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freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br

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"estatísticas" <strong>de</strong> Mitch Sny<strong>de</strong>r a respeito dos sem-teto, um dos <strong>lado</strong>s<<strong>br</strong> />

costuma ganhar a guerra da sabedoria convencional. Os <strong>de</strong>fensores<<strong>br</strong> />

dos direitos das mulheres, por exemplo, supervalorizaram a<<strong>br</strong> />

ocorrência <strong>de</strong> crimes sexuais, afirmando <strong>que</strong> uma em cada três<<strong>br</strong> />

americanas irá ser vítima <strong>de</strong> estupro ou <strong>de</strong> tentativa <strong>de</strong> estupro ao<<strong>br</strong> />

longo da vida (o número exato está mais para uma em oito, mas os<<strong>br</strong> />

militantes sabem <strong>que</strong> só um insensível viria a público <strong>que</strong>stionar tal<<strong>br</strong> />

afirmação). As pessoas <strong>que</strong> se esforçam para promover a cura <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

várias doenças terríveis freqüentemente fazem a mesma coisa. Por<<strong>br</strong> />

<strong>que</strong> não? Uma pe<strong>que</strong>na dose <strong>de</strong> mentira criativa é capaz <strong>de</strong> chamar a<<strong>br</strong> />

atenção, gerar indignação e — talvez o mais importante — angariar<<strong>br</strong> />

fundos e vonta<strong>de</strong> política para solucionar o problema.<<strong>br</strong> />

É evi<strong>de</strong>nte <strong>que</strong> um especialista — seja ele um <strong>de</strong>fensor dos<<strong>br</strong> />

direitos das mulheres, um assessor político ou um executivo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

agência <strong>de</strong> propaganda — em geral tem incentivos diferentes dos<<strong>br</strong> />

nossos. E os incentivos <strong>de</strong> um especialista po<strong>de</strong>m sofrer uma<<strong>br</strong> />

guinada <strong>de</strong> 180 graus, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da situação.<<strong>br</strong> />

Tomemos a polícia. Uma auditoria recente <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iu <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />

polícia <strong>de</strong> Atlanta vinha <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> registrar um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ocorrências <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início dos anos 90. A prática aparentemente<<strong>br</strong> />

começou quando Atlanta foi candidata a sediar as Olimpíadas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

1996. A cida<strong>de</strong> precisava mudar sua imagem <strong>de</strong> violenta. E rápido.<<strong>br</strong> />

Por isso, a cada ano, milhares <strong>de</strong> crimes eram rebaixados <strong>de</strong> violentos<<strong>br</strong> />

para não-violentos ou simplesmente <strong>de</strong>scartados (a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong>ssa<<strong>br</strong> />

tentativa insistente — só em 2002, mais <strong>de</strong> 22 mil registros policiais<<strong>br</strong> />

sumiram —, Atlanta permanece como mem<strong>br</strong>o freqüente da lista das<<strong>br</strong> />

cida<strong>de</strong>s americanas mais violentas).<<strong>br</strong> />

Enquanto isso, a polícia <strong>de</strong> outras cida<strong>de</strong>s fez o caminho inverso<<strong>br</strong> />

ao longo dos anos 90. O repentino e violento surgimento do crack<<strong>br</strong> />

pôs as secretarias <strong>de</strong> segurança em todo o país a correr atrás <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

recursos. Elas <strong>de</strong>ixaram claro <strong>que</strong> a luta era <strong>de</strong>sigual: os traficantes<<strong>br</strong> />

tinham armas mo<strong>de</strong>rníssimas e uma inesgotável fonte <strong>de</strong> renda. A<<strong>br</strong> />

ênfase dada ao dinheiro ilícito revelou-se uma estratégia vencedora,<<strong>br</strong> />

pois nada melhor para enfurecer o povo cumpridor das leis do <strong>que</strong> a<<strong>br</strong> />

imagem <strong>de</strong> um traficante <strong>de</strong> crack milionário. A mídia apegou-se

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