freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br

eficaz foi o aumento das penas dos indivíduos flagrados na posse<br />
ilegal de armas. Existe espaço, contudo, para aperfeiçoamentos<br />
nessa seara. Não que seja provável, mas se a pena de morte fosse<br />
aplicada a qualquer pessoa na posse ilegal de uma arma, e se tal<br />
pena fosse realmente cumprida, o número de crimes com armas de<br />
fogo certamente despencaria.<br />
Outro destaque do combate ao crime da década de 1990 — e<br />
dos telejornais — foi a devolução remunerada de armas. Todos se<br />
recordam das imagens: uma ameaçadora pilha reluzente de armas<br />
de fogo no meio de um círculo formado pelo prefeito, pelo<br />
secretário de Segurança e pelos ativistas da comunidade. Belo<br />
cenário para uma foto, sem dúvida, mas isso é tudo. As armas<br />
devolvidas são em geral peças de coleção ou velharias. A<br />
remuneração para quem a devolve — normalmente $50 ou $100,<br />
sendo que num caso da Califórnia foram três horas gratuitas de<br />
psicoterapia — não é um incentivo adequado para alguém que<br />
realmente planeje usar sua arma. Além disso, o número de armas<br />
devolvidas não chega aos pés sequer do volume das que<br />
simultaneamente dão entrada no mercado. Relacionando-se o<br />
número de armas nos Estados Unidos e o número anual de<br />
homicídios, a probabilidade de uma dessas armas ter sido usada para<br />
matar alguém no ano de sua devolução é de uma em 10 mil. O<br />
programa de devolução rotineiro envolve menos de mil armas — o<br />
que representa uma expectativa de menos de 1/10 de um homicídio<br />
por vez, ou seja, insuficiente para produzir sequer um<br />
microscópico impacto na queda da criminalidade.<br />
Existe, ainda, um argumento oposto — ode que precisamos de<br />
mais armas na rua, só que na mão das pessoas certas (como a<br />
estudante citada anteriormente, ao invés do assaltante). O<br />
economista John R. Lott Jr. é o principal defensor dessa idéia. Seu<br />
cartão de visita é o livro Mais armas, menos crimes, no qual argumenta<br />
que o número de crimes violentos diminuiu em áreas onde é<br />
permitido aos cidadãos de bem portar armas de forma não<br />
ostensiva. Tal teoria talvez surpreenda, mas faz sentido. Se um<br />
criminoso imagina que sua vítima potencial pode estar armada, é<br />
possível que desista de cometer o crime. Os adversários de armas<br />
chamam Lott de