong> novos mercados e vivia atrás <strong>de</strong> melhores<<strong>br</strong> />
estratégias <strong>de</strong> gerenciamento. Em outras palavras, não era por acaso<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> J.T. li<strong>de</strong>rava essa gangue <strong>de</strong> crack. Fora talhado para ser chefe.<<strong>br</strong> />
Depois <strong>de</strong> muita conversai. J.T. prometeu a Venkatesh acesso<<strong>br</strong> />
irrestrito às operações da gangue, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>que</strong> lhe fosse garantido<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> veto so<strong>br</strong>e quais<strong>que</strong>r informações <strong>que</strong>, se publicadas,<<strong>br</strong> />
pu<strong>de</strong>ssem vir a criar problemas.<<strong>br</strong> />
Quando os prédios <strong>de</strong> tijolos encardidos à beira do lago foram<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>molidos, pouco tempo <strong>de</strong>pois da primeira visita <strong>de</strong> Venkatesh, a<<strong>br</strong> />
gangue se mudou para outro conjunto habitacional ainda mais ao<<strong>br</strong> />
sul da cida<strong>de</strong>. Durante os seis anos seguintes, Venkatesh<<strong>br</strong> />
praticamente morou ali. Sob a proteção <strong>de</strong> J.T., observou <strong>de</strong> perto<<strong>br</strong> />
os mem<strong>br</strong>os da gangue, no trabalho e no lar. Fez inúmeras<<strong>br</strong> />
perguntas. Vez por outra sua curiosida<strong>de</strong> irritava os pivetes, mas o<<strong>br</strong> />
mais comum era os garotos tirarem partido da sua disposição para<<strong>br</strong> />
ouvi-los. "Isto aqui é uma guerra, cara", um traficante lhe disse.<<strong>br</strong> />
"Todo dia o pessoal se vira pra so<strong>br</strong>eviver. A gente faz o <strong>que</strong> po<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Não temos alternativa, e se tiver <strong>que</strong> morrer, porra, é isso <strong>que</strong> os<<strong>br</strong> />
crioulos fazem pra pôr comida em casa."<<strong>br</strong> />
Venkatesh pulava <strong>de</strong> casa em casa, lavando louça e dormindo<<strong>br</strong> />
no chão. Comprava <strong>br</strong>in<strong>que</strong>dos para as crianças. Certa vez viu<<strong>br</strong> />
uma mulher usar o babador do filho para estancar o sangue <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
traficante adolescente baleado na sua frente. William Julius<<strong>br</strong> />
Wilson, no conforto da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago, pa<strong>de</strong>cia <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
pesa<strong>de</strong>los por conta do aluno.<<strong>br</strong> />
Ao longo dos anos, a gangue enfrentou guerras sangrentas e<<strong>br</strong> />
acabou sofrendo um processo fe<strong>de</strong>ral. Um integrante chamado<<strong>br</strong> />
Booty, uni posto abaixo <strong>de</strong> J.T., trouxe seu caso a Venkatesh: o<<strong>br</strong> />
restante da gangue o responsabilizava por ter dado causa ao<<strong>br</strong> />
indiciamento, e ele suspeitava <strong>que</strong> seria morto em <strong>br</strong>eve (e tinha<<strong>br</strong> />
razão). Antes, porém, precisava fazer uma penitência. Apesar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
toda
a conversa da gangue <strong>de</strong> <strong>que</strong> o tráfico <strong>de</strong> crack era inofensivo –<<strong>br</strong> />
chegavam a dizer <strong>que</strong> com isso o dinheiro negro não saía da<<strong>br</strong> />
comunida<strong>de</strong> negra —, Booty se sentia culpado. Queria <strong>de</strong>ixar como<<strong>br</strong> />
lega-do algo <strong>que</strong> pu<strong>de</strong>sse <strong>de</strong> alguma forma ajudar a geração<<strong>br</strong> />
seguinte. Entregou a Venkatesh uma pilha <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>rnos em espiral<<strong>br</strong> />
surrados, nas cores da gangue: azul e preto. Mi estava um registro<<strong>br</strong> />
completo <strong>de</strong> quatro anos <strong>de</strong> transações financeiras do bando. Sob a<<strong>br</strong> />
orientação <strong>de</strong> J.T., os livros haviam sido escrupulosamente<<strong>br</strong> />
escriturados: vendas, salários, dívidas e até mesmo os "seguros"<<strong>br</strong> />
pagos às famílias <strong>de</strong> integrantes assassinados.<<strong>br</strong> />
A princípio, Venkatesh nem <strong>que</strong>ria os ca<strong>de</strong>rnos. E se o FBI<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sco<strong>br</strong>isse <strong>que</strong> estavam com ele? Talvez fosse indiciado também.<<strong>br</strong> />
Além disso, o <strong>que</strong> faria com os dados? A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> sua formação<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> matemático, há muito já parara <strong>de</strong> pensar em números.<<strong>br</strong> />
Quando terminou seus es<strong>tudo</strong>s na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago,<<strong>br</strong> />
Venkatesh foi agraciado com um estágio <strong>de</strong> três anos na Society of<<strong>br</strong> />
Fellows <strong>de</strong> Harvard. O ambiente <strong>de</strong> discussões <strong>br</strong>ilhantes e bonomia<<strong>br</strong> />
— o lam<strong>br</strong>i das pare<strong>de</strong>s, o carrinho <strong>de</strong> bebidas <strong>que</strong> já pertencera a<<strong>br</strong> />
Oh-ver Wen<strong>de</strong>ll Holmes — maravilhou-o. Mesmo assim, volta e<<strong>br</strong> />
meia ele saía <strong>de</strong> Cam<strong>br</strong>idge, voltando e tomando a voltar para a<<strong>br</strong> />
gangue do crack em Chicago. A pesquisa <strong>de</strong> rua transformou<<strong>br</strong> />
Venkatesh numa espécie <strong>de</strong> aleijão. Quase todos os outros jovens<<strong>br</strong> />
Fellows eram intelectuais convictos <strong>que</strong> gostavam <strong>de</strong> discutir em<<strong>br</strong> />
grego.<<strong>br</strong> />
Um dos objetivos da socieda<strong>de</strong> era juntar estudiosos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
diversas áreas <strong>que</strong> <strong>de</strong> outra forma não teriam oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<<strong>br</strong> />
encontrar. Venkatesh logo <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu outro Fellow anômalo, <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
também <strong>de</strong>stoava do estereótipo da socieda<strong>de</strong>. Por acaso tratava-se<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> um economista <strong>que</strong>, ao invés <strong>de</strong> pensar gran<strong>de</strong>s idéias macro,<<strong>br</strong> />
preferia dar atenção a microcuriosida<strong>de</strong>s dissonantes. A<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> encabeçava sua lista. Em vista disso, com <strong>de</strong>z<<strong>br</strong> />
minutos <strong>de</strong> conversa, Sudhir Venkatesh contou a Steven Levitt a<<strong>br</strong> />
história dos ca<strong>de</strong>rnos em espiral <strong>de</strong> Chicago e os dois <strong>de</strong>cidiram<<strong>br</strong> />
escrever juntos uma tese. Seria a primeira vez <strong>que</strong> esses inestimáveis<<strong>br</strong> />
dados
financeiros viriam a cair nas mãos <strong>de</strong> um economista, permitindo<<strong>br</strong> />
uma análise <strong>de</strong> um empreendimento criminoso até então<<strong>br</strong> />
inexplorado.<<strong>br</strong> />
Afinal, como funcionava a gangue? Para falar francamente, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
maneira muito semelhante à da maioria das empresas americanas,<<strong>br</strong> />
embora nenhuma operação se assemelhasse mais à <strong>de</strong>la do <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
do McDonald's. Com efeito, se puséssemos o <strong>org</strong>anograma do<<strong>br</strong> />
McDonald's <strong>lado</strong> a <strong>lado</strong> com o dos Black Disciples, seria difícil<<strong>br</strong> />
diferenciá-los.<<strong>br</strong> />
A gangue em <strong>que</strong> Venkatesh penetrara era uma entre cerca <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
100 sucursais – verda<strong>de</strong>iros fran<strong>que</strong>ados – <strong>de</strong> uma <strong>org</strong>anização<<strong>br</strong> />
Black Disciples mais ampla. J.T., o lí<strong>de</strong>r com nível universitário <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
sua fran<strong>que</strong>ada, reportava-se a uma li<strong>de</strong>rança central <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
aproximadamente 20 homens, chamada, sem ironia, <strong>de</strong> Conselho<<strong>br</strong> />
(ao mesmo tempo em <strong>que</strong> mauricinhos <strong>br</strong>ancos se esforçavam<<strong>br</strong> />
para imitar a cultura rapper do gueto negro, os bandidos do gueto<<strong>br</strong> />
negro se esforçavam para imitar o modo executivo <strong>de</strong> pensar dos<<strong>br</strong> />
pais dos mauricinhos). J.T. entregava ao Conselho quase 20% <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
sua receita em troca do direito <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r crack numa área<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>marcada <strong>de</strong> 12 quarteirões. O resto do dinheiro ele dividia como<<strong>br</strong> />
quisesse.<<strong>br</strong> />
Três "executivos" se reportavam diretamente a J.T.: um "xerife"<<strong>br</strong> />
(<strong>que</strong> garantia a segurança dos mem<strong>br</strong>os da quadrilha), um<<strong>br</strong> />
tesoureiro (<strong>que</strong> tomava conta do patrimônio liquido) e um<<strong>br</strong> />
mensageiro (<strong>que</strong> levava ao fornecedor e <strong>de</strong>le recebia gran<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> droga e <strong>de</strong> dinheiro). Abaixo dos "executivos"<<strong>br</strong> />
ficavam os ven<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> rua, conhecidos como soldados. A meta<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> um soldado era um dia chegar a executivo. J.T. chegava a ter <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
25 a 75 soldados em sua folha <strong>de</strong> pagamento, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da época<<strong>br</strong> />
do ano (o outono era a melhor estação para o crack, sendo o verão e<<strong>br</strong> />
o Natal, períodos fracos) e do tamanho do território da gangue (<strong>que</strong><<strong>br</strong> />
em dado momento do<strong>br</strong>ou, quando os Black Disciples efetuaram<<strong>br</strong> />
uma encampação hostil dos domínios <strong>de</strong> uma gangue rival). No<<strong>br</strong> />
patamar mais baixo da <strong>org</strong>anização <strong>de</strong> J.T. podia haver até 200<<strong>br</strong> />
mem<strong>br</strong>os, conhecidos como a ralé. Esses não tinham nenhum<<strong>br</strong> />
vínculo empregatício, mas
pagavam contribuições à gangue — parte em troca <strong>de</strong> proteção contra<<strong>br</strong> />
gangues rivais e parte em troca da oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conseguir um<<strong>br</strong> />
emprego <strong>de</strong> soldado.<<strong>br</strong> />
Os quatro anos registrados nos livros do bando coinci<strong>de</strong>m com<<strong>br</strong> />
os anos <strong>de</strong> pico do boom do crack, e os negócios iam <strong>de</strong> vento em<<strong>br</strong> />
popa. O fran<strong>que</strong>ado J.T. quadruplicou sua receita nesse período. No<<strong>br</strong> />
primeiro ano, embolsou, em média, $18.500 por mês. No último, a<<strong>br</strong> />
receita foi <strong>de</strong> $68.400 mensais. Abaixo uma amostra da receita mensal<<strong>br</strong> />
no terceiro ano:<<strong>br</strong> />
Venda <strong>de</strong> drogas $24.800<<strong>br</strong> />
Contribuições 5.100<<strong>br</strong> />
Taxas <strong>de</strong> extorsão 2.100<<strong>br</strong> />
Total da receita mensal $32.000<<strong>br</strong> />
"Venda <strong>de</strong> drogas" representa exclusivamente o dinheiro do<<strong>br</strong> />
tráfico <strong>de</strong> crack. A gangue permitia <strong>que</strong> alguns mem<strong>br</strong>os da ralé<<strong>br</strong> />
ven<strong>de</strong>s-sem heroína em seus domínios, contra uma remuneração fixa<<strong>br</strong> />
por tal licença em lugar <strong>de</strong> uma fatia dos lucros. (Esse era um dinheiro<<strong>br</strong> />
não contabilizado nos livros, <strong>que</strong> ia direto para o bolso <strong>de</strong> J.T., <strong>que</strong>,<<strong>br</strong> />
provavelmente, também bebia em outras fontes.) Os $5.100 em<<strong>br</strong> />
contribuições vinham exclusivamente dos mem<strong>br</strong>os da ralé, já <strong>que</strong> os<<strong>br</strong> />
mem<strong>br</strong>os efetivos não as pagavam. As taxas <strong>de</strong> extorsão eram co<strong>br</strong>adas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> outros comerciantes <strong>que</strong> operavam nos domínios da quadrilha,<<strong>br</strong> />
incluídos aí os armazéns, as vans, os cafetões e ambulantes <strong>que</strong> vendiam<<strong>br</strong> />
mercadoria roubada ou consertavam carros na rua.<<strong>br</strong> />
Agora vejamos as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> J.T., excluídos os salários, para<<strong>br</strong> />
faturar a<strong>que</strong>les $32 mil mensais:<<strong>br</strong> />
Preço da droga no atacado $ 5.000<<strong>br</strong> />
Remuneração do Conselho 5.000<<strong>br</strong> />
Combatentes mercenários 1.300<<strong>br</strong> />
Armas 300<<strong>br</strong> />
Diversos 2.400<<strong>br</strong> />
Total <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas não-salariais mensais $14.000
Combatentes mercenários eram não-mem<strong>br</strong>os contratados<<strong>br</strong> />
por prazo curto para ajudar a gangue a lutar em guerras por<<strong>br</strong> />
território. O custo das armas é pe<strong>que</strong>no por<strong>que</strong> os Black<<strong>br</strong> />
Disciples mantinham um acordo com os traficantes <strong>de</strong> armas<<strong>br</strong> />
locais, segundo o qual lhes prestavam ajuda para operar na<<strong>br</strong> />
vizinhança em toca <strong>de</strong> armas com <strong>de</strong>sconto substancial ou mesmo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> graça. As <strong>de</strong>spesas diversas incluem honorários advocatícios,<<strong>br</strong> />
festas, subornos e "eventos comunitários" patrocinados pela<<strong>br</strong> />
gangue (os Black Disciples se esforçavam para serem vistos como<<strong>br</strong> />
um pilar <strong>de</strong> respeitabilida<strong>de</strong>, em vez <strong>de</strong> uma corja, pelos<<strong>br</strong> />
moradores do conjunto habitacional). As <strong>de</strong>spesas diversas<<strong>br</strong> />
também incluem os custos relacionados com assassinatos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
integrantes da gangue. O grupo não apenas custeava o funeral,<<strong>br</strong> />
como freqüentemente pagava uma soma equivalente a três anos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> salário à família da vítima. Venkatesh perguntou certa vez por<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> a quadrilha era tão generosa a esse respeito. "Que pergunta<<strong>br</strong> />
mais idiota!", foi a resposta. "Você já está conosco há todo esse<<strong>br</strong> />
tempo e ainda não enten<strong>de</strong>u <strong>que</strong> a família <strong>de</strong>les é a nossa família.<<strong>br</strong> />
Não po<strong>de</strong>mos abandoná-la. Conhece-mos essa gente da vida toda,<<strong>br</strong> />
cara. O luto <strong>de</strong>les é o nosso luto. A família merece respeito." Havia<<strong>br</strong> />
uma outra razão para o pagamento <strong>de</strong> benefícios em caso <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
morte: o temor da gangue <strong>de</strong> uma rejeição por parte da<<strong>br</strong> />
comunida<strong>de</strong> (o negócio <strong>de</strong>les era nitidamente <strong>de</strong>strutivo). Com<<strong>br</strong> />
algumas centenas <strong>de</strong> dólares aqui e ali, o bando acreditava<<strong>br</strong> />
comprar a boa vonta<strong>de</strong> dos vizinhos.<<strong>br</strong> />
O restante do dinheiro arrecadado ia para os integrantes, com<<strong>br</strong> />
J.T. em primeiro lugar. Abaixo o item do orçamento do bando <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
mais alegria proporcionava a J.T.:<<strong>br</strong> />
Lucro líquido mensal do lí<strong>de</strong>r $8.500<<strong>br</strong> />
A $8.500 por mês, o salário anual <strong>de</strong> J.T. chegava a cerca <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
$100 mil – livre <strong>de</strong> impostos, naturalmente, e sem incluir as várias<<strong>br</strong> />
quantias "por fora" embolsadas por ele, bem mais do <strong>que</strong> o salário<<strong>br</strong> />
recebido no curto período em <strong>que</strong> trabalhara num escritório do<<strong>br</strong> />
Loop. Observe-se <strong>que</strong> J.T. era apenas um <strong>de</strong> aproximadamente
100 lí<strong>de</strong>res do mesmo escalão operando na <strong>org</strong>anização dos Black<<strong>br</strong> />
Disciples. Assim é <strong>que</strong> havia realmente um punhado <strong>de</strong> traficantes<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> podia se dar ao luxo <strong>de</strong> levar uma vida abastada, ou – no caso<<strong>br</strong> />
do conselho diretor da gangue – extremamente abastada. Cada<<strong>br</strong> />
chefão chegava a receber $500 mil por ano (um terço <strong>de</strong>les, porém,<<strong>br</strong> />
acabava passando algum tempo na ca<strong>de</strong>ia, uma <strong>de</strong>svantagem <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
peso <strong>de</strong> uma profissão ilícita).<<strong>br</strong> />
Em resumo, os 120 ocupantes do topo da pirâmi<strong>de</strong> dos Black<<strong>br</strong> />
Disciples ganhavam muito bem. A pirâmi<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se assentavam,<<strong>br</strong> />
con<strong>tudo</strong>, era gigantesca. Utilizando a filial fran<strong>que</strong>ada <strong>de</strong> J.T. como<<strong>br</strong> />
metro – três executivos e cerca <strong>de</strong> 50 soldados –, aproximadamente<<strong>br</strong> />
5.300 homens trabalhavam para a<strong>que</strong>les 120 chefões. Além disso,<<strong>br</strong> />
contavam-se mais 20 mil mem<strong>br</strong>os nâo-remunerados, muitos <strong>de</strong>les<<strong>br</strong> />
sonhando com uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> efetivação, para o <strong>que</strong> se<<strong>br</strong> />
dispunham a pagar contribuições à gangue.<<strong>br</strong> />
Qual era o salário <strong>de</strong>sse emprego <strong>de</strong> sonho? Abaixo o total<<strong>br</strong> />
mensal da <strong>de</strong>spesa salarial <strong>de</strong> J.T. com os integrantes da sua gangue:<<strong>br</strong> />
Salário pago aos três executivos $2.100<<strong>br</strong> />
Salário pago a todos os soldados 7.400<<strong>br</strong> />
Total mensal <strong>de</strong> salários (fora o do lí<strong>de</strong>r)$9.500<<strong>br</strong> />
O gasto mensal total <strong>de</strong> J.T. com o pagamento <strong>de</strong> seus<<strong>br</strong> />
empregados, assim, superava em apenas $1.000 a sua remuneração<<strong>br</strong> />
oficial. A hora <strong>de</strong> J.T. valia $66. Em compensação, seus três<<strong>br</strong> />
executivos levavam para casa, cada um, $700 por mês, o <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
representa, aproximadamente, uma hora <strong>de</strong> $7. A dos soldados não<<strong>br</strong> />
passava <strong>de</strong> $3,30, ou seja, menos <strong>que</strong> o salário mínimo. Diante disso,<<strong>br</strong> />
a resposta à pergunta inicial – se os traficantes ganham tanto<<strong>br</strong> />
dinheiro, por <strong>que</strong> ainda moram com suas mães? – é <strong>que</strong>, à exceção<<strong>br</strong> />
dos carrões, eles não ganham muito, e não lhes resta alternativa<<strong>br</strong> />
senão morar com as mães. Para cada abastado, há centenas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
outros <strong>que</strong> ganham mal. Os 120 chefões da gangue dos Black<<strong>br</strong> />
Disciples representavam apenas 2,2% do total <strong>de</strong> mem<strong>br</strong>os, mas<<strong>br</strong> />
embolsavam bem mais <strong>que</strong> a meta<strong>de</strong> dos lucros.
Em outras palavras, uma gangue <strong>de</strong> crack funciona <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />
bem parecida ao mo<strong>de</strong>lo empresarial capitalista: é preciso estar<<strong>br</strong> />
próximo ao topo para ganhar um bom salário. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<<strong>br</strong> />
da retórica dos lí<strong>de</strong>res so<strong>br</strong>e a natureza familiar do negócio, os<<strong>br</strong> />
salários das gangues são tão <strong>de</strong>turpados quanto os do mundo<<strong>br</strong> />
corporativo americano. Um soldado <strong>de</strong> gangue tem muito em<<strong>br</strong> />
comum com o empregado do McDonald's <strong>que</strong> frita hambúrgueres<<strong>br</strong> />
ou com o estoquista <strong>de</strong> uma Wal-Mart. Na verda<strong>de</strong>, a maioria dos<<strong>br</strong> />
soldados <strong>de</strong> J.T. também tinha algum tipo <strong>de</strong> emprego lícito <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
salário mínimo para complementar seus parcos rendimentos ilícitos.<<strong>br</strong> />
O lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma outra gangue <strong>de</strong> crack disse uma vez a Venkatesh<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> podia perfeitamente pagar mais a seus soldados, mas isso não<<strong>br</strong> />
seria pru<strong>de</strong>nte. "Você tem a<strong>que</strong>le bando <strong>de</strong> crioulos abaixo <strong>de</strong> você<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>rendo o seu emprego, sacou? Você toma conta <strong>de</strong>les, mas<<strong>br</strong> />
também precisa mostrar <strong>que</strong> é o chefe, sacou? Tem sempre <strong>que</strong> vir<<strong>br</strong> />
em primeiro lugar, ou então não é lí<strong>de</strong>r. Se começar a levar prejuízo,<<strong>br</strong> />
eles passam a ver você como um fraco e um bosta."<<strong>br</strong> />
Além do baixo salário, os soldados trabalham em péssimas<<strong>br</strong> />
condições. Para começar, têm <strong>que</strong> ficar em pé numa esquina o dia<<strong>br</strong> />
todo fazendo negócio com drogados (os integrantes da gangue são<<strong>br</strong> />
seriamente aconselhados a não fazer uso do produto, conselho <strong>que</strong>,<<strong>br</strong> />
se necessário, é reforçado com surras). Os soldados também se<<strong>br</strong> />
arriscam a ser presos e, mais preocupante, a sofrer agressões. Com<<strong>br</strong> />
base nos <strong>de</strong>monstrativos financeiros e no restante da pesquisa <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Venkatesh, é possível levantar uma lista <strong>de</strong> ocorrências adversas<<strong>br</strong> />
encaradas pela gangue <strong>de</strong> J.T. ao longo dos quatro anos em <strong>que</strong>stão.<<strong>br</strong> />
O resultado é incrivelmente <strong>de</strong>so<strong>lado</strong>r. Se você fosse um integrante<<strong>br</strong> />
da gangue <strong>de</strong> J.T. durante todo esse período, aqui estão as situações<<strong>br</strong> />
típicas <strong>que</strong> teria enfrentado:<<strong>br</strong> />
Número <strong>de</strong> prisões 5,9<<strong>br</strong> />
Número <strong>de</strong> agressões não-fatais 2,4<<strong>br</strong> />
(excluídas as levadas a cabo pela própria gangue em virtu<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> infração às regras)<<strong>br</strong> />
Chance <strong>de</strong> ser morto 1 em 4
Uma chance em 4 <strong>de</strong> ser morto! Comparemos esses riscos<<strong>br</strong> />
com os <strong>de</strong> um cortador <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, profissão consi<strong>de</strong>rada a mais<<strong>br</strong> />
perigosa nos Estados Unidos pelo Departamento <strong>de</strong> Estatísticas<<strong>br</strong> />
do Trabalho. Em um período <strong>de</strong> quatro anos, um cortador <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ma<strong>de</strong>ira teria apenas 1 chance em 200 <strong>de</strong> morrer em <strong>de</strong>corrência<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> um aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trabalho. Ou comparemos os riscos do<<strong>br</strong> />
traficante <strong>de</strong> crack com a<strong>que</strong>les a <strong>que</strong> está exposto um prisioneiro<<strong>br</strong> />
no corre-dor da morte no Texas, <strong>que</strong> executa mais prisioneiros do<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> qual-<strong>que</strong>r outro estado americano. Em 2003, o Texas<<strong>br</strong> />
executou 24 prisioneiros — ou seja, apenas 5% dos quase 500<<strong>br</strong> />
ocupantes das celas no corredor da morte nesse período. Isso<<strong>br</strong> />
significa <strong>que</strong> a chance <strong>de</strong> morrer traficando crack num conjunto<<strong>br</strong> />
habitacional <strong>de</strong> Chicago é maior do <strong>que</strong> a enfrentada por um<<strong>br</strong> />
prisioneiro no corredor da mor-te no Texas.<<strong>br</strong> />
Então, se o tráfico <strong>de</strong> crack é a ativida<strong>de</strong> mais perigosa dos<<strong>br</strong> />
Estados Unidos, e se o salário é <strong>de</strong> apenas $3,30 a hora, por <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
diabos alguém escolheria esse emprego?<<strong>br</strong> />
Ora, pela mesma razão <strong>que</strong> leva uma garota bonita criada<<strong>br</strong> />
numa fazenda em Wisconsin a se mudar para Hollywood. Pela<<strong>br</strong> />
mesma razão <strong>que</strong> leva um zagueiro <strong>de</strong> futebol americano <strong>de</strong> time<<strong>br</strong> />
escolar a acordar às 5 da manhã para levantar peso. Todos eles<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>rem vencer em uma área altamente competitiva na qual, se<<strong>br</strong> />
você conseguir chegar ao topo, vai ganhar uma fortuna (sem falar<<strong>br</strong> />
nas perspectivas <strong>de</strong> glória e po<strong>de</strong>r).<<strong>br</strong> />
Para a garotada criada num conjunto habitacional da zona<<strong>br</strong> />
po<strong>br</strong>e <strong>de</strong> Chicago, traficar crack é uma profissão glamourosa. Para<<strong>br</strong> />
muitos <strong>de</strong>sses meninos, o emprego <strong>de</strong> chefe <strong>de</strong> quadrilha —<<strong>br</strong> />
altamente visível e lucrativo — era <strong>de</strong> longe o melhor <strong>que</strong> achavam<<strong>br</strong> />
possível almejar. Se tivessem sido criados em circunstâncias<<strong>br</strong> />
diversas, talvez pensassem em se tornar economistas ou escritores,<<strong>br</strong> />
mas no bairro em <strong>que</strong> a gangue <strong>de</strong> J.T. operava, a via para um<<strong>br</strong> />
emprego legítimo <strong>de</strong>cente era praticamente invisível. Cinqüenta e<<strong>br</strong> />
seis por cento das crianças da vizinhança viviam abaixo da linha da<<strong>br</strong> />
po<strong>br</strong>eza (em comparação a uma média nacional <strong>de</strong> 18%). Setenta e<<strong>br</strong> />
oito por cento vinham <strong>de</strong> lares <strong>de</strong> pais solteiros. Menos <strong>de</strong> 5% dos<<strong>br</strong> />
adultos
tinham nível universitário; 1 em 3 <strong>de</strong>les, no máximo, estava<<strong>br</strong> />
empregado. A renda média ali estava em torno <strong>de</strong> $15 mil anuais,<<strong>br</strong> />
bem menos <strong>que</strong> a meta<strong>de</strong> da média americana. Durante os anos em<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> Venkatesh morou com a gangue <strong>de</strong> J.T., com freqüência foi<<strong>br</strong> />
requisitado pelos soldados para ajudá-los a arrumar "um bom<<strong>br</strong> />
emprego " : o <strong>de</strong> ze<strong>lado</strong>r na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago.<<strong>br</strong> />
O problema do tráfico <strong>de</strong> crack é o mesmo <strong>que</strong> afeta todas as<<strong>br</strong> />
outras profissões glamourosas: um monte <strong>de</strong> gente competindo<<strong>br</strong> />
por um pe<strong>que</strong>no punhado <strong>de</strong> prêmios. Ganhar muito dinheiro na<<strong>br</strong> />
gangue do crack não era muito mais provável do <strong>que</strong> se tomar<<strong>br</strong> />
estrela do cinema para a matuta ou conseguir um lugar na liga<<strong>br</strong> />
principal para o zagueiro do time escolar. Os criminosos, porém,<<strong>br</strong> />
como todo mundo, são movidos a incentivos. Se o prêmio é<<strong>br</strong> />
suficientemente gran<strong>de</strong>, eles farão uma fila <strong>de</strong> do<strong>br</strong>ar o quarteirão<<strong>br</strong> />
na expectativa <strong>de</strong> uma chance. Na zona po<strong>br</strong>e <strong>de</strong> Chicago,<<strong>br</strong> />
candidatos a ven<strong>de</strong>r crack superavam em muito as esquinas<<strong>br</strong> />
disponíveis.<<strong>br</strong> />
Esses postulantes a barão da droga batiam <strong>de</strong> frente com uma<<strong>br</strong> />
lei trabalhista imutável: quando há muita gente disposta e apta a<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sempenhar uma função, raramente esse trabalho paga bem. Tal<<strong>br</strong> />
fator é um dos quatro <strong>que</strong> <strong>de</strong>terminam um salário. Os outros são a<<strong>br</strong> />
especialização <strong>que</strong> um emprego re<strong>que</strong>r, a insalu<strong>br</strong>ida<strong>de</strong> <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
caracteriza e a <strong>de</strong>manda pelos serviços <strong>que</strong> ele provê.<<strong>br</strong> />
O <strong>de</strong>licado equilí<strong>br</strong>io entre esses fatores ajuda a explicar por<<strong>br</strong> />
quê, por exemplo, a prostituta, em média, ganha mais do <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
ganha, em média, um arquiteto. Essa não é a impressão <strong>que</strong> temos.<<strong>br</strong> />
Acharíamos <strong>que</strong> o arquiteto é mais competente (na acepção mais<<strong>br</strong> />
corrente do termo) e mais instruído (também na acepção mais<<strong>br</strong> />
corrente do termo). No entanto, as meninas não crescem<<strong>br</strong> />
sonhando com a profissão <strong>de</strong> prostitutas, <strong>de</strong> modo <strong>que</strong> a oferta<<strong>br</strong> />
potencial <strong>de</strong> prostitutas é relativamente pe<strong>que</strong>na. Sua competência,<<strong>br</strong> />
embora não necessariamente "especializada", é exercida em um<<strong>br</strong> />
contexto muitíssimo especializado. O emprego é <strong>de</strong>sagradável e<<strong>br</strong> />
repulsivo em relação a, no mínimo, dois aspectos: a possibilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> convi-ver com a violência e a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> constituir uma<<strong>br</strong> />
família estável. E quanto à <strong>de</strong>manda? Digamos <strong>que</strong> é mais<<strong>br</strong> />
provável um
arquiteto contratar os serviços <strong>de</strong> uma prostituta do <strong>que</strong> vice-versa.<<strong>br</strong> />
Nas profissões glamourosas — cinema, esportes, música, moda —<<strong>br</strong> />
está presente uma dinâmica diferente. Mesmo nas indústrias <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
ficam em 2° lugar no <strong>que</strong>sito glamour, como editoras, agências <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
publicida<strong>de</strong> e a mídia em geral, multidões <strong>de</strong> jovens <strong>br</strong>ilhantes<<strong>br</strong> />
disputam empregos insignificantes <strong>que</strong> pagam mal e exigem<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>dicação irrestrita. Um editor-assistente ganhando $22 mil numa<<strong>br</strong> />
editora em Manhattan, um zagueiro <strong>de</strong> time escolar sem salário, e<<strong>br</strong> />
um traficante <strong>de</strong> crack adolescente recebendo $3,30 por hora estão<<strong>br</strong> />
no mesmo jogo, um jogo <strong>que</strong> mais se assemelha a um torneio.<<strong>br</strong> />
As regras <strong>de</strong> um torneio são diretas. E preciso começar <strong>de</strong> baixo<<strong>br</strong> />
para ter chance <strong>de</strong> chegar ao topo. (Assim como uma estrela da liga<<strong>br</strong> />
principal provavelmente jogou na segunda divisão e um Gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Dragão da Ku Klux Klan começou como insignificante ar<strong>que</strong>iro,<<strong>br</strong> />
um típico barão da droga <strong>de</strong>buta na profissão ven<strong>de</strong>ndo drogas numa<<strong>br</strong> />
esquina.) E preciso estar disposto a trabalhar duro e em longas<<strong>br</strong> />
jornadas em troca <strong>de</strong> salários inferiores à média. Para avançar no<<strong>br</strong> />
torneio, é indispensável <strong>de</strong>monstrar não apenas <strong>que</strong> se está acima da<<strong>br</strong> />
média, mas <strong>que</strong> se é espetacular (a maneira <strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacar, é claro,<<strong>br</strong> />
difere <strong>de</strong> profissão para profissão; enquanto J.T. certamente<<strong>br</strong> />
monitorava o volume <strong>de</strong> vendas <strong>de</strong> seus soldados, era a força da<<strong>br</strong> />
personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes <strong>que</strong> fazia a diferença — mais do <strong>que</strong> faria, por<<strong>br</strong> />
exemplo, para um astro do futebol). Finalmente, quando se chega à<<strong>br</strong> />
triste conclusão <strong>de</strong> <strong>que</strong> jamais se chegará ao topo, abandona-se o<<strong>br</strong> />
torneio (alguns insistem mais do <strong>que</strong> outros — basta ver os "atores"<<strong>br</strong> />
grisalhos servindo mesas em Nova York — mas, em geral, a<<strong>br</strong> />
mensagem é entendida logo).<<strong>br</strong> />
A maioria dos soldados <strong>de</strong> J.T. não mostrava disposição para<<strong>br</strong> />
continuar sendo soldado <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir <strong>que</strong> não estava<<strong>br</strong> />
progredindo. Principalmente quando começaram os tiroteios. Após<<strong>br</strong> />
vários anos relativamente tranqüilos, a gangue <strong>de</strong> J.T. se envolveu<<strong>br</strong> />
numa guerra territorial com uma quadrilha vizinha. Os tiroteios se<<strong>br</strong> />
tomaram um acontecimento diário. Para um soldado — o<<strong>br</strong> />
representante da gangue na rua — tal situação era particularmente
perigosa. A natureza do negócio exigia <strong>que</strong> os clientes o achassem<<strong>br</strong> />
com facilida<strong>de</strong> e rapi<strong>de</strong>z. Se ele se escon<strong>de</strong>sse da outra gangue, não<<strong>br</strong> />
ven<strong>de</strong>ria seu crack.<<strong>br</strong> />
Até a guerra das quadrilhas, os soldados <strong>de</strong> J.T. haviam se<<strong>br</strong> />
mostrado dispostos a compensar o risco e o baixo salário com a<<strong>br</strong> />
recompensa da promoção. No entanto, como <strong>de</strong>clarou um soldado a<<strong>br</strong> />
Vankatesh, eles agora <strong>que</strong>riam ser in<strong>de</strong>nizados pelo risco adicional:<<strong>br</strong> />
"Você ficaria por aqui enquanto rola essa zorra toda? Não ficaria,<<strong>br</strong> />
certo? Por isso, se <strong>que</strong>rem <strong>que</strong> eu arris<strong>que</strong> a minha vida, vão ter <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
pagar, cara. Vão ter <strong>que</strong> me pagar mais, por<strong>que</strong> não vale a pena ficar<<strong>br</strong> />
por aqui na hora <strong>de</strong>sta guerra."<<strong>br</strong> />
J.T. não quisera essa guerra. Para começar, ela o o<strong>br</strong>igou a pagar<<strong>br</strong> />
salários mais altos a seus soldados em razão do risco adicional. Pior<<strong>br</strong> />
do <strong>que</strong> isso era o fato <strong>de</strong> <strong>que</strong> a guerra <strong>de</strong> quadrilhas era ruim para os<<strong>br</strong> />
negócios. Se o Burger King e o McDonald's se envolvem numa<<strong>br</strong> />
guerra <strong>de</strong> preços para obter uma fatia maior do mercado, ambos<<strong>br</strong> />
parcialmente compensam em volume o <strong>que</strong> per<strong>de</strong>m em preço (e<<strong>br</strong> />
ninguém está sendo morto). No caso <strong>de</strong> uma guerra <strong>de</strong> gangues,<<strong>br</strong> />
porém, as vendas <strong>de</strong>sabam por<strong>que</strong> os clientes têm tanto medo da<<strong>br</strong> />
violência <strong>que</strong> não arriscam a sair em campo para comprar crack. Sob<<strong>br</strong> />
todos os aspectos, a guerra custou caro a J.T.<<strong>br</strong> />
Então, por <strong>que</strong> razão ele a <strong>de</strong>flagrou? Na verda<strong>de</strong>, não foi ele.<<strong>br</strong> />
Foram seus soldados. No final das contas, esse chefe do tráfico não<<strong>br</strong> />
exercia o controle <strong>que</strong> gostaria so<strong>br</strong>e seus subordinados. E isso<<strong>br</strong> />
por<strong>que</strong> seus incentivos e os <strong>de</strong>les eram diferentes.<<strong>br</strong> />
Para J.T. a violência era uma distração do negócio em <strong>que</strong>stão;<<strong>br</strong> />
teria preferido <strong>que</strong> seus subordinados jamais <strong>de</strong>ssem um único tiro.<<strong>br</strong> />
Para um soldado, con<strong>tudo</strong>, a violência tinha uma utilida<strong>de</strong>. Uma das<<strong>br</strong> />
poucas maneiras <strong>de</strong> um soldado se <strong>de</strong>stacar — e avançar no torneio<<strong>br</strong> />
— era provar sua coragem. Um matador angariava respeito, temor,<<strong>br</strong> />
comentários. O incentivo <strong>de</strong> um soldado consistia em fazer um<<strong>br</strong> />
nome; o <strong>de</strong> J.T., ao invés, era impedir <strong>que</strong> ele o fizesse. "Tentamos<<strong>br</strong> />
explicar a esses chinfrins <strong>que</strong> eles pertencem a uma <strong>org</strong>anização<<strong>br</strong> />
séria", disse ele certa vez a Vankatesh. "O negócio aqui não é matar.<<strong>br</strong> />
Eles vêem essas porras <strong>de</strong> filme e ficam achando <strong>que</strong> o legal
é sair por aí botando pra <strong>que</strong><strong>br</strong>ar. Só <strong>que</strong> não é. Você tem <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
apren<strong>de</strong>r a ser parte da <strong>org</strong>anização; não po<strong>de</strong> <strong>br</strong>igar o tempo<<strong>br</strong> />
todo. E ruim para os negócios."<<strong>br</strong> />
No final, J.T. se impôs. Supervisionou a expansão da gangue e<<strong>br</strong> />
promoveu uma nova era <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> relativa paz. J.T. era<<strong>br</strong> />
um vencedor. Ganhava bem por<strong>que</strong> muito pouca gente sabia fazer<<strong>br</strong> />
o <strong>que</strong> ele fazia. Era um sujeito alto, bonitão, inteligente e durão<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> tinha o dom <strong>de</strong> motivar os outros. Também era manhoso,<<strong>br</strong> />
nunca se arriscando a ser preso por portar armas ou dinheiro.<<strong>br</strong> />
Enquanto o restante da gangue vivia na miséria na casa das mães,<<strong>br</strong> />
J.T. possuía várias casas, várias mulheres e vários carros. Claro <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
contava com a formação <strong>de</strong> administrador e estava sempre<<strong>br</strong> />
tentando reforçar essa vantagem. Por essa razão havia exigido a<<strong>br</strong> />
escrituração no estilo empresarial, cujos livros acabaram indo<<strong>br</strong> />
parar nas mãos <strong>de</strong> Sudhir Venkatesh. Nenhum lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
quadrilha fran<strong>que</strong>ada jamais fizera isso. J.T. chegou, certa vez, a<<strong>br</strong> />
mostrar tal contabilida<strong>de</strong> ao conselho diretor para provar, como se<<strong>br</strong> />
houvesse necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> provas, seu pendor para os negócios.<<strong>br</strong> />
E <strong>de</strong>u certo. Depois <strong>de</strong> seis anos gerenciando sua gangue<<strong>br</strong> />
local, J.T. foi promovido, ganhando um lugar no Conselho. Estava<<strong>br</strong> />
com 34 anos. Havia vencido o torneio. Esse torneio, no entanto,<<strong>br</strong> />
tinha um "porém" <strong>que</strong> o mercado editorial, o esporte profissional<<strong>br</strong> />
e até mesmo a indústria cinematográfica não têm. Afinal, a venda<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> drogas é uma ativida<strong>de</strong> ilegal. Pouco tempo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> J.T. se<<strong>br</strong> />
tornar diretor, os Black Disciples sofreram um processo fe<strong>de</strong>ral<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> praticamente os tirou do mercado — o mesmo processo <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
levara o gângster chamado Booty a entregar os ca<strong>de</strong>rnos da<<strong>br</strong> />
contabilida<strong>de</strong> a Venkatesh — e J.T. foi con<strong>de</strong>nado à prisão.<<strong>br</strong> />
Abor<strong>de</strong>mos agora outra pergunta insólita: o <strong>que</strong> o crack <strong>de</strong> cocaína<<strong>br</strong> />
tem em comum com as meias <strong>de</strong> náilon?<<strong>br</strong> />
Em 1939, quando a DuPont apresentou ao mercado as meias<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> náilon, inúmeras americanas tiveram a sensação <strong>de</strong> <strong>que</strong> um<<strong>br</strong> />
milagre se produzira em seu benefício. Até então as meias eram
feitas <strong>de</strong> seda, um material <strong>de</strong>licado, caro e cada vez mais escasso.<<strong>br</strong> />
Em 1941, já haviam sido vendidos cerca <strong>de</strong> 64 milhões <strong>de</strong> pares <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
meias <strong>de</strong> náilon — um número <strong>de</strong> meias maior do <strong>que</strong> o <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
mulheres adultas nos Estados Unidos. Essas meias, <strong>que</strong> eram<<strong>br</strong> />
baratas e altamente atraentes, se tornaram praticamente um vício.<<strong>br</strong> />
A DuPont <strong>de</strong>ra a tacada com <strong>que</strong> todo mar<strong>que</strong>teiro sonha:<<strong>br</strong> />
levar classe às massas. Nesse aspecto, a invenção das meias <strong>de</strong> náilon<<strong>br</strong> />
foi muito semelhante à invenção do crack <strong>de</strong> cocaína.<<strong>br</strong> />
Nos anos 70, para uma pessoa chegada ao consumo <strong>de</strong> drogas<<strong>br</strong> />
nenhuma droga tinha mais classe do <strong>que</strong> a cocaína. Adorada pelos<<strong>br</strong> />
astros do rock e do cinema, jogadores <strong>de</strong> bas<strong>que</strong>te e <strong>de</strong> outros<<strong>br</strong> />
esportes com bola e até mesmo por um ou outro político, a cocaína<<strong>br</strong> />
era a droga do po<strong>de</strong>r e da ousadia. Era limpa, <strong>br</strong>anca e charmosa. A<<strong>br</strong> />
heroína era "pra baixo" e a maconha, anestesiante, mas a cocaína<<strong>br</strong> />
produzia uma bela "viagem".<<strong>br</strong> />
Em compensação, a cocaína também custava muito caro. E o<<strong>br</strong> />
"barato" produzido era <strong>de</strong> curta duração. Tudo isso levou seus<<strong>br</strong> />
usuários a tentarem aumentar a potência da droga, primeiramente<<strong>br</strong> />
por meio do freebasing — adicionando amônia e éter etílico fosse à<<strong>br</strong> />
cocaína hidroclorídrica ou à cocaína em pó e, <strong>de</strong>pois, a<strong>que</strong>cendo-a<<strong>br</strong> />
para liberar a "base" da cocaína. Mas esse era um processo perigoso.<<strong>br</strong> />
Como foi amplamente comprovado por Richard Pryor — <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
quase morreu fazendo uso <strong>de</strong>le —, é melhor <strong>de</strong>ixar a química com<<strong>br</strong> />
os químicos.<<strong>br</strong> />
Enquanto isso, os traficantes e aficcionados <strong>de</strong> cocaína em<<strong>br</strong> />
todo o país — e provavelmente no Caribe e na América do Sul —<<strong>br</strong> />
trabalhavam numa versão mais segura da cocaína <strong>de</strong>stilada.<<strong>br</strong> />
Desco<strong>br</strong>iram <strong>que</strong> o processo <strong>de</strong> misturar o pó da cocaína em uma<<strong>br</strong> />
panela com soda e água e em seguida reduzir o líquido resultava em<<strong>br</strong> />
pe<strong>que</strong>nas pedras <strong>de</strong> cocaína para ser fumada. O nome crack<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>rivou do som produzido pela soda durante o cozimento. Outros<<strong>br</strong> />
apelidos carinhosos viriam <strong>de</strong>pois: Rock, Kryptonite, Kiblles 'n<<strong>br</strong> />
Bits, Scrabble and Love. No início dos anos 80, a droga <strong>de</strong> classe<<strong>br</strong> />
ficou disponível para as massas. Agora, só faltavam duas coisas<<strong>br</strong> />
para fazer do crack um fenômeno: um fornecimento abundante
<strong>de</strong> cocaína pura e uma fórmula para levar o novo produto ao<<strong>br</strong> />
gran<strong>de</strong> mercado.<<strong>br</strong> />
O abastecimento foi fácil, pois a invenção do crack coincidiu<<strong>br</strong> />
com uma superabundância <strong>de</strong> cocaína colombiana. No final dos<<strong>br</strong> />
anos 70, o preço da cocaína no atacado nos Estados Unidos caiu<<strong>br</strong> />
drasticamente, ao mesmo tempo em <strong>que</strong> o nível <strong>de</strong> pureza da droga<<strong>br</strong> />
crescia. Um emigrante nicaragüense chamado Oscar Danilo<<strong>br</strong> />
Blandon era suspeito <strong>de</strong> importar muito mais cocaína colombiana<<strong>br</strong> />
do <strong>que</strong> qual<strong>que</strong>r outra pessoa. Blandon realizou tantas transações<<strong>br</strong> />
com os novos traficantes <strong>de</strong> crack da zona po<strong>br</strong>e <strong>de</strong> Los Angeles <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
acabou ganhando o codinome <strong>de</strong> Johnny Rei do Crack. Tempos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>-pois, ele diria <strong>que</strong> traficava cocaína para levantar dinheiro para<<strong>br</strong> />
os Contras <strong>de</strong> sua terra natal, patrocinados pela CIA. Blandon<<strong>br</strong> />
gostava <strong>de</strong> afirmar <strong>que</strong> a CIA, em contrapartida, lhe dava<<strong>br</strong> />
cobertura nos Estados Unidos, permitindo <strong>que</strong> ele ven<strong>de</strong>sse<<strong>br</strong> />
cocaína impunemente. Tais <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong>tonaram a crença <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
ainda permanece até hoje, principalmente ente os negros urbanos,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> <strong>que</strong> a própria CIA era o principal patrocinador do comércio<<strong>br</strong> />
americano <strong>de</strong> crack.<<strong>br</strong> />
Investigar a veracida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa crença não faz parte do objetivo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ste livro. O <strong>que</strong> comprovadamente é verda<strong>de</strong> é o fato <strong>de</strong> <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
Oscar Danilo Blandon ajudou a criar um vínculo — entre os<<strong>br</strong> />
cartéis <strong>de</strong> cocaína colombianos e os comerciantes <strong>de</strong> crack<<strong>br</strong> />
internos — <strong>que</strong> para sempre mudaria a história americana. Ao<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>positar quantida<strong>de</strong>s maciças <strong>de</strong> cocaína nas mãos das gangues <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
rua, Blandon e outros como ele provocaram um boom <strong>de</strong>vastador<<strong>br</strong> />
do crack, dando a quadrilhas como a Black Gansgster Disciple<<strong>br</strong> />
Nation razão para existir.<<strong>br</strong> />
Des<strong>de</strong> <strong>que</strong> as cida<strong>de</strong>s existem, existem gangues <strong>de</strong> algum tipo.<<strong>br</strong> />
Nos Estados Unidos, elas têm sido uma espécie <strong>de</strong> casa <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
passagem para imigrantes recém-chegados. Nos anos 20, só<<strong>br</strong> />
Chicago a<strong>br</strong>igava mais <strong>de</strong> 1.300 gangues <strong>de</strong> rua, <strong>que</strong> englobavam<<strong>br</strong> />
todas as tendências éticas, políticas e criminosas imagináveis. Em<<strong>br</strong> />
geral, as gangues mostravam mais competência para arrumar <strong>br</strong>iga<<strong>br</strong> />
do <strong>que</strong> para arrumar dinheiro. Algumas se viam como<<strong>br</strong> />
empreendimentos comerciais e um punhado <strong>de</strong>las — mais do <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
todas, a
Máfia – efetivamente ganhava dinheiro (principalmente para os<<strong>br</strong> />
chefões). Em sua maioria, porém, esses gângsteres não passavam <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
"fichinhas", como se diz por aí.<<strong>br</strong> />
Em Chicago floresceram principalmente as gangues negras <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
rua, cujos integrantes nos anos 70 chegavam à casa das <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
milhares, e os crimes <strong>que</strong> cometiam – gran<strong>de</strong>s e pe<strong>que</strong>nos – eram<<strong>br</strong> />
responsáveis por empanar o viço das zonas urbanas. Pane do<<strong>br</strong> />
problema provinha do fato <strong>de</strong> <strong>que</strong> esses criminosos aparentemente<<strong>br</strong> />
nunca eram presos. Os anos 60 e 70 foram um ótimo período para<<strong>br</strong> />
os bandidos urbanos na maioria das cida<strong>de</strong>s americanas. A<<strong>br</strong> />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> punição era tão pe<strong>que</strong>na – esse foi o auge do sistema<<strong>br</strong> />
judicial liberal e do movimento pelos direitos dos criminosos – <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
não se pagava muito caro por cometer um crime.<<strong>br</strong> />
Nos anos 80, con<strong>tudo</strong>, os tribunais começaram a reverter<<strong>br</strong> />
radicalmente essa tendência. Os direitos dos criminosos foram<<strong>br</strong> />
limitados e os princípios norteadores das sentenças tornaram-se<<strong>br</strong> />
mais rígidos. Mais e mais gângsteres negros <strong>de</strong> Chicago eram<<strong>br</strong> />
manda-dos para as prisões fe<strong>de</strong>rais. Por uma feliz coincidência,<<strong>br</strong> />
alguns <strong>de</strong> seus companheiros <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia eram integrantes <strong>de</strong> gangues<<strong>br</strong> />
mexicanas com fortes laços com os traficantes colombianos. No<<strong>br</strong> />
passado, os gângsteres negros compravam a droga <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
intermediário, a Máfia – <strong>que</strong>, por acaso, estava comendo o pão <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
o diabo amassou por conta das novas leis antiextorsão do governo<<strong>br</strong> />
fe<strong>de</strong>ral. A época <strong>que</strong> o crack aportou em Chicago, porém, os<<strong>br</strong> />
gângsteres negros já haviam estabelecido conexões para comprar a<<strong>br</strong> />
cocaína diretamente dos traficantes colombianos.<<strong>br</strong> />
A cocaína nunca ven<strong>de</strong>ra bem no gueto: era cara <strong>de</strong>mais. Isso<<strong>br</strong> />
antes da invenção do crack. O novo produto se mostrou i<strong>de</strong>al para<<strong>br</strong> />
usuários <strong>de</strong> baixa renda. Por <strong>de</strong>mandar uma porção tão ínfima <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
cocaína pura, uma dose <strong>de</strong> crack custava uns poucos dólares. Seu<<strong>br</strong> />
intenso "barato" tomava o cére<strong>br</strong>o em apenas alguns segundos – e<<strong>br</strong> />
passava rápido, levando o usuário a <strong>que</strong>rer mais. Des<strong>de</strong> o início, o<<strong>br</strong> />
crack estava fadado a um enorme sucesso.<<strong>br</strong> />
E <strong>que</strong>m melhor para vendê-lo do <strong>que</strong> os milhares <strong>de</strong> integrantes<<strong>br</strong> />
juniores <strong>de</strong> todas a<strong>que</strong>las gangues <strong>de</strong> rua como a Black Gangster
Disciple Nation? Elas já dominavam o território – afinal, a<<strong>br</strong> />
proprieda<strong>de</strong> era a essência <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> – e eram<<strong>br</strong> />
suficientemente ameaçadoras para impedir <strong>que</strong> os clientes se<strong>que</strong>r<<strong>br</strong> />
pensassem em passá-las para trás. De uma hora para outra, a<<strong>br</strong> />
gangue urbana <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser um clube <strong>de</strong> pivetes e se transformou<<strong>br</strong> />
em genuíno empreendimento comercial.<<strong>br</strong> />
As gangues também ofereciam uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emprego a<<strong>br</strong> />
longo prazo. Até o advento do crack, era praticamente impossível<<strong>br</strong> />
ganhar a vida numa gangue <strong>de</strong> rua. Quando chegava a hora <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
pivete precisar sustentar uma família, ele era o<strong>br</strong>igado a pedir<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>missão. Não havia pivetes <strong>de</strong> 30 anos: a essa altura, ele estava<<strong>br</strong> />
num emprego legítimo, havia sido morto ou preso. Com o crack,<<strong>br</strong> />
porém, era possível ganhar dinheiro. Ao invés <strong>de</strong> seguir em frente e<<strong>br</strong> />
a<strong>br</strong>ir caminho para outros pivetes, os veteranos permaneciam.<<strong>br</strong> />
Essa mudança ocorreu exatamente quando o tipo antiquado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
emprego estável – principalmente os das fá<strong>br</strong>icas – estava<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>saparecendo. No passado, um negro semiqualificado em<<strong>br</strong> />
Chicago conseguia ganhar um salário <strong>de</strong>cente trabalhando numa<<strong>br</strong> />
fá<strong>br</strong>ica. Com essa opção escasseando, o tráfico <strong>de</strong> crack passou a<<strong>br</strong> />
ser mais sedutor ainda. Que dificulda<strong>de</strong> havia nisso? O troço<<strong>br</strong> />
viciava tanto <strong>que</strong> até um idiota conseguia vendê-lo.<<strong>br</strong> />
Quem estava ligando para o fato <strong>de</strong> <strong>que</strong> o jogo do crack era um<<strong>br</strong> />
torneio <strong>que</strong> somente uns poucos venciam? Quem estava ligando<<strong>br</strong> />
para o fato <strong>de</strong> ele ser tão perigoso – ficar em pé numa esquina,<<strong>br</strong> />
fazendo vendas rápidas e anônimas, como o McDonald's ven<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
hambúrgueres, sem saber coisa alguma so<strong>br</strong>e seus fregueses e temendo<<strong>br</strong> />
aparecer alguém para pren<strong>de</strong>r, roubar ou matar você?<<strong>br</strong> />
Quem estava ligando para o fato <strong>de</strong> <strong>que</strong> o produto vendido viciava<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> tal forma garotos, avós e padres a ponto <strong>de</strong> eles não pensarem<<strong>br</strong> />
senão em conseguir a próxima dose? Quem daria a mínima, se o<<strong>br</strong> />
crack matasse o bairro todo?<<strong>br</strong> />
Para os americanos negros, as quatro décadas a separar a<<strong>br</strong> />
Segunda Guerra Mundial do boom do crack foram marcadas pelo<<strong>br</strong> />
progresso constante e às vezes vertiginoso. Principalmente a partir<<strong>br</strong> />
da aprovação das leis dos direitos civis em meados dos anos 60, os
sinais visíveis <strong>de</strong> um progresso social criaram raiz entre os<<strong>br</strong> />
americanos negros. A diferença <strong>de</strong> renda entre negros e <strong>br</strong>ancos<<strong>br</strong> />
estava encolhendo, bem como o abismo entre as notas escolares<<strong>br</strong> />
das crianças negras e das <strong>br</strong>ancas. Talvez a maior vitória tenha se<<strong>br</strong> />
dado no terreno da mortalida<strong>de</strong> infantil. Até bem recentemente -<<strong>br</strong> />
1964 — uma criança negra tinha duas vezes mais possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
morrer do <strong>que</strong> uma <strong>br</strong>anca, muitas vezes <strong>de</strong> uma doença simples<<strong>br</strong> />
como diarréia ou pneumonia. Com os hospitais segregados, os<<strong>br</strong> />
serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dispensados a gran<strong>de</strong> parte dos pais negros<<strong>br</strong> />
equivalia aos do Terceiro Mundo. Isso mudou quando o governo<<strong>br</strong> />
fe<strong>de</strong>ral o<strong>br</strong>igou os hospitais a abandonar a segregação: em apenas<<strong>br</strong> />
sete anos, a taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crianças negras caiu para a<<strong>br</strong> />
meta<strong>de</strong>. Nos anos 80, praticamente todos os aspectos da vida<<strong>br</strong> />
haviam melhorado para os americanos negros, e o progresso não<<strong>br</strong> />
mostrava sinais <strong>de</strong> arrefecimento.<<strong>br</strong> />
Então surgiu o crack.<<strong>br</strong> />
Embora o uso do crack não tenha sido um fenômeno<<strong>br</strong> />
exclusivamente negro, ele atingiu a comunida<strong>de</strong> negra <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />
mais contun<strong>de</strong>nte do <strong>que</strong> qual<strong>que</strong>r outra. Essa constatação po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ser feita através da observação dos mesmos indicadores <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
progresso social citados acima. Após décadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio, a<<strong>br</strong> />
mortalida<strong>de</strong> infantil entre os negros começou a crescer<<strong>br</strong> />
drasticamente nos anos 80, bem como os índices <strong>de</strong> nascimento <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
bebês abaixo do peso e <strong>de</strong> abandono d e filhos pelos pais. A<<strong>br</strong> />
diferença no <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> crianças <strong>br</strong>ancas e negras aumentou.<<strong>br</strong> />
O número <strong>de</strong> negros mandados para prisão triplicou. O crack foi<<strong>br</strong> />
tão <strong>de</strong>strutivo <strong>que</strong> se o seu efeito for avaliado em relação a todos<<strong>br</strong> />
os americanos negros, e não apenas em relação aos usuários <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
crack e suas famílias, veremos <strong>que</strong> o progresso pós-guerra do<<strong>br</strong> />
grupo não só cessou por completo, como também, em muitos<<strong>br</strong> />
casos, retroce<strong>de</strong>u <strong>de</strong>z anos. Os americanos negros foram mais<<strong>br</strong> />
atingidos pelo crack <strong>de</strong> cocaína do <strong>que</strong> por qual<strong>que</strong>r outra causa<<strong>br</strong> />
isolada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Jim Crow.<<strong>br</strong> />
Para completar, surgiram os crimes. Num período <strong>de</strong> cinco<<strong>br</strong> />
anos, o índice <strong>de</strong> homicídios entre jovens negros urbanos<<strong>br</strong> />
quadruplicou. De repente ficou tão perigoso morar em certas zonas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Chicago, ou St. Louis, ou Los Angeles quanto morar em<<strong>br</strong> />
Bogotá.
A violência associada ao boom do crack era variada e<<strong>br</strong> />
implacável. Coincidiu com uma onda criminal americana ainda mais<<strong>br</strong> />
ampla <strong>que</strong> vinha se formando há duas décadas. Embora o<<strong>br</strong> />
crescimento <strong>de</strong>ssa onda em muito tenha precedido o advento do<<strong>br</strong> />
crack, a tendência foi <strong>de</strong> tal forma exacerbada por essa droga <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
levou os criminologistas a fazerem previsões apocalípticas. James<<strong>br</strong> />
Alan Fox, talvez o especialista mais citado na gran<strong>de</strong> imprensa,<<strong>br</strong> />
previu a iminência <strong>de</strong> um "banho <strong>de</strong> sangue" em conseqüência da<<strong>br</strong> />
violência juvenil.<<strong>br</strong> />
No entanto, Fox e outros arautos da sabedoria convencional<<strong>br</strong> />
estavam errados. O banho <strong>de</strong> sangue não se materializou. O índice<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>, na verda<strong>de</strong>, começou a cair – tão inesperada,<<strong>br</strong> />
consistente e drasticamente <strong>que</strong>, agora, com o distanciamento <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
vários anos, chega a ser difícil relem<strong>br</strong>ar o peso esmagador da<strong>que</strong>la<<strong>br</strong> />
onda <strong>de</strong> crimes.<<strong>br</strong> />
Qual a razão <strong>de</strong>ssa <strong>que</strong>da?<<strong>br</strong> />
Existem algumas, mas uma <strong>de</strong>las surpreen<strong>de</strong> mais do <strong>que</strong> as<<strong>br</strong> />
outras. Oscar Danilo Blandon, codinome Johnny Rei do Crack,<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong> ter sido o instigador um efeito cascata, em <strong>que</strong>, com suas<<strong>br</strong> />
ações, uma única pessoa inadvertidamente causa um mundo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
sofrimento. Mas, sem <strong>que</strong> ninguém, absolutamente ninguém, se<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sse conta, um outro notável efeito cascata – este na direção<<strong>br</strong> />
inversa – acabava <strong>de</strong> entrar no jogo.
Em seu trabalho a respeito do aborto, publicado em 2001, Levitt e seu co-autor<<strong>br</strong> />
John Donohue avisavam <strong>que</strong> suas <strong>de</strong>scobertas "não <strong>de</strong>veriam ser erroneamente<<strong>br</strong> />
interpretadas como um aval ao aborto nem como um pedido <strong>de</strong> intervenção por<<strong>br</strong> />
parte do Estado nas <strong>de</strong>cisões femininas quanto à fertilida<strong>de</strong>". Os dois chegaram a<<strong>br</strong> />
sugerir <strong>que</strong> o crime po<strong>de</strong>ria ser facilmente contornado, caso "fosse provi<strong>de</strong>nciado<<strong>br</strong> />
um ambiente melhor para as crianças expostas a maior risco <strong>de</strong> se torna-rem<<strong>br</strong> />
criminosas".<<strong>br</strong> />
Apesar <strong>de</strong> <strong>tudo</strong>, o assunto em si conseguiu ofen<strong>de</strong>r praticamente todo mundo.<<strong>br</strong> />
Os conservadores ficaram furiosos diante da tese <strong>de</strong> <strong>que</strong> o aborto pu<strong>de</strong>sse ser<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>rado uma ferramenta da luta contra o crime. Os liberais manifestaram <strong>de</strong>cepção<<strong>br</strong> />
com a "discriminação" contra as mulheres po<strong>br</strong>es e negras. Os economistas<<strong>br</strong> />
argumentaram <strong>que</strong> a metodologia <strong>de</strong> Levitt não era sólida. Enquanto a mídia se<<strong>br</strong> />
esbaldava com o tema aborto-criminalida<strong>de</strong>, Levitt foi diretamente atacado,
sendo chamado <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ólogo (tanto pelos conservadores quanto pelos liberais), <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
eugenicista, <strong>de</strong> racista e até mesmo <strong>de</strong> cruel.<<strong>br</strong> />
Na verda<strong>de</strong>, aparentemente, ele não é nada disso. Tem pouca simpatia pela<<strong>br</strong> />
política e menos ainda pelo moralismo. É genial, discreto e imperturbável, além <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
seguro sem ser arrogante. Não é capaz <strong>de</strong> disfarçara língua presa. Sua aparência<<strong>br</strong> />
é a <strong>de</strong> um sujeito superquadrado: camisa xadrez abotoada até o colarinho, calça<<strong>br</strong> />
cáqui com cinto <strong>de</strong> tressé e confortáveis mocassins marrons. Sua agenda <strong>de</strong> bolso<<strong>br</strong> />
traz o logotipo do Departamento Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Econômicas. "Seda ótimo<<strong>br</strong> />
se ele pu<strong>de</strong>sse cortar o cabelo mais <strong>de</strong> três vezes por ano", lamenta sua mulher,<<strong>br</strong> />
Jeannette, "e trocasse os óculos <strong>que</strong> vem usando há 15 anos e <strong>que</strong> se<strong>que</strong>r<<strong>br</strong> />
na<strong>que</strong>la época estavam na moda". Foi um bom g o s t a no secundário, mas<<strong>br</strong> />
acabou tão enferrujado <strong>que</strong> chama a si mesmo <strong>de</strong> "o ser humano mais frágil ainda<<strong>br</strong> />
vivo" e pe<strong>de</strong> à mulher <strong>que</strong> a<strong>br</strong>a as latas em casa.<<strong>br</strong> />
Em outras palavras, nada em sua aparência ou no seu comportamento sugere<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> ele seja um cospe fogo.<<strong>br</strong> />
THE NEW YORK TIMES MAGAZINE, 3 DE AGOSTO DE 2003
4<<strong>br</strong> />
On<strong>de</strong> foram parar todos<<strong>br</strong> />
os criminosos?<<strong>br</strong> />
Em 1966, um ano após se tornar o ditador comunista da Romênia,<<strong>br</strong> />
Nicolae Ceausescu <strong>de</strong>clarou ilegal o aborto. "O feto é proprieda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong>", afirmou ele. "Qual<strong>que</strong>r um <strong>que</strong> evite filhos é<<strong>br</strong> />
um <strong>de</strong>sertor <strong>que</strong> vira as costas às leis da continuida<strong>de</strong> nacional."<<strong>br</strong> />
Declarações tão grandiosas faziam parte do dia-a-dia do regime<<strong>br</strong> />
Ceausescu, pois seu plano-mestre – criar uma nação digna do Novo<<strong>br</strong> />
Homem Socialista – era uma o<strong>de</strong> à grandiosida<strong>de</strong>. Ceausescu<<strong>br</strong> />
construiu palácios para uso próprio enquanto perseguia e<<strong>br</strong> />
negligenciava o povo. Ao abandonar a agricultura em prol da<<strong>br</strong> />
industrialização, o<strong>br</strong>igou boa parte da população rural a se mudar<<strong>br</strong> />
para prédios sem calefação. Nomeou para cargos públicos 40<<strong>br</strong> />
parentes, inclusive a própria mulher, Elena, <strong>que</strong> exigiu 40 moradias e<<strong>br</strong> />
um farto esto<strong>que</strong> <strong>de</strong> peles e jóias. A Sra. Ceausescu, conhecida<<strong>br</strong> />
oficialmente como "a melhor mãe <strong>que</strong> a Romênia po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>sejar",<<strong>br</strong> />
não esbanjava instinto maternal. "Os vermes nunca se satisfazem,<<strong>br</strong> />
não importa quanta comida recebam <strong>de</strong> nós", disse ela quando os<<strong>br</strong> />
romenos se revoltaram contra a escassez <strong>de</strong> gêneros provocada pela<<strong>br</strong> />
má administração do marido. Em casa, gravava as conversas dos<<strong>br</strong> />
filhos para se assegurar <strong>de</strong> sua lealda<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
A proibição do aborto por Ceausescu visava a alcançar um <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
seus maiores objetivos: fortalecer rapidamente a Romênia através <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
um boom <strong>de</strong>mográfico. Até 1966, a Romênia praticara uma das
políticas mais liberais do mundo com relação ao aborto. Essa era,<<strong>br</strong> />
com efeito, a principal forma <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> natalida<strong>de</strong> vigente,<<strong>br</strong> />
com cinco abortos para cada nascimento com vida. Agora,<<strong>br</strong> />
praticamente da noite para o dia, o aborto estava proibido, salvo<<strong>br</strong> />
para as mães <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> quatro filhos e as ocupantes <strong>de</strong> cargos<<strong>br</strong> />
graduados no Partido Comunista. Proibiram-se, ao mesmo tempo,<<strong>br</strong> />
todos os métodos anticoncepcionais e a educação sexual. Agentes<<strong>br</strong> />
fe<strong>de</strong>rais sarcasticamente apelidados <strong>de</strong> Polícia Menstrual<<strong>br</strong> />
abordavam regularmente as mulheres em seus locais <strong>de</strong> trabalho<<strong>br</strong> />
para submetê-las a testes <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z. Uma mulher <strong>que</strong> passasse<<strong>br</strong> />
muito tempo sem engravidar era o<strong>br</strong>igada a pagar um alto<<strong>br</strong> />
"imposto <strong>de</strong> celibato".<<strong>br</strong> />
Os incentivos <strong>de</strong> Ceausescu produziram o resultado<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sejado. Um ano <strong>de</strong>pois da proibição do aborto, o índice <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
nascimentos na Romênia do<strong>br</strong>ou. Esses bebês nasceram em um<<strong>br</strong> />
país on<strong>de</strong>, a menos <strong>que</strong> se pertencesse ao clã Ceausescu ou à elite<<strong>br</strong> />
comunista, a vida era miserável. Tais crianças, porém, acabariam<<strong>br</strong> />
tendo uma vida especialmente miserável. Comparadas às crianças<<strong>br</strong> />
romenas nascidas apenas um ano antes, as hostes nascidas após o<<strong>br</strong> />
banimento do aborto viriam a se sair pior sob todos os aspectos<<strong>br</strong> />
possíveis: levariam piores notas na escola, teriam menos sucesso<<strong>br</strong> />
no mercado <strong>de</strong> trabalho e mostrariam, também, mais propensão a<<strong>br</strong> />
se tornar criminosas.<<strong>br</strong> />
A proibição do aborto vigorou até Ceausescu finalmente<<strong>br</strong> />
per<strong>de</strong>r o controle da Romênia. No dia 16 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1989,<<strong>br</strong> />
milhares <strong>de</strong> pessoas foram para as ruas <strong>de</strong> Timisoara protestar<<strong>br</strong> />
conta o seu regime corrosivo. Muitos manifestantes eram<<strong>br</strong> />
adolescentes e estudantes universitários. A polícia matou <strong>de</strong>zenas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>les. Um dos lí<strong>de</strong>res da oposição, um professor quarentão, disse<<strong>br</strong> />
mais tar<strong>de</strong> <strong>que</strong> fora instigado a protestar, apesar do medo, pela<<strong>br</strong> />
filha <strong>de</strong> 13 anos. "O mais interessante é <strong>que</strong> apren<strong>de</strong>mos com<<strong>br</strong> />
nossos filhos a não temer", disse ele. "A maioria tem entre 13 e 20<<strong>br</strong> />
anos." Poucos dias <strong>de</strong>pois do massacre <strong>de</strong> Timisoara, Ceausescu<<strong>br</strong> />
discursou em Bucareste para 100 mil pessoas. Novamente, os<<strong>br</strong> />
jovens mostraram sua força. Silenciaram Ceausescu aos gritos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
"Timisoara!" e "Abaixo os assassinos!" Sua hora chegara. Ele e<<strong>br</strong> />
Elena tentaram fugir do
país com $1 bilhão, mas foram presos, julgados sumariamente e, no<<strong>br</strong> />
dia <strong>de</strong> Natal, executados por um pelotão <strong>de</strong> fuzilamento.<<strong>br</strong> />
De todos os lí<strong>de</strong>res comunistas <strong>de</strong>postos nos anos próximos ao<<strong>br</strong> />
colapso da União Soviética, apenas Nicolae Ceausescu enfrentou<<strong>br</strong> />
uma morte violenta. Não se <strong>de</strong>ve es<strong>que</strong>cer <strong>que</strong> sua <strong>que</strong>da foi<<strong>br</strong> />
precipitada em gran<strong>de</strong> medida pela juventu<strong>de</strong> da Romênia — boa<<strong>br</strong> />
parte da qual, se o aborto não houvesse sido proibido, jamais teria<<strong>br</strong> />
nascido.<<strong>br</strong> />
A história do aborto na Romênia talvez pareça uma maneira<<strong>br</strong> />
estranha <strong>de</strong> começar a contar a história da criminalida<strong>de</strong> americana<<strong>br</strong> />
nos anos 90. Mas não é. De uma forma significativa, a história<<strong>br</strong> />
romena do abono é o avesso da imagem da história da<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> americana. O ponto <strong>de</strong> encontro <strong>de</strong> ambas foi a<strong>que</strong>le<<strong>br</strong> />
dia <strong>de</strong> Natal <strong>de</strong> 1989, quando Nicolae Ceausescu apren<strong>de</strong>u da<<strong>br</strong> />
maneira difícil — com uma bala na cabeça — <strong>que</strong> sua proibição ao<<strong>br</strong> />
abono tivera implicações muito mais profundas do <strong>que</strong> supunha.<<strong>br</strong> />
Na<strong>que</strong>le dia a criminalida<strong>de</strong> se aproximava <strong>de</strong> seu pico nos<<strong>br</strong> />
Estados Unidos. Nos 15 anos anteriores, os crimes violentos<<strong>br</strong> />
haviam aumentado 80%, constituindo a essência dos telejornais<<strong>br</strong> />
noturnos e das discussões nacionais.<<strong>br</strong> />
Quando o índice <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> começou a cair no início dos<<strong>br</strong> />
anos 90, essa <strong>que</strong>da foi tão rápida e repentina <strong>que</strong> surpreen<strong>de</strong>u todo<<strong>br</strong> />
mundo. Alguns especialistas precisaram <strong>de</strong> vários anos para se<strong>que</strong>r<<strong>br</strong> />
reconhecer <strong>que</strong> a criminalida<strong>de</strong> estava diminuindo, tão<<strong>br</strong> />
confiantemente apostavam em seu contínuo crescimento. Com<<strong>br</strong> />
efeito, muito tempo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ela atingir o ápice, alguns <strong>de</strong>les<<strong>br</strong> />
continuavam prevendo cenários cada vez mais som<strong>br</strong>ios. As provas,<<strong>br</strong> />
porém, eram irrefutáveis: a longa e <strong>br</strong>utal escalada da criminalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
vinha fazendo o caminho oposto e não interromperia essa tendência<<strong>br</strong> />
até <strong>que</strong> os índices chegassem ao patamar <strong>de</strong> 40 anos antes.<<strong>br</strong> />
Agora os especialistas corriam para justificar suas previsões<<strong>br</strong> />
equivocadas. O criminologista James Alan Fox explicou <strong>que</strong> seu<<strong>br</strong> />
alerta quanto a um "banho <strong>de</strong> sangue" fora, na verda<strong>de</strong>, um exagero<<strong>br</strong> />
intencional. "Eu nunca disse <strong>que</strong> veríamos sangue correndo nas ruas",
afirmou, "mas usei expressões pesadas, como `banho <strong>de</strong> sangue', para<<strong>br</strong> />
chamar a atenção das pessoas. E consegui. Não peço <strong>de</strong>sculpas por<<strong>br</strong> />
ter usado termos alarmistas" (se a idéia era fornecer urna distinção<<strong>br</strong> />
sem mostrar a diferença — "banho <strong>de</strong> sangue" contra "sangue<<strong>br</strong> />
correndo nas ruas" — <strong>de</strong>vemos nos lem<strong>br</strong>ar <strong>de</strong> <strong>que</strong> mesmo quando<<strong>br</strong> />
batem em retirada, os especialistas po<strong>de</strong>m estar se autopromovendo).<<strong>br</strong> />
Depois <strong>de</strong> insta<strong>lado</strong> o alívio, <strong>de</strong>pois <strong>que</strong> todos relem<strong>br</strong>aram<<strong>br</strong> />
como era viver sem o medo premente da violência, surgiu uma<<strong>br</strong> />
pergunta natural: on<strong>de</strong> foram parar todos a<strong>que</strong>les criminosos?<<strong>br</strong> />
Sob um aspecto, a resposta parecia enigmática. Afinal, se<<strong>br</strong> />
nenhum dos criminologistas, policiais graduados, economistas,<<strong>br</strong> />
políticos e outros <strong>que</strong> trafegam nessas áreas havia previsto o <strong>de</strong>clínio<<strong>br</strong> />
da criminalida<strong>de</strong>, como seriam subitamente capazes <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar sua<<strong>br</strong> />
causa?<<strong>br</strong> />
Mas esse exército heterogêneo <strong>de</strong> especialistas apresentava agora<<strong>br</strong> />
uma falange <strong>de</strong> hipóteses para explicar a <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Numerosos artigos <strong>de</strong> jornal seriam escritos abordando o assunto.<<strong>br</strong> />
Suas conclusões, em geral, ecoavam o <strong>que</strong> o último especialista<<strong>br</strong> />
afirmara a <strong>de</strong>terminado repórter. Abaixo, classificadas pela freqüência<<strong>br</strong> />
com <strong>que</strong> eram mencionadas, seguem as explicações para a <strong>que</strong>da da<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> presentes em artigos publicados <strong>de</strong> 1991 a 2001 nos <strong>de</strong>z<<strong>br</strong> />
jornais <strong>de</strong> maior circulação do banco <strong>de</strong> dados LexisNexis:<<strong>br</strong> />
EXPLICAÇÃO PARA A QUEDA DA CRIMINALIDADE<<strong>br</strong> />
NÚMERO DE MENÇÕES<<strong>br</strong> />
1. Estratégias policiais inovadoras 52<<strong>br</strong> />
2. Crescente confiança nas prisões 47<<strong>br</strong> />
3. Mudanças nos mercados <strong>de</strong> crack e outras drogas 33<<strong>br</strong> />
4. Envelhecimento da população 32<<strong>br</strong> />
5. Leis mais rígidas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas 32<<strong>br</strong> />
6. Melhora da situação económica 28<<strong>br</strong> />
7. Número maior <strong>de</strong> policiais 26<<strong>br</strong> />
8. Todas as outras explicações (aumento da aplicação da 34<<strong>br</strong> />
pena capital, leis contra armas escondidas, remuneração pela<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>volução <strong>de</strong> armas e outros)
Se você é do tipo <strong>que</strong> gosta <strong>de</strong> jogos <strong>de</strong> adivinhação, talvez<<strong>br</strong> />
esteja disposto a gastar alguns minutos pon<strong>de</strong>rando quais das<<strong>br</strong> />
explicações acima têm mérito e quais não têm. Uma pista: das sete<<strong>br</strong> />
principais da lista, apenas três po<strong>de</strong>m comprovadamente ter<<strong>br</strong> />
contribuí-do para a <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong>. As outras não passam,<<strong>br</strong> />
na maior parte, <strong>de</strong> fantasia, autopromoção ou ilusão <strong>de</strong> alguém.<<strong>br</strong> />
Mais uma pista: uma das gran<strong>de</strong>s causas mensuráveis da <strong>que</strong>da da<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> não aparece na lista, pois não recebeu uma única<<strong>br</strong> />
menção nos jornais.<<strong>br</strong> />
Comecemos com uma explicação incontroversa: a melhora da<<strong>br</strong> />
situação econômica. O <strong>de</strong>clínio na criminalida<strong>de</strong>, <strong>que</strong> começou no<<strong>br</strong> />
início dos anos 90, veio acompanhado <strong>de</strong> um crescimento<<strong>br</strong> />
econômico acelerado e <strong>de</strong> uma <strong>que</strong>da significativa do <strong>de</strong>semprego.<<strong>br</strong> />
Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>duzir daí <strong>que</strong> a economia tenha sido um elemento<<strong>br</strong> />
potente <strong>de</strong> combate ao crime. Um exame mais minucioso dos<<strong>br</strong> />
dados, con<strong>tudo</strong>, <strong>de</strong>rruba essa teoria. E verda<strong>de</strong> <strong>que</strong> um mercado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
trabalho mais pujante torna certos crimes relativamente menos<<strong>br</strong> />
atraentes. Isso, porém, se aplica apenas à<strong>que</strong>les <strong>de</strong> motivação<<strong>br</strong> />
financeira direta – assalto a residência e pessoas e roubo <strong>de</strong> carros –<<strong>br</strong> />
e não a crimes violentos como homicídio, agressão e estupro.<<strong>br</strong> />
A<strong>de</strong>mais, as pesquisas revelam <strong>que</strong> uma <strong>que</strong>da <strong>de</strong> 1% no<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>semprego respon<strong>de</strong> por uma <strong>que</strong>da <strong>de</strong> 1% dos crimes nãoviolentos.<<strong>br</strong> />
Durante os anos 90, o índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego caiu dois<<strong>br</strong> />
pontos percentuais; os crimes não-violentos, enquanto isso,<<strong>br</strong> />
diminuíram aproximadamente 40%. Uma falha ainda maior na<<strong>br</strong> />
teoria do crescimento econômico diz respeito aos crimes violentos.<<strong>br</strong> />
Os homicídios caíram percentual-mente mais ao longo dos anos 90<<strong>br</strong> />
do <strong>que</strong> qual<strong>que</strong>r outro tipo <strong>de</strong> crime, e muitos es<strong>tudo</strong>s confiáveis<<strong>br</strong> />
não apontaram vínculo algum entre a economia e o crime violento.<<strong>br</strong> />
Esse elo frágil fica mais frágil ainda quando voltamos o olhar para<<strong>br</strong> />
um passado recente – a década <strong>de</strong> 1960 –, quando a economia<<strong>br</strong> />
passou por um crescimento <strong>de</strong>senfreado, conforme aconteceu com<<strong>br</strong> />
os crimes violentos. Assim, embora uma boa performance<<strong>br</strong> />
econômica nos anos 90 pu<strong>de</strong>sse soar, à
primeira vista, como uma explicação provável para a <strong>que</strong>da da<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong>, é quase certo <strong>que</strong> isso não tenha afetado<<strong>br</strong> />
significativamente o comportamento criminoso.<<strong>br</strong> />
A menos, é claro, <strong>que</strong> "a economia" reflita um conceito mais<<strong>br</strong> />
amplo: um meio <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>r a construção e manutenção <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
centenas <strong>de</strong> prisões. Consi<strong>de</strong>remos agora outra das explicações para a<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong>: crescente confiança nas prisões. Talvez ajudasse<<strong>br</strong> />
virar do avesso a pergunta. Ao invés <strong>de</strong> buscar respostas para a <strong>que</strong>da<<strong>br</strong> />
da criminalida<strong>de</strong>, conjeturar so<strong>br</strong>e o seu crescimento tão drástico.<<strong>br</strong> />
Ao longo da primeira meta<strong>de</strong> do século XX, a incidência dos<<strong>br</strong> />
crimes violentos nos Estados Unidos foi, <strong>de</strong> maneira geral, bastante<<strong>br</strong> />
constante. No início dos anos 60, porém, eles começaram a<<strong>br</strong> />
aumentar. Olhando para trás, é claro <strong>que</strong> um dos principais fatores<<strong>br</strong> />
a alimentar essa tendência foi um sistema judicial leniente. O índice<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nações caiu durante a década <strong>de</strong> 1960, e os criminosos<<strong>br</strong> />
con<strong>de</strong>nados cumpriam penas menores. Essa tendência se instalou<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>vido, em parte, à expansão dos direitos dos acusados — expansão<<strong>br</strong> />
essa, segundo alguns, há muito esperada (outros argumentam <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
ela teria ido longe <strong>de</strong>mais). Enquanto isso, os políticos mostravam<<strong>br</strong> />
cada vez mais complacência em relação aos criminosos — "por<<strong>br</strong> />
medo <strong>de</strong> parecerem racistas", como escreveu o economista Gary<<strong>br</strong> />
Becker, "já <strong>que</strong> os afro-americanos e os hispânicos são responsáveis<<strong>br</strong> />
por uma parcela <strong>de</strong>sproporcional <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos". Assim, alguém<<strong>br</strong> />
inclinado a agir <strong>de</strong> forma criminosa contava com incentivos a seu<<strong>br</strong> />
favor: uma possibilida<strong>de</strong> mais remota <strong>de</strong> ser con<strong>de</strong>nado e, caso o<<strong>br</strong> />
fosse, uma pena mais curta como punição. Tendo em vista <strong>que</strong> os<<strong>br</strong> />
criminosos reagem como qual<strong>que</strong>r outra pessoa a incentivos, o<<strong>br</strong> />
resultado foi uma escalada da criminalida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Foi preciso algum tempo — e um bocado <strong>de</strong> turbulência política<<strong>br</strong> />
—, mas tais incentivos acabaram sendo reduzidos. Criminosos <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
antes teriam sido libertados — principalmente nos casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos<<strong>br</strong> />
relacionados a drogas e <strong>de</strong> revogação da liberda<strong>de</strong> condicional —<<strong>br</strong> />
agora ficavam encarcerados. Entre 1980 e 2000, o número <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
acusados por crimes relacionados a drogas con<strong>de</strong>nados à prisão<<strong>br</strong> />
aumentou 15 vezes. Muitas outras penas, so<strong>br</strong>e<strong>tudo</strong> para crimes
violentos, tornaram-se mais longas. Tudo isso gerou um efeito<<strong>br</strong> />
dramático. Em 2000, já havia mais <strong>de</strong> dois milhões <strong>de</strong> presos nas<<strong>br</strong> />
ca<strong>de</strong>ias, aproximadamente quatro vezes mais do <strong>que</strong> em 1972,<<strong>br</strong> />
sendo <strong>que</strong> meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse crescimento teve lugar na década <strong>de</strong> 1990.<<strong>br</strong> />
São muito fortes os indícios <strong>que</strong> vinculam o endurecimento da<<strong>br</strong> />
punição com os índices mais baixos <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>. Penas duras se<<strong>br</strong> />
revelaram ao mesmo tempo inibidoras (para o criminoso potencial<<strong>br</strong> />
em liberda<strong>de</strong>) e profiláticas (para o criminoso potencial já preso).<<strong>br</strong> />
Por mais lógico <strong>que</strong> isso pareça, alguns criminologistas foram <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
encontro à lógica. Um es<strong>tudo</strong> acadêmico <strong>de</strong> 1977 chamado "On<<strong>br</strong> />
Behalf of a Moratorium on Prison Construction" observou <strong>que</strong> os<<strong>br</strong> />
índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> costumam ser altos quando os índices <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
prisão são altos, concluindo <strong>que</strong> o crime só diminuiria com a<<strong>br</strong> />
redução dos índices <strong>de</strong> encarceramento. (Felizmente, os agentes<<strong>br</strong> />
penitenciários não correram para libertar os presos para <strong>de</strong>pois sentar<<strong>br</strong> />
e esperar tranqüilamente a <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong>. Como comentou<<strong>br</strong> />
mais tar<strong>de</strong> o cientista político John J. Dilulio Jr.: "Aparentemente é<<strong>br</strong> />
preciso ter Ph.D. em criminologia para duvidar <strong>de</strong> <strong>que</strong> manter<<strong>br</strong> />
criminosos na ca<strong>de</strong>ia reduz a criminalida<strong>de</strong>.") A tese <strong>de</strong>sse es<strong>tudo</strong><<strong>br</strong> />
acadêmico se apóia em uma confusão básica entre correlação e<<strong>br</strong> />
causalida<strong>de</strong>. Consi<strong>de</strong>remos uma tese paralela: o prefeito <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
cida<strong>de</strong> percebe <strong>que</strong> os times locais criam tumulto nas<<strong>br</strong> />
comemorações <strong>de</strong> suas vitórias na final do Campeonato Nacional e<<strong>br</strong> />
fica intrigado com essa correlação. Como o autor do es<strong>tudo</strong><<strong>br</strong> />
"Moratorium", porém, o prefeito é incapaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a direção<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ssa correlação e, no ano seguinte, <strong>de</strong>creta <strong>que</strong> os cidadãos <strong>de</strong>vem<<strong>br</strong> />
dar início às comemorações do Campeonato antes <strong>que</strong> a bola comece a<<strong>br</strong> />
rolar — ato <strong>que</strong>, em sua mente confusa, garantirá uma vitória.<<strong>br</strong> />
O <strong>de</strong>scontentamento com o enorme crescimento da população<<strong>br</strong> />
carcerária tem muitas razões. Nem todos ficam satisfeitos <strong>de</strong> ver um<<strong>br</strong> />
número tão significativo <strong>de</strong> americanos, principalmente americanos<<strong>br</strong> />
negros, atrás das gra<strong>de</strong>s. Por outro <strong>lado</strong>, a prisão não é se<strong>que</strong>r um<<strong>br</strong> />
começo <strong>de</strong> solução das causas <strong>que</strong> geram o crime, <strong>que</strong> são diversas e<<strong>br</strong> />
complexas. Por último, essa solução não é nada barata: chega a cerca<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> $25 mil por ano a manutenção <strong>de</strong> um preso. No entanto, se
o objetivo aqui é explicar a <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong> nos anos 90, o<<strong>br</strong> />
encarceramento é certamente um dos fatores-chave, respon<strong>de</strong>ndo<<strong>br</strong> />
por aproximadamente um terço <strong>de</strong>ssa <strong>que</strong>da.<<strong>br</strong> />
Outra explicação para a <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong> costuma<<strong>br</strong> />
aparecer <strong>de</strong> mãos dadas com o encarceramento: o aumento da<<strong>br</strong> />
aplicação da pena capital. O número <strong>de</strong> execuções nos Estados<<strong>br</strong> />
Unidos quadruplicou entre os anos 80 e 90, levando muita gente a<<strong>br</strong> />
concluir — no contexto <strong>de</strong> um <strong>de</strong>bate <strong>que</strong> se prolonga há décadas —<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> a pena capital ajudou a reduzir a criminalida<strong>de</strong>. Tal <strong>de</strong>bate,<<strong>br</strong> />
con<strong>tudo</strong>, ignora dois fatos importantes.<<strong>br</strong> />
Primeiro, em vista da rarida<strong>de</strong> com <strong>que</strong> as penas capitais são<<strong>br</strong> />
executadas neste país e as <strong>de</strong>longas envolvidas, nenhum criminoso<<strong>br</strong> />
seria levado a <strong>de</strong>sistir do crime em função da ameaça <strong>de</strong> execução.<<strong>br</strong> />
Ainda <strong>que</strong> o número <strong>de</strong> penas capitais tenha quadruplicado no<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>correr <strong>de</strong> uma década, houve apenas 478 execuções em todo o<<strong>br</strong> />
país nos anos 90. Qual<strong>que</strong>r pai ou mãe <strong>que</strong> já disse a um filho<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sobediente, "<strong>tudo</strong> bem, vou contar até <strong>de</strong>z e <strong>de</strong>sta vez vou mesmo<<strong>br</strong> />
castigar você", sabe direitinho qual é a diferença entre um freio e<<strong>br</strong> />
uma ameaça vazia. O estado <strong>de</strong> Nova York, por exemplo, até hoje<<strong>br</strong> />
jamais executou um criminoso <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>que</strong> a pena <strong>de</strong> morte foi<<strong>br</strong> />
restabeleci-da, em 1995. Mesmo entre os prisioneiros no corredor<<strong>br</strong> />
da morte, o índice anual <strong>de</strong> execuções é <strong>de</strong> apenas 2% — contra os<<strong>br</strong> />
7% <strong>de</strong> risco anual <strong>de</strong> morte ao qual está exposto um integrante da<<strong>br</strong> />
gangue do crack Black Gangster Disciple Nation. Se é mais seguro<<strong>br</strong> />
viver no corredor da morte do <strong>que</strong> nas ruas, custa a crer <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
temor <strong>de</strong> uma execução seja uma força inibidora do<<strong>br</strong> />
comportamento criminoso. Como os $3 <strong>de</strong> multa pelo atraso dos<<strong>br</strong> />
pais nas creches <strong>de</strong> Israel, o incentivo negativo da pena capital<<strong>br</strong> />
simplesmente não é gran<strong>de</strong> o bastante para alterar o<<strong>br</strong> />
comportamento <strong>de</strong> um marginal.<<strong>br</strong> />
A segunda falha na tese da pena capital é ainda mais óbvia.<<strong>br</strong> />
Suponhamos <strong>que</strong> a pena <strong>de</strong> morte seja um freio. Quantos crimes<<strong>br</strong> />
ela efetivamente impe<strong>de</strong>? O economista Isaac Ehrlich, em um<<strong>br</strong> />
es<strong>tudo</strong> bastante citado <strong>de</strong> 1975, apresenta uma estimativa<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>rada otimista: a execução <strong>de</strong> 1 criminoso se traduz em<<strong>br</strong> />
menos 7 homicídios <strong>que</strong> po<strong>de</strong>riam vir a ser cometidos por ele.<<strong>br</strong> />
Façamos as contas.
Em 1991, houve 14 execuções nos Estados Unidos: em 2001,<<strong>br</strong> />
foram 66. De acordo com o cálculo <strong>de</strong> Ehrlich, essas 52 execuções<<strong>br</strong> />
extras respon<strong>de</strong>riam por menos 364 homicídios em 2001 — uma<<strong>br</strong> />
redução sem dúvida nada mo<strong>de</strong>sta, porém menor <strong>que</strong> os 4% <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
redução efetivamente registrados na<strong>que</strong>le ano. Assim, mesmo no<<strong>br</strong> />
cenário mais favorável apresentado por um <strong>de</strong>fensor da pena <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
morte, a pena capital explicaria apenas 1/25 da redução do número<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> homicídios na década <strong>de</strong> 1990. A<strong>de</strong>mais, tendo em vista <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
pena <strong>de</strong> morte raramente é aplicada a outros crimes <strong>que</strong> não<<strong>br</strong> />
homicídios, seu efeito inibidor não po<strong>de</strong> ser responsável por um<<strong>br</strong> />
átimo se<strong>que</strong>r do <strong>de</strong>clínio dos <strong>de</strong>mais crimes violentos.<<strong>br</strong> />
E pouquíssimo provável, por isso, <strong>que</strong> a pena <strong>de</strong> morte, como é<<strong>br</strong> />
hoje aplicada nos Estados Unidos, exerça alguma influência so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
os índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>. Muitos <strong>que</strong> a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ram um dia<<strong>br</strong> />
também já chegaram a essa conclusão. "Sinto-me moral e<<strong>br</strong> />
intelectualmente o<strong>br</strong>igado a admitir simplesmente <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
experiência da pena <strong>de</strong> morte fracassou", disse o <strong>de</strong>sembargador<<strong>br</strong> />
da Suprema Corte americana Harry A. Blackmun em 1994, quase<<strong>br</strong> />
20 anos após ter votado pelo seu restabelecimento. "Não pretendo<<strong>br</strong> />
mais me envolver com a mecânica da morte."<<strong>br</strong> />
Pelo exposto, não foi a pena capital <strong>que</strong> reduziu a criminalida<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
tampouco a euforia econômica. Os índices <strong>de</strong> encarceramento, por<<strong>br</strong> />
outro <strong>lado</strong>, efetivamente exerceram gran<strong>de</strong> influência. Todos esses<<strong>br</strong> />
criminosos não se dirigiram à ca<strong>de</strong>ia por conta própria, é claro.<<strong>br</strong> />
Alguém precisou investigar o crime, pegar o bandido e<<strong>br</strong> />
fundamentar o caso <strong>que</strong> levaria à sua con<strong>de</strong>nação. O <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
naturalmente conduz a uma dupla <strong>de</strong> explicações para a <strong>que</strong>da da<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong>:<<strong>br</strong> />
Estratégias policiais inovadoras<<strong>br</strong> />
Aumento no número <strong>de</strong> policiais<<strong>br</strong> />
Vamos primeiro abordar o segundo item. O número <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
policiais per capita nos Estados Unidos aumentou 14% ao longo<<strong>br</strong> />
dos
anos 90. Será, porém, <strong>que</strong> apenas aumentar o número <strong>de</strong> policiais<<strong>br</strong> />
reduz a criminalida<strong>de</strong>? A resposta parece óbvia — sim — mas<<strong>br</strong> />
comprovar sua veracida<strong>de</strong> já não é tão fácil, visto <strong>que</strong> quando a<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> cresce, a população exige proteção e<<strong>br</strong> />
invariavelmente <strong>de</strong>stinam-se mais verbas à polícia. Assim, se<<strong>br</strong> />
observarmos unicamente as correlações evi<strong>de</strong>ntes entre a polícia e<<strong>br</strong> />
a criminalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iremos <strong>que</strong> quando há mais policiais, a<<strong>br</strong> />
tendência é haver mais crimes. Isso, é claro, não significa <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
polícia esteja ensejando os crimes, assim como não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>duzir<<strong>br</strong> />
daí, como fizeram alguns criminologistas, <strong>que</strong> a criminalida<strong>de</strong> cairia<<strong>br</strong> />
se os criminosos fossem libertados da ca<strong>de</strong>ia.<<strong>br</strong> />
Para <strong>de</strong>monstrar a causalida<strong>de</strong> é necessário um cenário em<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> se contratem mais policiais por motivos totalmente<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>svincu<strong>lado</strong>s do aumento do número <strong>de</strong> crimes. Se, por<<strong>br</strong> />
exemplo, distribuíssemos policiais aleatoriamente em algumas<<strong>br</strong> />
cida<strong>de</strong>s e não o fizéssemos em outras, seria possível verificar se a<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> cai nas cida<strong>de</strong>s <strong>que</strong> foram contempladas com esses<<strong>br</strong> />
policiais.<<strong>br</strong> />
Para ser franco, é esse precisamente o cenário criado por<<strong>br</strong> />
políticos ávidos <strong>de</strong> votos. Nos meses <strong>que</strong> antece<strong>de</strong>m a eleição, os<<strong>br</strong> />
prefeitos costumam garantir seus votos através da contratação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
mais policiais — mesmo quando o índice <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> se<<strong>br</strong> />
encontra estacionário. Assim, comparando-se o índice <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> em um conjunto <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> recentemente<<strong>br</strong> />
houve eleições municipais (e, conseqüentemente, mais policiais<<strong>br</strong> />
foram contratados) com outro conjunto <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> não se<<strong>br</strong> />
realizaram eleições (logo, cujo número <strong>de</strong> policiais não aumentou),<<strong>br</strong> />
é possível medir o efeito <strong>de</strong>sse contingente policial extra so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong>. A resposta é: mais policiais realmente contribuem<<strong>br</strong> />
para reduzir substancialmente os índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Novamente vale a pena olhar para trás e <strong>de</strong>terminar, para<<strong>br</strong> />
começar, por <strong>que</strong> a criminalida<strong>de</strong> cresceu tanto. De 1960 a 1985, o<<strong>br</strong> />
número <strong>de</strong> policiais caiu mais <strong>de</strong> 50% em relação ao número <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
crimes. Em alguns casos, a contratação <strong>de</strong> mais efetivo foi<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>rada uma violação da postura liberal da época; em outros,<<strong>br</strong> />
foi apenas taxada <strong>de</strong> excessivamente onerosa. Essa redução <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
50% no
efetivo policial se traduziu em uma redução praticamente idêntica<<strong>br</strong> />
da probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um criminoso ser pego. Combinada à acima<<strong>br</strong> />
citada complacência adotada pela outra meta<strong>de</strong> do sistema jurídico<<strong>br</strong> />
criminal — os tribunais — essa diminuição do policiamento criou um<<strong>br</strong> />
fone incentivo positivo para os criminosos.<<strong>br</strong> />
Nos anos 90, as filosofias — e as necessida<strong>de</strong>s — haviam<<strong>br</strong> />
mudado. A tendência do policiamento inverteu-se, com a<<strong>br</strong> />
contratação em alta escala nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> todo o país. Esses<<strong>br</strong> />
policiais todos não apenas amaram como inibidores como<<strong>br</strong> />
constituíram a mão-<strong>de</strong>-o<strong>br</strong>a necessária para levar à ca<strong>de</strong>ia<<strong>br</strong> />
criminosos <strong>que</strong>, do contrário, teriam continuado em liberda<strong>de</strong>. A<<strong>br</strong> />
contratação <strong>de</strong> mais policiais foi responsável por cerca <strong>de</strong> 10% da<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong> nos anos 90.<<strong>br</strong> />
No entanto, não foi só isso <strong>que</strong> mudou na década <strong>de</strong> 1990.<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>remos a mais freqüente <strong>de</strong> todas as explicações para a<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong>: estratégias policiais inovadoras.<<strong>br</strong> />
Talvez nenhuma outra teoria soe mais atraente do <strong>que</strong> a crença<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> <strong>que</strong> uma polícia inteligente iniba o crime. Ela oferecia uma série<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> heróis <strong>de</strong> carne e osso e não, simplesmente, uma ausência <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
vilões, logo adquirindo a aura <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>digna em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua<<strong>br</strong> />
compatibilida<strong>de</strong> com os fatores <strong>que</strong>, segundo John Kenneth<<strong>br</strong> />
Galdraith, mais contribuem para a construção da sabedoria<<strong>br</strong> />
convencional: a facilida<strong>de</strong> com <strong>que</strong> uma idéia é absorvida e o grau<<strong>br</strong> />
em <strong>que</strong> a mesma afeta o nosso bem-estar pessoal.<<strong>br</strong> />
A história funcionou mais radicalmente em Nova York, on<strong>de</strong> o<<strong>br</strong> />
recém-eleito prefeito Rudolph Giuliani e seu secretário <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Segurança escolhido a <strong>de</strong>do, William Bratton, se comprometeram<<strong>br</strong> />
a solucionar a situação <strong>de</strong>sesperadora <strong>que</strong> a cida<strong>de</strong> vivia em termos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>. Bratton abordou o policiamento <strong>de</strong> uma forma<<strong>br</strong> />
inovadora. A<strong>br</strong>iu para o Departamento <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> Nova York o<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> um <strong>de</strong> seus mem<strong>br</strong>os chamou mais tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> "nosso período<<strong>br</strong> />
ateniense", no qual atribuía-se mais peso a idéias novas do <strong>que</strong> às<<strong>br</strong> />
práticas cristalizadas. Em lugar <strong>de</strong> passar a mão na cabeça dos seus<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>legados <strong>de</strong> polícia, Bratton exigia satisfações; em vez <strong>de</strong> confiar<<strong>br</strong> />
unicamente no conhecimento ultrapassado dos policiais,
introduziu novas soluções tecnológicas, como o CompStat, um<<strong>br</strong> />
método computadorizado <strong>de</strong> lidar com os focos locais da<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
A idéia nova mais fascinante <strong>que</strong> Bratton pôs em prática<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>otou da teoria da janela <strong>que</strong><strong>br</strong>ada, concebida pelos<<strong>br</strong> />
criminologistas James Q. Wilson e Ge<strong>org</strong>e Kelling. Essa teoria<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> <strong>que</strong> pe<strong>que</strong>nos problemas não-solucionados acabam por se<<strong>br</strong> />
tornar problemas gran<strong>de</strong>s, ou seja, se alguém <strong>que</strong><strong>br</strong>a uma janela e vê<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> a mesma não é logo consertada, a mensagem é <strong>que</strong> as <strong>de</strong>mais<<strong>br</strong> />
janelas também po<strong>de</strong>m ser <strong>que</strong><strong>br</strong>adas e <strong>que</strong>m sabe mesmo o prédio<<strong>br</strong> />
todo, incendiado.<<strong>br</strong> />
Com os homicídios crescendo <strong>de</strong>senfreadamente, os tiras <strong>de</strong> Bill<<strong>br</strong> />
Bratton começaram a exercer vigilância so<strong>br</strong>e o tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
costumava passarem <strong>br</strong>anco: pular a roleta do metrô, esmolar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
forma <strong>de</strong>masiadamente agressiva, urinar na ma, lavar os vidros <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
carro no sinal mediante uma "doação" apropriada do motorista.<<strong>br</strong> />
A maioria dos nova-iorquinos adorou essa repressão por seus<<strong>br</strong> />
próprios méritos, mas um apreço especial foi dirigido à idéia,<<strong>br</strong> />
firmemente pregada por Bratton e por Giuliani, <strong>de</strong> <strong>que</strong> sufocar<<strong>br</strong> />
esses <strong>de</strong>litos menores equivalia a cortar o oxigênio do elemento<<strong>br</strong> />
criminoso. O infrator <strong>que</strong> pula a roleta do metrô hoje po<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
perfeita-mente, ser o criminoso procurado pelo homicídio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ontem. O drogado urinando num beco po<strong>de</strong> estar a caminho <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
assalto.<<strong>br</strong> />
Quando os crimes violentos começaram a diminuir<<strong>br</strong> />
drasticamente, os nova-iorquinos se dispuseram <strong>de</strong> bom grado a<<strong>br</strong> />
tecer loas a seus mentores, o prefeito criado no Brooklyn e seu<<strong>br</strong> />
secretário <strong>de</strong> Segurança com sota<strong>que</strong> bostoniano. Mas os dois<<strong>br</strong> />
homens <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> férrea foram menos competentes no momento<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> partilhar a glória. Logo <strong>de</strong>pois <strong>que</strong> a reviravolta na criminalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
pôs Bratton — e não Giuliani — na capa da revista Time, Bratton foi<<strong>br</strong> />
pressionado a pedir <strong>de</strong>missão. Ficara no cargo apenas 27 meses.<<strong>br</strong> />
Nova York sem dúvida inovou em matéria <strong>de</strong> estratégias<<strong>br</strong> />
policiais no período da <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong> dos anos 90 e<<strong>br</strong> />
vivenciou um <strong>de</strong>clínio no número <strong>de</strong> crimes muito maior do <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
qual<strong>que</strong>r outra cida<strong>de</strong> americana <strong>de</strong> porte. O número <strong>de</strong> homicídios<<strong>br</strong> />
caiu <strong>de</strong> 30,7 para 100 mil habitantes, em 1990, para 8,4 para 100 mil
habitantes em 2000 – uma diferença <strong>de</strong> 73,6%. Uma análise<<strong>br</strong> />
minuciosa dos fatos, con<strong>tudo</strong>, mostra <strong>que</strong> as estratégias inovadoras<<strong>br</strong> />
no policiamento provavelmente exerceram um papel pe<strong>que</strong>no<<strong>br</strong> />
nesse gigantesco <strong>de</strong>clínio.<<strong>br</strong> />
Primeiramente, a <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong> em Nova York<<strong>br</strong> />
começou em 1990. No final <strong>de</strong> 1993, o número <strong>de</strong> crimes contra a<<strong>br</strong> />
proprieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> crimes violentos, inclusive homicídios, já<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>spencara quase 20%. Rudolph Giuliani, porém, só assumiu a<<strong>br</strong> />
Prefeitura — e nomeou Bratton — no início <strong>de</strong> 1994. A<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> já se encontrava em <strong>que</strong>da livre quando os dois<<strong>br</strong> />
homens entraram em cena. E continuaria a cair bem <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Bratton ser chutado do cargo.<<strong>br</strong> />
Em segundo lugar, as novas estratégias policiais vieram<<strong>br</strong> />
acompanhadas <strong>de</strong> uma mudança muito mais relevante <strong>de</strong>ntro da<<strong>br</strong> />
força policial: um surto <strong>de</strong> contratações. Entre 1991 e 2001, o<<strong>br</strong> />
Departamento <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> Nova York cresceu 45%, mais <strong>de</strong> três<<strong>br</strong> />
vezes a média nacional. Como foi visto antes, um aumento no<<strong>br</strong> />
número <strong>de</strong> policiais, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> novas estratégias,<<strong>br</strong> />
comprovadamente reduz a criminalida<strong>de</strong>. Por um cálculo conservador,<<strong>br</strong> />
seria <strong>de</strong> esperar <strong>que</strong> essa gigantesca expansão da força policial<<strong>br</strong> />
nova-iorquina resultasse numa redução da criminalida<strong>de</strong> em Nova<<strong>br</strong> />
York da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 18% em relação à média nacional. Subtraindo-se<<strong>br</strong> />
esses 18% do índice <strong>de</strong> redução dos homicídios em Nova York,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>scontando assim o efeito do surto <strong>de</strong> contratação <strong>de</strong> policiais,<<strong>br</strong> />
Nova York per<strong>de</strong> o lugar <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>r da nação com seus 73,6% <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>da, <strong>de</strong>slizando para o meio da lista. Muitos <strong>de</strong>sses novos<<strong>br</strong> />
policiais foram, na verda<strong>de</strong>, contratados por David Dinkins, o<<strong>br</strong> />
prefeito <strong>de</strong>rrotado por Giuliani. Dinkins lutou <strong>de</strong>sesperadamente<<strong>br</strong> />
pelos votos da lei-e-or<strong>de</strong>m, sabendo o tempo todo <strong>que</strong> seu<<strong>br</strong> />
adversário seria Giuliani, um ex-promotor fe<strong>de</strong>ral (os dois haviam<<strong>br</strong> />
se enfrentado também nas eleições anteriores). Assim, os <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
quiserem creditar a Giuliani a <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong> <strong>que</strong> o façam,<<strong>br</strong> />
pois foi sua reputação <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensor da lei e da or<strong>de</strong>m <strong>que</strong> levou<<strong>br</strong> />
Dinkins a contratar to-dos a<strong>que</strong>les policiais. No final, é claro, o<<strong>br</strong> />
aumento da força policial foi proveitoso para todos — mas o<<strong>br</strong> />
proveito <strong>de</strong> Giuliani foi muito maior do <strong>que</strong> o <strong>de</strong> Dinkins.
Mais prejudicial ao argumento <strong>de</strong> <strong>que</strong> as inovações da polícia<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Nova York provocaram a <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong> é um fato<<strong>br</strong> />
simples e geralmente <strong>de</strong>sprezado: a criminalida<strong>de</strong> caiu em todos os<<strong>br</strong> />
lugares nos anos 90, não apenas em Nova York. Poucas cida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
lançaram mão do tipo <strong>de</strong> estratégia usada em Nova York e<<strong>br</strong> />
nenhuma, certamente, o fez com tamanho zelo. Mesmo em Los<<strong>br</strong> />
Angeles, porém, uma cida<strong>de</strong> famosa por seu policiamento<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ficiente, a criminalida<strong>de</strong> caiu em percentuais muito parecidos<<strong>br</strong> />
com os <strong>de</strong> Nova York, quando não se leva em conta o aumento da<<strong>br</strong> />
força policial <strong>de</strong>sta última.<<strong>br</strong> />
Seria estúpido negar <strong>que</strong> um policiamento inteligente seja uma<<strong>br</strong> />
boa coisa. Bill Bratton <strong>de</strong>certo merece o crédito <strong>de</strong> ter revigorado a<<strong>br</strong> />
força policial <strong>de</strong> Nova York, mas os indícios são alarmante-mente<<strong>br</strong> />
parcos no sentido <strong>de</strong> sua estratégia ter tido o efeito panacéia so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> <strong>que</strong> ele e a mídia a ela atribuíram. A próxima etapa<<strong>br</strong> />
será continuar a medir o impacto das inovações policiais — em Los<<strong>br</strong> />
Angeles, por exemplo, on<strong>de</strong> o próprio Bratton assumiu o cargo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
secretário <strong>de</strong> Segurança no final <strong>de</strong> 2002. Ao mesmo tempo em <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
pôs <strong>de</strong>vidamente em prática ali algumas das inovações <strong>que</strong> foram<<strong>br</strong> />
sua marca registrada em Nova York, Bratton anunciou <strong>que</strong> sua<<strong>br</strong> />
priorida<strong>de</strong> era mais elementar: arranjar dinheiro para contratar<<strong>br</strong> />
milhares <strong>de</strong> novos policiais.<<strong>br</strong> />
Exploremos agora outra dupla freqüente <strong>de</strong> explicações para a<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong>:<<strong>br</strong> />
Leis mais duras em relação a armas<<strong>br</strong> />
Mudanças no mercado <strong>de</strong> crack e <strong>de</strong> outras drogas<<strong>br</strong> />
Primeiro, as armas. Raramente as discussões so<strong>br</strong>e esse tema<<strong>br</strong> />
são puramente racionais. Os <strong>de</strong>fensores das armas consi<strong>de</strong>ram as<<strong>br</strong> />
leis <strong>que</strong> as regem severas <strong>de</strong>mais; seus adversários afirmam<<strong>br</strong> />
precisamente o contrário. Como pessoas inteligentes po<strong>de</strong>m ter<<strong>br</strong> />
visões tão distintas? O motivo é <strong>que</strong> uma arma gera um conjunto
complexo <strong>de</strong> <strong>que</strong>stões <strong>que</strong> mudam ao sabor <strong>de</strong> um único fator: a<<strong>br</strong> />
mão <strong>que</strong> empunha a arma.<<strong>br</strong> />
Vale a pena voltar um passo e fazer uma pergunta elementar: o<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> é uma arma? Uma ferramenta <strong>que</strong> po<strong>de</strong> ser usada para matar<<strong>br</strong> />
alguém, é claro. Principalmente, porém, uma arma é um gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
agente perturbador da or<strong>de</strong>m natural.<<strong>br</strong> />
Uma arma altera o resultado <strong>de</strong> qual<strong>que</strong>r disputa. Digamos<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> um sujeito parrudo e outro não tão parrudo tro<strong>que</strong>m<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>saforos num bar e comecem uma <strong>br</strong>iga. Para o menos parrudo é<<strong>br</strong> />
bastante óbvio ele vá apanhar. Sendo assim, por <strong>que</strong> se dar ao<<strong>br</strong> />
trabalho <strong>de</strong> <strong>br</strong>igar? A or<strong>de</strong>m natural das coisas permanece intacta.<<strong>br</strong> />
Se, no entanto, o mais fracote está armado, ele passa a ter uma boa<<strong>br</strong> />
chance <strong>de</strong> vencer. Nesse cenário, a introdução <strong>de</strong> uma arma po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
muito bem acarretar mais violência.<<strong>br</strong> />
Imaginemos agora, em lugar <strong>de</strong> um sujeito parrudo e outro<<strong>br</strong> />
menos parrudo, uma estudante abordada à noite na rua por um<<strong>br</strong> />
assaltante. O <strong>que</strong> acontece se apenas o assaltante estiver armado? E<<strong>br</strong> />
se for apenas a estudante? E se ambos estiverem armados? Um<<strong>br</strong> />
adversário das armas dirá <strong>que</strong>, para começar, a arma <strong>de</strong>ve ser<<strong>br</strong> />
mantida longe do assaltante. Um <strong>de</strong>fensor das armas dirá <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
estudante precisa ter uma arma para reverter o <strong>que</strong> se tornou a<<strong>br</strong> />
or<strong>de</strong>m natural: são os bandidos <strong>que</strong> têm armas (se a menina<<strong>br</strong> />
espantar o assaltante, a introdução da arma, nesse caso, po<strong>de</strong> levar<<strong>br</strong> />
a menos violência). Qual<strong>que</strong>r assaltante com um mínimo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
iniciativa provavelmente porta uma arma, já <strong>que</strong> num país como os<<strong>br</strong> />
Estados Unidos, com um dinâmico mercado negro <strong>de</strong>las, qual<strong>que</strong>r<<strong>br</strong> />
pessoa é capaz <strong>de</strong> adquirir a sua.<<strong>br</strong> />
Existem tantas armas nos Estados Unidos <strong>que</strong> se <strong>de</strong>rmos uma<<strong>br</strong> />
para cada adulto, faltarão adultos para recebê-las. Quase dois<<strong>br</strong> />
terços dos homicídios americanos envolvem uma arma <strong>de</strong> fogo,<<strong>br</strong> />
parcela bem maior do <strong>que</strong> em outros países industrializa-dos.<<strong>br</strong> />
Nosso índice <strong>de</strong> homicídios também é muito mais alto do <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sses países. Po<strong>de</strong> parecer <strong>que</strong> ele seja alto assim por<strong>que</strong> é tão fácil<<strong>br</strong> />
obter uma arma. As pesquisas, com efeito, comprovam <strong>que</strong> isso é<<strong>br</strong> />
verda<strong>de</strong>.
As armas, con<strong>tudo</strong>, não são as únicas responsáveis. Na Suíça<<strong>br</strong> />
todo homem adulto recebe um rifle para o serviço militar<<strong>br</strong> />
juntamente com a permissão para guardá-lo em casa. Numa<<strong>br</strong> />
proporção per capita, a Suíça tem mais armas <strong>de</strong> fogo do <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
qual<strong>que</strong>r outro país, mas mesmo assim é um dos lugares mais<<strong>br</strong> />
seguros do mundo. Em outras palavras, as armas não causam os<<strong>br</strong> />
crimes. Dito isso, os métodos americanos usados para manter as<<strong>br</strong> />
armas longe do alcance <strong>de</strong> pessoas capazes <strong>de</strong> cometer crimes são,<<strong>br</strong> />
na melhor das hipóteses, insuficientes. Tendo em vista <strong>que</strong> uma<<strong>br</strong> />
arma – ao contrário <strong>de</strong> um papelote <strong>de</strong> cocaína, ou um carro, ou<<strong>br</strong> />
uma calça – dura pratica-mente para sempre, mesmo o ato <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
fechar a torneira provedora <strong>de</strong> novas armas ainda <strong>de</strong>ixa um oceano<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>las disponíveis.<<strong>br</strong> />
Com isso em mente, consi<strong>de</strong>remos uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciativas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> controle das armas para verificar seu impacto so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> nos anos 90.<<strong>br</strong> />
A lei mais famosa <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> armas é a Lei Brady, aprovada<<strong>br</strong> />
em 1993, <strong>que</strong> exige uma averiguação criminal e um período <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
espera antes <strong>que</strong> alguém tenha o direito <strong>de</strong> adquirir um revólver.<<strong>br</strong> />
E possível <strong>que</strong> os políticos tenham achado atraente essa solução,<<strong>br</strong> />
mas para um economista ela não faz muito sentido. Por quê? Por<strong>que</strong><<strong>br</strong> />
as regras <strong>de</strong> um mercado legal estão fadadas a fracassar quando<<strong>br</strong> />
existe um mercado negro <strong>de</strong> peso para o mesmo produto. Com<<strong>br</strong> />
armas tão baratas e fáceis <strong>de</strong> conseguir, o criminoso padrão não<<strong>br</strong> />
tem incentivo algum para preencher um formulário <strong>de</strong> aquisição<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo na loja do bairro e <strong>de</strong>pois ainda esperar uma<<strong>br</strong> />
semana. A Lei Brady, por isso, revelou-se praticamente impotente<<strong>br</strong> />
para reduzir a criminalida<strong>de</strong> (um es<strong>tudo</strong> com presos mostrou <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
mesmo antes da Lei Brady apenas 1/5 dos criminosos comprava<<strong>br</strong> />
suas armas <strong>de</strong> um comerciante autorizado). Várias leis locais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
controle <strong>de</strong> armas também fracassaram. Tanto Washington como<<strong>br</strong> />
Chicago instituíram a proibição <strong>de</strong> armas muito antes <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> começasse a <strong>de</strong>clinarem todo o país nos anos 90,<<strong>br</strong> />
mas ainda assim essas duas cida<strong>de</strong>s foram retardatárias – e não<<strong>br</strong> />
precursoras – em relação à redução nacional da criminalida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Um freio <strong>que</strong> comprovou ser mo<strong>de</strong>radamente
eficaz foi o aumento das penas dos indivíduos flagrados na posse<<strong>br</strong> />
ilegal <strong>de</strong> armas. Existe espaço, con<strong>tudo</strong>, para aperfeiçoamentos<<strong>br</strong> />
nessa seara. Não <strong>que</strong> seja provável, mas se a pena <strong>de</strong> morte fosse<<strong>br</strong> />
aplicada a qual<strong>que</strong>r pessoa na posse ilegal <strong>de</strong> uma arma, e se tal<<strong>br</strong> />
pena fosse realmente cumprida, o número <strong>de</strong> crimes com armas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
fogo certamente <strong>de</strong>spencaria.<<strong>br</strong> />
Outro <strong>de</strong>sta<strong>que</strong> do combate ao crime da década <strong>de</strong> 1990 — e<<strong>br</strong> />
dos telejornais — foi a <strong>de</strong>volução remunerada <strong>de</strong> armas. Todos se<<strong>br</strong> />
recordam das imagens: uma ameaçadora pilha reluzente <strong>de</strong> armas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> fogo no meio <strong>de</strong> um círculo formado pelo prefeito, pelo<<strong>br</strong> />
secretário <strong>de</strong> Segurança e pelos ativistas da comunida<strong>de</strong>. Belo<<strong>br</strong> />
cenário para uma foto, sem dúvida, mas isso é <strong>tudo</strong>. As armas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>volvidas são em geral peças <strong>de</strong> coleção ou velharias. A<<strong>br</strong> />
remuneração para <strong>que</strong>m a <strong>de</strong>volve — normalmente $50 ou $100,<<strong>br</strong> />
sendo <strong>que</strong> num caso da Califórnia foram três horas gratuitas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
psicoterapia — não é um incentivo a<strong>de</strong>quado para alguém <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
realmente planeje usar sua arma. Além disso, o número <strong>de</strong> armas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>volvidas não chega aos pés se<strong>que</strong>r do volume das <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
simultaneamente dão entrada no mercado. Relacionando-se o<<strong>br</strong> />
número <strong>de</strong> armas nos Estados Unidos e o número anual <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
homicídios, a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ssas armas ter sido usada para<<strong>br</strong> />
matar alguém no ano <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>volução é <strong>de</strong> uma em 10 mil. O<<strong>br</strong> />
programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>volução rotineiro envolve menos <strong>de</strong> mil armas — o<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> representa uma expectativa <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> 1/10 <strong>de</strong> um homicídio<<strong>br</strong> />
por vez, ou seja, insuficiente para produzir se<strong>que</strong>r um<<strong>br</strong> />
microscópico impacto na <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Existe, ainda, um argumento oposto — o<strong>de</strong> <strong>que</strong> precisamos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
mais armas na rua, só <strong>que</strong> na mão das pessoas certas (como a<<strong>br</strong> />
estudante citada anteriormente, ao invés do assaltante). O<<strong>br</strong> />
economista John R. Lott Jr. é o principal <strong>de</strong>fensor <strong>de</strong>ssa idéia. Seu<<strong>br</strong> />
cartão <strong>de</strong> visita é o livro Mais armas, menos crimes, no qual argumenta<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> o número <strong>de</strong> crimes violentos diminuiu em áreas on<strong>de</strong> é<<strong>br</strong> />
permitido aos cidadãos <strong>de</strong> bem portar armas <strong>de</strong> forma não<<strong>br</strong> />
ostensiva. Tal teoria talvez surpreenda, mas faz sentido. Se um<<strong>br</strong> />
criminoso imagina <strong>que</strong> sua vítima potencial po<strong>de</strong> estar armada, é<<strong>br</strong> />
possível <strong>que</strong> <strong>de</strong>sista <strong>de</strong> cometer o crime. Os adversários <strong>de</strong> armas<<strong>br</strong> />
chamam Lott <strong>de</strong>
i<strong>de</strong>ólogo pró-armas, e o próprio Lott tornou-se um pára-raio <strong>de</strong>ssa<<strong>br</strong> />
controvérsia, tendo cunhado um pseudônimo <strong>que</strong> só fez exacerbar<<strong>br</strong> />
essa condição: "Mary Rosh". Com esse nome, ele <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> sua teoria<<strong>br</strong> />
em discussões online. Mary Rosh, <strong>que</strong> se i<strong>de</strong>ntificou como ex-aluna<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Lott, elogiou o intelecto, a imparcialida<strong>de</strong> e o carisma do<<strong>br</strong> />
professor. "Devo dizer <strong>que</strong> ele foi o melhor professor <strong>que</strong> já tive",<<strong>br</strong> />
escreveu. "Não dava a perceber para a classe <strong>que</strong> era um radical <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
direita... Costumávamos nos inscrever em qual<strong>que</strong>r matéria<<strong>br</strong> />
lecionada por Lott até um dia em <strong>que</strong> ele nos disse <strong>que</strong> era melhor<<strong>br</strong> />
estudarmos com outros professores para apren<strong>de</strong>r <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />
diferente as disciplinas do curso <strong>de</strong> graduação." Em seguida, vieram<<strong>br</strong> />
as alegações inquietantes <strong>de</strong> <strong>que</strong> Lott efetivamente inventara parte<<strong>br</strong> />
dos dados da pesquisa <strong>que</strong> fundamentou sua teoria. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
serem ou não fraudados esses dados, a hipótese <strong>de</strong> Lott, <strong>que</strong> ele<<strong>br</strong> />
mesmo admite ser curiosa, não parece válida. Quando outros<<strong>br</strong> />
estudiosos tentaram obter os mesmos resultados, a conclusão foi <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> as leis <strong>de</strong> permissão do porte <strong>de</strong> armas simplesmente não<<strong>br</strong> />
diminuem a criminalida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>remos a explicação <strong>que</strong> vem a seguir: o estouro da bolha do<<strong>br</strong> />
crack. O crack <strong>de</strong> cocaína é uma droga tão potente e viciadora <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
um mercado altamente lucrativo surgiu praticamente da noite para o<<strong>br</strong> />
dia. E fato <strong>que</strong> apenas os lí<strong>de</strong>res das gangues <strong>de</strong> crack estavam<<strong>br</strong> />
enri<strong>que</strong>cendo, mas isso só fazia os traficantes "fichinhas" ficarem<<strong>br</strong> />
mais ansiosos por uma promoção. Muitos <strong>de</strong>les se dispunham a<<strong>br</strong> />
matar seus rivais com esse fim, não importando se o rival era da<<strong>br</strong> />
mesma gangue ou não. Havia, também, combates armados pela<<strong>br</strong> />
posse <strong>de</strong> valiosos pontos-<strong>de</strong>-venda. O típico homicídio relaciona-do<<strong>br</strong> />
ao crack consistia na morte <strong>de</strong> um traficante (ou mais <strong>de</strong> um) por<<strong>br</strong> />
outro (ou outros), e não, ao contrário do <strong>que</strong> reza a sabedoria<<strong>br</strong> />
convencional, na <strong>de</strong> um lojista por um drogado por causa <strong>de</strong> uns<<strong>br</strong> />
trocados. O resultado foi uma enorme escalada dos crimes<<strong>br</strong> />
violentos. Um es<strong>tudo</strong> revelou <strong>que</strong> mais <strong>de</strong> 25% dos homicídios <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Nova York em 1988 estavam relacionados ao crack.
A associação da violência ao crack começou a esmorecer por<<strong>br</strong> />
volta <strong>de</strong> 1991, induzindo muita gente a achar <strong>que</strong> o próprio crack<<strong>br</strong> />
sumira. Não é fato. Fumar crack continua hoje em dia muito mais<<strong>br</strong> />
comum do <strong>que</strong> muitos imaginam. Quase 5% <strong>de</strong> todas as prisões nos<<strong>br</strong> />
Estados Unidos ainda se vinculam à cocaína (contra 6% no auge da<<strong>br</strong> />
onda do crack), e as visitas aos pronto-socorros por parte <strong>de</strong> seus<<strong>br</strong> />
usuários também não diminuíram significativamente.<<strong>br</strong> />
O <strong>que</strong> realmente acabou foram os lucros gigantescos na venda <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
crack. O preço da cocaína há anos vem caindo e isso se acentuou à<<strong>br</strong> />
medida <strong>que</strong> o crack se popularizava. Os traficantes começaram a<<strong>br</strong> />
fazer concorrência <strong>de</strong> preços e os lucros evaporaram. A bolha do<<strong>br</strong> />
crack estourou tão dramaticamente quando a bolha da Nasdaq<<strong>br</strong> />
acabará estourando um dia (compare a primeira geração <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
traficantes à dos milionários da Microsoft e a segunda às Pets.com).<<strong>br</strong> />
Quando os traficantes veteranos começaram a ser mortos ou<<strong>br</strong> />
mandados para a ca<strong>de</strong>ia, os traficantes mais jovens concluíram <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
os lucros menores não justificavam o risco. O torneio per<strong>de</strong>ra seu<<strong>br</strong> />
encanto. Já não valia mais a pena matar alguém para tomar seu<<strong>br</strong> />
território e menos ainda morrer por isso.<<strong>br</strong> />
Assim, a violência esmoreceu. De 1991 a 2001, o índice <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
homicídios entre jovens negros – com representação<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sproporcional entre os traficantes <strong>de</strong> crack – caiu 48%,<<strong>br</strong> />
comparado aos 30% <strong>de</strong> homicídios entre negros e <strong>br</strong>ancos mais<<strong>br</strong> />
velhos (outro fator menos significativo para essa <strong>que</strong>da foi o fato <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
alguns traficantes te-rem passado a atirar nas ná<strong>de</strong>gas <strong>de</strong> seus<<strong>br</strong> />
inimigos ao invés <strong>de</strong> matá-los. Esse método altamente ofensivo era<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>rado mais <strong>de</strong>gradante – bem como, obviamente, merecedor<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> punição menos severa – do <strong>que</strong> o homicídio). Tudo isso<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>rado, o crash do mercado <strong>de</strong> crack foi responsável por<<strong>br</strong> />
apenas 15% da <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong> nos anos 90 – um percentual<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> peso, sem dúvida, embora mereça ser ressaltado <strong>que</strong> o crack havia<<strong>br</strong> />
respondido por muito mais do <strong>que</strong> 15% do aumento da criminalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
nos anos 80. Em outras palavras, o efeito concreto do crack ainda<<strong>br</strong> />
se faz sentir em termos <strong>de</strong> crimes violentos, para não falar do<<strong>br</strong> />
sofrimento <strong>que</strong> a droga em si continua a gerar.
O último par <strong>de</strong> explicações para a <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong> diz<<strong>br</strong> />
respeito a duas tendências <strong>de</strong>mográficas. A primeira foi citada<<strong>br</strong> />
farta-mente na mídia: o envelhecimento da população.<<strong>br</strong> />
Até a <strong>que</strong>da drástica da criminalida<strong>de</strong>, ninguém jamais<<strong>br</strong> />
mencionara tal teoria. Na verda<strong>de</strong>, a corrente "banho-<strong>de</strong>-sangue"<<strong>br</strong> />
da criminologia apregoava precisamente o oposto — <strong>que</strong> um<<strong>br</strong> />
aumento na parcela adolescente da população produziria um<<strong>br</strong> />
esto<strong>que</strong> <strong>de</strong> superpredadores <strong>que</strong> poriam a nação <strong>de</strong> joelhos. "No<<strong>br</strong> />
horizonte espreita uma nuvem <strong>que</strong> o vento logo soprará so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
nós", James Q. Wilson escreveu em 1995. "A população começará a<<strong>br</strong> />
rejuvenescer novamente... Preparem-se."<<strong>br</strong> />
No todo, porém, a parcela adolescente não vinha aumentando.<<strong>br</strong> />
Criminologistas como Wilson e James Alan Fox interpretaram<<strong>br</strong> />
equivocadamente os dados <strong>de</strong>mográficos. O crescimento real da<<strong>br</strong> />
população nos anos 90 ocorreu, com efeito, entre os mais velhos.<<strong>br</strong> />
Embora isso possa ter alarmado os planos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a Previdência<<strong>br</strong> />
Social, o americano médio pouco tinha a temer <strong>de</strong>ssa horda<<strong>br</strong> />
crescente <strong>de</strong> idosos. Que os idosos não tenham muita tendência<<strong>br</strong> />
para o crime não é propriamente uma novida<strong>de</strong>; a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
um idoso médio ser preso é 1/50 da probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>que</strong> a <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
adolescente médio ir para a ca<strong>de</strong>ia. E isso <strong>que</strong> torna tão atraente a<<strong>br</strong> />
teoria do envelhecimento da população como explicação para a<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong>: como as pessoas "amolecem" com a ida<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
um número maior <strong>de</strong> idosos <strong>de</strong>ve levar a menos crimes. Um<<strong>br</strong> />
exame cuidadoso dos dados, con<strong>tudo</strong>, revela <strong>que</strong> as cabeças<<strong>br</strong> />
grisalhas dos Estados Unidos nada fizeram para reduzir a<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> nos anos 90. A mudança <strong>de</strong>mográfica é um processo<<strong>br</strong> />
muito lento e sutil — ninguém passa <strong>de</strong> adolescente ba<strong>de</strong>rneiro a<<strong>br</strong> />
cidadão <strong>de</strong>cano em meia dúzia <strong>de</strong> anos — para se<strong>que</strong>r começar a<<strong>br</strong> />
explicar o repentino <strong>de</strong>clínio da criminalida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Houve, porém, uma outra mudança <strong>de</strong>mográfica — imprevista<<strong>br</strong> />
e <strong>de</strong> longa gestação — <strong>que</strong> drasticamente reduziu a criminalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
nos anos 90.<<strong>br</strong> />
Voltemos, <strong>br</strong>evemente, à Romênia <strong>de</strong> 66. De repente e sem<<strong>br</strong> />
aviso, Nicolae Ceausescu <strong>de</strong>clarou ilegal o aborto. As crianças
nascidas na esteira da proibição do abono tinham muito mais<<strong>br</strong> />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se tomarem criminosas do <strong>que</strong> as nascidas<<strong>br</strong> />
anteriormente. Por quê? Es<strong>tudo</strong>s em outras regiões da Europa<<strong>br</strong> />
Oriental e na Escandinávia dos anos 30 aos anos 60 revelaram uma<<strong>br</strong> />
tendência similar. Na maioria dos casos o aborto não foi totalmente<<strong>br</strong> />
proibido, mas exigia-se <strong>que</strong> a mulher recorresse a um juiz para fazêlo.<<strong>br</strong> />
Os pesquisadores <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iram <strong>que</strong> nas situações em <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
aborto era negado a uma mulher, ela em geral se ressentia do filho,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> proporcionar para a criança um lar saudável. Mesmo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>scontando os fatores renda, ida<strong>de</strong>, instrução e saú<strong>de</strong> da mãe,<<strong>br</strong> />
esses pesquisadores concluíram <strong>que</strong> tais crianças também eram mais<<strong>br</strong> />
propensas a se tornarem criminosas.<<strong>br</strong> />
Por outro <strong>lado</strong>, os Estados Unidos tiveram urna história diversa<<strong>br</strong> />
da Europa na <strong>que</strong>stão do aborto. Nos primórdios da nação, era<<strong>br</strong> />
permitido fazer um aborto antes da fase do "chute" – ou seja, quando<<strong>br</strong> />
os primeiros movimentos do feto já po<strong>de</strong>m ser sentidos,<<strong>br</strong> />
normalmente por volta <strong>de</strong> 16 a 18 semanas <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z. Em 1828,<<strong>br</strong> />
Nova York tornou-se o primeiro estado a limitar o aborto: em 1900,<<strong>br</strong> />
ele foi <strong>de</strong>clarado ilegal em todo o país. No século XX, o<<strong>br</strong> />
procedimento costumava ser perigoso e caro, razão pela qual<<strong>br</strong> />
poucas mulheres po<strong>br</strong>es faziam abortos. O acesso <strong>de</strong>ssas mulheres<<strong>br</strong> />
aos métodos <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> natalida<strong>de</strong> também era menor. Em<<strong>br</strong> />
conseqüência disso, o <strong>que</strong> elas tinham, sim, era mais filhos.<<strong>br</strong> />
No final dos anos 60, vários estados começaram a permitir o<<strong>br</strong> />
aborto em circunstâncias extremas: estupro, incesto ou risco para a<<strong>br</strong> />
mãe. Em 1970, cinco estados já haviam legalizado o aborto e<<strong>br</strong> />
tornado o procedimento acessível: Nova York, Califórnia,<<strong>br</strong> />
Washington, Alasca e Havaí. Em 22 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1973, a<<strong>br</strong> />
legalização do aborto foi repentinamente estendida a todo o país<<strong>br</strong> />
com a sentença da Suprema Corte no processo Roe x Wa<strong>de</strong>. A<<strong>br</strong> />
opinião da maioria, relatada pelo <strong>de</strong>sembargador Harry Blackmun,<<strong>br</strong> />
se referia especificamente ao calvário da futura mãe:<<strong>br</strong> />
O prejuízo <strong>que</strong> o Estado imporia à mulher grávida ao negar<<strong>br</strong> />
tal opção é evi<strong>de</strong>nte...
A maternida<strong>de</strong>, ou uma prole adicional, po<strong>de</strong> gerar para a<<strong>br</strong> />
mulher uma vida e um futuro preocupantes. O dano psicológico<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong> ser iminente. A saú<strong>de</strong> física e emocional po<strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>ecarregada pelos cuidados maternos. Existe ainda o<<strong>br</strong> />
sofrimento, para todos os envolvidos, relacionado a um filho<<strong>br</strong> />
in<strong>de</strong>sejado, além do problema <strong>de</strong> fazer nascer uma criança em<<strong>br</strong> />
uma família já incapaz, em termos psicológicos e outros, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
cuidar <strong>de</strong>la.<<strong>br</strong> />
A Suprema Corte verbalizou o <strong>que</strong> as mães na Romênia e na<<strong>br</strong> />
Escandinávia — bem como em outros lugares — há muito sabiam:<<strong>br</strong> />
quando uma mulher não <strong>de</strong>seja um filho, em geral há bons motivos<<strong>br</strong> />
para isso. Ela po<strong>de</strong> ser solteira ou ter um mau casamento, bem<<strong>br</strong> />
como se consi<strong>de</strong>rar po<strong>br</strong>e <strong>de</strong>mais para criar um filho. Po<strong>de</strong> achar<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> sua vida é instável ou infeliz <strong>de</strong>mais ou, ainda, <strong>que</strong> o álcool ou<<strong>br</strong> />
as drogas <strong>que</strong> consome são capazes <strong>de</strong> prejudicar a saú<strong>de</strong> do bebê.<<strong>br</strong> />
Talvez se consi<strong>de</strong>re <strong>de</strong>masiado jovem ou pouco instruí-da. E<<strong>br</strong> />
possível até <strong>que</strong> <strong>que</strong>ira muito ter filhos, mas não neste mo-mento.<<strong>br</strong> />
Alguma razão, em um le<strong>que</strong> <strong>de</strong>las, a faz crer <strong>que</strong> é incapaz <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
oferecer um lar apropriado à criação <strong>de</strong> uma criança saudável e<<strong>br</strong> />
produtiva.<<strong>br</strong> />
No primeiro ano <strong>que</strong> se seguiu ao processo Roe x Wa<strong>de</strong>, cerca<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 750 mil mulheres fizeram abortos nos Estados Unidos (ou seja,<<strong>br</strong> />
um aborto para cada quatro nascimentos com vida). Em 1980, o<<strong>br</strong> />
número <strong>de</strong> abortos chegava a 1,6 milhão (um para cada 2,25<<strong>br</strong> />
nascimentos com vida), patamar em <strong>que</strong> estacionou. Em um país<<strong>br</strong> />
com 225 milhões <strong>de</strong> habitantes, 1,6 milhão <strong>de</strong> abortos por ano —<<strong>br</strong> />
um para cada 140 americanos — talvez não soasse tão dramático.<<strong>br</strong> />
No primeiro ano <strong>que</strong> se seguiu à morte <strong>de</strong> Nicolae Ceausescu,<<strong>br</strong> />
quando foi suspensa a proibição <strong>de</strong>sse procedimento na Romênia,<<strong>br</strong> />
houve um aborto para cada vinte e dois romenos. Ainda assim, a<<strong>br</strong> />
cada ano, 1,6 milhão <strong>de</strong> americanas grávidas <strong>de</strong>ixaram, <strong>de</strong> uma hora<<strong>br</strong> />
para a outra, <strong>de</strong> dar à luz esses bebês.<<strong>br</strong> />
Até o processo Roe x Wa<strong>de</strong>, eram predominantemente as filhas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> pais da classe média ou da classe média alta <strong>que</strong> podiam<<strong>br</strong> />
provi<strong>de</strong>nciar e custear um aborto ilegal seguro. Agora, em lugar
<strong>de</strong> um procedimento ilegal <strong>que</strong> chegava a custar $500, o aborto<<strong>br</strong> />
estava ao alcance <strong>de</strong> qual<strong>que</strong>r mulher por menos <strong>de</strong> $100.<<strong>br</strong> />
Qual era o perfil feminino mais provável <strong>de</strong> se beneficiar da<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>cisão do caso Roe x Wa<strong>de</strong>? Em geral, a mulher solteira, <strong>de</strong> menos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 20 anos e po<strong>br</strong>e, e, algumas vezes, com as três características.<<strong>br</strong> />
Que tipo <strong>de</strong> futuro o bebê <strong>de</strong>ssa mulher teria? Um es<strong>tudo</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>monstrou <strong>que</strong> a típica criança impedida <strong>de</strong> nascer nos primeiros<<strong>br</strong> />
anos da legalização do aborto estaria 50% mais propensa <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
média a viver na po<strong>br</strong>eza; teria, igualmente, uma probabilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
60% maior <strong>de</strong> ser criada por apenas um dos genitores. Esses dois<<strong>br</strong> />
fatores — uma infância po<strong>br</strong>e e um lar <strong>de</strong> mãe/pai solteiro — estão<<strong>br</strong> />
entre os mais fortes fatores <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong> um futuro<<strong>br</strong> />
criminoso. Crescer num lar <strong>de</strong> genitor solteiro praticamente do<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />
a propensão <strong>de</strong> uma criança para o crime. O mesmo ocorre com<<strong>br</strong> />
os filhos <strong>de</strong> mães adolescentes. Um outro es<strong>tudo</strong> mostrou <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
baixa instrução materna é o fator iso<strong>lado</strong> <strong>de</strong> mais peso para<<strong>br</strong> />
conduzir à criminalida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Em outras palavras, os próprios fatores <strong>que</strong> levaram milhões<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> americanas a fazerem aborto também representam indicadores<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> <strong>que</strong> seus filhos, caso tivessem nascido, teriam vidas infelizes e<<strong>br</strong> />
possivelmente criminosas.<<strong>br</strong> />
Naturalmente, a legalização do aborto nos Estados Unidos<<strong>br</strong> />
teve uma série <strong>de</strong> conseqüências. O infanticídio diminuiu<<strong>br</strong> />
drasticamente, bem como os casamentos forçados e o número <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
bebês entregues à adoção (o <strong>que</strong> causou um boom na adoção <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
bebês estrangeiros). As gravi<strong>de</strong>zes aumentaram quase 30%, mas os<<strong>br</strong> />
nasci-mentos caíram 6%, sugerindo <strong>que</strong> muitas mulheres estariam<<strong>br</strong> />
usando o aborto como método <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> natalida<strong>de</strong>, um tipo<<strong>br</strong> />
cruel e drástico <strong>de</strong> política <strong>de</strong> prevenção.<<strong>br</strong> />
No entanto, o efeito mais dramático da legalização do aborto<<strong>br</strong> />
— e <strong>que</strong> levaria anos para se fazer sentir — talvez tenha sido o seu<<strong>br</strong> />
impacto so<strong>br</strong>e a criminalida<strong>de</strong>. No início dos anos 90, precisamente<<strong>br</strong> />
quando a primeira leva <strong>de</strong> crianças nascidas após o caso Roe x Wa<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
chegava à adolescência — época em <strong>que</strong> os jovens do sexo<<strong>br</strong> />
masculino atingem seu auge criminoso —, o índice <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>
começou a cair. O <strong>que</strong> faltava nessa leva, é claro, eram as crianças<<strong>br</strong> />
mais propensas a se tornarem criminosas. A criminalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
continuou a cair à medida <strong>que</strong> uma geração inteira alcançou a<<strong>br</strong> />
maiorida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>la excluídas as crianças cujas mães não haviam<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>rido pô-las no mundo. O aborto legalizado resultou num<<strong>br</strong> />
número menor <strong>de</strong> filhos in<strong>de</strong>sejados; filhos in<strong>de</strong>sejados levam a<<strong>br</strong> />
altos índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>. A legalização do aborto, assim,<<strong>br</strong> />
levou a menos crimes.<<strong>br</strong> />
Essa teoria está fadada a provocar inúmeras reações, <strong>que</strong> vão da<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>scrença à repulsa, bem como uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> objeções, das<<strong>br</strong> />
triviais às morais. A primeira objeção é a mais direta: a teoria é<<strong>br</strong> />
válida? Talvez aborto e criminalida<strong>de</strong> estejam meramente<<strong>br</strong> />
correlacionados, não havendo aí nexo causal.<<strong>br</strong> />
Talvez seja mais cômodo acreditar no <strong>que</strong> dizem os jornais, ou<<strong>br</strong> />
seja, <strong>que</strong> a <strong>que</strong>da dos índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>veu-se a um<<strong>br</strong> />
policiamento <strong>br</strong>ilhante, a um controle inteligente das armas e a<<strong>br</strong> />
uma economia emergente. Habituamo-nos a vincular causalida<strong>de</strong> a<<strong>br</strong> />
coisas <strong>que</strong> po<strong>de</strong>mos tocar ou sentir, não a fenômenos distantes e<<strong>br</strong> />
complexos. Acreditamos, principalmente, em causas <strong>de</strong> curto prazo:<<strong>br</strong> />
uma co<strong>br</strong>a mor<strong>de</strong> um amigo nosso, ele grita <strong>de</strong> dor e morre. A<<strong>br</strong> />
mordida da co<strong>br</strong>a, concluímos, foi a causa da morte. Na maioria<<strong>br</strong> />
das vezes esse raciocínio está correto, mas quando se trata <strong>de</strong> causa e<<strong>br</strong> />
efeito, é comum haver um "porém" nesse tipo <strong>de</strong> raciocínio "bateu,<<strong>br</strong> />
levou". Sorrimos com superiorida<strong>de</strong>, hoje em dia, quando<<strong>br</strong> />
pensamos em antigas culturas <strong>que</strong> a<strong>br</strong>açavam causas equivocadas –<<strong>br</strong> />
os guerreiros <strong>que</strong> acreditavam, por exemplo, <strong>que</strong> estuprando<<strong>br</strong> />
virgens sairiam vencedores nas batalhas. No entanto, também<<strong>br</strong> />
a<strong>br</strong>açamos causas equivocadas, geralmente incitados por um<<strong>br</strong> />
especialista <strong>que</strong> afirma uma verda<strong>de</strong> na qual tem interesse pessoal.<<strong>br</strong> />
Como, então, saber se o vínculo aborto-crime tem nexo causal<<strong>br</strong> />
ou se aqui se trata tão-somente <strong>de</strong> uma correlação?<<strong>br</strong> />
Uma forma <strong>de</strong> testar o efeito do aborto so<strong>br</strong>e a criminalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
seria examinar os dados da criminalida<strong>de</strong> nos cinco estados <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
legalizaram o aborto antes <strong>que</strong> a Suprema Corte esten<strong>de</strong>sse esse<<strong>br</strong> />
direito ao restante do país. Em Nova York, na Califórnia, em<<strong>br</strong> />
Washington, no Alasca e no Havaí, a uma mulher já era permitido
ecorrer ao aborto no mínimo dois anos antes do caso Roe x Wa<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
e realmente esses estados precursores da legalização viram a<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> baixar antes dos outros 45 estados e do Distrito <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Columbia. Entre 1988 e 1997, os crimes violentos nos estados <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
primeiro legalizaram o aborto caíram 13% se comparados aos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>mais; entre 1994 e 1997, seus índices <strong>de</strong> homicídio caíram 23%<<strong>br</strong> />
mais do <strong>que</strong> os dos outros estados.<<strong>br</strong> />
E se <strong>tudo</strong> isso não tiver senão sido uma coincidência? O <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
mais <strong>de</strong>ve ser investigado nos dados para estabelecer o vínculo<<strong>br</strong> />
aborto-criminalida<strong>de</strong>?<<strong>br</strong> />
Um fator a buscar seria uma correlação entre o índice <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
abortos e o da criminalida<strong>de</strong> em cada um <strong>de</strong>les. Na verda<strong>de</strong>, os<<strong>br</strong> />
estados com os mais altos índices <strong>de</strong> aborto nos anos 70<<strong>br</strong> />
apresentaram as maiores <strong>que</strong>das na criminalida<strong>de</strong> nos anos 90,<<strong>br</strong> />
enquanto os estados com baixos índices <strong>de</strong> aborto mostraram uma<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>da menor na criminalida<strong>de</strong> (esta correlação existe até mesmo<<strong>br</strong> />
quando <strong>de</strong>scontada uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores <strong>que</strong> influem na<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong>: o nível <strong>de</strong> prisões efetuadas, o número <strong>de</strong> policiais e<<strong>br</strong> />
a situação econômica). Des<strong>de</strong> 1985 os estados com altos índices <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
abortos tiveram uma <strong>que</strong>da aproximadamente 30% maior do <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
dos estados com índices baixos <strong>de</strong> aborto (a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nova York<<strong>br</strong> />
apresentava um índice alto <strong>de</strong> abortos e fazia parte <strong>de</strong> um estado<<strong>br</strong> />
precursor da legalização, uma dupla <strong>de</strong> fatores <strong>que</strong> comprometem<<strong>br</strong> />
ainda mais a afirmação <strong>de</strong> <strong>que</strong> o policiamento inovador motivou a<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong>). Além disso, não havia ligação entre o<<strong>br</strong> />
índice <strong>de</strong> abortos e os índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> estado a estado antes<<strong>br</strong> />
do final da década <strong>de</strong> 1980 – quando o primeiro grupo afetado pelo<<strong>br</strong> />
aborto legalizado alcançou seu pico criminoso –, o <strong>que</strong> é mais uma<<strong>br</strong> />
indicação <strong>de</strong> <strong>que</strong> o caso Roe x Wa<strong>de</strong> foi o acontecimento <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
efetivamente <strong>de</strong>sequili<strong>br</strong>ou a balança da criminalida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Existem mais correlações ainda, positivas e negativas, a<<strong>br</strong> />
escorar o vínculo aborto-criminalida<strong>de</strong>. Em estados com altos<<strong>br</strong> />
índices <strong>de</strong> aborto, a diminuição dos crimes, em termos absolutos,<<strong>br</strong> />
se <strong>de</strong>u na leva <strong>de</strong> jovens pós-Roe, e não no grupo <strong>de</strong> criminosos<<strong>br</strong> />
mais velhos. A<strong>de</strong>mais, es<strong>tudo</strong>s na Austrália e no Canadá <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então
estabeleceram um vínculo similar entre a legalização do aborto e a<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong>. Deixaram <strong>de</strong> integrar a leva pós-Roe não só milhares<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> jovens criminosos, mas também milhares <strong>de</strong> mães solteiras<<strong>br</strong> />
adolescentes — já <strong>que</strong> muitas das meninas abortadas teriam<<strong>br</strong> />
provavelmente seguido a tendência das próprias mães.<<strong>br</strong> />
Não é preciso dizer <strong>que</strong> é chocante <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir <strong>que</strong> o aborto foi<<strong>br</strong> />
um dos maiores fatores responsáveis pela diminuição da<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong> da história americana. A sensação é menos darwiniana<<strong>br</strong> />
do <strong>que</strong> swiftiana, trazendo à lem<strong>br</strong>ança uma velha observação ferina<<strong>br</strong> />
atribuída a G. K. Chesterton: quando inexistem chapéus suficientes<<strong>br</strong> />
para todos, a solução do problema não é cortar algumas cabeças. A<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong> foi, no jargão dos economistas, " um<<strong>br</strong> />
beneficio aci<strong>de</strong>ntal" da legalização do aborto. Não é preciso, porém,<<strong>br</strong> />
ser contra o aborto, do ponto <strong>de</strong> vista moral ou religioso, para<<strong>br</strong> />
per<strong>de</strong>r o prumo diante da noção <strong>de</strong> <strong>que</strong> um sofrimento pessoal<<strong>br</strong> />
possa ser convertido em satisfação coletiva.<<strong>br</strong> />
Com efeito, muita gente consi<strong>de</strong>ra o aborto em si um crime<<strong>br</strong> />
violento. Um jurista afirmou <strong>que</strong> a legalização do aborto foi pior<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> a escravidão (já <strong>que</strong> implica morte) ou <strong>que</strong> o Holocausto (já <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
o número <strong>de</strong> abortos pós-Roe nos Estados Unidos —<<strong>br</strong> />
aproximadamente 37 milhões até 2004 — superou o dos seis milhões<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us mortos na Europa). Quer se tenha ou não opinião<<strong>br</strong> />
extremada em relação ao aborto, o tema continua a ser<<strong>br</strong> />
extremamente <strong>de</strong>licado. Anthony V. Bouza, um ex-policial <strong>de</strong> elite<<strong>br</strong> />
tanto no Bronx como em Minneapolis, <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu isso quando se<<strong>br</strong> />
candidatou a governa-dor do estado <strong>de</strong> Minnesota em 1994. Alguns<<strong>br</strong> />
anos antes, Bouza escrevera um livro em <strong>que</strong> qualificava o aborto<<strong>br</strong> />
como sendo "possivelmente o único instrumento eficaz na<<strong>br</strong> />
prevenção da criminalida<strong>de</strong> neste país <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final dos anos 60".<<strong>br</strong> />
Quando essa <strong>de</strong>claração foi publicada pouco antes da eleição,<<strong>br</strong> />
Bouza <strong>de</strong>spencou nas pesquisas. E acabou <strong>de</strong>rrotado.<<strong>br</strong> />
Seja qual for a posição assumida frente ao aborto, uma<<strong>br</strong> />
pergunta geralmente assoma à mente: <strong>que</strong> atitu<strong>de</strong> tomar quanto à<<strong>br</strong> />
troca <strong>de</strong> mais abortos por menos crimes? E possível arbitrar um<<strong>br</strong> />
preço para uma transação tão complicada?
Acontece <strong>que</strong> os economistas têm o curioso hábito <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
arbitrar preços para transações complicadas. Consi<strong>de</strong>remos as<<strong>br</strong> />
tentativas para salvar da extinção a coruja pintalgada. Um es<strong>tudo</strong><<strong>br</strong> />
econômico <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu <strong>que</strong> para proteger cerca <strong>de</strong> cinco mil<<strong>br</strong> />
corujas, os custos <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> — ou seja, a renda <strong>de</strong> <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
abdica a indústria hoteleira e outras — seriam da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> $46<<strong>br</strong> />
bilhões, ou pouco mais <strong>de</strong> $9 milhões por coruja. Depois do<<strong>br</strong> />
vazamento <strong>de</strong> óleo do Exxon Val<strong>de</strong>z em 1989, um outro es<strong>tudo</strong><<strong>br</strong> />
estimou a soma <strong>que</strong> cada domicílio americano estaria disposto a<<strong>br</strong> />
pagar para evitar outro <strong>de</strong>sastre como a<strong>que</strong>le: $31. Um economista<<strong>br</strong> />
é capaz <strong>de</strong> fixar um preço até mesmo para as partes do corpo.<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>remos a ta-bela <strong>que</strong> o estado <strong>de</strong> Connecticut utiliza para<<strong>br</strong> />
in<strong>de</strong>nizar aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho.<<strong>br</strong> />
PARTE DO CORPO LESADA OU PERDIDA<<strong>br</strong> />
INDENIZAÇÃO EM REMUNERAÇÕES SEMANAIS<<strong>br</strong> />
Dedo (primeiro) 36<<strong>br</strong> />
Dedo (segundo) 29<<strong>br</strong> />
Dedo (terceiro) 21<<strong>br</strong> />
Dedo (quarto) 17<<strong>br</strong> />
Polegar (da mão principal) 63<<strong>br</strong> />
Polegar (da outra mão) 54<<strong>br</strong> />
Mão (principal) 168<<strong>br</strong> />
Mão (a outra) 155<<strong>br</strong> />
Braço (principal) 208<<strong>br</strong> />
Braço (o outro) 194<<strong>br</strong> />
Dedo do pé (<strong>de</strong>dão) 28<<strong>br</strong> />
Dedo do pé (qual<strong>que</strong>r outro) 9<<strong>br</strong> />
Pé 125<<strong>br</strong> />
Nariz 35<<strong>br</strong> />
Olho 157<<strong>br</strong> />
Rim 117<<strong>br</strong> />
Fígado 347
PARTE DO CORPO LESADA OU PERDIDA<<strong>br</strong> />
INDENIZAÇÃO EM REMUNERAÇÕES SEMANAIS<<strong>br</strong> />
Pâncreas 416<<strong>br</strong> />
Coração 520<<strong>br</strong> />
Mama 35<<strong>br</strong> />
Ovário 35<<strong>br</strong> />
Testículo 35<<strong>br</strong> />
Pénis 35-104<<strong>br</strong> />
Vagina 35-104<<strong>br</strong> />
Apenas para argumentar, façamos uma pergunta in<strong>de</strong>cente:<<strong>br</strong> />
qual a relação <strong>de</strong> valor entre um feto e um recém-nascido? Diante<<strong>br</strong> />
da tarefa salomônica <strong>de</strong> sacrificar a vida <strong>de</strong> um recém-nascido em<<strong>br</strong> />
troca <strong>de</strong> um número in<strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> fetos, <strong>que</strong> número você<<strong>br</strong> />
escolheria? Este não é senão um exercício <strong>de</strong> raciocínio —<<strong>br</strong> />
obviamente não existe uma resposta certa —, mas talvez aju<strong>de</strong> a<<strong>br</strong> />
esclarecer o impacto do aborto so<strong>br</strong>e a criminalida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Para alguém <strong>que</strong> seja <strong>de</strong>finitivamente pró-vida ou<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>finitivamente pró-escolha, esse é um cálculo simples. O<<strong>br</strong> />
primeiro, acreditando <strong>que</strong> a vida começa com a concepção,<<strong>br</strong> />
provavelmente consi<strong>de</strong>raria o valor <strong>de</strong> um recém-nascido versus o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> um feto como sendo 1 para 1. O segundo, acreditando <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
direito <strong>de</strong> uma mulher <strong>de</strong> escolher o aborto supera qual<strong>que</strong>r outro<<strong>br</strong> />
fator, provavelmente diria <strong>que</strong> nenhum número <strong>de</strong> fetos equivale<<strong>br</strong> />
ao valor <strong>de</strong> um recém-nascido <strong>que</strong> seja.<<strong>br</strong> />
Tomemos, porém, uma terceira pessoa (se você se i<strong>de</strong>ntifica<<strong>br</strong> />
intimamente com a primeira ou a segunda pessoa acima, talvez se<<strong>br</strong> />
sinta agredido pelo exercício a seguir e prefira pular os dois próximos<<strong>br</strong> />
parágrafos). Esta terceira pessoa não crê <strong>que</strong> um feto seja<<strong>br</strong> />
equivalente a um recém-nascido na proporção <strong>de</strong> 1 para 1, mas<<strong>br</strong> />
também não acredita <strong>que</strong> a um feto não possa ser atribuído valor<<strong>br</strong> />
algum. Digamos <strong>que</strong>, uma vez o<strong>br</strong>igado a atribuir um valor<<strong>br</strong> />
relativo, apenas para argumentar, ele <strong>de</strong>cida <strong>que</strong> um recémnascido<<strong>br</strong> />
equivale a 100 fetos.
Nos Estados Unidos acontecem, aproximadamente, um milhão<<strong>br</strong> />
e meio <strong>de</strong> abortos anualmente. Para alguém <strong>que</strong> acredite <strong>que</strong> um<<strong>br</strong> />
recém-nascido equivale a 100 fetos, esse milhão e meio <strong>de</strong> abortos<<strong>br</strong> />
representaria – dividindo-se 1,5 milhões por 100 – a perda <strong>de</strong> 15 mil<<strong>br</strong> />
vidas humanas, o <strong>que</strong> por acaso é mais ou menos o número <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
vítimas anuais <strong>de</strong> homicídio nos Estados Unidos, e bem mais <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
número <strong>de</strong> homicídios evitados anualmente graças à legalização do<<strong>br</strong> />
aborto. Assim, mesmo para <strong>que</strong>m consi<strong>de</strong>ra <strong>que</strong> um feto equivalha<<strong>br</strong> />
tão-somente a 1/100 <strong>de</strong> um ser humano, a permuta mais abortos x<<strong>br</strong> />
menos crimes, sob a ótica <strong>de</strong> um economista, é altamente ineficaz.<<strong>br</strong> />
O <strong>que</strong> o vínculo aborto-criminalida<strong>de</strong> nos diz é: quando o<<strong>br</strong> />
governo dá a uma mulher a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha quanto ao<<strong>br</strong> />
aborto, ela em geral pon<strong>de</strong>ra corretamente se está ou não em<<strong>br</strong> />
condições <strong>de</strong> criar bem o bebê. Se conclui <strong>que</strong> não está, geralmente<<strong>br</strong> />
opta pelo aborto.<<strong>br</strong> />
Uma vez, porém, <strong>que</strong> uma mulher <strong>de</strong>cida <strong>que</strong> vai ter seu bebê,<<strong>br</strong> />
uma pergunta premente se impõe: O <strong>que</strong> se espera dos pais a partir<<strong>br</strong> />
do nascimento <strong>de</strong> um filho?
Levitt <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu <strong>que</strong> o apoio da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago ia além do plano<<strong>br</strong> />
acadêmico. No ano seguinte à<strong>que</strong>le em <strong>que</strong> foi contratado, sua mulher <strong>de</strong>u à luz o<<strong>br</strong> />
primeiro filho do casal, Andrew. Uma noite, logo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> completar um ano,<<strong>br</strong> />
Andrew apareceu com uma ligeira fe<strong>br</strong>e. O médico diagnosticou uma infecção no<<strong>br</strong> />
ouvido. Quando, ao acordar, o menino começou a vomitar, os pais o levaram ao<<strong>br</strong> />
hospital, on<strong>de</strong> ele morreu no dia seguinte <strong>de</strong> meningite pneumocócica.<<strong>br</strong> />
Em meio ao cho<strong>que</strong> e à dor, Levitt tinha uma turma <strong>de</strong> graduação <strong>que</strong> precisava<<strong>br</strong> />
ter aulas. Foi Gary Becker - um Prémio Nobel beirando os 70 anos - <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
substituiu. Um outro colega, D. Gale Johnson, enviou um cartão <strong>de</strong> pêsames <strong>que</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
tal modo emocionou Levitt <strong>que</strong> até hoje ele sabe o texto <strong>de</strong> cor.<<strong>br</strong> />
Levitt e Johnson, um economista agrícola na casa dos 80 anos, passaram a<<strong>br</strong> />
conversar com regularida<strong>de</strong>. Levitt <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu <strong>que</strong> a filha <strong>de</strong> Johnson fora uma das<<strong>br</strong> />
primeiras americanas a adotar uma criança chinesa. Em pouco tempo, os Levitt
começaram a tomar as providências para fazer o mesmo, adotando uma menina<<strong>br</strong> />
chamada Amando. Além <strong>de</strong> Amando, o casal teve uma filha, hoje com três anos, e<<strong>br</strong> />
um filho, prestes a fazer um ano. Mas a morte <strong>de</strong> Andrew gerou proveitos, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
diversas formas. Os Levitt se tornaram amigos íntimos da família da garotinha para<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>m doaram o fígado <strong>de</strong> Andrew (o coração também foi doado, mas o bebé<<strong>br</strong> />
receptor morreu). Não espanta <strong>que</strong> um estudioso como Levitt, <strong>que</strong> pesquisa temas<<strong>br</strong> />
da vida real, tenha, além disso, lançado mão <strong>de</strong>ssa experiência com a morte em<<strong>br</strong> />
seu trabalho.<<strong>br</strong> />
Ele e Jeannette a<strong>de</strong>riram a um grupo <strong>de</strong> apoio para pais vitimados por esse<<strong>br</strong> />
tipo <strong>de</strong> perda. Levitt teve um cho<strong>que</strong> ao <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir quantas crianças morrem<<strong>br</strong> />
afogadas em piscinas. Essas mortes não viram notícia <strong>de</strong> jornal – ao contrário,<<strong>br</strong> />
por exemplo, da <strong>de</strong> uma criança morta durante uma <strong>br</strong>inca<strong>de</strong>ira com uma arma<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> fogo.<<strong>br</strong> />
Levitt ficou curioso e foi atrás <strong>de</strong> números <strong>que</strong> contassem a história.<<strong>br</strong> />
Registrou os resultados na forma <strong>de</strong> um artigo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte para o Chicago Sun<<strong>br</strong> />
Times. Dele constava a espécie <strong>de</strong> contra-intuição pungente <strong>que</strong> o tornou<<strong>br</strong> />
famoso: "Se você possui uma arma e tem uma piscina no jardim, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
a piscina causar a morte <strong>de</strong> uma criança é 100 vezes maior. "<<strong>br</strong> />
THE NEW YORK TIMES MAGAZINE, 3 DE AGOSTO DE 2003
5<<strong>br</strong> />
O <strong>que</strong> faz um pai ser<<strong>br</strong> />
perfeito?<<strong>br</strong> />
Terá existido algum dia uma arte tão zelosamente convertida em<<strong>br</strong> />
ciência quanto a da parentalida<strong>de</strong>?<<strong>br</strong> />
Ao longo das últimas décadas, um rebanho vasto e variado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
especialistas em parentalida<strong>de</strong> surgiu no cenário. Qual<strong>que</strong>r um <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
tente, ainda <strong>que</strong> aci<strong>de</strong>ntalmente, seguir seus conselhos corre o risco<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> ficar paralisado, pois a sabedoria convencional em termos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
parentalida<strong>de</strong> muda a cada hora. Vezes há em <strong>que</strong> isso <strong>de</strong>corre da<<strong>br</strong> />
divergência entre dois especialistas. Noutras, os especialistas mais<<strong>br</strong> />
bada<strong>lado</strong>s concordam em massa, <strong>de</strong> repente, <strong>que</strong> a sabedoria<<strong>br</strong> />
convencional até então vigente estava errada e <strong>que</strong> a nova, ao menos<<strong>br</strong> />
por algum tempo, é irrefutavelmente válida. A amamentação, por<<strong>br</strong> />
exemplo, é a única maneira <strong>de</strong> assegurar <strong>que</strong> uma criança seja<<strong>br</strong> />
saudável e intelectualmente apta — a menos <strong>que</strong> a mama<strong>de</strong>ira seja a<<strong>br</strong> />
resposta. Um bebê só po<strong>de</strong> ser posto para dormir <strong>de</strong> barriga para cima<<strong>br</strong> />
— até <strong>que</strong> seja <strong>de</strong>cretado <strong>que</strong> ele só po<strong>de</strong> ser posto para dormir <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>uços. Comer fígado é: a) tóxico, ou b) o<strong>br</strong>igatório para o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvimento do cére<strong>br</strong>o. Aposente o cinto e mime a criança; dê<<strong>br</strong> />
palmadas e vá preso.<<strong>br</strong> />
Em seu livro Raising America: Expelis, Parents, anda Century of<<strong>br</strong> />
Advice About Children,* Ann Hulbert documentou a freqüência<<strong>br</strong> />
_______________________________<<strong>br</strong> />
* Nota da Tradutora: "Educando os Estados Unidos: Especialistas, Pais e um<<strong>br</strong> />
Século <strong>de</strong> Conselhos so<strong>br</strong>e os Filhos " .
com <strong>que</strong> os especialistas em educação infantil contradizem uns aos<<strong>br</strong> />
outros e até mesmo a si próprios. Sua falação seria hilária se não<<strong>br</strong> />
causasse tanta confusão e, muitas vezes, medo. Gary Ezzo, <strong>que</strong> na<<strong>br</strong> />
série <strong>de</strong> livros Babywise avaliza uma "estratégia <strong>de</strong> administração<<strong>br</strong> />
da criança" para mães e pais em busca "da perfeição como<<strong>br</strong> />
genitores", enfatiza a importância <strong>de</strong> habituar um bebê, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
cedo, a dormir sozinho a noite toda. Do contrário, adverte Ezzo, a<<strong>br</strong> />
falta <strong>de</strong> sono po<strong>de</strong> "causar um impacto negativo so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvimento do sistema nervoso central da criança", levando a<<strong>br</strong> />
dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizado. Por outro <strong>lado</strong>, os <strong>que</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> o bebê <strong>de</strong>ve "dormir acompanhado" advertem <strong>que</strong> dormir<<strong>br</strong> />
sozinho é psicologicamente prejudicial para o bebê e <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
mesmo <strong>de</strong>ve ser acolhi-do na "cama da família". E quanto à<<strong>br</strong> />
estimulação? Em 1983, T. Berry Brazelton escreveu <strong>que</strong> um bebê<<strong>br</strong> />
vem ao mundo "totalmente equipado para apren<strong>de</strong>r so<strong>br</strong>e si<<strong>br</strong> />
mesmo e o mundo <strong>que</strong> o cerca". Brazelton era a favor <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
calorosa estimulação precoce — uma criança "interativa". Cem<<strong>br</strong> />
anos antes, porém, L. Emmet Holt alertara para o fato <strong>de</strong> <strong>que</strong> um<<strong>br</strong> />
bebê não era um "<strong>br</strong>in<strong>que</strong>do". Não <strong>de</strong>-via haver "pressão, coação<<strong>br</strong> />
ou estimulação in<strong>de</strong>vida" durante os dois primeiros anos <strong>de</strong> vida.<<strong>br</strong> />
Para Holt, o cére<strong>br</strong>o se <strong>de</strong>senvolve <strong>de</strong> tal forma nesse período <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
uma estimulação exagerada po<strong>de</strong> "causar muitos danos". Ele<<strong>br</strong> />
acreditava, também, <strong>que</strong> um bebê <strong>que</strong> chora não <strong>de</strong>ve ser posto no<<strong>br</strong> />
colo a menos <strong>que</strong> esteja com dor. Sua explicação era a <strong>de</strong> <strong>que</strong> é<<strong>br</strong> />
preciso <strong>de</strong>ixar um bebê chorar <strong>de</strong> 15 a 30 minutos por dia: "Esse<<strong>br</strong> />
é o exercício do bebê."<<strong>br</strong> />
O típico especialista <strong>de</strong>ssa área, como os <strong>de</strong> outras, ten<strong>de</strong> a<<strong>br</strong> />
passar uma excessiva autoconfiança. Um especialista não fica<<strong>br</strong> />
pesando todos os <strong>lado</strong>s <strong>de</strong> uma <strong>que</strong>stão: finca logo uma ban<strong>de</strong>ira<<strong>br</strong> />
num <strong>de</strong>les. Isso acontece por<strong>que</strong> um especialista cujos argumentos<<strong>br</strong> />
soem comedidos ou reticentes não atrai muita atenção. Um<<strong>br</strong> />
especialista tem <strong>que</strong> ser direto se o <strong>que</strong> preten<strong>de</strong> é transformar sua<<strong>br</strong> />
teoria <strong>de</strong> algibeira em sabedoria convencional. O melhor meio<<strong>br</strong> />
para consegui-lo é falar à emoção da platéia, pois a emoção é a<<strong>br</strong> />
inimiga da argumentação racional. Em termos <strong>de</strong> emoções, uma<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>las — o medo — é mais forte <strong>que</strong> as <strong>de</strong>mais. O superpredador,<<strong>br</strong> />
as armas <strong>de</strong>
<strong>de</strong>struição em massa iraquianas, o mal da vaca louca, a síndrome da<<strong>br</strong> />
morte súbita <strong>de</strong> bebês: como ignorar os conselhos do especialista<<strong>br</strong> />
nesses horrores quando, à semelhança do tio malvado <strong>que</strong> conta<<strong>br</strong> />
histórias <strong>de</strong> terror para crianças pe<strong>que</strong>nas <strong>de</strong>mais, ele nos reduz a<<strong>br</strong> />
bebês apavorados?<<strong>br</strong> />
Ninguém é mais suscetível ao terrorismo <strong>de</strong> um especialista<<strong>br</strong> />
do <strong>que</strong> um pai ou uma mãe. O medo é, na verda<strong>de</strong>, um<<strong>br</strong> />
componente <strong>de</strong> peso no exercício da parentalida<strong>de</strong>. Um genitor,<<strong>br</strong> />
afinal é o ze<strong>lado</strong>r da vida <strong>de</strong> uma outra criatura, criatura essa <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
no começo é mais in<strong>de</strong>fesa do <strong>que</strong> o recém-nascido <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
praticamente qual<strong>que</strong>r das outras espécies. Isso leva um bom<<strong>br</strong> />
número <strong>de</strong> pais a gastar um bocado da energia <strong>de</strong> <strong>que</strong> precisam<<strong>br</strong> />
para criar os filhos administrando o medo.<<strong>br</strong> />
O problema é <strong>que</strong> eles costumam temer as coisas erradas. Não<<strong>br</strong> />
lhes cabe culpa por isso. Distinguir fatos <strong>de</strong> boatos é sempre difícil,<<strong>br</strong> />
principalmente para um pai (ou mãe) ocupado. E o burburinho<<strong>br</strong> />
causado pelos especialistas — para não falar na pressão por parte <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
outros pais — é tão acachapante <strong>que</strong> eles quase não conseguem<<strong>br</strong> />
pensar por si mesmos. Os fatos <strong>que</strong> conseguem enxergar em geral<<strong>br</strong> />
já foram maquiados ou exagerados, se não mesmo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>scontextualizados, para servir ao interesse <strong>de</strong> terceiros.<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>remos os pais <strong>de</strong> uma menina <strong>de</strong> oito anos chamada —<<strong>br</strong> />
digamos — Molly. Suas duas melhores amigas, Amy e Imani, moram<<strong>br</strong> />
na vizinhança. Os pais <strong>de</strong> Molly sabem <strong>que</strong> os pais <strong>de</strong> Amy têm<<strong>br</strong> />
uma arma em casa e por isso proibiram Molly <strong>de</strong> <strong>br</strong>incar lá. Por<<strong>br</strong> />
essa razão, Molly passa um bom tempo na casa <strong>de</strong> Imani, on<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
existe uma piscina na parte dos fundos. Os pais <strong>de</strong> Molly estão<<strong>br</strong> />
satisfeitos por terem feito uma escolha inteligente visando à<<strong>br</strong> />
segurança da filha.<<strong>br</strong> />
Segundo os dados, con<strong>tudo</strong>, essa escolha nada tem <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
inteligente. Todos os anos há um afogamento infantil para cada 11<<strong>br</strong> />
mil piscinas resi<strong>de</strong>nciais nos Estados Unidos (num país com 6<<strong>br</strong> />
milhões <strong>de</strong> piscinas, isso representa, aproximadamente, 550<<strong>br</strong> />
crianças <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos afogadas anualmente). Enquanto<<strong>br</strong> />
isso, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> morte infantil por arma <strong>de</strong> fogo é <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
para
cada 1 milhão <strong>de</strong> armas (num país com um número estimado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
200 milhões <strong>de</strong> armas, isso significa <strong>que</strong> 175 mortes <strong>de</strong> crianças são<<strong>br</strong> />
causadas anualmente por armas <strong>de</strong> fogo). A probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> morte<<strong>br</strong> />
por afogamento em uma piscina (1 em 11 mil) contra mor-te por<<strong>br</strong> />
arma <strong>de</strong> fogo (1 em 1 milhão) nem se<strong>que</strong>r é digna <strong>de</strong> comparação:<<strong>br</strong> />
Molly tem aproximadamente 100 vezes mais possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
morrer afogada na casa <strong>de</strong> Imani do <strong>que</strong> <strong>br</strong>incando com a arma dos<<strong>br</strong> />
pais <strong>de</strong> Amy.<<strong>br</strong> />
No entanto, a maioria <strong>de</strong> nós, como os pais <strong>de</strong> Molly, é<<strong>br</strong> />
incompetente para calcular riscos. Peter Sandman, <strong>que</strong> se<<strong>br</strong> />
auto<strong>de</strong>screve como "consultor <strong>de</strong> riscos" em Princeton, New Jersey,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>u seu parecer no início <strong>de</strong> 2004 <strong>de</strong>pois <strong>que</strong> um único caso do mal<<strong>br</strong> />
da vaca louca nos Estados Unidos provocou um frenesi anticarne<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> boi. "A realida<strong>de</strong> é <strong>que</strong>", disse ele ao The New York Times, "os<<strong>br</strong> />
riscos <strong>que</strong> assustam as pessoas e os riscos <strong>que</strong> causam suas mortes<<strong>br</strong> />
são muito diferentes".<<strong>br</strong> />
Sandman fez uma comparação entre o mal da vaca louca (uma<<strong>br</strong> />
aterrorizante, mas muitíssimo improvável ameaça) e a disseminação<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> patógenos oriundos <strong>de</strong> alimentos na média das cozinhas<<strong>br</strong> />
domésticas (ocorrência extremamente comum, mas por algum<<strong>br</strong> />
motivo bem menos aterrorizadora). "Os riscos <strong>que</strong> controlamos são<<strong>br</strong> />
uma fonte muito menor <strong>de</strong> indignação do <strong>que</strong> os <strong>que</strong> estão fora do<<strong>br</strong> />
nosso controle", disse Sandman. "No caso da vaca louca, me parece<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> os riscos estão além do nosso controle. Não posso afirmar se<<strong>br</strong> />
há ou não príon na minha carne. Não dá para ver ou perceber<<strong>br</strong> />
através do olfato, enquanto a sujeira da minha própria cozinha está<<strong>br</strong> />
totalmente sob o meu controle. Posso lavar minhas esponjas, posso<<strong>br</strong> />
limpar o chão."<<strong>br</strong> />
O princípio do "controle" <strong>de</strong> Sandman também é capaz <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
explicar por <strong>que</strong> a maioria <strong>de</strong> nós tem mais medo <strong>de</strong> andar <strong>de</strong> avião<<strong>br</strong> />
do <strong>que</strong> <strong>de</strong> carro. O raciocínio é o seguinte: já <strong>que</strong> posso controlar o<<strong>br</strong> />
carro, sou eu o responsável pela minha segurança; como não posso<<strong>br</strong> />
controlar o avião, fico à mercê <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> fatores externos.<<strong>br</strong> />
Sendo assim, o <strong>que</strong> realmente <strong>de</strong>vemos temer mais, o avião ou o<<strong>br</strong> />
carro?
Talvez valha a pena fazer primeiro uma pergunta mais básica:<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> quê, exatamente, temos medo? De morrer, supostamente. Mas<<strong>br</strong> />
o medo da morte precisa ser <strong>de</strong>limitado. Claro <strong>que</strong> sabemos <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
vamos morrer e nos preocupamos aci<strong>de</strong>ntalmente com isso, mas<<strong>br</strong> />
se lhe disserem <strong>que</strong> você tem 10% <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> morrer no<<strong>br</strong> />
ano <strong>que</strong> vem, sua preocupação aumentará muito e talvez você até<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>cida viver <strong>de</strong> maneira diferente. E se for informado <strong>de</strong> <strong>que</strong> tem<<strong>br</strong> />
uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong> morrer no próximo minuto, você<<strong>br</strong> />
provavelmente entrará em pânico. Assim, é a possibilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
iminente da morte <strong>que</strong> <strong>de</strong>tona esse medo — o <strong>que</strong> significa <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
modo mais lógico <strong>de</strong> calcular o medo da morte seria pensar nele<<strong>br</strong> />
em ter-mos <strong>de</strong> horas.<<strong>br</strong> />
Se você vai fazer uma viagem e tem a opção <strong>de</strong> usar o avião ou<<strong>br</strong> />
o carro, talvez prefira levar em conta o índice <strong>de</strong> mortes por hora<<strong>br</strong> />
em avião versus carro. E certo <strong>que</strong> muito mais pessoas morrem<<strong>br</strong> />
anualmente nos Estados Unidos em aci<strong>de</strong>ntes automobilísticos<<strong>br</strong> />
(aproximadamente 40 mil pessoas) do <strong>que</strong> em <strong>de</strong>sastres aéreos<<strong>br</strong> />
(menos <strong>de</strong> mil pessoas). Mas também é verda<strong>de</strong> <strong>que</strong> a maioria <strong>de</strong>las<<strong>br</strong> />
passa mais tempo em carros do <strong>que</strong> em aviões (mais pessoas morrem<<strong>br</strong> />
anualmente até mesmo em aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> barco do <strong>que</strong> em <strong>de</strong>sastres<<strong>br</strong> />
aéreos; como vimos no caso das piscinas versus armas, a<<strong>br</strong> />
água é bem mais perigosa do <strong>que</strong> se imagina). No entanto, o índice<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> mortes por hora em aci<strong>de</strong>ntes automobilísticos e aéreos é<<strong>br</strong> />
praticamente igual. Os dois artefatos são igualmente capazes (ou,<<strong>br</strong> />
na verda<strong>de</strong>, incapazes) <strong>de</strong> levar à morte.<<strong>br</strong> />
Mas o medo floresce melhor no tempo presente. Por isso os<<strong>br</strong> />
especialistas contam com ele: num mundo cada vez mais<<strong>br</strong> />
impaciente diante <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> longo prazo, o medo é um<<strong>br</strong> />
potente elemento <strong>de</strong> curto prazo. Digamos <strong>que</strong> você seja uma<<strong>br</strong> />
autorida<strong>de</strong> do governo encarregada <strong>de</strong> buscar recursos para<<strong>br</strong> />
combater um <strong>de</strong> dois males mais comprovadamente letais: os<<strong>br</strong> />
ata<strong>que</strong>s terroristas e as doenças cardíacas. Qual <strong>de</strong>ssas causas<<strong>br</strong> />
levaria os mem<strong>br</strong>os do Congresso a a<strong>br</strong>ir os cofres? A<<strong>br</strong> />
probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qual<strong>que</strong>r pessoa ser morta em um ata<strong>que</strong><<strong>br</strong> />
terrorista é infinitesimalmente menor do <strong>que</strong> a da mesma pessoa<<strong>br</strong> />
entupir suas artérias <strong>de</strong> gordura alimentar e
morrer <strong>de</strong> uma doença cardíaca. Só <strong>que</strong> um ata<strong>que</strong> terrorista<<strong>br</strong> />
acontece agora; a morte por doença cardíaca é uma catástrofe<<strong>br</strong> />
distante e silenciosa. Os atos terroristas estão fora do nosso<<strong>br</strong> />
controle; as bata-tas fritas, não. Tão importante quanto o fator<<strong>br</strong> />
controle é aquilo <strong>que</strong> Peter Sandman chama <strong>de</strong> fator pavor. A<<strong>br</strong> />
morte provocada por ata<strong>que</strong> terrorista (ou pelo mal da vaca louca) é<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>rada absolutamente pavorosa; a morte causada por uma<<strong>br</strong> />
doença cardíaca, por algum motivo, não é vista assim.<<strong>br</strong> />
Sandman é um especialista <strong>que</strong> atua dos dois <strong>lado</strong>s da moeda.<<strong>br</strong> />
E capaz <strong>de</strong> ajudar um grupo <strong>de</strong> ambientalistas a expor um perigo<<strong>br</strong> />
para a saú<strong>de</strong> pública num dia e no outro ter como cliente o<<strong>br</strong> />
presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> lanchonetes <strong>que</strong> tenta conter um surto<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> E. coli. Sandman reduziu sua competência <strong>de</strong> especialista a<<strong>br</strong> />
uma equação simples: risco = perigo + indignação. Para o<<strong>br</strong> />
presi<strong>de</strong>nte da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> lanchonetes com a carne do hambúrguer<<strong>br</strong> />
contaminada, Sandman trabalha para "reduzir a indignação"; para<<strong>br</strong> />
os ambienta-listas, sua função é "fazer crescer a indignação".<<strong>br</strong> />
Vale a pena observar <strong>que</strong> Sandman dirige suas baterias para a<<strong>br</strong> />
indignação, não para o perigo em si. Ele admite <strong>que</strong> a indignação e<<strong>br</strong> />
o perigo não têm o mesmo peso em sua equação "risco". "Quando<<strong>br</strong> />
o perigo é gran<strong>de</strong> e a indignação pe<strong>que</strong>na, a reação do público é<<strong>br</strong> />
insuficiente", diz ele. "Quando o perigo é pe<strong>que</strong>no e a indignação<<strong>br</strong> />
gran<strong>de</strong>, a reação é exacerbada."<<strong>br</strong> />
Então por <strong>que</strong> uma piscina atemoriza menos <strong>que</strong> uma arma?<<strong>br</strong> />
A idéia <strong>de</strong> uma criança ser morta com um tiro no peito vindo da<<strong>br</strong> />
arma do vizinho é abominável, dramática, aterradora — resumindo:<<strong>br</strong> />
ultrajante. Piscinas não inspiram indignação, em parte <strong>de</strong>vi-do<<strong>br</strong> />
ao fator familiarida<strong>de</strong>. Assim como a maioria das pessoas passa<<strong>br</strong> />
mais tempo em carros do <strong>que</strong> em aviões, a maioria <strong>de</strong> nós está<<strong>br</strong> />
muito mais familiarizada com o ato <strong>de</strong> nadar em piscinas do <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
com o <strong>de</strong> disparar armas. No entanto, apenas 30 segundos bastam<<strong>br</strong> />
para uma criança se afogar, e isso costuma acontecer sem barulho.<<strong>br</strong> />
Um bebê po<strong>de</strong> se afogar numa poça d'água <strong>de</strong> uns poucos<<strong>br</strong> />
centímetros. As providências para evitar os afogamentos, em<<strong>br</strong> />
compensação, são bastante simples: um adulto vigilante, uma
cerca em volta da piscina, uma porta trancada para <strong>que</strong> uma criança<<strong>br</strong> />
pe<strong>que</strong>na não saia sem ser vista.<<strong>br</strong> />
Se todos os pais adotarem essas precauções, as vidas <strong>de</strong> umas<<strong>br</strong> />
400 crianças serão salvas anualmente, superando o número <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
vidas salvas por duas das invenções mais difundidas dos últimos<<strong>br</strong> />
tempos: berços mais seguros e assentos infantis para automóveis.<<strong>br</strong> />
Os dados mostram <strong>que</strong> as ca<strong>de</strong>irinhas para carro são, na melhor<<strong>br</strong> />
das hipóteses, nominalmente úteis. Certamente é mais seguro<<strong>br</strong> />
manter a criança no banco traseiro do <strong>que</strong> no colo <strong>de</strong> um adulto no<<strong>br</strong> />
banco da frente, on<strong>de</strong>, no caso <strong>de</strong> um aci<strong>de</strong>nte, ela se transforma<<strong>br</strong> />
num projétil. Mas a segurança aqui provém <strong>de</strong> evitar <strong>que</strong> a criança<<strong>br</strong> />
viaje em situação propícia a virar uma bala, não do fato <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
amarrá-la numa ca<strong>de</strong>irinha <strong>de</strong> $200. Mesmo assim, muitos pais<<strong>br</strong> />
exageram <strong>de</strong> tal forma a vantagem <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ssas ca<strong>de</strong>irinhas <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
correm para a <strong>de</strong>legacia ou o corpo <strong>de</strong> bombeiros mais próximo<<strong>br</strong> />
para instalá-la corretamente. O gesto, é claro, <strong>de</strong>nota amor, mas<<strong>br</strong> />
não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um sintoma do <strong>que</strong> po<strong>de</strong>ríamos chamar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
parentalida<strong>de</strong> obsessiva (pais obsessivos sabem <strong>que</strong> o são e<<strong>br</strong> />
geralmente se <strong>org</strong>ulham disso; pais não-obsessivos também sabem<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>m são os obsessivos e costumam zombar <strong>de</strong>les).<<strong>br</strong> />
A maioria das novida<strong>de</strong>s no campo da segurança infantil está<<strong>br</strong> />
associada – cho<strong>que</strong> dos cho<strong>que</strong>s – a um novo produto a entrar no<<strong>br</strong> />
mercado (quase cinco milhões <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>irinhas para automóveis são<<strong>br</strong> />
vendidas a cada ano). Esses produtos quase sempre resultam <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
algum temor crescente quanto ao qual, como diria Peter Sandman,<<strong>br</strong> />
a indignação supera o perigo. Comparemos as 400 vidas <strong>que</strong> umas<<strong>br</strong> />
poucas precauções para garantir a segurança das piscinas salvariam<<strong>br</strong> />
ao número <strong>de</strong> vidas salvas graças a cruzadas bem mais ruidosas:<<strong>br</strong> />
embalagens à prova <strong>de</strong> manuseio infantil (estimativa <strong>de</strong> 50 vidas<<strong>br</strong> />
por ano), pijamas à prova <strong>de</strong> chamas (10 vidas), manter as crianças<<strong>br</strong> />
longe dos airbags dos carros (ocorreram menos <strong>de</strong> cinco mortes <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
crianças pe<strong>que</strong>nas por ano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o advento dos airbags) e cadarços<<strong>br</strong> />
seguros em roupas infantis (2 vidas).<<strong>br</strong> />
Espere aí!, você dirá. Qual o problema <strong>de</strong> os pais serem<<strong>br</strong> />
manipu<strong>lado</strong>s por especialistas e mar<strong>que</strong>teiros? Não <strong>de</strong>veríamos
aplaudir qual<strong>que</strong>r tentativa, por mais insignificante ou manipu<strong>lado</strong>ra<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> seja, <strong>que</strong> aumente a segurança <strong>de</strong> uma criança? Os pais já não<<strong>br</strong> />
têm preocupações suficientes? Afinal, são responsáveis por um dos<<strong>br</strong> />
feitos mais incrivelmente importantes <strong>de</strong> <strong>que</strong> temos conhecimento:<<strong>br</strong> />
a mo<strong>de</strong>lagem do próprio caráter do filho. Não são?<<strong>br</strong> />
A última guinada mais radical na sabedoria convencional so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />
parentalida<strong>de</strong> foi provocada por uma pergunta simples: quão<<strong>br</strong> />
importantes, efetivamente, são os pais?<<strong>br</strong> />
Maus pais com certeza fazem uma enorme diferença. Como o<<strong>br</strong> />
vínculo aborto-criminalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixa claro, os filhos in<strong>de</strong>sejados —<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sproporcionalmente sujeitos à negligência e ao abuso — têm um<<strong>br</strong> />
futuro pior do <strong>que</strong> os filhos ansiosamente esperados por seus pais.<<strong>br</strong> />
Mas quanto esses pais extremosos realmente contribuem para a vida<<strong>br</strong> />
dos filhos?<<strong>br</strong> />
Essa pergunta representa a evolução <strong>de</strong> décadas <strong>de</strong> pesquisas.<<strong>br</strong> />
Uma série <strong>de</strong> es<strong>tudo</strong>s, incluindo pesquisas com gêmeos separados<<strong>br</strong> />
ao nascer, já concluíram <strong>que</strong> os genes sozinhos são responsáveis por<<strong>br</strong> />
cerca <strong>de</strong> 50% da personalida<strong>de</strong> e da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma criança.<<strong>br</strong> />
Assim, se a natureza respon<strong>de</strong> por meta<strong>de</strong> do <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
criança, o <strong>que</strong> respon<strong>de</strong> pela outra meta<strong>de</strong>? Certamente <strong>de</strong>ve ser a<<strong>br</strong> />
criação — as fitas Baby Mozart, os sermões na igreja, as visitas aos<<strong>br</strong> />
museus, as aulas <strong>de</strong> francês, as conversas, carinhos, <strong>br</strong>igas e castigos<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>, no todo, constituem a função dos pais. Como explicar, porém,<<strong>br</strong> />
um outro es<strong>tudo</strong> famoso, o Projeto <strong>de</strong> Adoção do Colora-do, <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
acompanhou a vida <strong>de</strong> 245 bebês entregues à adoção, não<<strong>br</strong> />
encontrando absolutamente nenhuma relação entre os traços <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
personalida<strong>de</strong> da criança e os dos pais adotivos? Ou os outros<<strong>br</strong> />
es<strong>tudo</strong>s <strong>que</strong> <strong>de</strong>monstraram <strong>que</strong> o caráter <strong>de</strong> uma criança é pouco<<strong>br</strong> />
afetado por fatores como: freqüentar ou não uma creche, ter pai e<<strong>br</strong> />
mãe ou apenas um genitor (ou dois pais e duas mães ou somente um<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> cada) e ser filha <strong>de</strong> mãe <strong>que</strong> trabalhe fora?<<strong>br</strong> />
Essas discrepâncias natureza-criação foram abordadas num<<strong>br</strong> />
livro <strong>de</strong> 1998 escrito por uma autora <strong>de</strong> livros didáticos pouco
conhecida chamada Judith Rich Harris. The Nurture Assumption<<strong>br</strong> />
era, na verda<strong>de</strong>, um ata<strong>que</strong> à parentalida<strong>de</strong> obsessiva. O livro, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
tão polêmico, exigiu dois subtítulos: "Por <strong>que</strong> as crianças dão no<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> dão" e "Os pais são menos importantes do <strong>que</strong> se pensa, e os<<strong>br</strong> />
amiguinhos, mais". Judith Harris argumenta, embora com tato,<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> os pais se equivocam ao pensar <strong>que</strong> contribuem imensamente<<strong>br</strong> />
na formação da personalida<strong>de</strong> dos filhos. Essa crença, escreveu<<strong>br</strong> />
ela, foi um "mito cultural", e a influência <strong>de</strong> cima para baixo dos<<strong>br</strong> />
pais é suplantada pelos efeitos imediatos da pressão dos iguais, a<<strong>br</strong> />
força esmagadora exercida diariamente pelos amigos e colegas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
escola.<<strong>br</strong> />
A imprevisibilida<strong>de</strong> da bomba <strong>de</strong> Judith — uma avó, sem Ph.D.<<strong>br</strong> />
ou currículo acadêmico — provocou especulações e contrarieda<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
"O público terá razão <strong>de</strong> dizer "Lá vem mais uma", escreveu um<<strong>br</strong> />
comentarista. "Num ano nos dizem <strong>que</strong> os laços são a chave da<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>stão, no outro, o <strong>que</strong> importa é o lugar <strong>que</strong> a criança ocupa<<strong>br</strong> />
entre os irmãos. Espere aí! O <strong>que</strong> importa mesmo é a estimulação.<<strong>br</strong> />
Os primeiros cinco anos <strong>de</strong> vida são os mais importantes. Não! Os<<strong>br</strong> />
três primeiros é <strong>que</strong> são. Não! Está <strong>tudo</strong> encerrado no primeiro<<strong>br</strong> />
ano. Es<strong>que</strong>ça: a genética é <strong>que</strong> manda!"<<strong>br</strong> />
Mas a teoria da autora foi <strong>de</strong>vidamente endossada por uma<<strong>br</strong> />
galeria <strong>de</strong> pesos-pesados, entre os quais Steven Pinker, o psicólogo<<strong>br</strong> />
cognitivo e escritor best-seller, <strong>que</strong>, em seu próprio livro Blank<<strong>br</strong> />
Slate, chamou as idéias <strong>de</strong> Judith Harris <strong>de</strong> "perturbadoras" (no<<strong>br</strong> />
bom sentido). "Os pacientes nas terapias tradicionais gastam os 50<<strong>br</strong> />
minutos <strong>que</strong> têm relem<strong>br</strong>ando os conflitos da infância e<<strong>br</strong> />
apren<strong>de</strong>ndo a atribuir a infelicida<strong>de</strong> <strong>que</strong> sentem à forma como<<strong>br</strong> />
foram tratados pelos pais", escreveu Pinker. "Muitas biografias<<strong>br</strong> />
buscam na infância dos biografados as raízes para as tragédias e<<strong>br</strong> />
triunfos <strong>de</strong> suas vidas adultas. 'Especialistas em parentalida<strong>de</strong>'<<strong>br</strong> />
fazem as mulheres se sentirem madrastas se saírem <strong>de</strong> casa para<<strong>br</strong> />
trabalhar ou <strong>de</strong>ixa-rem, uma vez <strong>que</strong> seja, <strong>de</strong> ler uma história para<<strong>br</strong> />
os filhos na hora <strong>de</strong> dormir. Todas essas crenças profundamente<<strong>br</strong> />
enraizadas terão <strong>que</strong> ser revistas."<<strong>br</strong> />
Será? Os pais têm <strong>que</strong> fazer diferença, você dirá. Além disso,<<strong>br</strong> />
ainda <strong>que</strong> os amiguinhos exerçam tamanha influência so<strong>br</strong>e a
criança, não são os pais <strong>que</strong> basicamente escolhem os amiguinhos<<strong>br</strong> />
dos filhos? Não é por isso <strong>que</strong> se angustiam tanto na hora <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
escolher a vizinhança certa, a escola certa, o grupo certo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
amigos?<<strong>br</strong> />
Apesar <strong>de</strong> <strong>tudo</strong>, é boa a pergunta so<strong>br</strong>e o quanto importam os<<strong>br</strong> />
pais. Ela também é tremendamente complicada. Para <strong>de</strong>terminar a<<strong>br</strong> />
influência dos pais, qual a dimensão da criança a ser medida? A sua<<strong>br</strong> />
personalida<strong>de</strong>? As notas escolares? A postura moral? A competência<<strong>br</strong> />
criativa? Seu salário na fase adulta? E <strong>que</strong> peso <strong>de</strong>ve ser atribuído a<<strong>br</strong> />
cada um dos elementos <strong>que</strong> afetam o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
criança, isto é, os genes, o ambiente familiar, o nível<<strong>br</strong> />
socioeconômico, a escolarida<strong>de</strong>, a discriminação, a sorte, as<<strong>br</strong> />
doenças etc.?<<strong>br</strong> />
Apenas para argumentar, consi<strong>de</strong>remos a história <strong>de</strong> dois<<strong>br</strong> />
meninos, um <strong>br</strong>anco e um negro.<<strong>br</strong> />
O <strong>br</strong>anco cresce na zona resi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> Chicago, criado por<<strong>br</strong> />
pais <strong>que</strong> lêem muito e são engajados na reforma do ensino. O pai,<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> tem um bom emprego na indústria, freqüentemente leva o<<strong>br</strong> />
filho para caminhadas ecológicas. A mãe é uma dona <strong>de</strong> casa <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
acaba voltando para a faculda<strong>de</strong> e se formando em educação. O<<strong>br</strong> />
menino é feliz e tem um ótimo <strong>de</strong>sempenho escolar. Seus<<strong>br</strong> />
professores acham <strong>que</strong> ele tem condições <strong>de</strong> se tornar um gênio da<<strong>br</strong> />
matemática. Os pais o encorajam e ficam <strong>org</strong>ulhosíssimos quando<<strong>br</strong> />
o filho pula um ano. Seu irmão mais novo é uma gracinha e muito<<strong>br</strong> />
inteligente também. A família chega ao ponto <strong>de</strong> fazer saraus<<strong>br</strong> />
literários em casa.<<strong>br</strong> />
O menino negro nasceu em Daytona Beach, na Flórida, e foi<<strong>br</strong> />
abandonado pela mãe aos dois anos. O pai tem um bom emprego<<strong>br</strong> />
como ven<strong>de</strong>dor, mas bebe muito e costuma espancar o garoto com a<<strong>br</strong> />
ponta <strong>de</strong> metal <strong>de</strong> uma mangueira <strong>de</strong> jardim. Uma noite, quando o<<strong>br</strong> />
menino tem 11 anos e está enfeitando uma pe<strong>que</strong>na árvore <strong>de</strong> Natal<<strong>br</strong> />
— a primeira da sua vida —, o pai começa a surrar a namorada na<<strong>br</strong> />
cozinha. A surra é tão violenta <strong>que</strong> alguns <strong>de</strong>ntes da moça vão parar<<strong>br</strong> />
na base da árvore <strong>de</strong> Natal, mas o menino sabiamente não a<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />
boca. Na escola, ele não se empenha o mínimo. Em pouco tempo,<<strong>br</strong> />
está ven<strong>de</strong>ndo drogas, assaltando e andando armado. Faz <strong>que</strong>stão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
já estar dormindo quando o pai chega bêbado da rua e <strong>de</strong> sair antes<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>
ele acor<strong>de</strong>. O pai acaba sendo preso por agressão sexual e, aos 12<<strong>br</strong> />
anos, o garoto já está se virando sozinho.<<strong>br</strong> />
Não é preciso ser <strong>de</strong>fensor da parentalida<strong>de</strong> obsessiva para ver<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> o segundo menino não tem chance alguma e <strong>que</strong> o primeiro já<<strong>br</strong> />
nasceu com a vida ganha. Quais as chances <strong>de</strong> o segundo, com o<<strong>br</strong> />
problema adicional da discriminação, vir a levar uma vida<<strong>br</strong> />
produtiva? Quais as chances <strong>de</strong> o primeiro, tão <strong>de</strong>cididamente<<strong>br</strong> />
talhado para o sucesso, vir a fracassar? E quanto <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>stino <strong>de</strong>ve<<strong>br</strong> />
cada um <strong>de</strong>les creditar aos pais?<<strong>br</strong> />
Seria possível teorizar in<strong>de</strong>finidamente so<strong>br</strong>e o <strong>que</strong> torna um pai<<strong>br</strong> />
perfeito. Os autores <strong>de</strong>ste livro dispõem <strong>de</strong> dois motivos para não<<strong>br</strong> />
fazê-lo. O primeiro é <strong>que</strong> nenhum dos dois se <strong>de</strong>clara especialista<<strong>br</strong> />
em parentalida<strong>de</strong> (embora, juntos, tenhamos seis filhos com menos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> cinco anos). O segundo é <strong>que</strong> a teoria nos convence menos do<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> o dizem os dados.<<strong>br</strong> />
Algumas facetas do futuro <strong>de</strong> uma criança – a personalida<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
por exemplo, ou a criativida<strong>de</strong> – não são facilmente mensuráveis<<strong>br</strong> />
através dos dados. Mas o <strong>de</strong>sempenho escolar é. Uma vez <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
maioria dos pais concorda quanto ao fato <strong>de</strong> <strong>que</strong> a educação é o<<strong>br</strong> />
núcleo da formação <strong>de</strong> uma criança, faz todo sentido começar pelo<<strong>br</strong> />
exame <strong>de</strong> um conjunto reve<strong>lado</strong>r <strong>de</strong> dados escolares.<<strong>br</strong> />
Esses dados dizem respeito à escolha da escola, um tema so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
o qual a maioria das pessoas tem opiniões fortes, num sentido ou<<strong>br</strong> />
noutro. Os <strong>de</strong>fensores <strong>de</strong>sse princípio argumentam <strong>que</strong> os impostos<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> pagam <strong>de</strong>vem lhes dar o direito <strong>de</strong> mandar os filhos para a<<strong>br</strong> />
melhor escola possível. Seus adversários se preocupam com a<<strong>br</strong> />
possibilida<strong>de</strong> da escolha acabar confinando os piores alunos nas<<strong>br</strong> />
piores escolas. Ainda assim, praticamente todos os pais acreditam<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> seu filho virá a se <strong>de</strong>senvolver, bastando apenas <strong>que</strong> freqüente a<<strong>br</strong> />
escola cena, a<strong>que</strong>la <strong>que</strong> combine <strong>de</strong> forma apropriada ensino,<<strong>br</strong> />
ativida<strong>de</strong>s extracurriculares, ambiente amistoso e segurança.<<strong>br</strong> />
A opção <strong>de</strong> escolha não é novida<strong>de</strong> na re<strong>de</strong> pública escolar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Chicago. Isso se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> <strong>que</strong> nela, como acontece na
maioria dos distritos escolares urbanos, havia um número<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sproporcional <strong>de</strong> alunos pertencentes a minorias. A <strong>de</strong>speito da<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> 1954 da Suprema Corte americana no caso Brown x<<strong>br</strong> />
Conselho <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Topeka, or<strong>de</strong>nando a <strong>de</strong>ssegregação nas<<strong>br</strong> />
escolas, muitos alunos negros da re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> Chicago<<strong>br</strong> />
continuaram freqüentando escolas praticamente só <strong>de</strong> negros. Por<<strong>br</strong> />
isso, em 1980 o Ministério da Justiça americano e o Conselho <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Educação <strong>de</strong> Chicago se juntaram para tentar integrar melhor as<<strong>br</strong> />
escolas da cida<strong>de</strong>. Decretou-se <strong>que</strong> os alunos novos podiam se<<strong>br</strong> />
inscrever em qual<strong>que</strong>r escola secundária do distrito.<<strong>br</strong> />
Mora sua longevida<strong>de</strong>, há várias razões <strong>que</strong> fazem do programa<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> livre-escolha da re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> Chicago um bom material <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
es<strong>tudo</strong>. Ele oferece um enorme conjunto <strong>de</strong> dados — Chicago tem a<<strong>br</strong> />
terceira maior re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> ensino do país, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Nova York<<strong>br</strong> />
e Los Angeles — bem como uma ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha (mais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
60 escolas secundárias) e muita flexibilida<strong>de</strong>. Os índices <strong>de</strong> adoção<<strong>br</strong> />
do programa são, por isso, muito altos, com cerca da meta<strong>de</strong> dos<<strong>br</strong> />
alunos da re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> Chicago optando por escolas <strong>que</strong> não se<<strong>br</strong> />
situam em seus bairros. O maior achado do programa <strong>de</strong> ensino<<strong>br</strong> />
público <strong>de</strong> Chicago — como tema <strong>de</strong> um es<strong>tudo</strong>, ao menos — é a<<strong>br</strong> />
forma <strong>de</strong> execução do jogo da livre-escolha escolar.<<strong>br</strong> />
Como seria <strong>de</strong> esperar, a<strong>br</strong>ir as portas <strong>de</strong> qual<strong>que</strong>r escola a<<strong>br</strong> />
todos os estudantes secundários <strong>de</strong> Chicago criaria um pan<strong>de</strong>mônio.<<strong>br</strong> />
As <strong>que</strong> obtivessem boas notas nos provões e registrassem altos<<strong>br</strong> />
índices <strong>de</strong> graduação rapidamente se veriam inundadas, tornando<<strong>br</strong> />
impossível satisfazer o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> todos os alunos.<<strong>br</strong> />
Para garantir justiça, o sistema optou pelo sorteio. Para um<<strong>br</strong> />
pesquisador essa é uma dádiva notável. Um cientista<<strong>br</strong> />
comportamentalista dificilmente vislum<strong>br</strong>aria uma experiência<<strong>br</strong> />
melhor em seu laboratório. Assim como os cientistas<<strong>br</strong> />
aleatoriamente atribuem um rato a um grupo <strong>de</strong> tratamento e outro<<strong>br</strong> />
a um grupo <strong>de</strong> controle, o conselho escolar <strong>de</strong> Chicago fez o<<strong>br</strong> />
mesmo. Imagine-mos dois estudantes, estatisticamente idênticos,<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>rendo freqüentar uma escola nova e melhor. Depen<strong>de</strong>ndo do<<strong>br</strong> />
movimento das bolinhas na esfera <strong>de</strong> metal, um <strong>de</strong>les vai para a<<strong>br</strong> />
nova escola e o
outro fica on<strong>de</strong> está. Agora multipli<strong>que</strong>mos esses dois estudantes<<strong>br</strong> />
alguns milhares <strong>de</strong> vezes. O resultado é uma experiência natural em<<strong>br</strong> />
gran<strong>de</strong> escala. Claro <strong>que</strong> não foi esse o objetivo das autorida<strong>de</strong>s do<<strong>br</strong> />
sistema <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> Chicago ao conceberem o sorteio. No entanto,<<strong>br</strong> />
quando visto <strong>de</strong>ssa forma, o sorteio provê um meio excelente <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
avaliar precisamente quanta diferença faz, afinal <strong>de</strong> contas, a escolha<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> uma escola — ou, na verda<strong>de</strong>, uma escola melhor.<<strong>br</strong> />
E o <strong>que</strong> revelam os dados?<<strong>br</strong> />
A resposta não é animadora para os pais obsessivos: neste caso,<<strong>br</strong> />
a escolha da escola praticamente não fez diferença alguma. E verda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> os alunos <strong>de</strong> Chicago <strong>que</strong> entraram no sorteio se mostraram<<strong>br</strong> />
mais propensos a se formar do <strong>que</strong> os <strong>que</strong> ficaram <strong>de</strong> fora —<<strong>br</strong> />
aparentemente sugerindo <strong>que</strong> a escolha <strong>de</strong> escola faça diferença.<<strong>br</strong> />
Mas isso não passa <strong>de</strong> ilusão. A prova está na seguinte comparação: o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sempenho dos alunos <strong>que</strong> ganharam no sorteio e foram para uma<<strong>br</strong> />
escola "melhor" não foi superior aos alunos equivalentes <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
per<strong>de</strong>ram no sorteio e ficaram on<strong>de</strong> estavam. Ou seja, um aluno<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> optou por estudar numa escola fora do próprio bairro<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>monstrou mais propensão para se formar in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ter tido a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir para uma escola melhor. O <strong>que</strong> à<<strong>br</strong> />
primeira vista soa como uma vantagem oriunda da mudança para<<strong>br</strong> />
uma nova escola não se vincula <strong>de</strong> forma alguma à nova escola,<<strong>br</strong> />
significando tão-somente <strong>que</strong> os alunos — e pais — <strong>que</strong> optam pela<<strong>br</strong> />
mu-dança costumam ser, para começar, mais inteligentes e mais<<strong>br</strong> />
motivados do ponto <strong>de</strong> vista escolar. Estatisticamente, porém, não<<strong>br</strong> />
houve qual<strong>que</strong>r beneficio acadêmico com a troca <strong>de</strong> escolas.<<strong>br</strong> />
Será <strong>que</strong> os alunos <strong>que</strong> permaneceram nas escolas do bairro<<strong>br</strong> />
foram prejudicados? Não. Suas notas continuaram mais ou menos<<strong>br</strong> />
as mesmas <strong>de</strong> antes da suposta mudança dos mais aptos.<<strong>br</strong> />
Houve, con<strong>tudo</strong>, um grupo <strong>de</strong> estudantes em Chicago <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
enfrentou uma mudança dramática: os <strong>que</strong> entraram numa escola<<strong>br</strong> />
técnica ou numa aca<strong>de</strong>mia para profissionais <strong>de</strong> carreira. O<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>stes foi substancialmente superior ao apresentado<<strong>br</strong> />
nos antigos cenários acadêmicos, e seu índice <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso<<strong>br</strong> />
ficou muito acima do <strong>que</strong> o <strong>de</strong>sempenho anterior levaria a
prever. Assim, o programa <strong>de</strong> livre-escolha <strong>de</strong> Chicago realmente<<strong>br</strong> />
ajudou a preparar para carreiras sólidas um pe<strong>que</strong>no grupo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
estudantes <strong>que</strong> sem esse beneficio seriam problemáticos, aos lhes<<strong>br</strong> />
dar uma formação prática. Mas aparentemente não tornou<<strong>br</strong> />
nenhum <strong>de</strong>les mais inteligente.<<strong>br</strong> />
É válido afirmar <strong>que</strong> a escolha da escola não tem gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
importância? Nenhum pai responsável, seja ele obsessivo ou não,<<strong>br</strong> />
está disposto a acreditar nisso, mas alto lá: talvez seja por<strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
avaliação do es<strong>tudo</strong> anterior envolva alunos do ensino médio;<<strong>br</strong> />
talvez a essa altura a sorte já esteja lançada. "Muitíssimos alunos<<strong>br</strong> />
chegam ao ensino médio <strong>de</strong>spreparados", comentou<<strong>br</strong> />
recentemente o secretário <strong>de</strong> Educação do estado <strong>de</strong> Nova York,<<strong>br</strong> />
Richard P. Mills: "Muitíssimos alunos chegam ao ensino médio<<strong>br</strong> />
com os conheci-mentos nas áreas da leitura, da escrita e da<<strong>br</strong> />
matemática no nível do ensino fundamental. Os problemas<<strong>br</strong> />
precisam ser corrigidos nos níveis anteriores. "<<strong>br</strong> />
Com efeito, há es<strong>tudo</strong>s acadêmicos <strong>que</strong> dão razão à ansieda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Mills. Ao examinar a diferença <strong>de</strong> renda entre os adultos negros<<strong>br</strong> />
e <strong>br</strong>ancos – é fato comprovado <strong>que</strong> os negros ganham bem menos<<strong>br</strong> />
–, os estudiosos <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iram <strong>que</strong> a diferença praticamente<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>saparece se forem levadas em conta as notas mais baixas dos<<strong>br</strong> />
negros na 8 ª série. Em outras palavras, a diferença <strong>de</strong> renda entre<<strong>br</strong> />
negros e <strong>br</strong>ancos é, em boa parte, um resultado da diferença <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
instrução entre negros e <strong>br</strong>ancos <strong>que</strong> po<strong>de</strong>ria ter sido percebida<<strong>br</strong> />
muitos anos antes. "A redução do abismo entre as notas <strong>de</strong> negros<<strong>br</strong> />
e <strong>br</strong>ancos", escreveu um dos autores do es<strong>tudo</strong>, "seria mais<<strong>br</strong> />
produtiva na promoção da igualda<strong>de</strong> racial do <strong>que</strong> qual<strong>que</strong>r outra<<strong>br</strong> />
estratégia <strong>que</strong> <strong>de</strong>man<strong>de</strong> amplo apoio político".<<strong>br</strong> />
Qual a origem da disparida<strong>de</strong> das notas escolares <strong>de</strong> negros e<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ancos? Ao longo dos anos, surgiram muitas teorias: a po<strong>br</strong>eza, a<<strong>br</strong> />
constituição genética, o fenômeno do "retrocesso <strong>de</strong> verão"<<strong>br</strong> />
(supõe-se <strong>que</strong> os negros per<strong>de</strong>m mais terreno do <strong>que</strong> os <strong>br</strong>ancos<<strong>br</strong> />
durante as férias escolares), preconceito racial nas provas ou no<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> tange à percepção dos professores e uma resistência dos<<strong>br</strong> />
negros contra o "comportamento <strong>de</strong> <strong>br</strong>anco".
Em um trabalho chamado "The Economics of 'Acting White " o<<strong>br</strong> />
jovem economista negro <strong>de</strong> Harvard Roland G. Fryer Jr. <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> alguns estudantes negros "têm um enorme <strong>de</strong>sestímulo para<<strong>br</strong> />
investir em comportamentos específicos (instrução, balé etc.)<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>vido ao risco <strong>de</strong> passarem por negros <strong>que</strong>rendo parecer <strong>br</strong>ancos<<strong>br</strong> />
(= 'comportamento entreguista'). Em algumas comunida<strong>de</strong>s, esse<<strong>br</strong> />
rótulo po<strong>de</strong> acarretar punições <strong>que</strong> vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a rejeição como um<<strong>br</strong> />
pária até o risco <strong>de</strong> espancamento e até mesmo <strong>de</strong> morte". Fryer<<strong>br</strong> />
cita as lem<strong>br</strong>anças <strong>de</strong> um certo jovem, Kareem Abdul-Jabbar, conhecido<<strong>br</strong> />
como Lew Alcindor, <strong>que</strong> logo após começar a freqüentar a<<strong>br</strong> />
4 ª série da nova escola <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu <strong>que</strong> sabia ler melhor do <strong>que</strong> os<<strong>br</strong> />
alunos da 7 ª : "Quando os colegas perceberam, virei um alvo... Era a<<strong>br</strong> />
minha primeira experiência num ambiente fora <strong>de</strong> casa, em um<<strong>br</strong> />
contexto <strong>de</strong> negros apenas, e me vi sendo punido por <strong>tudo</strong> <strong>que</strong> me<<strong>br</strong> />
haviam ensinado <strong>que</strong> era certo. Eu tirava 10 em <strong>tudo</strong> e era odiado<<strong>br</strong> />
por isso; falava <strong>de</strong> maneira correta e era xingado. Tive <strong>que</strong> apren<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />
uma nova linguagem só para lidar com as ameaças. Eu era bem<<strong>br</strong> />
educado e bonzinho e apanhei por isso."<<strong>br</strong> />
Fryer também é um dos autores <strong>de</strong> "Un<strong>de</strong>rstanding the Black-<<strong>br</strong> />
White Test Score Gap in the First Two Years of School"<<strong>br</strong> />
(Enten<strong>de</strong>ndo a diferença das notas <strong>de</strong> negros e <strong>br</strong>ancos nos<<strong>br</strong> />
primeiros dois anos escolares). Esse trabalho aproveita um novo<<strong>br</strong> />
conjunto <strong>de</strong> dados do governo <strong>que</strong> ajuda a abordar <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />
confiável a <strong>que</strong>stão. O mais interessante é <strong>que</strong> os dados conseguem<<strong>br</strong> />
respon<strong>de</strong>r à pergunta <strong>que</strong> qual<strong>que</strong>r pai — seja <strong>br</strong>anco, negro ou <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
outra raça — gostaria <strong>de</strong> fazer: quais são os fatores <strong>que</strong> afetam e<<strong>br</strong> />
quais os <strong>que</strong> não afetam o <strong>de</strong>sempenho escolar <strong>de</strong> uma criança?<<strong>br</strong> />
No final do anos 90, o Ministério da Educação americano assumiu<<strong>br</strong> />
um projeto monumental chamado Es<strong>tudo</strong> Longitudinal da Primeira<<strong>br</strong> />
Infância. Sua meta era avaliar o progresso acadêmico <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 20<<strong>br</strong> />
mil crianças do jardim-<strong>de</strong>-infância à 9 série. Meninos e meninas<<strong>br</strong> />
foram escolhidos em todo o país a fim <strong>de</strong> representar uma<<strong>br</strong> />
amostragem precisa das crianças estudantes americanas.
O es<strong>tudo</strong> avaliou o <strong>de</strong>sempenho acadêmico dos alunos e<<strong>br</strong> />
coletou informações básicas so<strong>br</strong>e cada um <strong>de</strong>les: raça, sexo,<<strong>br</strong> />
estrutura familiar, nível socioeconômico, nível <strong>de</strong> instrução dos pais e<<strong>br</strong> />
daí por diante. Seu alcance, porém, se esten<strong>de</strong>u além <strong>de</strong>ssa base,<<strong>br</strong> />
incluindo ainda entrevistas com os pais (e os professores e diretores<<strong>br</strong> />
das escolas), em <strong>que</strong> era feita uma longa lista <strong>de</strong> perguntas mais<<strong>br</strong> />
íntimas do <strong>que</strong> as <strong>que</strong> normalmente constam dos formulários<<strong>br</strong> />
oficiais: se os pais espancavam os filhos e com <strong>que</strong> regularida<strong>de</strong>; se<<strong>br</strong> />
os levavam para visitar bibliotecas ou museus; quanto tempo as<<strong>br</strong> />
crianças gastavam por dia vendo televisão.<<strong>br</strong> />
O resultado foi um riquíssimo conjunto <strong>de</strong> dados <strong>que</strong>, uma vez<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> se façam as perguntas corretas, contam uma história<<strong>br</strong> />
surpreen<strong>de</strong>nte.<<strong>br</strong> />
Como é possível <strong>que</strong> esse tipo <strong>de</strong> dados conte uma história<<strong>br</strong> />
confiável? Submetendo-o ao artifício favorito dos economistas: a<<strong>br</strong> />
análise <strong>de</strong> regressão. Não, a análise <strong>de</strong> regressão não é uma forma<<strong>br</strong> />
ultrapassada <strong>de</strong> tratamento psiquiátrico, mas uma ferramenta<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>rosa — embora limitada — <strong>que</strong> utiliza técnicas estatísticas<<strong>br</strong> />
para i<strong>de</strong>ntificar correlações <strong>que</strong> <strong>de</strong> outra forma nos escapariam.<<strong>br</strong> />
Correlação não é senão um termo estatístico <strong>que</strong> indica se duas<<strong>br</strong> />
variáveis caminham juntas. Costuma fazer frio quando neva; esses<<strong>br</strong> />
dois fatores estão positivamente correlacionados. Sol e chuva,<<strong>br</strong> />
enquanto isso, têm correlação negativa. Nada mais fácil — <strong>de</strong>s<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> existam apenas umas poucas variáveis. No entanto, quando se<<strong>br</strong> />
trata <strong>de</strong> umas poucas centenas <strong>de</strong> variáveis, <strong>tudo</strong> fica mais difícil. A<<strong>br</strong> />
análise <strong>de</strong> regressão é a ferramenta <strong>que</strong> capacita um economista a<<strong>br</strong> />
or<strong>de</strong>nar essas enormes pilhas <strong>de</strong> dados. Isso é feito tornando<<strong>br</strong> />
artificialmente constante todas as variáveis, salvo as duas <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sejamos examinar para <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>monstrar como as mesmas se<<strong>br</strong> />
correlacionam.<<strong>br</strong> />
Em um mundo perfeito, um economista po<strong>de</strong> realizar uma<<strong>br</strong> />
experiência controlada exatamente como faz um físico ou um<<strong>br</strong> />
biólogo: escolhendo duas amostras, manipulando aleatoriamente<<strong>br</strong> />
uma <strong>de</strong>las e avaliando o efeito. Mas um economista raramente tem<<strong>br</strong> />
a seu dispor uma experiência tão pura (razão pela qual o sorteio para<<strong>br</strong> />
escolha <strong>de</strong> escolas em Chicago foi uma coincidência tão feliz). Ele
geralmente dispõe <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> dados com inúmeras<<strong>br</strong> />
variáveis, nenhuma aleatoriamente gerada, sendo <strong>que</strong> algumas<<strong>br</strong> />
estão relacionadas e outras, não. Nessa barafunda, é preciso<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>terminar quais fatores se correlacionam e quais, não.<<strong>br</strong> />
No caso dos dados do Es<strong>tudo</strong> Longitudinal da Primeira<<strong>br</strong> />
Infância, imaginemos <strong>que</strong> a análise <strong>de</strong> regressão cumpra a seguinte<<strong>br</strong> />
tarefa: converter cada uma <strong>de</strong>ssas 20 mil crianças em ida<strong>de</strong> escolar<<strong>br</strong> />
numa espécie <strong>de</strong> painel eletrônico com idêntico número <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
botões, cada um <strong>de</strong>les representando uma categoria <strong>de</strong> dados da<<strong>br</strong> />
criança: suas notas <strong>de</strong> matemática da 1 ª série, suas notas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
matemática da 3 ª série, sua média em leitura na 1 ª série, a média em<<strong>br</strong> />
leitura na 3 ª série, o grau <strong>de</strong> instrução da mãe, a renda do pai, o<<strong>br</strong> />
número <strong>de</strong> livros <strong>que</strong> ela tem em casa, a abastança relativa da<<strong>br</strong> />
vizinhança e daí por diante.<<strong>br</strong> />
Agora o pesquisador é capaz <strong>de</strong> tirar algumas conclusões <strong>de</strong>sse<<strong>br</strong> />
mesmo conjunto complicado <strong>de</strong> dados. Ele po<strong>de</strong> juntar as crianças<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> partilhem várias características — todos os painéis eletrônicos<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> tenham os botões virados na mesma direção — e, em seguida,<<strong>br</strong> />
pescar a característica <strong>que</strong> elas não partilham. E esse o meio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>ntificar o real impacto da<strong>que</strong>le único botão no amplo painel<<strong>br</strong> />
eletrônico. E assim <strong>que</strong> o efeito <strong>de</strong>sse botão — e, mais cedo ou mais<<strong>br</strong> />
tar<strong>de</strong>, o <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les — fica evi<strong>de</strong>nte.<<strong>br</strong> />
Digamos <strong>que</strong> <strong>de</strong>sejemos <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir, por meio dos dados <strong>de</strong>sse<<strong>br</strong> />
es<strong>tudo</strong>, a resposta para uma <strong>que</strong>stão fundamental so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
parentalida<strong>de</strong> e educação: ter um monte <strong>de</strong> livros em casa<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>termina um bom <strong>de</strong>sempenho da criança na escola? A análise <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
regressão não tem como respon<strong>de</strong>r a essa pergunta, mas é capaz<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a outra ligeiramente diferente: uma criança <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
tenha em sua casa um monte <strong>de</strong> livros costuma se sair melhor na<<strong>br</strong> />
escola do <strong>que</strong> uma cuja casa não a<strong>br</strong>igue livro algum? A diferença<<strong>br</strong> />
entre a primeira e a segunda pergunta é a diferença entre<<strong>br</strong> />
causalida<strong>de</strong> (1ª pergunta) e correlação (2ª pergunta). Uma análise<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> regressão po<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar correlação, mas não comprova<<strong>br</strong> />
causalida<strong>de</strong>. Afinal, existem muitas maneiras pelas quais duas<<strong>br</strong> />
variáveis se correlacionam. X po<strong>de</strong> causar Y; Y po<strong>de</strong> causar X;<<strong>br</strong> />
algum terceiro fator po<strong>de</strong> estar
causando X e Y. Uma regressão sozinha não vai respon<strong>de</strong>r se neva<<strong>br</strong> />
por estar frio, se está frio por estar nevando ou se os dois fatores<<strong>br</strong> />
aparecem juntos apenas por coincidência.<<strong>br</strong> />
Os dados do es<strong>tudo</strong> mostram, por exemplo, <strong>que</strong> uma criança<<strong>br</strong> />
cuja casa tem muitos livros em geral tira notas mais altas do <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
outra sem livros em casa. Mas as notas altas também estão<<strong>br</strong> />
correlacionadas a muitos outros fatores. Se compararmos apenas<<strong>br</strong> />
crianças com muitos livros e crianças sem livros, a resposta po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
não ser representativa. Talvez o número <strong>de</strong> livros na casa <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
criança aponte tão-somente para o nível <strong>de</strong> renda <strong>de</strong> seus pais. A<<strong>br</strong> />
comparação <strong>que</strong> realmente se <strong>de</strong>seja fazer é entre duas crianças<<strong>br</strong> />
iguais em <strong>tudo</strong>, exceto numa coisa – no caso, o número <strong>de</strong> livros<<strong>br</strong> />
em casa –, para ver se esse único fator influencia o <strong>de</strong>sempenho<<strong>br</strong> />
escolar.<<strong>br</strong> />
E preciso <strong>que</strong> se diga <strong>que</strong> a análise <strong>de</strong> regressão é menos<<strong>br</strong> />
ciência do <strong>que</strong> arte (nesse sentido, tem muito em comum com a<<strong>br</strong> />
própria função <strong>de</strong> criar filhos). Mas um pesquisador experiente<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong> usá-la para verificar quão representativa uma correlação é – e<<strong>br</strong> />
tal-vez até mesmo dizer se tal correlação indica uma relação causal.<<strong>br</strong> />
Assim sendo, o <strong>que</strong> nos diz a análise dos dados do es<strong>tudo</strong> so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
o <strong>de</strong>sempenho escolar? Várias coisas. A primeira diz respeito ao<<strong>br</strong> />
abismo entre as notas dos negros e as dos <strong>br</strong>ancos.<<strong>br</strong> />
Há muito vem sendo observado <strong>que</strong> o <strong>de</strong>sempenho das<<strong>br</strong> />
crianças negras, mesmo antes <strong>de</strong> entrarem na sala <strong>de</strong> aula, fica<<strong>br</strong> />
abaixo do das <strong>br</strong>ancas. Mais <strong>que</strong> isso: as crianças negras não se<<strong>br</strong> />
equiparavam nem quando <strong>de</strong>scontada uma ampla gama <strong>de</strong> variáveis<<strong>br</strong> />
(<strong>de</strong>scontar uma variável significa, basicamente, eliminar sua<<strong>br</strong> />
influência, assim como um golfista utiliza seu handicap em<<strong>br</strong> />
comparação ao <strong>de</strong> outro golfista. No caso <strong>de</strong> um es<strong>tudo</strong> acadêmico<<strong>br</strong> />
como o Es<strong>tudo</strong> Longitudinal da Primeira Infância, um pesquisador<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>scontar qual<strong>que</strong>r número <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> um aluno<<strong>br</strong> />
quando comparado com o aluno médio). No entanto, esse novo<<strong>br</strong> />
conjunto <strong>de</strong> dados conta uma outra história. Após <strong>de</strong>scontar<<strong>br</strong> />
apenas um punhado <strong>de</strong> variáveis – incluídos aí o nível <strong>de</strong> renda e <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
instrução dos pais e a ida<strong>de</strong> da mãe por ocasião do nascimento do<<strong>br</strong> />
primeiro filho –, o
abismo entre as crianças negras e as <strong>br</strong>ancas praticamente inexiste no<<strong>br</strong> />
momento em <strong>que</strong> elas entram na escola.<<strong>br</strong> />
Tal <strong>de</strong>scoberta é encorajadora sob dois aspectos: significa <strong>que</strong> as<<strong>br</strong> />
crianças negras pe<strong>que</strong>nas continuaram a obter ganhos quando<<strong>br</strong> />
comparadas às <strong>br</strong>ancas. Significa, ainda, <strong>que</strong> o abismo remanescente,<<strong>br</strong> />
seja <strong>de</strong> <strong>que</strong> dimensão for, po<strong>de</strong> ser vincu<strong>lado</strong> a um punhado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
fatores prontamente i<strong>de</strong>ntificáveis. Os dados revelam <strong>que</strong> o mau<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sempenho escolar das crianças negras não se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />
negro, mas ao <strong>de</strong> vir <strong>de</strong> lares <strong>de</strong> baixa renda e baixa instrução.<<strong>br</strong> />
Crianças negras e <strong>br</strong>ancas do mesmo nível socioeconômico, porém,<<strong>br</strong> />
apresentam a mesma capacida<strong>de</strong> para leitura e para matemática ao<<strong>br</strong> />
entrar no jardim-<strong>de</strong>-infância.<<strong>br</strong> />
Uma boa notícia, não? Calma. Primeiramente, tendo em vista<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> a criança negra média tem maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vir <strong>de</strong> um lar<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> baixa renda e baixa instrução, o abismo é bastante real: na média,<<strong>br</strong> />
as crianças negras ainda continuam tendo <strong>de</strong>sempenhos piores. Para<<strong>br</strong> />
piorar, mesmo quando <strong>de</strong>scontamos a renda e a instrução dos pais, o<<strong>br</strong> />
abismo entre negros e <strong>br</strong>ancos reaparece logo nos primeiros dois<<strong>br</strong> />
anos <strong>de</strong>pois da entrada na escola. No final do ensino fundamental, o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> uma criança negra está abaixo do <strong>de</strong> uma criança<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>anca estatisticamente equivalente. E o abismo cresce<<strong>br</strong> />
consistentemente ao longo do ensino médio e da faculda<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Por quê? Essa é uma pergunta difícil e complexa, mas uma<<strong>br</strong> />
resposta possível talvez seja a <strong>de</strong> <strong>que</strong> a escola freqüentada pela<<strong>br</strong> />
criança negra padrão não é a mesma <strong>que</strong> a criança <strong>br</strong>anca padrão<<strong>br</strong> />
freqüenta, e a da primeira é simplesmente... ruim. Mesmo 50 anos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>pois do caso Brown x Conselho <strong>de</strong> Educação, muitas escolas<<strong>br</strong> />
americanas continuam, na prática, segregadas. O Es<strong>tudo</strong> Longitudinal<<strong>br</strong> />
pesquisou aproximadamente mil escolas, tomando como amostragem<<strong>br</strong> />
20 alunos <strong>de</strong> cada. Em 35% <strong>de</strong>ssas escolas, nem uma única criança<<strong>br</strong> />
negra foi incluída na amostragem. A típica criança <strong>br</strong>anca do es<strong>tudo</strong><<strong>br</strong> />
freqüenta uma escola <strong>que</strong> tem apenas 6% <strong>de</strong> alunos negros, enquanto a<<strong>br</strong> />
típica criança negra freqüenta uma escola com cerca <strong>de</strong> 60% <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
negros.<<strong>br</strong> />
Em <strong>que</strong> aspecto as escolas negras são ruins? Curiosamente, não<<strong>br</strong> />
nos aspectos tradicionalmente avaliados. Em termos <strong>de</strong>
tamanho das classes, instrução dos professores e índice <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
computadores por aluno, as escolas para negros e <strong>br</strong>ancos são<<strong>br</strong> />
similares. A típica escola <strong>de</strong> alunos negros, con<strong>tudo</strong>, tem uma taxa<<strong>br</strong> />
mais alta <strong>de</strong> indicadores <strong>de</strong> problemas, como gangues, pessoas<<strong>br</strong> />
estranhas posta-das à porta e carência <strong>de</strong> subsídios para Associações<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Pais e Mestres. Essas escolas oferecem um ambiente <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
simplesmente não conduz ao aprendizado.<<strong>br</strong> />
Os alunos negros não são os únicos a pa<strong>de</strong>cer nas escolas ruins.<<strong>br</strong> />
O <strong>de</strong>sempenho das crianças <strong>br</strong>ancas <strong>que</strong> as freqüentam também é<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ficiente. Na verda<strong>de</strong>, não existe um <strong>de</strong>snível entre as notas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
negros e <strong>br</strong>ancos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma escola ruim nos primeiros anos<<strong>br</strong> />
escolares, <strong>de</strong>scontado o ambiente familiar do aluno. Todos os alunos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> uma escola ruim, sejam negros ou <strong>br</strong>ancos, per<strong>de</strong>m terreno para<<strong>br</strong> />
os alunos das boas escolas. Talvez educadores e pesquisadores<<strong>br</strong> />
equivocadamente atribuam importância <strong>de</strong>masiada à disparida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
entre as notas <strong>de</strong> negros e <strong>br</strong>ancos; a discrepância má escola/boa<<strong>br</strong> />
escola po<strong>de</strong> ser a <strong>que</strong>stão mais relevante. Consi<strong>de</strong>remos este fato:<<strong>br</strong> />
os dados do es<strong>tudo</strong> revelam <strong>que</strong> alunos negros em boas escolas não<<strong>br</strong> />
têm <strong>de</strong>sempenho pior do <strong>que</strong> têm os <strong>br</strong>ancos, e os alunos negros<<strong>br</strong> />
em boas escolas têm <strong>de</strong>sempenho melhor do <strong>que</strong> os alunos<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ancos em escolas ruins.<<strong>br</strong> />
Assim, segundo esses dados, a escola tem evi<strong>de</strong>nte impacto no<<strong>br</strong> />
progresso escolar <strong>de</strong> uma criança. Será válido dizer o mesmo<<strong>br</strong> />
quanto à parentalida<strong>de</strong>? Todas a<strong>que</strong>las fitas do Baby Mozart trazem<<strong>br</strong> />
retorno? E quanto à leitura <strong>de</strong> histórias <strong>de</strong> ninar? A mudança para<<strong>br</strong> />
o bairro mais resi<strong>de</strong>ncial e <strong>de</strong> nível melhor valeu a pena? Os filhos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> pais <strong>que</strong> fazem parte <strong>de</strong> Associação <strong>de</strong> Pais e Mestres se saem<<strong>br</strong> />
melhor do <strong>que</strong> os filhos <strong>de</strong> pais <strong>que</strong> nunca ouviram falar <strong>de</strong>ssas<<strong>br</strong> />
associações?<<strong>br</strong> />
A ampla gama <strong>de</strong> dados do es<strong>tudo</strong> oferece uma correlação<<strong>br</strong> />
convincente entre as circunstâncias pessoais <strong>de</strong> uma criança e seu<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sempenho escolar. Por exemplo, quando <strong>de</strong>scontados todos os<<strong>br</strong> />
fatores, fica evi<strong>de</strong>nte <strong>que</strong> as crianças das zonas rurais se saem pior do<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> a média. As <strong>que</strong> moram nos arredores da cida<strong>de</strong> se situam na<<strong>br</strong> />
meta<strong>de</strong>
da curva, enquanto as das áreas urbanas tiram notas acima da<<strong>br</strong> />
média (é possível <strong>que</strong> as cida<strong>de</strong>s atraiam uma mão-<strong>de</strong>-o<strong>br</strong>a mais<<strong>br</strong> />
instruída e, conseqüentemente, pais com filhos mais inteligentes).<<strong>br</strong> />
Na média, as meninas conseguem notas melhores do <strong>que</strong> os<<strong>br</strong> />
meninos, e o <strong>de</strong>sempenho dos asiáticos fica acima do dos <strong>br</strong>ancos<<strong>br</strong> />
— embora os negros, como já relatamos acima, estejam no mesmo<<strong>br</strong> />
nível dos <strong>br</strong>ancos com características equivalentes e em escolas<<strong>br</strong> />
equivalentes.<<strong>br</strong> />
De posse do <strong>que</strong> você sabe agora so<strong>br</strong>e análise <strong>de</strong> regressão,<<strong>br</strong> />
sabedoria convencional e parentalida<strong>de</strong>, pon<strong>de</strong>re a seguinte lista <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
16 fatores. Segundo os dados do Es<strong>tudo</strong> Longitudinal, oito <strong>de</strong>les<<strong>br</strong> />
revelam uma forte correlação — positiva ou negativa — com as<<strong>br</strong> />
notas escolares. Os <strong>de</strong>mais não parecem relevantes. Fi<strong>que</strong> à vonta<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
para <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir quais são quais.<<strong>br</strong> />
A criança tem pais muito instruídos.<<strong>br</strong> />
A família da criança está intacta.<<strong>br</strong> />
Os pais da criança têm alto nível socioeconômico.<<strong>br</strong> />
Os pais da criança se mudaram recentemente para um bairro<<strong>br</strong> />
melhor.<<strong>br</strong> />
A mãe da criança tinha 30 anos ou mais na ocasião do<<strong>br</strong> />
nascimento do primeiro filho.<<strong>br</strong> />
A mãe da criança não trabalhou fora entre o nascimento do<<strong>br</strong> />
filho e a sua entrada no jardim-<strong>de</strong>-infância.<<strong>br</strong> />
A criança nasceu com baixo peso.<<strong>br</strong> />
A criança freqüentou o programa pré-escolar Head Start. Os<<strong>br</strong> />
pais da criança falam a língua nacional (inglês) em casa. Os<<strong>br</strong> />
pais costumam levar a criança a museus.<<strong>br</strong> />
A criança é adotada.<<strong>br</strong> />
A criança é espancada com freqüência.<<strong>br</strong> />
Os pais da criança estão engajados na Associação <strong>de</strong> Pais e<<strong>br</strong> />
Mestres.<<strong>br</strong> />
A criança assiste bastante à televisão.<<strong>br</strong> />
A criança tem muitos livros em casa.<<strong>br</strong> />
Os pais lêem para a criança quase diariamente.
Abaixo estão os oito fatores <strong>que</strong> estão fortemente<<strong>br</strong> />
correlacionados com as notas escolares:<<strong>br</strong> />
A criança tem pais muito instruídos.<<strong>br</strong> />
Os pais da criança têm alto nível socioeconômico.<<strong>br</strong> />
A mãe da criança tinha 30 anos ou mais na ocasião do<<strong>br</strong> />
nascimento do primeiro filho.<<strong>br</strong> />
A criança nasceu com baixo peso.<<strong>br</strong> />
Os pais da criança falam a língua nacional (inglês) em casa.<<strong>br</strong> />
A criança é adotada.<<strong>br</strong> />
Os pais da criança estão engajados na Associação <strong>de</strong> Pais e<<strong>br</strong> />
Mestres.<<strong>br</strong> />
A criança tem muitos livros em casa.<<strong>br</strong> />
E os oito <strong>que</strong> não estão:<<strong>br</strong> />
A família da criança está intacta.<<strong>br</strong> />
Os pais da criança se mudaram recentemente para um bairro<<strong>br</strong> />
melhor.<<strong>br</strong> />
A mãe da criança não trabalhou fora entre o nascimento do<<strong>br</strong> />
filho e a sua entrada no jardim-<strong>de</strong>-infância.<<strong>br</strong> />
A criança fez parte do programa pré-escolar Head Start.<<strong>br</strong> />
A criança é espancada com freqüência.<<strong>br</strong> />
A criança assiste bastante à televisão.<<strong>br</strong> />
Os pais lêem para a criança quase diariamente.<<strong>br</strong> />
Agora, dois a dois:<<strong>br</strong> />
Relevante: A criança tem pais muito instruídos.<<strong>br</strong> />
Irrelevante: A família da criança está intacta.<<strong>br</strong> />
Uma criança cujos pais sejam muito instruídos costuma se sair<<strong>br</strong> />
bem na escola, o <strong>que</strong> não chega a causar espanto. Uma família com<<strong>br</strong> />
muito preparo ten<strong>de</strong> a dar valor ao ensino. Mais importante ainda:<<strong>br</strong> />
pais com QIs altos em geral adquirem mais instrução, e o QI é um
fator altamente hereditário. No entanto, o fato <strong>de</strong> uma família<<strong>br</strong> />
estar intacta não parece relevante. Assim como os es<strong>tudo</strong>s<<strong>br</strong> />
anteriormente citados mostram <strong>que</strong> a estrutura da família tem<<strong>br</strong> />
pouco impacto na personalida<strong>de</strong> da criança, aparentemente não<<strong>br</strong> />
afetando seu <strong>de</strong>sempenho acadêmico. Isso não <strong>que</strong>r dizer <strong>que</strong> as<<strong>br</strong> />
famílias <strong>de</strong>vam sair por aí se <strong>de</strong>smanchando. Entretanto, a<<strong>br</strong> />
constatação preten<strong>de</strong> encorajar os cerca <strong>de</strong> 20 milhões <strong>de</strong> crianças<<strong>br</strong> />
americanas em ida<strong>de</strong> escolar <strong>que</strong> são criadas por um único genitor.<<strong>br</strong> />
Relevante: Os pais da criança têm alto nível socioeconômico.<<strong>br</strong> />
Irrelevante: Os pais da criança se mudaram recentemente para<<strong>br</strong> />
um bairro melhor.<<strong>br</strong> />
Um nível socioeconômico alto está profundamente<<strong>br</strong> />
correlacionado com as notas escolares, o <strong>que</strong> parece lógico. O nível<<strong>br</strong> />
socioeconômico é um forte indicador <strong>de</strong> sucesso em geral — sugere<<strong>br</strong> />
um QI mais alto e mais instrução — e pais bem-sucedidos têm<<strong>br</strong> />
maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter filhos bem-sucedidos. A mudança para<<strong>br</strong> />
um bairro melhor, por outro <strong>lado</strong>, não aumenta as possibilida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> uma criança na escola, talvez por<strong>que</strong> a mudança em si<<strong>br</strong> />
represente um fator <strong>de</strong> ruptura. Mais provavelmente, porém, a<<strong>br</strong> />
explicação é <strong>que</strong> uma casa mais bonita não gera notas mais altas,<<strong>br</strong> />
assim como um tênis mais bonito não faz um atleta saltar mais<<strong>br</strong> />
alto.<<strong>br</strong> />
Relevante: A mãe da criança tinha 30 anos ou mais na ocasião<<strong>br</strong> />
do nascimento do primeiro filho.<<strong>br</strong> />
Irrelevante: A mãe não trabalhou fora entre o nascimento do<<strong>br</strong> />
filho e sua entrada no jardim-<strong>de</strong>-infância.<<strong>br</strong> />
Uma mulher <strong>que</strong> só veio a ter o primeiro filho com, no<<strong>br</strong> />
mínimo, 30 anos provavelmente testemunhará seu bom<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sempenho escolar. Essa mãe costuma ser alguém <strong>que</strong> quis<<strong>br</strong> />
adquirir uma instrução mais extensa ou <strong>de</strong>slanchar a própria<<strong>br</strong> />
carreira. Igualmente é mais provável <strong>que</strong> ela tenha <strong>de</strong>sejado um filho<<strong>br</strong> />
mais do <strong>que</strong> uma mãe adolescente o faria. Isso não significa <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
uma primípara mais
velha seja necessariamente uma mãe melhor, mas certamente ela<<strong>br</strong> />
pôs a si mesma — e seus filhos — numa posição mais vantajosa (vale<<strong>br</strong> />
a pena mencionar <strong>que</strong> essa vantagem não é contabilizada no caso <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
uma mãe adolescente <strong>que</strong> espera até os 30 anos para ter um segundo<<strong>br</strong> />
filho. Os dados do Es<strong>tudo</strong> Longitudinal mostram <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sempenho do segundo filho não será melhor do <strong>que</strong> o do<<strong>br</strong> />
primeiro). Ao mesmo tempo, uma mãe <strong>que</strong> opta por não trabalhar<<strong>br</strong> />
fora até <strong>que</strong> a criança entre no jardim-<strong>de</strong>-infância aparentemente<<strong>br</strong> />
não beneficia em nada o <strong>de</strong>sempenho escolar do filho. Pais<<strong>br</strong> />
obsessivos talvez achem incômoda essa falta <strong>de</strong> correlação — qual o<<strong>br</strong> />
sentido <strong>de</strong> todas a<strong>que</strong>las sessões <strong>de</strong> <strong>de</strong>veres escolares com a mamãe?<<strong>br</strong> />
—, mas é isso <strong>que</strong> nos dizem os dados.<<strong>br</strong> />
Relevante: A criança nasceu com baixo peso.<<strong>br</strong> />
Irrelevante: A criança fez parte do programa pré-escolar Head<<strong>br</strong> />
Start.<<strong>br</strong> />
Uma criança nascida com baixo peso costuma se sair mal na<<strong>br</strong> />
escola, talvez por<strong>que</strong> o simples nascimento prematuro seja<<strong>br</strong> />
prejudicial ao seu bem-estar geral. Outra razão é <strong>que</strong> o nascimento<<strong>br</strong> />
com baixo peso muitas vezes prediz uma futura má criação, já <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
uma mãe <strong>que</strong> fuma, bebe ou <strong>de</strong> outra forma qual<strong>que</strong>r trata mal seu<<strong>br</strong> />
bebê no útero não está propensa a mudar <strong>de</strong> comportamento<<strong>br</strong> />
apenas por<strong>que</strong> teve um filho. Uma criança <strong>de</strong> baixo peso, por sua<<strong>br</strong> />
vez, costuma ser uma criança po<strong>br</strong>e — e, como tal, com mais<<strong>br</strong> />
probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> freqüentar o Head Start, o programa pré-escolar<<strong>br</strong> />
fe<strong>de</strong>ral. De acordo com os dados do Es<strong>tudo</strong> Longitudinal, con<strong>tudo</strong>,<<strong>br</strong> />
o Head Start em nada afeta as notas futuras do aluno. A <strong>de</strong>speito da<<strong>br</strong> />
gran<strong>de</strong> aprovação <strong>que</strong> cerca o Head Start (um dos autores <strong>de</strong>ste<<strong>br</strong> />
livro foi um dos participantes do projeto-piloto), é preciso admitir<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> sua ineficácia tem sido insistentemente <strong>de</strong>monstrada. Uma<<strong>br</strong> />
razão provável é <strong>que</strong> em lugar <strong>de</strong> passar o dia com sua própria mãe<<strong>br</strong> />
semi-instruída e extenuada pelo trabalho, a criança <strong>que</strong> faz parte do<<strong>br</strong> />
Head Start passa o dia com a mãe semi-instruída e extenuada <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
outra criança (e mais outras tantas crianças igualmente carentes).
Na verda<strong>de</strong>, menos <strong>de</strong> 30% dos professores do Head Start têm<<strong>br</strong> />
licenciatura. Além disso, o emprego é tão mal remunerado – uma<<strong>br</strong> />
professora do Head Start ganha cerca <strong>de</strong> $21 mil anuais contra os<<strong>br</strong> />
$40 mil da média das professoras <strong>de</strong> jardins <strong>de</strong> infância públicos –<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> é pouco provável <strong>que</strong> boas professoras sejam atraídas para o<<strong>br</strong> />
programa em futuro próximo.<<strong>br</strong> />
Relevante: Os pais da criança falam a língua nacional (inglês) em<<strong>br</strong> />
casa.<<strong>br</strong> />
Irrelevante: Os pais levam com freqüência a criança a museus.<<strong>br</strong> />
Uma criança cujos pais falam a língua nacional (no caso, inglês)<<strong>br</strong> />
apresenta melhor <strong>de</strong>sempenho escolar do <strong>que</strong> outra cujos pais não o<<strong>br</strong> />
façam. Mais uma vez, isso não espanta. Essa correlação ganha mais<<strong>br</strong> />
fundamento com o <strong>de</strong>sempenho dos alunos hispânicos no Es<strong>tudo</strong><<strong>br</strong> />
Longitudinal. Como grupo, os alunos hispânicos apresentam<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sempenho ruim; igualmente mostram uma probabilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sproporcionalmente alta <strong>de</strong> ter pais <strong>que</strong> não falam inglês (no<<strong>br</strong> />
entanto, nas últimas séries costumam alcançar os colegas mais<<strong>br</strong> />
adiantados). Se assim é, o <strong>que</strong> acontece na situação oposta – um pai e<<strong>br</strong> />
uma mãe <strong>que</strong> não só são proficientes em inglês, mas passam o fim <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
semana alargando os horizontes culturais do filho com visitas a<<strong>br</strong> />
museus? Lamento, mas embora pais obsessivos acreditem piamente<<strong>br</strong> />
em injeções <strong>de</strong> cultura, os dados do Es<strong>tudo</strong> Longitudinal não<<strong>br</strong> />
revelam qual-<strong>que</strong>r correlação entre as visitas ao museu e as notas<<strong>br</strong> />
escolares.<<strong>br</strong> />
Relevante: A criança é adotada.<<strong>br</strong> />
Irrelevante: A criança é espancada com freqüência.<<strong>br</strong> />
Existe uma forte correlação – negativa – entre a adoção e as<<strong>br</strong> />
notas escolares. Por quê? Os es<strong>tudo</strong>s <strong>de</strong>monstraram <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
competência acadêmica <strong>de</strong> uma criança é muito mais influenciada<<strong>br</strong> />
pelo QI dos pais biológicos do <strong>que</strong> o dos pais adotivos, e as mães<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> entregam seus filhos à adoção em geral têm QIs<<strong>br</strong> />
significativamente mais baixos do <strong>que</strong> a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> os adotam. Existe<<strong>br</strong> />
uma outra
explicação para adotados com baixo índice <strong>de</strong> aprendizado, <strong>que</strong>,<<strong>br</strong> />
embora soe <strong>de</strong> mau gosto, combina com a teoria econômica básica<<strong>br</strong> />
do interesse pessoal: a mãe <strong>que</strong> sabe <strong>que</strong> vai entregar seu bebê à<<strong>br</strong> />
adoção costuma não tomar os mesmos cuidados pré-natais <strong>que</strong> uma<<strong>br</strong> />
mulher <strong>que</strong> manterá o filho consigo (consi<strong>de</strong>remos — correndo o<<strong>br</strong> />
risco <strong>de</strong> expandir o raciocínio <strong>de</strong> mau gosto — a forma como alguém<<strong>br</strong> />
trata o próprio carro e a<strong>que</strong>le <strong>que</strong> alugou para o fim <strong>de</strong> semana).<<strong>br</strong> />
Mas se um filho adotado ten<strong>de</strong> a tirar notas mais baixas, o mesmo<<strong>br</strong> />
não acontece com uma criança <strong>que</strong> apanha. Talvez isso surpreenda<<strong>br</strong> />
— não por<strong>que</strong> espancamentos são necessariamente prejudicais, mas<<strong>br</strong> />
por<strong>que</strong>, em termos convencionais, bater é consi<strong>de</strong>rado uma prática<<strong>br</strong> />
ignorante. Assim somos levados a supor <strong>que</strong> pais <strong>que</strong> batem nos<<strong>br</strong> />
filhos sejam ignorantes sob outros aspectos. Porém, esse talvez não<<strong>br</strong> />
seja o caso, ou <strong>que</strong>m sabe exista uma outra história a ser conta-da<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e os espancamentos. Recor<strong>de</strong>mos <strong>que</strong> o Es<strong>tudo</strong> Longitudinal<<strong>br</strong> />
incluiu entrevistas diretas com os pais das crianças. Assim, um pai<<strong>br</strong> />
— ou mãe — teria <strong>que</strong> se sentar cara a cara como pesquisador oficial e<<strong>br</strong> />
admitir espancar o filho, o <strong>que</strong> levaria a crer <strong>que</strong> por estar disposto a<<strong>br</strong> />
isso, ele/ela seja ignorante ou — mais interessante ainda —<<strong>br</strong> />
tremendamente honesto. E possível <strong>que</strong> a honestida<strong>de</strong> seja mais<<strong>br</strong> />
essencial para configurar uma boa criação do <strong>que</strong> o hábito <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
espancar seja essencial para configurar uma má criação.<<strong>br</strong> />
Relevante: Os pais da criança estão engajados na Associação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Pais e Mestres.<<strong>br</strong> />
Irrelevante: A criança assiste bastante à televisão.<<strong>br</strong> />
Uma criança cujos pais estejam engajados na Associação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Pais e Mestres costuma se sair bem na escola — o <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
provavelmente indica <strong>que</strong> os pais com forte ligação com a educação<<strong>br</strong> />
criam crianças mais inteligentes. Os dados do es<strong>tudo</strong>, por outro<<strong>br</strong> />
<strong>lado</strong>, não mostram correlação entre as notas escolares <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
criança e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo <strong>que</strong> ela passa diante da televisão.<<strong>br</strong> />
Contraria-mente à sabedoria convencional, ao <strong>que</strong> <strong>tudo</strong> indica ver<<strong>br</strong> />
televisão não embota o cére<strong>br</strong>o da criança (na Finlândia, on<strong>de</strong> o<<strong>br</strong> />
sistema <strong>de</strong> ensino
foi classificado como o melhor do mundo, a maioria das crianças<<strong>br</strong> />
não entra na escola antes dos sete anos, mas muitas <strong>de</strong>las<<strong>br</strong> />
costumam apren<strong>de</strong>r a ler sozinhas assistindo a programas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
televisão americanos com legendas em finlandês). Igualmente, o<<strong>br</strong> />
uso <strong>de</strong> computador em casa não transforma ninguém num<<strong>br</strong> />
Einstein: os dados do es<strong>tudo</strong> não mostram correlação alguma<<strong>br</strong> />
entre o uso do computador e os resultados escolares.<<strong>br</strong> />
Agora, a última dupla <strong>de</strong> fatores:<<strong>br</strong> />
Relevante: A criança tem muitos livros em casa.<<strong>br</strong> />
Irrelevante: Os pais lêem para a criança quase diariamente.<<strong>br</strong> />
Conforme observado anteriormente, comprovou-se <strong>que</strong> uma<<strong>br</strong> />
criança com muitos livros em casa realmente se sai melhor nos<<strong>br</strong> />
es<strong>tudo</strong>s. Ler regularmente para ela, porém, não afeta suas notas.<<strong>br</strong> />
Tal afirmação parece encerrar um enigma, remetendo-nos à<<strong>br</strong> />
pergunta original: quanto exatamente, e <strong>de</strong> <strong>que</strong> forma, os pais<<strong>br</strong> />
realmente importam?<<strong>br</strong> />
Comecemos com a correlação positiva: ter livros em casa é<<strong>br</strong> />
igual a melhores notas na escola. A maioria inferiria <strong>de</strong>ssa<<strong>br</strong> />
correlação uma óbvia relação <strong>de</strong> causa e efeito. Vejamos: um<<strong>br</strong> />
garotinho chamado Isaías tem um monte <strong>de</strong> livros em casa. Ele se<<strong>br</strong> />
sai muitíssimo bem nas provas <strong>de</strong> leitura na escola, provavelmente<<strong>br</strong> />
por<strong>que</strong> o pai ou a mãe costuma ler para ele. No entanto, a<<strong>br</strong> />
coleguinha Emily, <strong>que</strong> também tem um monte <strong>de</strong> livros em casa,<<strong>br</strong> />
praticamente nunca toca neles, preferindo <strong>br</strong>incar com sua Barbie e<<strong>br</strong> />
ver <strong>de</strong>senhos na televisão. Emily tem exatamente o mesmo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sempenho escolar <strong>de</strong> Isaías. Por outro <strong>lado</strong>, o amiguinho <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Isaías e Emily, Ricky, não tem nenhum livro em casa, mas freqüenta<<strong>br</strong> />
a biblioteca diariamente com a mãe; Ricky é um leitor fanático.<<strong>br</strong> />
Curiosamente, seu <strong>de</strong>sempenho escolar é pior do <strong>que</strong> o <strong>de</strong> Emily<<strong>br</strong> />
ou o <strong>de</strong> Isaías.<<strong>br</strong> />
O <strong>que</strong> <strong>de</strong>duzir daí? Se ler livros não produz impacto nas notas<<strong>br</strong> />
escolares da primeira infância, será <strong>que</strong> sua mera presença física na<<strong>br</strong> />
casa
torna as crianças mais inteligentes? Exercerão os livros algum tipo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
osmose mágica no cére<strong>br</strong>o infantil? Se assim é, po<strong>de</strong>ríamos nos ver<<strong>br</strong> />
tentados a simplesmente enviar um caminhão abarrotado <strong>de</strong> livros<<strong>br</strong> />
para todas as casas em <strong>que</strong> moram crianças em ida<strong>de</strong> pré-escolar.<<strong>br</strong> />
Com efeito, foi o <strong>que</strong> tentou fazer o governador <strong>de</strong> Illinois. No<<strong>br</strong> />
início <strong>de</strong> 2004, o governador Rod Blagojevich anunciou sua<<strong>br</strong> />
intenção <strong>de</strong> enviar um livro por mês a cada criança do estado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
o nascimento até o ingresso no jardim-<strong>de</strong>-infância. O plano custaria<<strong>br</strong> />
$26 milhões anuais, mas, para Blagojevich, tratava-se <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
intervenção vital em um estado on<strong>de</strong> 40% dos alunos <strong>de</strong> 3ª série se<<strong>br</strong> />
encontravam abaixo da média em leitura. "Quando se possui [livros]<<strong>br</strong> />
e eles são seus", disse ele, "fazem parte da sua vida, isso contribui<<strong>br</strong> />
para uma sensação... <strong>de</strong> <strong>que</strong> os livros <strong>de</strong>vem fazer parte da sua<<strong>br</strong> />
vida."<<strong>br</strong> />
Assim, todas as crianças nascidas em Illinois teriam uma<<strong>br</strong> />
biblioteca <strong>de</strong> 60 volumes ao ingressarem na escola. Isso resultaria<<strong>br</strong> />
em notas mais altas em leitura?<<strong>br</strong> />
Provavelmente não (embora jamais venhamos a saber com<<strong>br</strong> />
certeza: no final, o Legislativo <strong>de</strong> Illinois rejeitou o projeto). Afinal,<<strong>br</strong> />
os dados do Es<strong>tudo</strong> Longitudinal não dizem <strong>que</strong> ter livros em casa<<strong>br</strong> />
produza notas mais altas, indicando apenas <strong>que</strong> os dois fatores estão<<strong>br</strong> />
correlacionados.<<strong>br</strong> />
Como interpretar tal correlação? Eis uma teoria provável: para<<strong>br</strong> />
começar, os pais <strong>que</strong> compram muitos livros infantis em sua maioria<<strong>br</strong> />
são inteligentes e instruídos (e transmitem seus conhecimentos e ética<<strong>br</strong> />
funcional aos filhos). Ou talvez se preocupem bastante com educação<<strong>br</strong> />
e com os filhos <strong>de</strong> maneira geral (o <strong>que</strong> significa <strong>que</strong> criam um<<strong>br</strong> />
ambiente <strong>que</strong> estimula e premia o aprendizado). Esses pais acreditam<<strong>br</strong> />
— tão firmemente quanto o governador <strong>de</strong> Illinois — <strong>que</strong> cada livro<<strong>br</strong> />
infantil seja um talismã <strong>que</strong> conduz a uma inteligência ilimitada. No<<strong>br</strong> />
entanto, tal crença provavelmente não passa <strong>de</strong> um equívoco. Um<<strong>br</strong> />
livro é muito mais um indicador do <strong>que</strong> um agente <strong>de</strong> inteligência.<<strong>br</strong> />
Então o <strong>que</strong> <strong>tudo</strong> isso diz a respeito da importância dos pais<<strong>br</strong> />
em geral? Consi<strong>de</strong>remos novamente os oito fatores do es<strong>tudo</strong><<strong>br</strong> />
correlacionados às notas escolares:
A criança tem pais muito instruídos.<<strong>br</strong> />
Os pais da criança têm nível socioeconômico alto.<<strong>br</strong> />
A mãe da criança tinha 30 anos ou mais na ocasião do<<strong>br</strong> />
nascimento do primeiro filho.<<strong>br</strong> />
A criança nasceu com baixo peso.<<strong>br</strong> />
Os pais da criança falam a língua nacional (inglês) em casa.<<strong>br</strong> />
A criança é adotada.<<strong>br</strong> />
Os pais da criança estão engajados na Associação <strong>de</strong> Pais e<<strong>br</strong> />
Mestres.<<strong>br</strong> />
A criança tem muitos livros em casa.<<strong>br</strong> />
E os oito fatores sem correlação:<<strong>br</strong> />
A família da criança está intacta.<<strong>br</strong> />
Os pais da criança se mudaram recentemente para um bairro<<strong>br</strong> />
melhor.<<strong>br</strong> />
A mãe não trabalhou fora entre o nascimento do filho e seu<<strong>br</strong> />
ingresso no jardim-<strong>de</strong>-infância.<<strong>br</strong> />
A criança freqüentou o programa pré-escolar Head Start.<<strong>br</strong> />
Os pais costumam levar a criança a museus.<<strong>br</strong> />
A criança apanha com freqüência.<<strong>br</strong> />
A criança assiste bastante à televisão.<<strong>br</strong> />
Os pais lêem para a criança quase diariamente.<<strong>br</strong> />
Supergeneralizando: a primeira lista <strong>de</strong>screve coisas <strong>que</strong> os<<strong>br</strong> />
pais são; a segunda, coisas <strong>que</strong> os pais fazem. Os pais realmente<<strong>br</strong> />
instruídos, bem-sucedidos e saudáveis ten<strong>de</strong>m a ter filhos <strong>que</strong> se<<strong>br</strong> />
saem bem na escola. Aparentemente, porém, não faz gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
diferença o fato <strong>de</strong> uma criança freqüentar museus, apanhar ou<<strong>br</strong> />
participar do programa pré-escolar Head Start, nem o <strong>de</strong> ler<<strong>br</strong> />
assiduamente ou se plantar diante da televisão.<<strong>br</strong> />
Para os pais — e os especialistas em parentalida<strong>de</strong> — <strong>que</strong> estejam<<strong>br</strong> />
obcecados com técnicas <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> filhos, isso po<strong>de</strong> ser uma má<<strong>br</strong> />
notícia. A realida<strong>de</strong> é <strong>que</strong>, aparentemente, a técnica vem sendo<<strong>br</strong> />
supervalorizada.
No entanto, isso não significa <strong>que</strong> os pais não tenham<<strong>br</strong> />
importância. E claro <strong>que</strong> têm um bocado. Esta é a charada:<<strong>br</strong> />
quando se pega um livro so<strong>br</strong>e como criar filhos, já é tar<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>mais. A maior parte das coisas importantes foi <strong>de</strong>cidida há<<strong>br</strong> />
muito tempo – <strong>que</strong>m somos, com <strong>que</strong>m nos casamos, <strong>que</strong> tipo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> vida leva-mos. Se você é inteligente, trabalhador, instruído,<<strong>br</strong> />
ganha bem e está casado com alguém igualmente privilegiado,<<strong>br</strong> />
seus filhos têm gran<strong>de</strong>s chances <strong>de</strong> se dar bem na vida (também<<strong>br</strong> />
não atrapalha, ao <strong>que</strong> <strong>tudo</strong> indica, ser honesto, equili<strong>br</strong>ado,<<strong>br</strong> />
carinhoso, bem como interessado pelo mundo à volta). Porém<<strong>br</strong> />
não se trata tanto do <strong>que</strong> você faz como pai, mas <strong>de</strong> <strong>que</strong>m você é.<<strong>br</strong> />
Nesse sentido, um pai superprotetor lem<strong>br</strong>a muito um candidato<<strong>br</strong> />
político <strong>que</strong> acredita <strong>que</strong> o dinheiro ganha eleições, quando na<<strong>br</strong> />
verda<strong>de</strong> todo o dinheiro do mundo não é capaz <strong>de</strong> eleger alguém<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> os eleitores não apreciem.<<strong>br</strong> />
Em um trabalho intitu<strong>lado</strong> "The Nature and Nurture of<<strong>br</strong> />
Economic Outcomes", o economista Bruce Sacerdote abordou o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>bate natureza-criação, fazendo uma avaliação quantitativa <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
longo prazo dos efeitos da criação <strong>de</strong> um filho. Utilizou três<<strong>br</strong> />
es<strong>tudo</strong>s so<strong>br</strong>e adoção – dois americanos e um inglês –, contendo<<strong>br</strong> />
da-dos consistentes a respeito das crianças adotadas, seus pais<<strong>br</strong> />
adotivos e os biológicos. Sacerdote <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu <strong>que</strong> os pais <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
adotam filhos são quase sempre mais inteligentes, mais instruídos<<strong>br</strong> />
e mais bem pagos do <strong>que</strong> os pais biológicos do bebê. No entanto,<<strong>br</strong> />
as vantagens dos pais adotivos exercem pouca influência so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
o <strong>de</strong>sempenho escolar do filho. Como também foi visto nos<<strong>br</strong> />
dados do Es<strong>tudo</strong> Longitudinal, os filhos adotivos tiram notas<<strong>br</strong> />
relativamente baixas na escola; qual<strong>que</strong>r <strong>que</strong> seja a influência <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
os pais adotivos exerçam, ela aparentemente é suplantada pela<<strong>br</strong> />
força da genética. Sacerdote <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu, porém, <strong>que</strong> os pais não<<strong>br</strong> />
permanecem impotentes para sempre. Ao se tornarem adultos,<<strong>br</strong> />
os filhos adotivos já <strong>de</strong>ram uma guinada expressiva quanto ao<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>stino <strong>que</strong> lhes fora reservado apenas em função do seu QI.<<strong>br</strong> />
Comparados a crianças similares <strong>que</strong> não foram entregues à<<strong>br</strong> />
adoção, observou-se <strong>que</strong> os adotados são muito mais propensos<<strong>br</strong> />
a freqüentar a
universida<strong>de</strong>, conseguir empregos bem remunerados e esperar até<<strong>br</strong> />
o final da adolescência para casar. E a influência dos pais adotivos,<<strong>br</strong> />
concluiu Sacerdote, <strong>que</strong> faz a diferença.
Levitt acha <strong>que</strong> esbarrou em algumas pistas numa nova tese so<strong>br</strong>e nomes negros. Seu<<strong>br</strong> />
interesse era saber se o portador <strong>de</strong> um nome ostensivamente negro sofre algum<<strong>br</strong> />
prejuízo econômico. A resposta - ao contrário <strong>de</strong> outras pesquisas recentes - é<<strong>br</strong> />
negativa. Agora, porém, surgiu-lhe uma dúvida ainda maior: a cultura negra é a causa<<strong>br</strong> />
da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> racial ou sua conseqüência? Para um economista, até mesmo em se<<strong>br</strong> />
tratando <strong>de</strong> Levitt, esta é uma nova seara - a "quantificação da cultura", como ele a<<strong>br</strong> />
chama, consi<strong>de</strong>rando-a uma tarefa espinhosa, complicada - <strong>que</strong>m sabe até impossível<<strong>br</strong> />
- e profundamente sedutora.<<strong>br</strong> />
THE NEW YORK TIMES MAGAZINE, 3 DE AGOSTO DE 2003
6<<strong>br</strong> />
Pais perfeitos, parte I I ; ou:<<strong>br</strong> />
uma Roshanda seria tão<<strong>br</strong> />
doce se tivesse outro nome?<<strong>br</strong> />
Obsessivos ou não, pais e mães <strong>que</strong>rem crer <strong>que</strong> é gran<strong>de</strong> a<<strong>br</strong> />
diferença <strong>que</strong> fazem quanto ao tipo <strong>de</strong> pessoa <strong>que</strong> o filho vier a<<strong>br</strong> />
ser. Caso contrário, por <strong>que</strong> se dar a tanto trabalho?<<strong>br</strong> />
O primeiro ato oficial dos pais – dar nome ao bebê – evi<strong>de</strong>ncia<<strong>br</strong> />
tal crença. Como qual<strong>que</strong>r pai/mãe mo<strong>de</strong>rno sabe, a indústria dos<<strong>br</strong> />
nomes <strong>de</strong> bebês está em alta, conforme comprova a proliferação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
livros, sites na Internet e consultores especializados. Muitos pais<<strong>br</strong> />
parecem acreditar <strong>que</strong> uma criança não terá sucesso a menos <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
receba o nome certo, sendo <strong>que</strong> muitos os consi<strong>de</strong>ram portadores<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> um elemento estético ou até mesmo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res proféticos.<<strong>br</strong> />
É possível <strong>que</strong> isso expli<strong>que</strong> por <strong>que</strong>, em 1958, um cidadão<<strong>br</strong> />
nova-iorquino, Robert Lane, resolveu chamar seu filho<<strong>br</strong> />
recém-nascido <strong>de</strong> Winner (vencedor). Os Lane, <strong>que</strong> residiam num<<strong>br</strong> />
conjunto habitacional no Harlem, já tinham vários filhos, cada<<strong>br</strong> />
um com um nome banal. Mas este agora... Aparentemente,<<strong>br</strong> />
Robert Lane sentira algo diferente com relação ao garoto. Winner<<strong>br</strong> />
Lane: como ele po<strong>de</strong>ria fracassar com um nome <strong>de</strong>sses?<<strong>br</strong> />
Três anos <strong>de</strong>pois, os Lane tiveram outro menino, o sétimo e<<strong>br</strong> />
último filho. Por razões <strong>que</strong> ninguém hoje consegue i<strong>de</strong>ntificar,<<strong>br</strong> />
Robert resolveu chamá-lo Loser (per<strong>de</strong>dor/fracassado). Que se<<strong>br</strong> />
saiba, ele nada tinha contra o novo bebê, <strong>que</strong>rendo apenas fazer<<strong>br</strong> />
uma <strong>br</strong>inca<strong>de</strong>ira com os nomes dos dois últimos filhos. Primeiro
um Vencedor, agora um Per<strong>de</strong>dor. Mas se Winner Lane não<<strong>br</strong> />
tinha como dar errado, seria válido esperar <strong>que</strong> Loser Lane <strong>de</strong>sse<<strong>br</strong> />
certo?<<strong>br</strong> />
Na verda<strong>de</strong>, Loser Lane <strong>de</strong>u certo. Cursou a escola<<strong>br</strong> />
preparatória com uma bolsa <strong>de</strong> es<strong>tudo</strong>s, formou-se na<<strong>br</strong> />
Universida<strong>de</strong> Lafavette na Pensilvânia e entrou para o<<strong>br</strong> />
Departamento <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> Nova York (sonho antigo da mãe),<<strong>br</strong> />
on<strong>de</strong> chegou a <strong>de</strong>tetive e, <strong>de</strong>-pois, a sargento. Embora jamais<<strong>br</strong> />
escon<strong>de</strong>sse o nome, muitos se sentiam constrangidos em usá-lo.<<strong>br</strong> />
"Por isso tenho um monte <strong>de</strong> nomes", conta ele hoje, "<strong>de</strong> Jimmy a<<strong>br</strong> />
James, ou qual<strong>que</strong>r outro <strong>que</strong> resolvam escolher, como, por<<strong>br</strong> />
exemplo, Timmy. Raramente, porém, alguém me chama <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Loser." Segundo ele, <strong>de</strong> vez em quando "alguém joga um tempero<<strong>br</strong> />
francês: `Losier'". Os colegas <strong>de</strong> trabalho o chamam <strong>de</strong> Lou.<<strong>br</strong> />
E quanto ao irmão com o nome fadado ao sucesso? A<<strong>br</strong> />
realização mais notável <strong>de</strong> Winner Lane, hoje quarentão, é o<<strong>br</strong> />
comprimento <strong>de</strong> sua ficha criminal: quase 40 prisões por assalto,<<strong>br</strong> />
violência doméstica, invasão, resistência à prisão e outros <strong>de</strong>litos.<<strong>br</strong> />
Atualmente os irmãos quase não se falam. O pai, <strong>que</strong> os<<strong>br</strong> />
batizou, já morreu. A idéia <strong>que</strong> teve estava certa – os nomes<<strong>br</strong> />
pressagiam o <strong>de</strong>stino –, mas ele <strong>de</strong>ve ter confundido os meninos.<<strong>br</strong> />
Existe ainda o caso recente <strong>de</strong> Temptress (provocadora),<<strong>br</strong> />
uma menina <strong>de</strong> 15 anos cujas infrações a levaram ao Tribunal <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Família do Condado <strong>de</strong> Albany, em Nova York. O juiz, W. Dennis<<strong>br</strong> />
Duggan, há muito vinha se dando conta dos nomes estranhos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> alguns dos infratores. Um adolescente, Amcher, recebera o<<strong>br</strong> />
nome da primeira coisa <strong>que</strong> os pais viram ao chegar ao hospital: o<<strong>br</strong> />
letreiro Albany Medical Center Hospital Emergency Room<<strong>br</strong> />
(Emergência do Centro Médico <strong>de</strong> Albany). Não obstante,<<strong>br</strong> />
Duggan consi<strong>de</strong>rou Temptress o nome mais chocante com <strong>que</strong> já<<strong>br</strong> />
es-barrara. "Pedi-lhe <strong>que</strong> saísse da sala <strong>de</strong> audiências para po<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />
perguntar à mãe a razão <strong>de</strong> ter dado à filha o nome <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Temptress", recordou-se mais tar<strong>de</strong> o juiz. "Ela respon<strong>de</strong>u <strong>que</strong>,<<strong>br</strong> />
assistindo ao programa <strong>de</strong> televisão The Cosby Show, gostara da<<strong>br</strong> />
jovem atriz. Expli<strong>que</strong>i-lhe <strong>que</strong> o nome da moça era na verda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Tempest
Bledsoe, recebendo <strong>de</strong>la a resposta <strong>de</strong> <strong>que</strong> <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ira mais tar<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ter entendido errado. Perguntei-lhe se conhecia o significado da<<strong>br</strong> />
palavra `temptress ' , ao <strong>que</strong> ela respon<strong>de</strong>u <strong>que</strong> também disso ela só<<strong>br</strong> />
tomara ciência <strong>de</strong>pois. A filha foi autuada por comportamento<<strong>br</strong> />
incontrolável, o <strong>que</strong> incluía levar homens para casa enquanto a<<strong>br</strong> />
mãe estava no trabalho. Indaguei da mãe se lhe ocorrera <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
filha pu<strong>de</strong>sse estar fazendo jus ao nome. A maior parte da nossa<<strong>br</strong> />
conversa escapou totalmente ao seu alcance."<<strong>br</strong> />
Estaria Temptress realmente "fazendo jus ao nome", como<<strong>br</strong> />
inferiu o juiz Duggan? Ou acabaria se envolvendo em confusões<<strong>br</strong> />
ainda <strong>que</strong> se chamasse Chastity (castida<strong>de</strong>)?*<<strong>br</strong> />
Não é preciso ser gênio para presumir <strong>que</strong> Temptress não<<strong>br</strong> />
tinha os pais i<strong>de</strong>ais. Não apenas a mãe se dispôs a chamá-la assim,<<strong>br</strong> />
como era ignorante o bastante para não saber o significado da<<strong>br</strong> />
palavra. Também não espanta, até certo ponto, <strong>que</strong> um rapaz<<strong>br</strong> />
chama-do Amcher fosse parar num tribunal. Pessoas <strong>que</strong> não se<<strong>br</strong> />
dão ao trabalho <strong>de</strong> escolher um nome para o filho não parecem<<strong>br</strong> />
propensas a ser os melhores pais do mundo.<<strong>br</strong> />
Afinal, o nome <strong>que</strong> damos aos filhos afeta ou não suas vidas?<<strong>br</strong> />
Ou será a nossa vida <strong>que</strong> se reflete nos nomes <strong>de</strong>les? Seja como for,<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> tipo <strong>de</strong> sinal o nome <strong>de</strong> uma criança manda para o mundo? E o<<strong>br</strong> />
mais importante: isso realmente faz diferença?<<strong>br</strong> />
Por acaso, Loser e Winner, Temptress e Amcher eram todos<<strong>br</strong> />
negros. Será mera coincidência ou haverá algum sentido maior<<strong>br</strong> />
vinculando nomes a culturas?<<strong>br</strong> />
Toda geração tem produzido um punhado <strong>de</strong> acadêmicos<<strong>br</strong> />
bada<strong>lado</strong>s <strong>que</strong> promovem a reflexão so<strong>br</strong>e a cultura negra. Roland<<strong>br</strong> />
G. Fryer Jr., o jovem economista <strong>que</strong> analisou o fenômeno do<<strong>br</strong> />
"comportamento <strong>br</strong>anco" e a <strong>de</strong>fasagem negros-<strong>br</strong>ancos nas notas<<strong>br</strong> />
escolares, talvez conste da próxima. Sua ascensão foi<<strong>br</strong> />
____________________________<<strong>br</strong> />
* Nota da Tradutora: Ver nota da página 237.
surpreen<strong>de</strong>nte. Uni aluno indiferente, do ensino fundamental,<<strong>br</strong> />
oriundo <strong>de</strong> uma família instável, ingressou na Universida<strong>de</strong> do<<strong>br</strong> />
Texas em Arlington com uma bolsa <strong>de</strong> es<strong>tudo</strong>s esportiva. Duas<<strong>br</strong> />
coisas lhe aconteceram durante a faculda<strong>de</strong>: perceber <strong>de</strong> imediato<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> jamais chegaria à NFL (National Football League) ou à NBA<<strong>br</strong> />
(National Basketball Association) e, levando a sério os es<strong>tudo</strong>s<<strong>br</strong> />
pela primeira vez na vida, <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir <strong>que</strong> gostava <strong>de</strong> estudar.<<strong>br</strong> />
Depois <strong>de</strong> estagiar na Penn State e na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago,<<strong>br</strong> />
Fryer foi contratado como professor em Harvard aos 25 anos.<<strong>br</strong> />
Sua reputação <strong>de</strong> avaliador pon<strong>de</strong>rado da <strong>que</strong>stão racial já estava<<strong>br</strong> />
consolidada.<<strong>br</strong> />
A missão <strong>de</strong> Fryer é o es<strong>tudo</strong> do sub<strong>de</strong>sempenho dos negros.<<strong>br</strong> />
"Po<strong>de</strong>-se recitar <strong>de</strong> cor todas as estatísticas quanto ao <strong>de</strong>sempenho<<strong>br</strong> />
inferior dos negros", diz ele. "Po<strong>de</strong>-se olhar para os diferenciais<<strong>br</strong> />
nos nascimentos fora do casamento, na mortalida<strong>de</strong> infantil ou na<<strong>br</strong> />
expectativa <strong>de</strong> vida. Os negros constituem o grupo ético <strong>de</strong> pior<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sempenho on SATs.* Os negros ganham menos <strong>que</strong> os <strong>br</strong>ancos.<<strong>br</strong> />
Ainda não estão se dando bem, ponto final. Desejo <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir,<<strong>br</strong> />
basicamente, on<strong>de</strong> foi <strong>que</strong> os negros falharam e pretendo <strong>de</strong>dicar<<strong>br</strong> />
minha vida a isso."<<strong>br</strong> />
Além da disparida<strong>de</strong> econômica e social entre negros e<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ancos, a atenção <strong>de</strong> Fryer foi <strong>de</strong>spertada pela existência, na<<strong>br</strong> />
prática, <strong>de</strong> uma segregação cultural. Negros e <strong>br</strong>ancos assistem a<<strong>br</strong> />
programas <strong>de</strong> televisão distintos (o Monday Night Football é o único<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> aparece na lista dos programas mais assistidos pelos dois<<strong>br</strong> />
grupos; Seinfeld, uma das séries mais populares da história da<<strong>br</strong> />
televisão, se-<strong>que</strong>r aparece ente os 50 preferidos dos negros).<<strong>br</strong> />
Negros e <strong>br</strong>ancos fumam cigarros <strong>de</strong> marcas diferentes (a marca<<strong>br</strong> />
Newport tem 75% da preferência dos adolescentes negros contra<<strong>br</strong> />
12% dos <strong>br</strong>ancos; os adolescentes <strong>br</strong>ancos preferem a marca<<strong>br</strong> />
Marlboro). E pais negros dão a seus filhos nomes totalmente<<strong>br</strong> />
diversos dos das crianças <strong>br</strong>ancas.<<strong>br</strong> />
___________________________<<strong>br</strong> />
* Nota da Tradutora: Em português, Teste <strong>de</strong> Aptidão Acadêmica.
Fryer acabou por se perguntar: essa cultura negra diferente<<strong>br</strong> />
seria uma causa da disparida<strong>de</strong> econômica entre negros e <strong>br</strong>ancos<<strong>br</strong> />
ou meramente um reflexo <strong>de</strong>sta?<<strong>br</strong> />
Como ocorreu com o Es<strong>tudo</strong> Longitudinal, Fryer foi buscar a<<strong>br</strong> />
resposta em uma pilha <strong>de</strong> dados: informações contidas nas<<strong>br</strong> />
certidões <strong>de</strong> nascimento <strong>de</strong> cada criança nascida na Califórnia<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1961. Os dados, a<strong>br</strong>angendo mais <strong>de</strong> 16 milhões <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
nascimentos, incluíam itens-padrão, como nome, sexo, raça, peso<<strong>br</strong> />
do nascituro e o estado civil dos pais, bem como fatores mais<<strong>br</strong> />
reve<strong>lado</strong>res so<strong>br</strong>e a família: o código postal (<strong>que</strong> indica o status<<strong>br</strong> />
socioeconômico e a composição racial <strong>de</strong> um bairro), os recursos<<strong>br</strong> />
para o pagamento da conta do hospital (novamente um indicador<<strong>br</strong> />
econômico) e o nível <strong>de</strong> instrução dos pais.<<strong>br</strong> />
Os dados californianos comprovaram o quão diferente são os<<strong>br</strong> />
pais negros dos <strong>br</strong>ancos na hora <strong>de</strong> dar nome aos filhos. Pais<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ancos e ásio-americanos, enquanto isso, põem nomes bastante<<strong>br</strong> />
semelhantes em seus filhos. Existe uma certa disparida<strong>de</strong> entre os<<strong>br</strong> />
pais <strong>br</strong>ancos e os hispano-americanos, mas ela é insignificante<<strong>br</strong> />
diante da diferença observada quando se trata <strong>de</strong> negros e <strong>br</strong>ancos.<<strong>br</strong> />
Os dados também mostram <strong>que</strong> esse abismo entre negros e<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ancos é um fenômeno recente. Até o início dos anos 70, havia<<strong>br</strong> />
bastante semelhança entre os nomes dos negros e os dos <strong>br</strong>ancos. A<<strong>br</strong> />
menina nascida numa comunida<strong>de</strong> negra em 1970 recebia um<<strong>br</strong> />
nome duas vezes mais comum entre os negros do <strong>que</strong> entre os<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ancos. Em 1980, passou a receber um nome vinte vezes mais<<strong>br</strong> />
comum entre negros (os nomes <strong>de</strong> meninos acompanharam a<<strong>br</strong> />
mesma tendência, com agressivida<strong>de</strong> menor, porém —<<strong>br</strong> />
provavelmente por<strong>que</strong> os pais <strong>de</strong> todas as raças são menos<<strong>br</strong> />
audaciosos com os nomes <strong>de</strong> meninos do <strong>que</strong> com os <strong>de</strong> meninas).<<strong>br</strong> />
Tendo em vista a localização e a época <strong>de</strong>ssa mudança — áreas<<strong>br</strong> />
urbanas populosas on<strong>de</strong> o ativismo afro-americano vinha ganhando<<strong>br</strong> />
força —, a causa mais provável <strong>de</strong>ssa explosão <strong>de</strong> nomes negros<<strong>br</strong> />
ostensivamente distintos parecia ser o movimento Black Power,<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> buscou acentuar a cultura africana e combater a o argumento<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> <strong>que</strong> os
negros seriam inferiores. Se tal revolução nos nomes foi<<strong>br</strong> />
efetivamente inspirada pelo Riad . Power, essa teria sido uma das<<strong>br</strong> />
conseqüências mais duradouras do movimento. Penteados afros<<strong>br</strong> />
são raros hoje em dia, dashikis mais raros ainda. O fundador do<<strong>br</strong> />
Black Panther, Boby Seale, é mais conhecido hoje por promover<<strong>br</strong> />
uma linha <strong>de</strong> produtos para churrasco.<<strong>br</strong> />
Uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nomes negros são hoje<<strong>br</strong> />
exclusivida<strong>de</strong> dos negros. Mais <strong>de</strong> 40% das meninas negras<<strong>br</strong> />
nascidas na Califórnia num dado ano recebem um nome <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
nenhuma das cerca <strong>de</strong> 100 mil recém-nascidas <strong>br</strong>ancas recebeu<<strong>br</strong> />
na<strong>que</strong>le mesmo ano. Mais notável ainda é o fato <strong>de</strong> <strong>que</strong> 30% das<<strong>br</strong> />
meninas negras ganham um nome <strong>que</strong> não aparece entre os<<strong>br</strong> />
bebês em geral, <strong>br</strong>ancos e negros, nascidos na<strong>que</strong>le ano na<<strong>br</strong> />
Califórnia (vale dizer <strong>que</strong>, só na década <strong>de</strong> 1990, 228 bebês<<strong>br</strong> />
também foram batizados <strong>de</strong> "Uni<strong>que</strong>",* além <strong>de</strong> três <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
receberam os similares "Uneek", "Une<strong>que</strong>" e "Uneqqee").<<strong>br</strong> />
Mesmo quando se trata <strong>de</strong> nomes negros muito populares, é<<strong>br</strong> />
rara a sua escolha por <strong>br</strong>ancos. Das 629 meninas batizadas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Deja nos anos 90, 591 eram negras. Das 454 Precious, 431 eram<<strong>br</strong> />
negras. Das 318 Shanices, 310 eram negras.<<strong>br</strong> />
Que tipo <strong>de</strong> genitor tem mais propensão a batizar um filho<<strong>br</strong> />
com um nome negro tão peculiar? Os dados fornecem uma<<strong>br</strong> />
resposta cristalina: uma mãe solteira, <strong>de</strong> baixa renda e pouco<<strong>br</strong> />
instruída oriunda <strong>de</strong> um bairro negro e dona, ela própria, <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
nome negro peculiar. Para Fryer, dar a um filho um nome<<strong>br</strong> />
supernegro é, por parte <strong>de</strong> pais negros, um sinal <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
com a comunida<strong>de</strong>. "Se eu batizar meu filho <strong>de</strong> Madison", diz ele,<<strong>br</strong> />
"talvez pensem `tem alguém <strong>que</strong>rendo se mudar para o outro <strong>lado</strong><<strong>br</strong> />
da linha do trem, não é ? ' Se as crianças negras <strong>que</strong> estudam<<strong>br</strong> />
cálculo e balé são acusadas <strong>de</strong> "comportamento <strong>br</strong>anco",<<strong>br</strong> />
argumenta Fryer, as mães <strong>que</strong> põem o nome <strong>de</strong> Shanice nas filhas<<strong>br</strong> />
estão simplesmente adotando o "comportamento negro".<<strong>br</strong> />
_______________________<<strong>br</strong> />
* Nota da Tradutora: Em português tem o sentido <strong>de</strong> especial, ímpar.
O es<strong>tudo</strong> californiano mostra <strong>que</strong> muitos pais <strong>br</strong>ancos<<strong>br</strong> />
sinalizam na direção oposta. Mais <strong>de</strong> 40% dos bebês <strong>br</strong>ancos<<strong>br</strong> />
recebem nomes <strong>que</strong> são, no mínimo, mais comuns entre os<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ancos. Consi<strong>de</strong>remos Connor e Cody, Emily e Abigail. Numa<<strong>br</strong> />
amostragem recente a<strong>br</strong>angendo <strong>de</strong>z anos, cada um <strong>de</strong>sses nomes foi<<strong>br</strong> />
dado a pelo menos dois mil bebês na Califórnia — menos <strong>de</strong> 2%<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>les negros.<<strong>br</strong> />
Então, quais são os nomes "mais <strong>br</strong>ancos" e os "mais negros"?<<strong>br</strong> />
Os 20 nomes "mais <strong>br</strong>ancos" para meninas<<strong>br</strong> />
1. Molly 11. Jenna<<strong>br</strong> />
2. Amy 12. Heather<<strong>br</strong> />
3. Claire 13. Katherine<<strong>br</strong> />
4. Emily 14. Caitlin<<strong>br</strong> />
5. Katie 15. Kaitlin<<strong>br</strong> />
6. Ma<strong>de</strong>line 16. Holly<<strong>br</strong> />
7. Katetyn 17. Allison<<strong>br</strong> />
8. Emma 18. Kaittyn<<strong>br</strong> />
9. Abigail 19. Hannah<<strong>br</strong> />
10. Carly 20. Kathryn<<strong>br</strong> />
Os 20 nomes "mais negros" para meninas<<strong>br</strong> />
1. Imani 11. Jada<<strong>br</strong> />
2. Ebony 12. Tierra<<strong>br</strong> />
3. Shanice 13. Tiara<<strong>br</strong> />
4. Aalyah 14. Kiara<<strong>br</strong> />
5. Precious 15. Jazmine<<strong>br</strong> />
6. Nia 16. Jasmin<<strong>br</strong> />
7. Deja 17. Jazmin<<strong>br</strong> />
8. Diamond 18. Jasmine<<strong>br</strong> />
9. Asia 19. Alexus<<strong>br</strong> />
10. Aliyah 20. Raven
Os 20 nomes "mais <strong>br</strong>ancos" para meninos<<strong>br</strong> />
1. Jake 11. Cole<<strong>br</strong> />
2. Connor 12. Lucas<<strong>br</strong> />
3. Tanner 13. Bradley<<strong>br</strong> />
4. Wyatt 14. Jacob<<strong>br</strong> />
5. Cody 15. Garrett<<strong>br</strong> />
6. Dustin 16. Dylan<<strong>br</strong> />
7. Luke 17. Maxwell<<strong>br</strong> />
8. Jack 18. Hunter<<strong>br</strong> />
9. Scott 19. Brett<<strong>br</strong> />
10. Logan 20. Colin<<strong>br</strong> />
Os 20 nomes "mais negros" para meninos<<strong>br</strong> />
1. DeShawn 11. Demetrius<<strong>br</strong> />
2. DeAndre 12. Reginald<<strong>br</strong> />
3. Marquis 13. Jornal<<strong>br</strong> />
4. Daniel]. 14. Maurice<<strong>br</strong> />
5. Terrell. 15. Jalen<<strong>br</strong> />
6. Malik 16. Darius<<strong>br</strong> />
7. Trevon 17. Xavier<<strong>br</strong> />
8. Tyrone 18. Terrance<<strong>br</strong> />
9. Willie 19. André<<strong>br</strong> />
10. Domini<strong>que</strong> 20. Darryl<<strong>br</strong> />
Agora, <strong>que</strong> diferença faz ter um nome muito <strong>br</strong>anco ou muito<<strong>br</strong> />
negro? Ao longo dos anos, uma série <strong>de</strong> "es<strong>tudo</strong>s atuariais" tentou<<strong>br</strong> />
avaliar como são vistos os nomes. Numa das modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sses<<strong>br</strong> />
es<strong>tudo</strong>s, um pesquisador enviava para empregadores potenciais dois<<strong>br</strong> />
currículos idênticos (e falsos): um com um nome tradicionalmente<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>anco e o outro com um nome i<strong>de</strong>ntificado com imigrantes ou<<strong>br</strong> />
mem<strong>br</strong>os <strong>de</strong> uma minoria. Os currículos "<strong>br</strong>ancos" sempre<<strong>br</strong> />
conseguiam um número maior <strong>de</strong> entrevistas.
De acordo com esse es<strong>tudo</strong>, se DeShawn Williams e Jake<<strong>br</strong> />
Williams mandassem currículos idênticos para o mesmo<<strong>br</strong> />
empregador, Jake Williams teria mais chances <strong>de</strong> ser chamado. A<<strong>br</strong> />
implicação é <strong>que</strong> nomes <strong>que</strong> soam negros acarretam uma punição<<strong>br</strong> />
econômica. Tais es<strong>tudo</strong>s são fascinantes, mas altamente limitados,<<strong>br</strong> />
pois não conseguiram explicar por <strong>que</strong> DeShawn não foi chamado.<<strong>br</strong> />
Terá sido rejeitado por<strong>que</strong> o empregador é racista e está<<strong>br</strong> />
convencido <strong>de</strong> <strong>que</strong> DeShawn Williams seja negro? Ou sua rejeição<<strong>br</strong> />
se <strong>de</strong>veu à impressão <strong>de</strong> <strong>que</strong> "DeShawn" seja alguém <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
família <strong>de</strong> baixa renda e pouca instrução? Um currículo representa<<strong>br</strong> />
um conjunto <strong>de</strong> pistas não-confiáveis – um es<strong>tudo</strong> recente<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>monstrou <strong>que</strong> mais <strong>de</strong> 50% <strong>de</strong>les contêm mentiras –, e<<strong>br</strong> />
"DeShawn" po<strong>de</strong> simplesmente sugerir uma estrutura familiar<<strong>br</strong> />
carente para um empregador <strong>que</strong> ache <strong>que</strong> funcionários <strong>de</strong> tal<<strong>br</strong> />
extração não são confiáveis.<<strong>br</strong> />
Esses es<strong>tudo</strong>s também não prevêem o <strong>que</strong> teria acontecido<<strong>br</strong> />
numa entrevista <strong>de</strong> emprego. E se o empregador for racista e<<strong>br</strong> />
involuntariamente tiver concordado em entrevistar um negro<<strong>br</strong> />
porta-dor <strong>de</strong> um nome <strong>que</strong> soa <strong>br</strong>anco? Ficará mais inclinado a<<strong>br</strong> />
contratar o candidato negro <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> encontrá-lo cara a cara? Ou<<strong>br</strong> />
a entre-vista é uma perda <strong>de</strong> tempo dolorosa e <strong>de</strong>sanimadora para<<strong>br</strong> />
o candidato negro – ou seja, uma multa econômica por ter um<<strong>br</strong> />
nome <strong>de</strong> <strong>br</strong>anco? Seguindo esse mesmo raciocínio, talvez um negro<<strong>br</strong> />
com nome <strong>de</strong> <strong>br</strong>anco pague uma multa econômica na comunida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
negra. O <strong>que</strong> dizer, ainda, da vantagem potencial a ser auferida na<<strong>br</strong> />
comunida<strong>de</strong> negra por ter um nome ostensivamente negro? Por não<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>rem avaliar o futuro real dos fictícios DeShawn Williams e<<strong>br</strong> />
Jake Williams, os es<strong>tudo</strong>s atuariais são incapazes <strong>de</strong> processar o<<strong>br</strong> />
impacto mais amplo <strong>de</strong> um nome ostensivamente negro.<<strong>br</strong> />
Quem sabe DeShawn <strong>de</strong>vesse simplesmente mudar <strong>de</strong> nome.<<strong>br</strong> />
Faz-se isso o tempo todo, é claro. Os funcionários do Registro<<strong>br</strong> />
Civil da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nova York recentemente informaram <strong>que</strong> a troca<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> nomes está no auge. Algumas das mudanças são apenas, ainda <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
sob um aspecto bizarro, <strong>de</strong> natureza estética. Um jovem casal,<<strong>br</strong> />
Natalie Jeremijenko e Dalton Conley, acabaram <strong>de</strong> rebatizar o filho<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> quatro anos <strong>de</strong> Yo Xing Heyno Augustus Eisner Alexan<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />
Weiser
Knuckles Jeremijenko-Conley. Alguns trocam seus nomes por<<strong>br</strong> />
motivos econômicos: <strong>de</strong>pois <strong>que</strong> um motorista <strong>de</strong> táxi <strong>de</strong> Nova York<<strong>br</strong> />
foi morto com uni firo no início <strong>de</strong> 2004, noticiou-se <strong>que</strong> o Sr.<<strong>br</strong> />
Goldberg era na verda<strong>de</strong> um sikh indiano <strong>que</strong> achou vantajoso adotar<<strong>br</strong> />
um nome ju<strong>de</strong>u ao imigrar para a cida<strong>de</strong>. A <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> Goldberg <strong>de</strong>ve<<strong>br</strong> />
ter per-turbado uns e outros nos círculos do showbiz, on<strong>de</strong> é tradição<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> longa data tocar <strong>de</strong> nome quando este for ju<strong>de</strong>u. Foi assim <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
Issur Danielovitch virou Kirk Douglas e <strong>que</strong> a William Morris<<strong>br</strong> />
adquiriu fama sob a direção <strong>de</strong> seu dono, o ex-Zelman Moses.<<strong>br</strong> />
A pergunta é: teria Zelman Moses se saído tão bem caso não<<strong>br</strong> />
passasse a se chamar William Morris? O futuro <strong>de</strong> DeShawn<<strong>br</strong> />
Williams seria mais <strong>br</strong>ilhante caso seu nome fosse Jake ou Connor<<strong>br</strong> />
Williams? E tentador achar <strong>que</strong> sim, como também é tentador<<strong>br</strong> />
acreditar <strong>que</strong> um caminhão abarrotado <strong>de</strong> livros infantis pu<strong>de</strong>sse<<strong>br</strong> />
tornar mais inteligente uma criança.<<strong>br</strong> />
Embora os es<strong>tudo</strong>s atuariais não possam ser usados para<<strong>br</strong> />
genuinamente avaliar quanta diferença faz um nome, os dados<<strong>br</strong> />
californianos fazem isso.<<strong>br</strong> />
Como? Os dados californianos incluem não apenas as<<strong>br</strong> />
estatísticas vitais so<strong>br</strong>e um bebê, mas informações so<strong>br</strong>e o nível <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
instrução, a renda e, mais relevante <strong>que</strong> <strong>tudo</strong> isso, a data <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
nascimento da mãe. Através <strong>de</strong>ste último elemento é possível<<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>ntificar as centenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> mães californianas nascidas na<<strong>br</strong> />
Califórnia e <strong>de</strong>ssa forma vinculá-las a suas próprias certidões <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
nascimento. Assim, uma nova e po<strong>de</strong>rosa história emergiu dos<<strong>br</strong> />
dados: era viável monitorar o futuro <strong>de</strong> qual<strong>que</strong>r <strong>de</strong>ssas mulheres.<<strong>br</strong> />
Esse é o tipo <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> dados com <strong>que</strong> sonham os<<strong>br</strong> />
pesquisadores, possibilitando a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
crianças nascidas sob circunstâncias similares para localizá-las<<strong>br</strong> />
novamente mais tar<strong>de</strong> e ver no <strong>que</strong> <strong>de</strong>ram. Entre essas centenas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
milhares <strong>de</strong> mulheres dos da-dos californianos, muitas tinham<<strong>br</strong> />
nomes ostensivamente negros, e muitas não. Utilizando a análise <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
regressão para <strong>de</strong>scontar fatores <strong>que</strong> pu<strong>de</strong>ssem ter influído em suas<<strong>br</strong> />
trajetórias <strong>de</strong>vida, foi possível avaliar o impacto <strong>de</strong> um único fator –<<strong>br</strong> />
no caso, o prenome <strong>de</strong> uma mulher – so<strong>br</strong>e sua instrução, renda e<<strong>br</strong> />
saú<strong>de</strong>.
E o nome importa?<<strong>br</strong> />
Os dados mostram <strong>que</strong>, na média, uma pessoa com um nome<<strong>br</strong> />
ostensivamente negro — seja uma mulher chamada Imani ou um<<strong>br</strong> />
homem chamado DeShawn — tem, com efeito, um futuro pior do<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> uma mulher chamada Molly ou um homem chamado Jake. O<<strong>br</strong> />
problema, con<strong>tudo</strong>, não está no nome. Se dois garotos negros, Jake<<strong>br</strong> />
Williams e DeShawn Williams nascem no mesmo bairro e sob as<<strong>br</strong> />
mesmas circunstâncias familiares e econômicas, é provável <strong>que</strong> os<<strong>br</strong> />
dois tenham futuros similares. No entanto, o tipo <strong>de</strong> pai <strong>que</strong> batiza o<<strong>br</strong> />
filho <strong>de</strong> Jake não costuma morar no mesmo bairro on<strong>de</strong> mora o<<strong>br</strong> />
tipo <strong>de</strong> pai <strong>que</strong> dá ao filho o nome <strong>de</strong> DeShawn nem partilhar as<<strong>br</strong> />
circunstâncias econômicas <strong>de</strong>ste. Por isso, na média, um menino<<strong>br</strong> />
chamado Jake ten<strong>de</strong> a ganhar mais dinheiro e adquirir mais<<strong>br</strong> />
instrução do <strong>que</strong> outro chamado DeShawn. E mais provável <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
um DeShawn se veja comprometido por um passado <strong>de</strong> baixa<<strong>br</strong> />
renda, pouca instrução e um lar <strong>de</strong> um único genitor. Seu nome é<<strong>br</strong> />
um indicador — não uma causa — <strong>de</strong> seu futuro. Assim como uma<<strong>br</strong> />
criança <strong>que</strong> não tem livros em casa tem menos probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
tirar notas altas na escola, um menino chamado DeShawn tem<<strong>br</strong> />
menos probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se dar bem na vida.<<strong>br</strong> />
E se DeShawn tivesse mudado seu nome para Jake ou Connor?<<strong>br</strong> />
Sua situação mudaria para melhor? Eis uma pista: qual<strong>que</strong>r um <strong>que</strong> se<<strong>br</strong> />
dê ao trabalho <strong>de</strong> mudar <strong>de</strong> nome em prol do sucesso econômico está,<<strong>br</strong> />
no mínimo — como os estudantes <strong>de</strong> Chicago <strong>que</strong> entraram no<<strong>br</strong> />
sorteio para escolher uma escola —, altamente motivado, e motivação<<strong>br</strong> />
talvez seja um indicador <strong>de</strong> sucesso maior do <strong>que</strong> este ou a<strong>que</strong>le<<strong>br</strong> />
nome.<<strong>br</strong> />
Assim como os dados do Es<strong>tudo</strong> Longitudinal respon<strong>de</strong>ram a<<strong>br</strong> />
perguntas so<strong>br</strong>e parentalida<strong>de</strong> <strong>que</strong> extrapolavam a <strong>que</strong>stão do<<strong>br</strong> />
abismo entre as notas escolares <strong>de</strong> negros e <strong>de</strong> <strong>br</strong>ancos, os dados<<strong>br</strong> />
californianos so<strong>br</strong>e nomes contam uma série <strong>de</strong> histórias além<<strong>br</strong> />
da<strong>que</strong>la dos nomes ostensivamente negros. Genericamente falando,<<strong>br</strong> />
os da-dos nos dizem como os pais vêem a si mesmos — e, o <strong>que</strong> é<<strong>br</strong> />
mais significativo, <strong>que</strong> tipo <strong>de</strong> expectativas têm em relação aos<<strong>br</strong> />
filhos.
Para começar, uma pergunta: afinal, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vêm os nomes?<<strong>br</strong> />
Não a fonte em si on<strong>de</strong> são garimpados – isso é óbvio: a Bíblia, o<<strong>br</strong> />
enorme apanhado <strong>de</strong> nomes tradicionais ingleses, alemães,<<strong>br</strong> />
italianos e franceses, nomes <strong>de</strong> princesas e nomes hippies, nomes<<strong>br</strong> />
nostálgicos e <strong>de</strong> lugares. Cada vez mais os nomes <strong>de</strong> marcas<<strong>br</strong> />
(Lexus, Armani, Bacardi, Timberland) e o <strong>que</strong> chamaríamos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
nomes "aspiracionais". Os dados californianos mostram oito<<strong>br</strong> />
Harvards nascidos nos anos 90 (todos eles negros), 15 Yales (todos<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ancos) e 18 Princetons (todos negros). Não está registrado<<strong>br</strong> />
nenhum Doctor, mas há três Lawyers (advogados) (todos negros),<<strong>br</strong> />
nove Judges (juízes) (oito <strong>de</strong>les <strong>br</strong>ancos), três Senators (senadores)<<strong>br</strong> />
(todos <strong>br</strong>ancos) e dois Presi<strong>de</strong>nts (ambos negros). Existem, também,<<strong>br</strong> />
os nomes inventados. Roland G. Fryer Jr., ao longo do programa<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> rádio em <strong>que</strong> discutia sua pesquisa so<strong>br</strong>e nomes, recebeu um<<strong>br</strong> />
telefonema <strong>de</strong> uma mulher negra preocupada com o nome dado a<<strong>br</strong> />
uma so<strong>br</strong>inha recém-nascida. O mesmo era pronunciado<<strong>br</strong> />
shuh-Teed, mas tinha a grafia "Shithead" (cabeça <strong>de</strong> merda).<<strong>br</strong> />
Tomemos ainda os gêmeos Orange (laranja) Jello e Lemon<<strong>br</strong> />
(limão) Jello, também negros, cujos pais ainda tiveram o cuidado<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> insistir na pronúncia <strong>de</strong> a-RON-zhello e le-MON-zhello.<<strong>br</strong> />
OrangeJello, LemonJello e Shithead ainda não caíram na<<strong>br</strong> />
boca do povo, mas outros, já. Como é <strong>que</strong> um nome se espalha, e<<strong>br</strong> />
por quê? Seria apenas uma <strong>que</strong>stão <strong>de</strong> modismo, ou existe uma<<strong>br</strong> />
explicação lógica? Sabemos <strong>que</strong> os nomes vão e vêm — basta<<strong>br</strong> />
observar o resgate <strong>de</strong> Sophie e Max praticamente da extinção — mas<<strong>br</strong> />
será <strong>que</strong> existe um padrão nesses movimentos?<<strong>br</strong> />
A resposta está nos dados californianos: sim.<<strong>br</strong> />
Entre as mais interessantes revelações presentes nos dados<<strong>br</strong> />
está a correlação entre o nome <strong>de</strong> um bebê e o status<<strong>br</strong> />
socioeconômico dos pais. Consi<strong>de</strong>remos os nomes femininos<<strong>br</strong> />
mais comumente encontrados nos lares <strong>br</strong>ancos <strong>de</strong> classe média e<<strong>br</strong> />
nos lares <strong>br</strong>ancos <strong>de</strong> classe baixa (esta e outras listas posteriores<<strong>br</strong> />
incluem da-dos dos anos 90 apenas, para assegurar uma<<strong>br</strong> />
amostragem ampla, mas também anal).
Nomes femininos mais comuns<<strong>br</strong> />
em lares <strong>br</strong>ancos <strong>de</strong> classe média<<strong>br</strong> />
1. Sarah 11. Nicole<<strong>br</strong> />
2. Emily 12. Taylor<<strong>br</strong> />
3. Jessica 13. Elizabeth<<strong>br</strong> />
4. Lauren 14. Katherine<<strong>br</strong> />
5. Ashley 15. Madison<<strong>br</strong> />
6. Amanda 16. Jennifer<<strong>br</strong> />
7. Megan 17. Alexandra<<strong>br</strong> />
8. Samantha 18. Brittany<<strong>br</strong> />
9. Hannah 19. Danielle<<strong>br</strong> />
10. Rachel 20. Rebecca<<strong>br</strong> />
Nomes femininos mais comuns<<strong>br</strong> />
em lares <strong>br</strong>ancos <strong>de</strong> baixa renda<<strong>br</strong> />
1. Ashley 11. Emily<<strong>br</strong> />
2. Jessica 12. Nicole<<strong>br</strong> />
3. Amanda 13. Elizabeth<<strong>br</strong> />
4. Samantha 14. Heather<<strong>br</strong> />
5. Brittany 15. Alyssa<<strong>br</strong> />
6. Sarah 16. Stephanie<<strong>br</strong> />
7. Kayla 17. Jennifer<<strong>br</strong> />
8. Amber 18. Hannah<<strong>br</strong> />
9. Megan 19. Courtney<<strong>br</strong> />
10. Taylor 20. Rebecca<<strong>br</strong> />
É verda<strong>de</strong> <strong>que</strong> existe uma boa dose <strong>de</strong> coincidência. Não<<strong>br</strong> />
es<strong>que</strong>çamos, con<strong>tudo</strong>, <strong>que</strong> esses são os nomes mais comuns entre<<strong>br</strong> />
todos e consi<strong>de</strong>remos o volume do conjunto <strong>de</strong> dados. A diferença<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> uma para outra posição consecutiva nessas listas po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
representar
várias centenas ou até milhares <strong>de</strong> crianças. Assim, se Brittany<<strong>br</strong> />
aparece em quinto lugar na lista "baixa renda" e no 18º na lista<<strong>br</strong> />
"classe média", ele é sem dúvida um nome do segmento mais po<strong>br</strong>e.<<strong>br</strong> />
Outros exemplos são ainda mais incisivos. Cinco nomes <strong>de</strong> cada<<strong>br</strong> />
categoria se<strong>que</strong>r aparecem entre os 20 da outra. A seguir, os cinco<<strong>br</strong> />
favoritos das famílias abastadas e das famílias mo<strong>de</strong>stas, na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
disparida<strong>de</strong> em relação à outra categoria:<<strong>br</strong> />
Os nomes femininos mais comuns<<strong>br</strong> />
entre os <strong>br</strong>ancos mais abastados<<strong>br</strong> />
1. Alexandra<<strong>br</strong> />
2. Lauren<<strong>br</strong> />
3. Katherine<<strong>br</strong> />
4. Madison<<strong>br</strong> />
5. Rachel<<strong>br</strong> />
Os nomes femininos mais comuns<<strong>br</strong> />
entre os <strong>br</strong>ancos mais po<strong>br</strong>es<<strong>br</strong> />
1. Amber<<strong>br</strong> />
2. Heather<<strong>br</strong> />
3. Kayla<<strong>br</strong> />
4. Stephanie<<strong>br</strong> />
5. Alyssa<<strong>br</strong> />
E os masculinos:<<strong>br</strong> />
Os nomes preferidos peles <strong>br</strong>ancos mais abastados<<strong>br</strong> />
1. Benjamin<<strong>br</strong> />
2. Samuel<<strong>br</strong> />
3. Jonathan<<strong>br</strong> />
4. Alexan<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />
5. Andrew
Os nomes preferidos pelos <strong>br</strong>ancos mais po<strong>br</strong>es<<strong>br</strong> />
1. Cody<<strong>br</strong> />
2. Brandon<<strong>br</strong> />
3. Anthony<<strong>br</strong> />
4. Justin<<strong>br</strong> />
5. Robert<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>rando-se a relação entre a renda e a escolha dos nomes<<strong>br</strong> />
e o fato <strong>de</strong> <strong>que</strong> renda e instrução guardam estreita correlação, não<<strong>br</strong> />
espanta <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir um vínculo igualmente forte entre o nível <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
instrução dos pais e o nome escolhido para seus filhos. Voltando<<strong>br</strong> />
mais uma vez aos nomes mais comuns entre crianças <strong>br</strong>ancas, as<<strong>br</strong> />
escolhas a seguir são as mais freqüentes entre pais mais alto grau <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
instrução e entre os <strong>que</strong> têm mais baixo grau <strong>de</strong> instrução:<<strong>br</strong> />
Nomes mais comuns para meninas <strong>br</strong>ancas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> pais com alto grau <strong>de</strong> instrução<<strong>br</strong> />
1. Katherine<<strong>br</strong> />
2. Emma<<strong>br</strong> />
3. Alexandra<<strong>br</strong> />
4. Julia<<strong>br</strong> />
5. Rachel<<strong>br</strong> />
Nomes mais comuns para meninas <strong>br</strong>ancas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> pais com baixo grau <strong>de</strong> instrução<<strong>br</strong> />
1. Kayla<<strong>br</strong> />
2. Amber<<strong>br</strong> />
3. Heather<<strong>br</strong> />
4. Brittany<<strong>br</strong> />
5. Brianna
Nomes mais comuns para meninos <strong>br</strong>ancos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> pais com alto grau <strong>de</strong> instrução<<strong>br</strong> />
1. Benjamin<<strong>br</strong> />
2. Samuel<<strong>br</strong> />
3. Alexan<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />
4. John<<strong>br</strong> />
5. William<<strong>br</strong> />
Nomes mais comuns para meninos <strong>br</strong>ancos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> pais com baixo grau <strong>de</strong> instrução<<strong>br</strong> />
1. Cody<<strong>br</strong> />
2. Travis<<strong>br</strong> />
3. Brandon<<strong>br</strong> />
4. Justin<<strong>br</strong> />
5. Tyler<<strong>br</strong> />
O efeito é ainda mais gritante quando a amostragem é ampliada<<strong>br</strong> />
para além dos nomes mais comuns. Consultando todo o banco <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
dados da Califórnia, os seguintes são os nomes <strong>que</strong> representam os<<strong>br</strong> />
pais <strong>br</strong>ancos menos instruídos.<<strong>br</strong> />
Os 20 nomes para meninas <strong>br</strong>ancas<<strong>br</strong> />
mais representativos <strong>de</strong> pais <strong>de</strong> baixa instrução 1<<strong>br</strong> />
(média <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> da mãe entre parênteses)<<strong>br</strong> />
1. Angel (11,38) 11. Jazmine (11,94)<<strong>br</strong> />
2. Heaven (11,46) 12. Shyanne (11,96)<<strong>br</strong> />
3. Misty (11,61) 13. Britany (12,05)<<strong>br</strong> />
4. Destiny (11,66) 14. Merce<strong>de</strong>s (12,06)<<strong>br</strong> />
5. Brenda (11,71) 15. Tiffanie (12,08)<<strong>br</strong> />
6. Tabatha (11,81) 16. Ashly (12,11)<<strong>br</strong> />
7. Bobbie (11,87) 17. Tonya (12,13)<<strong>br</strong> />
8. Brandy (11,89) 18. Crystal (12,15)<<strong>br</strong> />
9. Destinee (11,91) 19. Brandie (12,16)<<strong>br</strong> />
10. Cindy (11,92) 20. Brandi (12,17)<<strong>br</strong> />
____________________________<<strong>br</strong> />
1 Com um mínimo <strong>de</strong> 100 ocorrências.
Se você ou alguém <strong>de</strong> <strong>que</strong>m você gosta se chama Cindy ou<<strong>br</strong> />
Brenda e está acima, digamos, <strong>de</strong> 40 anos, po<strong>de</strong> ter a impressão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> esses nomes não <strong>de</strong>notavam então uma família <strong>de</strong> pouca<<strong>br</strong> />
instrução. Isso é verda<strong>de</strong>. Esses nomes, como vários outros, vêm,<<strong>br</strong> />
ultimamente, sofrendo guinadas acentuadas e rápidas. Alguns dos<<strong>br</strong> />
outros preferidos por pais <strong>de</strong> baixa instrução são, obviamente,<<strong>br</strong> />
produto <strong>de</strong> equívocos ortográficos, intencionais ou não, com relação<<strong>br</strong> />
a nomes-padrão. Na maioria dos casos, mesmo com a ortografia<<strong>br</strong> />
padrão, esses nomes — Tabitha, Cheyenne, Tiffany, Brittany e<<strong>br</strong> />
Jasmine— também revelam pouca instrução. As diversas ortografias<<strong>br</strong> />
até <strong>de</strong> um mesmo nome, porém, são capazes <strong>de</strong> revelar uma gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
disparida<strong>de</strong>:<<strong>br</strong> />
Dez "Jasmines" em or<strong>de</strong>m crescente <strong>de</strong> instrução materna<<strong>br</strong> />
(anos <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> da mãe entre parênteses)<<strong>br</strong> />
1. Jazmine (11,94)<<strong>br</strong> />
2. Jazmyne (12,08)<<strong>br</strong> />
3. Jazzmin (12,14)<<strong>br</strong> />
4. Jazzmine (12,16)<<strong>br</strong> />
5. Jasmyne (12,18)<<strong>br</strong> />
6. Jasmina (12,50)<<strong>br</strong> />
7. Jazmyn (12,77)<<strong>br</strong> />
8. Jasmine (12,88)<<strong>br</strong> />
9. Jasmin (13,12)<<strong>br</strong> />
10. Jasmyn (13,23)<<strong>br</strong> />
A seguir, a lista <strong>de</strong> nomes para meninos <strong>br</strong>ancos filhos <strong>de</strong> pais<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> baixa instrução. Ela inclui eventuais equívocos <strong>de</strong> ortografia<<strong>br</strong> />
(Micheal e Tylor), mas a tendência mais comum é o uso <strong>de</strong> apelido<<strong>br</strong> />
como nome.
Os 20 nomes para meninos <strong>br</strong>ancos mais<<strong>br</strong> />
representativos <strong>de</strong> pais <strong>de</strong> baixa instrução 2<<strong>br</strong> />
(anos <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> da mãe entre parênteses)<<strong>br</strong> />
1. Ricky (11,55) 11. Tommy (11,89)<<strong>br</strong> />
2. Joey (11,65) 12. Tony (11,96)<<strong>br</strong> />
3. Jessie (11,66) 13. Micheal (11,98)<<strong>br</strong> />
4. Jimmy (11,66) 14. Ronnie (12,03)<<strong>br</strong> />
5. Billy (11,69) 15. Randy (12,07)<<strong>br</strong> />
6. Bobby (11,74) 16. Jerry (12,08)<<strong>br</strong> />
7. Johnny (11,75) 17. Tylor (12,14)<<strong>br</strong> />
8. Larry (11,80) 18. Terry (12,15)<<strong>br</strong> />
9. Edgar (11,81) 19. Danny (12,17)<<strong>br</strong> />
10. Steve (11,84) 20. Harley (12,22)<<strong>br</strong> />
Vejamos, agora, os nomes <strong>que</strong> indicam o grau mais alto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
instrução dos pais. Esses nomes não têm muito em comum,<<strong>br</strong> />
fonética ou esteticamente falando, com os nomes escolhidos por<<strong>br</strong> />
pais <strong>de</strong> baixa instrução. Os <strong>de</strong> meninas são, sob muitos aspectos,<<strong>br</strong> />
originais, embora com uma boa parcela <strong>de</strong> influência literária ou<<strong>br</strong> />
artística <strong>de</strong> modo geral. Um alerta para os candidatos a pais <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
estejam buscando um nome "inteligente": lem<strong>br</strong>em-se <strong>de</strong> <strong>que</strong> ele<<strong>br</strong> />
não tornará seu filho inteligente, mas fará com <strong>que</strong> compartilhe o<<strong>br</strong> />
mesmo nome <strong>de</strong> outras crianças inteligentes – ao menos por algum<<strong>br</strong> />
tempo (uma lista maior <strong>de</strong> nomes <strong>de</strong> meninos e meninas se<<strong>br</strong> />
encontra na página 237).<<strong>br</strong> />
_____________________________________<<strong>br</strong> />
2 Com um mínimo <strong>de</strong> 100 ocorrências.
Os 20 nomes <strong>de</strong> meninas <strong>br</strong>ancas mais representativos <strong>de</strong> pais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
alto grau <strong>de</strong> instrução 3<<strong>br</strong> />
(número <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> da mãe entre parênteses)<<strong>br</strong> />
1. Lucienne (16,60) 11. Rorem (16,08)<<strong>br</strong> />
2. Marie-Claire (16,50) 12. Oona (16,00)<<strong>br</strong> />
3. Glynnis (16,40) 13. Atara (16,00)<<strong>br</strong> />
4. Adair (16,36) 14. Lin<strong>de</strong>n (15,94)<<strong>br</strong> />
5. Meira (16,27) 15. Waverly (15,93)<<strong>br</strong> />
6. Beatriz (16,26) 16. Zofia (15,88)<<strong>br</strong> />
7. Clementine (16,23) 17. Pascale (15,82)<<strong>br</strong> />
8. Philippa (16,21) 18. Eleanora (15,80)<<strong>br</strong> />
9. Aviva (16,18) 19. Elika (15,80)<<strong>br</strong> />
10. Flannery (16,10) 20. Neeka (15,77)<<strong>br</strong> />
Agora, os nomes <strong>de</strong> meninos <strong>que</strong> vêm surgindo atualmente em lares<<strong>br</strong> />
com alto nível <strong>de</strong> instrução. Esta lista apresenta boa incidência <strong>de</strong> nomes<<strong>br</strong> />
he<strong>br</strong>eus, com uma perceptível tendência para o tradicionalismo<<strong>br</strong> />
irlandês.<<strong>br</strong> />
Os 20 nomes <strong>de</strong> meninos <strong>br</strong>ancos mais representativos <strong>de</strong> alto grau <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
instrução dos pais 4<<strong>br</strong> />
(anos <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> da mãe entre parênteses)<<strong>br</strong> />
1. Dov (16,50) 11. Finnegan (16,13)<<strong>br</strong> />
2. Akiva (16,42) 12. MacGregor (16,10)<<strong>br</strong> />
3. San<strong>de</strong>r (16,29) 13. Flroian (15,94)<<strong>br</strong> />
4. Yannick (16,20) 14. Zev (15,92)<<strong>br</strong> />
5. Sacha (16,18) 15. Beckett (15,91)<<strong>br</strong> />
6. Guillaume (16,17) 16. Kia (15,90)<<strong>br</strong> />
7. Elon (16,16) 17. Ashkon (15,84)<<strong>br</strong> />
8. Ansel (16,14) 18. Harper (15,83)<<strong>br</strong> />
9. Yonah (16,14) 19. Sumner (15,77)<<strong>br</strong> />
10. Tor (16,13) 20. Cal<strong>de</strong>r (15,75)<<strong>br</strong> />
__________________________<<strong>br</strong> />
3 Com um mínimo <strong>de</strong> 10 ocorrências.<<strong>br</strong> />
4 Com um mínimo <strong>de</strong> 10 ocorrências.
Se muitos nomes das listas anteriores lhe soam pouco<<strong>br</strong> />
familiares, não fi<strong>que</strong> sem graça. Mesmo os nomes <strong>de</strong> meninos – <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
sempre foram menos variados do <strong>que</strong> os <strong>de</strong> meninas – vêm se<<strong>br</strong> />
proliferando loucamente. Isso significa <strong>que</strong> mesmo os nomes mais<<strong>br</strong> />
populares hoje em dia são menos populares do <strong>que</strong> costumavam<<strong>br</strong> />
ser. Consi<strong>de</strong>remos os <strong>de</strong>z nomes mais populares para meninos<<strong>br</strong> />
negros na Califórnia em 1990 e, em seguida, em 2000. Os "<strong>de</strong>z<<strong>br</strong> />
mais" <strong>de</strong> 1990 a<strong>br</strong>angem 3.375 bebês (18,7% dos nascidos na<strong>que</strong>le<<strong>br</strong> />
ano), enquanto os "<strong>de</strong>z mais" <strong>de</strong> 2000 a<strong>br</strong>angem apenas 2.115<<strong>br</strong> />
(14,6% dos bebês nascidos na<strong>que</strong>le ano).<<strong>br</strong> />
Nomes mais populares para meninos negros<<strong>br</strong> />
(número <strong>de</strong> ocorrências entre parênteses)<<strong>br</strong> />
1990 2000<<strong>br</strong> />
1. Michael (532) 1. Isaiah (308)<<strong>br</strong> />
2. Christopher (531) 2. Jordan (267)<<strong>br</strong> />
3. Anthony (395) 3. Elijah (262)<<strong>br</strong> />
4. Brandon (323) 4. Michael (235)<<strong>br</strong> />
5. James (303) 5. Joshua (218)<<strong>br</strong> />
6. Joshua (301) 6. Anthony (208)<<strong>br</strong> />
7. Robert (276) 7. Christopher (169)<<strong>br</strong> />
8. David (243) 8. Jalen (159)<<strong>br</strong> />
9. Kevin (240) 9. Brandon (148)<<strong>br</strong> />
10. Justin (231) 10. Justin (141)<<strong>br</strong> />
Em <strong>de</strong>z anos, até o nome mais popular para bebês negros (532<<strong>br</strong> />
ocorrências <strong>de</strong> Michael) tornou-se muito menos popular (308<<strong>br</strong> />
ocorrências <strong>de</strong> Isaiah). Isso <strong>de</strong>ixa claro <strong>que</strong> os pais estão escolhendo<<strong>br</strong> />
nomes mais variados. No entanto, uma guinada mais notável<<strong>br</strong> />
ocorreu nessas listas: uma taxa muito rápida <strong>de</strong> inversões.<<strong>br</strong> />
Observa-se <strong>que</strong> quatro dos nomes <strong>de</strong> 1990 (James, Robert, David<<strong>br</strong> />
e Kevin) não constam da lista dos "<strong>de</strong>z mais" <strong>de</strong> 2000. E certo <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
todos eles ocupavam posições na segunda meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>la, mas os<<strong>br</strong> />
nomes <strong>que</strong> os substituíram em 2000 não ficaram na lanterna. Três<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>les – Isaiah, Jordan e Elijah – ficaram em primeiro, segundo e<<strong>br</strong> />
terceiro
lugares em 2000. Veremos um exemplo ainda mais radical <strong>de</strong> como um<<strong>br</strong> />
nome po<strong>de</strong> total e rapidamente entrar e sair <strong>de</strong> moda se consi<strong>de</strong>rarmos<<strong>br</strong> />
os <strong>de</strong>z nomes mais populares para meninas <strong>br</strong>ancas na Califórnia em<<strong>br</strong> />
1960 e, <strong>de</strong>pois, em 2000.<<strong>br</strong> />
Nomes mais populares para meninas <strong>br</strong>ancas<<strong>br</strong> />
1960 2000<<strong>br</strong> />
1. Susan 1. Emily<<strong>br</strong> />
2. Lisa 2. Hannah<<strong>br</strong> />
3. Karen 3. Madison<<strong>br</strong> />
4. Mary 4. Sarah<<strong>br</strong> />
5. Cynthia 5. Samantha<<strong>br</strong> />
6. Deborah 6. Lauren<<strong>br</strong> />
7. Linda 7. Ashley<<strong>br</strong> />
8. Patricia 8. Emma<<strong>br</strong> />
9. De<strong>br</strong>a 9. Taylor<<strong>br</strong> />
10. Sandra 10. Megan<<strong>br</strong> />
Nem um único nome da lista <strong>de</strong> 1960 permaneceu entre os "<strong>de</strong>z<<strong>br</strong> />
mais" <strong>de</strong> 2000. Alguém dirá <strong>que</strong> é difícil ficar na moda durante 40 anos.<<strong>br</strong> />
Que tal, então, comparar os nomes mais populares <strong>de</strong> hoje com os<<strong>br</strong> />
"<strong>de</strong>z mais" <strong>de</strong> apenas 20 anos atrás?<<strong>br</strong> />
Os nomes mais populares para meninas <strong>br</strong>ancas<<strong>br</strong> />
1980 2000<<strong>br</strong> />
1. Jennifer 1. Emily<<strong>br</strong> />
2. Sarah 2. Hannah<<strong>br</strong> />
3. Melissa 3. Madison<<strong>br</strong> />
4. Jessica 4. Sarah<<strong>br</strong> />
5. Christina 5. Samantha<<strong>br</strong> />
6. Amanda 6. Lauren<<strong>br</strong> />
7. Nicole 7. Ashley<<strong>br</strong> />
8. Michelle 8. Emma<<strong>br</strong> />
9. Heather 9. Taylor<<strong>br</strong> />
10. Amber 10. Megan
Há um único remanescente: Sarah. E <strong>de</strong> on<strong>de</strong> essas Emilys,<<strong>br</strong> />
Emmas e Laurens surgiram? De on<strong>de</strong> terá saído Madison? É<<strong>br</strong> />
facílimo ver <strong>que</strong> esses novos nomes se tornaram altamente<<strong>br</strong> />
populares muito rápido. Mas por quê?<<strong>br</strong> />
Vamos dar uma outra olhada numa dupla <strong>de</strong> listas anteriores.<<strong>br</strong> />
Abaixo os nomes mais populares escolhidos para meninas nos<<strong>br</strong> />
anos 90 por famílias <strong>de</strong> baixa renda e por famílias <strong>de</strong> classe média<<strong>br</strong> />
ou alta.<<strong>br</strong> />
Os nomes mais comuns para meninas <strong>br</strong>ancas da classe alta nos<<strong>br</strong> />
anos 90<<strong>br</strong> />
1. Alexandra<<strong>br</strong> />
2. Lauren<<strong>br</strong> />
3. Katherine<<strong>br</strong> />
4. Madison<<strong>br</strong> />
5. Rachel<<strong>br</strong> />
Os nomes mais comuns para meninas<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ancas <strong>de</strong> baixa renda nos anos 90<<strong>br</strong> />
1. Amber<<strong>br</strong> />
2. Heather<<strong>br</strong> />
3. Kayla<<strong>br</strong> />
4. Stephanie<<strong>br</strong> />
5. Alyssa<<strong>br</strong> />
Deu para perceber alguma coisa? Talvez valha a pena comparar<<strong>br</strong> />
esses nomes com a lista dos nomes mais populares para meninas<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ancas da página 205, <strong>que</strong> inclui os "<strong>de</strong>z mais" <strong>de</strong> 1980 a 2000.<<strong>br</strong> />
Lauren e Madison, dois dos preferidos da classe alta dos anos 90,<<strong>br</strong> />
chegaram à lista dos "<strong>de</strong>z mais" <strong>de</strong> 2000. Por outro <strong>lado</strong>, Amber e<<strong>br</strong> />
Heather, dois dos "<strong>de</strong>z mais" <strong>de</strong> 1980, agora se encontram na lista<<strong>br</strong> />
das famílias <strong>de</strong> baixa renda.
Vemos claramente um padrão: quando um nome "pega"<<strong>br</strong> />
entre os indivíduos da classe alta – pais com alto grau <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
instrução –, ele começa a empreen<strong>de</strong>r uma viagem la<strong>de</strong>ira abaixo<<strong>br</strong> />
na escala socioeconômica. Amber e Heather começaram sua<<strong>br</strong> />
carreira como nomes da classe alta, como aconteceu com<<strong>br</strong> />
Stephanie ou Brittany. Para cada bebê <strong>de</strong> classe alta batizado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Stephanie ou Brittany, outros cinco <strong>de</strong> baixa renda receberam<<strong>br</strong> />
esses nomes no curso <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos.<<strong>br</strong> />
Então, on<strong>de</strong> as famílias <strong>de</strong> baixa renda vão buscar os nomes<<strong>br</strong> />
para seus filhos? Muita gente supõe <strong>que</strong> a tendência na escolha<<strong>br</strong> />
dos nomes é ditada pelas cele<strong>br</strong>ida<strong>de</strong>s, mas, na verda<strong>de</strong>, sua<<strong>br</strong> />
influência so<strong>br</strong>e os nomes <strong>de</strong> bebês é reduzida. Até o ano <strong>de</strong> 2000,<<strong>br</strong> />
a cantora Madonna já ven<strong>de</strong>ra 130 milhões <strong>de</strong> discos no mundo<<strong>br</strong> />
todo, mas não havia gerado nem as 10 homônimas necessárias —<<strong>br</strong> />
e isso na Califórnia — para integrar o master in<strong>de</strong>x <strong>de</strong> quatro mil<<strong>br</strong> />
nomes do qual se originou a lista <strong>de</strong> nomes para meninas da página<<strong>br</strong> />
237. Talvez, ao ver todas as Brittanys, Britneys, Brittanis,<<strong>br</strong> />
Brittanies, Brittneys e Brittnis <strong>que</strong> pululam por aí hoje em dia,<<strong>br</strong> />
Britney Spears lhe venha à cabeça. Na verda<strong>de</strong>, porém, ela é um<<strong>br</strong> />
sintoma, não uma causa, da explosão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Brittanys/Brimeys/Brittanis/Brittanies/Brittneys/Brittnis. Com<<strong>br</strong> />
sua grafia mais comum — Brittany — na 18ª posição entre os<<strong>br</strong> />
nomes favoritos da classe alta e na quinta entre os "<strong>de</strong>z mais" da<<strong>br</strong> />
classe baixa, certa-mente ele se aproxima do fim do prazo <strong>de</strong> sua<<strong>br</strong> />
valida<strong>de</strong>. Décadas atrás, Shirley Temple foi, igualmente, um<<strong>br</strong> />
sintoma do boom <strong>de</strong> Shirleys, embora seja freqüentemente<<strong>br</strong> />
lem<strong>br</strong>ada como causa <strong>de</strong>le (é preciso <strong>que</strong> se diga também <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
muitos nomes <strong>de</strong> menina, inclusive Shirley, Carol, Leslie, Hilary,<<strong>br</strong> />
Renee, Stacy e Tracy começaram a vida como nomes <strong>de</strong> menino.<<strong>br</strong> />
O contrário, porém — nomes <strong>de</strong> meninas virarem nomes <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
menino —, quase nunca ocorre).<<strong>br</strong> />
Assim é <strong>que</strong> não são os famosos <strong>que</strong> mandam no jogo dos<<strong>br</strong> />
nomes. E a família ali do outro quarteirão, a<strong>que</strong>la <strong>que</strong> tem a casa<<strong>br</strong> />
maior e o carro mais novo. As famílias <strong>que</strong> foram pioneiras na<<strong>br</strong> />
escolha dos nomes Amber e Heather para suas filhas e <strong>que</strong> agora<<strong>br</strong> />
as
estão batizando <strong>de</strong> Lauren ou <strong>de</strong> Madison; as famílias <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
costumavam dar a seus filhos os nomes <strong>de</strong> Justin ou Brandon e <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
agora optam por Alexan<strong>de</strong>r ou Benjamin. Os pais relutam em<<strong>br</strong> />
pedir <strong>de</strong> empréstimo nomes <strong>de</strong> alguém próximo <strong>de</strong>mais – parentes<<strong>br</strong> />
ou amigos íntimos –, mas muitos, <strong>que</strong>r se dêem conta ou não,<<strong>br</strong> />
gostam do som <strong>de</strong> nomes <strong>que</strong> soam "bem-sucedidos".<<strong>br</strong> />
No entanto, quando um nome da classe alta é adotado em<<strong>br</strong> />
massa, os pais da classe alta o abandonam, e ele acaba sendo<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>ra-do tão trivial <strong>que</strong> até os pais <strong>de</strong> baixa renda acabam por<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sprezá-lo, momento em <strong>que</strong> ele cai <strong>de</strong> moda por completo. Os<<strong>br</strong> />
pais <strong>de</strong> baixa renda, enquanto isso, vão atrás do próximo nome <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
os pais da classe alta acabaram <strong>de</strong> <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir.<<strong>br</strong> />
Assim, fica claro o seguinte: os pais <strong>de</strong> todas essas Alexandras,<<strong>br</strong> />
Laurens, Katherines, Madisons e Rachels <strong>que</strong> não esperem <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
seu cachê perdure muito. Esses nomes já estão a caminho <strong>de</strong> se tornar<<strong>br</strong> />
co<strong>que</strong>luche. De on<strong>de</strong>, então, <strong>br</strong>otarão os novos nomes da classe<<strong>br</strong> />
alta?<<strong>br</strong> />
Não seria surpresa encontrá-los entre os nomes mais<<strong>br</strong> />
"inteligentes" <strong>de</strong> meninos e meninas na Califórnia, listados na<<strong>br</strong> />
páginas 203, <strong>que</strong> ainda são bastante obscuros. Sem dúvida alguns<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>les – Oona e Glynnis, Florian e Kia – estão fadados a continuar<<strong>br</strong> />
obscuros. E válido supor o mesmo com relação à maioria dos<<strong>br</strong> />
nomes he<strong>br</strong>eus (Rotem e Zofia, Akiva e Zev), embora mui-tos dos<<strong>br</strong> />
nomes mais em moda hoje em dia (David, Jonathan, Samuel,<<strong>br</strong> />
Benjamin, Rachel, Hannah, Sarah e Rebecca) sejam nomes<<strong>br</strong> />
bíblicos. Aviva talvez seja o único nome he<strong>br</strong>eu mo<strong>de</strong>rno prestes a<<strong>br</strong> />
estourar: é fácil <strong>de</strong> pronunciar, bonito, forte e convenientemente<<strong>br</strong> />
flexível.<<strong>br</strong> />
Elaborada a partir <strong>de</strong> alguns bancos <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> nomes<<strong>br</strong> />
"sofisticados", vejamos uma amostragem dos nomes da classe alta<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> hoje. Alguns, por incrível <strong>que</strong> pareça, serão co<strong>que</strong>luche<<strong>br</strong> />
amanhã. Antes <strong>de</strong> torcer o nariz, pergunte-se: existe algum entre<<strong>br</strong> />
eles mais ridículo do <strong>que</strong> lhe teria parecido "Madison" há <strong>de</strong>z<<strong>br</strong> />
anos?
Os nomes mais populares para meninas <strong>de</strong> 2015?<<strong>br</strong> />
Annika<<strong>br</strong> />
Ansley<<strong>br</strong> />
Ava<<strong>br</strong> />
Avery<<strong>br</strong> />
Aviva<<strong>br</strong> />
Clementine<<strong>br</strong> />
Eleanor<<strong>br</strong> />
Ella<<strong>br</strong> />
Em ma<<strong>br</strong> />
Fiona<<strong>br</strong> />
Flannery<<strong>br</strong> />
Grace<<strong>br</strong> />
Isabel<<strong>br</strong> />
Kate<<strong>br</strong> />
Lara<<strong>br</strong> />
Lin<strong>de</strong>n<<strong>br</strong> />
Maeve<<strong>br</strong> />
Marie-Claire<<strong>br</strong> />
Maya<<strong>br</strong> />
Philippa<<strong>br</strong> />
Phoebe<<strong>br</strong> />
Quinn<<strong>br</strong> />
Sophie<<strong>br</strong> />
Waverly<<strong>br</strong> />
Os nomes mais populares para meninos <strong>de</strong> 2015?<<strong>br</strong> />
Aidan<<strong>br</strong> />
Aldo<<strong>br</strong> />
An<strong>de</strong>rson<<strong>br</strong> />
Ansel<<strong>br</strong> />
Asher<<strong>br</strong> />
Beckett<<strong>br</strong> />
Bennett<<strong>br</strong> />
Carter<<strong>br</strong> />
Cooper<<strong>br</strong> />
Finnegan<<strong>br</strong> />
Harper<<strong>br</strong> />
Jackson<<strong>br</strong> />
Johan<<strong>br</strong> />
Keyon<<strong>br</strong> />
Liam<<strong>br</strong> />
Maximilian<<strong>br</strong> />
McGregor<<strong>br</strong> />
Oliver<<strong>br</strong> />
Reagan<<strong>br</strong> />
San<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />
Sumner<<strong>br</strong> />
Will<<strong>br</strong> />
Obviamente, uma série <strong>de</strong> motivos contribui para a escolha <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
um nome para um filho. Os pais po<strong>de</strong>m preferir algo mais<<strong>br</strong> />
tradicional ou algo mais original, algo ímpar ou totalmente na moda.<<strong>br</strong> />
Seria chover no molhado dizer <strong>que</strong> todos buscam – conscientemente<<strong>br</strong> />
ou não – uni nome "sofisticado" ou "classe A". No entanto,<<strong>br</strong> />
também é verda<strong>de</strong> <strong>que</strong> todo pai tenta sinalizar alguma coisa com um<<strong>br</strong> />
nome, seja ele Winner ou Loser, Madison ou Amber, Shithead
ou San<strong>de</strong>r, DeShawn ou Jake. O <strong>que</strong> os dados californianos<<strong>br</strong> />
sugerem é <strong>que</strong> um número incrível <strong>de</strong> pais lança mão <strong>de</strong> um nome<<strong>br</strong> />
para expressar suas próprias expectativas a respeito <strong>de</strong> quão bemsucedidos<<strong>br</strong> />
serão seus filhos. Provavelmente o nome não fará a<<strong>br</strong> />
mínima diferença, mas dará aos pais, no mínimo, a sensação <strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o comecinho, ter tentado fazer o melhor possível.
EPÍLOGO:<<strong>br</strong> />
Dois caminhos para Harvard<<strong>br</strong> />
E agora, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> todas essas páginas, uma promessa feita no início<<strong>br</strong> />
foi cumprida: este livro, realmente, não tem um "tema unificador".<<strong>br</strong> />
No entanto, ainda <strong>que</strong> não haja tema unificador em<<strong>br</strong> />
Freakonomics, ao menos existe um fio condutor nas aplicações<<strong>br</strong> />
cotidianas <strong>de</strong>sse campo <strong>de</strong> es<strong>tudo</strong>, <strong>que</strong> tem a ver com o raciocínio<<strong>br</strong> />
lógico so<strong>br</strong>e o comportamento humano no mundo real. Para isso<<strong>br</strong> />
basta adotar uma nova maneira <strong>de</strong> olhar, discernir e avaliar. Essa não<<strong>br</strong> />
é, necessariamente, uma tarefa difícil nem re<strong>que</strong>r um raciocínio<<strong>br</strong> />
ultra-sofisticado. Tentamos, basicamente, <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir o <strong>que</strong> um<<strong>br</strong> />
mem<strong>br</strong>o-padrão <strong>de</strong> uma gangue ou um lutador <strong>de</strong> sumô <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu<<strong>br</strong> />
por si próprio (embora tenhamos tido <strong>que</strong> fazer o processo inverso).<<strong>br</strong> />
Será <strong>que</strong> a competência para pensar assim vai melhorar a sua vida<<strong>br</strong> />
em termos materiais? E pouco provável. Talvez você <strong>de</strong>cida cercar<<strong>br</strong> />
sua piscina ou pressionar seu corretor <strong>de</strong> imóveis a trabalhar mais<<strong>br</strong> />
duro. E possível, porém, <strong>que</strong> o efeito concreto seja mais sutil. Talvez<<strong>br</strong> />
se torne mais cético quanto à sabedoria convencional; talvez comece a<<strong>br</strong> />
procurar indícios <strong>de</strong> <strong>que</strong> as coisas não são exatamente como parecem;<<strong>br</strong> />
talvez pesquise um punhado <strong>de</strong> dados e os examine,<<strong>br</strong> />
equili<strong>br</strong>ando inteligência e intuição para chegar a uma <strong>br</strong>ilhante idéia<<strong>br</strong> />
nova. Algumas <strong>de</strong>las po<strong>de</strong>rão tornar você meio polêmico, <strong>que</strong>m sabe<<strong>br</strong> />
mesmo impopular. Afirmar <strong>que</strong> a legalização do aborto resultou na<<strong>br</strong> />
maciça <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong> inevitavelmente levantará protestos
explosivos do ponto <strong>de</strong> vista da moral. Mas o cerne da <strong>que</strong>stão é <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
raciocínio estilo Freakonomics simplesmente não tem nada a ver com<<strong>br</strong> />
moralida<strong>de</strong>. Como sugerimos no início <strong>de</strong>ste livro, se a moralida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
representa um mundo i<strong>de</strong>al, a economia representa o mundo real.<<strong>br</strong> />
O mais provável resultado da leitura <strong>de</strong>ste livro é o seguinte: você<<strong>br</strong> />
vai se <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir fazendo um bocado <strong>de</strong> perguntas. Muitas não levarão<<strong>br</strong> />
a coisa alguma, mas outras produzirão respostas interessantes e até<<strong>br</strong> />
mesmo surpreen<strong>de</strong>ntes. Lem<strong>br</strong>e-se da pergunta feita no final do<<strong>br</strong> />
penúltimo capítulo: quão importantes, realmente, são os pais?<<strong>br</strong> />
Os dados a esta altura já <strong>de</strong>ixaram claro <strong>que</strong> os pais são<<strong>br</strong> />
imensamente importantes sob <strong>de</strong>terminados aspectos (em sua<<strong>br</strong> />
maioria <strong>de</strong>finidos muito antes do nascimento <strong>de</strong> um filho) e<<strong>br</strong> />
totalmente ir-relevantes sob outros (a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> nos <strong>de</strong>ixam<<strong>br</strong> />
obcecados). Não se po<strong>de</strong> culpar os pais por tentarem fazer alguma<<strong>br</strong> />
coisa – qual<strong>que</strong>r coisa –para ajudar os filhos a alcançar o sucesso,<<strong>br</strong> />
ainda <strong>que</strong> isso seja tão sem importância quanto escolher para ele um<<strong>br</strong> />
nome <strong>de</strong> rico.<<strong>br</strong> />
No entanto, também existe um enorme efeito aci<strong>de</strong>ntal <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
compromete até mesmo as tentativas paternas mais bem-intencionadas.<<strong>br</strong> />
Se você está <strong>de</strong>ntro da média, certamente conhece alguns pais<<strong>br</strong> />
inteligentes e <strong>de</strong>dicados cujos filhos saíram totalmente dos trilhos.<<strong>br</strong> />
Talvez também já tenha testemunhado a situação oposta, em <strong>que</strong> um<<strong>br</strong> />
filho se <strong>de</strong>u bem apesar das piores intenções e hábitos dos pais.<<strong>br</strong> />
Recor<strong>de</strong>mos os dois meninos, um <strong>br</strong>anco e o outro negro,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>scritos no Capítulo 5.O menino <strong>br</strong>anco criado nos arredores <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Chicago teve pais carinhosos, inteligentes, encorajadores e<<strong>br</strong> />
equili<strong>br</strong>ados, <strong>que</strong> enfatizavam a importância da instrução e da família.<<strong>br</strong> />
O menino negro <strong>de</strong> Daytona Beach foi abandonado pela mãe, espancado<<strong>br</strong> />
pelo pai e se tornou um gângster em tempo integral na<<strong>br</strong> />
adolescência. O <strong>que</strong> terá acontecido com os dois?<<strong>br</strong> />
O segundo, hoje com 27 anos, é Roland G. Fryer Jr., o<<strong>br</strong> />
economista <strong>de</strong> Harvard <strong>que</strong> estuda o sub<strong>de</strong>sempenho dos negros.<<strong>br</strong> />
O <strong>br</strong>anco também chegou a Harvard, mas, pouco <strong>de</strong>pois, <strong>tudo</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sandou para ele. Seu nome é Ted Kaczynski.*<<strong>br</strong> />
______________________<<strong>br</strong> />
* Nota da Traduto r a: O "Unabomber" americano, preso pelo FBI em a<strong>br</strong>il <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
1996, hoje cumprindo uma pena <strong>de</strong> 30 anos sem direito à condicional.
NOTAS<<strong>br</strong> />
O conteúdo <strong>de</strong>ste livro <strong>de</strong>riva da pesquisa <strong>de</strong> Steven D. Levitt, muitas vezes<<strong>br</strong> />
realizada em parceria com um ou mais colaboradores. As notas abaixo incluem<<strong>br</strong> />
menções a trabalhos acadêmicos nos quais o material se baseia. Também<<strong>br</strong> />
fizemos um uso liberal da pesquisa <strong>de</strong> outros estudiosos, também<<strong>br</strong> />
mencionados abaixo; agra<strong>de</strong>cemos aos mesmos não apenas por seu trabalho,<<strong>br</strong> />
mas pelas conversas posteriores <strong>que</strong> nos permitiram apresentar melhor suas<<strong>br</strong> />
idéias. O material restante (leste livro veio <strong>de</strong> pesquisas não publicadas<<strong>br</strong> />
anteriormente ou <strong>de</strong> entrevistas feitas por um dos autores ou ambos. O<<strong>br</strong> />
material não listado nas notas teve como fonte bancos <strong>de</strong> dados, notícias<<strong>br</strong> />
publicadas na mídia e trabalhos <strong>de</strong> referência.<<strong>br</strong> />
UMA NOTA EXPLICATIVA<<strong>br</strong> />
ix-xi<<strong>br</strong> />
OS TRECHOS EM ITÁLICO nesta seção e em qual<strong>que</strong>r outro trecho<<strong>br</strong> />
do livro apareceram pela primeira vez em Stephen J. Dubner,<<strong>br</strong> />
"The Probability That a Real-Estate Agent Is Cheating You (and<<strong>br</strong> />
Other Riddles of Mo<strong>de</strong>rn Life) " . The New York Times Magazine,<<strong>br</strong> />
3 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2003.<<strong>br</strong> />
INTRODUÇÃO<<strong>br</strong> />
5-8 A QUEDA RECORRENTE DA CRIMINALIDADE a discussão so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser encontrada cm Steven D.<<strong>br</strong> />
LeVITT,
"Un<strong>de</strong>rstanding Why Crime Fell in the 1990's: Four Factors That<<strong>br</strong> />
Explaìn the Decline and Six that Don't", Journal of Economic<<strong>br</strong> />
Perspectives 18, n. 1 (2004), pgs. 163-90. / 5 O superpredador:<<strong>br</strong> />
Vi<strong>de</strong> "Kids With Guns " , <strong>de</strong> Eric Pooley, New York Magazine, 9 <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
agosto <strong>de</strong> 1991; "The Coming of the Super-Predators", <strong>de</strong> John J.<<strong>br</strong> />
Dilulio Jr., Weekly Standard, 27 <strong>de</strong> novem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1995; "The Lull<<strong>br</strong> />
Before the Storm? " , <strong>de</strong> Tom M<strong>org</strong>anthau, Newsweek, 4 <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1995; " Now for the Bad News: A Teenage Time<<strong>br</strong> />
Bomb " , <strong>de</strong> Richard Zoglin, Time, 15 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1996 e " Crime<<strong>br</strong> />
Time Bomb " , <strong>de</strong> Ted Gest, U. S. News & World Report, 25 <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
março <strong>de</strong> 1996. /5-6 As som<strong>br</strong>ias previsões <strong>de</strong> James Alan<<strong>br</strong> />
Fox po<strong>de</strong>m ser encontradas em dois relatórios do governo:<<strong>br</strong> />
"Trends in Juvenile Violence: A Report to the United States<<strong>br</strong> />
Attorney General on Current and Future Rates of Juvenile<<strong>br</strong> />
Offending " (Washington, D.C.: Bureau of Justice Statistics, 1996)<<strong>br</strong> />
e "Trends in Juvenile Violence: An Update " (Washington, D.C.:<<strong>br</strong> />
Bureau of Justice Statistics, 1997). / 6. O comentário assustado<<strong>br</strong> />
do Presi<strong>de</strong>nte Clinton foi feito durante um discurso em Boston,<<strong>br</strong> />
em 1997, em <strong>que</strong> foram anunciadas novas medidas contra a<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong>; vi<strong>de</strong> " Clinton Urges Campaign Against Youth<<strong>br</strong> />
Crimes " , <strong>de</strong> Alison Mitchell, New York Times, 20 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
1997/ 7 A história <strong>de</strong> Norma Mc Corvey/Jane Roe: vi<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
"Who is `Jane Roe ' ?: Anonymous No More, Norma McCorvey<<strong>br</strong> />
No Longer Supports Abortion Rights", <strong>de</strong> Douglas S. Wood,<<strong>br</strong> />
CNN.com, 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2003 e "Iam Roe: My Life, Roe x Wa<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
and Freedom of Choice " , Norma McCorvey com Andy Meisler<<strong>br</strong> />
(New York: HarperCollins, 1994)./ 8 O vínculo abortocriminalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
foi levantado em dois trabalhos <strong>de</strong> auto-ria <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Steven D. Levitt e John J. Donohue III: "The Impact of<<strong>br</strong> />
Legalized Abortion on Crime", Quarterly Journal of Economia 116,<<strong>br</strong> />
n. 2 (2001), p. 379-420 e "Further Evi<strong>de</strong>nce That Legalized<<strong>br</strong> />
Abortion Lowered Crime: A Response to Joyce", Journal of Human<<strong>br</strong> />
Resources 39, n. 1 (2004), p. 29-49.<<strong>br</strong> />
8-11 A HISTÓRIA VERDADEIRA DA CORRETAGEM DE IMÓVEIS: o es<strong>tudo</strong><<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> avalia como o corretor <strong>de</strong> imóveis trata do próprio imóvel em<<strong>br</strong> />
comparação ao <strong>de</strong> um cliente é o trabalho <strong>de</strong> Steven D. Levitt e<<strong>br</strong> />
Chad Syverson "Market Distortions When Agents Are Better
Informed: A Theoretical and Empirical Exploration of the Value<<strong>br</strong> />
of Information in Real State Transactions " , National Bureau of<<strong>br</strong> />
Economic Research, 2005. /9-10 Os lenientes mecânicos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
automóveis da Califórnia são abordados em "An Empirical<<strong>br</strong> />
Examination of Moral Hazard in the Vehicle Inspection Market " ,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Thomas Hubbard, RAND Journal of Economics 29, n. 1<<strong>br</strong> />
(1998), p. 406-26 e em "How Do Consumers Motivate Experts?<<strong>br</strong> />
Reputational Incentives in an Auto Repair Market", <strong>de</strong> Thomas<<strong>br</strong> />
Hubbard, Journal of Law & Economics 45, n. 2 (2002), p. 437-68./<<strong>br</strong> />
Os médicos <strong>que</strong> fazem cesarianas extras são abordados em<<strong>br</strong> />
"Physician Financial Incentives and Caesaran Section Delivery " , <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Jonathan Bruber e Maria Owings, RAND Journal of Economics 27,<<strong>br</strong> />
n. 1 (1996), p. 99-123.<<strong>br</strong> />
11-14 O MITO DOS GASTOS DE CAMPANHA é abordado mais<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>talhadamente em um trio <strong>de</strong> trabalhos: "Using Repeat<<strong>br</strong> />
Challengers to Estimate the Effect of Campaign Spending on<<strong>br</strong> />
Election Outcomes in the U.S. House " , <strong>de</strong> Steven D. Levitt,<<strong>br</strong> />
Journal of Political Economy, agosto <strong>de</strong> 1994, p. 777-98;<<strong>br</strong> />
"Congressional Campaign Finance Reform " , <strong>de</strong> Steven D. Levitt,<<strong>br</strong> />
Journal of Economic Perspectives 9 (1995), p. 183-93 e "The Impact of<<strong>br</strong> />
Fe<strong>de</strong>ral Spending on House Election Outcomes " , <strong>de</strong> Steven D.<<strong>br</strong> />
Levitt e James M. Sny<strong>de</strong>r Jr., Journal of Political Economy 105, n.<<strong>br</strong> />
1(1997), p. 30-53.<<strong>br</strong> />
15 OITO COPOS D'ÁGUA POR DIA: vi<strong>de</strong> " Can Water Aid Weight<<strong>br</strong> />
Loss? " , <strong>de</strong> Robert J. Davis, Wall Street Journal, 16 <strong>de</strong> março<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 2004, <strong>que</strong> menciona um relatório do Institute of Medicine<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> concluiu <strong>que</strong> " não existe qual<strong>que</strong>r fundamento científico<<strong>br</strong> />
para <strong>que</strong> se recomen<strong>de</strong> a ingestão [<strong>de</strong> oito copos d ' água por dial<<strong>br</strong> />
e <strong>que</strong> a maioria das pessoas consome água suficiente através<<strong>br</strong> />
da ingestão normal <strong>de</strong> alimentos e líquidos".<<strong>br</strong> />
17 ADAM SMITH, é claro, ainda merece ser lido (principalmente se o<<strong>br</strong> />
leitor é dono <strong>de</strong> uma infinita paciência). O mesmo se aplica a The<<strong>br</strong> />
Worldly Philosophers, <strong>de</strong> Robert Heil<strong>br</strong>oner (Nova York: Simon &<<strong>br</strong> />
Shuster, 1953), <strong>que</strong> contém biografias memoráveis <strong>de</strong> Smith, Karl<<strong>br</strong> />
Marx, Thorstein Veblen, John Maynard Keynes, Joseph<<strong>br</strong> />
Schumpeter e outros papas da Economia.
1. O QUE PROFESSORES E LUTADORES DE SUMO<<strong>br</strong> />
TEM EM COMUM?<<strong>br</strong> />
21, 25 O ESTUDO DAS CRECHES ISRAELENSES: vi<strong>de</strong> " A Fine Is a Price " ,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Uri Gneezy e Aldo Rustichini, Journal of Legal Studies 29, n. 1<<strong>br</strong> />
(janeiro <strong>de</strong> 2000), p. 1-17 e "The 'w' Effect of Incentives " , <strong>de</strong> Uri<<strong>br</strong> />
Gneezy, tese da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago.<<strong>br</strong> />
24 O HOMICÍDIO AO LONGO DOS SÉCULOS: vi<strong>de</strong> " Secular Trends<<strong>br</strong> />
of Violence, Evi<strong>de</strong>nce and Theoretical Interpretations", <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Manuel Eisner, Crime and justice: a Review of Research 3 (2003),<<strong>br</strong> />
também apresentado em "Violence and the Rise of Mo<strong>de</strong>rn Society",<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Manuel Eisner, Criminology in Cam<strong>br</strong>idge, outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
2003, pgs. 3-7.<<strong>br</strong> />
25 CAUSA E EFEITO SEGUNDO THOMAS JEFFERSON: Autobiography<<strong>br</strong> />
of Thomas Jefferson (1829; reeditado, Nova York: G.P. Putnam's<<strong>br</strong> />
Sons, 1914), p. 156.<<strong>br</strong> />
26 SANGUE EM TROCA DE DINHEIRO: vi<strong>de</strong> " The Gift of Blood " , <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Richard M. Titmuss, Transaction 8 (1971), também apresentado<<strong>br</strong> />
em The Philosophy of Welfare: Selected Writings by R. M. Titmuss,<<strong>br</strong> />
ed. B. Abel-Smith e K. Titmuss (Londres: Allen and Unwin,<<strong>br</strong> />
1987). Vi<strong>de</strong>, ainda, "Altruism, Attribution, and Intrinsic Motivation<<strong>br</strong> />
in the Recruitment of Blood Donors " , <strong>de</strong> William E. Upton,<<strong>br</strong> />
dissertação <strong>de</strong> Ph.D., Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cornell, 1973.<<strong>br</strong> />
27 QUANDO SETE MILHÕES DE CRIANÇAS SUMIRAM DA NOITE<<strong>br</strong> />
PARA O DIA: vi<strong>de</strong> " Who Are the Ineligible EITC Recipients?", <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Jeffrey Liebman, National Tax Journal 53 (2000), p. 1165-86. O<<strong>br</strong> />
trabalho <strong>de</strong> Liebman foi feito em cima <strong>de</strong> "Where Some of Those<<strong>br</strong> />
Depen<strong>de</strong>nts Went", <strong>de</strong> John Szilagvi, 1990 Research Conference<<strong>br</strong> />
Report: How Do We Affect Taxpayer Behavior? (Departamento da<<strong>br</strong> />
Receita Fe<strong>de</strong>ral: março <strong>de</strong> 1991), p. 162-63.<<strong>br</strong> />
27-39 OS PROFESSORES TRAPACEIROS DE CHICAGO: este es<strong>tudo</strong>, <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
também fornece consistente material so<strong>br</strong>e os provões, aparece<<strong>br</strong> />
em <strong>de</strong>talhes em duas teses: " Rotten Apples: An Investigation on<<strong>br</strong> />
the Prevalence and Predictors of Teacher Cheating", <strong>de</strong> Brian A.<<strong>br</strong> />
Jacob e Steven D. Levitt, Quarterly Journal of Economics 118, n. 3
(2003), p. 843-77 e "Catching Cheating Teachers: The Results of<<strong>br</strong> />
an Unusual Experiment in Implementing Theory", <strong>de</strong> Brian A.<<strong>br</strong> />
Jacob e Steven D. Levitt, Brookings-Wharton Papem on Urban<<strong>br</strong> />
Affairs, 2003, p. 185-209. / 29 A aluna <strong>de</strong> 5ª série <strong>de</strong> Oakland<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> tinha uma professora superboazinha: baseado numa entrevista<<strong>br</strong> />
do autor com uma ex-superinten<strong>de</strong>nte adjunta do Departamento<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Oakland. / 36 A trapaça entre os<<strong>br</strong> />
professores da Carolina do Norte: vi<strong>de</strong> "Standardized Tests:<<strong>br</strong> />
Irregularities in Administering of Tests Affect Test Results " , <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
G. H. Gay, Journal of Instructional Psychology 17, n. 2 (1990), p. 93-<<strong>br</strong> />
103./ 37-39 A história <strong>de</strong> Arne Duncan, Secretário <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Educação <strong>de</strong> Chicago baseou-se em gran<strong>de</strong> parte em entrevistas<<strong>br</strong> />
do autor. Vi<strong>de</strong>, ainda, "The Outsi<strong>de</strong>r Comes In", <strong>de</strong> Amy<<strong>br</strong> />
D ' Orio, District Administration: The Magazine for K-12 Education<<strong>br</strong> />
Lea<strong>de</strong>rs, agosto <strong>de</strong> 2002, bem como vários artigos do Chicago Tribune<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Ray Quintanilla.<<strong>br</strong> />
39-40 O TESTE SOBRE BASQUETE DA UNIVERSIDADE DA GEÓRGIA veio<<strong>br</strong> />
a público quando a universida<strong>de</strong> apresentou 1.500 páginas <strong>de</strong> documentos<<strong>br</strong> />
no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> uma investigação feita pela National<<strong>br</strong> />
Collegiate Athletic Association.<<strong>br</strong> />
40-47 A TRAPAÇA NO SUMÔ: vi<strong>de</strong> " Winning Isn ' t Everything: Corrup<<strong>br</strong> />
tion in Sumo Wrestling " , <strong>de</strong> Mark Duggan e Steven D. Levitt,<<strong>br</strong> />
American Economic Review 92, n. 5 (<strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2002), p. 1594-<<strong>br</strong> />
1605./ 40-47 Há muito a <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir a respeito do sumô, e<<strong>br</strong> />
um bocado po<strong>de</strong> ser aprendido nos seguintes livros: The Big<<strong>br</strong> />
Book of Sumo, <strong>de</strong> Mina Hall (Berkeley, Calif.: Stone<strong>br</strong>idge Press,<<strong>br</strong> />
1997); Nakabon, <strong>de</strong> Keisuke Itai (Tóquio: Shogakkan Press,<<strong>br</strong> />
2000) e Yaocho, <strong>de</strong> Onaruto (Tóquio: Line Books, 2000)./ 46<<strong>br</strong> />
Dois lutadores <strong>de</strong> sumô <strong>que</strong> põem a boca no trombone<<strong>br</strong> />
morrem misteriosamente: vi<strong>de</strong> "Sumo Wrestlers (They're<<strong>br</strong> />
BIG) Facing a Hard Fall", <strong>de</strong> Sheryl WuDunn, New York Times,<<strong>br</strong> />
28 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1996 e " Sumo Quake: Japan ' s Revered Sport Is<<strong>br</strong> />
Marred by Charges of Tax Evasion, March Fixing, Ties to<<strong>br</strong> />
Organized Crime and Two Mysterious Deaths", <strong>de</strong> Anthony<<strong>br</strong> />
Spaeth, abordado por Irene M. Kunii e Hiroki Tashiro, Time<<strong>br</strong> />
(Internacional), 30 <strong>de</strong> setem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1996.
47-53<<strong>br</strong> />
O HOMEM DAS BROAS: Paul Feldman vinha procurando um<<strong>br</strong> />
economista da área <strong>de</strong> pesquisas <strong>que</strong> se interessasse por seus dados<<strong>br</strong> />
e chamou a atenção <strong>de</strong> Steven Levitt (vários outros estudiosos não<<strong>br</strong> />
mostraram interesse). Levitt e, em seguida, Dubner fizeram uma<<strong>br</strong> />
visita à empresa <strong>de</strong> <strong>br</strong>oas <strong>de</strong> Feldman próximo a Washington. A<<strong>br</strong> />
pesquisa <strong>de</strong> ambos conduziu a um artigo basicamente similar à<<strong>br</strong> />
versão da história <strong>que</strong> aparece neste livro: " What the Bagel Man<<strong>br</strong> />
Saw", <strong>de</strong> Stephen J. Dubner e Steven D. Levitt, The New York<<strong>br</strong> />
Times Magazine, 6 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2004. Levitt também está<<strong>br</strong> />
elaborando uma tese acadêmica so<strong>br</strong>e o negócio das <strong>br</strong>oas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Feldman. / 49 O es<strong>tudo</strong> da " Cerveja na Praia" é abordado em<<strong>br</strong> />
"Mental Accounting and Consumer Choice " , <strong>de</strong> Richard H.<<strong>br</strong> />
Thaler, Marketing Science 4 (verão <strong>de</strong> 1985), pgs. 119-214.<<strong>br</strong> />
Também vale a pena ler " The Winner ' s Curse: Paradoxes and<<strong>br</strong> />
Anomalies of Economic Life " , <strong>de</strong> Richard H. Thaler (Nova York:<<strong>br</strong> />
Free Press, 1992).<<strong>br</strong> />
2. EM QUE A KU KLUX KLAN SE PARECE<<strong>br</strong> />
COM UM GRUPO DE CORRETORES DE IMÓVEIS?<<strong>br</strong> />
55-66 DESMASCARANDO A KU KLUX KLAN: muitos livros excelentes já<<strong>br</strong> />
foram escritos so<strong>br</strong>e a Ku Klux Klan. Com relação aos dados<<strong>br</strong> />
gerais, baseamo-nos, em gran<strong>de</strong> parte, em The Fiery Cross: The Ku<<strong>br</strong> />
Klux Klan in America, <strong>de</strong> Wyn Craig Wa<strong>de</strong> (Nova York: Simon &<<strong>br</strong> />
Schuster, 1987) e em Hoo<strong>de</strong> Americanism: The First Century of the<<strong>br</strong> />
Ku Klux Klan, 1865-1965, <strong>de</strong> David M. Chalmers (Gar<strong>de</strong>n City,<<strong>br</strong> />
NY: Doubleday, 1965). Vi<strong>de</strong>, ainda, After Appomattox: How the<<strong>br</strong> />
South Won the War, <strong>de</strong> Stetson Kennedy (Gainesville: University<<strong>br</strong> />
Press of Florida, 1995). De especial interesse para nós foi The<<strong>br</strong> />
Klan Unmasked, <strong>de</strong> Stetson Kennedy (Boca Raton: Florida Atlantic<<strong>br</strong> />
University Press, 1990), originalmente lançado como I Ro<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
with the Ku Klux Klan (Londres: Arco Publishers, 1954). No<<strong>br</strong> />
entanto, o próprio Stetson Kennedy <strong>de</strong>ve ser o maior conhecedor<<strong>br</strong> />
vivo da história da Klan (para maiores informações, visite<<strong>br</strong> />
www.stetsonkennedy.com. Vale ressaltar <strong>que</strong> vários trabalhos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Kennedy se encontram no Schomburg Center for Research in<<strong>br</strong> />
Black Culture em Nova York). Os autores visitaram Kennedy em<<strong>br</strong> />
sua residência próximo a Jacksonville, na Flórida, on<strong>de</strong> o entre-
vistaram e consultaram sua enorme coleção <strong>de</strong> mementos e<<strong>br</strong> />
documentos da Klan (também experimentamos seus camisolões<<strong>br</strong> />
da Klan). Agra<strong>de</strong>cemos imensamente a cooperação recebida. O<<strong>br</strong> />
economista <strong>de</strong> Harvard Roland G. Fryer Jr. nos acompanhou na<<strong>br</strong> />
visita. Ele e Steven Levitt estão no momento escrevendo uma<<strong>br</strong> />
série <strong>de</strong> trabalhos so<strong>br</strong>e a Ku Klux Klan. É preciso <strong>que</strong> se diga<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> Fryer dirigia o carro alugado <strong>que</strong> nos levou até a casa <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Kennedy, quando fomos o<strong>br</strong>igados a parar para pedir<<strong>br</strong> />
informações numa estradinha <strong>de</strong> terra. Como Kennedy ainda é<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>rado um inimigo pelos simpatizantes da Klan, o vizinho a<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>m nos dirigimos nitidamente <strong>que</strong>ria preservar o segredo so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
o seu para<strong>de</strong>iro. Assim, ele chegou até a janela do carro, olhou<<strong>br</strong> />
bem nos olhos <strong>de</strong> Fryer, <strong>que</strong> é negro, e perguntou com a maior<<strong>br</strong> />
serieda<strong>de</strong>: "Vocês não são da Klan, são? " Fryer garantiu-lhe <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
não.<<strong>br</strong> />
68-69 O QUE ACONTECEU COM O PREÇO DOS SEGUROS POR PRAZO<<strong>br</strong> />
DETERMINADO? Vi<strong>de</strong> " Does the Internet Make Markets More<<strong>br</strong> />
Competitive? Evi<strong>de</strong>nce from the Life Insurance Industry " , <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Jeffrey R. Brown e Austan Goolsbee, Journal of Political Economy<<strong>br</strong> />
110, n. 3 (junho <strong>de</strong> 2002), pgs. 481-507.<<strong>br</strong> />
67 A FRASE DO DESEMBARGADOR DA SUPREMA CORTE, LOUIS D.<<strong>br</strong> />
BRANDEIS, " Dizem <strong>que</strong> a luz do sol é o melhor <strong>de</strong>sinfetante <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
existe " : vi<strong>de</strong> Other People ' s Money – and How Bankers Use It, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Louis D. Bran<strong>de</strong>is (Nova York: Fre<strong>de</strong>rick A. Sotkes, 1914).<<strong>br</strong> />
69-70 O ENIGMA DO CARRO ZERO USADO: esta tese, bem como gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
parte do <strong>que</strong> enten<strong>de</strong>mos hoje por " informação assimétrica " , teve<<strong>br</strong> />
origem em um trabalho escrito por Ge<strong>org</strong>e A. Akerlof em seu<<strong>br</strong> />
primeiro ano como professor assistente em Berkeley, em 1966-<<strong>br</strong> />
67. Três vezes rejeitado – duas das revistas disseram a Akerlof <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
"não tinham interesse em publicar trabalhos so<strong>br</strong>e temas tão<<strong>br</strong> />
triviais " – foi finalmente publicado como "The Market for<<strong>br</strong> />
`Lemons': Quality Uncertainty and the Market Mechanism " , <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Ge<strong>org</strong>e A. Akerlof, Quarterly Journal of Economics, agosto <strong>de</strong> 1970.<<strong>br</strong> />
Cerca <strong>de</strong> 30 anos mais tar<strong>de</strong> Akerlof recebeu o Nobel <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Economia com esse trabalho. Todos o consi<strong>de</strong>ram o Nobel <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Economia mais encantador <strong>de</strong> todos os tempos.
72-73 AS GRAVAÇÕES DA ENRON: à época em <strong>que</strong> este livro foi escrito, as<<strong>br</strong> />
fitas podiam ser ouvidas no site http://www.cbsnews.com/stories/<<strong>br</strong> />
2004/06/01/eveningnews/main6_20626.shtml. Vi<strong>de</strong>, ainda, "Enron<<strong>br</strong> />
Tra<strong>de</strong>rs on Grandma Millie and Making Out Like Bandits " , <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Richard A. Oppel Jr, The New York Times, 13 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2004.<<strong>br</strong> />
73 AS ANGIOPLASTIAS SÃO REALMENTE NECESSÁRIAS? Vi<strong>de</strong> " New<<strong>br</strong> />
Heart Studies Question the Value of Opening Arteries " , <strong>de</strong> Gina<<strong>br</strong> />
Kolata, The New York Times, 21 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2004.<<strong>br</strong> />
73-78 A VERDADEIRA HISTÓRIA DOS CORRETORES DE IMÓVEIS<<strong>br</strong> />
REVISITADA: vi<strong>de</strong> "Market Distortions When Agents Are Better<<strong>br</strong> />
Informed: A Theoretical and Empirical Exploration of the Value<<strong>br</strong> />
of Information in Real-Estate Transactions " , <strong>de</strong> Steven D. Levitt<<strong>br</strong> />
e Chad Syverson, teses do National Bureau of Economic<<strong>br</strong> />
Research, 2005.<<strong>br</strong> />
79 TRENT LOTT, UM SEGREGACIONISTA NEM TÃO SECRETO ASSIM:<<strong>br</strong> />
As circunstâncias envolvendo os comentários nefastos <strong>de</strong> Lott estão<<strong>br</strong> />
muito bem <strong>de</strong>scritas em " Lott: Tripped Up by History " , <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Dan Goodgame e Karen Tumulty, Time.com/cnn.com., 16 <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2002.<<strong>br</strong> />
80-82 O VÍNCULO MAIS FRACO: vi<strong>de</strong> " Testing Theories of Discrimination:<<strong>br</strong> />
Evi<strong>de</strong>nce from The Weakest Link", <strong>de</strong> Steven D. Levitt, Journal of<<strong>br</strong> />
Law and Economia 17 (outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2004) p. 431-52. 82 A teoria da<<strong>br</strong> />
discriminação baseada no gosto surgiu com Gary S. Becker em<<strong>br</strong> />
The Economia of Discrimination (Chicago: University of Chicago<<strong>br</strong> />
Press, 1957)./ 82 A teoria da discriminação baseada na<<strong>br</strong> />
informação <strong>de</strong>rivou <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> trabalhos, <strong>que</strong> inclui o <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Edmund Phelps "A Statistical Tehory of Racism and Sexism",<<strong>br</strong> />
American Economic Revim 62, n. 4 (1972), p. 659-61 e o<strong>de</strong> Kenneth<<strong>br</strong> />
Arrow "The Theory of Discrimination " , em " Discrimination in<<strong>br</strong> />
Labor Markets", ed. Orley Ashenfelter e Albert Rees (Princeton,<<strong>br</strong> />
N.J.: Princeton University Press, 1973).<<strong>br</strong> />
82-86 A HISTÓRIA DA PAQUERA ON LINE: vi<strong>de</strong> " What Makes Vou Click:<<strong>br</strong> />
An Empirical Analysis of Online Dating " , <strong>de</strong> Dan Ariely, Günter J.<<strong>br</strong> />
Hitsch e Ali Hortaçsu, trabalhos da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago, 2004.
87 MENTIRAS ELEITORAIS: DINKINS/GIULIANI: vi<strong>de</strong> " Private Truths,<<strong>br</strong> />
Public Lies: The Social Conse<strong>que</strong>nces of Preference Falsification",<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Timur Kuran (Cam<strong>br</strong>idge, Mass: Harvard University<<strong>br</strong> />
Press, 1995), bem como "Governor Joins Kinkins Attacks Against<<strong>br</strong> />
Rival", <strong>de</strong> Kevin Sack, The New York Times, 27 <strong>de</strong> outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1989, e<<strong>br</strong> />
"Uncertainty over Polis Clouds Strategy in Mayor Race", <strong>de</strong> Sam<<strong>br</strong> />
Roberts, New York Times, 31 <strong>de</strong> outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1989.<<strong>br</strong> />
87 MENTIRAS ELEITORAIS: DAVID DURE: vi<strong>de</strong> " Private Truths, Public<<strong>br</strong> />
Lies", <strong>de</strong> Kuran e também "Republican Quits Louisiana Race<<strong>br</strong> />
in Effort to Defeat Ex-Klansman", <strong>de</strong> Peter Applebome, The New<<strong>br</strong> />
York Times, 5 <strong>de</strong> outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1990, bem como " Racial Politics in<<strong>br</strong> />
South ' s Contests: Hot Wind of Hate or Last Gasp " , <strong>de</strong> Peter<<strong>br</strong> />
Applebome, The New York Times, 5 <strong>de</strong> novem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1990.<<strong>br</strong> />
87 DAVID DUKE, MESTRE EM ABUSO DA INFORMAÇÃO: entre as muitas<<strong>br</strong> />
fontes <strong>de</strong> auxílio foram usados "David Duke's Work-Release<<strong>br</strong> />
Program", <strong>de</strong> Karen Hen<strong>de</strong>rson, Nation Public Radio, 14 <strong>de</strong> maio<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 2004 e o completíssimo " Duke ' s Decline " , <strong>de</strong> John McQuaid,<<strong>br</strong> />
New Orleans Times-Picayune, 13 <strong>de</strong> a<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2003.<<strong>br</strong> />
3. POR QUE OS TRAFICANTES DE DROGAS CONTINUAM MORANDO<<strong>br</strong> />
COM AS MÃES?<<strong>br</strong> />
91-92 A "SABEDORIA CONVENCIONAL" DE JOHN KENNETH GALBRAITH:<<strong>br</strong> />
vi<strong>de</strong> "The Concept of the Conventional Wisdom", o segundo<<strong>br</strong> />
capítulo <strong>de</strong> The Affluent Society (Boston: Houghton Mifflin, 1958).<<strong>br</strong> />
92 MITCH SNYDER E OS MILHÕES DE SEM-TETO: a controvérsia so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
o ativismo <strong>de</strong> Sny<strong>de</strong>r foi amplamente coberta, principalmente nos<<strong>br</strong> />
jornais do Colorado, ao longo do início da década <strong>de</strong> 80 e voltou à<<strong>br</strong> />
tona em 1990 quando Sny<strong>de</strong>r cometeu suicídio. Uma boa visão<<strong>br</strong> />
geral é fornecida em "How the Homeless `Crisis ' Was Hyped", <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Gary S. Becker e Guity Nashat Becket, em The Economics of Life<<strong>br</strong> />
(Nova York: McGraw-Hill, 1997), pgs. 175-6. O capítulo foi<<strong>br</strong> />
adaptado a partir <strong>de</strong> um artigo <strong>de</strong> 1994 na Business Week dos<<strong>br</strong> />
mesmos autores.
93 A INVENÇÃO DA HALITOSE CRÔNICA: a estranha e convincente<<strong>br</strong> />
história do Listerine está muito bem contada em Twenty Ads That<<strong>br</strong> />
Shook the World: The Centuty's Most Ground<strong>br</strong>eaking Advertising<<strong>br</strong> />
and How It Changed Us All (Nova York: Crown, 2000), p. 60-69.<<strong>br</strong> />
93 GEORGE W. BUSH, UM CAUBÓI DE FAZ-DE-CONTA: vi<strong>de</strong> " New Year's<<strong>br</strong> />
Resolutions " , <strong>de</strong> Paul Krugman, The New York Times, 26 <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2003.<<strong>br</strong> />
94 MENOS ESTUPROS DO QUE SE IMAGINA: as estatísticas <strong>de</strong> 2002 da<<strong>br</strong> />
Pesquisa Nacional so<strong>br</strong>e Criminalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stinada a obter<<strong>br</strong> />
respostas honestas, sugerem <strong>que</strong> o risco <strong>de</strong> uma mulher ser vítima,<<strong>br</strong> />
durante toda a sua vida, <strong>de</strong> uma relação (ou tentativa <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
relação) sexual in<strong>de</strong>sejada é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> um para oito (e não um<<strong>br</strong> />
para três, como costumam afirmar os entendidos). Para os homens,<<strong>br</strong> />
a Pesquisa Nacional so<strong>br</strong>e Criminalida<strong>de</strong> indica a incidência <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
um para 40, em lugar <strong>de</strong> um em nove, como sustentam os<<strong>br</strong> />
comentaristas.<<strong>br</strong> />
94 MAIS CRIMES DO QUE SE ACREDITAVA HAVER: vi<strong>de</strong> " Report Says<<strong>br</strong> />
Atlanta Un<strong>de</strong>rrreported Crimes to Help Land 1996 Olympics " , <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Mark Niesse, Associated Press, 20 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2004.<<strong>br</strong> />
95-110 A LONGA E ESTRANHA VIAGEM DE SUDHIR VENKATESH À TOCA<<strong>br</strong> />
DO CRACK: à época em <strong>que</strong> este livro foi escrito, Venkatesh era<<strong>br</strong> />
professor-assistente <strong>de</strong> sociologia e Es<strong>tudo</strong>s Afro-Americanos na<<strong>br</strong> />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Columbia./ 95-101 O material biográfico so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
Venkatesh foi colhido principalmente em entrevistas do autor.<<strong>br</strong> />
Vi<strong>de</strong>, também, " The Gang Way", <strong>de</strong> Jordan Marsh, Chicago<<strong>br</strong> />
Rea<strong>de</strong>r, 8 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1997 e "The Science of Fitting In " , <strong>de</strong> Robert<<strong>br</strong> />
L. Kaiser, Chicago Tribune, 10 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2000./ 101-<<strong>br</strong> />
110 As peculiarida<strong>de</strong>s da gangue do crack foram aborda-das<<strong>br</strong> />
em quatro trabalhos <strong>de</strong> Sudhir Alladi Venkatesh e Steven D.<<strong>br</strong> />
Levitt: "The Financial Activities of an Urban Street Gang " ,<<strong>br</strong> />
Quarterly Journal of Economics 115, n. 3 (agosto <strong>de</strong> 2000), p. 755-<<strong>br</strong> />
89; "`Are We a Family or a Business?' History and Disjuncture in<<strong>br</strong> />
the Urban American Street Gang", Theory and Society 29 (outono<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 2000), p. 427-62; "Growing Up in the Projects: The Economic<<strong>br</strong> />
Lives of a Cohort of Men Who Came of Age in
Chicago Public Housing", American Economic Revim' 91, n. 2<<strong>br</strong> />
(2001), p. 79-84 e "The Political Economy of an American Street<<strong>br</strong> />
Gang", teses da American Bar Foundation, 1998. Vi<strong>de</strong>, ainda,<<strong>br</strong> />
"American Project: The Rise and Fali of a Mo<strong>de</strong>rn Ghetto " , <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Sudhir Alladi Venkatesh (Cam<strong>br</strong>idge, Mass: Harvard University<<strong>br</strong> />
Press, 2000)./ 106 O tráfico <strong>de</strong> crack: o emprego mais<<strong>br</strong> />
perigoso nos Estados Unidos: segundo o Bureau <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Estatísticas do Trabalho, as <strong>de</strong>z mais perigosas ativida<strong>de</strong>s legais<<strong>br</strong> />
são as <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ireiro, pesca-dor, piloto e navegador, operário<<strong>br</strong> />
encarregado <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> metal, ven<strong>de</strong>dor motorizado,<<strong>br</strong> />
reparador <strong>de</strong> telhados, eletricista, trabalhador rural, operário da<<strong>br</strong> />
construção civil e motorista <strong>de</strong> caminhão.<<strong>br</strong> />
110 A INVENÇÂO DAS MEIAS DE NÁILON: Foi Wallace Carothers,<<strong>br</strong> />
um jovem químico <strong>de</strong> Iowa funcionário da DuPont <strong>que</strong>, <strong>de</strong>pois<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> sete anos <strong>de</strong> tentativas, <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu uma forma <strong>de</strong> soprar<<strong>br</strong> />
polímeros líquidos através <strong>de</strong> minúsculos bicos para criar uma fi<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> fios superfortes. Era o náilon. Vários anos mais tar<strong>de</strong>, a DuPont<<strong>br</strong> />
distribuiu as meias <strong>de</strong> náilon em Nova York e em Londres. Ao<<strong>br</strong> />
contrário da lenda, o nome do tecido miraculoso não resultou da<<strong>br</strong> />
combinação dos nomes <strong>de</strong>ssas duas cida<strong>de</strong>s, como também não<<strong>br</strong> />
se trata, como afirmam os boatos, <strong>de</strong> um acrônimo para " Now<<strong>br</strong> />
You ' ve Lost, Old Nippon " (Agora você está perdido, Japão), uma<<strong>br</strong> />
cutucada no mercado <strong>de</strong> seda japonês, até então absoluto. O nome,<<strong>br</strong> />
na verda<strong>de</strong>, era uma corruptela <strong>de</strong> " No Run" (não <strong>de</strong>sfia), uma<<strong>br</strong> />
promessa <strong>que</strong> as novas meias não foram capazes <strong>de</strong> cumprir, fato<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> em nada diminuiu o seu sucesso. Carothers, um <strong>de</strong>pressivo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> longa data, não viveu para ver sua invenção virar moda:<<strong>br</strong> />
suicidou-se em 1937 ingerindo cianureto. Vi<strong>de</strong> Enough for One<<strong>br</strong> />
Lifetime: Wallace Carothers, Inventor of Nylon, <strong>de</strong> Matthew E.<<strong>br</strong> />
Hermes (Filadélfia: Chemical Heritage Foundation, 1996).<<strong>br</strong> />
111 A GÍRIA DO CRACK: o Greater Dallas Council on Alcohol and<<strong>br</strong> />
Drug Abuse coletou um le<strong>que</strong> altamente interessante <strong>de</strong> nomes<<strong>br</strong> />
populares para a cocaína. Para a cocaína em pó: Badrock, Bazooka,<<strong>br</strong> />
Beam, Berni, Bernice, Big C, Blast, Blizzard, Blow, Blunt,<<strong>br</strong> />
Bouncing Pow<strong>de</strong>r, Bump, C, Caballo, Caine, Candy, Caviar,<<strong>br</strong> />
Charlie, Chicken Scratch, Coca, Cocktail, Coconut, Coke, Cola,
Damablanca, Dust, Flake, Fex, Florida Snow, Foo Foo, Freeze,<<strong>br</strong> />
G-Rock, Girl, Goofball, Happy Dust, Happy Pow<strong>de</strong>r, Happy<<strong>br</strong> />
Trails, Heaven, King, Lady, Lady Caine, Late Night, Line, Mama<<strong>br</strong> />
Coca, Marching Dust/Pow<strong>de</strong>r, Mojo, Monster, Mujer, Nieve,<<strong>br</strong> />
Nose, Nose Candy, P-Dogs, Peruvian, Pow<strong>de</strong>r, Press, Prime<<strong>br</strong> />
Time, Rush, Shot, Sleighri<strong>de</strong>, Sniff, Snort, Snow, Snowbirds,<<strong>br</strong> />
Soda, Speedball, Sporting, Stardust, Sugar, Sweet Stuff, Toke,<<strong>br</strong> />
Trails, White Lady, White Pow<strong>de</strong>r, Yeyo, Zip. Para cocaína para<<strong>br</strong> />
fumar: Base, Ball, Beat, Bisquits, Bonés, Boost, Boul<strong>de</strong>rs, Brick,<<strong>br</strong> />
Bump, Cakes, Casper, Chalk, Cookies, Crumbs, Cubes, Farbags,<<strong>br</strong> />
Freebase, Gravei, Hardball, Hell, Kibbles n ' Bits, Kryptonite,<<strong>br</strong> />
Love, Moonrocks, Nuggets, Onion, Pebbles, Piedras, Piece,<<strong>br</strong> />
Ready Rock, Roca, Rock(s), Rock Star, Scotty, Scrabble, Smoke<<strong>br</strong> />
House, Stones, Teeth, Tornado.<<strong>br</strong> />
112 JOHNNY REI DO CRACK Oscar Danilo Blandon e sua alegada<<strong>br</strong> />
aliança com a CIA são discutidos em <strong>de</strong>talhe e <strong>de</strong> uma forma <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
suscitou enorme controvérsia em uma série em três partes<<strong>br</strong> />
chamada "San Jose Mercury News " , <strong>de</strong> Gary Webb, lançada em<<strong>br</strong> />
18 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1996. Vi<strong>de</strong>, ainda, "Though Evi<strong>de</strong>nce is Thin, Tale<<strong>br</strong> />
of CIA and Drugs Has a Life of Its Own", <strong>de</strong> Tim Gol<strong>de</strong>n, New<<strong>br</strong> />
York Times, 21 <strong>de</strong> outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1996 e Dark Alliance: The CIA, the<<strong>br</strong> />
Contras, and the Crack Cocaine Explosion, <strong>de</strong> Gary Webb (Nova<<strong>br</strong> />
York: Seven Stories Press, 1998). O Departamento <strong>de</strong> Justiça<<strong>br</strong> />
americano examinou <strong>de</strong>talhadamente a <strong>que</strong>stão mais tar<strong>de</strong>, em<<strong>br</strong> />
The CIA-Contra-Crack Cocaine Controversy: A Review of the justice<<strong>br</strong> />
Department ' s Investigations and Prosecutions, disponível no site<<strong>br</strong> />
www.usdoj_gov/oig/special/9712/ch01p1.htm.<<strong>br</strong> />
113 AS CANGUES NOS ESTADOS UNIDOS: vi<strong>de</strong> The Gang, <strong>de</strong> Fre<strong>de</strong>rick<<strong>br</strong> />
Thrasher (Chicago: University of Chicago Press, 1927).<<strong>br</strong> />
114-15 A REDUÇÃO DE VÁRIOS ABISMOS ENTRE NEGROS E BRANCOS<<strong>br</strong> />
ANTES DO CRACK: vi<strong>de</strong> "An Overview of Social and Economic<<strong>br</strong> />
Trends By Race " , <strong>de</strong> Rebecca Blank, em America Becoming: Racial<<strong>br</strong> />
Trends and Their Conse<strong>que</strong>nces, ed Neil J. Smelster, William Julius<<strong>br</strong> />
Wilson e Faith Mitchell (Washington, DC: National Aca<strong>de</strong>my<<strong>br</strong> />
Press, 2001), pgs. 21-40./ 115 Com relação à mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
crianças negras, vi<strong>de</strong> "Civil Rights, the War on Porverty, and
Black-White Convergente in Infant Mortalitity in Mississipi", <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Douglas V. Almond, Kenneth Y. Chay e Michael Greenstone,<<strong>br</strong> />
teses do National Bureau of Economic Research, 2003.<<strong>br</strong> />
115-16 os INÚMEROS EFEITOS DESTRUTIVOS DO CRACK são discutidos<<strong>br</strong> />
em "The Impact of Crack Cocaine " , <strong>de</strong> Roland G. Fryer Jr., Paul<<strong>br</strong> />
Heaton, Steven D. Levitt e Kevin Murphy, tese da Universida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Chicago, 2005.<<strong>br</strong> />
4. ONDE FORAM PARAR TODOS OS CRIMINOSOS?<<strong>br</strong> />
119-21 A PROIBIÇÃO DE NICOLAE CEAUSESCU AO ABORTO: as<<strong>br</strong> />
informações gerais so<strong>br</strong>e a Romênia e so<strong>br</strong>e os Ceausescu foram<<strong>br</strong> />
tiradas <strong>de</strong> uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fontes, incluindo " Eastern Europe,<<strong>br</strong> />
the Third Communism " , Time, 18 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1966; " Ceausescu<<strong>br</strong> />
Ruled with an Iron Grip", Washington Post, 26 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
1989; "The Ceausescus: 24 Years of Fierce Repression, Isolation<<strong>br</strong> />
and In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nce " , <strong>de</strong> Ralph Blumenthal, The New York Times,<<strong>br</strong> />
26 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1989; "In Craddle of Rumanian Re-volt,<<strong>br</strong> />
Anger Quickly Overcame Fear " , <strong>de</strong> Serge Schmemann, The New<<strong>br</strong> />
York Times, 30 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1989; "Overplanned<<strong>br</strong> />
Parenthood: Ceausescu ' s Cruel Law", <strong>de</strong> Karen Breslau, Newsweek,<<strong>br</strong> />
22 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1990 e "The Economic Legacy of Ceausescu<<strong>br</strong> />
" , <strong>de</strong> Nicolas Holman, Stu<strong>de</strong>nt Economic Review, 1994./120 O<<strong>br</strong> />
vínculo entre a proibição romena do aborto e o futuro dos<<strong>br</strong> />
nascituros foi explorado em uma dupla <strong>de</strong> trabalhos: "The<<strong>br</strong> />
Impact of an Abortion ban on Sócio-Economic Outcomes of<<strong>br</strong> />
Children: Evi<strong>de</strong>nce from România", <strong>de</strong> Cristian Pop-Eleches,<<strong>br</strong> />
tese da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Columbia, 2002 e "The Supply of Birth<<strong>br</strong> />
Control Methods, Education and Fertility: Evi<strong>de</strong>nce from<<strong>br</strong> />
România", <strong>de</strong> Cristian Pop-Eleches, tese da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Columbia, 2002.<<strong>br</strong> />
121-22 A GRANDE QUEDA AMERICANA DA CRIMINALIDADE: conforme<<strong>br</strong> />
observado anteriormente, este material foi retirado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
"Un<strong>de</strong>rstanding Why Crime Fell in the 1990 ' s: Four Factors That<<strong>br</strong> />
Explain the Decline and Six That Do Not " , <strong>de</strong> Steven D. Levitt,<<strong>br</strong> />
J o u rnal of Economic Perspectives, 18 n. 1 (2004), p. 163-90./ 121 A<<strong>br</strong> />
"<strong>de</strong>-
claração intencionalmente óbvia" <strong>de</strong> James Alan Fox: vi<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
"No Simple Solution for Solving Violent Crimes", <strong>de</strong> Torsten<<strong>br</strong> />
Ove, Pitsburgh Post-Gazette, 12 <strong>de</strong> setem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1999.<<strong>br</strong> />
124 OS POLÍTICOS ESTAVAM CADA VEZ MAIS COMPLACENTES COMA<<strong>br</strong> />
CRIMINALIDADE:<<strong>br</strong> />
este e vários outros temas correlatos são<<strong>br</strong> />
discutidos em "Stiffer Jail Terms Will Make Gunmen More Gun-<<strong>br</strong> />
Shy " , " How to Tackle Crime? Take a Tough, Head-On Stance" e<<strong>br</strong> />
"The Economic Approach to Fighting Crime " , <strong>de</strong> Gary S. Becker<<strong>br</strong> />
e Guity Nashat Becker, todos publicados em The Economics of Life<<strong>br</strong> />
(Nova York: McGraw-Hill, 1997), p. 135-44. Os capítulos foram<<strong>br</strong> />
adaptados a partir <strong>de</strong> artigos na Business Week dos mesmos autores.<<strong>br</strong> />
124-26 MAIOR CONFIANÇA NAS PRISÕES: com relação ao número 15 vezes<<strong>br</strong> />
maior <strong>de</strong> presos por crimes envolvendo drogas, vi<strong>de</strong> "An<<strong>br</strong> />
Empirical Analysis of Imprisoning Drug Offen<strong>de</strong>rs", <strong>de</strong> Ilyana<<strong>br</strong> />
Kuziemko e Steven D. Levitt, Journal of Public Economics 88, n. 9-<<strong>br</strong> />
10 (2004), p. 2043-66./ 125 E se soltássemos todos os presos?<<strong>br</strong> />
Vi<strong>de</strong> " On Behalf of a Moratorium on Prison Construction " , <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
William Nagel, Crime and Delin<strong>que</strong>ncy 23 (1977), p. 152-74./ 125<<strong>br</strong> />
"Aparentemente, é preciso ser PhD...": vi<strong>de</strong> " Arresting I<strong>de</strong>as:<<strong>br</strong> />
Tougher Law Enforcement Is Driving Down Urban Crime " , <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
John J. Dilulio Jr., Policy Review, n. 75 (outono <strong>de</strong> 1995).<<strong>br</strong> />
126-27 A PENA CAPITAL: para um esclarecimento completo so<strong>br</strong>e o fato<<strong>br</strong> />
do Estado <strong>de</strong> Nova York não ter executado um único criminoso<<strong>br</strong> />
vi<strong>de</strong> "Capital Punishment in New York State: Statistics from<<strong>br</strong> />
Eight Years of Representation, 1995-2003 " (Nova York: Gabinete<<strong>br</strong> />
do Defensor Público <strong>de</strong> Con<strong>de</strong>nados à Pena Capital, agosto<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 2003), disponível no site nycdo.<strong>org</strong>/8yt.html. Mais recentemente,<<strong>br</strong> />
o Tribunal <strong>de</strong> Recursos <strong>de</strong> Nova York consi<strong>de</strong>rou a própria<<strong>br</strong> />
pena <strong>de</strong> morte inconstitucional, suspen<strong>de</strong>ndo efetivamente todas<<strong>br</strong> />
as execuções./ 126 Executar 1 criminoso resulta em 7<<strong>br</strong> />
homicídios a menos: vi<strong>de</strong> " The Deterrent Effect of Capital<<strong>br</strong> />
Punishment: A Question of Life and Death " , <strong>de</strong> Isaac Ehrlich,<<strong>br</strong> />
Ame-rica Economic Review 6S (1975) e "Capital Punishment and<<strong>br</strong> />
Deterrence: Some Further Thoughts and Evi<strong>de</strong>nce " , <strong>de</strong> Isaac<<strong>br</strong> />
Ehrlich,
Journal of Political Economy 85 (1977), p. 741-88./ 127 "Não mais<<strong>br</strong> />
lidarei com a mecânica da morte": trecho do parecer dissi<strong>de</strong>nte<<strong>br</strong> />
do <strong>de</strong>sembargador Harry A. Blackmun em uma sentença <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
1994 da Suprema Corte negando provimento à apelação em um<<strong>br</strong> />
caso <strong>de</strong> pena <strong>de</strong> morte no Texas, Callins x Collins, 510 U.S. 1141<<strong>br</strong> />
(1994); citado em Congressional Quarterly Researcher 5, n. 9 (10 <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
março <strong>de</strong> 1995). Vale a pena observar <strong>que</strong> os júris americanos<<strong>br</strong> />
também parecem ter perdido o apetite para a pena capital — em<<strong>br</strong> />
parte, ao <strong>que</strong> <strong>tudo</strong> indica, <strong>de</strong>vido à freqüência com <strong>que</strong> inocentes<<strong>br</strong> />
têm sido executados nos últimos anos ou inocentados enquanto<<strong>br</strong> />
aguardam a execução no corredor da morte. Na década <strong>de</strong> 90, 290<<strong>br</strong> />
criminosos, em média, eram con<strong>de</strong>nados à morte anualmente; nos<<strong>br</strong> />
primeiros quatro anos da década <strong>de</strong> 2000, esse número caiu para<<strong>br</strong> />
174. Vi<strong>de</strong> "Fewer Death Sentences Being Imposed in U.S. " , <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Adam Liptak, The New York Times, 15 <strong>de</strong> setem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2004.<<strong>br</strong> />
127-29 A POLÍCIA REALMENTE REDUZ A CRIMINALIDADE? Vi<strong>de</strong> " Using<<strong>br</strong> />
Electoral Cycles in Police Hiring to Estimate the Effect of Police on<<strong>br</strong> />
Crime " , <strong>de</strong> Steven D. Levitt, American Economic Revim' 87, n. 3<<strong>br</strong> />
(1997), p. 270-90; " Why Do Increased Arrest Rates Appear to Reduce<<strong>br</strong> />
Crime: Deterrence, Incapacitation, or Measurement Error? " ,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Steven D. Levitt, Economical lnquiry 36, n. 3 (1998), p. 353-72 e<<strong>br</strong> />
"The Response of Crime Reporting Behavior to Changes in the<<strong>br</strong> />
Size of the Police Force: Implications for Studies of Police Effectiveness<<strong>br</strong> />
Using Reported Crime Data " , <strong>de</strong> Steven D. Levitt, Journal of<<strong>br</strong> />
Quantitative Criminology 14 (fevereiro <strong>de</strong> 1998), p. 62-81./ 129 A<<strong>br</strong> />
década <strong>de</strong> 1960 foi ótima para <strong>que</strong>m <strong>que</strong>ria ser criminoso: vi<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
The Economia of Life, <strong>de</strong> Gary S. Becker e Guity Nashat Becker<<strong>br</strong> />
(Nova York: Mc Graw-Hill, 1997), p. 142-43.<<strong>br</strong> />
129-31 O ".MILAGRE" DA CRIMINALIDADE EM NOVA YORK: a citada<<strong>br</strong> />
expressão " período ateniense " surgiu numa entrevista do autor com<<strong>br</strong> />
o ex-comandante da polícia William J. Gorta, um dos inventores<<strong>br</strong> />
do CompStat./ 130 A teoria da janela <strong>que</strong><strong>br</strong>ada: vi<strong>de</strong> "Broken<<strong>br</strong> />
Windows: The Police and Neighborhood Safety " , <strong>de</strong> Ge<strong>org</strong>e L.<<strong>br</strong> />
Kelling, Atlantic Monthly, março <strong>de</strong> 1982./ 132 A contratação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
mais policiais por Bratton em Los Angeles: vi<strong>de</strong> "The Gang<<strong>br</strong> />
Buster " , <strong>de</strong> Terry McCarthy, Time, 19 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2004.
132-36 AS LEIS CONTRA AS ARMAS: quanto ao fato <strong>de</strong> haver mais armas<<strong>br</strong> />
do <strong>que</strong> adultos nos Estados Unidos, vi<strong>de</strong> Guns in America: Result<<strong>br</strong> />
of a Comprehensive Survey of Gun Ownership and Use, <strong>de</strong> Philip Cook<<strong>br</strong> />
e Jens Ludwig (Washington: Police Foundation, 1996)./ 133 O<<strong>br</strong> />
vínculo arma-criminalida<strong>de</strong>: vi<strong>de</strong> "More Guns, More Crime",<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Mark Duggan, Journal of Política/ Economy 109, n. 5 (2001), p.<<strong>br</strong> />
1086-1114./ 134 Armas na Suíça: vi<strong>de</strong> "Armed to the Teeth,<<strong>br</strong> />
and Free " , <strong>de</strong> Stephen P. Hal<strong>br</strong>ook, Wall Street Journal Europe, 4<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1999./ 134 A inócua Lei Brady: vi<strong>de</strong> " Homici<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
and Suici<strong>de</strong> Rates Associated with Implementation of the Brady<<strong>br</strong> />
Handgun Violence Prevention Act", <strong>de</strong> Jens Ludwig e Philip<<strong>br</strong> />
Cook, Journal of the American Medica/Association 284, n. 5 (2000)<<strong>br</strong> />
p. 585-91./ 134 Infratores <strong>que</strong> compram armas no mercado<<strong>br</strong> />
negro: vi<strong>de</strong> " Armed and Consi<strong>de</strong>red Dangerous: A Survey of Felons<<strong>br</strong> />
and Tehir Firearms " , <strong>de</strong> James D. Wright e Peter H. Rossi<<strong>br</strong> />
(Hawthorne, NY: Aldine <strong>de</strong> Gruyter, 1986)./ 135 A troca da<<strong>br</strong> />
arma pela psicoterapia: vi<strong>de</strong> "Wise Climb-Down, Bad Veto " ,<<strong>br</strong> />
Los Angeles Times, 5 <strong>de</strong> outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1994./ 135 Por <strong>que</strong> a entrega<<strong>br</strong> />
remunerada <strong>de</strong> armas não funciona: vi<strong>de</strong> "Money for Guns:<<strong>br</strong> />
Evaluation of the Seattle Gun Buy-Back Program " , <strong>de</strong> C. Callahan,<<strong>br</strong> />
F. Rivera e T. Koepsell, Public Health Reports 109, n. 4<<strong>br</strong> />
(1994), p. 472-77; "Youth Violence in Boston: Gun Markets,<<strong>br</strong> />
Serious Youth Offen<strong>de</strong>rs, a a Use-Reduction Strategy " , <strong>de</strong> David<<strong>br</strong> />
Kennedy, Anne Piehl e Anthony Braga, Law and Contemporary<<strong>br</strong> />
Problems 59 (1996), p. 147-83 e "Austrália: A Massive Buy-back of<<strong>br</strong> />
Low-Risk Guns " , <strong>de</strong> Peter Reuter e Jenny Mouzon, em Evaluating<<strong>br</strong> />
Gun Policy: Effects on Crime and Violence, ed. Jens Ludwig e<<strong>br</strong> />
Philip Cook (Washington, DC: Brookings Institution, 2003)./<<strong>br</strong> />
135-36 A teoria do " direito <strong>de</strong> portar " <strong>de</strong> John Lott: vi<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
"Right-to-Carry Concealed Guns and the Importance of Deterrence,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> John R. Lott Jr. e Devid Mustard, Journal of Legal<<strong>br</strong> />
Studies 26 (janeiro <strong>de</strong> 1997), p. 1-68 e More Guns, Less Crime:<<strong>br</strong> />
Un<strong>de</strong>rstanding Crime and Gun Control Laws, <strong>de</strong> John R. Lott Jr.<<strong>br</strong> />
(Chicago: University of Chicago Press, 1998)./ 136 John Lott<<strong>br</strong> />
como Mary Rosh: vi<strong>de</strong> "The Mistery of Mary Rosh " , <strong>de</strong> Julian<<strong>br</strong> />
Sanchez, Reason, maio <strong>de</strong> 2003 e "Scholar Invents Fan to Answer<<strong>br</strong> />
His Critics", <strong>de</strong> Richard Morin, Washington Post, 1 <strong>de</strong> fevereiro
<strong>de</strong> 2003./ 136 Derrubada a teoria so<strong>br</strong>e armas <strong>de</strong> Lott: vi<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
"Shooting Down the `More Guns, Less Crime's Hypothesis"', <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Ian Ayeres e John J. Donohue III, Stanford Law Review 55(2003),<<strong>br</strong> />
p. 1193-1312 e "More Guns, More Crimes", <strong>de</strong> Mark Duggan,<<strong>br</strong> />
Journal of Political Economy 109, no. 5 (2001), p. 1086-1114.<<strong>br</strong> />
136-37 O ESTOURO DA BOLHA DO CRACK: para uma abordagem da história<<strong>br</strong> />
do crack e suas peculiarida<strong>de</strong>s, vi<strong>de</strong> "The Impact of Crack Cocaine<<strong>br</strong> />
" , <strong>de</strong> Roland G. Fryer Jr., Paul Heaton, Steven Levitt e Kevin<<strong>br</strong> />
Murphy, tese da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago, 2005./ 136 25 por<<strong>br</strong> />
cento <strong>de</strong> homicídios: vi<strong>de</strong> " Crack and Homici<strong>de</strong> in New York<<strong>br</strong> />
City: A Case Study in the Epi<strong>de</strong>miology of Violence", <strong>de</strong> Paul J.<<strong>br</strong> />
Gldstein, Henry H. Brownstein, Patrick J. Ryan e Patricia A. Bellucci,<<strong>br</strong> />
em Crack in America: Demon Drugs and Social justice, ed.<<strong>br</strong> />
Craig Reinarman e Harry G. Levine (Berkeley: University of California<<strong>br</strong> />
Press, 1997), pgs. 113-30.<<strong>br</strong> />
138-39 A TEORIA DO "ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO": vi<strong>de</strong> " The<<strong>br</strong> />
Limited Role of Changing Age Structure in Explaining Aggregate<<strong>br</strong> />
Crime Rates " , <strong>de</strong> Steven D. Levitt, Criminology 37 n. 3 (1999), pgs.<<strong>br</strong> />
581-99. Embora a teoria do envelhecimento esteja atual-mente<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>scartada, estudiosos <strong>de</strong> renome continuam a circulá-la. Vi<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
"Most Crimes of Violence and Property Hover at 30-Year Low",<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Matthew L. Wald, lhe New York Times, 13 <strong>de</strong> setem<strong>br</strong>o <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
2004, em <strong>que</strong> Lawrence A. Greenfield, diretor do Bureau of<<strong>br</strong> />
Justice Statistics, diz: "É provável <strong>que</strong> não exista um fator iso<strong>lado</strong><<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> expli<strong>que</strong> por <strong>que</strong> os índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> vêm caindo ao<<strong>br</strong> />
longo <strong>de</strong> todos esses anos, cncontrando-se atualmente em seu nível<<strong>br</strong> />
mais baixo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>que</strong> começamos a mensurá-los em 1973. Isso<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ve ter relação com o elemento <strong>de</strong>mográfico e, muito<<strong>br</strong> />
provavelmente, com o fato <strong>de</strong> muitos infratores contumazes<<strong>br</strong> />
estarem presos. " / 138 "Uma nuvem à espreita " : vi<strong>de</strong> " Crime and<<strong>br</strong> />
Public Policy", <strong>de</strong> James Q. Wilson, em Crime, ed. James Q.<<strong>br</strong> />
Wilson e Joan Petersilia (São Francisco: ICS Press, 1995), p. 507.<<strong>br</strong> />
138-47 O VÍNCULO ABORTO-CRIMINALIDADE: para urna noção<<strong>br</strong> />
geral, vi<strong>de</strong> "The Impact of Legalized Abortion on Crime", <strong>de</strong> John<<strong>br</strong> />
J. Donohue III e Steven D. Levitt, Quarterly , Journal
(2001), p. 379-420 e "Further Evi<strong>de</strong>nce That Legalized Abortion<<strong>br</strong> />
Lowered Crime: A Response to Joyce", <strong>de</strong> John J. Donohue III e Steven<<strong>br</strong> />
D. Levitt, Journal of Human Resources 39, n . 1 (2004), p. 29-49./ 139<<strong>br</strong> />
Es<strong>tudo</strong>s so<strong>br</strong>e o aborto na Europa Oriental e na Escandinávia:<<strong>br</strong> />
vi<strong>de</strong> "The Psychological Se<strong>que</strong>lae of Therapeutic Abortion – Denied<<strong>br</strong> />
and Completed " , <strong>de</strong> P.K. Dagg, American Journal of Psychiatry 148, n. 5<<strong>br</strong> />
(maio <strong>de</strong> 1991), p. h578-85 e B o m Unwanted: Developmental Effects of<<strong>br</strong> />
Denied Abortion, <strong>de</strong> Henry David, Z<strong>de</strong>nek Dytrych et al. (Nova York:<<strong>br</strong> />
Springer, 1998)./ 139-40 O parecerem Roex Wa<strong>de</strong>: Roe x Wa<strong>de</strong>, 410<<strong>br</strong> />
U.S. 113 (1973)./ 141 Um es<strong>tudo</strong> <strong>de</strong>monstrou <strong>que</strong> a criança<<strong>br</strong> />
padrão: vi<strong>de</strong> "Abortion Legalization and Child Living Circunstances:<<strong>br</strong> />
Who is the `Marginal Child ' ? " , <strong>de</strong> Jonathan Gruber, Philip P. Levine e<<strong>br</strong> />
Douglas Staiger, Quarterly Journal of Economics 114 (1999) p. 263-91./<<strong>br</strong> />
141 Os mais consistentes indicadores <strong>de</strong> um futuro criminoso:<<strong>br</strong> />
vi<strong>de</strong> "Family Factors as Correlates and Predictors of Juvenile Conduct<<strong>br</strong> />
Problems and Deli<strong>que</strong>ncy " , <strong>de</strong> Rolf Loeber e Magda Stouthamer-<<strong>br</strong> />
Loeber, Crime and justice, vol. 7, ed. Michael Tonry e Norval Morris<<strong>br</strong> />
(Chicago: University of Chicago Press, 1986). Vi<strong>de</strong>, também, Crime in<<strong>br</strong> />
the Making: Pathways and Turning Points Through Life, <strong>de</strong> Robert<<strong>br</strong> />
Sampson e John Laub (Cam<strong>br</strong>idge, Massa Harvard University Press,<<strong>br</strong> />
1993)./ 141 Assim como ter uma mãe adolescente: vi<strong>de</strong> "The<<strong>br</strong> />
Impact of Income and Family Structure on Deli<strong>que</strong>ncy " , <strong>de</strong> William S.<<strong>br</strong> />
Comanor e Llad Phillips, tese da Universida<strong>de</strong> da Califórnia – Santa<<strong>br</strong> />
Bárbara, 1999./ 141 Outro es<strong>tudo</strong> mostrou <strong>que</strong> a baixa instrução<<strong>br</strong> />
materna: "Maternal Smoking During Preganancy and Risk of Criminal<<strong>br</strong> />
Behavior Among Adult Male Offspring in the Northern Finland 1966<<strong>br</strong> />
Birth Cohort " , <strong>de</strong> Pijkko Rasanen et al., American Journal of Psychiatry<<strong>br</strong> />
156 (1999), p. 857-62./ 141 O infanticídio teve <strong>que</strong>da dramática:<<strong>br</strong> />
vi<strong>de</strong> "Legalized Abortion and the Homici<strong>de</strong> of Young Children: An<<strong>br</strong> />
Empirical Investigation " , <strong>de</strong> Susan Sorenson, Douglas Wiebe e Richard<<strong>br</strong> />
Berk, Analyses of Social Issues and Public Policy 2 , n. 1(2002), p. 23956./<<strong>br</strong> />
143-44 Es<strong>tudo</strong>s da Austrália e do Canadá: vi<strong>de</strong> "Does Increased<<strong>br</strong> />
Abortion Lead to Lower Crime? Evaluating the Relationship between<<strong>br</strong> />
Crime, Abortion and Fertility " , <strong>de</strong> Anindya Sen, manuscrito não<<strong>br</strong> />
publicado, e "Abortion and Crime " ,
<strong>de</strong> Andrew Leigh e Justin Wolfers, AQ: Journal of Contemporary, Analysis 72,<<strong>br</strong> />
n. 4 (2000), p. 28-30./ 144 Muitos dos fetos do sexo feminino abortados: vi<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
"The Impact of Legalized Abortion on Teen Childbearing", <strong>de</strong> John J. Donohue<<strong>br</strong> />
III, Jeffrey Grogger e Steven D. Levitt, tese da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago, 2002./ 144<<strong>br</strong> />
O aborto é pior do <strong>que</strong> a escravidão: vi<strong>de</strong> "Accusing Justice: Some Variations<<strong>br</strong> />
on the Themes of Robert M. Cover ' s justice Accused " , <strong>de</strong> Michael S. Paulsen,<<strong>br</strong> />
journal of Law and Religion 7, n. 33 (1989), pgs. 33-97./ 144 O abono como<<strong>br</strong> />
"o único instrumento eficaz na prevenção da criminalida<strong>de</strong>": vi<strong>de</strong> The<<strong>br</strong> />
Police Mysti<strong>que</strong>: An Insi<strong>de</strong>r ' s Look at Cops, Crime, and the Criminal Justice<<strong>br</strong> />
System, <strong>de</strong> Anthony V. Bouza (Nova York: Plenum, 1990)./ 145 Nove milhões<<strong>br</strong> />
para salvar uma coruja pintalgada: vi<strong>de</strong> "Economics of the Endangered<<strong>br</strong> />
Species Act", <strong>de</strong> Gardner M. Brown e Jason F. Shogren, Journal of Economic<<strong>br</strong> />
Perspectives 12, n. 3 (1998) p. 3-20./ 145 Trinta e um dólares para evitar<<strong>br</strong> />
outro <strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong> óleo como o do Exxon Val<strong>de</strong>z: vi<strong>de</strong> " Assessing<<strong>br</strong> />
Damages for the Exxon Val<strong>de</strong>z Oil Spill " , <strong>de</strong> Glenn W. Harrison, tese da Universida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
do Centro da Flórida, 2004./ 145-46 Lista <strong>de</strong> preços das partes do<<strong>br</strong> />
corpo: obtida a partir do Worker ' s Compensation Information Packet do estado<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Connecticut, p. 27, disponível no site wcc.state.ct.us/download/acrobat/infopacket.pdf.<<strong>br</strong> />
5. O QUE FAZ UM PAI SER PERFEITO?<<strong>br</strong> />
151-54 A INCONSTANTE SABEDORIA DOS ESPECIALISTAS EM<<strong>br</strong> />
PARENTALIDADE: Raising America: Expelis, Parents, anda Century of<<strong>br</strong> />
Advice About Children, <strong>de</strong> Ann Hulbert (Nova York: Knopf, 2003) é um<<strong>br</strong> />
compêndio extremamente útil <strong>de</strong> conselhos aos pais./ 151-52 A "estratégia para<<strong>br</strong> />
cuidar <strong>de</strong> bebês" e o conselho so<strong>br</strong>e a falta <strong>de</strong> sono com a chancela <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Gary Ezzo: vi<strong>de</strong> On Becoming Babywise, <strong>de</strong> Gary Ezzo e Robert Bucknam<<strong>br</strong> />
(Sisters, Oregon: Multnomah, 1995), p. 32 e 531 152 T. Berry Brazelton e a<<strong>br</strong> />
criança "interativa " : Infants and Mothers: Difference in Development, edição<<strong>br</strong> />
revisada, <strong>de</strong> T. Berry Brazelton (Nova York: Delta/Seymour Lawrence, 1983), p.<<strong>br</strong> />
xxiii./ 152 O alerta <strong>de</strong> Emmet Holt contra "estímulos in<strong>de</strong>vidos": The<<strong>br</strong> />
Happy Baby, <strong>de</strong> L.
Emmet Holt (Nova York: Dodd, Mead, 1924), p. 7./ 152 O choro<<strong>br</strong> />
como "exercício do bebê": The Care and Feeding of Children: A<<strong>br</strong> />
Catechism for the Use of Mothers and Children's Nurses, <strong>de</strong> L. Emmet Holt<<strong>br</strong> />
(Nova York: Appleton, 1894), pg. 53.<<strong>br</strong> />
153-56 UMA ARMA OU UMA PISCINA? Vi<strong>de</strong> " Pools More Dangerous than<<strong>br</strong> />
Guns " , <strong>de</strong> Steven Levitt, Chicago Sun-Times, 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001.<<strong>br</strong> />
154-58 A OPINIÃO DE PETER SANDMAN SOBRE O MAL DA VACA LOUCA E<<strong>br</strong> />
OUTROS RISCOS: vi<strong>de</strong> " S<strong>que</strong>aky Clean? Not Even Close " , <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Amanda Hesser, The New York Times, 28 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2004 e<<strong>br</strong> />
"The Peter Sandman Risk Communication Web Site " , em http://<<strong>br</strong> />
www.psandman.com/in<strong>de</strong>x.htm.<<strong>br</strong> />
158-61 QUANTA IMPORTÂNCIA REALMENTE TÊM OS PAIS? Vice The<<strong>br</strong> />
Nurture Assumption: Why Children Turn Out the Way They Do, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Judith Rich Harris (Nova York: Free Press, 1998). Para um perfil<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Judith Harris <strong>que</strong> também fornece uma excelente abordagem<<strong>br</strong> />
da polêmica natureza-criação, vi<strong>de</strong> "Do Parents Matter? " , <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Malcolm Gladwell, The New Yorker, 17 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1998 e "Peer<<strong>br</strong> />
Pressure " , <strong>de</strong> Carol Tavris, The New York Times Book Review, 13 <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
setem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1998./ 159 "Lá vamos nós <strong>de</strong> novo " : vi<strong>de</strong> Tavris,<<strong>br</strong> />
The New York Times./ 159 Pinker chamou <strong>de</strong> "perturbadoras"<<strong>br</strong> />
os conceitos <strong>de</strong> Judith Harris: "Sibling Rivalry: Why the<<strong>br</strong> />
Nature/Nurture Debate Won ' t Go Away " , <strong>de</strong> Steven Pinker,<<strong>br</strong> />
Boston Globe, 13 <strong>de</strong> outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2002, adaptado a partir <strong>de</strong> The<<strong>br</strong> />
Blank Slate: The Mo<strong>de</strong>rn Dinial of Human Nature, <strong>de</strong> Steven Pinker<<strong>br</strong> />
(Nova York: Viking, 2002).<<strong>br</strong> />
161-64 A ESCOLHA DE ESCOLAS EM CHICAGO: este material foi colhido<<strong>br</strong> />
em "The Impact of School Choice on Stu<strong>de</strong>nt Outcomes: An<<strong>br</strong> />
Analysis of the Chicago Public Schools " , <strong>de</strong> Julie Berry Cullen,<<strong>br</strong> />
Brian Jacob e Steven D. Levitt, Journal of Public Economia, em<<strong>br</strong> />
edição e " The Effect of School Choice on Stu<strong>de</strong>nt Outcomes:<<strong>br</strong> />
Evi<strong>de</strong>nce from Randomized Lotteries " , <strong>de</strong> Julie Berry Cullen,<<strong>br</strong> />
Brian Jacob e Steven D. Levitt, trabalho do National Bureau of<<strong>br</strong> />
Economic Research, 2003.
164 ALUNOS QUE CHEGAM À ESCOLA SECUNDÁRIA DESPREPARADOS<<strong>br</strong> />
PARA ACOMPANHAR O CURRÍCULO: vi<strong>de</strong> " More Stu<strong>de</strong>nts Passing<<strong>br</strong> />
Regents, but Achievement Gap Persists", <strong>de</strong> Tamar Lewin, The New<<strong>br</strong> />
York Times, 18 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2004.<<strong>br</strong> />
164 O ABISMO ENTRE A RENDA DE NEGROS E A DE BRANCOS REFLETE O<<strong>br</strong> />
ABISMO ENTRE SUAS NOTAS ESCOLARES NA OITAVA SÉRIE: vi<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
"The Role of Pré-Market Factors in Black-White Wage Differences " ,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Derek Neal e William R. Johnson, Journal of Political Economy 104<<strong>br</strong> />
(1996), p. 869-95 e "The Role of Human Capital in Earnings<<strong>br</strong> />
Differences Between Black and White Men", <strong>de</strong> June O ' Neill, Journal of<<strong>br</strong> />
Economic Perspectives 4, n. 4 (1990), p. 2 5-46./ 164 "Redução da<<strong>br</strong> />
diferença das notas escolares <strong>de</strong> negros e <strong>br</strong>ancos " : vi<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
"America's Next Achievement Test: Closing the Black-White Test<<strong>br</strong> />
Score Gap " , <strong>de</strong> Christopher Jencks e Meredith Phillips, American<<strong>br</strong> />
Prospect 40 (setem<strong>br</strong>o-outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1998), p. 44-53.<<strong>br</strong> />
165 "COMPORTAMENTO BRANCO": vi<strong>de</strong> " The Economics of `Acting<<strong>br</strong> />
White ' , <strong>de</strong> David Austen-Smith e Roland G. Fryer Jr., trabalho <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
National Bureau of Economic Research, 2003./ 165 Kareem<<strong>br</strong> />
Abdul-Jabbar: Giant Steps, <strong>de</strong> Kareem Abdul-Jabbar e Peter<<strong>br</strong> />
Knobler (Nova York: Bantam, 1983), p. 16.<<strong>br</strong> />
165-79 O ABISMO ENTRE AS NOTAS ESCOLARES DOS NEGROS E AS DOS<<strong>br</strong> />
BRANCOS E O ESTUDO LONGITUDINAL DA PRIMEIRA INFÂNCIA<<strong>br</strong> />
este material foi obtido em "Un<strong>de</strong>rstanding the Black-White Score<<strong>br</strong> />
Gap in the First Two Years of School " , <strong>de</strong> Roland G. Fryer Jr. e<<strong>br</strong> />
Steven D. Levitt, The Review of Economics and Statistics 86, n. 2 (2004), p.<<strong>br</strong> />
447-464. Enquanto este trabalho contém uma rápida abordagem da<<strong>br</strong> />
correlação entre as notas escolares e os fatores <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m doméstica<<strong>br</strong> />
(se a criança assiste à tevê, se é espancada etc.), esses dados são passados<<strong>br</strong> />
em revista no apêndice do trabalho. Com relação ao Es<strong>tudo</strong><<strong>br</strong> />
Longitudinal da Primeira Infância propriamente dito, uma visão<<strong>br</strong> />
geral do mesmo po<strong>de</strong> ser obtida em nces.ed.gov/ecls/.<<strong>br</strong> />
175 PAIS ADOTIVOS COM QIs MAIS ALTOS DO QUE A MÃE<<strong>br</strong> />
BIOLOGICA: vi<strong>de</strong> "The Nature and Nurture of Economic<<strong>br</strong> />
Outcomes", <strong>de</strong> Bruce Sacerdote, trabalho do National Bureau of<<strong>br</strong> />
Economic Research, 2000.
177 A INSTRUÇÃO NA FINLÂNDIA: vi<strong>de</strong> " Educators Flocking to<<strong>br</strong> />
Finland, Land of Literate Children", <strong>de</strong> Lizette Alvarez, The New<<strong>br</strong> />
York Times, 9 <strong>de</strong> a<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2004.<<strong>br</strong> />
178 UM LIVRO PARA CADA CRIANÇA: vi<strong>de</strong> " Governor Wants Books<<strong>br</strong> />
for Tots: Kids Would Get 60 by Age 5 in Effort to Boost<<strong>br</strong> />
Literacy " , <strong>de</strong> John Keilman, Chicago Tribune, 12 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
2004.<<strong>br</strong> />
180-81 A INFLUÊNCIA DOS PAIS ADOTIVOS: vi<strong>de</strong> " The Nature and Nurture<<strong>br</strong> />
of Economic Outcomes " , <strong>de</strong> Sacerdote.<<strong>br</strong> />
6. PAIS PERFEITOS, PARTE II; OU: UMA ROSHANDA<<strong>br</strong> />
SERIA TÃO DOCE SE TIVESSE OUTRO NOME?<<strong>br</strong> />
185-86 A HISTÓRIA DE LOSER LANE: Colhida em entrevistas do autor e<<strong>br</strong> />
em "Winner and Loser: Names Don ' t Deci<strong>de</strong> Destiny " , <strong>de</strong> Sean<<strong>br</strong> />
Gardiner, Newsday, 22 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2002.<<strong>br</strong> />
186-87 O JUIZ E A PROVOCADORA (TEMPTRESS): baseado em entrevistas<<strong>br</strong> />
do autor.<<strong>br</strong> />
188 ROLAND G. FRYER E O ESTUDO DO SUBDESEMPENHO DOS<<strong>br</strong> />
NEGROS: colhido em entrevistas do autor.<<strong>br</strong> />
188-89 A DIFERENÇA DAS MARCAS DE CIGARRO DE NEGROS E BRANCOS;<<strong>br</strong> />
vi<strong>de</strong> "Cigarette Brand Preferences Among Adolescents " , <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Lloyd Johnston, Patrick O ' Malley, Jerald Bachman e John Schulenberg,<<strong>br</strong> />
Monitoring the Future Occasional Paper 45, Intitute for<<strong>br</strong> />
Social Research, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Michigan, 1999.<<strong>br</strong> />
188-95 NOMES NEGROS (E OUTRAS DIFERENÇAS CULTURAIS ENTRE<<strong>br</strong> />
NEGROS E BRANCOS): vi<strong>de</strong> " The Causes and Conse<strong>que</strong>nces of<<strong>br</strong> />
Distinctively Black Names", <strong>de</strong> Roland G. Fryer Jr. e Steven D.<<strong>br</strong> />
Levitt, Quarterly Journal of Economics 119, n. 3 (agosto <strong>de</strong> 2004),<<strong>br</strong> />
p. 767-805.<<strong>br</strong> />
192 CURRÍCULOS "BRANCOS" GANHAM DE CURRÍCULOS "NEGROS":<<strong>br</strong> />
o mais recente es<strong>tudo</strong> atuarial a chegar a uma conclusão foi "Are<<strong>br</strong> />
Emily and Greg More Employable than Lakisha and Jamal? A<<strong>br</strong> />
Field Experiment Evi<strong>de</strong>nce on Labor Market Discrimination",
<strong>de</strong> Marianne Bertrand e Sendhil Mullainathan, trabalho do<<strong>br</strong> />
National Bureau of Economic Research, 2003.<<strong>br</strong> />
193-94 YO XING HEYNO AUGUSTUS EISNER ALEXANDER WEISER<<strong>br</strong> />
KNUCKLES JEREMIJENKO-CONLEY: vi<strong>de</strong> " A Boy Named Yo,<<strong>br</strong> />
Etc.: Name Changes, Both Practical and Fanciful, Are on the Rise " ,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Tara Bahrampour, The New York Times, 25 <strong>de</strong> setem<strong>br</strong>o <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
2003.<<strong>br</strong> />
194 MICHAEL GOLDBERG, SIKH NASCIDO NA ÍNDIA: vi<strong>de</strong> " Livery<<strong>br</strong> />
Driver Is Woun<strong>de</strong>d in a Shooting " , <strong>de</strong> Robert F. Worth, The New<<strong>br</strong> />
York Times, 9 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2004.<<strong>br</strong> />
194 WILLIAM MORRIS, NASCIDO ZELMAN MOSES: entrevista do autor<<strong>br</strong> />
com Alan Kannof, ex-diretor <strong>de</strong> operações da Agência William<<strong>br</strong> />
Morris.<<strong>br</strong> />
196 MARCAS COMO PRENOMES: colhido nos dados relativos a certidões<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> nascimento da Califórnia e abordado em "Naming the Baby:<<strong>br</strong> />
Parents Brand Tehir Tot with What ' s Hot " , <strong>de</strong> Stephanie Kang, The<<strong>br</strong> />
Wall Street Journal, 26 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2003.<<strong>br</strong> />
196 UMA GAROTA CHAMADA SHITHEAD: E possível <strong>que</strong> a mulher <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
ligou para o progama radiofônico para contar a Roland Fryer so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
sua so<strong>br</strong>inha Shithead estivesse mal informada ou até mesmo<<strong>br</strong> />
mentindo. Não obstante, ela não é a única a consi<strong>de</strong>rar <strong>que</strong> os<<strong>br</strong> />
nomes negros algumas vezes extrapolam: Bill Cosby, durante um<<strong>br</strong> />
discurso em maio <strong>de</strong> 2004 na NAACP (Associação Nacional para o<<strong>br</strong> />
Avanço <strong>de</strong> Pessoas <strong>de</strong> Cor) por ocasião da solenida<strong>de</strong> do 50'<<strong>br</strong> />
aniversário do caso Brown x Conselho <strong>de</strong> Educação repreen<strong>de</strong>u os<<strong>br</strong> />
negros <strong>de</strong> baixa renda por uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
auto<strong>de</strong>strutivas, inclusive a <strong>de</strong> pôr nos filhos nomes pertencentes a<<strong>br</strong> />
"guetos " . Cosby foi sumariamente criticado tanto por <strong>br</strong>ancos<<strong>br</strong> />
quanto por negros (vi<strong>de</strong> " The New Cosby Kids " , <strong>de</strong> Barbara<<strong>br</strong> />
Ehrenreich, The New York Times, 2 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2004 e "America' s<<strong>br</strong> />
Granddad Gets Ornery " , <strong>de</strong> De<strong>br</strong>a Dickerson, Slate, 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
2004). Logo após, o secretário <strong>de</strong> Educação da Califórnia, Richard<<strong>br</strong> />
Riordan - o abastado ex-prefeito <strong>br</strong>anco <strong>de</strong> Los Angeles - foi<<strong>br</strong> />
vítima <strong>de</strong> ata<strong>que</strong>s sob a alegação <strong>de</strong> racismo (vi<strong>de</strong> "Riordan Stung<<strong>br</strong> />
by
`Gotcha' News", <strong>de</strong> Tim Rutten, Los Angeles Times, 10 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
2004). Riordan, em visita a uma biblioteca em Santa Bárbara para<<strong>br</strong> />
promover um projeto <strong>de</strong> leitura, conheceu uma menina chamada<<strong>br</strong> />
Isis, <strong>que</strong> lhe disse <strong>que</strong> seu nome significava " princesa egípcia " .<<strong>br</strong> />
Riordan, tentando ser engraçado, respon<strong>de</strong>u: "O significado é<<strong>br</strong> />
`ignorante ' , sua nojenta. " A indignação daí resultante levou os<<strong>br</strong> />
ativistas negros a pedirem a renúncia <strong>de</strong> Riordan. Mervyn<<strong>br</strong> />
Dymally, um congressista negro <strong>de</strong> Compton, explicou <strong>que</strong> Isis<<strong>br</strong> />
era "uma menina afro-americana. Será <strong>que</strong> ele teria feito o mesmo<<strong>br</strong> />
com uma menina <strong>br</strong>anca? " A verda<strong>de</strong>, porém, é <strong>que</strong> Isis era<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>anca. Alguns ativistas tentaram manter vivo o protesto contra<<strong>br</strong> />
Riordan, mas a mãe <strong>de</strong> Isis, Trinity, encorajou-os a afrouxar a<<strong>br</strong> />
pressão. A filha, explicou ela, não havia levado a sério a <strong>br</strong>inca<strong>de</strong>ira<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Riordan. "Tenho a impressão " , disse Trinity, "<strong>de</strong> <strong>que</strong> ela o<<strong>br</strong> />
achou meio bobão."<<strong>br</strong> />
196 ORANGEJELLO E LEMONJELLO: Embora esses nomes ostentem<<strong>br</strong> />
a aura <strong>de</strong> lenda urbana — na verda<strong>de</strong>, ambos são objeto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
discussão em vários sites da Internet <strong>que</strong> disseminam lendas<<strong>br</strong> />
urbanas – os autores souberam da existência <strong>de</strong> OrangeJello e LemonJello<<strong>br</strong> />
através <strong>de</strong> Doug McAdam, um sociólogo da Universida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Stanford, <strong>que</strong> jura ter encontrado os dois meninos<<strong>br</strong> />
numa mercearia.<<strong>br</strong> />
200 UMA LISTA BEM MAIS COMPRIDA DE NOMES DE MENINOS E<<strong>br</strong> />
MENINAS: a seguir uma coleção aleatória <strong>de</strong> nomes <strong>que</strong> são<<strong>br</strong> />
interessantes, bonitos, incomuns, muito comuns ou <strong>que</strong> são<<strong>br</strong> />
típicos do grau <strong>de</strong> instrução <strong>que</strong> representam (cada um <strong>de</strong>les com<<strong>br</strong> />
índice mínimo <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>z vezes no banco <strong>de</strong> nomes da<<strong>br</strong> />
Califórnia).
ALGUNS NOMES DE MENINAS<<strong>br</strong> />
(anos <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> da mãe entre parênteses)*<<strong>br</strong> />
Abigail (14, 72), A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> (15,33), Alessandra (15,19), Alexandra (14,67),<<strong>br</strong> />
Alice (14,30), Alison (14,82), Allison (14,54), Amalia (15,25), Amanda (13,30),<<strong>br</strong> />
Amber (12,64), Amy (14,09), Anabelle (14,68), Anastasia (13,98), Angelina<<strong>br</strong> />
(12,74), Annabel (15,40), Anne (15,49), Anya (14,97), Ashley (12,89), Autumn<<strong>br</strong> />
(12,86), Ava (14,97), Aziza (11,52), Bailey (13,83), Beatrice (14,74),<<strong>br</strong> />
Beatriz (11,42), Belinda (12,79), Betty (11,50), Breanna (12,71), Britt (15,39),<<strong>br</strong> />
Brittany (12,87), Bronte (14,42), Brooklyn (13,50), Brooklynne (13,10),<<strong>br</strong> />
Caitlin (14,36), Caitlynn (13,03), Cammie (12,00), Campbell (15,69), Carly<<strong>br</strong> />
(14,25), Carmella (14,25), Cassandra (13,38), Cassidy (13,86), Cate (15,23),<<strong>br</strong> />
Cathleen (14,31), Cecilia (14,36), Chanel (13,00), Charisma (13,85),<<strong>br</strong> />
Charlotte (14,98), Chastity* (10,66), Cherokee (11,86), Chloe (14,52),<<strong>br</strong> />
Christina (13,59), Ciara (13,40), Cierra (12,97), Cor<strong>de</strong>lia (15,19), Courmey<<strong>br</strong> />
(13,55), Crimson (11,53), Cynthia (12,79), Dahlia (14,94), Danielle (13,69),<<strong>br</strong> />
Daphne (14,42), Darlene (12,22), Dawn (12,71), Deborah (13,70),<<strong>br</strong> />
December (12,00), Delilah (13,00), Denise (12,71), Deniz (15,27), Desiree<<strong>br</strong> />
(12,62), Destiny (11,65), Diamond (11,70), Diana (13,54), Diane (14,10),<<strong>br</strong> />
Dora (14,31), E<strong>de</strong>n (14,41), Eileen (14,69), Ekaterina (15,09), Elizabeth<<strong>br</strong> />
(14,25), Elizabethann (12,46), Ella (15,30), Ellen (15,17), Emerald (13,17),<<strong>br</strong> />
Emily (14,17), Emma (15,23), Faith (13,39), Florence (14,83), Francesca<<strong>br</strong> />
(14,80), Frankie (12,52), Franziska (15,18), Ga<strong>br</strong>ielle (14,26), Gennifer<<strong>br</strong> />
(14,75), Ge<strong>org</strong>ia (14,82), Geraldine (11,83), Ginger (13,54), Grace (15,03),<<strong>br</strong> />
Gracie (13,81), Gretchen (14,91), Gwyneth (15,04), Haley (13,84), Halle<<strong>br</strong> />
(14,86), Hannah (14,44), Hilary (14,59), Hillary (13,94), Ilana (15,83), Ilene<<strong>br</strong> />
(13,59), Indigo (14,38), Isabel (15,31), Isabell (13,50), Ivy (13,43), Jac<strong>que</strong>lin<<strong>br</strong> />
(12,78), Jac<strong>que</strong>line (14,40), Ja<strong>de</strong> (13,04), Jamie (13,52), Jane (15,12), Janet<<strong>br</strong> />
(12,94), Jeanette (13,43), Jeannette (13,86), Jemma (15,04), Jennifer (13,77),<<strong>br</strong> />
Johanna (14,76), Jordan (13,85), Joyce (12,80), Juliet (14,96), Kailey (13,76),<<strong>br</strong> />
Kara (13,95), Karissa (13,05), Kate (15,23), Katelynne (12,65), Katherine<<strong>br</strong> />
(14,95), Kayla (12,96), Kelsey (14,17), Kendra (13,63), Kennedy (14,17),<<strong>br</strong> />
Kimia (15,66), Kylie (13,83), Laci (12,41), Ladonna (11,60), Lauren (14,58),<<strong>br</strong> />
Leah (14,30), Lenora (13,26), Lexington (13,44),<<strong>br</strong> />
______________________________<<strong>br</strong> />
* Com relação à adolescente chamada Temptress da p. 187, a julgar pela má posição ocupada<<strong>br</strong> />
por "Chastity" (castida<strong>de</strong>) na lista, é improvável <strong>que</strong> auferisse gran<strong>de</strong>s benefícios caso se<<strong>br</strong> />
chamsse Chastity.
Lexus (12,55), Liberty (13,36), Liesl (15,42), Lily (14,84), Linda (12,76),<<strong>br</strong> />
Lin<strong>de</strong>n (15,94), Lizabeth (13,42), Lizbeth (9,66), Lucia (13,59), Lucille<<strong>br</strong> />
(14,76), Lucy (15,01), Lydia (14,40), MacKenzie (14,44), Ma<strong>de</strong>line (15,12),<<strong>br</strong> />
Madison (14,13), Mandy (13,00), Mara (15,33), Margaret (15,14), Mariah<<strong>br</strong> />
(13,00), Mary (14,20), Matisse (15,36), Maya (15,26), Meadow (12,65), Megan<<strong>br</strong> />
(13,99), Melanie (13,90), Meredith (15,57), Michaela (14,13), Micheala<<strong>br</strong> />
(12,95), Millicent (14,61), Molly (14,84), Montana (13,70), Naomi (14,05),<<strong>br</strong> />
Nascem (15,23), Natalie (14,58), Nevada (14,61), Nicole (13,77), Nora<<strong>br</strong> />
(14,88), Olive (15,64), alivia (14,79), Paige (14,04), Paisley (13,84), Paris<<strong>br</strong> />
(13,71), Patience (11,80), Pearl (13,48), Penelope (14,53), Phoebe (15,18),<<strong>br</strong> />
Phoenix (13,28), Phyllis (11,93), Portia (15,03), Precious (11,30), Quinn<<strong>br</strong> />
(15,20), Rachel (14,51), Rachell (11,76), Rebecca (14,05), Renee (13,79),<<strong>br</strong> />
Rhiannon (13,16), Rikki (12,54), Ronnie (12,72), Rosalind (15,26), Ruby<<strong>br</strong> />
(14,26), Sa<strong>br</strong>ina (13,31), Sadie (13,69), Samantha (13,37), Sarah (14,16),<<strong>br</strong> />
Sasha (14,22), Sayeh (15,25), Scarlett (13,60), Selma (12,78), September<<strong>br</strong> />
(12,80), Shannon (14,11), Shayla (12,77), Shayna (14,00), Shelby (13,42),<<strong>br</strong> />
Sherri (12,32), Shira (15,60), Shirley (12,49), Simone (14,96), Siobhan<<strong>br</strong> />
(14,88), SkyIynn (12,61), Solveig (14,36), Sophie (15,45), Stacy (13,08),<<strong>br</strong> />
Stephanie (13,45), Stevie (12,67), Storm (12,31), Sunshine (12,03), Susan<<strong>br</strong> />
(13,73), Suzanne (14,37), Svetlana (11,65), Tabitha (12,49), Talia (15,27),<<strong>br</strong> />
Tallulah (14,88), Tatiana (14,42), Tatum (14,25), Taylor (13,65), Tess<<strong>br</strong> />
(14,83), Tia (12,93), Tiffany (12,49), Tracy (13,50), Trinity (12,60), Trudy<<strong>br</strong> />
(14,88), Vanessa (12,94), Venus (12,73), Veronica (13,83), Veroni<strong>que</strong><<strong>br</strong> />
(15,80), Violet (13,72), Whitney (13,79), Willow (13,83), Yael (15,55), Yasmine<<strong>br</strong> />
(14,10), Yvonne (13,02) e Zoe (15,03).<<strong>br</strong> />
ALGUNS NOMES DE MENINOS<<strong>br</strong> />
(anos <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> da mãe entre parênteses)<<strong>br</strong> />
Aaron (13,74), Ab<strong>de</strong>lrahman (14,08), Ace (12,39), Adam (14,07), Aidan<<strong>br</strong> />
(15,35), Alexan<strong>de</strong>r (14,49), Alistair (15,34), Andrew (14,19), Aristotle (14,20),<<strong>br</strong> />
Ashley (12,95), Atticus (14,97), Baylor (14,84), Bjorn (15,12), Blane (13,55),<<strong>br</strong> />
Blue (13,85), Brian (13,92), Buck (12,81), Bud (12,21), Buddy (11,95), Caleb<<strong>br</strong> />
(13,91), Callum (15,20), Carter (14,98), Chaim (14,63), Christ (11,50),<<strong>br</strong> />
Christian (13,55), Cly<strong>de</strong> (12,94), Cooper (14,96), Dakota (12,92), Daniel<<strong>br</strong> />
(14,01), Dashiell (15,26), David (13,77), Deniz (15,65), Dylan (13,58), Eamon<<strong>br</strong> />
(15,39), Elton (12,23), Emil (14,05), Eric (14,02), Finn (15,87), Forres(<<strong>br</strong> />
(13,75),
Franklin (13,55), Ga<strong>br</strong>iel (14,39), Gary (12,56), Giancarlo (15,05), Giuseppe<<strong>br</strong> />
(13,24), Graydon (15,51), Gustavo (11,68), Hashem (12,76), Hugh (14,60),<<strong>br</strong> />
Hugo (13,00), I<strong>de</strong>an (14,35), Indiana (13,80), Isaiah (13,12), Jackson (15,22),<<strong>br</strong> />
Jacob (13,76), Jagger (13,27), Jamieson (15,13), Jedidiah (14,06), Jeffrey<<strong>br</strong> />
(13,88), Jeremy (13,46), Jesus (8,71), Jihad (11,60), Johan (15,11), John-Paul<<strong>br</strong> />
(14,22), Jonathan (13,86), Jordan (13,73), J<strong>org</strong>e (10,49), Joshua (13,49), Josiah<<strong>br</strong> />
(13,98), Jules (15,48), Justice (12,45), Kai (14,85), Keanu (13,17), Keller<<strong>br</strong> />
(15,07), Kevin (14,03), Kieron (14,00), Kobe (13,12), Kramer (14,80), Kurt<<strong>br</strong> />
(14,33), Lachlan (15,60), Lars (15,09), Leo (14,76), Lev (14,35), Lincoln<<strong>br</strong> />
(14,87), Lonny (11,93), Luca (13,56), Malcolm (14,80), Marvin (11,86), Max<<strong>br</strong> />
(14,93), Maximilian (15,17), Michael (13,66), Michelangelo (15,58), Miro<<strong>br</strong> />
(15,00), Mohammad (12,45), Moises (9,69), Moses (13,11), Moshe (14,41),<<strong>br</strong> />
Muhammad (13,21), Mustafa (13,85), Nathaniel (14,13), Nicholas (14,02),<<strong>br</strong> />
Noah (14,45), Norman (12,90), Oliver (15,14), Otlando (12,72), Otto (13,73),<<strong>br</strong> />
Parker (14,69), Parsa (15,22), Patrick (14,25), Paul (14,13), Peter (15,00), Philip<<strong>br</strong> />
(14,82), Philippe (15,61), Phoenix (13,08), Presley (12,68), Quentin<<strong>br</strong> />
(13,84), Ralph (13,45), Raphael (14,63), Reagan (14,92), Rex (13,77), Rexford<<strong>br</strong> />
(14,89), Rocco (13,68), Rocky (11,47), Roland (13,95), Romain (15,69), Royce<<strong>br</strong> />
(13,73), Russell (13,68), Ryan (14,04), Sage (13,63), Saleh (10,15), Satchel<<strong>br</strong> />
(15,52), Schuyler (14,73), Sean (14,12), Sequoia (13,15), Sergei (14,28), Sergio<<strong>br</strong> />
(11,92), Shawn (12,72), Shelby (12,88), Simon (14,74), Slater (14,62), Solomon<<strong>br</strong> />
(14,20), Spencer (14,53), Stephen (14,01), Stetson (12,90), Steven<<strong>br</strong> />
(13,31), Tanner (13,82), Tariq (13,16), Tennyson (15,63), Terence (14,36),<<strong>br</strong> />
Terry (12,16), Thad<strong>de</strong>us (14,56), Theodore (14,61), Thomas (14,08), Timothy<<strong>br</strong> />
(13,58), Toby (13,24), Trace (14,09), Trevor (13,89), Tristan (13,95),<<strong>br</strong> />
Troy (13,52), Ulysses (14,25), Uriel (15,00), Valentino (12,25), Virgil (11,87),<<strong>br</strong> />
Vladimir (13,37), Walker (14,75), Whitney (15,58) , Willem (15,38), William<<strong>br</strong> />
(14,17), Willie (12,12), Winston (15,07), Xavier (13,37), Yasser (14,25), Zachary<<strong>br</strong> />
(14,02), Zachory (11,92), Zane (13,93) e Zebulon (15,00).<<strong>br</strong> />
205 OS NOMES MAIS POPULARES PARA MENINAS, 1960 E 2000: o banco<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> nomes da Califórnia foi criado em 1961, mas a diferença ano a<<strong>br</strong> />
ano é insignificante.<<strong>br</strong> />
207 SHIRLEY TEMPLE É UM SINTOMA, NÃO UMA CAUSA: vi<strong>de</strong> A Matter<<strong>br</strong> />
of Taste: How Numes, Fashions, and Culture Change, <strong>de</strong> Stanley<<strong>br</strong> />
Lieberson (New Haven, Conn.: Vale University Press, 2000).<<strong>br</strong> />
Sociólogo <strong>de</strong> Harvard, Lieberson é o renomado mestre do<<strong>br</strong> />
es<strong>tudo</strong> acadêmico dos nomes (entre outros). A Matter of Taste,<<strong>br</strong> />
por exemplo,
conta em <strong>de</strong>talhes como, a partir <strong>de</strong> 1960, são as famílias judias<<strong>br</strong> />
americanas <strong>que</strong> primeiro introduzem muitos nomes femininos<<strong>br</strong> />
(Amy, Danielle, Erica, Jennifer, Jessica, Melissa, Rachel, Rebecca,<<strong>br</strong> />
Sarah, Stacy, Stephanie, Tracy), enquanto apenas um punhado <strong>de</strong>les<<strong>br</strong> />
(Ashley, Kelly e Kimberly) surgiu em famílias não-judias. Outra<<strong>br</strong> />
boa abordagem <strong>de</strong> como são escolhidos os nomes po<strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />
encontrada em " Where Have All the Lisas Cone? " , <strong>de</strong> Peggy<<strong>br</strong> />
Orenstein, The New York Times Magazine, 6 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2003. Vale<<strong>br</strong> />
a pena, ainda <strong>que</strong> apenas por curiosida<strong>de</strong>, ver The Sweetest Sound<<strong>br</strong> />
(2001), o documentário <strong>de</strong> Alan Berliner so<strong>br</strong>e nomes.<<strong>br</strong> />
207 NOMES DE MENINOS SE TORNAM NOMES DE MENINAS (MAS NÃO<<strong>br</strong> />
O CONTRÁRIO): Tal observação foi retirada do trabalho <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Cleveland Kent Evans, psicólogo e onomatólogo na<<strong>br</strong> />
Universida<strong>de</strong> Bellevue em Bellevue, Ne<strong>br</strong>asca. Uma amostra do<<strong>br</strong> />
trabalho <strong>de</strong> Evans po<strong>de</strong> ser vista em aca<strong>de</strong>mic.bellevue.edu/-<<strong>br</strong> />
CKEvans/cevans.html. Vi<strong>de</strong>, ainda, Unusual & Most Popular Baby<<strong>br</strong> />
Numes, <strong>de</strong> Cleveland Kent Evans (Lincolnwood, Illinois:<<strong>br</strong> />
Publications International/Signet, 1994) e The Ultimate Baby<<strong>br</strong> />
Name Book, <strong>de</strong> Cleveland Kent Evans (Lincolnwood, Illinois:<<strong>br</strong> />
Publications International/Plume, 1997).<<strong>br</strong> />
EPÍLOGO: DOIS CAMINHOS PARA HARVARD<<strong>br</strong> />
212 O MENINO BRANCO QUE CRESCEU NOS ARREDORES DE CHICAGO:<<strong>br</strong> />
este trecho, bem como o anterior so<strong>br</strong>e o mesmo menino (p. 160), foi<<strong>br</strong> />
tirado <strong>de</strong> entrevistas do autor e <strong>de</strong> " Truth Versus Lies " , manuscrito não<<strong>br</strong> />
publicado <strong>de</strong> Ted Kaczynski, 1998. Vi<strong>de</strong>, ainda, "I Don ' t Want to Live<<strong>br</strong> />
Long. I Would Rather Get the Death Penalty than Spend the Rest of<<strong>br</strong> />
My Life in Prison", <strong>de</strong> Stephen J. Dubner, Time, 18 <strong>de</strong> outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1999.<<strong>br</strong> />
212 O MENINO NEGRO DE DAYTONA BEACH: este trecho, bem como<<strong>br</strong> />
o anterior so<strong>br</strong>e o mesmo menino (p. 160-61) foi tirado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
entrevistas do autor com Roland G. Fryer Jr.
AGRADECIMENTOS<<strong>br</strong> />
Gostaríamos <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer a duas pessoas <strong>que</strong> contribuíram para<<strong>br</strong> />
a elaboração <strong>de</strong>ste livro: Claire Wachtel, da William Morrow, e<<strong>br</strong> />
Suzanne Gluck, da William Morris. Este é o terceiro livro<<strong>br</strong> />
escrito por Stephen Dubner sob os auspícios das duas, <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
continuam a lhe inspirar gratidão e, algumas vezes, pasmo.<<strong>br</strong> />
Para Steven Levitt, este livro é o primeiro nessas circunstâncias,<<strong>br</strong> />
e ele se <strong>de</strong>clara <strong>de</strong>vidamente impressionado. Agra<strong>de</strong>cemos<<strong>br</strong> />
muito aos colegas talentosos e <strong>que</strong> nos <strong>de</strong>ram apoio, tanto na<<strong>br</strong> />
William Morrow quanto na William Morris: Michael<<strong>br</strong> />
Morrison, Cathy Hemming, Lisa Gallagher, Debbie Stier, Dee<<strong>br</strong> />
Dee De Bartlo, Ge<strong>org</strong>e Bick, Brian McSharry, Jennifer<<strong>br</strong> />
Pooley, Kevin Callahan, Trent Duffy e vários outros na<<strong>br</strong> />
William Morrow; Tracy Fisher, Karen Gerwin, Erin Malone,<<strong>br</strong> />
Candace Finn, Andi McNichol, e vários outros na William<<strong>br</strong> />
Morris. Também <strong>que</strong>re-mos agra<strong>de</strong>cer a muitos personagens<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ste livro (principalmente a Stetson Kennedy, Paul Feldman,<<strong>br</strong> />
Sudhir Venkatesh, Arne Duncan e Roland Fryer) pelo tempo e<<strong>br</strong> />
atenção <strong>que</strong> nos <strong>de</strong>dicaram. Igualmente somos gratos aos<<strong>br</strong> />
amigos e colegas <strong>que</strong> ajudaram a aperfeiçoar o manuscrito,<<strong>br</strong> />
incluídos aí Melanie Thernstrom, Lisa Chase e Colin Camerer,<<strong>br</strong> />
sem es<strong>que</strong>cer Linda Jines, <strong>que</strong> concebeu o título: bom<<strong>br</strong> />
trabalho.
AGRADECIMENTOS PESSOAIS<<strong>br</strong> />
Devo muito aos meus vários co-autores e colegas, cujas fantásticas<<strong>br</strong> />
idéias recheiam este livro, e a todos os indivíduos generosos <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
me ensinaram <strong>tudo</strong> o <strong>que</strong> sei so<strong>br</strong>e economia e so<strong>br</strong>e a vida. Sou<<strong>br</strong> />
particularmente grato à Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago, <strong>que</strong> me fornece o<<strong>br</strong> />
campo i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> pesquisa em sua Initiative on Chicago Price Theory, e<<strong>br</strong> />
a American Bar Foundation pelo apoio e acolhida como mem<strong>br</strong>o.<<strong>br</strong> />
Minha mulher, Jeanette, e nossos filhos, Amanda, Olivia, Ni-cholas<<strong>br</strong> />
e Sophie fazem <strong>de</strong> cada dia uma alegria, embora sintamos imensa<<strong>br</strong> />
falta <strong>de</strong> Andrew. Agra<strong>de</strong>ço a meus pais, <strong>que</strong> me mostraram <strong>que</strong> não<<strong>br</strong> />
há mal em ser diferente. Acima <strong>de</strong> <strong>tudo</strong>, <strong>que</strong>ro agra<strong>de</strong>cer ao meu<<strong>br</strong> />
amigo e co-autor Stephen Dubner, <strong>que</strong> é um autor <strong>br</strong>ilhante e um<<strong>br</strong> />
gênio criativo.<<strong>br</strong> />
- S.D.L.<<strong>br</strong> />
Todos os livros <strong>que</strong> escrevi <strong>de</strong>ram frutos ou, no mínimo,<<strong>br</strong> />
chegaram às páginas da The New York Times Magazine. Este não é<<strong>br</strong> />
exceção. Por esse motivo agra<strong>de</strong>ço a Hugo Lindgren, Adam Moss<<strong>br</strong> />
e Gerry Marzorati. Agra<strong>de</strong>ço, igualmente, a Vera Titunik e a Paul<<strong>br</strong> />
Tough por convidarem o Homem das Broas para aparecer na The<<strong>br</strong> />
New York Times. Sou imensamente grato a Steven Levitt, <strong>que</strong> é tão<<strong>br</strong> />
sábio e inteligente, e até mesmo gentil, a ponto <strong>de</strong> me <strong>de</strong>ixar<<strong>br</strong> />
arrependido - isto é, quase arrependido - por não ser um<<strong>br</strong> />
economista. Agora sei por <strong>que</strong> a meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses profissionais sonha<<strong>br</strong> />
em ter um escritório ao <strong>lado</strong> do <strong>de</strong> Levitt. Finalmente, como<<strong>br</strong> />
sempre, minha gratidão e amor vão para Ellen, Solomon e Anya. A<<strong>br</strong> />
gente se vê no jantar.<<strong>br</strong> />
- S.J.D.
ÍNDICE<<strong>br</strong> />
Abdul-Jabbar, Kareem, 175<<strong>br</strong> />
aborto, 127<<strong>br</strong> />
a oposição ao, 17-18, 153-157<<strong>br</strong> />
as estatísticas so<strong>br</strong>e o, 150-151, 153-<<strong>br</strong> />
155, 157<<strong>br</strong> />
as <strong>que</strong>stões morais e o, 153-157 como<<strong>br</strong> />
método <strong>de</strong> controle da natalida<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
130<<strong>br</strong> />
ilegal, 18, 129-131, 148-149<<strong>br</strong> />
índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> e o, 17-18, 24,<<strong>br</strong> />
25, 149-157<<strong>br</strong> />
legalização do, 17-18, 24-25, 129-130, 149-<<strong>br</strong> />
155, 221-222 administradores, 37<<strong>br</strong> />
adoção, 17, 18, 168, 181-182, 185-186, 190-<<strong>br</strong> />
191<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> estrangeiros, 151-152, 159-160<<strong>br</strong> />
afogamento em piscinas, IX, 160, 153-154,<<strong>br</strong> />
155, 156<<strong>br</strong> />
afro-americanos<<strong>br</strong> />
a cultura negra e a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> dos,<<strong>br</strong> />
XI, 193, 198<<strong>br</strong> />
a diferença <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong> vida entre os<<strong>br</strong> />
americanos <strong>br</strong>ancos e os, 125-126,<<strong>br</strong> />
174-175, 198<<strong>br</strong> />
a mortalida<strong>de</strong> infantil entre os, 74, 125<<strong>br</strong> />
a renda dos, 174, 198<<strong>br</strong> />
como participantes <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
programa <strong>de</strong> tevê, 90-91<<strong>br</strong> />
índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> e os, 133-<<strong>br</strong> />
134, 147 nas gangues <strong>de</strong> ma, 106-<<strong>br</strong> />
126<<strong>br</strong> />
o "comportamento <strong>br</strong>anco" dos, 174,<<strong>br</strong> />
198, 200-201<<strong>br</strong> />
os nomes dados aos filhos dos, 193, 195-<<strong>br</strong> />
205, 214-215<<strong>br</strong> />
Ver os movimentos pelos direitos<<strong>br</strong> />
civis; linchamentos; racismo<<strong>br</strong> />
Alcindor, Lew, 175<<strong>br</strong> />
algoritmos, 29, 41, 46, 48-49<<strong>br</strong> />
alunos<<strong>br</strong> />
a promoção social dos, 38<<strong>br</strong> />
a trapaça por parte dos, 37, 39, 40<<strong>br</strong> />
avaliação escolar, IX, 29, 37-50,<<strong>br</strong> />
125, 173-175<<strong>br</strong> />
avaliando o <strong>de</strong>sempenho acadêmico<<strong>br</strong> />
dos, 175-191<<strong>br</strong> />
hispânicos, 185<<strong>br</strong> />
incentivos escolares dos, 38<<strong>br</strong> />
minorias, 171-184<<strong>br</strong> />
negros vs. <strong>br</strong>ancos, 125, 174-175,<<strong>br</strong> />
178-180, 181<<strong>br</strong> />
amamentação, 161
análise <strong>de</strong> regressão, 176-178<<strong>br</strong> />
Anel <strong>de</strong> Gyges, O (Platão), 63<<strong>br</strong> />
angioplastia, 83<<strong>br</strong> />
anticatolicismo, 69, 71<<strong>br</strong> />
anticomunismo, 69, 71<<strong>br</strong> />
anti-semitismo, 69, 71<<strong>br</strong> />
apostas, 51, 97<<strong>br</strong> />
Ariely, Dan, 93<<strong>br</strong> />
armas <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição em massa, 103,<<strong>br</strong> />
162-163<<strong>br</strong> />
armas<<strong>br</strong> />
as drogas e as, 104, 107, 108, 118-<<strong>br</strong> />
119 as mortes em piscinas vs mortes<<strong>br</strong> />
por<<strong>br</strong> />
armas <strong>de</strong> fogo, IX, 160, 163-164,<<strong>br</strong> />
165, 166<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>finição <strong>de</strong>, 143<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>volução remunerada <strong>de</strong>, 132, 145<<strong>br</strong> />
oferta <strong>de</strong>, 15, 142-146, 160, 163-<<strong>br</strong> />
164 os homicídios e as, 143, 145<<strong>br</strong> />
posse ilegal <strong>de</strong>, 145<<strong>br</strong> />
assalto, 15<<strong>br</strong> />
assassinato. Ver homicídio<<strong>br</strong> />
Associação <strong>de</strong> Benefícios por Morte, 75<<strong>br</strong> />
Associação <strong>de</strong> Pais e Mestres (PTA),<<strong>br</strong> />
180 182, 186, 189<<strong>br</strong> />
Associação Japonesa <strong>de</strong> Sumô, 55<<strong>br</strong> />
ata<strong>que</strong>s terroristas <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> setem<strong>br</strong>o,<<strong>br</strong> />
61, 95<<strong>br</strong> />
auto-estima, 102<<strong>br</strong> />
automóveis<<strong>br</strong> />
a segurança dos, 83, 164-165<<strong>br</strong> />
aci<strong>de</strong>ntes aéreos fatais vs aci<strong>de</strong>ntes<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>, 165<<strong>br</strong> />
airbags nos, 167<<strong>br</strong> />
ca<strong>de</strong>irinhas <strong>de</strong> crianças nos, 167<<strong>br</strong> />
redução <strong>de</strong> valor dos, 79, 80, 83, 88<<strong>br</strong> />
roubo <strong>de</strong>, 15, 16, 133<<strong>br</strong> />
seguros <strong>de</strong>, 78<<strong>br</strong> />
venda e revenda <strong>de</strong>, 79, 80, 83, 88<<strong>br</strong> />
vistoria dos, 10-11<<strong>br</strong> />
avaliação escolar<<strong>br</strong> />
a trapaça dos professores para<<strong>br</strong> />
alcançar o padrão<<strong>br</strong> />
exigido nas provas, 29, 37-49, 57<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> crianças adotadas, 185-186,<<strong>br</strong> />
190-191<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> crianças negras x crianças<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ancas, 125, 174-175, 178-180,<<strong>br</strong> />
181<<strong>br</strong> />
meninos versas meninas, 181<<strong>br</strong> />
múltipla escolha, 38, 49-50<<strong>br</strong> />
os dados da, 40-46, 52, 175-191 os<<strong>br</strong> />
fatores familiares e a, 180-191 os<<strong>br</strong> />
provões, 20, 37-49,<<strong>br</strong> />
retestagem, 38-39<<strong>br</strong> />
Aventuras do Super-Homem, As,<<strong>br</strong> />
76-77<<strong>br</strong> />
Babywise (Ezzo), 162<<strong>br</strong> />
bas<strong>que</strong>te, 32, 49-50, 51, 198<<strong>br</strong> />
Becker, Gary, 134, 159<<strong>br</strong> />
beisebol, 51<<strong>br</strong> />
bíblia, 206<<strong>br</strong> />
Black Gangster Disciple Nation,<<strong>br</strong> />
106-121, 122, 123-124, 136<<strong>br</strong> />
Blackmun, Harry A., 137, 149<<strong>br</strong> />
Blagojevich, Rod, 188<<strong>br</strong> />
Blandon, Oscar Danilo, 25, 122,<<strong>br</strong> />
126<<strong>br</strong> />
Blank Slate (Pinker), 169<<strong>br</strong> />
Bledsoe, Tempestt, 197<<strong>br</strong> />
Blodget, Henry, 81<<strong>br</strong> />
Bloomberg, Michael, 21<<strong>br</strong> />
Booty (mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> gangue), 100-110,<<strong>br</strong> />
120<<strong>br</strong> />
Boston Tea Party, 35<<strong>br</strong> />
Bouza, Anthony V., 154<<strong>br</strong> />
Bran<strong>de</strong>is, Louis D., 79<<strong>br</strong> />
Brando, Marlon, 51<<strong>br</strong> />
Bratton, William, 139-142<<strong>br</strong> />
Brazelton, T. Berry, 162<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>oas, compra <strong>de</strong>, 36, 57-63<<strong>br</strong> />
Brown vs. Conselho <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Topeka, 172, 179, 245<<strong>br</strong> />
Bureau Americano <strong>de</strong> Estatísticas do<<strong>br</strong> />
Trabalho, 116, 233
Bureau <strong>de</strong> Estatísticas do Trabalho dos<<strong>br</strong> />
Estados Unidos, 115-116, 233 Bush,<<strong>br</strong> />
Ge<strong>org</strong>e W., 38<<strong>br</strong> />
caixinha <strong>de</strong> gorjetas, 37<<strong>br</strong> />
caixões, compra <strong>de</strong>, 81, 83<<strong>br</strong> />
cálculos, VIII, 200<<strong>br</strong> />
Câmara <strong>de</strong> Deputados dos Estados<<strong>br</strong> />
Unidos, 24<<strong>br</strong> />
Camerer, Colin F., 65<<strong>br</strong> />
campanha antitabagista, 33<<strong>br</strong> />
campeonato mundial, 51, 135<<strong>br</strong> />
capitalismo, 27, 80, 115<<strong>br</strong> />
Ceausescu, Elena, 129-130<<strong>br</strong> />
Ceausescu, Nicolae, 129-131<<strong>br</strong> />
Cerveja na Praia (Thaler), es<strong>tudo</strong>, 59<<strong>br</strong> />
Chesterton, G.K., 154<<strong>br</strong> />
Chicago Sun-Times, 160<<strong>br</strong> />
Chicago White Sox, <strong>de</strong> 1919, 51<<strong>br</strong> />
chicletes, 24<<strong>br</strong> />
CIA, IX, 122<<strong>br</strong> />
ciência política, 7<<strong>br</strong> />
ciência social, 65, 105<<strong>br</strong> />
clima, 61<<strong>br</strong> />
Clinton, Bill, 17, 99<<strong>br</strong> />
Clube dos Correspon<strong>de</strong>ntes<<strong>br</strong> />
Estrangeiros(Tóquio), 56<<strong>br</strong> />
Colapso da União Soviética, 131<<strong>br</strong> />
concursos <strong>de</strong> beleza, 51<<strong>br</strong> />
condição <strong>de</strong> sem-teto, 102, 104<<strong>br</strong> />
fones <strong>de</strong> ouvido caros e a, VII, IX<<strong>br</strong> />
Congresso americano, 23-24, 68, 102<<strong>br</strong> />
Ver Câmara e Senado dos EUA<<strong>br</strong> />
Conley, Dalton, 203<<strong>br</strong> />
contando histórias, IX, 22, 26<<strong>br</strong> />
contracepção, 130<<strong>br</strong> />
controle so<strong>br</strong>e armas, 16, 18, 25,<<strong>br</strong> />
132, 142, 144-146, 152<<strong>br</strong> />
corretores <strong>de</strong> imóveis, 24, 78, 84-89,<<strong>br</strong> />
97, 101<<strong>br</strong> />
a venda das próprias casas pelos, 20,<<strong>br</strong> />
84-89<<strong>br</strong> />
as comissões dos, 20-21, 84<<strong>br</strong> />
o interesse dos clientes e os, 20<<strong>br</strong> />
os incentivos dos, 19, 20-21, 25-26,<<strong>br</strong> />
85<<strong>br</strong> />
termos empregados pelos, 86-89<<strong>br</strong> />
Corzine, Jon, 21<<strong>br</strong> />
Cosby, Bill, 245<<strong>br</strong> />
crack <strong>de</strong> cocaína, 15, 25, 104-106, 108,<<strong>br</strong> />
111, 112, 115-117, 119, 120-126<<strong>br</strong> />
apelidos para o, 121, 233-234<<strong>br</strong> />
mudanças no mercado do, 131-132,<<strong>br</strong> />
142, 146-147<<strong>br</strong> />
creches, 35, 36, 57<<strong>br</strong> />
multas para atraso na saída, 31, 35<<strong>br</strong> />
Crédit Suisse First Boston, 81<<strong>br</strong> />
crianças/filhos<<strong>br</strong> />
a educação das, 171-191<<strong>br</strong> />
a morte <strong>de</strong>, IX, 159-160<<strong>br</strong> />
abandono <strong>de</strong>, 125, 170, 222<<strong>br</strong> />
adoção <strong>de</strong>, 17, 18, 151, 159-160,<<strong>br</strong> />
168, 182, 185, 190-191<<strong>br</strong> />
ambiente familiar e os, 18, 167-171,<<strong>br</strong> />
176, 178, 180-181<<strong>br</strong> />
carentes, 48, 184, 203<<strong>br</strong> />
dando nomes aos, IX, 193, 195-220<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, 37<<strong>br</strong> />
in<strong>de</strong>sejadas/os, 168<<strong>br</strong> />
influência dos pais so<strong>br</strong>e os,<<strong>br</strong> />
168-170, 180-191<<strong>br</strong> />
leitura feita pelas e para as, 170,<<strong>br</strong> />
176, 178, 181, 182, 187-189<<strong>br</strong> />
nas creches, 31, 34-37, 57<<strong>br</strong> />
natureza vs. criação dos, 168-171,<<strong>br</strong> />
190-191<<strong>br</strong> />
negligência e abuso com as, 168,<<strong>br</strong> />
170<<strong>br</strong> />
personalida<strong>de</strong> das/dos, 168, 170,<<strong>br</strong> />
171, 183<<strong>br</strong> />
peso baixo no nascimento das, 125,<<strong>br</strong> />
182, 184, 189<<strong>br</strong> />
punição dos, 136, 161, 168, 176, 181<<strong>br</strong> />
QI das, 182-183, 185, 190<<strong>br</strong> />
rurais vs. urbanas e suburbanas,<<strong>br</strong> />
180-181
saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong>senvolvimento das,<<strong>br</strong> />
161-163<<strong>br</strong> />
segurança das, IX, 160, 163-168<<strong>br</strong> />
teorias conflitantes quanto à criação<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>, 161-163, 168-169<<strong>br</strong> />
ver alunos<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
aborto e a, 17-18, 24, 25, 149-<<strong>br</strong> />
154, 157<<strong>br</strong> />
adolescente, 15-16<<strong>br</strong> />
afro-americanos e a, 134, 147<<strong>br</strong> />
aumento dos índices da, 15-16,<<strong>br</strong> />
126, 131, 134, 138<<strong>br</strong> />
corporativa, 58, 59, 81-82<<strong>br</strong> />
crimes contra a proprieda<strong>de</strong>, 141<<strong>br</strong> />
crimes <strong>de</strong> rua, IX, 58-59, 104-126,<<strong>br</strong> />
crimes do colarinho <strong>br</strong>anco, 58-63,<<strong>br</strong> />
81-83<<strong>br</strong> />
crimes não <strong>de</strong>nunciados, 103<<strong>br</strong> />
crimes violentos, 15-16, 22, 25, 34-<<strong>br</strong> />
35, 59, 104, 106, 109-110,125-126,<<strong>br</strong> />
130-131, 133, 141, 146-147<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>litos menores, 140<<strong>br</strong> />
incentivos para a, 116-117, 124,<<strong>br</strong> />
133-134, 138-139<<strong>br</strong> />
informações so<strong>br</strong>e a, 81-83<<strong>br</strong> />
inibindo a, 33-35, 59, 127, 134,<<strong>br</strong> />
137-139, 144<<strong>br</strong> />
previsões so<strong>br</strong>e a, 15-17, 126, 131-132,<<strong>br</strong> />
147-148<<strong>br</strong> />
relacionada às drogas, 104-126, 134,<<strong>br</strong> />
146-147<<strong>br</strong> />
teoria da janela <strong>que</strong><strong>br</strong>ada e a, 140<<strong>br</strong> />
Ver traficantes <strong>de</strong> drogas: crimes<<strong>br</strong> />
específicos<<strong>br</strong> />
vítimas da, 59, 103, 125-126<<strong>br</strong> />
criminologistas, 16, 19, 26, 59, 126,<<strong>br</strong> />
131, 135, 148<<strong>br</strong> />
currículos, 202-203<<strong>br</strong> />
dados<<strong>br</strong> />
ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>, 204 das<<strong>br</strong> />
provas, 40-46<<strong>br</strong> />
dos esportes, 50-57<<strong>br</strong> />
padrões dos, 24-25<<strong>br</strong> />
pa<strong>que</strong>ra na lnternet, 92-96<<strong>br</strong> />
programas <strong>de</strong> tevê, 90-92<<strong>br</strong> />
registro dos, IX, 24, 58-62, 82,<<strong>br</strong> />
110-116, 120<<strong>br</strong> />
seleção dos, 105<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e a educação na primeira<<strong>br</strong> />
infância, 175-191, 199, 205 Ver<<strong>br</strong> />
informação<<strong>br</strong> />
Danielovitch, Issur, 204<<strong>br</strong> />
Dean, Howard, 21, 24<<strong>br</strong> />
Declaração <strong>de</strong> In<strong>de</strong>pendência, 70<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>flação, VIII<<strong>br</strong> />
Departamento <strong>de</strong> Educação<<strong>br</strong> />
Americano, 175<<strong>br</strong> />
Departamento <strong>de</strong> Justiça dos Estados<<strong>br</strong> />
Unidos, 112<<strong>br</strong> />
Departamento <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> Nova<<strong>br</strong> />
York (NYPD), 139-142, 196<<strong>br</strong> />
Dilulio, John J. Jr., 135<<strong>br</strong> />
dinheiro<<strong>br</strong> />
a lavagem <strong>de</strong>, IX<<strong>br</strong> />
a política e o, 21-24, 25<<strong>br</strong> />
extorsão, 59<<strong>br</strong> />
no banco e investido, 25<<strong>br</strong> />
o roubo <strong>de</strong>, 59, 60-61<<strong>br</strong> />
o tráfico <strong>de</strong> drogas e o, IX, 24, 104-<<strong>br</strong> />
105, 111-115, 116, 118, 119, 124<<strong>br</strong> />
subornos em, 55, 56<<strong>br</strong> />
Dinkins, David, 97, 141<<strong>br</strong> />
direitos das mulheres, 104<<strong>br</strong> />
diretores <strong>de</strong> agências funerárias, 81, 83,<<strong>br</strong> />
88<<strong>br</strong> />
discriminação, 89-92<<strong>br</strong> />
baseada em informações, 92<<strong>br</strong> />
baseada no gosto pessoal, 92,<<strong>br</strong> />
93-97<<strong>br</strong> />
ética e religiosa, 69, 71-72, 92<<strong>br</strong> />
percepção e análise, 65,<<strong>br</strong> />
90-92<<strong>br</strong> />
por ida<strong>de</strong>, 90, 91-92
acial, 24, 63, 66-78, 90, 91, 92,<<strong>br</strong> />
96-97, 125, 171-175, 180, 203<<strong>br</strong> />
sexual, 90, 91, 92<<strong>br</strong> />
ultrapassada, 90-91<<strong>br</strong> />
doadores <strong>de</strong> sangue, 36<<strong>br</strong> />
doença coronariana, 83, 165-166<<strong>br</strong> />
Donohue, John, 85, 127<<strong>br</strong> />
Douglas, Kirk, 204<<strong>br</strong> />
drogas<<strong>br</strong> />
morando com suas mães, IX, 105,<<strong>br</strong> />
114, 120<<strong>br</strong> />
nos esportes, IX, 37, 51, 56, 121<<strong>br</strong> />
o homicídio e as, 109-110, 113, 116,<<strong>br</strong> />
119, 125, 147<<strong>br</strong> />
os incentivos dos, 116-117, 124<<strong>br</strong> />
os riscos a <strong>que</strong> se expõem os, 108,<<strong>br</strong> />
109, 113, 115-116, 118-120,<<strong>br</strong> />
113-126, 147<<strong>br</strong> />
Ver crack <strong>de</strong> cocaína; traficantes <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
drogas; heroína 106<<strong>br</strong> />
Duggan, W. Dennis, 196-197<<strong>br</strong> />
Duke, David, 78, 97<<strong>br</strong> />
Duncan, Arne, 47-48<<strong>br</strong> />
DuPont, 121, 233<<strong>br</strong> />
Dymally, Mervyn, 246<<strong>br</strong> />
econometria, VIII<<strong>br</strong> />
economia<<strong>br</strong> />
a ciência da mensuração e a, 25, 40 a<<strong>br</strong> />
cultura negra e a, IX, 193, 198-199<<strong>br</strong> />
as ferramentas da, IX, 26, 40, 65,<<strong>br</strong> />
175-178<<strong>br</strong> />
clássica, 27<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>finições <strong>de</strong>, IX, 25, 32, 40<<strong>br</strong> />
economia<<strong>br</strong> />
o moralismo e a, 25, 62, 222 os<<strong>br</strong> />
incentivos e a, 19-21, 31-33,<<strong>br</strong> />
34-36, 40, 83<<strong>br</strong> />
uma abordagem heterodoxa da,<<strong>br</strong> />
VII-X, 25-27, 65, 127-128 ver<<strong>br</strong> />
dinheiro<<strong>br</strong> />
economia<<strong>br</strong> />
global, 16<<strong>br</strong> />
a força da, VII-IX, 18, 25<<strong>br</strong> />
dos anos 90, 16-17, 22, 25, 133<<strong>br</strong> />
economistas, 59, 62-63, 65, 93, 105,<<strong>br</strong> />
110-111, 127-128, 132, 155, 176,<<strong>br</strong> />
193<<strong>br</strong> />
educação sexual, 130<<strong>br</strong> />
educação, 171-191<<strong>br</strong> />
dada pelos pais, 209-213<<strong>br</strong> />
na primeira infância, 175-191, 199,<<strong>br</strong> />
205<<strong>br</strong> />
ver escolas: provas<<strong>br</strong> />
Eisner, Manuel, 34<<strong>br</strong> />
eleições<<strong>br</strong> />
a raça e as, 96-97<<strong>br</strong> />
charme do candidato nas, 23-24<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 1948, 89<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 1989, 97<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 1990, 97<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 2000, 99<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 2004, 103<<strong>br</strong> />
gastos <strong>de</strong> campanha nas, 21-24, 25<<strong>br</strong> />
emprego, 25<<strong>br</strong> />
entrevistas <strong>de</strong>, 203<<strong>br</strong> />
perda do, 33, 133<<strong>br</strong> />
remuneração no, 17<<strong>br</strong> />
emprego, 17, 25, 33, 133<<strong>br</strong> />
Enron, 59, 81, 82<<strong>br</strong> />
Erlich, Isaac, 136<<strong>br</strong> />
escândalos corporativos, 58, 59, 81-83<<strong>br</strong> />
escândalos sexuais, 56<<strong>br</strong> />
escolas, 171-191<<strong>br</strong> />
a qualida<strong>de</strong> das, 171, 179-180<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ssegregação das, 171-174, 179<<strong>br</strong> />
escolha <strong>de</strong>, 171-174, 177, 205<<strong>br</strong> />
ver alunos; notas<<strong>br</strong> />
especialistas<<strong>br</strong> />
a mídia e os, 102-104<<strong>br</strong> />
as previsões dos, 15-16, 126, 131,<<strong>br</strong> />
132, 147-148<<strong>br</strong> />
em criação <strong>de</strong> filhos, 161-163,<<strong>br</strong> />
168-170,189-190
exploração e abuso por parte dos,<<strong>br</strong> />
80-91<<strong>br</strong> />
informação dos, 80-89, 102-105<<strong>br</strong> />
O interesse pessoal dos, 131-132,<<strong>br</strong> />
133, 162-163<<strong>br</strong> />
o senso comum e os, 102-104<<strong>br</strong> />
os incentivos dos, 18-21, 25-27,<<strong>br</strong> />
104<<strong>br</strong> />
redução do abismo entre a opinião<<strong>br</strong> />
pública e os, 80-81, 88-89<<strong>br</strong> />
esportes<<strong>br</strong> />
a trapaça nos, 25, 36, 50-57<<strong>br</strong> />
as apostas nos, 51<<strong>br</strong> />
as drogas nos, IX, 37, 51, 56, 121<<strong>br</strong> />
entregando a vitória nos, 51-57<<strong>br</strong> />
os incentivos nos, 52-53, 55<<strong>br</strong> />
os juízes do, 51, 55<<strong>br</strong> />
estouro <strong>de</strong> sindicatos, 69,75<<strong>br</strong> />
Es<strong>tudo</strong> Longitudinal da Primeira<<strong>br</strong> />
Infância (ECLS), 175-191, 199, 205<<strong>br</strong> />
es<strong>tudo</strong>s so<strong>br</strong>e gêmeos, 168<<strong>br</strong> />
estupro, 15, 70, 104, 133, 152, 232<<strong>br</strong> />
Exército Confe<strong>de</strong>rado, 67, 70, 76<<strong>br</strong> />
Exxon Val<strong>de</strong>z, 155<<strong>br</strong> />
Ezzo, Gary, 161, 162<<strong>br</strong> />
FDA (Food and Drug<<strong>br</strong> />
Administration), 81<<strong>br</strong> />
Feldman, Paul, 57-63, 82, 95<<strong>br</strong> />
Fields, W.C., 36<<strong>br</strong> />
fones <strong>de</strong> ouvido, VII, IX<<strong>br</strong> />
Forbes, Steve, 21, 24<<strong>br</strong> />
Fox, James Alan, 15, 16, 126, 131, 148<<strong>br</strong> />
<strong>freakonomics</strong>, 231-232<<strong>br</strong> />
as idéias fundamentais da, 25-26<<strong>br</strong> />
Friedman, Milton, 33<<strong>br</strong> />
Fryer, Roland G. Jr., 175, 198-200,<<strong>br</strong> />
206, 222<<strong>br</strong> />
fundos mútuos, 82, 83<<strong>br</strong> />
futebol, 116, 117, 198<<strong>br</strong> />
Gal<strong>br</strong>aith, John Kenneth, 101-102,<<strong>br</strong> />
129 gangues criminosas, 51, 56, 123<<strong>br</strong> />
General Motors, IX<<strong>br</strong> />
Giuliani, Rudolph, 97, 139-141<<strong>br</strong> />
Global Crossing, 81<<strong>br</strong> />
Goldberg, Michael, 204<<strong>br</strong> />
Golisano, Thomas, 21, 24<<strong>br</strong> />
gonorréia, 103<<strong>br</strong> />
Grace, Mark, 51<<strong>br</strong> />
Grant, Ulysses, 67-68<<strong>br</strong> />
Grateful Dead, 105, 106<<strong>br</strong> />
Griffith, D.W., 68<<strong>br</strong> />
Grubman, Jack, 81<<strong>br</strong> />
grupos <strong>de</strong> apoio, 160<<strong>br</strong> />
Guerra <strong>de</strong> Secessão, 67<<strong>br</strong> />
Guthrie, Woody, 70<<strong>br</strong> />
halitose, 103<<strong>br</strong> />
Harding, Warren G., 68<<strong>br</strong> />
Harrick, Jim Jr., 50<<strong>br</strong> />
Harrick, Jim Sr., 50<<strong>br</strong> />
Harris, Judith Rich, 169<<strong>br</strong> />
Head Start, 181-182, 184-185, 189<<strong>br</strong> />
Heil<strong>br</strong>oner, Robert, 27<<strong>br</strong> />
heroína, 121<<strong>br</strong> />
Hillis, David, 83<<strong>br</strong> />
hispânicos, 91-92, 134, 185, 199<<strong>br</strong> />
History of the American People, A<<strong>br</strong> />
(Wilson), 68<<strong>br</strong> />
Hitler, Adolf, 69, 76<<strong>br</strong> />
Hitsch, Günter J., 93<<strong>br</strong> />
Holmes, Oliver Wen<strong>de</strong>ll, 110<<strong>br</strong> />
holocausto, 154<<strong>br</strong> />
Holt, L. Emmet, 162<<strong>br</strong> />
homicídio, 59, 63, 133, 140<<strong>br</strong> />
a correlação com a polícia, 22, 140,<<strong>br</strong> />
141<<strong>br</strong> />
a <strong>que</strong>da nos índices <strong>de</strong>, 16-17, 34,<<strong>br</strong> />
133-134, 137, 151-152, 157 as<<strong>br</strong> />
armas e o, 143-144, 145-146<<strong>br</strong> />
relacionado às drogas, 109-110, 113,<<strong>br</strong> />
116, 119, 125-126, 146-147<<strong>br</strong> />
honestida<strong>de</strong>, 93-94<<strong>br</strong> />
inata, 62<<strong>br</strong> />
honra, 57-62<<strong>br</strong> />
Hortaçsu, Mi, 93
Huffington, Michael, 21, 24<<strong>br</strong> />
Hulbert, Ann, 161<<strong>br</strong> />
ImClone, 81<<strong>br</strong> />
Imperador Hiroíto, 76<<strong>br</strong> />
impostos, VIII<<strong>br</strong> />
a evasão dos, 56<<strong>br</strong> />
"pecado", 33<<strong>br</strong> />
a retenção dos, 33<<strong>br</strong> />
a sonegação <strong>de</strong>, 37, 56<<strong>br</strong> />
incentivos, 27<<strong>br</strong> />
a barganha inerente aos, 35<<strong>br</strong> />
a invenção e implementação dos,<<strong>br</strong> />
32-33, 34, 35, 36-37<<strong>br</strong> />
a reação aos, 31-36, 74<<strong>br</strong> />
como marco da vida mo<strong>de</strong>rna, 25<<strong>br</strong> />
criminosos, 116-117, 124, 134,<<strong>br</strong> />
137-139<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>finições <strong>de</strong>, 32, 33<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>scoberta e compreensão dos, 25<<strong>br</strong> />
divisores <strong>de</strong> água x obscuros, 51<<strong>br</strong> />
dos corretores <strong>de</strong> imóveis, 18-19,<<strong>br</strong> />
20-21, 26, 84-85<<strong>br</strong> />
dos especialistas, 18-21, 25-26, 104<<strong>br</strong> />
dos professores, 38-40, 46-47<<strong>br</strong> />
econômicos, 18-21, 31-33, 35, 36,<<strong>br</strong> />
40, 84<<strong>br</strong> />
es<strong>que</strong>mas baseados em, 31-33,<<strong>br</strong> />
26-27, 42<<strong>br</strong> />
es<strong>tudo</strong> dos, 38<<strong>br</strong> />
lidando com os, 32, 35<<strong>br</strong> />
morais, 33, 35-36<<strong>br</strong> />
mudança <strong>de</strong>, 90-91, 104<<strong>br</strong> />
negativos x positivos, 32-33, 38-40<<strong>br</strong> />
o po<strong>de</strong>r dos, 34-35<<strong>br</strong> />
sociais, 33-34<<strong>br</strong> />
índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> e prisões, 132,<<strong>br</strong> />
133-138, 144<<strong>br</strong> />
índices <strong>de</strong> natalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
o crescimento dos, 130<<strong>br</strong> />
o <strong>de</strong>clínio dos, 19, 151<<strong>br</strong> />
os tipos <strong>de</strong> parto e os, 20<<strong>br</strong> />
ver aborto<<strong>br</strong> />
infanticídio, 151<<strong>br</strong> />
informação<<strong>br</strong> />
a disseminação da, 79, 80, 103<<strong>br</strong> />
a mídia e a, 103-104<<strong>br</strong> />
abuso da, 81-89, 96-97, 102-105<<strong>br</strong> />
assimétrica, 80, 81-82, 88<<strong>br</strong> />
em anúncios pessoais, 93-97<<strong>br</strong> />
especialistas em, 80-89, 102-105<<strong>br</strong> />
falsa, 81, 85, 93, 95, 97, 98, 102-105<<strong>br</strong> />
o po<strong>de</strong>r da, 77-90<<strong>br</strong> />
o registro da, IX, 24, 58-62, 82,<<strong>br</strong> />
110-116, 120, 121<<strong>br</strong> />
secreta, 76, 79, 81<<strong>br</strong> />
sonegação e maquiagem da, 89,<<strong>br</strong> />
93-97<<strong>br</strong> />
suposição <strong>de</strong> possuir, 79-80<<strong>br</strong> />
Ver namoro na Internet<<strong>br</strong> />
Instituto <strong>de</strong> Tecnologia da Califórnia,<<strong>br</strong> />
65<<strong>br</strong> />
Instituto Tuskegee, 73<<strong>br</strong> />
interesse pessoal, 90<<strong>br</strong> />
dos especialistas, 132, 133, 162-163<<strong>br</strong> />
observação impessoal vs., 27<<strong>br</strong> />
verda<strong>de</strong> e, 101-102<<strong>br</strong> />
Internet, 26, 78-81, 88<<strong>br</strong> />
a informação como a moeda da,<<strong>br</strong> />
80-81<<strong>br</strong> />
levantamento <strong>de</strong> preços na, 78-79,<<strong>br</strong> />
81, 88<<strong>br</strong> />
Ver namoro na Internet<<strong>br</strong> />
intuição, IX<<strong>br</strong> />
Ira<strong>que</strong><<strong>br</strong> />
A invasão americana do, 103<<strong>br</strong> />
armas <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição em massa, 103,<<strong>br</strong> />
162-163<<strong>br</strong> />
J.T. (lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> gangue), 107-200,<<strong>br</strong> />
111-120<<strong>br</strong> />
Jefferson, Thomas, 35<<strong>br</strong> />
Jeremijenko, Natalie, 203<<strong>br</strong> />
Jeremijenko-Conley, Yo Xing Heyno<<strong>br</strong> />
Augustus Eisner Alexan<strong>de</strong>r Weiser<<strong>br</strong> />
Knuckles, 203-204
jogos olímpicos, 104<<strong>br</strong> />
frau<strong>de</strong> no julgamento nos, 51, 55<<strong>br</strong> />
Johnson, D. Galé, 159<<strong>br</strong> />
Kaczynski, Ted, 222<<strong>br</strong> />
Kennedy, Stetson, 69-78, 80<<strong>br</strong> />
a campanha anti-preconceito <strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
70-71, 74-78, 89<<strong>br</strong> />
a estratégia "Frown Power" <strong>de</strong>, 70,<<strong>br</strong> />
89<<strong>br</strong> />
a infiltração na KKK <strong>de</strong>, 71-72,<<strong>br</strong> />
74-78, 79<<strong>br</strong> />
Krugman, Paul, 103<<strong>br</strong> />
Ku Klux Klan, 24, 67-78, 89, 97,<<strong>br</strong> />
101, 118<<strong>br</strong> />
a criação da, 67<<strong>br</strong> />
a história <strong>de</strong> altos e baixos da, 67,<<strong>br</strong> />
68-69, 73-74, 75, 78<<strong>br</strong> />
as fontes <strong>de</strong> renda da, 74-76<<strong>br</strong> />
as metas terroristas da, 67-68, 69,<<strong>br</strong> />
71-75, 83<<strong>br</strong> />
conluio das autorida<strong>de</strong>s policiais<<strong>br</strong> />
com a, 69, 70<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> um mem<strong>br</strong>o da,<<strong>br</strong> />
71-73,74-79,70<<strong>br</strong> />
rituais e linguagem da, 67, 69,<<strong>br</strong> />
71-73, 74, 75-78, 86<<strong>br</strong> />
Lane, Loser, 196, 197<<strong>br</strong> />
Lane, Robert, 195-196<<strong>br</strong> />
Lane, Winner, 195-196, 197<<strong>br</strong> />
Lee, Robert E., 69<<strong>br</strong> />
Lei "No Child Left Behind", 38<<strong>br</strong> />
Lei Brady (1993), 144<<strong>br</strong> />
leis Jim Crow, 68, 125<<strong>br</strong> />
leis so<strong>br</strong>e armas escondidas, 132<<strong>br</strong> />
Levitt, Amanda, 160<<strong>br</strong> />
Levitt, Jeanette, 118, 149-150<<strong>br</strong> />
Levitt, Steven D<<strong>br</strong> />
a abordagem heterodoxa <strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
VIII-X, 25-27, 65, 159-160<<strong>br</strong> />
a aparência física <strong>de</strong>, 159-160<<strong>br</strong> />
a curiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, IX, 160<<strong>br</strong> />
a vida familiar <strong>de</strong>, 159-160<<strong>br</strong> />
o perfil feito pela revista New York<<strong>br</strong> />
Times, IX-X, 13-14, 29, 65, 99,<<strong>br</strong> />
127-128, 159-160, 193<<strong>br</strong> />
prêmios e cre<strong>de</strong>nciais, VIII<<strong>br</strong> />
liberda<strong>de</strong>s civis, 32<<strong>br</strong> />
Liga Antidifamação (ADL), 70<<strong>br</strong> />
Liga Nacional <strong>de</strong> Futebol (NFL), 117,<<strong>br</strong> />
198<<strong>br</strong> />
linchamentos, 68, 70, 73-74<<strong>br</strong> />
Listerine, 103<<strong>br</strong> />
Lott, John Rir., 145-146<<strong>br</strong> />
Lott, Trent, 89<<strong>br</strong> />
Madonna, 217<<strong>br</strong> />
máfia, 122-123<<strong>br</strong> />
mal da vaca louca, 163, 164, 166<<strong>br</strong> />
marinha americana, 57<<strong>br</strong> />
Massachusetts Institute of Technology<<strong>br</strong> />
(MIT), VIII<<strong>br</strong> />
matemática, VIII, 65, 105, 110<<strong>br</strong> />
McAdam, Doug, 246<<strong>br</strong> />
McCorvey, Norma, 17, 25<<strong>br</strong> />
McDonald's, 111, 115, 119, 124<<strong>br</strong> />
mecânicos <strong>de</strong> automóveis, 19-20<<strong>br</strong> />
Medalha John Bates Clark, VIII<<strong>br</strong> />
Medicare, 148<<strong>br</strong> />
médicos, 19-20, 83<<strong>br</strong> />
meias <strong>de</strong> náilon, 120, 233<<strong>br</strong> />
mensuração, IX, 24-25, 59<<strong>br</strong> />
a economia como a ciência da, 25,<<strong>br</strong> />
40<<strong>br</strong> />
ferramentas para, 25, 40<<strong>br</strong> />
mentiras, 29, 81-82, 104<<strong>br</strong> />
mercado <strong>de</strong> ações, 37, 79, 81, 82<<strong>br</strong> />
mercado negro, 144<<strong>br</strong> />
Merrill Lynch, 81<<strong>br</strong> />
microeconomia, 26<<strong>br</strong> />
mídia, 118<<strong>br</strong> />
a informação e a, 103-104, 105<<strong>br</strong> />
os especialistas e a, 102-104<<strong>br</strong> />
Mills, Richard P., 174<<strong>br</strong> />
Miyake, Mitsuru, 56
Monday Night Football, 198<<strong>br</strong> />
moralismo, 25-27<<strong>br</strong> />
a economia vs. o,25, 62, 222<<strong>br</strong> />
o interesse pessoal e o, 27<<strong>br</strong> />
os incentivos e o, 33, 35, 36<<strong>br</strong> />
More Guns, Less Crime (J. Lott), 145-146<<strong>br</strong> />
Morris, William, 204<<strong>br</strong> />
morte<<strong>br</strong> />
aci<strong>de</strong>ntal, IX, 160, 163-168<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> crianças, IX, 159-160, 163-164,<<strong>br</strong> />
165, 166<<strong>br</strong> />
por afogamento, IX, 160, 163-164,<<strong>br</strong> />
165, 166<<strong>br</strong> />
riscos <strong>de</strong> x medo da, IX, 160,<<strong>br</strong> />
163-168<<strong>br</strong> />
Ver pena capital; homicídio<<strong>br</strong> />
Moses, Zelman, 204<<strong>br</strong> />
movimento black power, 200<<strong>br</strong> />
movimento pelos direitos civis, 91<<strong>br</strong> />
multas, 31-32, 35<<strong>br</strong> />
Mussolini, Benito, 69, 76<<strong>br</strong> />
Nascimento <strong>de</strong> uma Nação, O 68, 76<<strong>br</strong> />
National Basketball Association (NBA),<<strong>br</strong> />
198<<strong>br</strong> />
negociatas, 37<<strong>br</strong> />
New York City College, 51<<strong>br</strong> />
New York Times, 108, 164<<strong>br</strong> />
Revista New York Times, VII-X,<<strong>br</strong> />
13-14, 29, 65, 99, 127-128,<<strong>br</strong> />
159-160, 193<<strong>br</strong> />
New York Yankees, IX<<strong>br</strong> />
nomes, 195-220, 244-250<<strong>br</strong> />
a criação dos filhos e os, 209-213,<<strong>br</strong> />
246-249<<strong>br</strong> />
a mudança <strong>de</strong>, 203-204<<strong>br</strong> />
a origem dos, 206<<strong>br</strong> />
ásio-americanos, 199<<strong>br</strong> />
erros <strong>de</strong> ortografia nos, 197, 211<<strong>br</strong> />
europeus, 206<<strong>br</strong> />
femininos <strong>br</strong>ancos, 200-201, 207-<<strong>br</strong> />
208, 209, 210-211, 213, 215-<<strong>br</strong> />
219<<strong>br</strong> />
femininos negros, 196-197,<<strong>br</strong> />
199-200, 201<<strong>br</strong> />
he<strong>br</strong>eus, 213, 218<<strong>br</strong> />
hispânicos, 199<<strong>br</strong> />
irlan<strong>de</strong>ses, 213<<strong>br</strong> />
ju<strong>de</strong>us, 204, 250<<strong>br</strong> />
mais populares, 214-220<<strong>br</strong> />
masculinos <strong>br</strong>ancos, 202-203,<<strong>br</strong> />
208-210, 212, 213-214<<strong>br</strong> />
masculinos negros, 195-196,<<strong>br</strong> />
202-203, 205, 214<<strong>br</strong> />
o futuro e os, IX, 195-197, 219-<<strong>br</strong> />
220 o status socioeconômico e os,<<strong>br</strong> />
198-200, 206-213<<strong>br</strong> />
rótulo, 206<<strong>br</strong> />
normas da socieda<strong>de</strong>, 27<<strong>br</strong> />
Nozick, Robert, 14<<strong>br</strong> />
obstetras, 19<<strong>br</strong> />
"On Behalf of a Moratorium on Prison<<strong>br</strong> />
Construction " , 135<<strong>br</strong> />
pais, 24, 38, 161-191<<strong>br</strong> />
a influência dos, 168-171, 180-191<<strong>br</strong> />
abandono pelos, 125, 170, 222<<strong>br</strong> />
adotivos, 17, 151, 159, 168, 181, 190<<strong>br</strong> />
afio-americanos, IX, 193, 195-205,<<strong>br</strong> />
214-215<<strong>br</strong> />
atrasados para buscar os filhos nas<<strong>br</strong> />
creches, 31, 35-37, 136<<strong>br</strong> />
conselhos conflitantes aos, 161-163,<<strong>br</strong> />
168-170<<strong>br</strong> />
o temor dos, 163-168<<strong>br</strong> />
obsessivos, 167, 169, 171, 184, 185,<<strong>br</strong> />
189, 195<<strong>br</strong> />
os nomes escolhidos pelos, X, 193,<<strong>br</strong> />
195-220, 244-250<<strong>br</strong> />
punições infligidas pelos, 136, 161,<<strong>br</strong> />
168, 176, 181, 182, 185, 189<<strong>br</strong> />
solteiros, 151, 154<<strong>br</strong> />
status e instrução dos, 181-190,<<strong>br</strong> />
210-213<<strong>br</strong> />
panteras negras, 200
pa<strong>que</strong>ra na Internet, 92-96<<strong>br</strong> />
partes do corpo<<strong>br</strong> />
doação e transplante <strong>de</strong>, 159-160<<strong>br</strong> />
valores atribuídos às, 155-156<<strong>br</strong> />
Partido Comunista (Romênia),<<strong>br</strong> />
129-131<<strong>br</strong> />
pena capital, 132, 136, 236<<strong>br</strong> />
Perkins, Brady, 70, 71<<strong>br</strong> />
pijamas anti-fogo, 167<<strong>br</strong> />
Pinker, Steven, 169<<strong>br</strong> />
Pitsburgh Courier, 70<<strong>br</strong> />
Platão, 63<<strong>br</strong> />
Plessy vs. Ferguson, 68<<strong>br</strong> />
polícia, 56<<strong>br</strong> />
as estatísticas da criminalida<strong>de</strong> e a,<<strong>br</strong> />
17, 25, 59, 132, 138-142, 143<<strong>br</strong> />
crescimento do número <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
policiais, 132, 138-139, 141,<<strong>br</strong> />
142<<strong>br</strong> />
estratégias inovadoras da, 16, 25,<<strong>br</strong> />
59, 132, 138, 139-142<<strong>br</strong> />
políticos, 37<<strong>br</strong> />
liberais vs. conservadores, 127-128<<strong>br</strong> />
mentirosos, 29<<strong>br</strong> />
Prêmio Nobel, 13, 159<<strong>br</strong> />
preocupações com a saú<strong>de</strong>, 25, 78-79,<<strong>br</strong> />
83<<strong>br</strong> />
Previdência Social, 37, 148<<strong>br</strong> />
Previdência Social, 61<<strong>br</strong> />
professores, 29, 101<<strong>br</strong> />
a competência dos, 41, 47, 48<<strong>br</strong> />
a <strong>de</strong>missão <strong>de</strong>, 29, 39, 49<<strong>br</strong> />
bônus para os, 39, 47<<strong>br</strong> />
e a trapaça para alcançar os padrões<<strong>br</strong> />
exigidos nas provas, IX, 29, 37-<<strong>br</strong> />
49, 57-58<<strong>br</strong> />
os incentivos dos, 38-40, 47<<strong>br</strong> />
professores x professoras, 46<<strong>br</strong> />
Projeto <strong>de</strong> Adoção do Colorado, 168<<strong>br</strong> />
promoção social, 38<<strong>br</strong> />
prostituição, 33, 117<<strong>br</strong> />
Pryor, Richard, 121<<strong>br</strong> />
publicida<strong>de</strong>, 103, 118<<strong>br</strong> />
Quattrone, Frank, 81<<strong>br</strong> />
racismo, 171-174, 203<<strong>br</strong> />
a segregação e o, 68, 89-90, 125,<<strong>br</strong> />
171-174, 179<<strong>br</strong> />
ver as leis Jim Crow; linchamentos<<strong>br</strong> />
Raising America: Experts, Parents, and a<<strong>br</strong> />
Century of Advice about Children<<strong>br</strong> />
(Hulbert), 161<<strong>br</strong> />
Receita Fe<strong>de</strong>ral (IRS), 37<<strong>br</strong> />
reconstrução, 67, 68<<strong>br</strong> />
redução da criminalida<strong>de</strong>, IX, 16-18,<<strong>br</strong> />
25, 126, 131-157<<strong>br</strong> />
a economia forte e a, 18, 25, 133,<<strong>br</strong> />
137, 152<<strong>br</strong> />
a pena capital e a, 132, 136<<strong>br</strong> />
a polícia e a, 17-18, 25, 59,<<strong>br</strong> />
132, 137-142, 152<<strong>br</strong> />
as mudanças no mercado <strong>de</strong> drogas e<<strong>br</strong> />
a, 132, 142, 147<<strong>br</strong> />
as teorias so<strong>br</strong>e a, 18, 22, 25, 33-35,<<strong>br</strong> />
131-153, 239<<strong>br</strong> />
leis mais duras e a, 18, 25, 132, 142,<<strong>br</strong> />
144-147<<strong>br</strong> />
o aborto legalizado e a, 17, 24, 25,<<strong>br</strong> />
149-154<<strong>br</strong> />
o controle <strong>de</strong> armas e a, 18, 25, 132,<<strong>br</strong> />
142, 144-146<<strong>br</strong> />
o encarceramento e a, 132,<<strong>br</strong> />
134-136, 137, 144<<strong>br</strong> />
o envelhecimento da população e a,<<strong>br</strong> />
132, 148<<strong>br</strong> />
República, A (Platão), 63<<strong>br</strong> />
resistência ao mal, 63<<strong>br</strong> />
revogação da liberda<strong>de</strong> condicional, 134<<strong>br</strong> />
Revolução Americana, 35<<strong>br</strong> />
Riordan, Richard, 246<<strong>br</strong> />
riscos ambientais, 155, 166<<strong>br</strong> />
Roe vs. Wa<strong>de</strong>, 17, 24, 149-154<<strong>br</strong> />
Roe, Jane. Vi<strong>de</strong> McCorvey, Norma<<strong>br</strong> />
Rogers, Will, 69<<strong>br</strong> />
roubo, 27, 33, 36, 61<<strong>br</strong> />
do colarinho-<strong>br</strong>anco, 58-62, 82
Sacerdote, Bruce, 190-191<<strong>br</strong> />
Salomon Smith Barney, 81<<strong>br</strong> />
Sandman, Peter, 164, 166, 167<<strong>br</strong> />
Sartre, Jean-Paul, 70<<strong>br</strong> />
Schwarzeneger, Arnold, 21<<strong>br</strong> />
Seale, Bobby, 200<<strong>br</strong> />
Segunda Divisão do Beisebol, 118<<strong>br</strong> />
Segunda Guerra Mundial, 69, 70,<<strong>br</strong> />
124<<strong>br</strong> />
seguros <strong>de</strong> vida<<strong>br</strong> />
a <strong>que</strong>da no custo dos, 26, 78-79<<strong>br</strong> />
levantamento <strong>de</strong> preços dos, 78-<<strong>br</strong> />
79<<strong>br</strong> />
por prazo <strong>de</strong>terminado vs. seguro<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> vida total, 78<<strong>br</strong> />
seguro-saú<strong>de</strong>, 78<<strong>br</strong> />
Seinfeld, 198<<strong>br</strong> />
Sen, Amartya, 13<<strong>br</strong> />
Senado americano, 24, 78, 89, 97<<strong>br</strong> />
senso comum, 101-104<<strong>br</strong> />
alterações no, 167<<strong>br</strong> />
bases nebulosas do, 25, 102<<strong>br</strong> />
especialistas e jornalistas, 102-<<strong>br</strong> />
104, 126, 161-162<<strong>br</strong> />
imprecisão do, 25, 126, 186-187<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>stionamento do, 101-102<<strong>br</strong> />
seqüestro-relâmpago, 15<<strong>br</strong> />
Setor <strong>de</strong> Emergência do Centro<<strong>br</strong> />
Médico <strong>de</strong> Albany, 196<<strong>br</strong> />
Sindicato <strong>de</strong> Ladrões, 51<<strong>br</strong> />
síndrome da morte súbita <strong>de</strong> bebês,<<strong>br</strong> />
163<<strong>br</strong> />
Sistema <strong>de</strong> Ensino Público <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Chicago, 37-49<<strong>br</strong> />
Smith, Adam, 27, 62-63<<strong>br</strong> />
Sny<strong>de</strong>r, Mitch, 102-103, 104<<strong>br</strong> />
sociólogos, 59, 65, 105<<strong>br</strong> />
Sócrates, 63<<strong>br</strong> />
sono, 161, 162<<strong>br</strong> />
Spears, Britney, 217<<strong>br</strong> />
Stetson, John B., 69<<strong>br</strong> />
Stewart, Martha, 81<<strong>br</strong> />
subornos, 55-56<<strong>br</strong> />
sumô, IX, 27, 51-57, 101, 221<<strong>br</strong> />
a história e a tradição do, 50<<strong>br</strong> />
colocação no ranking e<<strong>br</strong> />
remuneração no, 52-54<<strong>br</strong> />
o escrutínio da mídia no, 55-56<<strong>br</strong> />
os dados so<strong>br</strong>e o, 52-57<<strong>br</strong> />
os incentivos no, 52-54, 55<<strong>br</strong> />
os torneios <strong>de</strong> elite do, 52-55, 56<<strong>br</strong> />
trapaça e corrupção no, 50, 51-57<<strong>br</strong> />
superpredadores, 15, 148, 162<<strong>br</strong> />
Suprema Corte dos Estados Unidos, 17,<<strong>br</strong> />
68, 149-150, 152, 172<<strong>br</strong> />
tabagismo, 33, 198-199<<strong>br</strong> />
televisão, 103, 176, 181, 182 ,186, 187,<<strong>br</strong> />
189, 198<<strong>br</strong> />
Temple, Shirley, 217<<strong>br</strong> />
Teoria dos Sentimentos Morais,<<strong>br</strong> />
A (Smith), 27, 62<<strong>br</strong> />
Terrorismo<<strong>br</strong> />
ameaças do, 73<<strong>br</strong> />
arrecadação <strong>de</strong> fundos para o, 33<<strong>br</strong> />
freio para o, IX, 29<<strong>br</strong> />
medo do, 165-166<<strong>br</strong> />
ver Ku Klux Klan; ata<strong>que</strong>s<<strong>br</strong> />
terroristas <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> setem<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />
teste <strong>de</strong> aptidão acadêmica (SATs), 198<<strong>br</strong> />
Teste <strong>de</strong> Aptidões Básicas <strong>de</strong> Iowa, 38<<strong>br</strong> />
testes <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z, 130<<strong>br</strong> />
Thaler, Richard, 59<<strong>br</strong> />
The Cosby Show, 197<<strong>br</strong> />
The Economia of Acting White' (Fryer),<<strong>br</strong> />
175<<strong>br</strong> />
Lhe Fiery Cross: The Ku Klux Klan in<<strong>br</strong> />
America (Wa<strong>de</strong>), 78<<strong>br</strong> />
The Nature and Nurture of Economic<<strong>br</strong> />
Outcomes (Sacerdote), 190-191<<strong>br</strong> />
The Nurture Assumption (Harris),<<strong>br</strong> />
168-169<<strong>br</strong> />
The Worldly Philosopher (Heil<strong>br</strong>oner), 27<<strong>br</strong> />
Thurmond, Strom, 89<<strong>br</strong> />
Time, 140
Tokhtakhounov, Alimzhan, 51<<strong>br</strong> />
traficantes <strong>de</strong> drogas, 15, 25, 104-<<strong>br</strong> />
126, 170<<strong>br</strong> />
a conexão colombiana dos, 122-123<<strong>br</strong> />
a contabilida<strong>de</strong> dos, 24, 110, 111-<<strong>br</strong> />
116, 120, 121<<strong>br</strong> />
a <strong>org</strong>anização e a hierarquia dos,<<strong>br</strong> />
111-115, 117-120<<strong>br</strong> />
a renda dos, IX, 104-105, 111-<<strong>br</strong> />
115, 116, 118, 119, 124<<strong>br</strong> />
a vida cotidiana dos, 107-110<<strong>br</strong> />
afro-americanos como, 121,<<strong>br</strong> />
122-126, 147<<strong>br</strong> />
as armas dos, 104, 107, 108, 118-119<<strong>br</strong> />
as armas e as, 104, 107, 108, 118-119<<strong>br</strong> />
as guerras por território dos, 109,<<strong>br</strong> />
111-112, 113, 118-119<<strong>br</strong> />
trapaça, IX, 27, 36-62<<strong>br</strong> />
a honra e a, 57-62<<strong>br</strong> />
a mecânica da, 23-24, 39-41<<strong>br</strong> />
a moral e a , 61-63<<strong>br</strong> />
a natureza humana e a, 36-37,<<strong>br</strong> />
57-58<<strong>br</strong> />
como um ato econômico<<strong>br</strong> />
primordial, 37<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sco<strong>br</strong>indo a, 36-37, 39-49, 53-<<strong>br</strong> />
57, 58-59<<strong>br</strong> />
dos alunos, 37, 38-39, 40-41<<strong>br</strong> />
dos professores, treinadores, etc.,<<strong>br</strong> />
IX, 29, 37-50<<strong>br</strong> />
nos esportes, 36, 50-57<<strong>br</strong> />
nos negócios, IX, 36, 57-63, 81-83,<<strong>br</strong> />
95<<strong>br</strong> />
os feriados e a, 61-62<<strong>br</strong> />
os subornos e a, 55, 56<<strong>br</strong> />
trapacear para per<strong>de</strong>r, 50-57<<strong>br</strong> />
treinadores, 49-50<<strong>br</strong> />
Tribunal <strong>de</strong> Família do Condado <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Albany, 196-197<<strong>br</strong> />
Twitchell, James B., 103<<strong>br</strong> />
Un<strong>de</strong>rstanding the Black-White Test<<strong>br</strong> />
Score Gap in the First Two Years of<<strong>br</strong> />
School (Fryer), 175-176<<strong>br</strong> />
Universida<strong>de</strong> da Califórnia, San<<strong>br</strong> />
Diego, 105<<strong>br</strong> />
Universida<strong>de</strong> da Geórgia: curso <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Princípios <strong>de</strong> Treinamento e<<strong>br</strong> />
Estratégias do Bas<strong>que</strong>te, 49-50<<strong>br</strong> />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago, 48, 105-106,<<strong>br</strong> />
110, 117, 159, 198<<strong>br</strong> />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Harvard, VIII, 47,<<strong>br</strong> />
198, 222<<strong>br</strong> />
Society of Fellows, 13-14, 110-111<<strong>br</strong> />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Princeton, 68<<strong>br</strong> />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Stanford, 85<<strong>br</strong> />
Universida<strong>de</strong> do Texas em Arlington,<<strong>br</strong> />
198<<strong>br</strong> />
Southwestern Medical Center da,<<strong>br</strong> />
83<<strong>br</strong> />
Universida<strong>de</strong> Lafayette, 196<<strong>br</strong> />
Universida<strong>de</strong> Stetson, 70<<strong>br</strong> />
Venkatesh, Sudhir, 105-111, 115-117,<<strong>br</strong> />
119-120<<strong>br</strong> />
Volta à França (Tour <strong>de</strong> France), IX, 51<<strong>br</strong> />
Wa<strong>de</strong>, Henry, 17-18<<strong>br</strong> />
Wa<strong>de</strong>, Wyn Craig, 78<<strong>br</strong> />
Waksal, Sam, 81<<strong>br</strong> />
Wal-Mart, 115<<strong>br</strong> />
Weakest Link, The 24, 65, 90-92, 96<<strong>br</strong> />
William Morris, 204<<strong>br</strong> />
Wilson, James Q., 148<<strong>br</strong> />
Wilson, William Julius, 105, 109<<strong>br</strong> />
Wilson, Woodrow, 68<<strong>br</strong> />
WorldCom, 81<<strong>br</strong> />
Wright, Richard, 70<<strong>br</strong> />
Yakuza, 56
Sumário<<strong>br</strong> />
Capa - Orelha - Contracapa<<strong>br</strong> />
INTRODUÇÃO: O <strong>lado</strong> <strong>oculto</strong> <strong>de</strong> <strong>tudo</strong> 15<<strong>br</strong> />
On<strong>de</strong> é apresentada a idéia central do livro, ou seja: se o moralismo<<strong>br</strong> />
representa a maneira como gostaríamos <strong>que</strong> o mundo funcionasse, a<<strong>br</strong> />
economia mostra como ele funciona na realida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Por<strong>que</strong> a sabedoria convencional em geral é equivocada... Como os<<strong>br</strong> />
especialistas — dos criminologistas aos corretores <strong>de</strong> imóveis, passando pelos<<strong>br</strong> />
cientistas políticos — torcem os fatos... Por <strong>que</strong> saber o <strong>que</strong> avaliar e como avaliar<<strong>br</strong> />
é a chave para enten<strong>de</strong>r a vida mo<strong>de</strong>rna... O <strong>que</strong> vem a ser "<strong>freakonomics</strong> " ,<<strong>br</strong> />
afinal?<<strong>br</strong> />
1. O <strong>que</strong> os professores e os lutadores <strong>de</strong> sumô<<strong>br</strong> />
têm em comum? 31<<strong>br</strong> />
On<strong>de</strong> exploramos o lirismo dos incentivos, bem como seu <strong>lado</strong> negro<<strong>br</strong> />
— a trapaça.<<strong>br</strong> />
Quem trapaceia? Praticamente todo mundo... Como os trapaceiros<<strong>br</strong> />
trapaceiam, e como <strong>de</strong>smascará-los... O caso <strong>de</strong> uma creche israelense... O<<strong>br</strong> />
repentino sumiço <strong>de</strong> sete milhões <strong>de</strong> crianças americanas... Os professores<<strong>br</strong> />
trapaceiros <strong>de</strong> Chicago... Por <strong>que</strong> trapacear para per<strong>de</strong>r é pior do <strong>que</strong> trapacear<<strong>br</strong> />
para vencer... Será <strong>que</strong> no sumi'', o esporte nacional do Japão, existe<<strong>br</strong> />
corrupção?... O <strong>que</strong> o Homem das Broas testemunhou: a humanida<strong>de</strong> talvez<<strong>br</strong> />
seja mais honesta do <strong>que</strong> imaginamos.
2. Em <strong>que</strong> a Ku Klux Klan se parece com um grupo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> corretores <strong>de</strong> imóveis? 67<<strong>br</strong> />
On<strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos <strong>que</strong> não há nada mais po<strong>de</strong>roso do <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
informação, principalmente quando esse po<strong>de</strong>r é manipu<strong>lado</strong>.<<strong>br</strong> />
Penetrando como espião na Ku Klux Klan... Por <strong>que</strong> os especialistas <strong>de</strong> todo<<strong>br</strong> />
gênero estão na posição i<strong>de</strong>al para explorar você... O antídoto para a manipulação<<strong>br</strong> />
da informação: a lnternet... Por <strong>que</strong> um carro zero per<strong>de</strong> tanto do seu valor quando<<strong>br</strong> />
sai da agência... Que<strong>br</strong>ando o código do corretor <strong>de</strong> imóveis: o <strong>que</strong> significa,<<strong>br</strong> />
realmente, "em bom estado"... Trent Lot é mais racista do <strong>que</strong> a média dos<<strong>br</strong> />
concorrentes do programa "The Weakest Link " ?... So<strong>br</strong>e o <strong>que</strong> mentem os<<strong>br</strong> />
pa<strong>que</strong>radores online?<<strong>br</strong> />
3. Por <strong>que</strong> os traficantes continuam morando<<strong>br</strong> />
com as mães? 101<<strong>br</strong> />
On<strong>de</strong> vemos <strong>que</strong> a sabedoria convencional quase sempre é uma mistura<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> invenções, interesse pessoal e conveniência.<<strong>br</strong> />
Por <strong>que</strong> os especialistas costumam inventar estatísticas; a invenção da halitose<<strong>br</strong> />
crônica... Como fazer uma boa pergunta... A longa e estranha viagem <strong>de</strong> Sudhir<<strong>br</strong> />
Venkatesh à toca do crack... A vida é um torneio... Por <strong>que</strong> as prostitutas<<strong>br</strong> />
ganham mais do <strong>que</strong> os arquitetos... O <strong>que</strong> um traficante <strong>de</strong> drogas, um zagueiro<<strong>br</strong> />
da escola secundária e um assistente editorial têm em comum... Como a invenção do<<strong>br</strong> />
crack <strong>de</strong> cocaína lem<strong>br</strong>a a invenção das meias <strong>de</strong> náilon... Será <strong>que</strong> o crack foi a<<strong>br</strong> />
pior coisa <strong>que</strong> se abateu so<strong>br</strong>e os negros <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Jim Crow?<<strong>br</strong> />
4. On<strong>de</strong> foram parar todos os criminosos? 129<<strong>br</strong> />
On<strong>de</strong> separamos os fatos da ficção, no caso da criminalida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
A lição aprendida por Nicolae Ceausescu — a duras penas —so<strong>br</strong>e o aborto...<<strong>br</strong> />
Por <strong>que</strong> os anos 60 foram uma ótima época para a ativida<strong>de</strong> criminosa... Você<<strong>br</strong> />
acha <strong>que</strong> a economia em crescimento acelerado dos anos 90 freou a criminalida<strong>de</strong>?<<strong>br</strong> />
Pense bem... Por<strong>que</strong> a pena capital não impe<strong>de</strong> o crime... A polícia reduz os<<strong>br</strong> />
índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>?... Ca<strong>de</strong>ias por todo <strong>lado</strong>... Investigando o "milagre" da<<strong>br</strong> />
poli-da <strong>de</strong> Nova York... Afinal o <strong>que</strong> é uma arma?... Por<strong>que</strong> os primeiros<<strong>br</strong> />
traficantes <strong>de</strong> crack eram uma espécie <strong>de</strong> milionários da Microsoft e os traficantes<<strong>br</strong> />
recentes mais se parecem com a Pets.com... O super predador versus o cidadão<<strong>br</strong> />
respeitável... Jane Roe e a <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong>: como a legalização do aborto<<strong>br</strong> />
alterou <strong>tudo</strong>.
5. O <strong>que</strong> faz um pai ser perfeito? 161<<strong>br</strong> />
On<strong>de</strong> fazemos, sob uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ângulos, uma pergunta<<strong>br</strong> />
premente : os pais são realmente importantes?<<strong>br</strong> />
Como a parentalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser uma arte para se tornar uma<<strong>br</strong> />
ciência... Por <strong>que</strong> os especialistas em criação <strong>de</strong> filhos gostam <strong>de</strong> aterrorizar os<<strong>br</strong> />
pais... O <strong>que</strong> é mais perigoso: uma arma ou uma piscina?... A economia do<<strong>br</strong> />
medo... Pais obsessivos e a polêmica natureza x criação... Por <strong>que</strong> uma boa<<strong>br</strong> />
escola não é tão boa quanto se imagina... O abismo entre as notas escolares <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
negros e <strong>br</strong>ancos e o " comportamento <strong>de</strong> <strong>br</strong>anco " ... Oito coisas <strong>que</strong> melhoram o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sempenho escolar <strong>de</strong> uma criança e oito <strong>que</strong> são inócuas.<<strong>br</strong> />
6. Pais perfeitos, parte II; ou uma Roshanda<<strong>br</strong> />
seria tão doce se tivesse outro nome? 195<<strong>br</strong> />
On<strong>de</strong> pon<strong>de</strong>ramos a importância do primeiro ato oficial dos pais — dar<<strong>br</strong> />
nome ao bebê.<<strong>br</strong> />
Um menino chamado Winner e seu irmão Loser... Os nomes mais<<strong>br</strong> />
negros e os nomes mais <strong>br</strong>ancos... A segregação cultural: por <strong>que</strong> o seriado<<strong>br</strong> />
"Seinfild" nunca entrou na lista dos "50 mais" dos telespectadores negros... Se<<strong>br</strong> />
seu dome é realmente ruim, vale a pena trocá-lo?... Nomes da classe alta e nomes<<strong>br</strong> />
da classe baixa (e como os da primeira chegam à segunda)... Britney Spears:<<strong>br</strong> />
uni sintoma, não uma causa... Aviva será o substituto <strong>de</strong> Madison?... O <strong>que</strong> cr<<strong>br</strong> />
pais estão <strong>que</strong>rendo dizer ao mundo quando dão nomes aos filhos.<<strong>br</strong> />
EPÍLOGO: Dois Caminhos para Harvard 221<<strong>br</strong> />
On<strong>de</strong> a confiabilida<strong>de</strong> dos dados encontra a casualida<strong>de</strong> da vida.<<strong>br</strong> />
Notas 223<<strong>br</strong> />
Agra<strong>de</strong>cimentos 251<<strong>br</strong> />
Índice Analítico 253
Preencha a ficha <strong>de</strong> cadastro no final <strong>de</strong>ste livro<<strong>br</strong> />
e receba gratuitamente informações<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e os lançamentos e as promoções da<<strong>br</strong> />
Editora Compus/Elsevier.<<strong>br</strong> />
Consulte também nosso catálogo<<strong>br</strong> />
completo e últimos lançamentos em<<strong>br</strong> />
www.campus.com.<strong>br</strong>
Do original:<<strong>br</strong> />
Freakonomics<<strong>br</strong> />
Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada por William Morrow –<<strong>br</strong> />
HarperCollins Publishers<<strong>br</strong> />
Copyright © 2005 by Steven D. Levitt & Stephen J. Dubner<<strong>br</strong> />
© 2005, Elsevier Editora Ltda.<<strong>br</strong> />
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 <strong>de</strong> 19/02/1998. Nenhuma<<strong>br</strong> />
parte <strong>de</strong>ste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, po<strong>de</strong>rá ser<<strong>br</strong> />
reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos,<<strong>br</strong> />
mecânicos, fotográficos, gravação ou quais<strong>que</strong>r outros.<<strong>br</strong> />
Editoração Eletrônica: Estúdio Castellani<<strong>br</strong> />
Revisão Gráfica: Mariflor Brenlla Rial Rocha e Ana Paula Campos<<strong>br</strong> />
Foto <strong>de</strong> Capa: James Meyer<<strong>br</strong> />
Projeto Gráfico<<strong>br</strong> />
Elsevier Editora Ltda.<<strong>br</strong> />
A Qualida<strong>de</strong> da Informação.<<strong>br</strong> />
Rua Sete <strong>de</strong> Setem<strong>br</strong>o, 111 – 16° andar<<strong>br</strong> />
20050-002 Rio <strong>de</strong> Janeiro RJ Brasil<<strong>br</strong> />
Telefone: (21) 3970-9300 FAX: (21) 2507-1991<<strong>br</strong> />
E-mail: info@elsevier.com.<strong>br</strong><<strong>br</strong> />
Escritório São Paulo:<<strong>br</strong> />
Rua Quintana, 753/8 2 andar 04569-011<<strong>br</strong> />
Brooklin São Paulo SP Tel.: (11) 5105-8555<<strong>br</strong> />
ISBN 85-352-1504-2<<strong>br</strong> />
Edição original: ISBN 0-06-073132-X<<strong>br</strong> />
Nota: Muito zelo e técnica foram empregados na edição <strong>de</strong>sta o<strong>br</strong>a. No entanto, po<strong>de</strong>m ocorrer erros <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
digitação, impressão ou dúvida conceitual. Em qual<strong>que</strong>r das hipóteses, solicitamos a comunicação à<<strong>br</strong> />
nossa Central <strong>de</strong> Atendimento, para <strong>que</strong> possamos esclarecer ou encaminhar a <strong>que</strong>stão.<<strong>br</strong> />
Nem a editora nem o autor assumem qual<strong>que</strong>r responsabilida<strong>de</strong> por eventuais danos ou perdas a<<strong>br</strong> />
pessoas ou bens, originados do uso <strong>de</strong>sta publicação.<<strong>br</strong> />
Central <strong>de</strong> atendimento<<strong>br</strong> />
Tel: 0800-265340<<strong>br</strong> />
Rua Sete <strong>de</strong> Setem<strong>br</strong>o, 111, 16 2 andar – Centro – Rio <strong>de</strong> Janeiro e-<<strong>br</strong> />
mail: info@elsevier.com.<strong>br</strong><<strong>br</strong> />
site: www.campus.com.<strong>br</strong><<strong>br</strong> />
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte.<<strong>br</strong> />
Sindicato Nacional dos Editores <strong>de</strong> Livros, RJ<<strong>br</strong> />
___________________________________________________________________<<strong>br</strong> />
D878f<<strong>br</strong> />
Dubner, Stephen J.<<strong>br</strong> />
Freakonomics : o <strong>lado</strong> <strong>oculto</strong> e <strong>inesperado</strong> <strong>de</strong> <strong>tudo</strong> <strong>que</strong> nos afeta : as<<strong>br</strong> />
revelações <strong>de</strong> um economista original e politicamente incorreto / Stephen<<strong>br</strong> />
Dubner, Steven Levitt ; tradução Regina Lyra. – Rio <strong>de</strong> Janeiro : Elsevier,<<strong>br</strong> />
2005 – 7 Reimpressão.<<strong>br</strong> />
Tradução <strong>de</strong>: Freakonomics<<strong>br</strong> />
ISBN 85-352-1504-2<<strong>br</strong> />
1. Economia - Aspectos psicológicos. 2. Economia – Aspectos<<strong>br</strong> />
sociais. I. Título.<<strong>br</strong> />
05-1414. CDD 330<<strong>br</strong> />
CDU 330<<strong>br</strong> />
___________________________________________
Cadastre-se e receba informações<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e nossos lançamentos,<<strong>br</strong> />
novida<strong>de</strong>s e promoções.<<strong>br</strong> />
Para obter informações so<strong>br</strong>e lançamentos e novida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
da Campus/Elsevier, <strong>de</strong>ntro dos assuntos do seu<<strong>br</strong> />
interesse, basta cadastrar-se no nosso site. É rápido e fácil.<<strong>br</strong> />
Além do catálogo completo on-line, nosso site possui avançado<<strong>br</strong> />
sistema <strong>de</strong> buscas para consultas, por autor, título ou assunto.<<strong>br</strong> />
Você vai ter acesso às mais importantes publicações so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
Profissional Negócios, Profissional Tecnologia, Universitários,<<strong>br</strong> />
Educação/Referência<<strong>br</strong> />
e Desenvolvimento Pessoal.<<strong>br</strong> />
Nosso site conta com módulo <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> última geração<<strong>br</strong> />
para suas compras.<<strong>br</strong> />
Tudo ao seu alcance, 24 horas por dia.Cli<strong>que</strong> www.campus.com.<strong>br</strong><<strong>br</strong> />
e fi<strong>que</strong> sempre bem informado.<<strong>br</strong> />
www.campus.com.<strong>br</strong><<strong>br</strong> />
É rápido e fácil. Cadastre-se agora.
Sistema CTcP,<<strong>br</strong> />
impressão e acabamento<<strong>br</strong> />
executados no par<strong>que</strong> gráfico da<<strong>br</strong> />
Editora Santuário<<strong>br</strong> />
www.re<strong>de</strong>mptor.com.<strong>br</strong> - Aparecida-SP
O <strong>que</strong> é mais perigoso, uma arma ou uma<<strong>br</strong> />
piscina? O <strong>que</strong> os professores e os lutadores <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
sumô têm em comum? Por <strong>que</strong> os traficantes <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
drogas moram com as mães? Qual a importância real<<strong>br</strong> />
dos pais? Que tipo <strong>de</strong> impacto teve o caso Roe x<<strong>br</strong> />
Wa<strong>de</strong>, <strong>que</strong> levou à legalização do aborto nos Estados<<strong>br</strong> />
Unidos, so<strong>br</strong>e a criminalida<strong>de</strong>?<<strong>br</strong> />
Talvez essas não pareçam perguntas <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
economista, mas Steven D. Levitt não é um<<strong>br</strong> />
economista como os outros. Um acadêmico<<strong>br</strong> />
superaclamado, ele estuda a rotina e os enigmas da<<strong>br</strong> />
vida real — da trapaça à criminalida<strong>de</strong>, dos esportes<<strong>br</strong> />
à criação dos filhos — e suas conclusões costumam<<strong>br</strong> />
virar <strong>de</strong> cabeça para baixo o senso comum,<<strong>br</strong> />
geralmente a partir <strong>de</strong> uma montanha <strong>de</strong> dados e <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
uma pergunta simples nunca feita. Algumas <strong>de</strong>ssas<<strong>br</strong> />
perguntas tratam <strong>de</strong> <strong>que</strong>stões <strong>de</strong> vida ou morte,<<strong>br</strong> />
outras têm uma natureza assumida-mente esdrúxula.<<strong>br</strong> />
Daí surge o novo campo <strong>de</strong> es<strong>tudo</strong> apresentado<<strong>br</strong> />
neste livro: <strong>freakonomics</strong>.<<strong>br</strong> />
Steven Levitt e Stephen Dubner <strong>de</strong>monstram <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
a Economia é, em essência, o es<strong>tudo</strong> dos incentivos<<strong>br</strong> />
— como as pessoas conseguem o <strong>que</strong> <strong>de</strong>sejam ou<<strong>br</strong> />
lhes é necessário, principalmente quando outros<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sejam a mesma coisa ou <strong>de</strong>la necessitam. Em<<strong>br</strong> />
Freakonomics, ambos se dispõem a explorar o <strong>lado</strong><<strong>br</strong> />
<strong>oculto</strong> <strong>de</strong>... ora, <strong>de</strong> <strong>tudo</strong>. A estrutura <strong>de</strong> uma gangue<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> crack; a verda<strong>de</strong> so<strong>br</strong>e os corretores <strong>de</strong> imóveis;<<strong>br</strong> />
os mitos do financiamento <strong>de</strong> campanhas eleitorais;<<strong>br</strong> />
as pistas <strong>que</strong> apontam um professor trapaceiro; os<<strong>br</strong> />
segredos da Ku Klux Klan.<<strong>br</strong> />
confuso, complicado e enganoso, não é<<strong>br</strong> />
impenetrável nem in<strong>de</strong>cifrável. Na verda<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
quando se fazem as perguntas certas, o mundo é<<strong>br</strong> />
ainda mais interessante do <strong>que</strong> supomos. É<<strong>br</strong> />
preciso, apenas, uma visão nova. Steven Levitt,<<strong>br</strong> />
por meio <strong>de</strong> um raciocínio incrivelmente inteligente<<strong>br</strong> />
e objetivo, mostra como é possível ver as coisas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> maneira clara nessa barafunda.<<strong>br</strong> />
Freakonomics levanta esta premissa<<strong>br</strong> />
heterodoxa: se a moralida<strong>de</strong> representa o modo<<strong>br</strong> />
como gostaríamos <strong>que</strong> o mundo funcionasse, a<<strong>br</strong> />
Economia representa o modo como ele realmente<<strong>br</strong> />
funciona. É verda<strong>de</strong> <strong>que</strong> os leitores vão tirar <strong>de</strong>ste<<strong>br</strong> />
livro enigmas e histórias para entreter<<strong>br</strong> />
interlocutores em muitas e muitas festas, mas<<strong>br</strong> />
Freakonomics traz mais <strong>que</strong> isso. Ele re<strong>de</strong>fine a<<strong>br</strong> />
maneira como encaramos o mundo.<<strong>br</strong> />
Steven D. Levitt leciona economia na<<strong>br</strong> />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago e recebeu recentemente<<strong>br</strong> />
a Medalha John Bates Clark, concedida a<<strong>br</strong> />
cada dois anos ao melhor economista americano<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> menos <strong>de</strong> quarenta anos.<<strong>br</strong> />
Stephen J. Dubner mora em Nova York e<<strong>br</strong> />
escreve para o The New York Times e The New<<strong>br</strong> />
Yorker. É o autor dos best-sellers Turbulent<<strong>br</strong> />
Souls e Confessions of a Hero-Whorshiper.<<strong>br</strong> />
0 <strong>que</strong> liga essas histórias é a crença <strong>de</strong> <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
mundo mo<strong>de</strong>rno, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> aparentemente<<strong>br</strong> />
Consulte nosso catálogo completo e<<strong>br</strong> />
últimos lançamentos em:<<strong>br</strong> />
www.campus.com.<strong>br</strong>
"Steven Levitt é dono da mente mais interessante dos Estados Unidos, e a leitura <strong>de</strong> Freakonomic s<<strong>br</strong> />
equivale a passear <strong>de</strong>spreocupadamente com ele num dia ensolarado <strong>de</strong> verão e vê-lo gesticular e<<strong>br</strong> />
virar do avesso <strong>tudo</strong> <strong>que</strong> acreditávamos ser verda<strong>de</strong> . Prepare-se para se<<strong>br</strong> />
. "Malcolm Gladwell – autor <strong>de</strong> The Tipping Point e Blin k r confundido<<strong>br</strong> />
"Na época em <strong>que</strong> circula por todo <strong>lado</strong> um excesso <strong>de</strong> senso comum fantasioso, e um igual excess o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> empenho intelectual se espreme em invólucros i<strong>de</strong>ológicos pré-fa<strong>br</strong>icados, Freakonomics é<<strong>br</strong> />
politicamente incorreto na melhor e mais essencial expressão da palavra . Levitt e Dubner infere m<<strong>br</strong> />
todo tipo <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>s surpreen<strong>de</strong>ntes – algumas importantes, outras simplesmente fascinantes – po r<<strong>br</strong> />
meio <strong>de</strong> uma avaliação inteligente, minuciosa, profunda e aberta dos fatos, sem se importarem co m<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>m possa se sentir atingido . Trata-se <strong>de</strong> estimulante diversão da mais alta qualida<strong>de</strong> ."<<strong>br</strong> />
Kurt An<strong>de</strong>rsen – apresentador do programa radiofônico Studio 360 e autor <strong>de</strong> Turn of the Century<<strong>br</strong> />
"Se Indiana Jones fosse um economista, ele seria Steven Levitt ."<<strong>br</strong> />
The Wall Street Journal