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freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br

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A associação da violência ao crack começou a esmorecer por<<strong>br</strong> />

volta <strong>de</strong> 1991, induzindo muita gente a achar <strong>que</strong> o próprio crack<<strong>br</strong> />

sumira. Não é fato. Fumar crack continua hoje em dia muito mais<<strong>br</strong> />

comum do <strong>que</strong> muitos imaginam. Quase 5% <strong>de</strong> todas as prisões nos<<strong>br</strong> />

Estados Unidos ainda se vinculam à cocaína (contra 6% no auge da<<strong>br</strong> />

onda do crack), e as visitas aos pronto-socorros por parte <strong>de</strong> seus<<strong>br</strong> />

usuários também não diminuíram significativamente.<<strong>br</strong> />

O <strong>que</strong> realmente acabou foram os lucros gigantescos na venda <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

crack. O preço da cocaína há anos vem caindo e isso se acentuou à<<strong>br</strong> />

medida <strong>que</strong> o crack se popularizava. Os traficantes começaram a<<strong>br</strong> />

fazer concorrência <strong>de</strong> preços e os lucros evaporaram. A bolha do<<strong>br</strong> />

crack estourou tão dramaticamente quando a bolha da Nasdaq<<strong>br</strong> />

acabará estourando um dia (compare a primeira geração <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

traficantes à dos milionários da Microsoft e a segunda às Pets.com).<<strong>br</strong> />

Quando os traficantes veteranos começaram a ser mortos ou<<strong>br</strong> />

mandados para a ca<strong>de</strong>ia, os traficantes mais jovens concluíram <strong>que</strong><<strong>br</strong> />

os lucros menores não justificavam o risco. O torneio per<strong>de</strong>ra seu<<strong>br</strong> />

encanto. Já não valia mais a pena matar alguém para tomar seu<<strong>br</strong> />

território e menos ainda morrer por isso.<<strong>br</strong> />

Assim, a violência esmoreceu. De 1991 a 2001, o índice <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

homicídios entre jovens negros – com representação<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sproporcional entre os traficantes <strong>de</strong> crack – caiu 48%,<<strong>br</strong> />

comparado aos 30% <strong>de</strong> homicídios entre negros e <strong>br</strong>ancos mais<<strong>br</strong> />

velhos (outro fator menos significativo para essa <strong>que</strong>da foi o fato <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

alguns traficantes te-rem passado a atirar nas ná<strong>de</strong>gas <strong>de</strong> seus<<strong>br</strong> />

inimigos ao invés <strong>de</strong> matá-los. Esse método altamente ofensivo era<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>rado mais <strong>de</strong>gradante – bem como, obviamente, merecedor<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> punição menos severa – do <strong>que</strong> o homicídio). Tudo isso<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>rado, o crash do mercado <strong>de</strong> crack foi responsável por<<strong>br</strong> />

apenas 15% da <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong> nos anos 90 – um percentual<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> peso, sem dúvida, embora mereça ser ressaltado <strong>que</strong> o crack havia<<strong>br</strong> />

respondido por muito mais do <strong>que</strong> 15% do aumento da criminalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

nos anos 80. Em outras palavras, o efeito concreto do crack ainda<<strong>br</strong> />

se faz sentir em termos <strong>de</strong> crimes violentos, para não falar do<<strong>br</strong> />

sofrimento <strong>que</strong> a droga em si continua a gerar.

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