freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
cerca em volta da piscina, uma porta trancada para <strong>que</strong> uma criança<<strong>br</strong> />
pe<strong>que</strong>na não saia sem ser vista.<<strong>br</strong> />
Se todos os pais adotarem essas precauções, as vidas <strong>de</strong> umas<<strong>br</strong> />
400 crianças serão salvas anualmente, superando o número <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
vidas salvas por duas das invenções mais difundidas dos últimos<<strong>br</strong> />
tempos: berços mais seguros e assentos infantis para automóveis.<<strong>br</strong> />
Os dados mostram <strong>que</strong> as ca<strong>de</strong>irinhas para carro são, na melhor<<strong>br</strong> />
das hipóteses, nominalmente úteis. Certamente é mais seguro<<strong>br</strong> />
manter a criança no banco traseiro do <strong>que</strong> no colo <strong>de</strong> um adulto no<<strong>br</strong> />
banco da frente, on<strong>de</strong>, no caso <strong>de</strong> um aci<strong>de</strong>nte, ela se transforma<<strong>br</strong> />
num projétil. Mas a segurança aqui provém <strong>de</strong> evitar <strong>que</strong> a criança<<strong>br</strong> />
viaje em situação propícia a virar uma bala, não do fato <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
amarrá-la numa ca<strong>de</strong>irinha <strong>de</strong> $200. Mesmo assim, muitos pais<<strong>br</strong> />
exageram <strong>de</strong> tal forma a vantagem <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ssas ca<strong>de</strong>irinhas <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
correm para a <strong>de</strong>legacia ou o corpo <strong>de</strong> bombeiros mais próximo<<strong>br</strong> />
para instalá-la corretamente. O gesto, é claro, <strong>de</strong>nota amor, mas<<strong>br</strong> />
não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um sintoma do <strong>que</strong> po<strong>de</strong>ríamos chamar <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
parentalida<strong>de</strong> obsessiva (pais obsessivos sabem <strong>que</strong> o são e<<strong>br</strong> />
geralmente se <strong>org</strong>ulham disso; pais não-obsessivos também sabem<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>m são os obsessivos e costumam zombar <strong>de</strong>les).<<strong>br</strong> />
A maioria das novida<strong>de</strong>s no campo da segurança infantil está<<strong>br</strong> />
associada – cho<strong>que</strong> dos cho<strong>que</strong>s – a um novo produto a entrar no<<strong>br</strong> />
mercado (quase cinco milhões <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>irinhas para automóveis são<<strong>br</strong> />
vendidas a cada ano). Esses produtos quase sempre resultam <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
algum temor crescente quanto ao qual, como diria Peter Sandman,<<strong>br</strong> />
a indignação supera o perigo. Comparemos as 400 vidas <strong>que</strong> umas<<strong>br</strong> />
poucas precauções para garantir a segurança das piscinas salvariam<<strong>br</strong> />
ao número <strong>de</strong> vidas salvas graças a cruzadas bem mais ruidosas:<<strong>br</strong> />
embalagens à prova <strong>de</strong> manuseio infantil (estimativa <strong>de</strong> 50 vidas<<strong>br</strong> />
por ano), pijamas à prova <strong>de</strong> chamas (10 vidas), manter as crianças<<strong>br</strong> />
longe dos airbags dos carros (ocorreram menos <strong>de</strong> cinco mortes <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
crianças pe<strong>que</strong>nas por ano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o advento dos airbags) e cadarços<<strong>br</strong> />
seguros em roupas infantis (2 vidas).<<strong>br</strong> />
Espere aí!, você dirá. Qual o problema <strong>de</strong> os pais serem<<strong>br</strong> />
manipu<strong>lado</strong>s por especialistas e mar<strong>que</strong>teiros? Não <strong>de</strong>veríamos