freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br

se refere à associação entre verdade e conveniência. O<br />
comportamento econômico e social na vida real é extremamente<br />
complexo. Entendê-lo e analisá-lo com profundidade requer<br />
trabalho e tempo, fora do alcance ou da vontade da maioria das<br />
pessoas. Logo, es-tas tendem a aderir a uma visão do tema em<br />
questão que seja simples de entender, conveniente, confortável e<br />
que esteja de acordo com seus credos e valores, ainda que muitas<br />
vezes incorreta. Questionar a "sabedoria convencional" em tópicos<br />
relevantes tem sido o tema constante do trabalho de Steven Levitt, e<br />
seu sucesso neste campo lhe rendeu a medalha Clark.<br />
Após ter ganho a medalha, Levitt foi entrevistado por um<br />
jornalista da The New York Times Magazine, Stephen Dubner. A<br />
extensa matéria, publicada na edição de domingo do jornal em<br />
agosto de 2003, fez enorme sucesso, incentivando os dois a estendêla<br />
e complementá-la, gerando este livro. A parceria com Dubner<br />
funcionou muito bem. Pelo fato de o estudo de economia ter sido<br />
do-minado pelo rigor de modelos matemáticos complexos e<br />
técnicas de estimação sofisticadas, com ênfase em demonstrações<br />
formais e não em argumentação, os jovens economistas geralmente<br />
escrevem mal. Para quem leu a matéria no Times fica claro que se o<br />
conteúdo do livro é puro Levitt, a forma é puro Dubner. A junção<br />
das duas competências toma o livro ao mesmo tempo profundo e<br />
agradável de ler, o que é raro em livros do gênero. Não à toa,<br />
Freakonomics se tornou um best-seller nos Estados Unidos,<br />
chegando a estar em primeiro lugar na lista do Boston Globe.<br />
Dentre os tópicos abordados no livro, um se destaca por ser<br />
uma das especialidades de Levitt e por ter causado comoção nos<br />
Estados Unidos: as causas da forte redução da criminalidade a partir<br />
de 1990. Este é um assunto repleto de "sabedorias convencionais".<br />
O crime é função da pobreza e do desemprego, e o importante é<br />
inovar no policiamento, controlar a venda de armas, fazer a<br />
economia crescer e dar sentenças alternativas que permitam a<br />
reinserção mais rápida do preso na sociedade.<br />
O problema é que estas teorias são muitas vezes validadas por<br />
correlações que não significam necessariamente causa e efeito.