freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br
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Em outras palavras, uma gangue <strong>de</strong> crack funciona <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />
bem parecida ao mo<strong>de</strong>lo empresarial capitalista: é preciso estar<<strong>br</strong> />
próximo ao topo para ganhar um bom salário. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<<strong>br</strong> />
da retórica dos lí<strong>de</strong>res so<strong>br</strong>e a natureza familiar do negócio, os<<strong>br</strong> />
salários das gangues são tão <strong>de</strong>turpados quanto os do mundo<<strong>br</strong> />
corporativo americano. Um soldado <strong>de</strong> gangue tem muito em<<strong>br</strong> />
comum com o empregado do McDonald's <strong>que</strong> frita hambúrgueres<<strong>br</strong> />
ou com o estoquista <strong>de</strong> uma Wal-Mart. Na verda<strong>de</strong>, a maioria dos<<strong>br</strong> />
soldados <strong>de</strong> J.T. também tinha algum tipo <strong>de</strong> emprego lícito <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
salário mínimo para complementar seus parcos rendimentos ilícitos.<<strong>br</strong> />
O lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma outra gangue <strong>de</strong> crack disse uma vez a Venkatesh<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> podia perfeitamente pagar mais a seus soldados, mas isso não<<strong>br</strong> />
seria pru<strong>de</strong>nte. "Você tem a<strong>que</strong>le bando <strong>de</strong> crioulos abaixo <strong>de</strong> você<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>rendo o seu emprego, sacou? Você toma conta <strong>de</strong>les, mas<<strong>br</strong> />
também precisa mostrar <strong>que</strong> é o chefe, sacou? Tem sempre <strong>que</strong> vir<<strong>br</strong> />
em primeiro lugar, ou então não é lí<strong>de</strong>r. Se começar a levar prejuízo,<<strong>br</strong> />
eles passam a ver você como um fraco e um bosta."<<strong>br</strong> />
Além do baixo salário, os soldados trabalham em péssimas<<strong>br</strong> />
condições. Para começar, têm <strong>que</strong> ficar em pé numa esquina o dia<<strong>br</strong> />
todo fazendo negócio com drogados (os integrantes da gangue são<<strong>br</strong> />
seriamente aconselhados a não fazer uso do produto, conselho <strong>que</strong>,<<strong>br</strong> />
se necessário, é reforçado com surras). Os soldados também se<<strong>br</strong> />
arriscam a ser presos e, mais preocupante, a sofrer agressões. Com<<strong>br</strong> />
base nos <strong>de</strong>monstrativos financeiros e no restante da pesquisa <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Venkatesh, é possível levantar uma lista <strong>de</strong> ocorrências adversas<<strong>br</strong> />
encaradas pela gangue <strong>de</strong> J.T. ao longo dos quatro anos em <strong>que</strong>stão.<<strong>br</strong> />
O resultado é incrivelmente <strong>de</strong>so<strong>lado</strong>r. Se você fosse um integrante<<strong>br</strong> />
da gangue <strong>de</strong> J.T. durante todo esse período, aqui estão as situações<<strong>br</strong> />
típicas <strong>que</strong> teria enfrentado:<<strong>br</strong> />
Número <strong>de</strong> prisões 5,9<<strong>br</strong> />
Número <strong>de</strong> agressões não-fatais 2,4<<strong>br</strong> />
(excluídas as levadas a cabo pela própria gangue em virtu<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> infração às regras)<<strong>br</strong> />
Chance <strong>de</strong> ser morto 1 em 4