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freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br

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começou a cair. O <strong>que</strong> faltava nessa leva, é claro, eram as crianças<<strong>br</strong> />

mais propensas a se tornarem criminosas. A criminalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

continuou a cair à medida <strong>que</strong> uma geração inteira alcançou a<<strong>br</strong> />

maiorida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>la excluídas as crianças cujas mães não haviam<<strong>br</strong> />

<strong>que</strong>rido pô-las no mundo. O aborto legalizado resultou num<<strong>br</strong> />

número menor <strong>de</strong> filhos in<strong>de</strong>sejados; filhos in<strong>de</strong>sejados levam a<<strong>br</strong> />

altos índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>. A legalização do aborto, assim,<<strong>br</strong> />

levou a menos crimes.<<strong>br</strong> />

Essa teoria está fadada a provocar inúmeras reações, <strong>que</strong> vão da<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>scrença à repulsa, bem como uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> objeções, das<<strong>br</strong> />

triviais às morais. A primeira objeção é a mais direta: a teoria é<<strong>br</strong> />

válida? Talvez aborto e criminalida<strong>de</strong> estejam meramente<<strong>br</strong> />

correlacionados, não havendo aí nexo causal.<<strong>br</strong> />

Talvez seja mais cômodo acreditar no <strong>que</strong> dizem os jornais, ou<<strong>br</strong> />

seja, <strong>que</strong> a <strong>que</strong>da dos índices <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>veu-se a um<<strong>br</strong> />

policiamento <strong>br</strong>ilhante, a um controle inteligente das armas e a<<strong>br</strong> />

uma economia emergente. Habituamo-nos a vincular causalida<strong>de</strong> a<<strong>br</strong> />

coisas <strong>que</strong> po<strong>de</strong>mos tocar ou sentir, não a fenômenos distantes e<<strong>br</strong> />

complexos. Acreditamos, principalmente, em causas <strong>de</strong> curto prazo:<<strong>br</strong> />

uma co<strong>br</strong>a mor<strong>de</strong> um amigo nosso, ele grita <strong>de</strong> dor e morre. A<<strong>br</strong> />

mordida da co<strong>br</strong>a, concluímos, foi a causa da morte. Na maioria<<strong>br</strong> />

das vezes esse raciocínio está correto, mas quando se trata <strong>de</strong> causa e<<strong>br</strong> />

efeito, é comum haver um "porém" nesse tipo <strong>de</strong> raciocínio "bateu,<<strong>br</strong> />

levou". Sorrimos com superiorida<strong>de</strong>, hoje em dia, quando<<strong>br</strong> />

pensamos em antigas culturas <strong>que</strong> a<strong>br</strong>açavam causas equivocadas –<<strong>br</strong> />

os guerreiros <strong>que</strong> acreditavam, por exemplo, <strong>que</strong> estuprando<<strong>br</strong> />

virgens sairiam vencedores nas batalhas. No entanto, também<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>açamos causas equivocadas, geralmente incitados por um<<strong>br</strong> />

especialista <strong>que</strong> afirma uma verda<strong>de</strong> na qual tem interesse pessoal.<<strong>br</strong> />

Como, então, saber se o vínculo aborto-crime tem nexo causal<<strong>br</strong> />

ou se aqui se trata tão-somente <strong>de</strong> uma correlação?<<strong>br</strong> />

Uma forma <strong>de</strong> testar o efeito do aborto so<strong>br</strong>e a criminalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

seria examinar os dados da criminalida<strong>de</strong> nos cinco estados <strong>que</strong><<strong>br</strong> />

legalizaram o aborto antes <strong>que</strong> a Suprema Corte esten<strong>de</strong>sse esse<<strong>br</strong> />

direito ao restante do país. Em Nova York, na Califórnia, em<<strong>br</strong> />

Washington, no Alasca e no Havaí, a uma mulher já era permitido

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