freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
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Uma chance em 4 <strong>de</strong> ser morto! Comparemos esses riscos<<strong>br</strong> />
com os <strong>de</strong> um cortador <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, profissão consi<strong>de</strong>rada a mais<<strong>br</strong> />
perigosa nos Estados Unidos pelo Departamento <strong>de</strong> Estatísticas<<strong>br</strong> />
do Trabalho. Em um período <strong>de</strong> quatro anos, um cortador <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ma<strong>de</strong>ira teria apenas 1 chance em 200 <strong>de</strong> morrer em <strong>de</strong>corrência<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> um aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trabalho. Ou comparemos os riscos do<<strong>br</strong> />
traficante <strong>de</strong> crack com a<strong>que</strong>les a <strong>que</strong> está exposto um prisioneiro<<strong>br</strong> />
no corre-dor da morte no Texas, <strong>que</strong> executa mais prisioneiros do<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> qual-<strong>que</strong>r outro estado americano. Em 2003, o Texas<<strong>br</strong> />
executou 24 prisioneiros — ou seja, apenas 5% dos quase 500<<strong>br</strong> />
ocupantes das celas no corredor da morte nesse período. Isso<<strong>br</strong> />
significa <strong>que</strong> a chance <strong>de</strong> morrer traficando crack num conjunto<<strong>br</strong> />
habitacional <strong>de</strong> Chicago é maior do <strong>que</strong> a enfrentada por um<<strong>br</strong> />
prisioneiro no corredor da mor-te no Texas.<<strong>br</strong> />
Então, se o tráfico <strong>de</strong> crack é a ativida<strong>de</strong> mais perigosa dos<<strong>br</strong> />
Estados Unidos, e se o salário é <strong>de</strong> apenas $3,30 a hora, por <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
diabos alguém escolheria esse emprego?<<strong>br</strong> />
Ora, pela mesma razão <strong>que</strong> leva uma garota bonita criada<<strong>br</strong> />
numa fazenda em Wisconsin a se mudar para Hollywood. Pela<<strong>br</strong> />
mesma razão <strong>que</strong> leva um zagueiro <strong>de</strong> futebol americano <strong>de</strong> time<<strong>br</strong> />
escolar a acordar às 5 da manhã para levantar peso. Todos eles<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>rem vencer em uma área altamente competitiva na qual, se<<strong>br</strong> />
você conseguir chegar ao topo, vai ganhar uma fortuna (sem falar<<strong>br</strong> />
nas perspectivas <strong>de</strong> glória e po<strong>de</strong>r).<<strong>br</strong> />
Para a garotada criada num conjunto habitacional da zona<<strong>br</strong> />
po<strong>br</strong>e <strong>de</strong> Chicago, traficar crack é uma profissão glamourosa. Para<<strong>br</strong> />
muitos <strong>de</strong>sses meninos, o emprego <strong>de</strong> chefe <strong>de</strong> quadrilha —<<strong>br</strong> />
altamente visível e lucrativo — era <strong>de</strong> longe o melhor <strong>que</strong> achavam<<strong>br</strong> />
possível almejar. Se tivessem sido criados em circunstâncias<<strong>br</strong> />
diversas, talvez pensassem em se tornar economistas ou escritores,<<strong>br</strong> />
mas no bairro em <strong>que</strong> a gangue <strong>de</strong> J.T. operava, a via para um<<strong>br</strong> />
emprego legítimo <strong>de</strong>cente era praticamente invisível. Cinqüenta e<<strong>br</strong> />
seis por cento das crianças da vizinhança viviam abaixo da linha da<<strong>br</strong> />
po<strong>br</strong>eza (em comparação a uma média nacional <strong>de</strong> 18%). Setenta e<<strong>br</strong> />
oito por cento vinham <strong>de</strong> lares <strong>de</strong> pais solteiros. Menos <strong>de</strong> 5% dos<<strong>br</strong> />
adultos