freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
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morrer <strong>de</strong> uma doença cardíaca. Só <strong>que</strong> um ata<strong>que</strong> terrorista<<strong>br</strong> />
acontece agora; a morte por doença cardíaca é uma catástrofe<<strong>br</strong> />
distante e silenciosa. Os atos terroristas estão fora do nosso<<strong>br</strong> />
controle; as bata-tas fritas, não. Tão importante quanto o fator<<strong>br</strong> />
controle é aquilo <strong>que</strong> Peter Sandman chama <strong>de</strong> fator pavor. A<<strong>br</strong> />
morte provocada por ata<strong>que</strong> terrorista (ou pelo mal da vaca louca) é<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>rada absolutamente pavorosa; a morte causada por uma<<strong>br</strong> />
doença cardíaca, por algum motivo, não é vista assim.<<strong>br</strong> />
Sandman é um especialista <strong>que</strong> atua dos dois <strong>lado</strong>s da moeda.<<strong>br</strong> />
E capaz <strong>de</strong> ajudar um grupo <strong>de</strong> ambientalistas a expor um perigo<<strong>br</strong> />
para a saú<strong>de</strong> pública num dia e no outro ter como cliente o<<strong>br</strong> />
presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> lanchonetes <strong>que</strong> tenta conter um surto<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> E. coli. Sandman reduziu sua competência <strong>de</strong> especialista a<<strong>br</strong> />
uma equação simples: risco = perigo + indignação. Para o<<strong>br</strong> />
presi<strong>de</strong>nte da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> lanchonetes com a carne do hambúrguer<<strong>br</strong> />
contaminada, Sandman trabalha para "reduzir a indignação"; para<<strong>br</strong> />
os ambienta-listas, sua função é "fazer crescer a indignação".<<strong>br</strong> />
Vale a pena observar <strong>que</strong> Sandman dirige suas baterias para a<<strong>br</strong> />
indignação, não para o perigo em si. Ele admite <strong>que</strong> a indignação e<<strong>br</strong> />
o perigo não têm o mesmo peso em sua equação "risco". "Quando<<strong>br</strong> />
o perigo é gran<strong>de</strong> e a indignação pe<strong>que</strong>na, a reação do público é<<strong>br</strong> />
insuficiente", diz ele. "Quando o perigo é pe<strong>que</strong>no e a indignação<<strong>br</strong> />
gran<strong>de</strong>, a reação é exacerbada."<<strong>br</strong> />
Então por <strong>que</strong> uma piscina atemoriza menos <strong>que</strong> uma arma?<<strong>br</strong> />
A idéia <strong>de</strong> uma criança ser morta com um tiro no peito vindo da<<strong>br</strong> />
arma do vizinho é abominável, dramática, aterradora — resumindo:<<strong>br</strong> />
ultrajante. Piscinas não inspiram indignação, em parte <strong>de</strong>vi-do<<strong>br</strong> />
ao fator familiarida<strong>de</strong>. Assim como a maioria das pessoas passa<<strong>br</strong> />
mais tempo em carros do <strong>que</strong> em aviões, a maioria <strong>de</strong> nós está<<strong>br</strong> />
muito mais familiarizada com o ato <strong>de</strong> nadar em piscinas do <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
com o <strong>de</strong> disparar armas. No entanto, apenas 30 segundos bastam<<strong>br</strong> />
para uma criança se afogar, e isso costuma acontecer sem barulho.<<strong>br</strong> />
Um bebê po<strong>de</strong> se afogar numa poça d'água <strong>de</strong> uns poucos<<strong>br</strong> />
centímetros. As providências para evitar os afogamentos, em<<strong>br</strong> />
compensação, são bastante simples: um adulto vigilante, uma