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Conflitos sociais e meio ambiente urbano - Instituto de Psicologia da ...

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homogêneo, agente do “movimento ambientalista”, a abor<strong>da</strong>gem dos conflitos aponta para a<br />

hierarquização dos significados que elege a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> como problema ambiental<br />

prioritário (ou o efeito estufa, a cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> ozônio, etc) e não o saneamento básico <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

do chamado terceiro mundo, por exemplo. Questiona quem tem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir as<br />

priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s e, por conseguinte, a pauta <strong>da</strong>s políticas ambientais. Denuncia a natureza dos<br />

processos <strong>sociais</strong> que atribuem aos pobres a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção ambiental, elegendo-os como<br />

“público alvo” <strong>da</strong> educação ambiental. Como se “o problema ambiental” fosse algo<br />

solucionável por uma pe<strong>da</strong>gogia ilumina<strong>da</strong>, neutra e imparcial, enfim, científica.<br />

Tendo como referencial o acesso aos recursos e ao território (este último enquanto<br />

locus privilegiado <strong>da</strong> memória e <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>) e o direcionamento dos riscos <strong>urbano</strong>s, por<br />

exemplo, as investigações empíricas não <strong>de</strong>ixam dúvi<strong>da</strong>s sobre quem são as vítimas do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento ou <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>rnização conservadora. A poluição inci<strong>de</strong> muito mais sobre as<br />

cama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> baixa ren<strong>da</strong>, que não têm tratamento sanitário apropriado em sua maioria, não têm<br />

acesso aos bens e serviços <strong>urbano</strong>s e em geral ocupam áreas <strong>de</strong> risco, áreas contamina<strong>da</strong>s, etc.<br />

São os pobres que moram em áreas industriais e recebem a poluição direta, a contaminação<br />

por metais pesados e outros. São os pobres os que mais sofrem com as enchentes, pois<br />

habitam áreas <strong>de</strong> risco pela segregação socioespacial urbana.<br />

Enfim, os exemplos empíricos em uma metrópole como Belo Horizonte são<br />

abun<strong>da</strong>ntes. Para mencionar apenas alguns: uma mineradora, a MBR, ameaça os mananciais<br />

que abastecem <strong>de</strong> água a população <strong>da</strong> região sul metropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte.<br />

Movimentos e ações públicas para revitalização <strong>da</strong> Pampulha agregam moradores <strong>de</strong> alta<br />

ren<strong>da</strong> e empresários, excluindo segmentos que utilizam o mesmo espaço (como o exemplo do<br />

ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> coco, que há quatorze anos tinha um quiosque na Lagoa e após freqüentes<br />

ameaças <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento por parte do setor público e dos vizinhos, inclusive um clube <strong>de</strong><br />

classe média e alta, foi por fim expulso do lugar). Há uma política <strong>de</strong> reafirmação <strong>da</strong> Lagoa <strong>da</strong><br />

Pampulha como “cartão postal” <strong>de</strong> Belo Horizonte, espaço elitizado, acético a partir <strong>de</strong> uma<br />

visão estética <strong>da</strong> elite. Bairros inteiros <strong>da</strong> periferia sofrem com esgoto a céu aberto, com a<br />

falta <strong>de</strong> água, luz e calçamento, entre outros equipamentos. A construção <strong>da</strong> Linha Ver<strong>de</strong>, via<br />

<strong>de</strong> acesso aos aeroportos, <strong>de</strong>sloca pobres e favelados, empurrando-os para outras áreas<br />

marginais <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>...<br />

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