freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br

sendo chamado de ideólogo (tanto pelos conservadores quanto pelos liberais), de<br />
eugenicista, de racista e até mesmo de cruel.<br />
Na verdade, aparentemente, ele não é nada disso. Tem pouca simpatia pela<br />
política e menos ainda pelo moralismo. É genial, discreto e imperturbável, além de<br />
seguro sem ser arrogante. Não é capaz de disfarçara língua presa. Sua aparência<br />
é a de um sujeito superquadrado: camisa xadrez abotoada até o colarinho, calça<br />
cáqui com cinto de tressé e confortáveis mocassins marrons. Sua agenda de bolso<br />
traz o logotipo do Departamento Nacional de Pesquisas Econômicas. "Seda ótimo<br />
se ele pudesse cortar o cabelo mais de três vezes por ano", lamenta sua mulher,<br />
Jeannette, "e trocasse os óculos que vem usando há 15 anos e que sequer<br />
naquela época estavam na moda". Foi um bom g o s t a no secundário, mas<br />
acabou tão enferrujado que chama a si mesmo de "o ser humano mais frágil ainda<br />
vivo" e pede à mulher que abra as latas em casa.<br />
Em outras palavras, nada em sua aparência ou no seu comportamento sugere<br />
que ele seja um cospe fogo.<br />
THE NEW YORK TIMES MAGAZINE, 3 DE AGOSTO DE 2003