freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br

de cocaína pura e uma fórmula para levar o novo produto ao<br />
grande mercado.<br />
O abastecimento foi fácil, pois a invenção do crack coincidiu<br />
com uma superabundância de cocaína colombiana. No final dos<br />
anos 70, o preço da cocaína no atacado nos Estados Unidos caiu<br />
drasticamente, ao mesmo tempo em que o nível de pureza da droga<br />
crescia. Um emigrante nicaragüense chamado Oscar Danilo<br />
Blandon era suspeito de importar muito mais cocaína colombiana<br />
do que qualquer outra pessoa. Blandon realizou tantas transações<br />
com os novos traficantes de crack da zona pobre de Los Angeles que<br />
acabou ganhando o codinome de Johnny Rei do Crack. Tempos<br />
de-pois, ele diria que traficava cocaína para levantar dinheiro para<br />
os Contras de sua terra natal, patrocinados pela CIA. Blandon<br />
gostava de afirmar que a CIA, em contrapartida, lhe dava<br />
cobertura nos Estados Unidos, permitindo que ele vendesse<br />
cocaína impunemente. Tais declarações detonaram a crença que<br />
ainda permanece até hoje, principalmente ente os negros urbanos,<br />
de que a própria CIA era o principal patrocinador do comércio<br />
americano de crack.<br />
Investigar a veracidade dessa crença não faz parte do objetivo<br />
deste livro. O que comprovadamente é verdade é o fato de que<br />
Oscar Danilo Blandon ajudou a criar um vínculo — entre os<br />
cartéis de cocaína colombianos e os comerciantes de crack<br />
internos — que para sempre mudaria a história americana. Ao<br />
depositar quantidades maciças de cocaína nas mãos das gangues de<br />
rua, Blandon e outros como ele provocaram um boom devastador<br />
do crack, dando a quadrilhas como a Black Gansgster Disciple<br />
Nation razão para existir.<br />
Desde que as cidades existem, existem gangues de algum tipo.<br />
Nos Estados Unidos, elas têm sido uma espécie de casa de<br />
passagem para imigrantes recém-chegados. Nos anos 20, só<br />
Chicago abrigava mais de 1.300 gangues de rua, que englobavam<br />
todas as tendências éticas, políticas e criminosas imagináveis. Em<br />
geral, as gangues mostravam mais competência para arrumar briga<br />
do que para arrumar dinheiro. Algumas se viam como<br />
empreendimentos comerciais e um punhado delas — mais do que<br />
todas, a