freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
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primeira vista, como uma explicação provável para a <strong>que</strong>da da<<strong>br</strong> />
criminalida<strong>de</strong>, é quase certo <strong>que</strong> isso não tenha afetado<<strong>br</strong> />
significativamente o comportamento criminoso.<<strong>br</strong> />
A menos, é claro, <strong>que</strong> "a economia" reflita um conceito mais<<strong>br</strong> />
amplo: um meio <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>r a construção e manutenção <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
centenas <strong>de</strong> prisões. Consi<strong>de</strong>remos agora outra das explicações para a<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>da da criminalida<strong>de</strong>: crescente confiança nas prisões. Talvez ajudasse<<strong>br</strong> />
virar do avesso a pergunta. Ao invés <strong>de</strong> buscar respostas para a <strong>que</strong>da<<strong>br</strong> />
da criminalida<strong>de</strong>, conjeturar so<strong>br</strong>e o seu crescimento tão drástico.<<strong>br</strong> />
Ao longo da primeira meta<strong>de</strong> do século XX, a incidência dos<<strong>br</strong> />
crimes violentos nos Estados Unidos foi, <strong>de</strong> maneira geral, bastante<<strong>br</strong> />
constante. No início dos anos 60, porém, eles começaram a<<strong>br</strong> />
aumentar. Olhando para trás, é claro <strong>que</strong> um dos principais fatores<<strong>br</strong> />
a alimentar essa tendência foi um sistema judicial leniente. O índice<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nações caiu durante a década <strong>de</strong> 1960, e os criminosos<<strong>br</strong> />
con<strong>de</strong>nados cumpriam penas menores. Essa tendência se instalou<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>vido, em parte, à expansão dos direitos dos acusados — expansão<<strong>br</strong> />
essa, segundo alguns, há muito esperada (outros argumentam <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
ela teria ido longe <strong>de</strong>mais). Enquanto isso, os políticos mostravam<<strong>br</strong> />
cada vez mais complacência em relação aos criminosos — "por<<strong>br</strong> />
medo <strong>de</strong> parecerem racistas", como escreveu o economista Gary<<strong>br</strong> />
Becker, "já <strong>que</strong> os afro-americanos e os hispânicos são responsáveis<<strong>br</strong> />
por uma parcela <strong>de</strong>sproporcional <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos". Assim, alguém<<strong>br</strong> />
inclinado a agir <strong>de</strong> forma criminosa contava com incentivos a seu<<strong>br</strong> />
favor: uma possibilida<strong>de</strong> mais remota <strong>de</strong> ser con<strong>de</strong>nado e, caso o<<strong>br</strong> />
fosse, uma pena mais curta como punição. Tendo em vista <strong>que</strong> os<<strong>br</strong> />
criminosos reagem como qual<strong>que</strong>r outra pessoa a incentivos, o<<strong>br</strong> />
resultado foi uma escalada da criminalida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Foi preciso algum tempo — e um bocado <strong>de</strong> turbulência política<<strong>br</strong> />
—, mas tais incentivos acabaram sendo reduzidos. Criminosos <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
antes teriam sido libertados — principalmente nos casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos<<strong>br</strong> />
relacionados a drogas e <strong>de</strong> revogação da liberda<strong>de</strong> condicional —<<strong>br</strong> />
agora ficavam encarcerados. Entre 1980 e 2000, o número <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
acusados por crimes relacionados a drogas con<strong>de</strong>nados à prisão<<strong>br</strong> />
aumentou 15 vezes. Muitas outras penas, so<strong>br</strong>e<strong>tudo</strong> para crimes