freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
família sulista, Kennedy contava entre seus antepassados dois<<strong>br</strong> />
signatários da Declaração da In<strong>de</strong>pendência, um oficial do Exército<<strong>br</strong> />
Confe<strong>de</strong>rado e John B. Stetson, fundador da famosa fá<strong>br</strong>ica <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
chapéus e dono do nome adotado pela Universida<strong>de</strong> Stetson.<<strong>br</strong> />
Stetson Kennedy cresceu numa casa <strong>de</strong> 14 cômodos em<<strong>br</strong> />
Jacksonville, na Flórida, sendo o caçula <strong>de</strong> cinco filhos. Seu tio<<strong>br</strong> />
Brady pertencia à Klan, mas o so<strong>br</strong>inho somente entrou em contato<<strong>br</strong> />
com o grupo quando a empregada da família, Flo, <strong>que</strong> praticamente<<strong>br</strong> />
criara o menino, foi amarrada a uma árvore, surrada e estuprada por<<strong>br</strong> />
um bando <strong>de</strong> a<strong>de</strong>ptos da entida<strong>de</strong>. Seu crime: dirigir a palavra ao<<strong>br</strong> />
condutor <strong>br</strong>anco <strong>de</strong> um bon<strong>de</strong> <strong>que</strong> lhe <strong>de</strong>ra o troco errado.<<strong>br</strong> />
Por não ter podido lutar na Segunda Guerra Mundial — em<<strong>br</strong> />
virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> um problema na coluna adquirido na infância —<<strong>br</strong> />
Kennedy se sentiu o<strong>br</strong>igado a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a pátria em casa.<<strong>br</strong> />
Consi<strong>de</strong>rava <strong>que</strong> o pior inimigo a enfrentar era o preconceito e se<<strong>br</strong> />
dizia "um dissi<strong>de</strong>nte generalizado", escrevendo artigos e livros <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
atacavam o preconceito. Tornou-se muito amigo <strong>de</strong> Woody<<strong>br</strong> />
Guthrie, Richard Wright e uma série <strong>de</strong> outros progressistas. Jean-<<strong>br</strong> />
Paul Sartre publicou seus trabalhos na França.<<strong>br</strong> />
Escrever não era para Kennedy uma ativida<strong>de</strong> fácil nem<<strong>br</strong> />
prazerosa. Sendo, no fundo, um menino do campo, ele mil vezes<<strong>br</strong> />
preferia sair para pescar nos pântanos a empunhar a pena. No<<strong>br</strong> />
entanto, cegamente <strong>de</strong>dicado à causa <strong>que</strong> a<strong>br</strong>açara, não lhe restou<<strong>br</strong> />
outra escolha senão essa, <strong>que</strong> o levou a tornar-se o único mem<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />
gentio da Liga Antidifamação, entida<strong>de</strong> surgida no pós-guerra e<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>votada a acabar com o preconceito (Kennedy cunhou a expressão<<strong>br</strong> />
"Frown Power", peça central da campanha <strong>de</strong> pressão da Liga, <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
encorajava as pessoas a ostensivamente franzir a testa quando<<strong>br</strong> />
ouvissem um discurso preconceituoso). Kennedy foi também o<<strong>br</strong> />
único correspon<strong>de</strong>nte <strong>br</strong>anco do Pittsburgh Courier, o maior jornal<<strong>br</strong> />
negro do país (escrevia uma coluna so<strong>br</strong>e a luta racial no Sul sob o<<strong>br</strong> />
pseudônimo <strong>de</strong> Daddy Mention — um herói do folclore negro <strong>que</strong>,<<strong>br</strong> />
conta a lenda, era mais rápido <strong>que</strong> a bala do revólver do xerife).<<strong>br</strong> />
O <strong>que</strong> movia Kennedy era o horror às mentes fechadas, à<<strong>br</strong> />
ignorância, ao obstrucionismo e à intimidação — mazelas <strong>que</strong>, em<<strong>br</strong> />
sua