freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
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complexo <strong>de</strong> <strong>que</strong>stões <strong>que</strong> mudam ao sabor <strong>de</strong> um único fator: a<<strong>br</strong> />
mão <strong>que</strong> empunha a arma.<<strong>br</strong> />
Vale a pena voltar um passo e fazer uma pergunta elementar: o<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> é uma arma? Uma ferramenta <strong>que</strong> po<strong>de</strong> ser usada para matar<<strong>br</strong> />
alguém, é claro. Principalmente, porém, uma arma é um gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
agente perturbador da or<strong>de</strong>m natural.<<strong>br</strong> />
Uma arma altera o resultado <strong>de</strong> qual<strong>que</strong>r disputa. Digamos<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> um sujeito parrudo e outro não tão parrudo tro<strong>que</strong>m<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>saforos num bar e comecem uma <strong>br</strong>iga. Para o menos parrudo é<<strong>br</strong> />
bastante óbvio ele vá apanhar. Sendo assim, por <strong>que</strong> se dar ao<<strong>br</strong> />
trabalho <strong>de</strong> <strong>br</strong>igar? A or<strong>de</strong>m natural das coisas permanece intacta.<<strong>br</strong> />
Se, no entanto, o mais fracote está armado, ele passa a ter uma boa<<strong>br</strong> />
chance <strong>de</strong> vencer. Nesse cenário, a introdução <strong>de</strong> uma arma po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
muito bem acarretar mais violência.<<strong>br</strong> />
Imaginemos agora, em lugar <strong>de</strong> um sujeito parrudo e outro<<strong>br</strong> />
menos parrudo, uma estudante abordada à noite na rua por um<<strong>br</strong> />
assaltante. O <strong>que</strong> acontece se apenas o assaltante estiver armado? E<<strong>br</strong> />
se for apenas a estudante? E se ambos estiverem armados? Um<<strong>br</strong> />
adversário das armas dirá <strong>que</strong>, para começar, a arma <strong>de</strong>ve ser<<strong>br</strong> />
mantida longe do assaltante. Um <strong>de</strong>fensor das armas dirá <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />
estudante precisa ter uma arma para reverter o <strong>que</strong> se tornou a<<strong>br</strong> />
or<strong>de</strong>m natural: são os bandidos <strong>que</strong> têm armas (se a menina<<strong>br</strong> />
espantar o assaltante, a introdução da arma, nesse caso, po<strong>de</strong> levar<<strong>br</strong> />
a menos violência). Qual<strong>que</strong>r assaltante com um mínimo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
iniciativa provavelmente porta uma arma, já <strong>que</strong> num país como os<<strong>br</strong> />
Estados Unidos, com um dinâmico mercado negro <strong>de</strong>las, qual<strong>que</strong>r<<strong>br</strong> />
pessoa é capaz <strong>de</strong> adquirir a sua.<<strong>br</strong> />
Existem tantas armas nos Estados Unidos <strong>que</strong> se <strong>de</strong>rmos uma<<strong>br</strong> />
para cada adulto, faltarão adultos para recebê-las. Quase dois<<strong>br</strong> />
terços dos homicídios americanos envolvem uma arma <strong>de</strong> fogo,<<strong>br</strong> />
parcela bem maior do <strong>que</strong> em outros países industrializa-dos.<<strong>br</strong> />
Nosso índice <strong>de</strong> homicídios também é muito mais alto do <strong>que</strong> o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sses países. Po<strong>de</strong> parecer <strong>que</strong> ele seja alto assim por<strong>que</strong> é tão fácil<<strong>br</strong> />
obter uma arma. As pesquisas, com efeito, comprovam <strong>que</strong> isso é<<strong>br</strong> />
verda<strong>de</strong>.