01.04.2014 Views

Autonomia Pessoal e Cuidados de Enfermagem - Pensar ...

Autonomia Pessoal e Cuidados de Enfermagem - Pensar ...

Autonomia Pessoal e Cuidados de Enfermagem - Pensar ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Autonomia</strong> <strong>Pessoal</strong><br />

e <strong>Cuidados</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Enfermagem</strong>: Uma<br />

revisão da literatura<br />

empírica e teórica<br />

SozWiss, 2001): autocuidado – envolvimento em acções para regular a funcionalida<strong>de</strong><br />

e o <strong>de</strong>senvolvimento; agência <strong>de</strong> autocuidado – os po<strong>de</strong>res operativos ou capacida<strong>de</strong>s<br />

específicas que permitem a prática <strong>de</strong> acções <strong>de</strong> autocuidado; requisitos <strong>de</strong> autocuidado<br />

– condições que guiarão a selecção, escolha e concretização <strong>de</strong> acções <strong>de</strong> regulação<br />

do cuidado do eu 4 . De acordo com Steiger e Lipson (Steiger & Lipson, 1985) a teoria<br />

do autocuidado expressa o propósito <strong>de</strong> cuidar do eu, referido como os requisitos <strong>de</strong><br />

autocuidado; <strong>de</strong> como cuidar do eu, referido como agência 5 <strong>de</strong> autocuidado e dos<br />

resultados das práticas <strong>de</strong> autocuidado. Trata-se <strong>de</strong> uma construção teórica, marcadamente<br />

personalista 6 , centrada na pessoa (agente), em que são enfatizadas as competências para<br />

atingir os requisitos <strong>de</strong> autocuidado, tais como: conhecer, <strong>de</strong>cidir e agir.<br />

D. Orem segue um conjunto <strong>de</strong> pressupostos em relação aos seres humanos<br />

que são fundamentais para compreen<strong>de</strong>r a centralida<strong>de</strong> da pessoa na sua construção<br />

teórica. Partindo da asserção <strong>de</strong> que homens, mulheres e crianças são seres humanos<br />

unitários, com uma dimensão biológica, simbólica e social, que se <strong>de</strong>senvolve no sentido<br />

da perfeição, através <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> diferenciação do todo, a ênfase é colocada na<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir do humano, enquanto pessoa, capaz <strong>de</strong> numa acção <strong>de</strong>liberativa (e<br />

criativa) criar condições que permitam o seu florescimento enquanto pessoa (Fawcett,<br />

2005, pp. 226-227). A aptidão <strong>de</strong> fazer escolhas, que na perspectiva da autora se traduzem<br />

no cuidado do eu, está, na nossa perspectiva, relacionada com o conceito <strong>de</strong> autonomia<br />

pessoal, utilizado na taxonomia NOC (Nursing Outcomes Classification), <strong>de</strong>finido como a<br />

“capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um indivíduo competente governar a sua própria vida e fazer escolhas<br />

com base na informação disponível” (Caldwell, Wasson, Brighton, Dixon, & An<strong>de</strong>rson,<br />

2003). Po<strong>de</strong>mos afirmar que esta capacida<strong>de</strong> é uma marca in<strong>de</strong>lével <strong>de</strong> humanitu<strong>de</strong>,<br />

traduzindo-se num cuidado do eu a partir <strong>de</strong> um quadro <strong>de</strong> valores pessoais, que permite<br />

a autenticida<strong>de</strong> 7 do agir.<br />

CONCEITO DE AUTONOMIA PESSOAL: A GÉNESE<br />

A noção <strong>de</strong> autonomia pessoal, enquanto resultado almejável na prestação <strong>de</strong><br />

cuidados <strong>de</strong> enfermagem, <strong>de</strong>ve ser entendida à luz <strong>de</strong> uma reflexão filosófica sobre a<br />

autonomia, que exponha a evolução <strong>de</strong>ste conceito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua emergência enquanto<br />

tema filosófico até ao significado que hoje lhe atribuímos na prestação <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> em geral, e na enfermagem em particular.<br />

Etimologicamente a palavra autonomia <strong>de</strong>riva do grego «auto» e «nomos»,<br />

significando ter leis próprias. Inicialmente o conceito <strong>de</strong> autonomia era apenas aplicado às<br />

cida<strong>de</strong>s e aos Estados, vindo posteriormente a esten<strong>de</strong>r-se aos indivíduos. Esta evolução<br />

4 Tradução <strong>de</strong> self. Optamos por seguir António Damásio, que consi<strong>de</strong>ra ser esta uma melhor opção do que o<br />

“si”, utilizado pelo autor em obras anteriores: in: DAMÁSIO, António (2010). O livro da Consciência: construção do Cérebro<br />

Consciente. Lisboa, Temas e Debates.<br />

5 O conceito <strong>de</strong> “agency” não tem uma tradução clara para a língua portuguesa, sendo múltiplas as apropriações<br />

que po<strong>de</strong>mos encontrar na literatura. Neste trabalho utilizaremos a tradução literal e associaremos à palavra “agência” o<br />

conceito <strong>de</strong> acção intencional.<br />

6 Po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar que as implicações éticas se traduzem em elevar a pessoa à condição <strong>de</strong> valor universal<br />

“apresentando-se como princípio e termo da acção humana”; significa a “afirmação da pessoa como categoria ética, isto é,<br />

como singular universal.” PATRÃO NEVES, Maria do Céu (2001). Devir pessoa. Consciência, Liberda<strong>de</strong> e Responsabilida<strong>de</strong>.<br />

Revista Humanida<strong>de</strong>s. n.º 2,. p. 51.<br />

7 Este conceito será retomado posteriormente nesta revisão.<br />

42<br />

<strong>Pensar</strong> <strong>Enfermagem</strong> Vol. 15 N.º 1 1º Semestre <strong>de</strong> 2011

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!