freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Tome-se, por exemplo, a idéia <strong>de</strong> <strong>que</strong> mais prisões com sentenças<<strong>br</strong> />
mais duras ou o aumento do policiamento são inúteis. Um número<<strong>br</strong> />
maior <strong>de</strong> presos não está diretamente associado a um aumento da<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong>? Se quando o número <strong>de</strong> crimes aumenta o <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
policiais e <strong>de</strong> presos também aumenta, o <strong>que</strong> adianta colocar mais<<strong>br</strong> />
policiais na rua e pren<strong>de</strong>r mais gente? Não será este um caso típico<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> alta correlação entre as variáveis, mas <strong>de</strong> relação causa e efeito<<strong>br</strong> />
equivocada? No verão aumenta o número <strong>de</strong> mosquitos assim<<strong>br</strong> />
como a venda <strong>de</strong> inseticidas. Isto <strong>que</strong>r dizer <strong>que</strong> se fossem<<strong>br</strong> />
vendidos menos inseticidas teríamos menos mosquitos? Ou <strong>que</strong> usar<<strong>br</strong> />
inseticidas é inútil?<<strong>br</strong> />
O difícil é provar a relação correta <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong>. Dada a forte<<strong>br</strong> />
correlação entre uma coisa e outra, precisaríamos <strong>de</strong> um fato novo,<<strong>br</strong> />
não previsto (o <strong>que</strong> os economistas chamam <strong>de</strong> "evento exógeno"),<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> afetasse a variável <strong>de</strong> es<strong>tudo</strong> para <strong>que</strong> a relação <strong>de</strong> causa e efeito<<strong>br</strong> />
possa ser <strong>de</strong>monstrada. Em geral, mudanças <strong>de</strong> legislação ou outros<<strong>br</strong> />
eventos do gênero <strong>que</strong> impli<strong>que</strong>m <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
comportamento são particularmente úteis para este fim.<<strong>br</strong> />
No caso <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>, dois fatores geraram ótimas<<strong>br</strong> />
oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise. O primeiro foi a mudança <strong>de</strong> costumes e<<strong>br</strong> />
percepções da socieda<strong>de</strong> americana nos anos setenta, <strong>que</strong> gerou<<strong>br</strong> />
uma tendência a leniência quanto a criminalida<strong>de</strong> e a sentenças<<strong>br</strong> />
mais <strong>br</strong>andas, junto com a reversão <strong>de</strong>sta tendência nos anos<<strong>br</strong> />
noventa. O segundo foi o fato <strong>de</strong> <strong>que</strong>, para angariar votos, os<<strong>br</strong> />
prefeitos normalmente aumentam o policiamento das cida<strong>de</strong>s pouco<<strong>br</strong> />
antes das eleições. Como as eleições não são sincronizadas, po<strong>de</strong>-se<<strong>br</strong> />
comparar o efeito iso<strong>lado</strong> do aumento do policiamento. A conclusão<<strong>br</strong> />
da análise da<strong>que</strong>les dois fatores foi inequívoca: mais policiais na rua<<strong>br</strong> />
e mais <strong>de</strong>tenções junto com sentenças mais duras reduzem a<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong>, ao contrário do <strong>que</strong> propõe a "sabedoria<<strong>br</strong> />
convencional".<<strong>br</strong> />
Entretanto, a<strong>que</strong>les dois fatores explicam, em conjunto,<<strong>br</strong> />
apenas 40% da redução observada na criminalida<strong>de</strong> nos Estados<<strong>br</strong> />
Uni-dos a partir <strong>de</strong> 1990.0 <strong>que</strong> explicaria o resto? Crescimento da<<strong>br</strong> />
economia? Pouco, uma vez <strong>que</strong> 1% <strong>de</strong> redução no <strong>de</strong>semprego<<strong>br</strong> />
gera apenas igual redução na criminalida<strong>de</strong>. Técnicas policiais