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freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br

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a conversa da gangue <strong>de</strong> <strong>que</strong> o tráfico <strong>de</strong> crack era inofensivo –<<strong>br</strong> />

chegavam a dizer <strong>que</strong> com isso o dinheiro negro não saía da<<strong>br</strong> />

comunida<strong>de</strong> negra —, Booty se sentia culpado. Queria <strong>de</strong>ixar como<<strong>br</strong> />

lega-do algo <strong>que</strong> pu<strong>de</strong>sse <strong>de</strong> alguma forma ajudar a geração<<strong>br</strong> />

seguinte. Entregou a Venkatesh uma pilha <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>rnos em espiral<<strong>br</strong> />

surrados, nas cores da gangue: azul e preto. Mi estava um registro<<strong>br</strong> />

completo <strong>de</strong> quatro anos <strong>de</strong> transações financeiras do bando. Sob a<<strong>br</strong> />

orientação <strong>de</strong> J.T., os livros haviam sido escrupulosamente<<strong>br</strong> />

escriturados: vendas, salários, dívidas e até mesmo os "seguros"<<strong>br</strong> />

pagos às famílias <strong>de</strong> integrantes assassinados.<<strong>br</strong> />

A princípio, Venkatesh nem <strong>que</strong>ria os ca<strong>de</strong>rnos. E se o FBI<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sco<strong>br</strong>isse <strong>que</strong> estavam com ele? Talvez fosse indiciado também.<<strong>br</strong> />

Além disso, o <strong>que</strong> faria com os dados? A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> sua formação<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> matemático, há muito já parara <strong>de</strong> pensar em números.<<strong>br</strong> />

Quando terminou seus es<strong>tudo</strong>s na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago,<<strong>br</strong> />

Venkatesh foi agraciado com um estágio <strong>de</strong> três anos na Society of<<strong>br</strong> />

Fellows <strong>de</strong> Harvard. O ambiente <strong>de</strong> discussões <strong>br</strong>ilhantes e bonomia<<strong>br</strong> />

— o lam<strong>br</strong>i das pare<strong>de</strong>s, o carrinho <strong>de</strong> bebidas <strong>que</strong> já pertencera a<<strong>br</strong> />

Oh-ver Wen<strong>de</strong>ll Holmes — maravilhou-o. Mesmo assim, volta e<<strong>br</strong> />

meia ele saía <strong>de</strong> Cam<strong>br</strong>idge, voltando e tomando a voltar para a<<strong>br</strong> />

gangue do crack em Chicago. A pesquisa <strong>de</strong> rua transformou<<strong>br</strong> />

Venkatesh numa espécie <strong>de</strong> aleijão. Quase todos os outros jovens<<strong>br</strong> />

Fellows eram intelectuais convictos <strong>que</strong> gostavam <strong>de</strong> discutir em<<strong>br</strong> />

grego.<<strong>br</strong> />

Um dos objetivos da socieda<strong>de</strong> era juntar estudiosos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

diversas áreas <strong>que</strong> <strong>de</strong> outra forma não teriam oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<<strong>br</strong> />

encontrar. Venkatesh logo <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu outro Fellow anômalo, <strong>que</strong><<strong>br</strong> />

também <strong>de</strong>stoava do estereótipo da socieda<strong>de</strong>. Por acaso tratava-se<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> um economista <strong>que</strong>, ao invés <strong>de</strong> pensar gran<strong>de</strong>s idéias macro,<<strong>br</strong> />

preferia dar atenção a microcuriosida<strong>de</strong>s dissonantes. A<<strong>br</strong> />

criminalida<strong>de</strong> encabeçava sua lista. Em vista disso, com <strong>de</strong>z<<strong>br</strong> />

minutos <strong>de</strong> conversa, Sudhir Venkatesh contou a Steven Levitt a<<strong>br</strong> />

história dos ca<strong>de</strong>rnos em espiral <strong>de</strong> Chicago e os dois <strong>de</strong>cidiram<<strong>br</strong> />

escrever juntos uma tese. Seria a primeira vez <strong>que</strong> esses inestimáveis<<strong>br</strong> />

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