freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que ... - Ipcp.org.br

conhecida chamada Judith Rich Harris. The Nurture Assumption<br />
era, na verdade, um ataque à parentalidade obsessiva. O livro, de<br />
tão polêmico, exigiu dois subtítulos: "Por que as crianças dão no<br />
que dão" e "Os pais são menos importantes do que se pensa, e os<br />
amiguinhos, mais". Judith Harris argumenta, embora com tato,<br />
que os pais se equivocam ao pensar que contribuem imensamente<br />
na formação da personalidade dos filhos. Essa crença, escreveu<br />
ela, foi um "mito cultural", e a influência de cima para baixo dos<br />
pais é suplantada pelos efeitos imediatos da pressão dos iguais, a<br />
força esmagadora exercida diariamente pelos amigos e colegas de<br />
escola.<br />
A imprevisibilidade da bomba de Judith — uma avó, sem Ph.D.<br />
ou currículo acadêmico — provocou especulações e contrariedade.<br />
"O público terá razão de dizer "Lá vem mais uma", escreveu um<br />
comentarista. "Num ano nos dizem que os laços são a chave da<br />
questão, no outro, o que importa é o lugar que a criança ocupa<br />
entre os irmãos. Espere aí! O que importa mesmo é a estimulação.<br />
Os primeiros cinco anos de vida são os mais importantes. Não! Os<br />
três primeiros é que são. Não! Está tudo encerrado no primeiro<br />
ano. Esqueça: a genética é que manda!"<br />
Mas a teoria da autora foi devidamente endossada por uma<br />
galeria de pesos-pesados, entre os quais Steven Pinker, o psicólogo<br />
cognitivo e escritor best-seller, que, em seu próprio livro Blank<br />
Slate, chamou as idéias de Judith Harris de "perturbadoras" (no<br />
bom sentido). "Os pacientes nas terapias tradicionais gastam os 50<br />
minutos que têm relembrando os conflitos da infância e<br />
aprendendo a atribuir a infelicidade que sentem à forma como<br />
foram tratados pelos pais", escreveu Pinker. "Muitas biografias<br />
buscam na infância dos biografados as raízes para as tragédias e<br />
triunfos de suas vidas adultas. 'Especialistas em parentalidade'<br />
fazem as mulheres se sentirem madrastas se saírem de casa para<br />
trabalhar ou deixa-rem, uma vez que seja, de ler uma história para<br />
os filhos na hora de dormir. Todas essas crenças profundamente<br />
enraizadas terão que ser revistas."<br />
Será? Os pais têm que fazer diferença, você dirá. Além disso,<br />
ainda que os amiguinhos exerçam tamanha influência sobre a