debora cristina oro avaliação do programa de triagem ... - UFSC
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DEBORA CRISTINA ORO<br />
AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE TRIAGEM NEONATAL<br />
PARA SÍNDROMES FALCIFORMES DA SECRETARIA DE<br />
ESTADO DA SAÚDE DE SANTA CATARINA<br />
Trabalho apresenta<strong>do</strong> à Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>de</strong> Santa Catarina, como requisito para a<br />
conclusão <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Graduação em<br />
Medicina.<br />
Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Colegia<strong>do</strong>: Prof. Dr. Maurício José Lopes Pereima<br />
Orienta<strong>do</strong>ra: Profa. Dra. Denise Bousfield da Silva<br />
Co-orienta<strong>do</strong>ra: Profa. Dra. Marilza Leal Nascimento<br />
Florianópolis<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina<br />
2007
ii<br />
DEBORA CRISTINA ORO<br />
AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE TRIAGEM NEONATAL<br />
PARA SÍNDROMES FALCIFORMES DA SECRETARIA DE<br />
ESTADO DA SAÚDE DE SANTA CATARINA<br />
Trabalho apresenta<strong>do</strong> à Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>de</strong> Santa Catarina, como requisito para a<br />
conclusão <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Graduação em<br />
Medicina.<br />
Florianópolis<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina<br />
2007
iii<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Aos meus pais, Jorge Antônio Oro e Ângela Iraci Dutra, pelo valioso exemplo <strong>de</strong> vida e<br />
<strong>de</strong>dicação, am<strong>oro</strong>sos ensinamentos que permitiram tornar tu<strong>do</strong> isto possível.<br />
Ao meu filho, Rafael Oro Gómez, pelo amor incondicional a mim <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>, tornan<strong>do</strong><br />
tênues até as maiores dificulda<strong>de</strong>s.<br />
As minhas queridas irmãs, Dhyane Cristina Oro e Dharani Carina Oro, pelo constante<br />
apoio nesta longa caminhada.<br />
Ao meu namora<strong>do</strong>, Ilario Froehner Junior, pelo amor, <strong>de</strong>dicação, apoio e incentivo<br />
<strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s a mim diariamente.<br />
À Profa. Dra. Denise Bousfield da Silva pela oportunida<strong>de</strong> e atenção conferidas e<br />
profícua orientação.<br />
À Profa. Dra. Marilza Leal Nascimento pela disponibilida<strong>de</strong> e orientação.<br />
Aos funcionários <strong>do</strong> Laboratório Central <strong>de</strong> Análises Clinicas <strong>de</strong> Santa Catarina, pela<br />
receptivida<strong>de</strong> e cordialida<strong>de</strong>, permitin<strong>do</strong> gentilmente acesso ao seu local <strong>de</strong> trabalho, e<br />
contribuin<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma fundamental para obtenção <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sta pesquisa.<br />
Aos funcionários <strong>do</strong> Setor <strong>de</strong> Arquivo Médico e Estatística <strong>do</strong> Hospital Infantil Joana <strong>de</strong><br />
Gusmão, pela disponibilida<strong>de</strong> e colaboração.
iv<br />
RESUMO<br />
OBJETIVO: Avaliar o Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Santa Catarina (SES-SC), em relação às síndromes falciformes, <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2001 a<br />
<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005.<br />
MÉTODOS: Foram avaliadas 320.511 crianças pelo Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal da SES-<br />
SC. Uma amostra <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> cada criança foi obtida mediante coleta em papel-filtro por<br />
punção <strong>de</strong> calcanhar. Estas amostras foram submetidas à cromatografia líquida <strong>de</strong> alta<br />
resolução. Aquelas com resulta<strong>do</strong> anormal foram analisadas por eletroforese <strong>de</strong> hemoglobina.<br />
Avaliou-se a cobertura <strong>do</strong> <strong>programa</strong> e o número <strong>de</strong> crianças com traço ou <strong>do</strong>ença falciforme.<br />
Verificou-se a cor/raça, sexo e procedência <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes falciformes.<br />
RESULTADOS: A cobertura <strong>do</strong> <strong>programa</strong> foi <strong>de</strong> 90,82%. Foram encontra<strong>do</strong>s 2.583 traços<br />
falciformes e 22 pacientes com <strong>do</strong>ença falciforme. Nos <strong>do</strong>entes falciformes, a distribuição foi<br />
igual entre os sexos; 14 pacientes eram <strong>de</strong> cor/raça branca e 08 <strong>de</strong> cor/raça preta.<br />
Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as macrorregiões, 02 casos ocorreram no Planalto Norte, 02 no Nor<strong>de</strong>ste, 03 no<br />
Sul, 04 no Vale <strong>do</strong> Itajaí, 05 no Planalto Serrano e 06 na Gran<strong>de</strong> Florianópolis.<br />
CONCLUSÃO: Entre os nasci<strong>do</strong>s vivos rastrea<strong>do</strong>s pelo Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal da<br />
SES-SC, a freqüência <strong>de</strong> traço falciforme é <strong>de</strong> um para cada 124 e a da <strong>do</strong>ença falciforme é <strong>de</strong><br />
um para cada 14.568. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os casos <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença falciforme, há pre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong><br />
indivíduos <strong>de</strong> cor/raça branca e não há pre<strong>do</strong>mínio entre os sexos. Há maior número <strong>de</strong><br />
diagnósticos <strong>de</strong> hemoglobinas variantes na macrorregião da Gran<strong>de</strong> Florianópolis.
v<br />
ABSTRACT<br />
OBJECTIVE: To evaluate the Neonatal Screening Program of Health State Secretariat of<br />
Santa Catarina (SES-SC), in relation to sickle cell disease, from November, 2001 to<br />
December, 2005.<br />
METHODS: It was analyzed 320.511 children by the Neonatal Screening Program of SES-<br />
SC. A blood sample was obtained from each children by heel stick on filter paper. These<br />
samples were submitted to high-performance liquid chromatography. Those with abnormal<br />
results were analyzed by hemoglobin eletrophoresis. It was evaluated the program extension<br />
and children number with trait or falciform disease. It was verified color/race, gen<strong>de</strong>r and<br />
proce<strong>de</strong>nce of falciform disease patients.<br />
RESULTS: The program extension was 90,82 %. It was found 2.583 falciform traits and 22<br />
falciform disease patients. Among falciform patients, gen<strong>de</strong>r distribution was equal; 14<br />
patients were white colored and 08 patients were black colored. Consi<strong>de</strong>ring macroregions, 02<br />
cases occurred in Northern Upland region, 02 in Northeast, 03 in the South, 04 in Itajaí<br />
Valley, 05 in Serrano Upland and 06 in Florianópolis region.<br />
CONCLUSION: Among live newborn screened by the Neonatal Screening Program (SES-<br />
SC), the frequency of falciform trait is 01 case to each 124 and of falciform disease is 01 case<br />
to each 14.568. Consi<strong>de</strong>ring falciform disease cases, there is pre<strong>do</strong>minance of white colored<br />
individuals and there is not pre<strong>do</strong>minance of gen<strong>de</strong>r. There are more diagnosis of abnormal<br />
hemoglobin in Florianópolis macroregion.
vi<br />
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS<br />
Hb<br />
Hb A 1<br />
Hb A 2<br />
Hb AS<br />
Hb C<br />
Hb D<br />
Hb F<br />
Hb SC<br />
Hb S<br />
HIJG<br />
HPLC<br />
LACEN/SC<br />
OMS<br />
SAME<br />
SES-SC<br />
SINASC<br />
Hemoglobina<br />
Hemoglobina A 1 , adulto<br />
Hemoglobina A 2 , adulto<br />
Hemoglobina A e hemoglobina S<br />
Hemoglobina C<br />
Hemoglobina D<br />
Hemoglobina F, fetal<br />
Hemoglobina S e hemoglobina C<br />
Hemoglobina S<br />
Hospital Infantil Joana <strong>de</strong> Gusmão<br />
Cromatografia Líquida <strong>de</strong> Alta Resolução<br />
Laboratório <strong>de</strong> Central <strong>de</strong> Análises Clínicas <strong>de</strong> Santa Catarina<br />
Organização Mundial da Saú<strong>de</strong><br />
Serviço <strong>de</strong> Arquivo Médico e Estatística<br />
Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina<br />
Sistema <strong>de</strong> Informação sobre Nasci<strong>do</strong>s Vivos
vii<br />
LISTA DE TABELAS E FIGURAS<br />
FIGURA 1 - Cromatogramas <strong>de</strong> hemoglobina por técnica <strong>de</strong> cromatografia líquida <strong>de</strong> alta<br />
resolução...................................................................................................................................09<br />
TABELA 1- Fenótipos <strong>de</strong> hemoglobina neonatal diagnostica<strong>do</strong>s pela cromatografia líquida <strong>de</strong><br />
alta resolução............................................................................................................................09<br />
TABELA 2 - Número <strong>de</strong> nasci<strong>do</strong>s vivos, número <strong>de</strong> crianças rastreadas e percentuais <strong>de</strong><br />
cobertura <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Saú<strong>de</strong> se Santa<br />
Catarina, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2001 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005............................................12<br />
TABELA 3 - Número <strong>de</strong> crianças com traço falciforme e <strong>do</strong>ença falciforme diagnosticadas<br />
pelo Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Saú<strong>de</strong> se Santa Catarina, no<br />
perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2001 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005.................................................................12<br />
TABELA 4 - Distribuição das hemoglobinas variantes SS e SC por macrorregiões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2001 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005.............13
viii<br />
SUMARIO<br />
AGRADECIMENTOS .............................................................................................................iii<br />
RESUMO .................................................................................................................................iv<br />
ABSTRACT ................................................................................................................................v<br />
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ..............................................................................vi<br />
LISTA DE TABELAS E FIGURAS ......................................................................................vii<br />
SUMÁRIO..............................................................................................................................viii<br />
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................01<br />
2. OBJETIVOS........................................................................................................................06<br />
3. MÉTODO ............................................................................................................................07<br />
3.1 Comitê <strong>de</strong> Ética ..............................................................................................................07<br />
3.2 População <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>.......................................................................................................07<br />
3.3 Delineamento da Pesquisa...............................................................................................07<br />
3.4 Procedimentos ................................................................................................................07<br />
3.4.1 Coleta <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s da Pesquisa ..............................................................................07<br />
3.4.2 Coleta das Amostras <strong>de</strong> Sangue ...........................................................................08<br />
3.4.3 Realização <strong>do</strong>s Exames ........................................................................................10<br />
3.4.4 Convocação e Encaminhamento...........................................................................10<br />
3.5 Variáveis.........................................................................................................................11<br />
3.6 Análise Estatística ..........................................................................................................11<br />
4. RESULTADOS ...................................................................................................................12<br />
5. DISCUSSÃO.......................................................................................................................15<br />
6. CONCLUSÃO.....................................................................................................................21<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................22<br />
NORMAS ADOTADAS .........................................................................................................26<br />
APÊNDICE .............................................................................................................................27<br />
ANEXO ...................................................................................................................................29
1<br />
1. INTRODUÇÃO<br />
As hemácias são células anucleadas, compostas <strong>de</strong> membrana e citoplasma, com forma<br />
<strong>de</strong> corpúsculos circulares bicôncavos. Originam-se a partir da proliferação e maturação <strong>de</strong><br />
eritroblastos, fenômeno chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> eritropoese. 1<br />
Durante a vida fetal, a eritropoese inicia-se em ilhotas sangüíneas no saco vitelínico (até<br />
o segun<strong>do</strong> mês <strong>de</strong> gestação) e, posteriormente, no fíga<strong>do</strong> e no baço (<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> ao sétimo<br />
mês <strong>de</strong> gestação). Esta função é progressivamente realizada pela medula óssea <strong>de</strong><br />
praticamente to<strong>do</strong>s os ossos na criança. No indivíduo adulto, a eritropoese ocorre<br />
pre<strong>do</strong>minantemente no esterno, nos ossos da bacia, nas costelas e nas vértebras. 1<br />
A hemoglobina constitui 95% das proteínas das hemácias e é responsável pelo<br />
transporte <strong>de</strong> oxigênio <strong>do</strong>s pulmões aos teci<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s para os<br />
pulmões, manten<strong>do</strong> a perfusão tissular a<strong>de</strong>quada. 2<br />
A hemoglobina é uma macromolécula formada por quatro ca<strong>de</strong>ias polipeptídicas<br />
<strong>de</strong>nominadas globinas, as quais se combinam com a porção heme. O heme é uma molécula<br />
formada por quatro anéis aromáticos (protoporfirinas) com um átomo <strong>de</strong> ferro no centro. Na<br />
estrutura da hemoglobina há vários tipos <strong>de</strong> globina, cada uma receben<strong>do</strong> a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong><br />
uma letra <strong>do</strong> alfabeto grego, ou seja, alfa, beta, gama, entre outras. 2<br />
No indivíduo adulto, a hemoglobina encontrada na hemácia é pre<strong>do</strong>minantemente a<br />
hemoglobina A 1 (Hb A 1 ), a qual é constituída por duas ca<strong>de</strong>ias alfa (α) e duas ca<strong>de</strong>ias beta<br />
(β). São também <strong>de</strong>tectadas no adulto quantida<strong>de</strong>s mínimas <strong>de</strong> hemoglobina fetal (Hb F), a<br />
qual é composta por duas ca<strong>de</strong>ias α e duas ca<strong>de</strong>ias gama (γ); além da hemoglobina A 2 (Hb<br />
A 2 ), constituída por 2 ca<strong>de</strong>ias α e duas ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>lta (δ). 1<br />
A hemoglobina representa importante fator <strong>do</strong> controle da integrida<strong>de</strong> da hemácia.<br />
Alterações mínimas da molécula <strong>de</strong> hemoglobina <strong>de</strong>terminam conseqüências extremas sobre a<br />
solubilida<strong>de</strong> citoplasmática, como o que ocorre na <strong>do</strong>ença falciforme. 1, 2<br />
Descrita pela primeira vez por James Herrick, 3 a <strong>do</strong>ença falciforme tem como alteração<br />
molecular primária a substituição <strong>de</strong> uma base no có<strong>do</strong>n 6 <strong>do</strong> gene da globina beta (uma<br />
a<strong>de</strong>nina é substituída por uma timina) resultan<strong>do</strong>, assim, na substituição <strong>do</strong> resíduo glutamil<br />
na posição beta 6 por um resíduo valil. Esta alteração cromossômica gera a presença da<br />
hemoglobina S (Hb S). 3,4
2<br />
A Hb S apresenta estabilida<strong>de</strong> e solubilida<strong>de</strong> diferentes da Hb A, ou seja, em situações<br />
em que é exposta à baixa tensão <strong>de</strong> oxigênio, aci<strong>do</strong>se ou <strong>de</strong>sidratação 5 ocorre polimerização<br />
<strong>de</strong> sua estrutura, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> <strong>de</strong>formação (afoiçamento) e enrijecimento da membrana <strong>do</strong><br />
eritrócito. 6<br />
As diferentes síndromes falciformes, que resultam <strong>de</strong> padrões hereditários distintos <strong>do</strong><br />
gene falciforme (gene β S ), são divididas em <strong>do</strong>ença falciforme e traço falciforme. As<br />
varieda<strong>de</strong>s mais comuns <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença falciforme são herdadas como homozigosida<strong>de</strong> <strong>do</strong> gene<br />
β S , <strong>de</strong>nominada anemia falciforme (Hb SS), ou como heterozigosida<strong>de</strong> composta <strong>do</strong> gene β S<br />
com outro gene mutante da globina β: Hb S-talassemia β + , Hb S-talassemia β 0 ou Hb S-Hb C. 7<br />
O traço falciforme é herda<strong>do</strong> como heterozigosida<strong>de</strong> simples para o gene (Hb AS),<br />
sen<strong>do</strong> o porta<strong>do</strong>r normalmente assintomático. 7 Neste indivíduo, aproximadamente 40% das<br />
hemoglobinas são constituídas por Hb S, sen<strong>do</strong> o restante representa<strong>do</strong> por moléculas <strong>de</strong><br />
hemoglobinas normais, o que inibe o processo <strong>de</strong> falcização. Por conseguinte, esses<br />
indivíduos têm pouca tendência ao afoiçamento, exceto em condições <strong>de</strong> grave hipóxia. 8<br />
Durante a vida fetal e início da pós-natal, a falta <strong>de</strong> expressão <strong>do</strong> fenótipo Hb SS é<br />
explicada pela produção <strong>de</strong> Hb F suficiente para limitar, por efeito dilui<strong>do</strong>r, a falcização<br />
clinicamente importante. As condições para a falcização são alcançadas gradativamente, à<br />
medida que os eritrócitos produzi<strong>do</strong>s pela medula óssea apresentam quantida<strong>de</strong>s crescentes <strong>de</strong><br />
Hb S e quantida<strong>de</strong>s reduzidas <strong>de</strong> Hb F. 9 Assim, a <strong>do</strong>ença apresenta suas primeiras<br />
manifestações geralmente a partir <strong>do</strong> sexto mês <strong>de</strong> vida, quan<strong>do</strong> a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hb F começa<br />
a aproximar-se <strong>do</strong>s níveis <strong>do</strong> adulto. 10<br />
No indivíduo homozigoto para a mutação falciforme, quase toda a hemoglobina em seus<br />
eritrócitos consiste em Hb S, levan<strong>do</strong> ao quadro clínico sintomático. 8 A sintomatologia tem<br />
como eventos fisiopatológicos <strong>do</strong>is processos característicos, isto é, a anemia severa e o vasooclusão.<br />
7<br />
A anemia resulta da meia-vida mais curta das células eritrói<strong>de</strong>s conten<strong>do</strong> primariamente<br />
Hb S. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que as hemácias normais circulam por aproximadamente 120 dias, e que<br />
as que contêm Hb S circulam por apenas 10 a 20 dias, os <strong>do</strong>entes falciformes homozigotos<br />
irão apresentar anemia mo<strong>de</strong>rada a severa. 10,11<br />
A anemia torna-se mais intensa nas crises aplásticas pela parada transitória da<br />
eritropoese. A infecção pelo Parvovírus B 19 é responsável por 68% <strong>de</strong>stas crises aplásticas.<br />
Outra complicação anêmica da <strong>do</strong>ença falciforme é a crise <strong>de</strong> seqüestração esplênica, que se<br />
caracteriza pela exacerbação aguda da anemia, reticulocitose persistente, esplenomegalia e<br />
hipovolemia. 12
3<br />
As exacerbações crônicas da anemia po<strong>de</strong>m estar relacionadas à insuficiência renal<br />
incipiente ou à <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> fólico ou <strong>de</strong> ferro. Os pacientes porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />
hemoglobinopatia SS e S-talassemia β 0 ten<strong>de</strong>m a ter anemia mais grave. 12<br />
O segun<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> da homozigose para Hb S é a vaso-oclusão. O efeito intravascular<br />
causa<strong>do</strong> pela mudança espacial da hemácia leva à formação <strong>de</strong> feixes helicoidais que alteram<br />
sobremaneira a permeabilida<strong>de</strong> da membrana a íons, a relação hemácia/vaso e a agregação<br />
hemácia/hemácia e hemácia/vaso. 13<br />
As diversas formas <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença falciforme se caracterizam por anemia crônica e<br />
fenômenos <strong>de</strong> vaso-oclusão <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> variável, que levam a episódios <strong>de</strong> <strong>do</strong>res ósteoarticulares<br />
que po<strong>de</strong>m ser incapacitantes, exigin<strong>do</strong> internações hospitalares freqüentes. 10,11<br />
Na infância, as infecções e crises <strong>de</strong> vaso-oclusão intra-esplênica (seqüestro esplênico)<br />
são as principais causas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> atingir 20% das crianças afetadas antes <strong>do</strong>s<br />
cinco anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. 11,13<br />
As crianças que ultrapassam essa barreira inicial enfrentam os efeitos da vaso-oclusão<br />
crônica. Ao longo <strong>do</strong>s anos, são essas pequenas tromboses o fator <strong>de</strong>terminante para o<br />
<strong>de</strong>sgaste <strong>do</strong>s órgãos, conduzin<strong>do</strong> assim, aos infartos pulmonares, hepáticos e cerebrais,<br />
insuficiência renal e retar<strong>do</strong> <strong>do</strong> crescimento e da maturação sexual, com comprometimento<br />
progressivo <strong>de</strong> múltiplos órgãos. Tais fenômenos alteram expressivamente a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
vida <strong>do</strong> indivíduo, com redução da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho e da expectativa <strong>de</strong> vida. 10,11,13<br />
A anemia falciforme é provavelmente a <strong>do</strong>ença hematológica hereditária mais<br />
prevalente na população brasileira. 14 Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da Organização Mundial da Saú<strong>de</strong><br />
(OMS), aproximadamente 270 milhões <strong>de</strong> pessoas no mun<strong>do</strong> carregam genes que <strong>de</strong>terminam<br />
a presença <strong>de</strong> hemoglobinas anormais. 15<br />
No Brasil, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à miscigenação entre os povos coloniza<strong>do</strong>res, houve dispersão <strong>de</strong><br />
genes mutantes, principalmente daqueles que originam as falcemias e as talassemias. Assim, a<br />
distribuição das hemoglobinas anormais, provenientes <strong>de</strong> formas variantes e talassemias, está<br />
relacionada com as etnias que compõem nossa população. 16 Dentre as hemoglobinas<br />
variantes, as mais freqüentes na população brasileira são a hemoglobina C e a hemoglobina S.<br />
A hemoglobina C é originada pela substituição <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> glutâmico por lisina na posição 6 da<br />
ca<strong>de</strong>ia beta globina. 17 Ambas hemoglobinas são <strong>de</strong> origem africana, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> assim, a<br />
intensa participação da cor/raça preta na composição populacional brasileira. 16,17<br />
No Brasil, estima-se que 4 milhões <strong>de</strong> pessoas apresentem o traço falciforme e que mais<br />
<strong>de</strong> 30.000 sejam afetadas por outras formas <strong>de</strong> hemoglobinopatias. 14
4<br />
Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se a alta incidência das hemoglobinopatias no Brasil e a gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
certas formas <strong>de</strong>ssas <strong>do</strong>enças, o diagnóstico precoce, principalmente ao nascimento, bem<br />
como o tratamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, aumentam a taxa <strong>de</strong> sobrevida e melhoram a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />
<strong>do</strong>s pacientes. 14<br />
Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se a elevada freqüência <strong>de</strong> porta<strong>do</strong>res da <strong>do</strong>ença, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
tratamento e a ocorrência das formas graves das diversas hemoglobinopatias, a introdução das<br />
hemoglobinopatias no Programa Nacional <strong>de</strong> Triagem Neonatal <strong>de</strong>terminou benefícios para<br />
os indivíduos afeta<strong>do</strong>s por estas <strong>do</strong>enças. 18<br />
A <strong>triagem</strong> neonatal é um <strong>do</strong>s vários <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> <strong>triagem</strong> populacional existentes no<br />
Brasil. Neste tipo <strong>de</strong> <strong>triagem</strong>, os testes são realiza<strong>do</strong>s em amostras <strong>de</strong> sangue colhidas em<br />
papel-filtro preferencialmente entre o 3º e o 7º dias <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> recém-nasci<strong>do</strong>. Os resulta<strong>do</strong>s<br />
altera<strong>do</strong>s são confirma<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> testes mais específicos, preferencialmente realiza<strong>do</strong>s em<br />
amostras <strong>de</strong> s<strong>oro</strong>, sangue total ou urina. Os casos confirma<strong>do</strong>s são encaminha<strong>do</strong>s para<br />
tratamento específico e/ou investigações adicionais em serviços <strong>de</strong> referência. 19<br />
A introdução <strong>do</strong>s <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> <strong>triagem</strong> no Brasil ocorreu <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sorganizada, sem<br />
estrutura <strong>de</strong> controle da qualida<strong>de</strong> e prece<strong>de</strong>u a discussão ética em torno <strong>do</strong> assunto. A<br />
primeira <strong>do</strong>ença a ser triada foi a fenilcetonúria, a partir <strong>de</strong> um trabalho pioneiro da<br />
Associação <strong>de</strong> Pais e Amigos <strong>do</strong>s Excepcionais <strong>de</strong> São Paulo, em 1976. Atualmente, a<br />
Triagem Neonatal po<strong>de</strong> ser feita tanto em laboratórios priva<strong>do</strong>s (cujos <strong>programa</strong>s po<strong>de</strong>m<br />
diagnosticar aproximadamente 30 <strong>do</strong>enças metabólicas) ou pelo sistema público. 20<br />
Em 2001, o Ministério da Saú<strong>de</strong> editou a portaria GM/MS no.822 18 visan<strong>do</strong> à<br />
organização <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>triagem</strong> neonatal no Brasil, com aumento <strong>do</strong> número <strong>de</strong> exames<br />
cobertos pelo Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. De acor<strong>do</strong> com esta portaria, o pagamento da <strong>triagem</strong><br />
neonatal pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral estaria vincula<strong>do</strong> à organização <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coleta, diagnóstico<br />
e tratamento. Somente os esta<strong>do</strong>s com cobertura maior <strong>de</strong> 70% po<strong>de</strong>riam realizar <strong>triagem</strong> para<br />
fibrose cística; enquanto que para hemoglobinopatias, somente aqueles com cobertura maior<br />
<strong>de</strong> 50%. Já os esta<strong>do</strong>s com cobertura inferior po<strong>de</strong>riam realizar a <strong>triagem</strong> para hipotireoidismo<br />
congênito e fenilcetonúria. 18,19,20<br />
Em Santa Catarina, a inclusão das hemoglobinopatias no Programa Estadual <strong>de</strong> Triagem<br />
Neonatal ocorreu em outubro <strong>de</strong> 2001. 18 Des<strong>de</strong> então, o Hospital Infantil Joana <strong>de</strong> Gusmão<br />
(HIJG) é o centro <strong>de</strong> referência para o diagnóstico, tratamento, acompanhamento clínico e<br />
aconselhamento genético <strong>do</strong>s pacientes com hemoglobinopatias. O Setor <strong>de</strong> Análise Neonatal<br />
<strong>do</strong> Laboratório Central <strong>de</strong> Análises Clínicas (LACEN) é o responsável pela operacionalização<br />
técnica <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> <strong>programa</strong>.
5<br />
No Brasil, fundamenta<strong>do</strong>s pelo Teste <strong>de</strong> Triagem Neonatal, diferentes estu<strong>do</strong>s têm si<strong>do</strong><br />
realiza<strong>do</strong>s com o intuito <strong>de</strong> estimar a freqüência das hemoglobinopatias nos diversos esta<strong>do</strong>s<br />
brasileiros. 21<br />
Esta pesquisa foi realizada com o objetivo <strong>de</strong> avaliar a freqüência <strong>de</strong> síndromes<br />
falciformes <strong>de</strong>tectadas pelo Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal para Hemoglobinopatias no<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina, nas crianças nascidas vivas no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2001 a<br />
<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005, visan<strong>do</strong>, assim, o diagnóstico precoce da <strong>do</strong>ença, bem como a melhoria na<br />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>sses pacientes.
6<br />
2. OBJETIVOS<br />
2.1 Objetivo Geral<br />
Avaliar o Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santa<br />
Catarina (SES-SC), em relação às síndromes falciformes, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2001 a<br />
<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005.<br />
2.2 Objetivos Específicos<br />
• Estimar a cobertura <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina,<br />
com relação ao número <strong>de</strong> crianças rastreadas;<br />
• Estimar a freqüência das síndromes falciformes nas crianças avaliadas pelo Programa<br />
<strong>de</strong> Triagem Neonatal da SES-SC, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2001 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005;<br />
• I<strong>de</strong>ntificar cor/raça, sexo e procedência das crianças diagnosticadas com <strong>do</strong>ença<br />
falciforme.
7<br />
3. MÉTODO<br />
3.1 Comitê <strong>de</strong> Ética<br />
O estu<strong>do</strong> foi <strong>de</strong>linea<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as Diretrizes e Normas Regulamenta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong><br />
Pesquisas envolven<strong>do</strong> Seres Humanos (Resoluções 196/960 e 0251/97 <strong>do</strong> Conselho Nacional<br />
<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>) 22 e foi aprova<strong>do</strong> pelo Comitê <strong>de</strong> Ética e Pesquisas em Seres Humanos <strong>do</strong> Hospital<br />
Infantil Joana <strong>de</strong> Gusmão sob o protocolo n. 038/2006, (Apêndice).<br />
3.2 Delineamento da Pesquisa<br />
Trata-se <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> transversal, <strong>de</strong>scritivo e retrospectivo.<br />
3.3 População <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong><br />
No perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2001 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005, foram rastreadas 320.511<br />
crianças para hemoglobinopatias pelo Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal da SES-SC.<br />
A população <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> constitui-se <strong>de</strong> todas as crianças que apresentaram resulta<strong>do</strong> anormal<br />
para o rastreamento <strong>de</strong> síndromes falciformes, o que correspon<strong>de</strong> a 2.605 crianças.<br />
3.3 Procedimentos<br />
3.3.1 Coleta das Amostras <strong>de</strong> Sangue<br />
O material foi obti<strong>do</strong> mediante coleta <strong>de</strong> sangue em papel-filtro (Fitec® especial com<br />
espessura <strong>de</strong> 2,27mm, gramatura 105-110 g/m2, linear 100% algodão) por punção <strong>de</strong><br />
calcanhar das crianças, após a realização <strong>de</strong> antissepsia com álcool a 70%. As amostras<br />
sangüíneas foram armazenadas e refrigeradas a uma temperatura <strong>de</strong> 8 o C. 23,24<br />
A coleta <strong>do</strong> material foi realizada pela equipe <strong>de</strong> enfermagem em maternida<strong>de</strong>s,<br />
hospitais e postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>s municípios participantes <strong>do</strong> <strong>programa</strong>. A equipe técnica <strong>do</strong><br />
<strong>programa</strong> fornece as orientações para realização <strong>do</strong>s procedimentos e para o envio das<br />
amostras <strong>de</strong> sangue ao LACEN/SC. 23,24
8<br />
As amostras foram remetidas via correio, ou em mãos, ou ainda por meio <strong>de</strong> malote,<br />
das regionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, com freqüência mínima <strong>de</strong> 2 vezes por semana. 23,24 A cópia <strong>do</strong> cartão<br />
para coleta da amostra <strong>de</strong> sangue encontra-se no Anexo.<br />
A abrangência <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal da SES-SC é <strong>de</strong> 100% <strong>do</strong>s<br />
municípios <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000. 25<br />
3.3.2 Realização <strong>do</strong>s Exames<br />
Os exames para i<strong>de</strong>ntificação das síndromes falciformes foram realiza<strong>do</strong>s no Setor <strong>de</strong><br />
Análise Neonatal <strong>do</strong> LACEN/SC.<br />
A meto<strong>do</strong>logia a<strong>do</strong>tada para análise das amostras <strong>de</strong> sangue foi a cromatografia líquida<br />
<strong>de</strong> alta resolução (HPLC) associada à cromatografia <strong>de</strong> troca catiônica, realizadas no<br />
equipamento Variant II (Bio-Rad). Neste equipamento, o Programa Célula Falciforme é<br />
intenciona<strong>do</strong> para a pesquisa qualitativa da presença <strong>de</strong> hemoglobinas F, A, S, D, C e E. 24<br />
As amostras foram diluídas em água reagente e mantidas a 12 ± 2°C em câmara <strong>de</strong><br />
amostragem automática. Cada amostra foi seqüencialmente injetada no sistema <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong><br />
análise, uma amostra a cada 3 minutos, o que favorece uma rápida análise. 24<br />
Um fotômetro <strong>de</strong> filtro com comprimento <strong>de</strong> onda duplo (415 e 690 nm) monitora a<br />
eluição <strong>de</strong> hemoglobina da coluna, <strong>de</strong>tectan<strong>do</strong> as alterações <strong>de</strong> absorbância a 415 nm. O filtro<br />
secundário <strong>de</strong> 690 nm corrige a linha <strong>de</strong> base para efeitos provoca<strong>do</strong>s pela mistura <strong>do</strong>s<br />
tampões com forças iônicas diferentes. As mudanças das absorbâncias foram monitoradas e<br />
exibidas na forma <strong>de</strong> cromatograma da absorbância versus tempo. 24<br />
Cada hemoglobina tem um tempo <strong>de</strong> retenção característico. O tempo <strong>de</strong> retenção é<br />
medi<strong>do</strong> <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> injeção da amostra para o ponto máximo <strong>de</strong> cada pico. A i<strong>de</strong>ntificação<br />
das hemoglobinas <strong>de</strong>sconhecidas foi acompanhada através da comparação <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong><br />
retenção das hemoglobinas <strong>de</strong>sconhecidas com o tempo <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> uma hemoglobina<br />
conhecida, analisada no mesmo sistema. 24<br />
Ao final da análise <strong>de</strong> cada amostra, uma cópia <strong>do</strong> cromatograma com da<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
relatório é automaticamente impressa. 24 As figuras 1 e 2 representam graficamente um<br />
cromatograma <strong>de</strong> hemoglobina por técnica <strong>de</strong> cromatografia líquida <strong>de</strong> alta resolução.
9<br />
Figura 1: Cromatogramas <strong>de</strong> hemoglobina por técnica <strong>de</strong> cromatografia líquida<br />
<strong>de</strong> alta resolução. A: Hb A. B: Hb AS. C: Hb S. D: Hb SC.<br />
FONTE: Instituto Estadual <strong>de</strong> Hematologia Arthur <strong>de</strong> Siqueira Cavalcanti, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2001.<br />
Como resulta<strong>do</strong> da cromatografia <strong>de</strong> alta resolução po<strong>de</strong>m ser observa<strong>do</strong>s diferentes<br />
fenótipos, como os <strong>de</strong>scritos na tabela 1.<br />
Tabela 1- Fenótipos <strong>de</strong> hemoglobina neonatal diagnostica<strong>do</strong>s pela cromatografia<br />
líquida <strong>de</strong> alta resolução.<br />
Fenótipo <strong>do</strong> paciente<br />
Descrição<br />
Hb FA Hemoglobina padrão normal<br />
Hb FS Anemia falciforme<br />
Hb FAS Traço falciforme<br />
Hb FC Doença <strong>de</strong> hemoglobina C<br />
Hb FAC Traço <strong>de</strong> hemoglobina C<br />
Hb FD Doença <strong>de</strong> hemoglobina D<br />
Hb FAD Traço <strong>de</strong> hemoglobina D<br />
Hb FE Doença <strong>de</strong> hemoglobina E<br />
Hb FAE Traço <strong>de</strong> hemoglobina E<br />
Hb FSC Doença <strong>de</strong> hemoglobina SC<br />
INCL Inconclusivo<br />
Hb IND Hemoglobina in<strong>de</strong>terminada<br />
FONTE: Manual <strong>de</strong> Instruções VARIANT TM , Programa Célula Falciforme.
10<br />
Quan<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> cromatograma é diferente <strong>de</strong> Hb FA, a mesma amostra é<br />
submetida a uma nova análise através <strong>de</strong> eletroforese, processo que consiste na separação e<br />
i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> hemoglobinas por focalização isoelétrica. 26<br />
A preparação e separação da hemoglobina são obtidas através da aplicação <strong>de</strong> uma<br />
amostra <strong>de</strong> hemoglobina em um gel <strong>de</strong> agarose conten<strong>do</strong> anfolitos RESOLVE pH 6-8.<br />
Quan<strong>do</strong> a corrente elétrica é aplicada ao gel, estas moléculas migram através <strong>do</strong> mesmo para<br />
seus pontos isoelétricos, forman<strong>do</strong> um gradiente <strong>de</strong> pH estável. 26<br />
As variantes <strong>de</strong> hemoglobinas, ou hemoglobinas anormais, também migram através <strong>do</strong><br />
gel até atingirem a área on<strong>de</strong> os seus pontos isoelétricos individuais se igualam ao pH<br />
correspon<strong>de</strong>nte ao gel. Neste ponto, as cargas nas variantes são iguais a zero e a migração<br />
cessa. 26<br />
O campo elétrico age contra a difusão e a variante <strong>de</strong> hemoglobina forma uma banda<br />
<strong>de</strong>lgada discreta. Assim, a banda correspon<strong>de</strong> a uma mancha vermelha causada pela<br />
concentração <strong>de</strong> hemoglobina no seu ponto isoelétrico, ao final da corrida eletroforética. O<br />
controle é feito com um kit <strong>de</strong> hemoglobinas FASC liofiliza<strong>do</strong> RESOLVE – concentração <strong>de</strong><br />
Hb: 3,98 g/dl. 26<br />
3.3.3 Convocação e Encaminhamento<br />
As crianças diagnosticadas com algum tipo <strong>de</strong> hemoglobinopatia ou com ambos os<br />
resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s testes <strong>de</strong> <strong>triagem</strong> in<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s ou inconclusivos foram encaminhadas para<br />
acompanhamento hematológico no HIJG. As crianças com traço falciforme, e seus<br />
pais/responsáveis, foram encaminhadas para palestra e orientação genética no HIJG.<br />
3.3.4 Coleta <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s da Pesquisa<br />
Os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sta pesquisa foram obti<strong>do</strong>s no Setor <strong>de</strong> Análises Neonatais <strong>do</strong> LACEN/SC,<br />
no Sistema <strong>de</strong> Informações sobre Nasci<strong>do</strong>s Vivos (SINASC) 27 e nos prontuários localiza<strong>do</strong>s<br />
no Serviço <strong>de</strong> Arquivo Médico e Estatística (SAME) <strong>do</strong> HIJG.
11<br />
3.4 Variáveis<br />
As variáveis estudadas foram:<br />
- Número <strong>de</strong> crianças nascidas vivas no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
novembro <strong>de</strong> 2001 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005;<br />
- Número <strong>de</strong> crianças rastreadas pelo Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal da SES-SC, no<br />
perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2001 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005;<br />
- Número <strong>de</strong> crianças diagnosticadas com traço e <strong>do</strong>ença falciformes pelo Programa <strong>de</strong><br />
Triagem Neonatal da SES-SC ;<br />
- Tipo <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença <strong>de</strong> falciforme diagnostica<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> o LACEN/SC;<br />
- Cor/raça e sexo das crianças com <strong>do</strong>ença falciforme, segun<strong>do</strong> SINASC 27 ;<br />
- Procedência das crianças com <strong>do</strong>ença falciforme, por macrorregiões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. 28<br />
3.5 Análise Estatística<br />
Os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s foram estrutura<strong>do</strong>s em uma base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, utilizan<strong>do</strong>-se o <strong>programa</strong><br />
Excel 7.0 (Microsoft®).<br />
Para o cálculo da cobertura foi utilizada a fórmula: cobertura = número <strong>de</strong> rastrea<strong>do</strong>s x<br />
100/número <strong>de</strong> nasci<strong>do</strong>s vivos. 29<br />
Foram utiliza<strong>do</strong>s para analise estatística, neste estu<strong>do</strong>, as medidas <strong>de</strong>scritivas.
12<br />
4. RESULTADOS<br />
No perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 01 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2001 a 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005, foram avaliadas<br />
320.511 crianças pelo Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal da SES-SC, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a 90,82%<br />
<strong>do</strong>s nasci<strong>do</strong>s vivos naquele perío<strong>do</strong> em Santa Catarina, segun<strong>do</strong> o SINASC. 27<br />
Tabela 2 - Número <strong>de</strong> nasci<strong>do</strong>s vivos, número <strong>de</strong> crianças rastreadas e percentuais <strong>de</strong><br />
cobertura <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santa<br />
Catarina, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2001 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005.<br />
Ano Nasci<strong>do</strong>s vivos * Crianças<br />
rastreadas †<br />
% da cobertura<br />
‡<br />
2001 14.521 13.069 90,00<br />
2002 85.954 77.817 90,53<br />
2003 83.025 74.393 89,60<br />
2004 85.458 77.965 91,20<br />
2005 83.984 77.267 92,00<br />
Total 352.942 320.511 90,82<br />
FONTE: * SINASC<br />
† LACEN/SC- Setor <strong>de</strong> Análise Neonatal<br />
‡ LACEN/SC e SINASC<br />
Das crianças rastreadas, 2.583 apresentaram traço falciforme (01 caso para cada 124<br />
nasci<strong>do</strong>s) e em 22 crianças verificou-se <strong>do</strong>ença falciforme (correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a 01 caso para<br />
cada 14.568 nasci<strong>do</strong>s vivos).<br />
Tabela 3 – Número <strong>de</strong> crianças com traço falciforme e <strong>do</strong>ença falciforme<br />
diagnosticadas pelo Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Santa Catarina, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2001 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005.<br />
Ano<br />
Crianças<br />
rastreadas<br />
Hb AS % Hb SS % Hb SC %<br />
2001 13.069 81 0,62 01 0,008 - -<br />
2002 77.817 606 0,78 04 0,005 - -<br />
2003 74.393 585 0,79 03 0,004 02 0,003<br />
2004 77.965 684 0,88 05 0,006 01 0,001<br />
2005 77.267 627 0,81 04 0,005 02 0,003<br />
Total 320.511 2.583 0,81 17 0,005 05 0,002<br />
FONTE: LACEN/SC - Setor <strong>de</strong> Análise Neonatal
13<br />
Das crianças submetidas ao Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal da SES-SC para<br />
hemoglobinopatias, 09 apresentaram resulta<strong>do</strong> inconclusivo, ou in<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>, para a <strong>triagem</strong><br />
<strong>de</strong> hemoglobinas variantes, necessitan<strong>do</strong> <strong>de</strong> acompanhamento para realização <strong>de</strong> novos<br />
exames durante, pelo menos, os primeiros seis meses <strong>de</strong> vida. Um paciente apresentou<br />
hemoglobina rara como resulta<strong>do</strong> da <strong>triagem</strong> neonatal, também sen<strong>do</strong> encaminha<strong>do</strong> para<br />
investigação ambulatorial.<br />
Os pacientes que apresentaram resulta<strong>do</strong>s inconclusivos repetiram a eletroforese da<br />
hemoglobina com, em média, seis meses <strong>de</strong> vida.<br />
Houve três pacientes que não retornaram ao ambulatório, não ocorren<strong>do</strong>, portanto, o<br />
seguimento.Outro paciente completou a investigação ambulatorial na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lages,<br />
apresentan<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> normal da segunda eletroforese <strong>de</strong> Hb.<br />
To<strong>do</strong>s os pacientes que realizaram acompanhamento no ambulatório <strong>de</strong> hematologia <strong>do</strong><br />
HIJG apresentaram resulta<strong>do</strong> normal da eletroforese <strong>de</strong> Hb na segunda coleta.<br />
A criança que apresentou traço <strong>de</strong> Hb rara na primeira análise teve como resulta<strong>do</strong><br />
presença <strong>de</strong> hemoglobina E na segunda eletroforese.<br />
Verificou-se a distribuição por cor/raça e sexo das crianças que apresentaram <strong>do</strong>ença<br />
falciforme. Quanto à cor/raça, os pacientes foram classifica<strong>do</strong>s em branco, preto, amarelo,<br />
par<strong>do</strong>, indígena ou ignora<strong>do</strong>. 27 Os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s foram: 14 pacientes <strong>de</strong> cor/raça<br />
branca (10 pacientes Hb SS e 04 pacientes Hb SC) e 08 pacientes <strong>de</strong> cor/raça preta (07<br />
pacientes Hb SS e 01 paciente Hb SC).<br />
Quanto ao sexo, foram 11 meninos (08 pacientes Hb SS e 03 pacientes Hb SC) e 11<br />
meninas (09 pacientes Hb SS e 02 pacientes Hb SC).<br />
A tabela 4 mostra a distribuição das hemoglobinas SS e SC conforme a macrorregião <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>.<br />
Tabela 4 – Distribuição das hemoglobinas variantes SS e SC por macrorregiões <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2001 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />
2005.<br />
Macrorregiões <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> SS SC Total<br />
Extremo-oeste - - -<br />
Meio-oeste - - -<br />
Planalto Norte 02 - 02<br />
Nor<strong>de</strong>ste 02 - 02<br />
Vale <strong>do</strong> Itajaí 02 02 04<br />
Planalto Serrano 04 01 05<br />
Gran<strong>de</strong> Florianópolis 04 02 06<br />
Sul 03 - 03<br />
TOTAL 17 05 22<br />
FONTE: SAME - HIJG
14<br />
No Planalto Norte, os <strong>do</strong>is casos <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença falciforme SS ocorreram na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Caça<strong>do</strong>r, no ano <strong>de</strong> 2004. Na macrorregião Nor<strong>de</strong>ste, ocorreu um caso <strong>de</strong> Hb SS em 2004, na<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Araquari, e o outro em 2005, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guaramirim. No Vale <strong>do</strong> Itajaí,<br />
ocorreram <strong>do</strong>is casos <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença falciforme SS em 2002, um na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Balneário Camboriú<br />
e outro em Itajaí. Os casos <strong>de</strong> Hb SC ocorreram em Luis Alves (2004) e em Blumenau<br />
(2005).<br />
No Planalto Serrano, em 2001, houve um caso <strong>de</strong> hemoglobina SS, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cerro<br />
Negro. No ano <strong>de</strong> 2003, houve um caso <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença falciforme SS na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Correa Pinto e<br />
um caso <strong>de</strong> hemoglobina SC na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Anita Garibaldi. Outros <strong>do</strong>is casos <strong>de</strong> hemoglobina<br />
SS ocorreram em 2005, nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Campo Belo <strong>do</strong> Sul e Lages. Na macrorregião Sul, os<br />
casos <strong>de</strong> hemoglobina SS ocorreram em Araranguá (2002), Cocal <strong>do</strong> Sul (2004) e em<br />
Criciúma (2005).
15<br />
5. DISCUSSÃO<br />
O Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal <strong>do</strong> Ministério da Saú<strong>de</strong> tem como um <strong>do</strong>s principais<br />
objetivos garantir que to<strong>do</strong>s os nasci<strong>do</strong>s vivos no território nacional sejam submeti<strong>do</strong>s à<br />
<strong>triagem</strong> para as <strong>do</strong>enças incluídas no <strong>programa</strong> (Fibrose Cística, Hiperplasia congênita <strong>de</strong><br />
supra-renal, Fenilcetonúria, Hipotireoidismo congênito e Hemoglobinopatias). 19<br />
No Brasil, os <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> <strong>triagem</strong> populacional iniciaram <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sorganizada e<br />
sem controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. 20 Em 2001, quan<strong>do</strong> o Ministério da Saú<strong>de</strong> editou a Portaria<br />
GM/MS Nº 822 18 , o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina já contava com uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> organizada e<br />
possuía uma abrangência <strong>de</strong> 100% <strong>do</strong>s municípios quanto à participação no Programa <strong>de</strong><br />
Triagem Neonatal. 35<br />
A <strong>triagem</strong> para hemoglobinopatias passou a ser realizada no LACEN <strong>de</strong> Santa Catarina<br />
em 25 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2001, sen<strong>do</strong> que os primeiros diagnósticos ocorreram em novembro <strong>do</strong><br />
mesmo ano.<br />
A <strong>triagem</strong> para hemoglobinopatias era inicialmente realizada por eletroforese <strong>de</strong><br />
hemoglobinas. 26 A partir <strong>de</strong> 2004, a <strong>avaliação</strong> inicial das amostras sangüíneas passou a ser<br />
feita por cromatografia líquida <strong>de</strong> alta resolução (HPLC), associada à cromatografia <strong>de</strong> troca<br />
catiônica. 24 Atualmente, este méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> análise das amostras vem sen<strong>do</strong> cada vez mais<br />
utiliza<strong>do</strong>. 37<br />
A HPLC apresenta três vantagens sobre a eletroforese convencional: o analisa<strong>do</strong>r é<br />
automatiza<strong>do</strong>, economizan<strong>do</strong> horas e trabalho, permitin<strong>do</strong> o processamento <strong>de</strong> mais amostras;<br />
trabalha com volumes insignificantes da amostra (5 microlitros), o que é particularmente útil<br />
em Neonatologia; e as hemoglobinas normais e todas as variantes i<strong>de</strong>ntificadas são<br />
simultaneamente quantificadas. Este méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>triagem</strong> inicial das amostras apresenta<br />
sensibilida<strong>de</strong> maior que 97% 24 , o que torna a realização <strong>de</strong> nova análise <strong>de</strong>snecessária quan<strong>do</strong><br />
o resulta<strong>do</strong> inicial é normal.<br />
As amostras que apresentarem resulta<strong>do</strong>s altera<strong>do</strong>s são reavaliadas através <strong>de</strong><br />
eletroforese <strong>de</strong> hemoglobina, por se tratar <strong>de</strong> um exame mais específico que a HPLC. Porém,<br />
este méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> análise das amostras requer manipulação humana em diferentes etapas <strong>de</strong> sua<br />
realização e apresenta maior tempo para sua finalização. 26
16<br />
Algumas situações clínicas po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>terminar limitações à análise <strong>de</strong>stas amostras,<br />
sen<strong>do</strong> necessária a realização <strong>de</strong> novos testes com seis meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (em média). Entre as<br />
limitações, citam-se os pacientes que receberam transfusão sangüínea, os quais po<strong>de</strong>m<br />
apresentar resulta<strong>do</strong> mascara<strong>do</strong> pela presença <strong>de</strong> hemoglobinas normais <strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r. Outra<br />
limitação são os pacientes nasci<strong>do</strong>s prematuramente, os quais po<strong>de</strong>m apresentar resulta<strong>do</strong>s<br />
incorretos por possuírem níveis muito baixos <strong>de</strong> hemoglobina A 1 ao nascer. 26<br />
Neste estu<strong>do</strong>, que avaliou o Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da<br />
Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina quanto à <strong>triagem</strong> <strong>de</strong> síndromes falciformes, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> novembro<br />
<strong>de</strong> 2001 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005, a taxa <strong>de</strong> cobertura observada foi <strong>de</strong> 90,82% <strong>do</strong>s nasci<strong>do</strong>s vivos.<br />
Outros estu<strong>do</strong>s também avaliaram a cobertura <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal no<br />
território nacional.<br />
No Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul 30 , entre outubro <strong>de</strong> 2003 e setembro <strong>de</strong> 2004, a cobertura <strong>do</strong><br />
<strong>programa</strong> foi <strong>de</strong> 92% (soman<strong>do</strong>-se re<strong>de</strong>s pública e privada).<br />
Na Bahia 31 , em um estu<strong>do</strong> que avaliou a <strong>triagem</strong> neonatal durante o ano <strong>de</strong> 2003, a<br />
taxa <strong>de</strong> cobertura encontrada foi <strong>de</strong> 71,52%.<br />
No Distrito Fe<strong>de</strong>ral 32 , em 1981, a cobertura foi <strong>de</strong> 62%, e em Campina Gran<strong>de</strong> 33 , em<br />
2002, foi <strong>de</strong> 32,20% .<br />
No estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> em Sergipe 34 , no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> julho a novembro <strong>de</strong> 1995, a cobertura<br />
<strong>do</strong> <strong>programa</strong> foi <strong>de</strong> 15%.<br />
Em Santa Catarina, um estu<strong>do</strong> para diagnóstico <strong>de</strong> hipotireoidismo congênito 35 ,<br />
avalian<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> entre janeiro <strong>de</strong> 1994 e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1998, evi<strong>de</strong>nciou uma cobertura <strong>de</strong><br />
81% <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal.<br />
A maior cobertura <strong>do</strong> <strong>programa</strong> no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina, observada no presente<br />
estu<strong>do</strong>, po<strong>de</strong> ser explicada pelo maior número <strong>de</strong> municípios participantes <strong>do</strong> rastreamento<br />
neonatal, que passou para 100% <strong>do</strong>s municípios no final <strong>de</strong> 2000. 25<br />
No entanto, apesar da abrangência <strong>do</strong> <strong>programa</strong> ser <strong>de</strong> 100% <strong>do</strong>s municípios, observa-se<br />
que o índice <strong>de</strong> cobertura foi <strong>de</strong> 90,82% no presente estu<strong>do</strong>. Este fato po<strong>de</strong> ser explica<strong>do</strong> pela<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algumas crianças terem realiza<strong>do</strong> os exames na re<strong>de</strong> privada e os resulta<strong>do</strong>s<br />
não terem si<strong>do</strong> comunica<strong>do</strong>s ao LACEN/SC, já que não há obrigatorieda<strong>de</strong> em fazê-lo. Há<br />
também a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algumas crianças não terem realiza<strong>do</strong> a <strong>triagem</strong> neonatal na re<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> municipal, estadual e/ou privada.<br />
É fundamental a obtenção <strong>de</strong> índices <strong>de</strong> cobertura cada vez maiores, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se<br />
que a melhoria no prognóstico <strong>do</strong> paciente com hemoglobinopatia é obtida com o diagnóstico<br />
precoce da <strong>do</strong>ença. 25,36
17<br />
O diagnóstico da <strong>do</strong>ença ao nascimento permite a realização <strong>de</strong> algumas intervenções<br />
terapêuticas e profiláticas que po<strong>de</strong>m diminuir a morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses pacientes.<br />
Entre estas medidas estão o conhecimento sobre o significa<strong>do</strong> da <strong>do</strong>ença, o reconhecimento<br />
precoce <strong>de</strong> complicações, o acompanhamento médico sistemático, o uso profilático <strong>de</strong><br />
antibióticos para prevenção <strong>de</strong> infecções bacterianas e a implementação <strong>de</strong> esquema adicional<br />
<strong>de</strong> imunização, além <strong>do</strong> aconselhamento genético. 37<br />
A principal causa <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s pacientes com <strong>do</strong>ença falciforme são<br />
as infecções bacterianas severas. Observa-se nesses indivíduos uma maior suscetibilida<strong>de</strong> às<br />
infecções por germes encapsula<strong>do</strong>s (Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenza).<br />
A septicemia e a meningite por Streptococcus pneumoniae são a causa mais comum <strong>de</strong><br />
morte na infância nos pacientes com <strong>do</strong>ença falciforme. O risco <strong>de</strong> septicemia e <strong>de</strong> meningite<br />
é <strong>de</strong> aproximadamente 10% em crianças com Hb SS. 12<br />
O uso <strong>de</strong> penicilina profilática no paciente com <strong>do</strong>ença falciforme reduz em até 84% a<br />
incidência <strong>de</strong> bacteremia por pneumococo, porém sua utilização após os cinco anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> é<br />
ainda controversa. Para os pacientes alérgicos à penicilina, a eritromicina po<strong>de</strong> ser utilizada. 12<br />
Além das vacinas obrigatórias <strong>do</strong> calendário <strong>do</strong> Programa Nacional <strong>de</strong> Imunizações<br />
(PNI), estes pacientes <strong>de</strong>vem ser vacina<strong>do</strong>s contra bactérias capsulares: bem como, receber<br />
anualmente a vacina conta influenza (gripe), a partir <strong>do</strong>s seis meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. 12<br />
A estimativa <strong>do</strong> número <strong>de</strong> pacientes porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> traço falciforme (heterozigotos) nas<br />
pesquisas que avaliam o Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal nos diferentes esta<strong>do</strong>s brasileiros é<br />
uma informação importante, pois permite o aconselhamento genético <strong>de</strong>stes indivíduos e <strong>de</strong><br />
suas famílias.<br />
Assim, po<strong>de</strong>-se fornecer orientações para que estes indivíduos <strong>de</strong>cidam<br />
responsavelmente sobre o futuro <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, visto que os indivíduos com traço<br />
falciforme po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>terminar o nascimento <strong>de</strong> heterozigotos e homozigotos, e, também,<br />
indivíduos duplos heterozigotos (porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> hemoglobina SC).<br />
Em Santa Catarina, durante o perío<strong>do</strong> estuda<strong>do</strong>, verificou-se traço falciforme em 0,81%<br />
<strong>do</strong>s nasci<strong>do</strong>s vivos rastrea<strong>do</strong>s pelo referi<strong>do</strong> <strong>programa</strong>. A <strong>do</strong>ença falciforme apresentou uma<br />
freqüência 0,007% <strong>do</strong>s nasci<strong>do</strong>s vivos rastrea<strong>do</strong>s.<br />
Alguns estu<strong>do</strong>s publica<strong>do</strong>s na literatura brasileira apresentaram resulta<strong>do</strong>s diferentes em<br />
relação à freqüência das síndromes falciformes.<br />
Em Salva<strong>do</strong>r 36 , durante o ano <strong>de</strong> 2005, um estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> com 509 recém-nasci<strong>do</strong>s<br />
submeti<strong>do</strong>s à <strong>triagem</strong> neonatal encontrou 9,8% <strong>de</strong> traço falciforme e 1,1% <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença<br />
falciforme.
18<br />
Em Pernambuco 14 , em uma pesquisa realizada no Hospital Materno Infantil, entre<br />
outubro <strong>de</strong> 1996 a março <strong>de</strong> 1997, on<strong>de</strong> foram avaliadas 1.988 amostras <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> cordão<br />
umbilical, encontrou-se uma freqüência <strong>de</strong> 5,1% <strong>de</strong> traço falciforme e 0,2% <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença.<br />
No Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro 38 , avaliou-se o <strong>programa</strong> <strong>de</strong> <strong>triagem</strong> neonatal durante o<br />
perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2000 a novembro <strong>de</strong> 2001. Foram estudadas 99.260 amostras,<br />
observan<strong>do</strong>-se a presença <strong>de</strong> 4.663 neonatos (4,7%) porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> traço falciforme.<br />
Uma pesquisa realizada <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2001 a setembro <strong>de</strong> 2002 em Fortaleza 39 , através<br />
da análise <strong>de</strong> 389 amostras <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> cordão umbilical, encontrou um caso <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença<br />
falciforme (0,2%) e traço falciforme em 3,8% das amostras.<br />
Em um estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1997 a setembro <strong>de</strong> 1998, em São José<br />
<strong>do</strong> Rio Preto 40 , no qual foram analisadas 913 amostras <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> cordão umbilical,<br />
obteve-se um índice <strong>de</strong> 3,7% <strong>de</strong> traço falciforme.<br />
Em uma pesquisa sobre <strong>do</strong>enças falciformes em recém-nasci<strong>do</strong>s, realizada em Minas<br />
Gerais 41 em 1997, envolven<strong>do</strong> a análise <strong>de</strong> 16.935 amostras <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> cordão umbilical,<br />
observou-se uma incidência <strong>de</strong> 3,4% <strong>de</strong> traço falciforme.<br />
No Hospital <strong>de</strong> Clínicas <strong>de</strong> Porto Alegre 42 , durante os meses <strong>de</strong> março a outubro <strong>de</strong><br />
1999, foram analisadas 1.615 amostras <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> recém-nasci<strong>do</strong>s coletadas através <strong>de</strong><br />
punção <strong>do</strong> calcanhar, e obteve-se uma freqüência <strong>de</strong> 1,2% <strong>de</strong> traço falciforme.<br />
No estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul 30 , que avaliou a freqüência <strong>de</strong><br />
indivíduos com hemoglobina S em diferentes regiões, observou-se que, das 117.320 crianças<br />
triadas para hemoglobinopatias entre outubro <strong>de</strong> 2003 a setembro <strong>de</strong> 2004, 1.342 crianças<br />
apresentaram traço falciforme (1,15%) e 03 (0,003%) apresentaram <strong>do</strong>ença falciforme.<br />
No Hemocentro Regional <strong>de</strong> Caxias <strong>do</strong> Sul 43 , nos meses <strong>de</strong> abril a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001,<br />
foram analisadas 608 amostras <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res adultos, escolhi<strong>do</strong>s aleatoriamente <strong>de</strong><br />
uma amostra <strong>de</strong> 9.000 voluntários, encontran<strong>do</strong>-se 0,99% <strong>de</strong> traço falciforme.<br />
As diferentes prevalências das síndromes falciformes, apresentadas pelas diversas<br />
regiões brasileiras, refletem os varia<strong>do</strong>s graus <strong>de</strong> miscigenação presentes no país.<br />
Historicamente, as síndromes falciformes têm origem na África, on<strong>de</strong> persistem as<br />
maiores prevalências da hemoglobina S. A sua presença nas Américas é <strong>de</strong>corrente da<br />
imigração <strong>do</strong>s indivíduos pertencentes à cor/raça preta, originários <strong>do</strong> continente africano. 44<br />
Assim, com a miscigenação, a hemoglobina S <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser restrita à população <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />
direta <strong>de</strong> africanos, sen<strong>do</strong> encontrada também nos outros grupos étnicos. 43<br />
Entretanto, apesar da gran<strong>de</strong> dispersão <strong>do</strong> gene <strong>de</strong>terminante da hemoglobina S na<br />
população brasileira, ainda verificamos maior prevalência das síndromes falciformes em
19<br />
regiões com forte imigração africana, tais como Su<strong>de</strong>ste, Norte e Nor<strong>de</strong>ste. 14,36,38-40 Segun<strong>do</strong><br />
da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Ministério da Saú<strong>de</strong>, a prevalência <strong>do</strong> gene da <strong>do</strong>ença falciforme na população varia<br />
<strong>de</strong> 4 a 6% na região Nor<strong>de</strong>ste brasileira. 44<br />
Nos esta<strong>do</strong>s da região Sul, on<strong>de</strong> houve gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> imigrantes europeus, a<br />
freqüência da hemoglobina S na população é menor. 43<br />
O presente estu<strong>do</strong> encontrou uma freqüência <strong>de</strong> traço falciforme, assim como <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença<br />
falciforme, no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina, abaixo <strong>do</strong>s índices <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s das regiões Nor<strong>de</strong>ste<br />
15,36,39 e Su<strong>de</strong>ste. 38,40 Os da<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s são compatíveis com os apresenta<strong>do</strong>s pelos<br />
estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul 30,42,43 , o qual possui colonização<br />
semelhante à catarinense, com pre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> italianos, alemães e portugueses, on<strong>de</strong> a<br />
37, 40,42,43,46<br />
imigração <strong>de</strong> indivíduos <strong>de</strong> cor/raça preta não ocorreu <strong>de</strong> forma tão intensa.<br />
Dos 22 casos <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença falciforme encontra<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong>, observou-se maior<br />
freqüência <strong>de</strong> indivíduos <strong>de</strong>clara<strong>do</strong>s como <strong>de</strong> cor/raça branca.<br />
Os estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Porto Alegre 42 e Caxias <strong>do</strong> Sul 43 também<br />
observaram maior número <strong>de</strong> indivíduos <strong>de</strong> cor/raça branca nos porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> hemoglobina S.<br />
A presença <strong>de</strong> fenótipo <strong>de</strong> hemoglobinopatia S ou C permite, entretanto, afirmar que existe<br />
ascendência africana. 42<br />
Este trabalho utilizou para <strong>de</strong>terminação da cor/raça <strong>do</strong>s indivíduos diagnostica<strong>do</strong>s com<br />
<strong>do</strong>ença falciforme os da<strong>do</strong>s forneci<strong>do</strong>s pelo LACEN/SC. Estes da<strong>do</strong>s são <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
acor<strong>do</strong> com a <strong>de</strong>claração realizada pelos pais <strong>do</strong>s pacientes no momento <strong>do</strong> registro civil da<br />
criança, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong>, assim, a subjetivida<strong>de</strong> da <strong>avaliação</strong> da cor/raça. Outro problema<br />
encontra<strong>do</strong> é a <strong>de</strong>terminação da cor/raça <strong>do</strong> indivíduo somente através da <strong>avaliação</strong> da cor <strong>de</strong><br />
sua pele.<br />
A maior freqüência <strong>de</strong> indivíduos <strong>de</strong> cor/raça branca entre os diagnostica<strong>do</strong>s com<br />
<strong>do</strong>ença falciforme também po<strong>de</strong> ser explicada pelo maior número <strong>de</strong>stes indivíduos na<br />
população da região Sul. Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a Pesquisa por<br />
Amostragem <strong>de</strong> Domicílios realizada em 2004, indivíduos <strong>de</strong> cor/raça branca representam<br />
82,80 % da população <strong>de</strong>sta região, enquanto que da cor/raça preta são 3,40%. 47<br />
Os indivíduos diagnostica<strong>do</strong>s com <strong>do</strong>ença falciforme também foram classifica<strong>do</strong>s<br />
quanto ao sexo. Sabe-se que o gene que codifica a mutação na ca<strong>de</strong>ia ß globina para formação<br />
da hemoglobina S não esta liga<strong>do</strong> ao sexo. Desta forma, os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s são muito<br />
diversifica<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> principalmente da proporção <strong>de</strong> nascimentos <strong>de</strong> meninos e<br />
meninas que cada município apresenta.
20<br />
No presente estu<strong>do</strong> encontrou-se uma distribuição igual entre os sexos. Resulta<strong>do</strong><br />
semelhante foi apresenta<strong>do</strong> pelo estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> em Porto Alegre 42 , que encontrou uma<br />
freqüência <strong>de</strong> 49,8% <strong>de</strong> meninas e 50,2% <strong>de</strong> meninos. Outros estu<strong>do</strong>s apresentam prevalência<br />
maior no sexo masculino.<br />
14, 43<br />
Em relação às macrorregiões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina, verificou-se maior número <strong>de</strong><br />
diagnósticos <strong>de</strong> hemoglobinas variantes no Vale <strong>do</strong> Itajaí, no Planalto Serrano e na Gran<strong>de</strong><br />
Florianópolis.<br />
Corrobora-se por este estu<strong>do</strong> a importância da realização <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Triagem<br />
Neonatal para hemoglobinopatias, principalmente pelo seu caráter preventivo. A <strong>triagem</strong> é<br />
permite avaliar a tendência <strong>de</strong> surgimento futuro <strong>de</strong> outros indivíduos heterozigotos e,<br />
principalmente, <strong>do</strong> aumento da freqüência <strong>de</strong> homozigotos na população.<br />
Quanto aos indivíduos com <strong>do</strong>ença falciforme, a importância da <strong>triagem</strong> neonatal não se<br />
faz apenas pelo diagnóstico, mas, principalmente, pelo acompanhamento médico para o qual<br />
estes pacientes são orienta<strong>do</strong>s. Em Santa Catarina, todas as crianças diagnosticadas com<br />
<strong>do</strong>ença falciforme são encaminhadas para consulta médica no ambulatório <strong>de</strong> hematologia <strong>do</strong><br />
Hospital Infantil Joana <strong>de</strong> Gusmão.<br />
O acompanhamento clínico <strong>de</strong>stes pacientes visa principalmente reduzir as taxas <strong>de</strong><br />
mortalida<strong>de</strong> nos primeiros anos <strong>de</strong> vida. Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s em centros médicos nos Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s da América <strong>de</strong>monstraram uma redução importante da mortalida<strong>de</strong> pela <strong>do</strong>ença<br />
falciforme nos pacientes que realizam acompanhamento ambulatorial. Nesses centros, após o<br />
diagnóstico neonatal, é disponibilizada assistência médica, incluin<strong>do</strong> medidas preventivas <strong>de</strong><br />
vacinação e uso da penicilina profilática. 10,11<br />
Dentre as medidas preventivas, <strong>de</strong>stacam-se as orientações dadas aos familiares no<br />
tocante ao reconhecimento precoce das complicações mais freqüentes. Estas medidas reduzem<br />
a taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> para menos <strong>de</strong> 5% nos primeiros 5 anos <strong>de</strong> vida. Conforme <strong>de</strong>scrito<br />
nestes estu<strong>do</strong>s, a sobrevida média passou <strong>de</strong> 20 anos na década <strong>de</strong> 1970 para 45 anos no<br />
homem e 55 anos na mulher na década <strong>de</strong> 1990. 10,11<br />
O tratamento precoce aumenta a sobrevivência <strong>do</strong>s afeta<strong>do</strong>s e melhora a sua qualida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> vida, mas não possibilita a cura da <strong>do</strong>ença.<br />
O acompanhamento <strong>do</strong>s indivíduos com <strong>do</strong>ença falciforme, em ambulatório<br />
especializa<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ve ser realiza<strong>do</strong> por toda a vida. Assim, a estrutura <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve ser<br />
oferecida para a criança após o diagnóstico da <strong>do</strong>ença precisa estar bem organizada para que<br />
se possa chegar ao objetivo final <strong>de</strong>sta ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> eventos, a melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>ste<br />
paciente.
21<br />
6. CONCLUSÃO<br />
• A cobertura <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Triagem Neonatal da SES-SC, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> novembro<br />
<strong>de</strong> 2001 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005, é <strong>de</strong> 90,82% das crianças nascidas vivas.<br />
• A freqüência <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> traço falciforme é <strong>de</strong> um para cada 124 nasci<strong>do</strong>s vivos<br />
rastrea<strong>do</strong>s, e da <strong>do</strong>ença falciforme é <strong>de</strong> um para cada 14.568 nasci<strong>do</strong>s vivos<br />
rastrea<strong>do</strong>s.<br />
• Entre os casos diagnostica<strong>do</strong>s com <strong>do</strong>ença falciforme há pre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> indivíduos <strong>de</strong><br />
cor/raça branca e não há pre<strong>do</strong>mínio entre os sexos.<br />
• Há maior número <strong>de</strong> diagnósticos <strong>de</strong> hemoglobinas variantes na macrorregião da<br />
Gran<strong>de</strong> Florianópolis.
22<br />
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das <strong>do</strong>enças falciformes. Brasília: Ministério da Saú<strong>de</strong>; 2002.<br />
46. Orlan<strong>do</strong> GM, Naoum PC, Siqueira FAM, Bonini-Domingos CR. Diagnóstico diferencial<br />
<strong>de</strong> hemoglobinopatias em populações diferenciadas. Rev Bras Hematol Hemoter 2000;<br />
22:111-21.<br />
47. Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística – IBGE. Pesquisa por amostragem <strong>de</strong><br />
Domicílios. População resi<strong>de</strong>nte, valores absolutos e relativos, por Gran<strong>de</strong>s Regiões, segun<strong>do</strong><br />
o sexo e a cor ou raça - 2004.
26<br />
NORMAS ADOTADAS<br />
Foi utilizada a “Normatização para os Trabalhos <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso <strong>de</strong> Graduação<br />
em Medicina”, a partir da resolução 001/2001 <strong>do</strong> Colegia<strong>do</strong> <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Graduação em<br />
Medicina da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina.<br />
Foram a<strong>do</strong>tadas as normas da Convenção <strong>de</strong> Vancouver (Canadá), conforme a 5 a<br />
edição <strong>do</strong>s “Requisitos Uniformes para originais submeti<strong>do</strong>s a Revistas Biomédicas”,<br />
publica<strong>do</strong> pelo Comitê Internacional <strong>de</strong> Editores <strong>de</strong> Revistas Médicas (International<br />
Commitee of Medical Journal Editors. Uniform requeriments for manuscripts submitted to<br />
biomedical journal. Ann intern Med 1997; 126:36-47).<br />
Os títulos <strong>de</strong> periódicos foram abrevia<strong>do</strong>s conforme o In<strong>de</strong>x Medicus.
27<br />
APÊNDICE<br />
Parecer <strong>do</strong> Comitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa
30<br />
ANEXO<br />
Cartão <strong>de</strong> Coleta