freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
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Máfia – efetivamente ganhava dinheiro (principalmente para os<<strong>br</strong> />
chefões). Em sua maioria, porém, esses gângsteres não passavam <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
"fichinhas", como se diz por aí.<<strong>br</strong> />
Em Chicago floresceram principalmente as gangues negras <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
rua, cujos integrantes nos anos 70 chegavam à casa das <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
milhares, e os crimes <strong>que</strong> cometiam – gran<strong>de</strong>s e pe<strong>que</strong>nos – eram<<strong>br</strong> />
responsáveis por empanar o viço das zonas urbanas. Pane do<<strong>br</strong> />
problema provinha do fato <strong>de</strong> <strong>que</strong> esses criminosos aparentemente<<strong>br</strong> />
nunca eram presos. Os anos 60 e 70 foram um ótimo período para<<strong>br</strong> />
os bandidos urbanos na maioria das cida<strong>de</strong>s americanas. A<<strong>br</strong> />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> punição era tão pe<strong>que</strong>na – esse foi o auge do sistema<<strong>br</strong> />
judicial liberal e do movimento pelos direitos dos criminosos – <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
não se pagava muito caro por cometer um crime.<<strong>br</strong> />
Nos anos 80, con<strong>tudo</strong>, os tribunais começaram a reverter<<strong>br</strong> />
radicalmente essa tendência. Os direitos dos criminosos foram<<strong>br</strong> />
limitados e os princípios norteadores das sentenças tornaram-se<<strong>br</strong> />
mais rígidos. Mais e mais gângsteres negros <strong>de</strong> Chicago eram<<strong>br</strong> />
manda-dos para as prisões fe<strong>de</strong>rais. Por uma feliz coincidência,<<strong>br</strong> />
alguns <strong>de</strong> seus companheiros <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia eram integrantes <strong>de</strong> gangues<<strong>br</strong> />
mexicanas com fortes laços com os traficantes colombianos. No<<strong>br</strong> />
passado, os gângsteres negros compravam a droga <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
intermediário, a Máfia – <strong>que</strong>, por acaso, estava comendo o pão <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
o diabo amassou por conta das novas leis antiextorsão do governo<<strong>br</strong> />
fe<strong>de</strong>ral. A época <strong>que</strong> o crack aportou em Chicago, porém, os<<strong>br</strong> />
gângsteres negros já haviam estabelecido conexões para comprar a<<strong>br</strong> />
cocaína diretamente dos traficantes colombianos.<<strong>br</strong> />
A cocaína nunca ven<strong>de</strong>ra bem no gueto: era cara <strong>de</strong>mais. Isso<<strong>br</strong> />
antes da invenção do crack. O novo produto se mostrou i<strong>de</strong>al para<<strong>br</strong> />
usuários <strong>de</strong> baixa renda. Por <strong>de</strong>mandar uma porção tão ínfima <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
cocaína pura, uma dose <strong>de</strong> crack custava uns poucos dólares. Seu<<strong>br</strong> />
intenso "barato" tomava o cére<strong>br</strong>o em apenas alguns segundos – e<<strong>br</strong> />
passava rápido, levando o usuário a <strong>que</strong>rer mais. Des<strong>de</strong> o início, o<<strong>br</strong> />
crack estava fadado a um enorme sucesso.<<strong>br</strong> />
E <strong>que</strong>m melhor para vendê-lo do <strong>que</strong> os milhares <strong>de</strong> integrantes<<strong>br</strong> />
juniores <strong>de</strong> todas a<strong>que</strong>las gangues <strong>de</strong> rua como a Black Gangster