freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
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As notas trienais da turma B, por outro <strong>lado</strong>, também são<<strong>br</strong> />
baixas, mas ao menos sugerem um esforço legítimo: 4,2, 5,1 e 6.<<strong>br</strong> />
Deduz-se, a partir daí, <strong>que</strong> ou todos os alunos da turma A<<strong>br</strong> />
repentina-mente <strong>br</strong>ilharam em um ano e regrediram drasticamente<<strong>br</strong> />
no seguinte, ou – o mais provável – o professor da turma da 6ª série<<strong>br</strong> />
fez mágica com um lápis n° 2.<<strong>br</strong> />
Há duas observações importantes a fazer so<strong>br</strong>e os alunos da<<strong>br</strong> />
turma A, paralelamente à trapaça propriamente dita. A primeira é<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> seu <strong>de</strong>sempenho é, obviamente, muito ruim, ou seja, eles são<<strong>br</strong> />
precisamente a<strong>que</strong>les para <strong>que</strong>m o provão foi instituído por serem<<strong>br</strong> />
os mais necessitados <strong>de</strong> atenção. A segunda observação é <strong>que</strong> esses<<strong>br</strong> />
alunos estariam fadados a enfrentar um enorme cho<strong>que</strong> ao chegar à<<strong>br</strong> />
7ª série. Pelo <strong>que</strong> sabiam, haviam sido aprovados graças às suas<<strong>br</strong> />
notas (nenhuma criança atrasada, sem dúvida). Não foram eles <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
aumentaram as próprias notas e, por isso, tinham toda a razão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
esperar um bom <strong>de</strong>sempenho na 7ª série – e se saíram muito mal.<<strong>br</strong> />
Esse po<strong>de</strong> ser o equívoco mais cruel resultante <strong>de</strong> um provão. Um<<strong>br</strong> />
professor trapaceiro po<strong>de</strong> dizer a si mesmo <strong>que</strong> está ajudando seus<<strong>br</strong> />
alunos, mas o <strong>que</strong> <strong>de</strong>monstra é estar muito mais preocupado em<<strong>br</strong> />
ajudar a si próprio.<<strong>br</strong> />
Uma análise do conjunto <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> Chicago revela a<<strong>br</strong> />
existência <strong>de</strong> trapaças <strong>de</strong> professores em mais <strong>de</strong> duas mil turmas<<strong>br</strong> />
por ano, aproximadamente 5% do total. Essa é uma estimativa<<strong>br</strong> />
otimista, já <strong>que</strong> o algoritmo foi capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar apenas a<<strong>br</strong> />
maneira mais óbvia <strong>de</strong> trapacear – a<strong>que</strong>la em <strong>que</strong> os professores<<strong>br</strong> />
sistematicamente alteram as respostas dos alunos –, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
fora as vá-rias formas sutis <strong>que</strong> po<strong>de</strong>m ser empregadas por um<<strong>br</strong> />
professor para trapacear. Em es<strong>tudo</strong> recente feito com os<<strong>br</strong> />
professores da Carolina do Norte, cerca <strong>de</strong> 3 5% dos entrevistados<<strong>br</strong> />
respon<strong>de</strong>ram já ter visto seus colegas trapacearem, fosse permitindo<<strong>br</strong> />
aos alunos mais tempo para fazer a prova, sugerindo respostas ou<<strong>br</strong> />
alterando as escolhidas pelas crianças.<<strong>br</strong> />
Quais as características <strong>de</strong> um professor trapaceiro? Os dados<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Chicago mostram <strong>que</strong> homens e mulheres são igualmente<<strong>br</strong> />
propensos a trapacear. Um professor trapaceiro em geral é mais