freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br

não conseguem, porém, fazer isso sozinhos. Os jornalistas<br />
precisam tanto dos especialistas quanto os especialistas precisam<br />
dos jornalistas. Todo dia há jornais impressos e telejornais exigindo<br />
notícias, e um especialista capaz de produzir uma informação de<br />
impacto é sempre bem-vindo. Trabalhando em conjunto, os<br />
jornalistas e os especialistas são os arquitetos da sabedoria<br />
convencional.<br />
A propaganda também é uma excelente ferramenta para criar a<br />
sabedoria convencional. O Listerine, por exemplo, foi inventado no<br />
século XIX como um eficiente anti-séptico cirúrgico. Mais tarde<br />
foi vendido, na forma destilada, para limpar o chão e curar<br />
gonorréia. Porém, só se tomou um sucesso retumbante, nos anos<br />
20, quando foi louvado como solução para a "halitose crônica" –<br />
então um obscuro termo médico para mau hálito. Os novos<br />
anúncios do Listerine mostravam jovens dos dois sexos, ansiosos<br />
para casar, mas que perdiam essa vontade diante do fétido hálito de<br />
seus parceiros. "Será que vou conseguir ser feliz com ele apesar<br />
disto?", perguntava-se uma mocinha casadoira. Até então, não se<br />
convencionara achar o mau hálito uma catástrofe de tamanha<br />
monta, mas o Listerine produziu uma mudança. Como escreveu o<br />
estudioso de propaganda James B. Twitchell: "O Listerine foi mais<br />
responsável por promover a halitose do que a higiene bucal." Em<br />
apenas sete anos, a receita da empresa subiu de $115 mil para mais<br />
de $8 milhões.<br />
Uma vez firmada, a sabedoria convencional é difícil de ser<br />
derrubada. Paul Krugman, o colunista do The New York Times e<br />
crítico ferrenho de George W. Bush, deplorou esse fato por<br />
ocasião do lançamento da campanha de reeleição do presidente, no<br />
início de 2004: "O perfil aprovado do Sr. Bush o mostra como um<br />
sujeito franco, honesto e direto, e as piadas que se encaixam em tal<br />
imagem são divulgadas. Se, no entanto, a sabedoria convencional o<br />
considerasse uma farsa, um bebê mimado que finge ser um caubói,<br />
os jorna-listas teriam um bocado de material com que trabalhar."<br />
Nos meses que antecederam a invasão americana do Iraque<br />
em 2003, especialistas cujas opiniões se conflitavam faziam<br />
previsões diametralmente opostas com relação às armas de<br />
destruição em massa iraquianas. No entanto, assim como no caso<br />
das