freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
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violentos, tornaram-se mais longas. Tudo isso gerou um efeito<<strong>br</strong> />
dramático. Em 2000, já havia mais <strong>de</strong> dois milhões <strong>de</strong> presos nas<<strong>br</strong> />
ca<strong>de</strong>ias, aproximadamente quatro vezes mais do <strong>que</strong> em 1972,<<strong>br</strong> />
sendo <strong>que</strong> meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse crescimento teve lugar na década <strong>de</strong> 1990.<<strong>br</strong> />
São muito fortes os indícios <strong>que</strong> vinculam o endurecimento da<<strong>br</strong> />
punição com os índices mais baixos <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>. Penas duras se<<strong>br</strong> />
revelaram ao mesmo tempo inibidoras (para o criminoso potencial<<strong>br</strong> />
em liberda<strong>de</strong>) e profiláticas (para o criminoso potencial já preso).<<strong>br</strong> />
Por mais lógico <strong>que</strong> isso pareça, alguns criminologistas foram <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
encontro à lógica. Um es<strong>tudo</strong> acadêmico <strong>de</strong> 1977 chamado "On<<strong>br</strong> />
Behalf of a Moratorium on Prison Construction" observou <strong>que</strong> os<<strong>br</strong> />
índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> costumam ser altos quando os índices <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
prisão são altos, concluindo <strong>que</strong> o crime só diminuiria com a<<strong>br</strong> />
redução dos índices <strong>de</strong> encarceramento. (Felizmente, os agentes<<strong>br</strong> />
penitenciários não correram para libertar os presos para <strong>de</strong>pois sentar<<strong>br</strong> />
e esperar tranqüilamente a <strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong>. Como comentou<<strong>br</strong> />
mais tar<strong>de</strong> o cientista político John J. Dilulio Jr.: "Aparentemente é<<strong>br</strong> />
preciso ter Ph.D. em criminologia para duvidar <strong>de</strong> <strong>que</strong> manter<<strong>br</strong> />
criminosos na ca<strong>de</strong>ia reduz a criminalida<strong>de</strong>.") A tese <strong>de</strong>sse es<strong>tudo</strong><<strong>br</strong> />
acadêmico se apóia em uma confusão básica entre correlação e<<strong>br</strong> />
causalida<strong>de</strong>. Consi<strong>de</strong>remos uma tese paralela: o prefeito <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
cida<strong>de</strong> percebe <strong>que</strong> os times locais criam tumulto nas<<strong>br</strong> />
comemorações <strong>de</strong> suas vitórias na final do Campeonato Nacional e<<strong>br</strong> />
fica intrigado com essa correlação. Como o autor do es<strong>tudo</strong><<strong>br</strong> />
"Moratorium", porém, o prefeito é incapaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a direção<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ssa correlação e, no ano seguinte, <strong>de</strong>creta <strong>que</strong> os cidadãos <strong>de</strong>vem<<strong>br</strong> />
dar início às comemorações do Campeonato antes <strong>que</strong> a bola comece a<<strong>br</strong> />
rolar — ato <strong>que</strong>, em sua mente confusa, garantirá uma vitória.<<strong>br</strong> />
O <strong>de</strong>scontentamento com o enorme crescimento da população<<strong>br</strong> />
carcerária tem muitas razões. Nem todos ficam satisfeitos <strong>de</strong> ver um<<strong>br</strong> />
número tão significativo <strong>de</strong> americanos, principalmente americanos<<strong>br</strong> />
negros, atrás das gra<strong>de</strong>s. Por outro <strong>lado</strong>, a prisão não é se<strong>que</strong>r um<<strong>br</strong> />
começo <strong>de</strong> solução das causas <strong>que</strong> geram o crime, <strong>que</strong> são diversas e<<strong>br</strong> />
complexas. Por último, essa solução não é nada barata: chega a cerca<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> $25 mil por ano a manutenção <strong>de</strong> um preso. No entanto, se