freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
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Talvez valha a pena fazer primeiro uma pergunta mais básica:<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> quê, exatamente, temos medo? De morrer, supostamente. Mas<<strong>br</strong> />
o medo da morte precisa ser <strong>de</strong>limitado. Claro <strong>que</strong> sabemos <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
vamos morrer e nos preocupamos aci<strong>de</strong>ntalmente com isso, mas<<strong>br</strong> />
se lhe disserem <strong>que</strong> você tem 10% <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> morrer no<<strong>br</strong> />
ano <strong>que</strong> vem, sua preocupação aumentará muito e talvez você até<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>cida viver <strong>de</strong> maneira diferente. E se for informado <strong>de</strong> <strong>que</strong> tem<<strong>br</strong> />
uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong> morrer no próximo minuto, você<<strong>br</strong> />
provavelmente entrará em pânico. Assim, é a possibilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
iminente da morte <strong>que</strong> <strong>de</strong>tona esse medo — o <strong>que</strong> significa <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
modo mais lógico <strong>de</strong> calcular o medo da morte seria pensar nele<<strong>br</strong> />
em ter-mos <strong>de</strong> horas.<<strong>br</strong> />
Se você vai fazer uma viagem e tem a opção <strong>de</strong> usar o avião ou<<strong>br</strong> />
o carro, talvez prefira levar em conta o índice <strong>de</strong> mortes por hora<<strong>br</strong> />
em avião versus carro. E certo <strong>que</strong> muito mais pessoas morrem<<strong>br</strong> />
anualmente nos Estados Unidos em aci<strong>de</strong>ntes automobilísticos<<strong>br</strong> />
(aproximadamente 40 mil pessoas) do <strong>que</strong> em <strong>de</strong>sastres aéreos<<strong>br</strong> />
(menos <strong>de</strong> mil pessoas). Mas também é verda<strong>de</strong> <strong>que</strong> a maioria <strong>de</strong>las<<strong>br</strong> />
passa mais tempo em carros do <strong>que</strong> em aviões (mais pessoas morrem<<strong>br</strong> />
anualmente até mesmo em aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> barco do <strong>que</strong> em <strong>de</strong>sastres<<strong>br</strong> />
aéreos; como vimos no caso das piscinas versus armas, a<<strong>br</strong> />
água é bem mais perigosa do <strong>que</strong> se imagina). No entanto, o índice<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> mortes por hora em aci<strong>de</strong>ntes automobilísticos e aéreos é<<strong>br</strong> />
praticamente igual. Os dois artefatos são igualmente capazes (ou,<<strong>br</strong> />
na verda<strong>de</strong>, incapazes) <strong>de</strong> levar à morte.<<strong>br</strong> />
Mas o medo floresce melhor no tempo presente. Por isso os<<strong>br</strong> />
especialistas contam com ele: num mundo cada vez mais<<strong>br</strong> />
impaciente diante <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> longo prazo, o medo é um<<strong>br</strong> />
potente elemento <strong>de</strong> curto prazo. Digamos <strong>que</strong> você seja uma<<strong>br</strong> />
autorida<strong>de</strong> do governo encarregada <strong>de</strong> buscar recursos para<<strong>br</strong> />
combater um <strong>de</strong> dois males mais comprovadamente letais: os<<strong>br</strong> />
ata<strong>que</strong>s terroristas e as doenças cardíacas. Qual <strong>de</strong>ssas causas<<strong>br</strong> />
levaria os mem<strong>br</strong>os do Congresso a a<strong>br</strong>ir os cofres? A<<strong>br</strong> />
probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qual<strong>que</strong>r pessoa ser morta em um ata<strong>que</strong><<strong>br</strong> />
terrorista é infinitesimalmente menor do <strong>que</strong> a da mesma pessoa<<strong>br</strong> />
entupir suas artérias <strong>de</strong> gordura alimentar e