freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br

pagavam contribuições à gangue — parte em troca de proteção contra<br />
gangues rivais e parte em troca da oportunidade de conseguir um<br />
emprego de soldado.<br />
Os quatro anos registrados nos livros do bando coincidem com<br />
os anos de pico do boom do crack, e os negócios iam de vento em<br />
popa. O franqueado J.T. quadruplicou sua receita nesse período. No<br />
primeiro ano, embolsou, em média, $18.500 por mês. No último, a<br />
receita foi de $68.400 mensais. Abaixo uma amostra da receita mensal<br />
no terceiro ano:<br />
Venda de drogas $24.800<br />
Contribuições 5.100<br />
Taxas de extorsão 2.100<br />
Total da receita mensal $32.000<br />
"Venda de drogas" representa exclusivamente o dinheiro do<br />
tráfico de crack. A gangue permitia que alguns membros da ralé<br />
vendes-sem heroína em seus domínios, contra uma remuneração fixa<br />
por tal licença em lugar de uma fatia dos lucros. (Esse era um dinheiro<br />
não contabilizado nos livros, que ia direto para o bolso de J.T., que,<br />
provavelmente, também bebia em outras fontes.) Os $5.100 em<br />
contribuições vinham exclusivamente dos membros da ralé, já que os<br />
membros efetivos não as pagavam. As taxas de extorsão eram cobradas<br />
de outros comerciantes que operavam nos domínios da quadrilha,<br />
incluídos aí os armazéns, as vans, os cafetões e ambulantes que vendiam<br />
mercadoria roubada ou consertavam carros na rua.<br />
Agora vejamos as despesas de J.T., excluídos os salários, para<br />
faturar aqueles $32 mil mensais:<br />
Preço da droga no atacado $ 5.000<br />
Remuneração do Conselho 5.000<br />
Combatentes mercenários 1.300<br />
Armas 300<br />
Diversos 2.400<br />
Total de despesas não-salariais mensais $14.000